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agregada, a oferta agregada Z = f(N) é o preço que os empresários esperam receber com o
emprego de uma mão-de-obra N, a demanda agregada D = g(N) é o quanto será demandado
com a renda gerada a partir do emprego de uma mão-de-obra N. Não há muito que discutir
sobre a curva de oferta agregada além do que ela se assemelha bastante com uma curva de
oferta de curto prazo, isto é, o custo marginal igual ao preço. A demanda agregada é o foco do
estudo de Keynes, as forças que governam o nível de demanda agregada são a propensão a
consumir, a escala da eficiência marginal do capital e a taxa de juros, em última instância
essas variáveis estão suscetíveis a mudanças de caráter puramente psicológico dado a
incerteza no qual é envolta toda Teoria Geral.
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Então as únicas unidades que são levadas em conta ao longo da Teoria geral são nível
de salários nominais e nível de emprego.
Convém nesse ponto da discussão dar mais um passo atrás e discorrer de dois
postulados da teoria clássica que Keynes se opôs. São eles: a Lei de Say e o equilíbrio do
mercado de trabalho. De forma resumida a Lei de Say implica que tudo que é produzido é
vendido, ou seja, a oferta agregada é sempre igual à demanda agregada, produtos são pagos
com produtos em ultima instância e a moeda é só um meio de troca. Dentro dessa perspectiva
o pleno emprego dos fatores será sempre garantido por indução lógica, veja, se a oferta é
sempre igual à demanda, o aumento da produção por maior empregos dos fatores se
transforma em renda, renda essa que é destinada a consumir os produtos que produziu.
Keynes foi de encontro a esse argumento afirmando que nem tudo que é produzido é
consumido, Paul Davidson argumenta o seguinte para ilustrar esse ponto:
“Under Say’s Law, goods always exchange for goods. Money is only a ‘veil’
behind which the real economy operates unhampered by financial
considerations. The notion that money is merely used as an intermediary in
the exchange of goods for goods is encompassed, in the lexicon of
economists, by the classical neutral money axiom. If money is neutral, then
there is no inherent obstacle in a competitive economic system to prevent
output and employment from being at the maximum flow possible given the
size of the population and the technology available to producers. If
unemployment is observed, classical economists argued, it is because idle
workers refuse to accept a job at a wage rate low enough to equate the
demand for labor with the available supply of labor. In other words it is the
truculence of labor resisting job offers at a market equilibrium wage that
creates the perception of large numbers of unemployed. The logic of
classical theory implies that unemployed workers are not to be pitied (as
bleeding heart liberals would like us to believe) for it is the workers’ market-
defiant behavior of refusing to accept lower wages that cause them to remain
idle.” (DAVIDSON, P. 2002, p. 19-20)
Tendo destacado a não neutralidade da moeda, assunto que será tratado mais adiante,
que impede o fluxo circular da economia de modo completo e ininterrupto. Keynes também
não concordou que o que impedia o ajuste necessário entre oferta e demanda conforme dito na
citação acima era resistência dos trabalhadores em aceitar um corte no salário nominal que
refletisse a sua produtividade marginal, se isso acontecesse, segundo os clássicos pregavam,
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os custos de produção baixariam e os preços da oferta poderiam se igualar novamente a
quantidade demandada. Keynes argumentou que se um corte nos salários nominais ocorresse
tal evento deprimiria mais ainda a demanda agregada, com isso as expectativas de vendas
prospectiva dos empresários e finalmente a um aumento do desemprego. Isso mostra que não
é necessário levar em conta salários e preços rígidos ao se analisar e teoria keynesiana,
mesmo que os salários e preços sejam completamente flexíveis, eles sozinhos não garantem o
pleno emprego.
Até agora, é possível perceber que Keynes muda o foco da análise econômica para os
fatores que determinam a demanda agregada e quebra a dicotomia clássica em que há uma
independência dos fatores monetários e dos fatores reais da economia. Um exame dos fatores
que determina D1 da economia é o passo seguinte que se deve levar em consideração.
É interessante notar a respeito dos fatores que influem na propensão a consumir, que
eles se assemelham muito com a hipótese da renda permanente, isto é, os agentes têm padrões
de consumo baseados na sua renda média e somente variações excepcionais tendem a influir
em como os agentes gastam sua renda.
A partir dos fatores acima relacionados é que Keynes formula sua lei psicológica
fundamental que diz “que os homens estão dispostos, de modo geral e em média, a aumentar
o seu consumo à medida que a sua renda cresce, embora não em quantia igual ao aumento de
sua renda” (KEYNES, 1983, p. 118). A propensão a consumir, hoje em dia, é o que se chama
de consumo médio, é definido pela formula C/Y, em que o C é o consumo e Y a renda; e a
propensão marginal a consumir é dado por dC/dY, que representa a variação no consumo
dado uma variação na renda, que se situa entre 0 e 1. A formula da função consumo pode ser
generalizada da seguinte forma: C = cY, o “c” minúsculo representa a propensão marginal a
consumir.
Além dos fatores que influem diretamente na renda líquidas dos agentes, fatores
psicológicos também influenciam nos gastos de consumo dos agentes. Keynes aponta oito
motivos para tal:
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(vi) garantir uma masse de manoeuvre para realizar projetos especulativos
ou econômicos;