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O mito de Salazar

Nos 48 anos de ditadura que Portugal viveu no século XX, 40 ficaram


indelevelmente marcados pela figura de Oliveira Salazar.

No Doc.A, António Ferro refere que Salazar não fazia declarações,


concedeu poucas audiências, não falou em público e sentou-se,
tranquilamente, à sua secretária, diante das contas do Estado como se sentava
na sua cadeira de professor. Afirma ainda que “Salazar. Esse nome, com essas
letras, quase deixou de pertencer a um homem para significar o estado de
espírito de um país, na sua ânsia de regeneração, na sua aspiração legítima
duma política sem política, duma política de verdade”.

No Doc. A3 está presente a capa da revista Notícias Ilustrado, esta era


dirigida por Leitão de Barros, um cineasta amigo de António Ferro, que no
editorial pedias aos leitores para comprovarem a “sensacional descoberta” da
semelhança entre Salazar e uma das personagens dos Painéis atribuídos a
Nuno Gonçalves. A semelhança respeitava à fisionomia e à ocupação dos dois
homens: as finanças. No caso de Salazar, tratava-se das finanças do Estado,
que ele recuperara; quanto à figura quatrocentista, dizia-se representar um
burguês que financiara as Descobertas marítimas, contribuindo para a
prosperidade do reino.

No Doc. B1 podemos observar a comemoração do seu 46º aniversário,


na Junta de Freguesia de Camões, em Lisboa (1935); no Doc. B2 encontra-se
o cortejo folclórico realizado em Lisboa (1937). Foram inúmeros cortejos e
festas que o Estado Novo apadrinhou para se glorificar. Tinham como tema as
tradições, as profissões, as atividades económicas e as comemorações
históricas. Por fim, no documento B4 podemos observar uma oração em que se
agradece a intercessão divina no atentado bombista contra Salazar, em Lisboa,
(julho de 1937), do qual escapou ileso.

Concluindo, o estadista foi o rosto e a essência da ditadura, a ponto de o


Estado Novo ser comummente apelidado de salazarismo.

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