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Síntese – Portugal na Europa Comunitária: contributos para um debate

A integração na Europa comunitária marca o início de uma nova era na


história contemporânea de Portugal. O país transfigurou-se, como todos
reconhecem. Mas, quando os frutos da prosperidade pareciam ter vindo para
ficar, havia quem apontasse o dedo às ameaças perfiladas no horizonte.

Por um lado, havia quem defendesse uma perspetiva otimista da entrada


de Portugal na CEE, como é o caso de Mário Soares. Mário Soares licenciou-se
em Ciência Histórico-filosóficas e em Direito. Dedicou-se ao ensino, à advocacia
e à atividade político oposicionista, o que lhe valeu a prisão, a deportação para
São Tome e o exilio em França. Cofundador do Partido Socialista, regressou a
Portugal após o 25 de abril, onde exerceu os mais altos cargos políticos,
incluindo o de primeiro-ministro e o de Presidente da República. Na qualidade
de primeiro-ministro coube-lhe iniciar as negociações com a CEE, em 1977,e,
oito anos mais tarde, assinar o Tratado de Adesão. Este no Doc. A, afirma que
“a plena integração na Comunidade Europeia” de Portugal foi “ponto de viragem
essencial no destino português”, na medida em que impulsionou o
desenvolvimento do país a nível económico, científico e tecnológico; foram
criadas novas infraestruturas, como “estradas, aeroportos, comunicações,
portos, hospitais, escolas, universidades”.

Por outro lado, havia quem se mostrasse apreensivo e resistente quando


a esta perspetiva otimista para o Portugal da CEE, como é o caso de Fernando
Rosas, no Doc. B. Fernando Rosas foi um dos fundadores do Bloco de Esquerda
e é especialista em história do Estado Novo e consultou da Fundação Mário
Soares.
Portugal era um país atrasado em relação ao resto da Europa e
principalmente à CEE, que já havia estabelecido as hegemonias. Fernando Rosa
destaca que este período de fácil prosperidade apresenta ameaças de certa
forma “camufladas”, como “a tendencial destruição de grande parte do aparelho
industrial e agrícola português sob o turbilhão da concorrência europeia e
mundial”, a “crise de representatividade das instituições, dominadas
rotativamente pelas mesmas oligarquias político-partidárias”, a “crise de
credibilidade das mesmas [instituições], minadas por sucessivos escândalos de
corrupção em vários países”, e o “ataque contra a memória ou, se quisermos,
contra os valores da civilização europeia herdados das «Luzes» e da Revolução
Francesa”.

Portugal tornara-se um país diferente, estável politicamente, mesmo que


sejam visíveis alguns desequilíbrios sociais e assimetrias regionais. De acordo
com os dados do Doc. C, é possível observar estas mudanças, onde indicadores
como a taxa de mortalidade infantil e a taxa de analfabetismo apresentam uma
diminuição significativa e bastante satisfatória.

Por outro lado, uma das ameaças que Fernando Rosa afirmava era o “mar
de desemprego” que iria afetar o país, e como se pode comprovar no Doc. C o
desemprego aumentou drasticamente ao longo dos anos.
Concluindo, as reflexões opõem-se mas também se complementam, uma
vez que é possível perceber aspetos corretos. Mas sem sombra de dúvida que
com a entrada na CEE, Portugal transformou-se, dando inicio a uma nova era.

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