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A Liturgia Na História Completo
A Liturgia Na História Completo
Cada geração cristã que passou pela história deixou sua marca na liturgia, deve-
se afirma-lo com especial razão acerca das primeiras comunidades cristãs. É importante
recordar aqui, a íntima conexão entre liturgia e Escritura nos primórdios da experiência
cristã. Não basta dizer que a Bíblia foi o primeiro livro litúrgico da comunidade a
inspirar a pregação e a prece; falta acrescentar que o culto comunitário teve um notável
papel na própria gestação do Novo Testamento: A Bíblia nasceu da Liturgia, e a
Liturgia é Teologia em ato.
O estudo histórico da liturgia foi oficialmente reconhecido pelo concilio
Vaticano II, que o integra na formação aos ministérios pastorais e à vida religiosa. Além
disso, ele serve como guia para todas as reformas litúrgicas (SC 16 e 23). A liturgia está
no coração da tradição da Igreja, ela é uma herança católica transmitida de geração em
geração, de forma viva. A história da Tradição, da qual a liturgia constitui o coração, é o
lugar onde se manifesta a vontade fundadora de Cristo.
O conhecimento das grandes linhas da história é essencial para entender as
estruturas celebrativas da liturgia atual. O estudo crítico da história passada tem força de
abertura para o futuro.
Apesar da raridade das fontes, que foram salvas das destruições, temos uma
riqueza imensa que nos ajuda a entender a evolução da liturgia no tempo. O que
podemos adiantar que em todo o primeiro milênio, a liturgia era diferente da atual. Era o
regime da tradição oral e de autonomia institucional das Igrejas locais.
Sobre o culto no NT, não encontramos nada além de notas fragmentárias e
incidentais. Além do mais, as primeiras comunidades se caracterizavam pela pluralidade
e sensibilidades muito diferenciadas nas suas expressões litúrgicas. A “falta de
sistemática”, que se observa ser característica do movimento de Jesus, parece refletir-se
também na primeira literatura cristã.Um problema forte que se faz notar é a relação
entre a Torá e a nova aliança vivida em Cristo – que dá lugar a posturas contrapostas
entre os grupos judeu-cristãos e heleno-cristãos. Se não temos muitos dados sobre as
formas litúrgicas, as fontes neotestamentárias nos oferecem maior riqueza e respeito de
uma teologia do culto cristão.
O culto, na qualidade de manifestação típica e universal da religião, exprime o
reconhecimento da união radical que liga o homem com Deus.
CONCILIO VATICANO II
Primeiro anúncio: Dia 25 de janeiro de 1959, menos de três meses depois de sua
eleição, João XXIII, manifestou aos Cardeais reunidos no Mosteiro de São Paulo, seu
desejo de convocar um concílio. (Motivos: abuso e comprometimento da liberdade, a recusa
da fé em Cristo, a busca dos pretensos bens da terra, a atividade do príncipe das trevas, que é
também príncipe deste mundo, a luta contra a verdade e o bem, a divisão entre as duas cidades,
o esforço da confusão, a debilitação das energias do espírito, a tentação e a atração das
vantagens de ordem material que o progresso da técnica moderna engrandece e exalta...). Os
Cardeais foram tomados de surpresa. Os concílios são convocados, normalmente, para
resolver problemas de ordem doutrinal (heresias, etc). Falando aos assistentes da Ação
Católica Italiana, no dia 09/08/59, ele diz: “A idéia do concílio não amadureceu como
um fruto de prolongada consideração, mas como uma flor de inesperada primavera”.
No motu próprio de 05/06/60, diz: “Consideramos inspiração do Altíssimo a idéia de
convocar um Concílio Ecumênico, que desde o início de nosso pontificado se
apresentou à nossa mente como flor de inesperada primavera”. No dia 25/12/61, na
solene bula de indicção Humanae Salutis, exprime-se nestas palavras: “Acolhendo
como vinda do alto uma voz íntima no nosso espírito, julgamos estar maduro o tempo
para oferecermos à Igreja Católica e ao mundo o dom de um novo Concílio
Ecumênico”.
A finalidade do Concílio: Dois objetivos básicos: união e adaptação aos novos tempos.
No dia 17/05/59, João XXIII, declara que o concílio iria dar: grande santificação do
clero, consoladora edificação do povo cristão e espetáculo encorajador para todos que se
elevam em pensamento de fé e de paz. A Igreja católica na fulgurante variedade de seus
ritos e na sua inquebrantável unidade se propõe atingir um novo vigor para a sua missão
divina.
O Documento no qual Sua Santidade mais formal e solenemente formula os
objetivos do Concílio, é a primeira encíclica Ad Petri Cathedram, de 29/06/59:
“Profundamente animado por esta suavíssima esperança, anunciamos publicamente o
nosso propósito de convocar um Concílio Ecumênico, em que hão de participar os
Sagrados Pastores do Orbe Católico para tratarem dos graves problemas da religião,
principalmente para (1) conseguirem o incremento da Fé Católica e (2) a saudável
renovação dos costumes no povo cristão e para (3) a disciplina eclesiástica se adaptar
melhor as necessidades dos nossos tempos”.
Preparação remota: A importância do Movimento Litúrgico. O sacro mistério
eucarístico, a Eucaristia como banquete ritual e como liturgia comunitária, passa outra
vez a ser o centro da piedade cristã. Desde o motu próprio de Pio X até a reforma da
disciplina do jejum eucarístico e das missas vespertinas de Pio XII, tornou-se mais
freqüente e mais consciente a união eucarística dos fiéis com o Divino Salvador. Com o
Missal nas mãos, os fiéis aprenderam a rezar a missa e não apenas rezar na missa. O
movimento litúrgico, coroado com a Mediator Dei e outros documentos pontifícios
recentes, inquietou sacerdotes e fiéis e suscitou discussões, propostas, sugestões e
estudos que só podem levar a uma vida cristã mais autêntica, mais consciente, mais
profunda e mais piedosa.
Abertura do Concílio: Após fervorosa novena ao Divino Espírito Santo, ao som dos
sinos de todos os países do mundo, num ambiente de intensa comoção espiritual e de
grande entusiasmo, inaugurou-se solenemente, na manhã do dia 11 de outubro de 1962,
Festa da Maternidade Divina de Maria Santíssima, na Patriarcal Basílica de São Pedro,
o XXI Concílio Ecumênico, chamado de Concílio Vaticano II, o concílio mais
ecumênico de toda a história.
Estavam presentes na celebração de abertura, 2540 bispos, provenientes de todos
os continentes, sendo que 204 destes eram bispos do Brasil. Faltaram uns 30, por
motivo de idade ou de doença.
Já no dia 22 de outubro começaram os debates em torno da liturgia em geral e da
renovação litúrgica (24/10), língua litúrgica (26/10), participação ativa na liturgia
(27/10), o princípio da adaptação (29/10), concelebração (30/10), Liturgia da Palavra
(31/10), Liturgia dos Sacramentos (06/11), o breviário (09/11)...
O primeiro Documento a ser aprovado, foi a Sacrosanctum Concilium, no dia 04
de dezembro de 1963.
Conceito de Liturgia:
A palavra “liturgia” é de origem grega: Leitourgie, do verbo: leitourgein; Ela
provém da composição de laós, leós = povo e de ergon = serviço, ação, trabalho. No
sentido civil, liturgia é um “serviço feito para o povo” ou “serviço diretamente prestado
para o bem comum”, um serviço em favor da vida. Ex. um mutirão comunitário.
No sentido religioso, liturgia refere-se ao culto que os antigos sacerdotes
prestavam a Deus em nome do povo, no alto da montanha ou no templo. Eram pessoas,
famílias ou grupos escolhidos para este serviço. Zacarias, pai de João Batista era um
desses liturgistas (Lc 1,23).
Para Paulo, o anúncio do Evangelho era um serviço litúrgico: “meu serviço
sagrado é anunciar o evangelho de Deus, a fim de que os pagãos se tornem oferta
aceita e santificada pelo Espírito Santo (Rm 15,16). Para ele, também são um “serviço
litúrgico” as ações em favor da comunidade necessitada. Na carta aos hebreus ele usa o
termo liturgia neste sentido: serviço em favor dos necessitados (Hb 1,7.14; 2Cor 9,12;
Fil 2,25).
Sacrosanctum concilium: (1963) A liturgia é tida como o exercício do múnus
sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo
peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público e
integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros (SC 7). Liturgia é o cume
para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a
sua força, da é obtida a santificação dos homens em Cristo e a glorificação de Deus,
para a qual, como a seu fim, tendem todas as demais obras da Igreja (SC 10).
A própria Liturgia, impele os fiéis que, saciados dos “sacramentos pascais”,
sejam “concordes na piedade”; reza que, “conservem em suas vidas o que receberam
pela fé”; a renovação da Aliança do Senhor com os homens na Eucaristia solicita e
estimula os fiéis para a caridade imperiosa de Cristo. Da Liturgia portanto, mas da
Eucaristia principalmente, como de uma fonte, se deriva a graça para nós e com a
maior eficácia é obtida aquela santificação dos homens em Cristo e a glorificação de
Deus, para a qual, como a seu fim, tendem todas as demais obras da Igreja (SC 10).
A Liturgia, pela qual, principalmente no divino sacrifício da Eucaristia, “se
exerce a obra de nossa Redenção”, contribui do modo mais excelente para que os fiéis
exprimam em suas vidas e aos outros manifestem o mistério de Cristo e a genuína
natureza da verdadeira Igreja. Caracteriza-se a Igreja de ser, a um só tempo, humana e
divina, visível, mas ornada de dons invisíveis, operosa na ação e devotada à
contemplação, presente no mundo e no entanto peregrina. E isso de modo que nela o
humano se ordene ao divino e a ele se subordine, o visível ao invisível, a ação à
contemplação e o presente à cidade futura , que buscamos (SC 2).
Cristo está sempre presente em Sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas.
Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, “pois aquele que
agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na
Cruz”, quando sobretudo sob as espécies eucarísticas. Presente está pela Sua força nos
sacramentos, de tal forma que quando alguém batiza é Cristo mesmo que batiza.
Presente está pela sua Palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas
Escrituras na igreja...(SC 7).
- é uma ação sagrada: quer dizer: ação de uma comunidade – Igreja onde Cristo age.
É sagrada pois comunica Deus e por ela no comunicamos com ele. E aí entra a fé e o
amor.
- Ritos sensíveis: esta comunicação com Deus, por Cristo e em Cristo se faz através
de sinais e símbolos, isto é, de forma sacramental.
- O múnus sacerdotal de Cristo: É ele (Cristo) quem age e continua a realizar a obra
da salvação de modo que todos possam realizar a sua vocação sacerdotal recebida
no Batismo. A ação sagrada é de Cristo. Ele é o sacerdote principal – o oferente e a
oferta.
- Na Igreja e pela Igreja: Cristo não age sozinho mas se faz presente na e pela ação
da Igreja toda
- Para a santificação do homem e a glorificação de Deus: estes são os dois
movimentos de cada ação litúrgica: o movimento de Deus para o homem –
santificação. E o movimento do homem para Deus – a glorificação.
Medellín: (1968) A liturgia é ação de Cristo Cabeça e de seu Corpo que é a Igreja.
Contém, portanto, a iniciativa salvadora que vem do Pai pelo Verbo no Espírito Santo,
e a resposta da humanidade naqueles que se enxertam pela fé e pela caridade, no
Cristo, recapitulador de todas as coisas. A liturgia, momento em que a Igreja é mais
perfeitamente ela mesma, realiza, indissoluvelmente unidas, a comunhão com Deus e
entre os homens, e de tal maneira que a primeira é a razão da segunda. Se antes de
tudo procura o louvor da glória e da graça, também está consciente de que todos os
homens precisam da Glória de Deus para serem verdadeiramente homens (Medellín –
Lit. 9,2)
Puebla: (1979) A liturgia como ação de Cristo e da Igreja, e o exercício do
sacerdócio de Jesus Cristo; é o ápice e a fonte da vida eclesial. E um encontro com
Deus e os irmãos; banquete e sacrifício realizado na eucaristia; festa de comunhão
eclesial, na qual o Senhor Jesus, por seu mistério pascal, assume e liberta o Povo de
Deus e, por Ele, toda a humanidade, cuja história é convertida em história salvífica,
para reconciliar os homens entre si e com Deus. A liturgia é também força em nosso
peregrinar, para que se leve a bom termo, mediante o compromisso transformador da
vida, a realização plena do Reino, segundo o plano de Deus (Pb. 918).
Santo Domingo: (1992) A liturgia é o cume ao qual tende a atividade da Igreja e, ao
mesmo tempo, a fonte de onde emana a sua força (SC 10). A liturgia é ação do Cristo
total, Cabeça e membros. A liturgia é o anúncio e a realização dos feitos salvíficos (cf.
SC 6) que nos chegam a tocar sacramentalmente; por isso, convoca, celebra e envia
(SD 34, 35).