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REFERÊNCIAS ESTÉTICAS DA FACE

Por maior que seja a experiência clínica de um dentista, ele não deve
fazer um planejamento restaurador de maneira intuitiva. Ele deve se guiar
pelas referências estéticas faciais e dentais.
Estas referências estão bem descritas na literatura, veja alguns
importantes autores:
 G. William Arnett

 Robert T. Bergman

 American Journal of ORTHODONTICS and DENTOFACIAL


ORTHOPEDICS, Volume 103 Number 5 May 1993. Copyright 1993 by
the American Association of Orthodontics

 Facial Keys to orthodontic diagnosis and treatment planning – part II

 Rosely Suguino

 Adilson Luis Ramos

 Hélio Hissashi Terada

 Laurindo Z. Furquin

 Luciane Maeda

 Omar Gabriel da Silva Filho

 Revista Dental Press de Ortopedia Maxilar, Volume 1 no 1


Setembro/Outubro 1996
 Dental Facial Deformities

 Integrated Orthodontic and Surgical Corretion, Vol 1 2ª Ed.

 Bruce N. Epker, John Paul Stella

 Leward Fish

 Mosby St Louis 1995

 Pagani, Clovis; Bottino, Marco Cícero

 Proporção áurea e a odontologia estética/ Golden proportion end


aesthetic dentistry

 JBD: J.Bras dent. Estet; 2(5):80-5, jan./mar.2003

 Antes do paciente abrir a boca para a avaliação dentária o dentista


já fez uma análise facial preliminar, buscando o incorreto. Rosely
Suguino

 Adilson Luis Ramos

 Hélio Hissashi Terada

 Laurindo Z. Furquin

 Luciane Maeda

 Omar Gabriel da Silva Filho

 Revista Dental Press de Ortopedia Maxilar, Volume 1 n° 1


Setembro/Outubro 1996.
De um modo geral, para um planejamento reabilitador pode-se usar
referências dentais e/ou faciais. As referências faciais trazem relações
entre as dimensões e/ou posições de acidentes anatômicos da face e as
dimensões e posições dentais ideais para aquela face. Quando o dentista
usa estas proporções, o resultado final será um sorriso proporcional à face
dos pacientes. Já as referências dentais cuidam de deixar os dentes com
uma ideal relação de proporção dimensional e de posição harmônica
entre eles.
Na consulta inicial o dentista, além de seus procedimentos de
rotina, pode colher os dados da face, medindo-os diretamente no rosto do
paciente. Isso é mais prático e rápido do que obter as medidas necessárias
em fotografias. As fotografias são representações em escala, ou seja,
podem ser maiores ou menores que o objeto fotografado. A maioria das
medidas pode ser obtida diretamente na face do paciente ou em modelos
de gesso, mas outras só podem ser obtidas por fotografias. São elas:
 Quantidade e extensão de gengiva e dentes expostos durante o
sorriso, isso porque o sorriso é um processo dinâmico, idealmente não
deve ser medido direto na face;
 Análise do perfil do paciente medindo-se as distâncias da face
até a linha vertical verdadeira;
Para a obtenção de medidas reais em fotografias, o dentista precisa
de apenas uma medida real. Para obter as medidas reais de outros
acidentes anatômicos, aplica-se uma regra de proporção. Exemplificando:

Se quero descobrir as dimensões das coroas clínicas dos dentes


desta foto acima, ou mesmo a quantidade de sorriso gengival para os pré-
molares superiores, o primeiro passo é determinar a proporção entre a
imagem e a realidade. Para tanto devem ser criadas duas colunas, uma
delas, a REAL deverá conter uma medida real, obtida diretamente na boca
do paciente ou em modelo de gesso e na frente dela a coluna
FOTOGRAFIA OU MONITOR, OU IMAGEM..., que conterá a medida do
mesmo item da coluna REAL, mas esta obtida diretamente na foto.
No exemplo abaixo a largura REAL do dente 11 medida na boca(ou
em modelo de gesso fiel) é de 7,2mm e na fotografia é de A,Amm (cada
foto ou ampliação de uma mesma foto terá dimensões diferentes), estas
medias se equivalem para determinarmos a escala ou proporção entre a
realidade e a fotografia impressa, ou monitor do computador. Se quero
descobrir qual é a medida do diastema 11/21, meço na foto e obtenho
B,Bmm. Mas esta não é uma medida real, preciso fazer uma regra de
proporções (regra de 3):

REAL COMPUTADOR ou FOTOGRAFIA


7,2 (largura real do 11) A,A (largura do 11 na imagem)
X B,B (medida irreal que tomei na imagem)

X = Esta é a medida real.

Uma outra maneira simplificada é eleger uma constante dividindo-


se uma coluna pela outra, o resultado é uma constante que pode dividir
qualquer medida da foto tornando-a real:

A,A ÷ 7,2 = Constante

Posso medir qualquer item que me interesse na imagem pela


constante e o resultado será uma medida real.
A análise das medidas do rosto e dos dentes do paciente, podem
orientar o dentista na escolha do tratamento ideal.
É ideal que o planejamento inicie por uma análise facial, seguem
abaixo algumas referências faciais que influenciam as dimensões e
posições dos dentes.
REFERÊNCIAS FACIAIS E SEU SIGNIFICADO NO PLANO DE
TRATAMENTO

Significado clínico dos aspectos anatômicos dos pacientes

1. Face

1.1 Largura da face


Para sabermos se a face tem uma largura correta tomamos a
distância inter-cantal (entre os olhos), que multiplicada por 5 fornece a
largura total da face. Medindo-se a largura do rosto do indivíduo a
dividindo-se por 16 obtém-se a largura ideal da coroa clínica do incisivo
central superior. Cesário Jr.,V.A.;Latta Jr.,G.H. Relations between the
mesiodistal width of maxillary central incisor and interpupillary distance.J
Prosthet Dent,St.Louis,v.52,n.5,p.641-643,nov.1984.
Como referência para encontrarmos a forma correta, pode-se
basear na forma da face do paciente que coincide com a forma do incisivo
central em 74%.
Quanto ao formato dos dentes incisivos centrais eles são
triangulares em 45,9%, quadrados em 40,5% e ovóides em
3,5%.Odontologia estética: Estudo das dimensões e formas dos incisivos
superiores
Fornaziero, Célia Cristina
Jr, Mario Honorato da Silva
Ver Ibero-am Odontol Esteet Dent 2003; 2(8):291-300
1.2 Comprimento da face
A proporção de comprimento por largura da face é de 1:30
para a mulher, e 1:35 para o homem. Ou seja, a face da mulher é mais
longa que a do homem.
G. William Arnett and Robert T. Bergman
May 1993(AM J ORTHOD
DENTOFAC ORTHOP 1993;103:395-411 .)

2. Olhos

2.1 Distância interpupilar


É uma referência importante, pois a distância entre os olhos dá a
um observador a noção de largura do rosto do paciente. Assim, um rosto
mais largo, pede dentes mais largos (acima da largura média) e, um rosto
estreito, pede dentes mais estreitos (abaixo da média de largura). A
distância entre os olhos é uma referência facial fixa e não é passiva de
alterações por procedimentos cirúrgicos, como por exemplo, a largura do
nariz.
O exame dos olhos e das órbitas inicia-se com as medidas das
distâncias: intercantal e interpupilar. O valor médio desta diferença é de
4mm sendo que as pessoas negras frequentemente apresentam valores
maiores. Estes valores são estabelecidos por volta dos 6 a 8 anos de idade
e não mudam significantemente após esta época. Rosely Suguino
Adilson Luis Ramos
Hélio Hissashi Terada
Laurindo Z. Furquin
Luciane Maeda
Omar Gabriel da Silva Filho
Análise facial
Revista Dental Press de Ortopedia Maxilar
Volume 1 no 1 Setembro/Outubro 1996

Para medir a distância interpupilar, o dentista deve pedir para o


paciente que olhe para um ponto fixo da face (do dentista), daí com um
paquímetro digital, mede-se a distância entre o ponto central das duas
pupilas. Esta é uma maneira ideal de medir, pois é assim que percebemos
a largura da face das pessoas que analisamos em uma distância social.
Pedir para o paciente olhar para um ponto distante, deixa a medida pouco
mais larga.
Cesário e Latta estudaram a relação entre a distância interpupilar e
a largura mesio-distal do incisivo central superior. A distância é estável por
toda a vida, a partir dos 4 anos de idade, por isso é uma ótima referência.
Neste estudo a distância interpupilar foi medida do centro da pupila
esquerda ao centro da direita e a largura da coroa clínica do incisivo
central foi medida em sua maior largura em uma população de 100 norte
americanos.
As seguintes medidas de distância interpupilar foram encontradas:
Mulher branca 56,51mm
Homem branco 57,87mm
Mulher negra 59,39mm
Homem negro 62,86mm
As seguintes medidas de largura de coroa clínica de incisivos
centrais foram encontradas:
Homem branco 8,92mm
Mulher branca 8,52mm
Mulher negra 9,13mm
Homem negro 9,02mm
Particularmente observo em meu consultório que a média para
mulher é 8,3 a 8,9 e para o homem 8,6 a 9,2.

Relação entre distância interpupilar e largura dos centrais


Homem branco 6,5
Mulher branca 6,6
Mulher negra 6,5
Homem negro 7,0

Penso que podemos escolher dividir a distância inter-pupilar por um


número que esteja entre 6,5 (resulta em um central mais largo) e 7,0
(resulta em um central mais estreito). Podemos escolher este número,
dependendo das necessidades reabilitadoras, condições apresentadas
pelo paciente e gosto pessoal do paciente. Esta flexibilidade é importante
para nosso trabalho. Particularmente uso na maioria das vezes o
coeficiente 6,6, pois gosto de centrais dominantes em relação ao rosto.
Os autores afirmaram que em 95% dos casos a largura do incisivo
central maxilar poderia ser obtida dividindo-se a distância interpupilar
pelo fator 6,6. Cesário Jr.,V.A.;Latta Jr.,G.H. Relations between the mesio-
distal width of maxillary central incisor and inter-pupillary distance. J.
Prosthet Dent,St.Louis,v.52,n.5,p.641-643,nov.1984.
Outro autor cita que largura ideal do incisivo central superior pode
ser obtida dividindo-se a distância interpupilar (ou a largura do sorriso)
por 6,6.
Breno Carnevalli Franco de Carvalho. R. Dental Press Estét- v.3, n.1, p. 72-
82, Jan./Fev./mar.2006

3. Nariz

3.1 Largura do nariz


Observo que antes de pensarmos em relacionar a largura do nariz
com a largura dos 6 dentes anteriores superiores, devemos verificar se a
largura do nariz é adequada para a face do indivíduo examinado.
A média de largura do nariz segundo Mário Fradeani é de 34 a
36mm.Mauro Fradeani. Análise Estética: Uma Abordagem Sistemática
para o Tratamento Protético. volume 1, 2006. Quintessence Editora Ltda.
É importante sabermos as dimensões médias do nariz, no entanto é
mais importante sabermos se determinado nariz tem medidas
proporcionais com a face do paciente. Para tanto precisaremos de uma
fotografia da face em repouso (sem sorrir, pois durante o sorriso a largura
do nariz aumenta em média 1,5mm de cada lado). Traçar no computador
ou na foto impressa uma linha perfeitamente vertical que tangencia a asa
do nariz do paciente. Esta linha deverá tangenciar a comissura do olho,
tocando o início da esclera do olho. Quanto mais esta linha resultante
estiver posicionada dentro da esclera, mais largo (inadequado) será o
nariz, se ela tocar na Iris do olho, este nariz é muito largo, pode-se pensar
em uma possível sugestão de rinoplastia para estreitamento. Se um
cirurgião plástico e o paciente julgarem viável, a cirurgia deve ser feita,
antes do planejamento dental, só depois da cicatrização é que poderemos
colher as novas medidas que nos orientarão quanto á largura dos dentes
anteriores superiores.
Em minha clínica, considero que um nariz com largura acima da
média, sugere dentes mais largos, ou seja com largura também acima da
média, um nariz mais estreito sugere dentes mais estreitos.
Estatisticamente, existe coincidência entre a largura do nariz em
repouso e a distancia inter caninos, medida em linha reta de cúspide a
cúspide. Não vejo isto ocorrer com frequência na clínica.
Contribuição ao estudo da determinação da largura dos dentes
anterior superiores / Contribution to the upper anterior teeth width
determination study
Frossard, Marcos; Conti, José Valdes; Salvador; Miltom Carlos Gonçalves;
Vieira, Lucimar Falavinha; Freitas, César Antunes.
Rev.Fob
V.4 n.1/2 p.33-39, jan/jun.1996
Observo na clínica que avaliando pacientes com faces e sorrisos
agradáveis em repouso, ou seja, sem sorrir, traçando uma linha vertical
que tangencia a asa do nariz toca a face vestibular dos caninos
distalmente à sua cúspide e antes do contato com o primeiro pré-molar.
Já com o paciente sorrindo esta linha toca a face vestibular do primeiro
pré-molar superior em sua porção mesial. Concluo que a largura do nariz
durante o sorriso é maior que a largura dos seis dentes anteriores
superiores medidos em linha reta, e com o nariz em repouso a largura
deste nariz é menor que a dos seis dentes anteriores superiores medidos
em linha reta (mas ainda é maior que a distância das pontas das cúspides
medidas em linha reta).
Contribuição ao estudo da determinação da largura dos dentes
anterior superiores / Contribution to the upper anterior teeth width
determination study
Frossard, Marcos; Conti, José Valdes; Salvador; Miltom Carlos
Gonçalves; Vieira, Lucimar Falavinha; Freitas, César Antunes.
Rev.Fob
V.4 n.1/2 p.33-39, jan/jun.1996

A largura do nariz é geralmente poucos milímetros maior que a


distância inercantal (34+/-4mm). Um nariz atraente tem uma relação
largura por comprimento de 0,6. Ou seja o nariz normalmente é maior
Em uma vista de perfil a ponte nasal se projeta de 5 a 8mm além do globo
ocular.

Outro autor disse a mesma coisa:


A projeção da ponte nasal é de 5-8mm além do globo ocular
Dental Facial Deformities
Integrated Orthodontic and Surgical Corretion
Vol 1 2a Ed.
Bruce N. Epker, John Paul Stella
Leward Fish
Mosby St Louis 1995

4. Lábios e Gengivas

4.1 Largura da boca em repouso


As comissuras labiais em repouso coincidem com a face distal dos
caninos (Não concordo, normalmente as comissuras estão posicionadas
distalmente àpontas dos caninos)
Contribuição ao estudo da determinação da largura dos dentes
anterior superiores / Contribution to the upper anterior teeth width
determination study
Frossard, Marcos; Conti, José Valdes; Salvador; Miltom Carlos
Gonçalves; Vieira, Lucimar Falavinha; Freitas, César Antunes.
Rev.Fob
V.4 n.1/2 p.33-39, jan/jun.1996
Observo que a distância media de comissura a comissura é de
50mm, assim se tenho uma largura entre comissuras maior que isto,
tenderei a usar centrais pouco acime da média e se abaixo de 50, tenderei
a usar centrais pouco abaixo da média.
4.2 Distância entre os lábios
Em repouso o lábio inferior tem 25% mais vermelhão que o lábio
superior. Em pacientes que tem uma boa estética, em repouso a
separação entre os lábios é de 3mm. A proporção de exposição incisal
ideal de dentes anteriores superiores em repouso é de 6/4/2. Sendo a
proporção de 6 para o central superior, 4 para o lateral superior e 2 para o
canino superior.
Dental Facial Deformities
Integrated Orthodontic and Surgical Corretion
Vol 1 2a Ed.
Bruce N. Epker, John Paul Stella
Leward Fish
Mosby St Louis 1995
A separação entre os lábios em repouso é de 1 a 5mm (entra em
conflito com o autor acima) sendo que as mulheres tem medias maiores
que os homens. A largura entre as comissuras labiais geralmente se iguala
à distância entre as duas Iris dos olhos.
Acho que isto está errado, se estivesse certo não poderíamos
observar as exposições de centrais em repouso de 3,4mm para mulheres e
1,9mm para homens.
Rosely Suguino
Adilson Luis Ramos
Hélio Hissashi Terada
Laurindo Z. Furquin
Luciane Maeda
Omar Gabriel da Silva Filho
Análise facial
Revista Dental Press de Ortopedia Maxilar
Volume 1 no 1 Setembro/Outubro 1996
O dentista deve medir a quantidade de exposição dos incisivos
centrais com o lábio em repouso. As medidas ideais são 3,4mm para a
mulher jovem e 1,9mm para o homem jovem. Vig RG, Bruno GC. The
kintics of anterior tooth display. J Prosthet Dent 1978;39:502-504
A variação normal de exposição da coroa do incisivo central é de 1 a
5mm e tende a ser menos nos homens. (Não concordo, prefiro o autor
acima) Rosely Suguino
Adilson Luis Ramos
Hélio Hissashi Terada
Laurindo Z. Furquin
Luciane Maeda
Omar Gabriel da Silva Filho
Análise facial
Revista Dental Press de Ortopedia Maxilar
Volume 1 no 1 Setembro/Outubro 1996
O comprimento do lábio inferior é duas vezes maior que o superior.
American Journal of ORTHODONTICS
and DENTOFACIAL ORTHOPEDICS
Founded in 1915 Volume 103 Number 5 May 1993
Copyright _9 1993 by the American Association of Orthodontists
SPECIAL ARTICLE
Facial keys to orthodontic diagnosis and treatment
planning--part H
G. William Arnett, DDS, ~ and Robert T. Bergman, DDS, MS b
Santa Barbara, Calif.
4.3 Gengivas
Em caso de diastemas, se não há uma boa exposição dos anteriores
superiores em repouso, e se as referências faciais permitirem, o dentista
pode tender a aproveitar os diastemas acrescentar material restaurador,
aumentando a largura dos dentes. Isto gera a necessidade de um aumento
do comprimento da coroa clínica, o que poderia solucionar a falta de
exposição ideal dos dentes anteriores superiores com o lábio em repouso.
Este aumento de coroa clínica poderá ser incisal, quando queremos
uma maior exposição dos centrais com o lábio em repouso e ou gengival,
quando queremos eliminar uma faixa excessiva de gengiva exposta
durante o sorriso.
Uma faixa de até 3mm de gengiva maxilar exposta, é aceitável.
Comparing the Perception of Dentists and Lay People to Altered Dental
Esthetics. Vincent O. Kokish Jr,MSD
h.Asuman Kijak. MA, PHD
Peter A. Shapiro, DDS MSD
Journal of Esthetic Dentistry, vol.11 pages 311-324, 1999
Se ao sorrir houver uma exposição gengival de mais de 3mm, e se a
análise facial permitir, pode-se pensar em fechamento dos diastemas com
material restaurador, o que levará à uma aumento da largura da coroa
clínica. Com uma maior largura da coroa, pode-se aumentar a coroa clínica
dos dentes por gengival, eliminando ou diminuindo a faixa de gengiva
aparente indesejada.
A quantidade de tecido gengival maxilar exposto durante o sorriso é
muito importante para a estética. A total falta de gengiva aparente
durante o sorriso, assim como uma exposição acentuada são antiestéticos.
Segundo Tjan e cols há 3 tipos de linha do sorriso:
Baixa, durante o sorriso os dentes superiores são expostos em 75% do
comprimento da coroa clínica dos centrais, isto ocorre em 20,5% dos
indivíduos.
Média, durante o sorriso há exposição dos centrais superiores de
75% a 100% e as papilas gengivais estão expostas. Isto ocorre em 69% dos
casos.
Alta, durante o sorriso os incisivos centrais são totalmente expostos
e há uma faixa de gengiva exposta, de altura variável. Isto ocorre em
10,5% dos casos. Isso é duas vezes mais freqüente no sexo feminino que
no masculino.
A mulher tem o lábio superior 1,5 mm em média mais curto que o
homem. Peck S, Peck L. Selected aspects of the art and science of facial
esthetics. Semin Orthod 1995;1:105-126
O comprimento do lábio superior é mais longo no sexo masculino e
a razão normal do lábio superior ao inferior é 1:2. Em repouso a exposição
do vermelhão do lábio inferior deve ser 25% maior que a do lábio
superior. Rosely Suguino
Adilson Luis Ramos
Hélio Hissashi Terada
Laurindo Z. Furquin
Luciane Maeda
Omar Gabriel da Silva Filho
Análise facial
Revista Dental Press de Ortopedia Maxilar
Volume 1 no 1 Setembro/Outubro 1996
A exposição gengival em excesso pode ser causada por um lábio
superior curto, excesso maxilar vertical, coroa clínica curta e ou elevação
labial excessiva.
Outro autor que disse a mesma coisa foi American Journal of
ORTHODONTICS
and DENTOFACIAL ORTHOPEDICS
Founded in 1915 Volume 103 Number 5 May 1993
Copyright _9 1993 by the American Association of Orthodontists
SPECIAL ARTICLE
Facial keys to orthodontic diagnosis and treatment
planning--part H
G. William Arnett, DDS, ~ and Robert T. Bergman, DDS, MS b
Santa Barbara, Calif.
Os mesmos princípios de classificação de sorriso alto médio e baixo,
foi usada por Gerardo. Gerardo,B.S; Villas,H.; Tabordar,S. Algunos factores
determinantes de La cosmética dental. Ver Fac Odont Univ Ant,
2003;14(2):6-12
5. Dentes

5.1 Dimensões e proporções


Depois de determinada a largura ideal dos dentes incisivos centrais
do paciente, de acordo com a análise facial, o próximo passo é a
determinação do correto comprimento das coroas clínicas dos incisivos
centrais, Cardoso,N. recomenda o uso da proporção de largura
multiplicada por 1,33 para a determinação do correto comprimento.
Cardoso Newton
Finalização de Tratamento Ortodôntico com Fechamento de
Diastemas pela Técnica Direta.
Clinica International Journal of Brazilian Dentistry Editora Ponto
Volume 4 número 3 julho/setembro 2008 pág. 262-272.

É ideal desconsiderar a proporção áurea, pois ela é encontrada na


dentição natural de apenas 17% dos indivíduos. Mauro Fradeani. Análise
Estética: Uma Abordagem Sistemática para o Tratamento Protético
volume 1
2006
Quintessence Editora ltda.
Outro autor que cita o mesmo:

Restaurações Adesivas de Porcelana na dentição anterior:Uma


abordagem biomimética
Pascal Magne e Urs Belser
Qintessence Editora ltda
Em um trabalho que avaliou a preferência estética de cirurgiões
dentistas quanto às proporções, os resultados demonstram que a
proporção áurea não foi apontada como preferência estética de
proporções dentárias entre os grupos que avaliaram fotos de sorrisos.
Germiniani, W.I.S.; Terada, H.H. Ver. Dental Press Estét, Maringá, V.3,
P.85-99, jul./ago/set.2006
Avaliação da preferência estética de cirurgiões dentistas (Clínicos
gerais e ortodontistas), acadêmicos de odontologia e leigos quanto às
medidas indicadas por proporções conhecidas como padrão estético para
o sorriso.
A largura do incisivo central pode ser obtida dividindo-se a distância
interpupilar por 6,6
Diferente da proporção áurea é o conceito de Porcentagem Áurea
que não depende da largura aparente dos dentes e permite que a simetria
seja claramente identificada e quantificada. Dentro deste conceito a
largura aparente de canino à canino é tomada como 100%. A partir desta
medida:
O incisivo central direito terá 25% do valor
O incisivo lateral direito terá 15% do valor
O canino direito terá 10% do valor
O incisivo central esquerdo terá 50% do valor
O lateral superior esquerdo terá 15% do valor
O canino superior esquerdo terá 10% do valor
Por apresentarem-se com a face vestibular paralela ao plano
frontal, numa vista frontal, os incisivos centrais superiores, ocuparão
metade da distância entre os caninos.
Sem aplicar a proporção áurea, as dimensões reais dos dentes
anteriores superiores são:
Central: a largura é 80% do comprimento
Lateral: a largura é 77% do comprimento
Canino : a largura é 80% do comprimento
Breno Carnevalli Franco de Carvalho. R Dental Press Estét- v.3, n.1, p.72-
82, jan./fev./mar.2006. Utilização de imagem digital para diagnóstico e
planejamento estético.
Acho que o melhor é usar largura do central multiplicado por 1,25
(ou seja 25% mias longo que largo) para casos em que queremos um
comprimento dentro da média ou multiplicar por 1,33 (33% mias longo
que largo) se por motivos variados preciso trabalhar com uma coroa
clínica mais longa.
Segundo Sterret, parece que as dimensões gerais do dente não
estão relacionada com a estatura do indivíduo. O mesmo estudo, revelou
largura e comprimento dentais anteriores superiores maiores para os
homens em relação às mulheres. Sterret JD, Oliver T, Robinson F, Forston
W, Knaak B, Russell CM.Width/length ratios of normal clinical crowns of
the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontal 1999;26:153-
157.
O mesmo foi observado por Jan Hatjó.
Proporção altura por largura dos dentes anteriores segundo Sterret:
Homens →Central 85%, Lateral 7,6% e Canino 77%
Mulheres→Central 86%, lateral 79% e Canino 81%
Proporção de largura entre os dentes anteriores superiores segundo Jan
Hatjó:
Central 100%, incisivo lateral 25% mais estreito que o central e caninos
10% mais estreitos que o incisivo central
Médias de largura dos dentes anteriores superiores segundo Magne et
al.2003:
Incisivo Central 9,2mm
Incisivo lateral 7,2mm
Caninos 8,0mm
Magne,P.Galloci,G.O., Belser, U.C.: Anatomic crown width/lenght ratios of
unworn and worn maxillary teeth in white subjects. J Prosthet Dent, 89,
453-461, 2003
Lendo o exposto acima por estes autores, posso observar então que
as variações de tamanho dos dentes em relação ao sexo para os dentes
são pouco significantes em relação ao central, apenas 1%, já o incisivo
lateral do homem é 3% mais comprido que o da mulher e o canino do
homem é 4% mais comprido que o da mulher. Assim podemos concluir
que a dominância do central por incisal em relação aos demais dentes
anteriores é maior na mulher que no homem.

5.2 Formato dos dentes


Não há um consenso na literatura sobre o quanto há de relação
entre o formato do rosto e o formato dos incisivos centrais. Há artigos que
defendem uma equivalência de 74% entre a forma do rosto e a dos
incisivos centrais superiores.
Ovoide – Ocorre em 13,5% dos casos
Triangular – 45,9% dos casos
Quadrado – 40,5% dos casos
Fornaziero, Célia Cristina
Jr, Mario Honorato da Silva
Ver Ibero-am Odontol Esteet Dent 2003; 2(8):291-300

Aplicabilidade:
Ovoide é o que parece mais feminino, sensual e delicada é o que
aparenta ser mais curto pois sua face vestibular é curva, sem área plana. É
uma ótima opção para os casos em que precisamos usar coroas clínicas
longas. Ao final das mudanças de sorriso com dentes ovoides o paciente
tem uma boa aceitação, pois os dentes não parecem unidos por proximal
Quadrado é a forma que parece mais austera, forte. É uma ótima opção
para ser usada em paciente que tem tendência a espaços negros
gengivais, pois seu colo é largo e pode eliminar ou minimizar o aspecto de
pouca gengiva no colo. Uma desvantagem das mudanças de sorriso em
que usamos dentes quadrados é que ao final o paciente pode ter a ideia
de que os dentes parecem unidos.
Triangular é o que parece mais longo e envelhecido. Pode ser usado
em casos em que teremos que trabalhar com coroas clínicas muito curtas.
É ideal para ser usado em pacientes de idade mias avançada que não
tenham espaços negros gengivais. É a forma anatômica que quando usada
em mudanças de sorriso, dá a melhor impressão de que os dentes não
estão unidos ao serem observados pelo paciente.
CASO CLÍNICO ILUSTRATIVO DE TRATAMENTO
ODONTOLÓGICO USANDO RESINAS COMPOSTAS TENDO COMO
BASE AS REFERÊNCIAS ESTÉTICAS DA FACE:

PLANEJAMENTO DE REABILITAÇÃO EM DENTIÇÃO ESPAÇADA

Ao planejarmos a reabilitação oral de um indivíduo devemos buscar


na face deste paciente, referências estéticas, para que possamos
reconstruir ou criar um novo sorriso em harmonia com a rosto do
paciente.

É ideal desconsiderar a proporção áurea, pois ela é encontrada na


dentição natural de apenas 17% dos indivíduos. (4, 5)

A maioria das medidas pode ser obtida diretamente na face do


paciente ou em modelos de gesso, mas outras só podem ser obtidas por
fotografias. São elas: Quantidade de gengiva exposta durante o sorriso,
isso porque o sorriso é uma processo dinâmico impossível de ser medido
direto na face; Análise do perfil do paciente medindo-se as distâncias da
face até a linha vertical verdadeira. A análise das medidas do rosto e dos
dentes do paciente, podem orientar o dentista na escolha do tratamento
da dentição espaçada:

Fechamento, Redistribuição ou Abertura Ortodôntica.

No caso em questão após análise facial e dental, concluiu-se que o


ideal seria manter os diastemas e reabilitar o paciente com resinas
compostas sem nenhum desgaste dental.

A queixa principal deste paciente de 44 anos de idade era a


presença de diastemas. Notei que além dos diastemas que eram um
problema óbvio, havia ainda falta de dominância do central sobre o lateral
por incisal e os incisivos centrais superiores estavam inclinados para distal.
Para correção desta inclinação dos dentes para distal, não só foram feitas
facetas de resina com posta na correta inclinação, mas além disso foram
criados vários elementos de anatomia secundária que ajudaram a
direcionar visualmente a inclinação das coroas dos centrais para mesial.
Dois elementos horizontais foram adicionados ao colo para nivelar os
incisivos centrais com o plano horizontal. Depois de aplicada a anatomia
terciária em todas as facetas de resina, o polimento inicial com broca
flexicup azul Cosmedent também foi feito de maneira inclinada,
ressaltando um maior brilho para as cristas inter-proximais e o mesmo foi
feito para uma faixa no terço médio das facetas. O polimento final foi
obtido com brocas Astropol Ivoclar Vivadent. Concluído o trabalho o
paciente recebeu uma placa miorrelaxante de acrílico para uso noturno,
por apresentar sinais clínicos de parafunção.
Figuras deste caso clínico:

Figura 1 Foto inicial do caso

Figura 1 Foto inicial do caso


Figura 02 Modelo de gesso, vista frontal e lingual.

Figura 02 Modelo de gesso, vista frontal.


Figura 03 Modelo de gesso, confecção da base e vista oclusal.

Figura 03 Modelo de gesso, vista oclusal.


/6,6 = 9,4
8,6 62,2 /7,2 = 8,6
X
1,25
= 8,6- 9%=7,8
10,7 8,6-26% = 6,4

A distância interpupilar de 62,2mm foi tomada e


dividida não por 6,6, mas sim por 7,2 para obtenção
de um incisivo central com menores dimensões. O
lateral teve a largura menor que a do central em 26%
e o canino mais estreito 9%.

Figura 04 Enceramento com referências faciais e dentais

Figura 5 Guia de silicone

Figura 5 Após polimerização das resinas na guia de silicone as conchas


linguais estão prontas.
Figura 6 Usando anatomia secundária para corrigir o eixo de inclinação
dos centrais.

Figura 7 Mapa de cor dos incisivos centrais que orientarão a confecção da


resina direta sem nenhum desgaste dental.
Figura7 Mapa de cor

Conferindo o resultado da reabilitação com as relações faciais e dentais:


Figura 8 Referências estéticas faciais

7,2

Figura 8 Referências estéticas faciais


Figura 9 Referências estéticas (nariz e lábio superior)

Figura 9 Referências estéticas (nariz e lábio superior)


Figura 10 Referências estéticas dentais

Diagramas das fotos:

A. Há coincidência entre a forma anatômica da face e o contorno


vestibular do incisivo central em 74%.( 1 )

B. Medindo-se a largura do rosto do indivíduo a dividindo-se por 16


obtém-se a largura ideal da coroa clínica do incisivo central superior.( 2 )
C. Em 95% dos casos a largura do incisivo central maxilar pode ser obtida
dividindo-se a distância interpupilar pelo fator 6,6.( 2 )

D. Estatisticamente existe coincidência entre a largura do nariz em


repouso (sem que o paciente esteja sorrindo) e a distancia intercaninos,
medida em linha reta de cúspide a cúspide.( 3 )

E. Quando o tubérculo do lábio superior em repouso está situado em um


nível mais superior que o restante do vermelhão do lábio, este lábio é
chamado de “gull-wing” e leva á uma proporção de exposição dos
anteriores superiores de 2 para o canino, 4 para o lateral e 6 para o
central. A pior condição estética ocorre quando não há exposição dos
centrais durante o sorriso.

(6)

F. Foi usada a proporção de largura final do incisivo central x 1,33 para


obtenção do comprimento final da coroa clínica do incisivo central.

( 7 ) Proporção altura por largura dos dentes anteriores segundo

Homens →Central 85%, Lateral 7,6% e Canino 77%

Mulheres→Central 86%, lateral 79% e Canino 81% ( 8 )

G. Proporção de largura real entre os dentes anteriores superiores:


Central 100%, incisivo lateral 25% mais estreito que o central e caninos
10% mais estreitos que o incisivo central ( 9 )

H. Por incisal os centrais e caninos tem alturas iguais ou diferenciando em


aproximadamente 0,5mm.

Já os laterais podem diferir de 1 a 1,5mm. ( 5 )


REFERÊNCIAS USADAS NO CASO CLÍNICO ACIMA

1. CARDOSO, N. Finalização de Tratamento Ortodôntico com Fechamento de


Diastemas pela Técnica Direta. Clin. Int. J. Braz. Dent., [s.l.], vol.4, n.3, p.262-
72, jul. /set. 2008.

2. CESÁRIO Jr., V.A.; LATTA Jr., G.H. Relations between the mesiodistal width of
maxillary central incisor and interpupillary distance. J Prosthet Dent, St. Louis,
vol.52, n.5, p.641-643, nov.1984.

3. EPKER, B.N.; STELLA, J.P.; FISH, L. Dental Facial Deformities – Integrated


Orthodontic and Surgical Correction. 2. ed. St Louis: Mosby, 1995. vol.1

4. FORNAZIERO Jr., C.C.S.; SILVA, M.H. Odontologia estética: estudo das


dimensões e forma dos incisivos superiores. JBD Rev. Iberoam. Odontol. Estet.
Dent., [s.l.], vol.2, n.8, p.291-300, out./dez., 2003.

5. FRADEANI, M. Análise Estética: Uma Abordagem Sistemática para o


Tratamento Protético. São Paulo: Quintessence, 2006. vol.1

6. FROSSARD, M. Contribuição ao estudo da determinação da largura dos dentes


anterior superiores. Bauru: S.n., 1989. 53p.

7. HATJÓ, J. Anteriores – A Beleza Natural dos Dentes Anteriores. 1. ed. São Paulo:
Ed. Santos, 2008. p.113

8. MAGNE, P.; BELSER, U. Restaurações Adesivas de Porcelana na dentição


anterior: Uma abordagem biomimética. São Paulo: Quintenssence, 2003. 406
p.

9. STERRET, J.D.; OLIVER, T.; ROBINSON, F.; FORSTON, W.; KNAAK, B.; RUSSELL,
C.M. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior
dentition in man. J. Clin. Periodontol. [s.l.], vol.26, p.153-7, 1999.

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