Você está na página 1de 100

i

NOTAS DE CÁLCULO AVANÇADO


* PARTE I *

oes1
Prof. Dr. Rone Flávio Sim~

Julho de 2009

1
Campus UNIBAN-ABC
ii

.
NOTAS DE CÁLCULO AVANÇADO

Prof. Dr. Rone Flavio Simões2

São Bernardo do Campos


Julho de 2010 3
∗ 2.a Edição ∗

2
UNIBAN — ABC
3
Primeira edição — jul. 2009
Sumário

1 Função de duas variáveis reais 1

1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Gráfico de Função de duas variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.3 Curvas de Nı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Derivadas Parciais 8

2.1 Acréscimo Total e Parcial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.2 Derivadas parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.3 Interpretação Geométrica das Derivadas parciais . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.4 Derivadas Parciais de Ordem Superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3 Máximos e mı́nimos em superfı́cies 20

3.1 Máximos e mı́nimos locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.2 Hessiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.3 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4 Integrais Duplas 31

4.1 Conceitos e definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.1.1 Teorema de Fubini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4.1.2 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

i
SUMÁRIO ii

5 Aplicações das Integrais Duplas 38

5.1 Integral Dupla Aplicada ao Cálculo de Área . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

5.1.1 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

5.2 Integral Dupla Aplicada ao Cálculo de Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

5.3 Cálculo do Centro de Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

5.3.1 Massas Discretas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

5.3.2 Massa Contı́nua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

5.3.3 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

5.4 Cálculo de Momento de Inércia de figuras planas . . . . . . . . . . . . . . . 55

5.4.1 Momento de Inércia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

5.4.2 Momento de Inércia para Corpos Contı́nuos . . . . . . . . . . . . . . 59

6 Funções Vetoriais 62

6.1 Noções de funções vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

6.1.1 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

6.2 Comprimento de arco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

7 Gradiente 74

7.1 Motivação para o estudo do gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

7.2 Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

7.2.1 Operador nabla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

7.2.2 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

7.2.3 Interpretação Geométrica do Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . 76

8 Divergência 80

8.1 Definição de divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

8.2 Interpretação Geométrica da Divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81


SUMÁRIO iii

9 Rotacional 84

A Torque 87

B Análise Qualitativa 90
Capı́tulo 1

Função de duas variáveis reais

1.1 Definição

Uma função de duas variáveis reais em R2 é uma função f : R2 → R. Tal função associa a

cada par ordenado de números reais (x, y) um único número real f (x, y). A função f (x, y)

muitas vezes é representada por z.

Exemplos:

Determine os valores numéricos para as funções dadas abaixo:

1) f (x, y) = 3x2 y + 1

a) f (1, 0)

f (1, 0) = 3(1)2 (0) + 1 = 1

b) f (−1, 2)

f (−1, 2) = 3(−1)2 (2) + 1 = 6 + 1 = 7

c) f (2, −2)

f (2, −2) = 3(2)2 (−2) + 1 = −24 + 1 = −23

2) f (x, y) = x2 − y 2 + 4

a) f (1, 2)

f (1, 2) = (1)2 − (2)2 + 4 = 1 − 4 + 4 = 1

b) f (a, a)

1
CAPÍTULO 1. FUNÇÃO DE DUAS VARIÁVEIS REAIS 2

f (a, a) = (a)2 − (a)2 + 4 = 4

c) f (3, 1)

f (3, 1) = (3)2 − (1)2 + 4 = 9 − 1 + 4 = 12

1.2 Gráfico de Função de duas variáveis

A representação gráfica de uma função de duas variáveis gera superfı́cies no R3 . Veja o

exemplo da função z = x2 + y 2 + 2.

Figura 1.1: A função z = x2 + y 2 + 2 gera um parabolóide de revolução.

1.3 Curvas de Nı́vel

Em muitos mapas, o relevo do terreno é representado por curvas de nı́veis, que são curvas

que possuem a mesma altitude (ou profundidade). Observe a figura 1.2, perceba como é

semelhante à uma montanha. Os pontos cuja altura são comuns (valor de z constante)

são representados por linhas tracejadas. Se olharmos esta “montanha” de cima, a visão

que terı́amos é mostrada na figura 1.3, onde cada curva corresponde a uma mesma altura

de z (mesmo nı́vel).
CAPÍTULO 1. FUNÇÃO DE DUAS VARIÁVEIS REAIS 3

Figura 1.2: A função z = −x2 − y 2 + 20 é semelhante a uma montanha. As linhas tracejadas


corresponde às curvas de nı́veis.

Figura 1.3: Curvas de nı́veis da figura 1.2. Elas podem ser entendida como uma planta, ou visão
superior da superfı́cie.
CAPÍTULO 1. FUNÇÃO DE DUAS VARIÁVEIS REAIS 4

Então, dada uma função z = f (x, y) e c ∈ Im f , o conjunto de todos os pontos (x, y),

tais que f (x, y) = c denomina-se curva de nı́vel de f correspondente ao nı́vel z = c.

Note ainda que, neste exemplo, as curvas são circulares, pois

z= −x2 − y 2 +20
| {z }
−(x2 +y 2 )→circunferências

Um outro exemplo é um parabolóide elı́ptico, gerado pela função z = x2 +1, 5y 2 +2,

conforme ilustra a figura 1.4, as curvas de nı́vel é mostrada na figura 1.5. Observe que as

curvas de nı́vel são funções elı́pticas, pois

z = x2 + 1, 5y 2 +2
| {z }
elipses

Figura 1.4: Parabolóide elı́ptico.

Veja o exemplo de um parabolóide hiperbólico, mostrado na figura 3.5, que foi gerada

pela função z = x2 − y 2 + 20, as curvas de nı́vel é mostrada na figura 1.7, observe que as

curvas de nı́vel são funções hiperbólicas, pois

z = x2 − y 2 +20
| {z }
hipérbole
CAPÍTULO 1. FUNÇÃO DE DUAS VARIÁVEIS REAIS 5

Figura 1.5: Curvas de nı́veis da figura 1.4

Figura 1.6: Esta curva é conhecida como parabolóide hiperbólico.


CAPÍTULO 1. FUNÇÃO DE DUAS VARIÁVEIS REAIS 6

Figura 1.7: Curvas de nı́vel de um parabolóide hiperbólico.

2 −y 2
Outro exemplo interessante é a função f (x, y) = e−x . As figuras 1.8 e 1.9, mostram

respectivamente, a superfı́cie e as curvas de nı́vel.

2
−y 2
Figura 1.8: Superfı́cie gerada pela função f (x, y) = e−x .
CAPÍTULO 1. FUNÇÃO DE DUAS VARIÁVEIS REAIS 7

2
−y 2
Figura 1.9: Curvas de nı́vel da superfı́cie gerada por f (x, y) = e−x .
Capı́tulo 2

Derivadas Parciais

2.1 Acréscimo Total e Parcial

Seja dada uma função z = f (x, y). Tomemos o ponto (x, y) e outro ponto (x+∆x, y +∆y).

O acréscimo da função quando passamos do ponto (x, y) para o ponto (x + ∆x, y + ∆y) é

∆z = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y)

e se chama acréscimo total da função. A figura 2.1 ilustra este acréscimo em z.

Dz

z Dy
Dx (x,y)
y
x
(x+Dx,y+Dy)

Figura 2.1: Acréscimo total da função f (x, y).

Agora vamos supor que, dada a mesma função z = f (x, y), conservemos y constante e

8
CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 9

tomamos o ponto x e x + ∆x. O acréscimo da função quando passamos do ponto (x, y)

para o ponto (x + ∆x, y) é

∆x z = f (x + ∆x, y) − f (x, y) (2.1)

Dx z

z
Dx
(x,y) y
x (x+Dx,y)

Figura 2.2: Acréscimo parcial em x da função f (x, y).

Dy z

z Dy
(x,y) y
x
(x,y+Dy)

Figura 2.3: Acréscimo parcial em x da função f (x, y).

e se chama acréscimo parcial em x. A figura 2.2 ilustra este comportamento.


CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 10

De modo análogo, podemos obter o acréscimo parcial em y, mantendo x constante e

tomando os pontos (x, y) e (x, y + ∆y), conforme ilustra a figura 2.3, isto nos dá:

∆y z = f (x, y + ∆y) − f (x, y) (2.2)

2.2 Derivadas parciais

∆x z
Vamos tomar o acréscimo em x dada pela equação 2.1 e fazer a razão ∆x , teremos que:

∆x z f (x + ∆x, y) − f (x, y)
=
∆x ∆x

observe que esta equação lembra a definição de derivadas, então tomando o limite de

∆x → 0, ficaremos com:

∆x z ∂z
lim = (2.3)
∆x→0 ∆x ∂x

Onde 2.3 é conhecidas como a derivada parcial de z em relação a x.


∆y z
De forma análoga, tomando ∆y → 0 na razão ∆y , teremos a derivada parcial de z em

relação a y.

∆y z ∂z
lim = (2.4)
∆y→0 ∆y ∂y

Exemplo

1. Determine as derivadas parciais da função z = x2 y 2 − 3xy + 4.

Resolução: Quando tomamos a derivada parcial em relação a x, a variável y é

tomada como constante e vice-versa, então:


CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 11

∂z ∂ 2 2
= (x y − 3xy + 4) = 2xy 2 − 3y
∂x ∂x
∂z ∂ 2 2
= (x y − 3xy + 4) = 2x2 y − 3x
∂y ∂y

2. Determine as derivadas parciais da função

z = 2 sen (x + 2y) − 3 cos(2x − y)

Após isto, determine o valor destas derivadas parciais para o ponto P = (0, π2 ).

Resolução:

∂z ∂
= [2 sen (x + 2y) − 3 cos(2x − y)] =
∂x ∂x
= 2 cos(x + 2y) + 3(2) sen (2x − y) = 2 cos(x + 2y) + 6 sen (2x − y)
∂z ∂
= [2 sen (x + 2y) − 3 cos(2x − y)] =
∂y ∂y
= 2(2) cos(x + 2y) + 3(−1) sen (2x − y) = 4 cos(x + 2y) − 3 sen (2x − y)

Substituindo as coordenadas de P nas derivadas parciais que acabamos de calcular,

teremos:

∂z  π   π  π
0, = 2 cos 2 + 6 sen −
∂x 2 2 2
 π
= 2 cos(π) + 6 sen − = −2 − 6 = −8
2
∂z  π   π  π
0, = 4 cos 2 − 3 sen −
∂y 2 2 2
 π
= 4 cos(π) − 3 sen − = −4 + 3 = −1
2
CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 12

2.3 Interpretação Geométrica das Derivadas parciais

C1
C2
P0 (x0 ,y0 ,z0 )
O y0
x0 P’
0
b y
x=x0
t2
t1
x a

y=y
0

Figura 2.4: Interpretação geométrica das derivadas parciais.

Dada uma função z = f (x, y) e que esta função represente uma superfı́cie conforme

ilustrada na figura 2.4.

Inicialmente fixemos y, fazendo-o igual a y0 . Então, a função z = f (x, y0 ) será re-

presentada pela curva C1 . Faremos o mesmo fixando x = x0 , a função z = f (x0 , y) será

representada pela curva C2 . Desta forma, o ponto P0 (x0 , y0 , z0 ) da superfı́cie é o ponto de

intersecção das curvas C1 e C2 .


∂z
A derivada parcial ∂x0 nos dá o coeficiente angular da reta t1 no ponto P0 (x0 , y0 , z0 ),

em relação à reta r.
∂z
= tan α
∂x0
∂z
A derivada parcial ∂y0 nos dá o coeficiente angular da reta t2 no ponto P0 (x0 , y0 , z0 ),

em relação à reta s.
∂z
= tan β
∂y0
CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 13

As duas retas t1 e t2 , tangentes à superfı́cie definida pela função z no ponto P0 ,

determinam um plano tangente à esta superfı́cie, cuja solução geral é

ax + by + cz + d = 0 (2.5)

Como o plano contém o ponto P0 (x0 , y0 , z0 ), sua equação é satisfeita pelas coordenadas

do ponto, então:

ax0 + by0 + cz0 + d = 0 (2.6)

Subtraindo 2.6 da 2.5, teremos

a(x − x0 ) + b(y − y0 ) + c(z − z0 ) = 0 ⇒


a b
⇒ z − z0 = − (x − x0 ) − (y − y0 ) (2.7)
c c

Da equação 2.7 identificamos que

a ∂z
− = tan α =
c ∂x0

e
b ∂z
− = tan β =
c ∂y0

Substituindo estes resultados na 2.7, resulta

∂z ∂z
z − z0 = (x − x0 ) + (y − y0 ) (2.8)
∂x0 ∂y0
CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 14

Exemplo

Determine as equações do plano tangente à superfı́cie definida por z = x2 − 4y 2 no

ponto P00 = (5, −2).

Resolução: O ponto P0 (x0 , y0 , z0 ) é:

z = x2 − 4y 2 = (5)2 − 4(−2)2 = 25 − 16 = 9

Então, P0 = (5, −2, 9).

As derivadas parciais são

(
 ∂z ∂z
2 2 ∂x = 2x ∂x0 = 2(5) = 10
z = x − 4y ∂z =⇒ no ponto P0 ∂z
∂y = −8y ∂y0 = −8(−2) = 16

Usando 2.8 a equação do plano será:

∂z ∂z
z − z0 = (x − x0 ) + (y − y0 )
∂x0 ∂y0
z − 9 = 10(x − 5) + 16(y + 2)

z = 10x − 50 + 16y + 32 + 9

10x + 16y − z − 9 = 0

2.4 Derivadas Parciais de Ordem Superior

Dada a função z = f (x, y), diferenciável, podemos derivar parcialmente a função z e obter

derivadas de segunda ordem ou de ordens superiores, assim


CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 15

 (
∂ ∂z ∂2z

∂z ∂x  = ∂x2

 ∂x
2

∂ ∂z
∂x = ∂ z


∂y ∂x  ∂x∂y

z = f (x, y)
 2
∂ ∂z

∂x = ∂ z
∂z  ∂y  ∂y∂x



 ∂y ∂ ∂z ∂2z
∂y = ∂y 2

 
∂y

Exemplo

Dada a função z = x4 + 2x3 y − 3x2 y 2 + xy 3 − y 4 + 3, determine as derivadas parciais

de 3a ordem.

Resolução:

  (
∂3z
∂2z 3 = 24x + 12y

12x2 6y 2

 
= + 12xy − ∂x
∂3z
 

 
 ∂x2 = 12x − 12y
∂z
= 4x3 + 6x2 y − 6xy 2 + y 3 ( ∂x23∂y



∂x ∂ z
∂x∂y∂x = 12x − 12y


∂2z
  2 2
 ∂x∂y = 6x − 12xy + 3y
 

∂3z

= −12x + 6y

 
z  ( ∂x∂y3 2
∂ z
  ∂2z 2 2 ∂y∂x2
= 12x − 12y
 ∂y∂x = 6x − 12xy + 3y

 

∂3z
= −12x + 6y

 
∂z ( ∂y∂x∂y

= 2x3 − 6x2 y + 3xy 2 − 4y 3


∂y ∂ 3z
= −12x + 6y


∂2z ∂y 2 ∂x
  2 2
 ∂y2 = −6x + 6xy − 12y

 

  ∂3z

∂y 3
= 6x − 24y

Observe que as derivadas mistas são iguais entre si, o que chamamos de invertibilidade

da ordem de derivação:

∂2z ∂2z
= = 6x2 − 12xy + 3y 2
∂x∂y ∂y∂x

E os de terceira ordem:

∂3z ∂3z ∂3z


= = = 12x − 12y
∂x2 ∂y ∂x∂y∂x ∂y∂x2

∂3z ∂3z ∂3z


= = = −12x + 6y
∂y 2 ∂x ∂y∂x∂y ∂x∂y 2
CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 16

Esta curiosa caracterı́stica constitui o teorema de Schwarz.

Exercı́cios Resolvidos: Determine, para cada função, as derivadas parciais.

1. z = x2 − xy + y 2

Resolução:
 ∂z
∂x = 2x − y
z ∂z
∂y = −x + 2y

2. z = sen (2x − 3y) + cos(3x − 2y)

Resolução:
 ∂z
∂x = 2 cos(2x − 3y) − 3 sen (3x − 2y)
z ∂z
∂y = −3 cos(2x − 3y) + 2 sen (3x − 2y)

3. z = 2 sen (xy) + 2 cos(xy)

Resolução:
 ∂z
∂x = 2y cos(xy) − 2y sen (xy)
z ∂z
∂y = 2x cos(xy) − 2x sen (xy)

4. w = x2 y + y 2 z + xyz + z

Resolução:
 ∂w
 ∂x = 2xy + yz
∂w
z ∂y = x2 + 2yz + xz
∂w
= y 2 + xy + 1

∂z

5. Dada a função z = 3x2 y − y 2 x + 4x − 2y, determine as derivadas parciais de segunda

ordem no ponto P0 (1, −1).

Resolução: As derivadas parciais de primeira ordem são:

∂z
= 6xy − y 2 + 4

z ∂x
∂z
∂y = 3x2 − 2xy − 2
CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 17

As derivadas parciais de segunda ordem são:

∂2z


 ∂x22
= 6y
∂ z ∂2z
z ∂y∂x = ∂x∂y = 6x − 2y
∂2z


∂y 2
= −2y

Substituindo o ponto P0 (1, −1):


∂2z


 ∂x20
= 6(−1) = −6
2
∂ z 2
z ∂y0 ∂x0 = ∂x∂0 ∂y
z
0
= 6(1) − 2(−1) = 8
 2
∂ z
= −2(−1) = 2


∂y02

6. Dada a função z = 3 cos(2x − y) + 3 sen (y − 2x), determine as derivadas parciais de

segunda ordem no ponto P0 (0, π2 ).

Resolução: As derivadas parciais de primeira ordem são:


 ∂z
∂x = −6 sen (2x − y) − 6 cos(y − 2x)
z ∂z
∂y = 3 sen (2x − y) + 3 cos(y − 2x)

As derivadas parciais de segunda ordem são:

∂2z


 ∂x22
= −12 cos(2x − y) − 12 sen (y − 2x)
∂ z ∂2z
z ∂y∂x = ∂x∂y = 6 cos(2x − y) + 6 sen (y − 2x)
∂2z


∂y 2
= −3 cos(2x − y) − 3 sen (y − 2x)

Substituindo o ponto P0 (0, π2 ):


∂2z


 ∂x20
= −12 cos(− π2 ) − 12 sen ( π2 ) = −12
2
∂ z 2
z ∂y0 ∂x0 = ∂x∂0 ∂y
z
0
= 6 cos(− π2 ) + 6 sen ( π2 ) = 6
2
∂ z
−3 cos(− π2 ) − 3 sen ( π2 ) = −3

=


∂y02
CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 18

7. Dada a função z = 2 cos(xy), determine as derivadas parciais de segunda ordem no

ponto P0 (1, π).

Resolução: As derivadas parciais de primeira ordem são:


 ∂z
∂x = −2y sen (xy)
z ∂z
∂y = −2x sen (xy)

As derivadas parciais de segunda ordem são:

∂2z


 ∂x22
= −2y 2 cos(xy)
∂ z ∂2z
z ∂y∂x = ∂x∂y = −2 sen (xy) − 2yx cos(xy)
∂2z
= −2x2 cos(xy)


∂y 2

Substituindo o ponto P0 (1, π):


∂2z


 ∂x20
= −2(π)2 cos(π) = 2π 2
2
∂ z 2
z ∂y0 ∂x0 = ∂x∂0 ∂y
z
0
= −2 sen (π) − 2(π) cos(π) = 2π
 2
∂ z

 = 2
−2(1) cos(π) = 2
∂y02

8. Dada a função z = y 2 e−2x , determine as derivadas parciais de segunda ordem no

ponto P0 (0, 3).

Resolução: As derivadas parciais de primeira ordem são:

∂z
= −2y 2 e−2x

z ∂x
∂z
∂y = 2ye−2x

As derivadas parciais de segunda ordem são:

∂2z


 ∂x22
= 4y 2 e−2x
∂2z
z ∂ z
∂y∂x = ∂x∂y = −4ye−2x
∂2z
= 2e−2x


∂y 2

Substituindo o ponto P0 (0, 3):


CAPÍTULO 2. DERIVADAS PARCIAIS 19


∂2z


 ∂x20
= 4(3)2 e0 = 36
∂2z 2
z ∂y0 ∂x0 = ∂x∂0 ∂y
z
0
= −4(3)e0 = 12
∂2z

= 2e0 = 2


∂y02
Capı́tulo 3

Máximos e mı́nimos em superfı́cies

3.1 Máximos e mı́nimos locais

Podemos imaginar um ponto de máximo de uma função contı́nua z = f (x, y) como o ponto

P0 (x0 , y0 ) cujo valor da função é maior que os valores assumido pela função nos pontos

vizinhos a P0 , isto é,

f (x0 , y0 ) > f (x0 + ∆x0 , y0 + ∆y0 )

t1
P0 (x0 ,y0 ,z0 )
z
t2

y
P0 (x0 ,y0 )

x
Figura 3.1: Ponto de máximo P0 (x0 , y0 ) da curva definida pela função z = f (x, y).

A figura 3.1 ilustra a inexistência de pontos mais altos que o ponto P0 (x0 , y0 , z0 ).

20
CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 21

De forma análoga, um ponto de mı́nimo local é aquele que satisfaz

f (x0 , y0 ) < f (x0 + ∆x0 , y0 + ∆y0 )

Uma condição para a existência1 de um ponto de máximo ou mı́nimo é que as retas

tangentes ao ponto P0 (x0 , y0 , z0 ), representadas na figura pelas retas t1 e t2 , tenham

declividade nulas, então,

∂z ∂z
=0 e =0
∂x0 ∂y0

Os pontos cujas derivadas parciais se anulam são chamadas de pontos crı́ticos ou

pontos estacionários 2 .

Além disso, sabemos que, se

∂2z ∂2z
>0 E >0 −→ Corresponde a um ponto de mı́nimo
∂x20 ∂y02
e

∂2z ∂2z
<0 E <0 −→ Corresponde a um ponto de máximo
∂x20 ∂y02

Exemplo

1) Determine os pontos crı́ticos da função z = x2 + y 2 − 4x − 6y.

Resolução:

∂z
= 2x − 4
∂x
∂z
= 2y − 6
∂y
1
Esta condição é uma necessária mas não suficiente. Veremos mais adiante que existirá mais uma
condição para garantir que o ponto é um máximo ou mı́nimo local.
2
Este nome é dado porque não podemos, apenas com esta condição, garantir que o ponto é, de fato,
um máximo ou mı́nino local.
CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 22

Os pontos crı́ticos são

∂z
= 0 =⇒ 2x − 4 = 0 ⇒ x0 = 2
∂x0
∂z
= 0 =⇒ 2y − 6 = 0 ⇒ y0 = 3
∂y0

O ponto P0 = (2, 3) é um ponto crı́tico da função z e também é um ponto de mı́nimo


∂2z ∂2z
local, pois ∂x2
= ∂y 2
= 2 > 0.

2) Determine os pontos crı́ticos da função z = x2 − y 2 − 4x + 6y.

Resolução:

∂z
= 2x − 4
∂x
∂z
= −2y + 6
∂y

Os pontos crı́ticos são

∂z
= 0 =⇒ 2x − 4 = 0 ⇒ x0 = 2
∂x0
∂z
= 0 =⇒ −2y + 6 = 0 ⇒ y0 = 3
∂y0

Os pontos P0 = (2, 3) é um ponto crı́tico da função z, porém não corresponde nem a


∂2z ∂2z
um ponto de máximo e nem a um ponto de mı́nino, pois ∂x2
=2>0e ∂y 2
= −2 < 0.

A figura 3.2 ilustra o comportamento desta função. Observe que o ponto em questão é

chamado de ponto de sela 3 .

A próxima secção mostrará uma forma de determinarmos quando o ponto crı́tico é um

ponto de máximo, mı́nimo ou um ponto de sela.


3
Este nome vem da semelhança que a superfı́cie guarda com uma sela.
CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 23

z P0 (x0 ,y0 ,z0 )

x
y

Figura 3.2: Ponto de sela. O ponto P0 não é nem um ponto de máximo local, enm um ponto de
mı́nimo local.

3.2 Hessiano

Dada uma função z = f (x, y) diferenciável, e o ponto P0 (x0 , y0 ) um ponto crı́tico desta

função. Sabemos que o ponto crı́tico deve satisfazer a seguinte condição

∂z

∂x =0
∂z
∂x =0

Além disso, podemos calcular a seguinte função

∂2z ∂2z
∂x2 ∂y∂x
H(x, y) = ∂2z ∂2z (3.1)
∂x∂y ∂y 2

que se chama hessiano da função z = f (x, y).

Desenvolvendo 3.1, temos

∂2z ∂2z ∂2z ∂2z


H= 2 2

∂x ∂y ∂y∂x ∂x∂y

∂2z ∂2z
Como ∂y∂x = ∂x∂y , então
CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 24

2
∂2z ∂2z ∂2z

H= −
∂x2 ∂y 2 ∂y∂x

Existem três resultados possı́veis para o hessiano no ponto P0 (x0 , y0 ):

1. H(x0 , y0 ) > 0

Neste caso,
2
∂2z ∂2z ∂2z

H= − >0
∂x20 ∂y02 ∂y0 ∂x0

Então,
2
∂2z ∂2z ∂2z

>
∂x20 ∂y02 ∂y0 ∂x0
∂2z ∂2z
Isto significa que ∂x20
e ∂y02
são do mesmo sinal. Logo,

∂2z
Se ∂x20
> 0, há um ponto de mı́nimo local em P0 .

∂2z
Se ∂x20
< 0, há um ponto de máximo local em P0 .

2. H(x0 , y0 ) < 0

O ponto crı́tico P0 é um ponto de sela.

3. H(x0 , y0 ) = 0

Nada se pode afirmer acerca do ponto crı́tico.

Exemplos

1. Dada a função z = x2 + y 2 − 4x − 6y + 5, pesquise os pontos crı́ticos.

Resolução: Inicialmente vamos calcular os pontos crı́ticos

∂z
= 2x − 4 =⇒ 2x − 4 = 0 ⇒ x0 = 2
∂x
CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 25

∂z
= 2y − 6 =⇒ 2y − 6 = 0 ⇒ y0 = 3
∂y

Logo, existe apenas um ponto crı́tico: P1 = (2, 3, −8). Além disso,

∂2z ∂2z
= =0
∂y∂x ∂x∂y

∂2z ∂2z
=2 =2
∂x2 ∂y 2

O hessiano é


2 0
H(x, y) = =4>0
0 2

∂2z
Como H(x, y) > 0, então P1 só pode ser um máximo ou mı́nimo, como ∂x2
= 2 > 0,

então P1 só pode ser um ponto de mı́nimo local.

A figura 3.3 mostra a superfı́cie definida pela curva z = x2 + y 2 − 4x − 6y + 5 e a

existência de um ponto de mı́nimo local.

2. Dada a função z = −x2 − y 2 + 4x + 6y + 5, pesquise os pontos crı́ticos. Note que

foram alterados alguns sinais da função usada no exemplo anterior.

Resolução: Inicialmente vamos calcular os pontos crı́ticos

∂z
= −2x + 4 =⇒ −2x + 4 = 0 ⇒ x0 = 2
∂x
∂z
= −2y + 6 =⇒ −2y + 6 = 0 ⇒ y0 = 3
∂y
CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 26

Logo, existe apenas um ponto crı́tico: P1 = (2, 3, 18). Além disso,

∂2z ∂2z
= =0
∂y∂x ∂x∂y

∂2z ∂2z
= −2 = −2
∂x2 ∂y 2

O hessiano é

−2 0
H(x, y) = =4>0
0 −2

∂2z
Como H(x, y) > 0, então P1 só pode ser um máximo ou mı́nimo, como ∂x2
= −2 < 0,

então P1 só pode ser um ponto de máximo local.

A figura 3 mostra a superfı́cie definida pela curva z = −x2 − y 2 + 4x + 6y + 5 e a

existência de um ponto de máximo local.

3. Dada a função z = x2 − y 2 − 4x + 6y + 5, pesquise os pontos crı́ticos. Note que

foram alterados alguns sinais das funções usadas nos exemplos anteriores.

Resolução: Inicialmente vamos calcular os pontos crı́ticos

∂z
= 2x − 4 =⇒ 2x − 4 = 0 ⇒ x0 = 2
∂x
∂z
= −2y + 6 =⇒ −2y + 6 = 0 ⇒ y0 = 3
∂y

Logo, existe apenas um ponto crı́tico: P1 = (2, 3, 10). Além disso,

∂2z ∂2z
= =0
∂y∂x ∂x∂y
CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 27

∂2z ∂2z
=2 = −2
∂x2 ∂y 2

O hessiano é

2 0
H(x, y) = = −4 < 0
0 −2

Como H(x, y) =< 0, então P1 só pode ser um ponto de sela.

A figura 3.5 mostra a superfı́cie definida pela curva z = x2 − y 2 − 4x + 6y + 5 e a

existência de um ponto de sela.

4. Dada a função z = x2 − y 3 − 2x + 3y − 9, pesquise os pontos crı́ticos.

Resolução: Inicialmente vamos calcular os pontos crı́ticos

∂z
= 2x − 2 =⇒ 2x − 2 = 0 ⇒ x0 = 1
∂x
∂z
= −2y + 10 =⇒ −3y 2 + 3 = 0 ⇒ y = ±1
∂y

Logo, existem dois pontos crı́ticos: P1 = (1, −1, −12) e P2 = (1, 1, −8). Além disso,

∂2z ∂2z
= =0
∂y∂x ∂x∂y

∂2z ∂2z
=2 = −6y
∂x2 ∂y 2

O hessiano é

2 0
H(x, y) = = −12y
0 −6y
CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 28

Para P1 =⇒ H(1, −1) = 12 > 0, portanto P1 só pode ser uma máximo ou mı́nimo,
∂2z
como ∂x2
= 2 > 0, então P1 só pode ser um ponto de mı́nimo local.

Para P2 =⇒ H(1, 1) = −12 < 0, portanto P2 é um ponto de sela.

3.3 Exercı́cios Propostos

Estude quanto ao máximo ou mı́nimo das funções:

1. z = x2 + y 3 − 4x − 12y + 6

Resp.: P (2, 2, −14) Mı́nimo Local e P (2, −2, 18) Ponto de sela.

2. z = x2 − y 4 − 6x + 4y − 1

Resp.: P (3, 1, −7) Ponto de sela.

3. z = −x2 + y 2 + 2x − 4y + 2

Resp.: P (1, 2, −1) Ponto de sela.

4. z = x3 − y 2 − 27x + 12y + 9

Resp.: P (−3, 6, 99) Máximo local e P (3, 6, −9) Ponto de sela.

5. z = −2x2 + y 3 + 8x − 27y + 1

Resp.: P = (2, −3, 63) Máximo local e P = (2, 3, −45) Ponto de sela.

6. z = 2x3 + y 3 − 3x2 − 3y + 1

Resp.: P = (0, 1) sela; P = (0, −1) máximo local; P = (1, 1) mı́nimo local e

P = (1, −1) Ponto de sela.


CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 29

Figura 3.3: Representação da superfı́cie definida pela função z = x2 + y 2 − 4x − 6y + 5. Nota-se


a existência de um ponto de mı́nimo local, localizado em P1 = (2, 3, −8).

Figura 3.4: Representação da superfı́cie definida pela função z = −x2 − y 2 + 4x + 6y + 5. Nota-se


a existência de um ponto de máximo local, localizado em P1 = (2, 3, 18).
CAPÍTULO 3. MÁXIMOS E MÍNIMOS EM SUPERFÍCIES 30

Figura 3.5: Representação da superfı́cie definida pela função z = x2 − y 2 − 4x + 6y + 5. Nota-se


a existência de um ponto de sela, localizado em P1 = (2, 3, 10).

Figura 3.6: Esboço da superfı́cie definida pela função z = x2 − y 3 − 2x + 3y − 9. Perceba que o


formato da superfı́cie lembra um assento.
Capı́tulo 4

Integrais Duplas

4.1 Conceitos e definição

Inicialmente, vamos lembrar do conceito da integral simples definida. Dada uma função

f (x), definida para o intervalo x = [a, b], subdividiremos este intervalo em comprimentos

iguais ∆x, de forma que a “área” descrita por esta curva pode ser obtida pela soma de

Riemann
n
X
A≈ f (xi )∆x
i=1

y
Dx f(x i)
{

0 a b
x
xi

Figura 4.1: Conceito de integral definida

A figura 4.1 ilustra este procedimento. Note que estamos somando as áreas dos

retângulos, cujas bases é ∆x e a altura é f (xi ). Como pode ser visto pela figura a

31
CAPÍTULO 4. INTEGRAIS DUPLAS 32

área calculada pela soma de retângulo não corresponde exatamente à área da superfı́cie,

pois a função possui bordas curvas. Este erro entre a área verdadeira e a calculada será

tanto menor quanto quanto maior for o número de retângulos (menor forem as bases dos

retângulos). Então, se tomarmos o limite da soma quando n → ∞, obtemos a integral

definida de a até b da função f (x), tal qual a conhecemos

Z b n
X
f (x)dx = lim f (xi )∆x (4.1)
a n→∞
i=1

Consideremos agora uma função de duas variáveis f (x, y), conforme ilustra a figura

4.2, onde a superfı́cie corresponde à equação z = f (x, y). Olhando a figura, podemos

imaginar um sólido cuja base é a área cinza em destaque, calcularemos o volume definido

por este sólido.

z
z=f(x,y)

O c Dy d
{

a
Dx y
{

b
DxDy
x f(xi ,yj )

Figura 4.2: Superfı́cie definida pela função f (x, y).

Inicialmente iremos dividir a base em “ladrilhos” retangulares, cuja área é ∆A = ∆x∆y


CAPÍTULO 4. INTEGRAIS DUPLAS 33

(suponha n divisões em x e m divisões em y, totalizando n × m “ladrilhos”). Assim,

definimos um pequeno paralelepı́pedo de volume ∆V = f (xi , yj )∆A. Então o volume

total do sólido pode ser aproximado por:

n X
X m
V ≈ f (xi , yj )∆A (4.2)
i=1 j=1

Como a equação 4.2 é uma aproximação do volume do sólido, se aumentarmos o número

de “ladrilhos” o volume calculado aproximará do volume verdadeiro, da mesma forma como

foi tratado o cálculo da área na equação 4.1. Devemos, portanto, aumentar os valores de

m e n. Assim, podemos esperar que

n X
X m Z dZ b
V = lim f (xi , yj )∆A = f (x, y)dxdy (4.3)
m,n→∞ c a
i=1 j=1

A equação 4.3 é conhecida como integral dupla da função f (x, y).

Propriedades da Integral dupla


RR RR RR
i. S [f (x, y) + g(x, y)]dxdy = S f (x, y)dxdy + S g(x, y)dxdy

RR RR
ii. S kf (x, y)dxdy = k S f (x, y)dxdy, onde k = const.

RR
iii. Se f (x, y) ≥ 0 em S ⇒ S f (x, y)dxdy ≥ 0

RR RR
iv. Se f (x, y) ≤ g(x, y) em S ⇒ S f (x, y)dxdy ≤ S g(x, y)dxdy

4.1.1 Teorema de Fubini

Se f (x, y) for contı́nua na base retangular R = {(x, y)|a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d}, então

Z dZ b Z bZ d
f (x, y)dxdy = f (x, y)dydx
c a a c
CAPÍTULO 4. INTEGRAIS DUPLAS 34

Suponha que desejamos calcular o volume definido pela função f (x, y) com base retan-

gular R, conforme descrito acima. Vamos recorrer à figura 4.2 para nos apoiar. O volume

pode ser calculado somando os volumes de todos os paralelepı́pedos de base ∆A. Para

isto, vamos manter ∆x fixo, por exemplo, e somar os volumes do paralelepı́pedos ao longo

do eixo y, estamos na verdade calculando apenas a integral dependente de dy. Em outras

palavras, suponha que

Z d
g(x) = f (x, y)dy (4.4)
c

Logo, o volume será

Z bZ d Z b Z d  Z b
V = f (x, y)dydx = f (x, y)dy dx = g(x)dx
a c a c a

Exemplos — Calcule as integrais duplas:

1.
Z 2Z 3
(3x2 − 2y)dydx
0 0

Resolução:

Z 2Z 3 Z 2 Z 3 
2 2
(3x − 2y)dydx = (3x − 2y)dy dx =
0 0 0 0
Z 2 3
= [3x2 y − y 2 ] 0 dx =
0
Z 2
= (9x2 − 9)dx =
0
2
= [3x3 − 9x] 0 = 27 − 18 = 9
CAPÍTULO 4. INTEGRAIS DUPLAS 35

2.
Z π Z 2
y cos(xy)dxdy
0 0

y
z

Figura 4.3: Superfı́cie referente ao exemplo 2.

Resolução:

Z π Z 2 Z π Z 2 
y cos(xy)dxdy = y cos(xy)dx dy =
0 1
Z0 π 1

= [ sen (xy)]|21 dy =
0
Z π
= [ sen (2y) + sen y]dy =
0
  π
cos(2y) 1 1
= − + cos y = = − + 1 =
2 0 2 2

3. Calcule o volume da curva f (x, y) = −x2 − y 2 + 4x + 6y + 5 delimitada pelo plano

da base −1 ≤ x ≤ 2 e 0 ≤ y ≤ 2.

Resolução:

A figura que representa esta superfı́cie é mostrada a seguir. Note que ela define um

volume, que pode ser facilmente calculada por:


CAPÍTULO 4. INTEGRAIS DUPLAS 36

Z Z
V = f (x, y)dxdy
S

Então,
Z 2Z 2
V = (−x2 − y 2 + 4x + 6y + 5)dxdy =
0 −1
Z 2 Z 2 
= (−x2 − y 2 + 4x + 6y + 5)dx dy =
0 −1
2  2
x3
Z 
2 2

= − − xy + 2x + 6xy + 5x dy =
0 3 −1
2
23
Z
= − − 2y 2 + 2(2)2 + 6(2)y + 5(2)+
0 3
(−1)3

2 2
+ + (−1)y − 2(−1) − 6(−1)y − 5(−1) dy =
3
Z 2  
8 2 1 2
= − − 2y + 8 + 12y + 10 − − y − 2 + 6y + 5 dy =
0 3 3
Z 2
−3y 2 + 18y + 18 dy =

=
0
 3  2
= −y + 9y 2 + 18y 0 dy =

V = −(2)3 + 9(2)2 + 18(2) − 0 = −8 + 36 + 36 = 74 u.v.


CAPÍTULO 4. INTEGRAIS DUPLAS 37

4.1.2 Exercı́cios Propostos

1. Determine o volume do sólido definido pelo parabolóide elı́ptico z = −x2 − 2y 2 + 16,

no retângulo R = [0, 2] × [0, 2].

Resp.: 48.

2. Calcule:

(a)
Z 2 Z 4
xydydx
−1 2

Resp.: 9

(b)
Z 1Z 3
x2 ydxdy
0 1

13
Resp.: 3

(c)
Z π Z π
2 2
sen x cos ydydx
0 0

Resp.: 1.

(d)
Z π Z π
2 2
sen (x + y)dydx
0 0

Resp.: 2.
Capı́tulo 5

Aplicações das Integrais Duplas

5.1 Integral Dupla Aplicada ao Cálculo de Área

Consideremos uma superfı́cie S, onde S ⊂ R2 , e desejamos calcular a sua área. Uma forma

de calcular a área é particionar a superfı́cie em vários retângulos, cada um com área ∆A,

e depois somar todos os retângulos, conforme ilustra a figura 5.1.


y y
DA
aaaaaaaaaaaaaaa
S aaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaa

x x

Figura 5.1: Cálculo da área da superfı́cie S por meio da soma de retângulos de área ∆A.

Para somarmos os retângulos, consideremos que existam até n retângulos ao longo do

eixo x e até m retângulos ao longo do eixo y. Como, ∆A = ∆x∆y, então

n X
X m
A≈ ∆xi ∆yj (5.1)
i=1 j=1

Como pode ser visto pela figura a área calculada pela soma de retângulo não cor-

38
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 39

responde exatamente à área da superfı́cie, pois as bordas da superfı́cie, sendo curvas, não

possuem retângulos inteiros (por esta razão que usamos o sı́mbolo ≈ na equação 5.1).

Este erro entre a área verdadeira e a calculada será tanto menor quanto menor forem os

retângulos (quanto maior for o número de retângulos). Então, quando ∆A → 0

n X
X m
A = lim ∆xi ∆yj (5.2)
∆→0
i=1 j=1

Então,

Z Z n X
X m
A= dxdy = lim ∆xi ∆yj (5.3)
S ∆→0
i=1 j=1

Suponha que desejamos calcular a área compreendida entre as funções f1 e f2 e no

intervalo x = [a, b], conforme ilustra a figura 5.2. Para compreendermos os limites de

integração, basta pensarmos que, se “varrermos” os valores de x, vemos que ele vai de

a até b, sendo estes os limites de integração de x. Fazendo o mesmo para y, isto é, se

“varremos” desde o ponto C até D, onde C é um ponto sobre a curva inferior (f1 ), e D é

um ponto sobre a curva superior (f2 ), teremos os limites de integração em y.

y
D DA

f
Dy 2

f
1
C

a Dx b x
Figura 5.2: Área definida entre duas funções.
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 40

A integral é a soma de todos os retângulos dA. Se mantivermos dx fixo, somando

apenas os retângulos correspondentes à esta coluna, do retângulo inferior, limitada pela

função f1 até o retângulo superior, limitada pela função f2 , então a função que descreve

o número de retângulos em cada coluna é

Z f2
g(x) = dy (5.4)
f1

Agora, vamos somar todas as colunas ao longo do eixo x:

Z b
A= g(x)dx (5.5)
a

Substituindo 5.4 na equação 5.5, teremos

Z b Z f2 
A= dy dx (5.6)
a f1

Exemplos

1) Calcule a área delimitada pelas funções f1 (x) = 2x − 2 e f2 (x) = x2 , no intervalo

x = [0, 2].

Resoluç~
ao

A figura a seguir mostra a região delimitada pelas pelas curvas f1 , f2 e x = [0, 2], então

a área será calculada como:

Z 2 Z f2 
A = dy dx =
0 f1
Z 2 "Z x2 #
= dy dx =
0 2x−2
Z 2 h y i x2
= dx =


0 2x−2
Z 2
x2 − 2x + 2 dx =

=
0
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 41

 2
x3 23

2
− 22 + 2(2) − 0 =

= − x + 2x =
3 0 3
8 8
A = − 4 + 4 = u.s.
3 3

Figura 5.3: Vide Exemplo 1.

2) Calcule a área delimitada pelas funções f1 (x) = −x2 + 4 e f2 (x) = x2 − 4.

Resoluç~
ao

A figura a seguir mostra a região delimitada pelas pelas curvas f1 , f2 . Inicialmente

vamos determinar os pontos A e B. Nestes pontos sabemos que f1 = f2 , então,

−x2 + 4 = x2 − 4

2x2 = 8

x2 = 4

x = ±2

Isto é, o ponto A = (−2, 0) e B = (2, 0).


CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 42

Figura 5.4: Vide Exemplo 2.

Assim,

Z 2 Z f2 
A = dy dx =
−2 f1
"Z 2
#
Z 2 −x +4
= dy dx =
−2 x2 −4
Z 2 2
= [y]|−x +4
x2 −4 dx =
−2
Z 2
−2x2 + 8 dx =

= 2
0
 2
x3 23
  

= 2 −2 + 8x = 2 −2 + 8(2) − 0 =

3 3
  0
16 32 64
A = 2 − + 16 = 2 = u.s.
3 3 3

5.1.1 Exercı́cios Propostos

1. Calcule as integrais abaixo:


CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 43

a
Z 3 Z −x2 +9
dydx
−2 −x+3

b
Z 2 Z 2x
dydx
x3
0 2

2. Determine a área entre as curvas y = x2 e y = −x2 + 2, delimitadas pelos pontos A

e B, ilustrada pela figura 5.5.

3
2
x
2
-x +2
2

1
y
A B

-1
-2 -1 0 1 2
x

Figura 5.5: Vide exercı́cio 2.

8
Resp.: 3.

3. Determine a área entre as curvas y = x2 + 1 e y = 2x, representada pela região

hachurada da figura 5.6.

1
Resp.: 3.

5.2 Integral Dupla Aplicada ao Cálculo de Massa

Consideremos uma chapa plana de um material qualquer cuja densidade superficial de

massa seja δ(x, y), conforme ilustra a figura 5.7. A massa total da chapa será a soma de
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 44

1
y

0
2
x +1
2x

-1
-0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
x

Figura 5.6: Vide exercı́cio 4.

todas as massas ∆m. Aplicando o limite para ∆m → 0, teremos que a massa total da

chapa será

Z
M= dm (5.7)

Porém, sabemos que a densidade superficial de massa é definido como

dm
δ(x, y) =
dA

onde dA é uma superfı́cie infinitesimal de área. Daı́, tiramos que dm = δ(x, y)dA, que

substituı́do na equação 5.7, teremos

Z Z Z
M= δ(x, y)dA = δ(x, y)dxdy (5.8)
S

Nota: Em muitos casos a densidade superficial é uniforme, como por exemplo:

a) folhas de papel para impressora, que geralmente possui δpapel = 75 g/m2 ;

b) chapa de alumı́nio laminado de 3 mm de espessura possui δAl = 8, 1 kg/m2 .


CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 45

y
Dm

f
2

Dy

f
1

a Dx b x
Figura 5.7: Chapa de densidade superficial de massa δ(x, y).

Assim, quando δ = const. a equação 5.8, fica simplesmente

Z Z
M =δ dxdy = δ · A (5.9)
S

Exemplo

1) Qual a massa de uma folha de papel A4 de δ = 75 g/m2 , sabendo que as suas

dimensões são 210 × 297 mm2 .

Resoluç~
ao

A área de uma folha A4 é A = 0, 21 × 0, 297 ∼


= 0, 0624 m2 . Então, usando a equação

5.9, teremos

M =δ·A∼
= 75(0, 0624) = 4, 68 g

2) Uma chapa de aço de 6 mm de espessura tem densidade superficial de massa δsteel =

47 kg/m2 . Se o formato da placa possui as o formato dado pela figura 5.8, calcule a massa

total da placa.

Resoluç~
ao
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 46

f = x3
y (m) 1

f = x+2
2

0 1 x (m)
Figura 5.8: Chapa de densidade superficial de massa δ(x, y).

Z 1 Z −x+2 Z 1 Z −x+2
M = δdydx = δ dydx =
0 x3 0 x3
Z 1 Z 1
= δ [y]|x−x+2
3 dx = δ (−x + 2 − x3 )dx =
0 0
 2  1 
x4

x 1 1 −2 − 1 + 8 5
= δ − − + 2x = − − + 2 δ =
δ= δ=
2 4 0 2 4 4 4
5
M = 47 = 58, 75 kg
4

5.3 Cálculo do Centro de Massa

Nesta secção vamos calcular o centro de massa1 para figuras planas (duas dimensões), mas

a idéia pode ser facilmente generalizada para três dimensões.

5.3.1 Massas Discretas

O baricentro corresponde a um ponto G = (x̄, ȳ). Para n partı́culas discretas é calculado

como
1
também chamado de centro de gravidade, baricentro ou centróide.
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 47

Pn
i=1 mi xi
x̄ = (5.10)
Pn M
mi yi
ȳ = i=1 (5.11)
M

onde, mi é a massa o i-ésima partı́cula;

xi e yi são as coordenadas da i-ésima partı́cula;

M é a soma de todas as massa do sistema.

Vejamos o exemplo a seguir: Considere a distribuição de quatro partı́culas, conforme

ilustra a figura 5.9, o baricentro será calculado da seguinte forma:


y
m1= 4kg
(1,4)
4
m4= 2kg
G=(3; 2,9) (6,3)
3

2
m 3= 3kg
(4,2)
1
m2= 1kg
(2,1)

0 1 2 3 4 5 6 7 x

Figura 5.9: Exemplo do baricentro para partı́culas discretas.

Pn
i=1 mi xi
x̄ = =
M
4×1+1×2+3×4+2×6
= =
4+1+3+2
30
= =
10
x̄ = 3

e
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 48

Pn
i=1 mi yi
ȳ = =
M
4×4+1×1+3×2+2×3
= =
4+1+3+2
29
= =
10
ȳ = 2, 9

Logo, G = (3; 2, 9)

5.3.2 Massa Contı́nua

Se tivermos uma peça contı́nua, em duas dimensões, devemos considerar a densidade

superficial de massa δ(x, y). Um pequeno elemento de massa é

dM = δ(x, y)dxdy

Assim, o baricentro será

RR RR
δ(x, y)xdxdy δ(x, y)ydxdy
x̄ = R RS e ȳ = R RS (5.12)
S δ(x, y)dxdy S δ(x, y)dxdy

Substituindo 5.8, teremos que

Z Z Z Z
1 1
x̄ = δ(x, y)xdxdy e ȳ = δ(x, y)ydxdy (5.13)
M S M S

Entretanto, se o material que compõe a peça possuir densidade uniforme, isto é,

δ(x, y) = C, onde C é uma constante, o baricentro poderá ser simplificado da seguinte

forma

RR
δ(x, y)xdxdy
x̄ = R RR
R δ(x, y)dxdy
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 49
RR
Cxdxdy
= R RS
Cdxdy
R SR
C xdxdy
= R RS
C dxdy
RR S
xdxdy
x̄ = R RS
S dxdy

E analogamente para ȳ, então

RR RR
xdxdy ydxdy
x̄ = R RS e ȳ = R RS (5.14)
S dxdy S dxdy

Substituindo 5.3, ficará como

Z Z Z Z
1 1
x̄ = xdxdy e ȳ = ydxdy (5.15)
A S A S

Exemplos —

1. Determine o baricentro da superfı́cie representada pela região hachurada da figura

5.10.

8
y = -x+6
y=x
6

4
y
2

-1 0 1 2 3 4
x

Figura 5.10: Exemplo do baricentro para uma peça contı́nua de densidade de massa uniforme.
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 50

Resolução O baricentro é calculado com


I III
zZ Z }| { zZ Z }| {
xdydx ydydx
x̄ = Z Z e ȳ = Z Z
dydx dydx
| {z } | {z }
II II

Então,
Z 3 Z −x+6 Z 3 Z 3
I : xdydx = x [y]|−x+6
x dx = x[−x + 6 − x]dx =
0 x 0 0
3  3
2x3
Z 
2 2

= [−2x + 6x]dx = − + 3x = −18 + 27 = 9
0 3 0

Z 3 Z −x+6 Z 3  3
[−2x + 6]dx = −x2 + 6x 0 = −9 + 18 = 9

II : dydx =
0 x 0

3 Z −x+6  −x+6 3
y 2 1 3
Z Z  Z
III : ydydx = dx = [(−x + 6)2 − (x)2 ]dx =
0 x 0 2
x 2 0
1 3 2
Z Z 3
1  3
= [x − 12x + 36 − x2 ]dx = (−12x + 36)dx = −6x2 + 36x 0 =
2 0 0 2
1
= (−54 + 108) = 27
2

Logo,
9 27
x̄ = =1 e ȳ = =3
9 9

Então, G = (1, 3).

2. Determine o baricentro da superfı́cie representada pela região delimitada da figura

5.5.
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 51

Resolução O baricentro é calculado com


I III
zZ Z }| { zZ Z }| {
xdydx ydydx
x̄ = Z Z e ȳ = Z Z
dydx dydx
| {z } | {z }
II II

Então,
Z 1 Z −x2 +2 Z 1 2 +2
Z 1
I : xdydx = x [y]|−x
x2 dx = x[−x2 + 2 − x2 ]dx =
−1 x2 −1 −1
Z 1  1
x4

3 2
1 1
= [−2x + 2x]dx = − + x = − + 1 + − 1 = 0
−1 2 −1 2 2

Observe a simetria da peça em relação ao eixo x.

Z 1 Z −x2 +2
8
II : dydx = Calculado no exercı́cio 3 da secção 2.1.
−1 x2 3

e
1 −x2 +2 1  −x2 +2
y 2
Z Z Z 
III : ydydx = dx =
−1 x2 −1 2 x2
1
1 1 4
Z Z
1
= [(−x2 + 2)2 − (x2 )2 ]dx = [x − 4x2 + 4 − x4 ]dx =
2 −1 2 −1
Z 1  1
4x3

1 2 1
(−4x + 4)dx = − + 4x =
2 −1 2 3 −1
 
1 4 4 4 8
= − +4− +4 =− +4= .
2 3 3 3 3

Logo,
8
3
x̄ = 0 e ȳ = 8 =1
3

Então, G = (0; 1).

3. Determine o baricentro da superfı́cie representada pela região delimitada da figura

5.6.
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 52

Resolução O baricentro é calculado com


I III
zZ Z }| { zZ Z }| {
xdydx ydydx
x̄ = Z Z e ȳ = Z Z
dydx dydx
| {z } | {z }
II II

Então,
Z 1 Z x2 +1 Z 1 2
Z 1
I : xdydx = x [y]|x2x+1 dx = x[x2 + 1 − 2x]dx =
0 2x 0 0
1  1
x4 2x3 x2
Z 
3 2 1 2 1 1
= [x − 2x + x]dx = − + = − + =
0 4 3 2 0 4 3 2
12

Observe a simetria da peça em relação ao eixo x.

Z 1 Z x2 +1
1
II : dydx = Calculado no exercı́cio 4 da secção 2.1.
0 2x 3

1 Z x2 +1  x2 +1 1
y 2
Z Z 
III : ydydx = dx =
0 2x 0 2 2x
1 1 2 1 1 4
Z Z
2 2
= [(x + 1) − (2x) ]dx = [x + 2x2 + 1 − 4x2 ]dx =
2 0 2 0
 1
1 1 4 1 x5 2x3
Z 
2

= (x − 2x + 1)dx = − + x =
2 0 2 5 3 0
 
1 1 2 4
= − +1 =
2 5 3 15

Logo,

1 4
12 1 15 4
x̄ = 1 = e ȳ = 1 =
3
4 3
5

Então, G = (1/4, 4/5).


CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 53

4. Vamos tomar uma figura plana triangular, de densidade superficial uniforme, definida

pelos eixos x, e pelas funções


ax + b , x < 0
f (x) =
−ax + b , x ≥ 0

conforme a figura 5.11


y

f = ax+b f = ax+b

b b
a a x
Figura 5.11: Exemplo do baricentro para uma peça triangular.

Resolução O baricentro é calculado com


I III
zZ Z }| { zZ Z }| {
xdydx ydydx
x̄ = Z Z e ȳ = Z Z
dydx dydx
| {z } | {z }
II II

Então,

b
Z 0 Z ax+b Z
a
Z −ax+b
I : xdydx + xdydx =
− ab 0 0 0
b
Z 0 Z
a
= x [y]|ax+b
0 dx + x [y]|−ax+b
0 dx =
− ab 0
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 54

b
Z 0 Z
a
= x(ax + b)dx + x(−ax + b)dx =
− ab 0
b
Z 0 Z
a
2
= (ax + bx)dx + (−ax2 + bx)dx =
− ab 0
 0  b
x3 x2 x3 x2 a
 
= a +b + −a + b =
3 2 − b 3 2 0
a

b3 b3 b3 b3
= − − + =0
3a2 2a2 3a2 2a2

Observe a simetria da peça em relação ao eixo x.

b
Z 0 Z ax+b Z
a
Z −ax+b
II : dydx + dydx =
− ab 0 0 0
b b
Z
a
Z −ax+b Z
a
= 2 dydx = 2 [y]|−ax+b
0 dx =
0 0 0
b  ab
x2
Z 
a
= 2 (−ax + b)dx = 2 −a + bx =
0 2 0
 2 2
  2
 2
b b b b
= 2 − + =2 =
2a a 2a a

e
y
Z bZ −a + ab Z b
−y+b
III : ydxdy = y[x]| y −a b a dy =
y
0 a
− ab 0 a a

Z b  b
y2 2y 3 by 2
 
by
= −2 + 2 dy = − + =
0 a a 3a a 0
2b3 b3 −2b3 + 3b3 b3
= − + = =
3a a 3a 3a

Logo,
b3
3a b3 a b
x̄ = 0 e ȳ = b2
= · =
3a b2 3
a

Então, G = (0, b/3).


CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 55

5.3.3 Exercı́cios Propostos

1. Calcule o baricentro da área definida pelas curvas y = x2 − 2x + 2 e y = −x2 + 2x + 2.

Esboce o gráfico.

Resp.: G = (1, 2).

2. Calcule o baricentro da área definida pelas curvas y = −x + 2 e y = −x2 + x + 2.

Esboce o gráfico.

Resp.: G = ( 34 , 75 ).

3. Calcule o baricentro da área definida pelas curvas y = −x + 2 e y = −x2 + 4. Esboce

o gráfico.

Resp.: G = ( 21 , 12
5 ).

4. Calcule o baricentro da área definida pelas curvas y = −x + 3 e y = −x2 + 9. Esboce

o gráfico.

Resp.: G = (0, 5; 4, 12).

5.4 Cálculo de Momento de Inércia de figuras planas


5.4.1 Momento de Inércia

Suponhamos um corpo de massa m, preso à extremidade de uma haste de raio r, conforme

ilustra a figura 5.12. A construção deste dispositovo é tal que o corpo está livre para

rotacionar em torno de um eixo O, que se encontra na extremidade oposta da haste.

Suponha que uma força F , ortogonal a r, é aplicada sobre o corpo, no plano de rotação.

É razoável imaginar que esta força será responsável pela variação da velocidade angular.

O torque é definido como


CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 56

O
Figura 5.12: Atuação da força F~ sobre um corpo de massa m livre para rotacionar em torno do
eixo O.

Figura 5.13: O torque aparece em várias situações do cotidiano, como quando usamos chave de
boca para apertar ou desapertar porcas (com chaves maiores temos mais “força”) ou no volante
de direção de um carro (direção de raio maior permite virar o carro com mais facilidade).


− →
− −
τ = F ×→
r (5.16)



onde a letra grega τ é chamada tau. Como F ⊥ →

r , então vamos tratar a equação 5.16

apenas pelos seus módulos, isto é,

τ = Fr (5.17)

Então,
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 57

τ = mra
 
dv d
= mr = mr (rω) =
dt dt
 
 dr dω 
 dt · ω +r dt · =
= mr  
| {z }
=0

τ = mr2 ·
dt

A parte mr2 é chamada de momento de inércia do corpo. Ele é comumente represen-

tado por I e a unidade no S.I. é kg · m2 .

Suponhamos que ao invés de um o sistema possua n corpos que rotacionam em torno


P
de um eixo O comum, mostrado na figura 5.14. O torque total será τ = τi , onde τi é o

torque da i-ésima massa, assim,

n
X dω
τ= mi ri2 ·
dt
i=1

m2

m3

r2
m1 r3

mn
r1
rn
O

Figura 5.14: Sistema de n corpos sujeito à rotação em torno do eixo O.

Daı́ podemos concluir que o momento de inércia total do sistema é


CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 58

n
X
I= mi ri2 (5.18)
i=1

Se definirmos outros eixos de rotação, como apresentado na figura 5.15, teremos mo-

mentos de inércia diferentes, dependendo da distribuição destes corpos. Na figura em

questão, a rotação acontece em torno do eixo y, assim, as distâncias que importam para

o cálculo do momento de inércia são apenas aquelas do corpo ao eixo de rotação, que no

caso corresponde à distância em x.


y
m2
x2
m3

x3
m1 x1
x
mn

xN

Figura 5.15: Sistema de n corpos sujeito à rotação em torno do eixo y.

Desta forma, o momento de inércia para rotações em torno do eixo y será representado

por

n
X
Iyy = mi x2i (5.19)
i=1

Analogamente, o momento de inércia para rotações em torno do eixo x será:

n
X
Ixx = mi yi2 (5.20)
i=1
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 59

Exemplo — Calcule os momentos de inércia Ixx e Iyy para a distribuição de massas

dada pela tabela abaixo


i m (kg) Coordenadas em metros (x,y)
x y
1 2,0 1 0
2 1,5 2 1
3 1,0 -2 -1
4 0,5 4 -2

Resolução —

n
X
Ixx = mi yi2 =
i=1
= 2, 0(0)2 + 1, 5(1)2 + 1, 0(−1)2 + 0, 5(−2)2 = 1, 5 + 1, 0 + 2, 0 =

Ixx = 4, 5 kgm2

n
X
Iyy = mi x2i =
i=1
= 2, 0(1)2 + 1, 5(2)2 + 1, 0(−2)2 + 0, 5(4)2 = 2, 0 + 6, 0 + 1, 0 + 8, 0 =

Iyy = 17, 0 kgm2

5.4.2 Momento de Inércia para Corpos Contı́nuos

Se um corpo é contı́nuo, como uma chapa metálica, por exemplo, também é possı́vel

calcular o seu momento de inércia, contudo para isto faz-se necessário considerar o corpo

formado por pequenos elementos de massa ∆m. Analisando o caso de Iyy , pois Ixx é

análogo, teremos que a equação 5.19 ficará

n
X
Iyy = x2i ∆mi (5.21)
i=1

Fazendo o limite para n → ∞, a equação 5.21 ficará


CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 60

n
X Z
Iyy = lim x2i ∆m = x2 dm
n→∞
i=1

Como dm = δ(x, y)dxdy, então,

Z Z
Iyy = δ(x, y)x2 dxdy (5.22)
Z ZS
Ixx = δ(x, y)y 2 dxdy (5.23)
S

Em engenharia é muito comum usar o Momento de inércia de área. Muitos enge-

nheiros chamam o momento de inércia de área de momento de inércia, o que pode gerar

uma certa confusão. O momento de inércia de área é definida como

Z Z
Iyy = x2 dxdy (5.24)
Z ZS
Ixx = y 2 dxdy (5.25)
S

Exemplos:

1)Calcule o momento de inércia de área de uma viga retangular, sobre o eixo x, con-

forme ilustra a figura 5.16.

Resolução:

Z Z
Ixx = y 2 dxdy =
S
Z b Z a
2 2
= y 2 dxdy =
− 2b − a2
Z b
2 a
= y 2 [x]|−2 a dy =
− 2b 2

Z b
2
= ay 2 dy =
− 2b
CAPÍTULO 5. APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DUPLAS 61

y
b
2

a a
2
x
2

b
2

Figura 5.16: Secção de uma viga retangular de altura b e espessura a.

 b
y 3 2

= a =
3 − b
2
 3
b3 ab3

b
Ixx = a + =
24 24 12
Capı́tulo 6

Funções Vetoriais

6.1 Noções de funções vetoriais

Até agora, estudamos vetores como um objeto cujas coordenadas eram representados por

meros escalares, isto é, ~r = aı̂ + b̂ + ck̂, onde a, b, c ∈ R. No entanto, as coordenadas

do vetor ~r pode depender de uma variável escalar, assim, teremos que o próprio vetor

dependerá desta variável, de forma ele se tornará uma função desta variável. Cabe ainda

ressaltar que neste terceiro volume os vetores serão representados por negrito, assim como

os versores, então r = ~r, i = ı̂, etc.

Basicamente, uma função vetorial é definida como

r(t) = x(t)i + y(t)j + z(t)k

onde, x(t), y(t) e z(t) são funções componentes do vetor r(t).

Note que as coordenadas do vetor r dependem da variável t, portanto o próprio vetor

depende de t. A utilização de t como variável se justifica porque para a maioria das

aplicações a variável independente é o tempo.

O vetor r(t) pode representar o vetor posição de uma partı́cula, isto é, com esta função

conhecemos a posição da partı́cula para qualquer instante de tempo t. A figura 6.1, mostra

esta situação. O ponto A corresponde à posição de uma partı́cula no instante t, e seu vetor

62
CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 63

posição é r(t). Em um instante posterior t + ∆t a partı́cula encontra-se no ponto B, cujo


−−→
vetor posição é representado por r(t + ∆t). O vetor deslocamento é o vetor AB, que é

representado por ∆r, que também pode ser obtido por ∆r = r(t + ∆t) − r(t), usando a

regra do paralelogramo para a soma de vetores.


z

Dr
r(t)

B
t)
+D
r(t
O y

x
Figura 6.1: Vetor deslocamento ∆r.

Exemplo: Dada r(t) = 2t2 i + (t − 2)j + 3tk a função posição de uma partı́cula , calcule

o vetor deslocamento que esta partı́cula sofre entre os instantes t0 = 1 s e t1 = 3 s.

Resolução: Calcularemos os vetores r0 = r(t0 ) e r1 = r(t1 ):

r0 = i − j + 3k

r1 = 18i + j + 9k

Então o vetor deslocamento será:

∆r = r1 − r0

∆r = (18, 1, 9) − (1, −1, 3) = (17, 2, 6)


CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 64

Continuando o nosso desenvolvimento, podemos definir a velocidade vetorial média de

uma partı́cula, como


∆r r(t + ∆t) − r(t)
vM (t) = =
∆t ∆t

Que, em termos de coordenadas, podemos escrever como

x(t + ∆t) − x(t) y(t + ∆t) − y(t) z(t + ∆t) − z(t)


vM (t) = i+ j+ k (6.1)
∆t ∆t ∆t

Assim, a velocidade instantânea será definida como

dr ∆r
v(t) = = lim
dt ∆t→0 ∆t

Aplicando este limite na equação 6.1, teremos que a velocidade instantânea é simples-

mente

dx dy dz
v(t) = i+ j+ k (6.2)
dt dt dt
dx dy dz
Podemos ainda escrever v(t) = vx i + vy j + vz k, onde vx = dt , vy = dt e vz = dt .

O vetor velocidade instantânea pode ser visto como o vetor tangente à trajetória de-

scrita pela partı́cula, conforme ilustra a figura 6.2.

Sem muitas delongas, poderemos também definir o vetor aceleração,

d2 r d2 x d2 y d2 z
a(t) = = i + j + k (6.3)
dt2 dt2 dt2 dt2

Muitas vezes é importante calcular o módulo destes vetores. O módulo de um vetor

u = ux i + uy j + uz k é:

q
kuk = u2x + u2y + u2z (6.4)
CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 65

v(t)

r(t)
O y

x
Figura 6.2: O vetor velocidade instantânea v sempre é tangente à trajetória.

Exemplos: Adote o Sistema Internacional de unidades.

1) Dado o vetor posição r(t) = 2t2 i + (t − 2)j + 3tk, encontre a velocidade v(t), a

aceleração a(t), os módulos da velocidade e da aceleração.

Resolução:

dx dy dz
v(t) = i+ j+ k=
dt dt dt
d d d
= (2t2 )i + (t − 2)j + (3t)k =
dt dt dt
v(t) = 4ti + j + 3k

v(t) = (4t, 1, 3)

dvx dvy dvz


a(t) = i+ j+ k=
dt dt dt
a(t) = 4i

a(t) = (4, 0, 0)
CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 66

Os módulos são,

p
v(t) = kv(t)k = (4t)2 + (1)2 + (3)2 =
p m
v(t) = 16t2 + 10
s

p
a(t) = ka(t)k = (4)2 + (0)2 + (0)2 =
m
a(t) = 4
s2

2) Dado o vetor posição r(t) = − sen ti + cos tj + tk, encontre a velocidade v(t), a

aceleração a(t), os módulos da velocidade e da aceleração.

Resolução:

dx dy dz
v(t) = i+ j+ k=
dt dt dt
d d d
= (− sen t)i + (cos t)j + (t)k =
dt dt dt
v(t) = − cos ti − sen tj + k

v(t) = (− cos t, − sen t, 1)

dvx dvy dvz


a(t) = i+ j+ k=
dt dt dt
d d d
= (− cos t)i − ( sen t)j + (1)k =
dt dt dt
a(t) = sen ti − cos tj

a(t) = ( sen t, − cos t, 0)

Os módulos são,
CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 67

p
v(t) = kv(t)k = (− cos t)2 + (− sen t)2 + (1)2 =
√ m
v(t) = 2
s

p
a(t) = ka(t)k = ( sen t)2 + (− cos t)2 + (0)2 =
m
a(t) = 1
s2

Este último exemplo é bem interessante porque a partı́cula descreve uma hélice, con-

forme ilustada na figura 6.3. Tomado um ponto P , a velocidade e aceleração estão repre-

sentadas por seus respectivos vetores. A hélice possui o passo, que é a distância percorrida

ao longo de seu eixo longitudinal quando a projeção da partı́cula no plano-xy descrever

uma volta. Neste exemplo, o passo desta hélice é 2π m.

a v
Passo
P

} Passo da hélice
(p=2p)

O
1 y
1

Figura 6.3: Hélice referente ao exemplo 2.


CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 68

6.1.1 Exercı́cios Propostos

1. Uma partı́cula tem vetor posição r(t) = 3 cos ti+3 sen tj+4tk, no sistema de unidades

cgs, determine:

a) o vetor velocidade e seu módulo;

b) o vetor aceleração e seu módulo;

c) O passo da hélice e

π
d) A posição, velocidade e aceleração da partı́cula no instante t = 2 s.

2. Uma partı́cula tem vetor posição r(t) = 3 cos(2t)i + 3 sen (2t)j + 2tk, no sistema de

unidades cgs, determine:

a) o vetor velocidade e seu módulo;

b) o vetor aceleração e seu módulo;

c) O passo da hélice e

π
d) A posição, velocidade e aceleração da partı́cula no instante t = 2 s.

3. O campus da UNIBAN-ABC possui uma rampa de acesso aos andares superiores


4
em forma de hélice, cuja função vetorial é r(t) = 17 cos ti + 17 sen tj + π tk, no

SI. Pede-se o passo da hélice e a inclinação da rampa. [A inclinação é dada por


altura da rampa
× 100 e é dada em porcentagem].
comprimento da rampa

Resp.: ∼
= 7, 47%

4. Considere um barco munido de um hélice1 14 × 21 × 3(2 ) e seu eixo desenvolve 300

rpm. Ignorando o split 3 calcule a velocidade do barco, em nós4 . A figura 6.4 mostra
1
Em náutica o propulsor (hélice) é um substantivo masculino.
2
O primeiro número corresponde ao diâmetro do hélice (14” ∼ = 36 cm), o segundo número o passo do
hélice (21” ∼= 0, 5 m) e o terceiro o número de pás do hélice (3 pás).
3
Efeito semelhante ao patinar de um pneu, uma espécie de escorregamento do hélice.
4
Um nó é o equivalente a uma milha marı́tima por hora, isto é 1 nó = 1, 852 kmh
CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 69

o comportamento do propulsor.

Passo

Figura 6.4: Hélice de um barco.

Resolução:

Consideremos o passo do hélice como p = 0, 5 m. 300 rpm corresponde à frequência

de f = 5 rotações por segundo. Isto significa que em 1 s o barco navega 5 passos,

ou 2, 5 m. Então, v = 2, 5 m
s.

Como uma hora tem 3600 s, então v = 2, 5 × 3600 = 9 km


h . Convetendo a velocidade

para nós, teremos v = 9 ÷ 1, 852 = 4, 86 nós. Logo, a velocidade do barco será 4,86

nós.

6.2 Comprimento de arco

Nesta secção vamo clacular o comprimento de um arco, para isto começaremos com uma

curva em duas dimensões e depois generalizaremos para o espaço. Tomemos a curva

apresentada na figura 6.5, onde queremos calcular o comprimento L do arco entre os

pontos A e B. Podemos imaginar este comprimento como a trajetória descrita por uma
CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 70

partı́cula em movimento no plano-xy. O vetor deslocamento pode ser calculada como

∆r = r(t0 + ∆t) − r(t0 )

Decompondo em suas coordenadas, teremos que ∆r = ∆xi + ∆yj, portanto, o módulo

do deslocamento sofrido por esta partı́cula será

p
k∆rk = (∆x)2 + (∆y)2 (6.5)

y
B

B
Dy Dr
L
)
0 +Dt

Dr A
Dx
r (t

A
t 0)
r(

x
Figura 6.5: Cálculo do comprimento L do arco.

Ora, como pode ser notado, o deslocamento é menor que o comprimento do arco,

porém quando ∆r → 0, dr = dL, desta forma

p
dL = dr = (dx)2 + (dy)2 (6.6)

Se derivarmos a equação 6.6 em relaçao a t, teremos o módulo da velocidade da

partı́cula,

s 2  2
dr dx dy
= + (6.7)
dt dt dt

Logo,
CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 71

s 2  2
dx dy
dr = + dt (6.8)
dt dt

O comprimento total do arco será a soma de todos os dr (ou dL), então

Z Z
L= dL = dr (6.9)

Substituindo 6.8 na integral 6.9, teremos que o comprimento será

s 2 2
Z B 
dx dy
L= + dt (6.10)
A dt dt
dS
A equação 6.10 é bem razoável, pois sabemos que v = dt , então dS = vdt, logo
Z
S= vdt

q
Como v é o módulo da velocidade, então v = vx2 + vy2 , logo,
Z q
S= vx2 + vy2 dt

dx dy
Sabemos ainda que vx = dt e vy = dt que, substituı́dos na integral acima teremos

6.10.

Exemplos:

1) Calcule o comprimento de uma circunferência de raio R.

Resolução: Considerando um ponto P sobre a circunferência, teremos que suas com-

ponentes serão x = R cos t e y = R sen t, conforme mostra a figura 6.6, então

dx dy
= −R sen t = R cos t
dt dt
CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 72

y = R sen t
R

{
x = R cos t x

Figura 6.6: Circunferência de raio R.

Substituiremos este valores na equação 6.10, com 0 ≤ t ≤ 2π.


Z 2π p
L = (−R sen t)2 + (R cos t)2 dt =
0
Z 2π p
= R2 ( sen 2 t cos2 t)dt =
0
Z 2π
L = R dt = 2πR
0

Exercı́cios:

1) Calcule o comprimento de um arco de circunferência de raio R = 3 entre 0 ≤ t ≤ π2 .

2) Um corpo descreve uma trajetória conforme a função r = cos(3t)i + sen (3t)j. Qual

o comprimento do percurso que este corpo executa entre os instantes t = 0 s e t = 6 s ?

O desenvolvimento feito até agora foi para duas dimensões, porém, o mesmo desen-

volvimento pode ser feito para o espaço em três dimensões, de forma que a curvatura de

uma função no espaço será calculada pela equação 6.11

s 2  2  2
Z
dx dy dz
L= + + dt (6.11)
dt dt dt

Exemplos:
CAPÍTULO 6. FUNÇÕES VETORIAIS 73

1) Calcule o comprimento do arco da curva da hélice circular r(t) = 4 cos ti + 4 sen tj +

3tk entre os pontos P = (4, 0, 0) e Q = (4, 0, 6π).

Resolução: Os limites de integração é determinada pela coordenada z dos pontos P e

Q, então, 0 ≤ t ≤ 2π.

Z p 2π
L = (−4 sen t)2 + (4 cos t)2 + 32 dt =
0

Z 2π p Z 2π Z 2π
= 16( sen 2 t + cos2 t) + 9dt = 16 + 9dt = 5 dt = 10π
0 0 0

Exercı́cios Propostos:

Faltam os exercı́cios...

1) Calcule o comprimento do arco da curva da hélice circular r(t) = 4 cos ti + 4 sen tj +

3tk entre os pontos P = (4, 0, 0) e Q = (4, 0, 6π).

2) Calcule o comprimento do arco da curva da hélice circular r(t) = 4 cos ti + 4 sen tj +

3tk entre os pontos P = (4, 0, 0) e Q = (4, 0, 6π).

3) Calcule o comprimento do arco da curva da hélice circular r(t) = 4 cos ti + 4 sen tj +

3tk entre os pontos P = (4, 0, 0) e Q = (4, 0, 6π).


Capı́tulo 7

Gradiente

7.1 Motivação para o estudo do gradiente

Imaginem um lugar amplo, como um grande galpão, e que no seu centro colocássemos

uma fonte de calor, um aquecedor, por exemplo, cuja temperatura alcançasse 80◦ C. Se

nós caminhássemos da periferia do galpão ao centro, perceberı́amos que à medida que nos

aproximamos do centro a temperatura aumenta, conforme ilustra a figura 7.1. As curvas

tracejadas corresponde ao que chamamos de isotermas, pois se caminharmos sobre uma

linha destas a temperatura permanece a mesma. Perceba ainda que as setas indicam a

direção de maior crescimento da temperatura, ou seja, indicam a direção da fonte de calor.


20º C

30º C

40º C

50º C

60º C
80º C

Figura 7.1: As linhas tracejadas são as isotermas geradas pela fonte de calor, os vetores indicam
a direção da fonte de calor.

74
CAPÍTULO 7. GRADIENTE 75

Ao invés de uma fonte de calor, suponha que fosse a altura de um terreno irregular de

altura máxima de 80 m, ou a presença de uma carga elétrica de 80 µC, ou a presença de

uma estrela sobre um sistema solar. Estes exemplos servem para ilustrar que um “campo”

produzido pela presença de um ente que o produz (aquecedor, carga elétrica, estrela, etc)

pode ser estudado e permite dimensionamento correto de um ambiente.

7.2 Gradiente

Antes de definirmos o gradiente, devemos definir o operador nabla. Este operador será

amplamente usado para representar e calcular não apenas o gradiente, mas também a

divergência, o rotacional e também é útil para calcular o laplaciano 1 e o d’alembertiano 2 .

7.2.1 Operador nabla

O operador vetorial nabla para um sistema cartesiano espacial é definido como


− ∂ ∂ ∂
∇≡ i+ j+ k (7.1)
∂x ∂y ∂z

Neste curso vamos nos restringir ao sistema cartesiano de coordenadas, porém o oper-

ador nabla em coordenadas cilı́ndricas (ρ, φ, z) e em coordenadas esféricas (r, θ, ϕ) são,

respectivamentes:


− ∂ 1 ∂ ∂
∇ = ρ̂ + ϕ̂ + k̂ ← Coordenadas cilı́ndricas
∂ρ ρ ∂ϕ ∂z

− ∂ 1 ∂ 1 ∂
∇ = r̂ + θ̂ + ϕ̂ ← Coordenadas esféricas
∂r r ∂θ r sen θ ∂ϕ
1 −
→ − →
O laplaciano é ∇2 = ∇ · ∇.
2 1 ∂2
O d’alembertiano é 2 = ∇2 − c2 ∂t2
.
CAPÍTULO 7. GRADIENTE 76

7.2.2 Definição

Suponhamos ϕ(x, y, z) uma função escalar diferenciaável em (x, y, z), isto é, ϕ é um campo

escalar diferenciável, então o gradiente de ϕ é definido como

 

− ∂ ∂ ∂ ∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
∇ϕ = i+ j+ k ϕ= i+ j+ k (7.2)
∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z


onde, ∇ϕ define um campo vetorial.

Nota: Outra notação ainda usada para o gradiente é: grad φ.


Exemplo: Calcule o gradiente da função φ(x, y, z) = 3x2 y − y 3 z 2 no ponto (1, −2, −1).

Resolução: O gradiente da função φ é


− ∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
∇φ = i+ j+ k=
∂x ∂y ∂z
= (6xy)i + (3x2 − 3y 2 z 2 )j + (−2y 3 z)k =


∇φ = 6xyi + (3x2 − 3y 2 z 2 )j − 2y 3 zk

Substituindo o ponto (1, −2, −1) no gradiente da função, teremos



∇φ(1, −2, −1) = 6(1)(−2)i + [3(1)2 − 3(−2)2 (−1)2 ]j − 2(−2)3 (−1)k = −12i − 9j − 16k

7.2.3 Interpretação Geométrica do Gradiente



Uma aplicação imediata do ∇ϕ é um acréscimo no comprimento de um ponto

dl = dxi + dyj + dzk

onde dl é um comprimento infinitezimal no espaço cartesiano. Vamos projetar este

comprimento no espaço da função ϕ ou, em outras palavras,


CAPÍTULO 7. GRADIENTE 77


− ∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
( ∇ϕ) · dl = dx + dy + dz = dϕ (7.3)
∂x ∂y ∂z

Ou seja, uma mudança no valor da função escalar ϕ corresponde à uma mudança na

posição dl. Contudo, se tomarmos dois pontos , P e Q, na superfı́cie ϕ(x, y, z) = C, onde

C é uma constante, teremos que a distância entre P e Q é dl, conforme ilustra a figura

7.2a. Assim,


dϕ = ( ∇ϕ) · dl = 0



Em outras palavras ∇ϕ é ortogonal (perpendicular) a dl. Como dl está na superfı́cie,


∇ϕ é visto como vetor normal à superfı́cie ϕ = const.. Tomando a figura 7.2b, com uma

superfı́cie ϕ = C1 e outra adjacente ϕ = C2 , temos que



dϕ = ( ∇ϕ) · dl = C2 − C1 = ∆C

a) b)
z z
D j
Q
j(x,y,z)=C2

{ j
D
P Q j(x,y,z)=C dl
dl dj
P
j(x,y,z)=C1

y y

x x
Figura 7.2: O gradiente é visto como vetor normal à superfı́cie ϕ = const.



Note que dado um dϕ, kdlk será mı́nimo quando ele for paralelo a ∇ϕ, pois cos θ = 1;


ou ainda, a variação na função escalar ϕ será máxima quando kdlk for paralela a ∇ϕ.


Então, ∇ϕ é um vetor que indica a direção de maior variação de ϕ.
CAPÍTULO 7. GRADIENTE 78

Exemplos:

1) Encontre a equação geral do plano tangente à superfı́cie 2xz 2 − 3xy − 4x = 7, no

ponto P0 = (1, −1, 2).

Resolução: Calcularemos o gradiente



n = ∇(2xz 2 − 3xy − 4x − 7) = (2z 2 − 3y − 4)i + (−3x)j + (4xz)k

Substituı́ndo P0 , teremos que n = 7i − 3j + 8k

A equação do plano será 7x − 3y + 8z + d = 0, substituı́ndo P0 encontramos d = −26,

então

7x − 3y + 8z − 26 = 0

2) Encontre o vetor unitário normal à superfı́cie x2 y+2xz = 4 no ponto P0 = (2, −2, 3).

Resolução: Calcularemos o gradiente



n = ∇(x2 y + 2xz − 4) = (2xy + 2z)i + (x2 )j + (2x)k

Substituı́ndo P0 , teremos que n = −2i + 4j + 4k. o vetor unitário é calculado como

n 1
n̂ = =p (−2i + 4j + 4k) =
knk (−2) + (4)2 + (4)2
2

1
= (−2i + 4j + 4k) =
6
i 2 2
n̂ = − + j + k
3 3 3

Exercı́cios:

1. Calcule o gradiente das funções:


CAPÍTULO 7. GRADIENTE 79

a) φ = x2 y − 2yz 2 + 3xyz b) f (x, y, z) = 3z cos(2x − 3y)


c) ϕ = 2 exp(−x2 − y 2 − z 2 ) d) φ = x2 + y 2 − z − 4
e) h(x, y, z) = x4 e2z sen (3y) f ) ϕ = x2 − y 2 − z + 12

2. Encontre a equação geral do plano tangente à superfı́cie φ(x, y, z) = 2x2 y − xz + 3z 2 ,

no ponto P0 = (1, −1, 1).

3. Encontre a equação geral do plano tangente à superfı́cie φ(x, y, z) = 2x3 y − xz 2 +

3y 3 z 2 , no ponto P0 = (1, 1, 1).

4. Encontre o vetor unitário normal à superfı́cie x2 y − xz − 2y 2 z = 2 no ponto P0 =

(−1, 1, −1).



5. Se φ(x, y, z) = 3x2 − y 3 z 2 , encontre ∇φ no ponto (1, −2, −1).

Resp.: −12i − 9j − 16k.

6. Dada a equação da esfera x2 + y 2 + z 2 − 4x − 6y + 2z − 2 = 0, determine o centro

da esfera e seu raio.

Resp.: C = (2, 3 − 1) e R = 4.

x2 y2 2x 1
7. Determine o centro da elı́pse dada pela equação 9 + 4 − 9 +y+ 9 = 0.

Resp.: C = (1, −2)


Capı́tulo 8

Divergência

8.1 Definição de divergência

Considere um campo vetorial v(x, y, z) = vx (x, y, z)i + vy (x, y, z)j + vz (x, y, z)k , o

produto escalar do operador nabla pelo vetor v é chamado de divergência de v

 

− ∂ ∂ ∂
∇ ·v = i+ j+ k · (vx i + vy j + vz k) (8.1)
∂x ∂y ∂z


− ∂vx ∂vy ∂vz
∇ ·v = + + (8.2)
∂x ∂y ∂z

Observe que a divergência é um campo escalar.

Nota:

• Outra notação ainda usada para a divergência é: div v.



• v é chamado Solenoidal quando a divergência for zero ( ∇ · v = 0).

Exemplo: Determine a divergência da função r = x2 yi − 2xyj + xy 2 zk no ponto

(1, 1, −1).

Resolução: As coordenadas da função são: r = x2 y i −2xy j + xy 2 z k , logo, a di-


|{z} | {z } | {z }
rx ry rz
vergência é:

80
CAPÍTULO 8. DIVERGÊNCIA 81


− ∂rx ∂ry ∂rz
∇ ·r = + + =
∂x ∂y ∂z
∂ 2 ∂ ∂
= (x y) + (−2xy) + (xy 2 z) =
∂x ∂y ∂z


∇ · r = 2xy − 2x + xy 2 = x(y 2 + y − 2)

Exercı́cios Propostos:

1. Calcule a divergência de r = 2xz 2 i + xy 3 z 2 j − 4yzk.

2. Calcule a divergência de A = x2 zi − xy 2 zj + xy 2 zk no ponto (1, −1, 1).

Resp.: −3


− → −
3. Dada a função φ(x, y, z) = 2x3 y 2 z 4 , calcule ∇ · ∇φ (ou div grad φ).


− → −
4. Dada a função φ(x, y, z) = x2 + y 2 − z + 5, calcule ∇ · ∇φ = ∇2 φ.

5. Calcule a divergência de r = 2xi − 5yj + 3zk.

6. Dados A = x2 zi − y 2 j + 3x2 y 2 k e φ = x3 y 2 z 3 , para o ponto P = (1, 1, 1), calcule:



a) ∇ · A


b) ∇ · (φA)

− → −
c) ∇ · ∇φ = ∇2 φ

8.2 Interpretação Geométrica da Divergência

Considere um fluido com densidade ρ(x, y, z) e velocidade v(x, y, z), consideremos ainda

um pequeno volume dxdydz, conforme mostra a figura 8.1. O fluxo na face EFGH (na

direção x) é
CAPÍTULO 8. DIVERGÊNCIA 82

QEF GH = ρvx |x=0 dydz (8.3)

As componentes vy e vz não interferem no fluxo desta face. Analogamente,

 

QABCD = ρvx |x=dx dydz = ρvx + (ρvx )dx dydz (8.4)
∂x x=0

G
H
C
D
dz E F
y
dx
A dy B

Figura 8.1: Paralelepı́pedo retangular.

Subtraı́ndo 8.4 de 8.3, teremos,


∆Qx = (ρvx )dxdydz (8.5)
∂x
Fazendo o mesmo para as coordenadas y e z, teremos,

 
∂ ∂ ∂
∆QT = ∆Qx + ∆Qy + ∆Qz = (ρvx ) + (ρvy ) + (ρvz ) dxdydz (8.6)
∂x ∂y ∂z

Então,
CAPÍTULO 8. DIVERGÊNCIA 83

 
 
∂ρ ∂ ∂ ∂ 
− dxdydz =  (ρvx ) + (ρvy ) +  dxdydz
(ρvz ) (8.7)
∂t |∂x
 ∂y ∂z
{z }


∇ ·(ρv)
E chegamos à equação da continuidade


− ∂ρ
∇ · (ρv) + =0 (8.8)
∂t
Capı́tulo 9

Rotacional

Dado um campo vetorial v(x, y, z) = vx i + vy j + vz k, onde vx , vy e vz são funções de

x, y, z, o rotacional de v é

 
i j k

− ∂ ∂ ∂ 
∇ × v = det  ∂x ∂y ∂z = (9.1)
vx vy vz
     

− ∂vz ∂vy ∂vx ∂vz ∂vy ∂vx
∇ ×v = − i+ − j+ − k
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y

A definição mostrada na equação 9.1 é para coordenadas cartesianas, a seguir temos o

rotacional para coordenadas cilı́ndricas e esféricas, respectivamente


ρ̂ ρϕ̂ k̂

− 1 ∂ ∂ ∂
∇ × v(ρ, ϕ, z) = (9.2)
ρ ∂ρ ∂ϕ ∂z
vρ vϕ v
z

r̂ rθ̂ r sen θϕ̂

− 1 ∂ ∂ ∂
∇ × v(r, θ, ϕ) = (9.3)
r sen θ ∂r
2 ∂θ ∂ϕ
vr rvθ r sen θv
ϕ

Nota:


− →

• Outras notações para o rotacinal: ∇ × v = ∇ ∧ v = curl v = rot v



• O rotacional é um campo vetorial, ou seja, Γ = ∇ × v, onde Γ(x, y, z) é uma

função vetorial.

84
CAPÍTULO 9. ROTACIONAL 85


− →

• Se ∇ × v = 0 , então v é chamado de campo irrotacional1 .


− → −
• ∇ · ( ∇ × v) = 0.

Prova: Dado v = vx i + vy j + vz k, então

     

− ∂vz ∂vy ∂vx ∂vz ∂vy ∂vx
∇ ×v = − i+ − j+ − k
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y

Logo,
     

− → − ∂ ∂vz ∂vy ∂ ∂vx ∂vz ∂ ∂vy ∂vx
∇ · ( ∇ × v) = − + − + − =
∂x ∂y ∂z ∂y ∂z ∂x ∂z ∂x ∂y

− → − ∂vz ∂vy ∂vx ∂vz ∂vy ∂vx
∇ · ( ∇ × v) = − + − + − =0
∂y∂x ∂z∂x ∂z∂y ∂x∂y ∂x∂z ∂y∂z

Exemplos:

1) Determine o rotacional da função r = x2 yi − 2xyj + xy 2 zk no ponto (1, 1, −1).

Resolução: Substituindo r na equação 9.1, teremos,


i j k

− ∂ ∂ ∂

∇ × v = ∂x ∂y ∂z


x2 y −2xy xy 2 z
= (2xyz − 0)i + (0 − y 2 z)j + (−2y − x2 )k

Substituindo os valores do ponto (1, 1, −1):



∇ × v = (2xyz − 0)i + (0 − y 2 z)j + (−2y − x2 )k

= 2(1)(1)(−1)i − (1)2 (−1))j + [−2(1) − (1)2 ]k = −2i + j − 3k

1
Um campo irrotacional é um campo vetorial conservativo.
CAPÍTULO 9. ROTACIONAL 86



Ou, ∇ × v = (−2, 1, −3).
Exercı́cios Propostos:

1) Se A = xz 3 i − 2x2 yzj + 2yz 4 k, encontre curl A no ponto (1, −1, 1).

Resp: (0, 3, 4).



− →

2) Se A = x2 yi − 2xzj + 2yzk, Calcule ∇ × ( ∇ × A).

Resp: (2x + 2)j.

3) Dado V = (x + 2y + az)i + (bx − 3y − z)j + (4x + cy + 2z)k, encontre a, b, c para

que V seja irrotacional.

Resp: a = 4, b = 2, c = −1.
Apêndice A

Torque

Como vimos na secção 2.4 do capı́tulo anterior, muitas vezes é desejado que o torque seja

alto, assim podemos tirar proveito “aumentando” a força, conforme ilustrado na figura

5.13. Em outras situações é o inverso, o torque é um produto indesejado, potanto deve

ser minimizado. O objetivo deste apêndice é o de ilustrar algumas destas situações. Não

iremos aprofundar o assunto e, na medida do possı́vel, lançaremos mão da intuição e do

senso comum.

Vejamos o caso mostrado na figura A.1.

CM

Figura A.1: Aparecimento do torque devido às posições da força de sustentação F~ e do centro de
massa CM.



A força de sustentação do avião é dada por F e o responsável por esta sustentação


são as asas, por esta razão F atua sobre a asa. Supondo que o centro de massa (centro

de gravidade) do avião está posicionada no ponto CM, então aparecerá um torque fazendo

o avião rotacionar, o que poderá levar à sua queda. Por esta razão o desejado é que o

ponto do centro de gravidade e o ponto onde atua a força de sustentação estejam numa

87
APÊNDICE A. TORQUE 88

mesma linha vertical, como mostra na figura A.2. Na figura a, a asa encontra-se próxima

à proa (frente) do avião, pois o motor (que é muito pesado) contribui mais para o centro

de gravidade. Na figura b a asa está mais para trás justamente porque os motores são

localizados na popa (parte de trás) do avião. Nas figuras c e d a asa encontra-se no centro

do avião, porque sendo aviões de carga esta constitui a parte mais pesada do avião, razão

também para a configuração de asa alta (veja o exemplo do balão tripulado a seguir). Em

todos estes casos o centro de gravidade localiza-se na mesma linha vertical que a força de

sustentação, fazendo desaparecer o torque.

a) F
b) F

P
P

F
F
c) d)

P P

Figura A.2: Observe que em cada caso o CM está na mesma linha que a força de sustentação,
tornando o torque nulo.

Em situações onde temos uma força de flutuabilidade, o desejável é que o centro de

massa esteja abaixo do centro de flutuabilidade, como um balão A.3. Não se vê balões

onde o habitáculo (cesta) localiza-se no topo do balão, somente na parte inferior. O motivo
APÊNDICE A. TORQUE 89

disto é que esta é a situação de equilı́brio estável, é a mesma situação do equilibrista da

figura A.4.

CG CG
CF
CF

P
Figura A.3: Posição do centro de massa e ponto de flutuação para o balão e um barco.

O balão está completamente “imerso” no ar, ao contrário de um navio, onde apenas

parte do casco está imerso na água. Geralmete o centro de gravidade do barco está um

pouco acima do centro de flutuação, se o barco adernar (inclinar) alguns graus, o centro

de flutuação mudará de posição, fazendo surgir um torque que tende a estabilizar o navio.

É claro que existe um ângulo máximo de inclinação, ultrapassado esta ângulo o navio irá

virar.

Equilíbrio instável

Equilíbrio estável

CM

Figura A.4: A estabilidade de um equilibrista na corda bamba é dado pela posição do centro de
massa abaixo da força de sustentação proporcionada pela corda.
Apêndice B

Análise Qualitativa

Nesta secção vamos analisar alguns exemplos de escoamento de um fluido qualquer e

aplicar o que já aprendemos. para isto, tomamos apenas exempos em duas dimensões,

uma vez que é mais fácil a visualização sem perder a generalidade para o espaço em três

dimensões.

Exemplo 1: Dado um fluido que possui velocidade ~v (x, y) = Ci, onde C é uma

constante positiva. Ilustramos este comportamento na figura B.1, onde o comprimento

das setas referem-se ao módulo da velocidade.

x
v=Ci
Figura B.1: Fluido se deslocando com velocidade ~v (x, y) = Ci.

90
APÊNDICE B. ANÁLISE QUALITATIVA 91

Calculando a divergência, teremos que


− ∂vx
∇ ·v = =0
∂x

Ou seja, v é solenoidal e a vazão é constante.

O rotacional é

− ∂vx ∂vx
∇ ×v = j− k = ~0
∂z ∂y

Ou seja, v é irrotacional (conservativo).

Exemplo 2: Dado um fluido que possui velocidade ~v (x, y) = Ce−x i, onde C é uma

constante. Ilustramos este comportamento na figura B.2, onde o comprimento das setas

referem-se ao módulo da velocidade, note que seu comportamento lembra um escoamento

laminar.

x x
v=Ce i
Figura B.2: Fluido se deslocando com velocidade ~v (x, y) = Ce−x i.

Calculando a divergência, teremos que


− ∂vx
∇ ·v = = −Ce−x
∂x
APÊNDICE B. ANÁLISE QUALITATIVA 92

Ou seja, a vazão não é constante em toda a extensão em que o fluido se desloca.

O rotacional é


∇ × v = ~0

Ou seja, v é irrotacional (conservativo).


2
Exemplo 3: Dado um fluido que possui velocidade ~v (x, y) = Ce−y i, onde C é uma

constante. Ilustramos este comportamento na figura B.3, onde o comprimento das setas

referem-se ao módulo da velocidade, note que seu comportamento lembra um escoamento

laminar.

-y 2
v=Ce i
2
Figura B.3: Fluido se deslocando com velocidade ~v (x, y) = Ce−y i.

Calculando a divergência, teremos que


− ∂vx
∇ ·v = =0
∂x

Ou seja, a vazão é constante em toda a extensão em que o fluido se desloca.


APÊNDICE B. ANÁLISE QUALITATIVA 93

O rotacional é

− ∂vx ∂vx 2
∇ ×v = j− k = 2Cye−y k
∂z ∂y
Porém, o rotacional para um y0 > 0 será anulado pelo seu simétrico −y0 , de forma que

para o fluido como um todo será nulo.

Exemplo 4: Dado um fluido que possui velocidade ~v (x, y) = Cyi − Cxj), onde C

é uma constante. Ilustramos este comportamento na figura B.4, onde o comprimento

das setas referem-se ao módulo da velocidade, note que seu compornyamento lembra um

escoamento laminar.
y
-y 2
v=Ce i

Figura B.4: Fluido se deslocando com velocidade ~v (x, y) = Cyi − Cxj.

Calculando a divergência, teremos que



∇ ·v =0

Ou seja, a vazão é constante em toda a extensão em que o fluido se desloca.


APÊNDICE B. ANÁLISE QUALITATIVA 94

O rotacional é

− ∂vx ∂vx
∇ ×v = j− k = 2Ck
∂z ∂y

O rotacional é diferente de zero.

Você também pode gostar