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TDE 01 Uso Reciclagem Pavimentos PDF
TDE 01 Uso Reciclagem Pavimentos PDF
o desenvolvimento sustentável em
obras rodoviárias no Brasil
CLAUBER COSTA* E SALOMÃO PINTO**
A necessidade da implantação de
empreendimentos na área de
engenharia e a constatação de sua
viabilidade, segundo critérios técnicos e
econômicos, sempre foram suficientes
para a tomada de decisões nessa área.
Neste sentido, os danos ambientais
decorrentes dessas atividades foram
considerados por muitos anos uma
consequência natural, compensados
pelos benefícios oriundos da oferta de
bens e serviços. Contudo, o crescente
impacto ambiental dessas atividades
levou à sua regulamentação,
destacando-se a obrigatoriedade do
desenvolvimento de estudos de
impacto ambiental (EIA) e o respectivo
relatório de impacto ambiental (RIMA),
em atendimento à Resolução Conama
nº 001/86, de 23 de janeiro de 1986.
Desta forma, o gerenciamento
ambiental em obras rodoviárias
federais brasileiras, tomou grande
impulso nas últimas décadas.
Este trabalho tem como objetivo
identificar as vantagens da aplicação de
técnicas de reciclagem de
pavimentos, como forma de minimizar
os impactos ambientais causados por
obras de restauração e/ou recuperação
de rodovias federais brasileiras
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RODOVIAS
A escolha brasileira pelo transporte rodoviá- deterioração extrema do pavimento.
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rio traz embutidas diversas consequências Segundo Miranda e Silva (2000) a recicla-
ambientais. Além do grande efeito polui- gem de pavimentos tem se mostrado um bom
dor dos gases liberados pelos escapamentos dos caminho não apenas pela rapidez executiva,
automóveis, há o impacto da construção das mas também pelo aspecto da preservação
estradas que implica em retirada e transferên- ambiental.
cia de enormes quantidades de terra, desmata- A técnica de reciclagem de revestimentos
mento, alterações na forma de escoamento das asfálticos traz vantagens em relação ao meio
águas, assoreamento de rios e expansão urbana ambiente, pois faz uso total ou parcial dos ma-
associada e os impactos advindos da manuten- teriais do pavimento existente, com seu devido
ção das vias. beneficiamento. Também diminui a quantidade
De acordo com o Banco Mundial, existem de resíduos gerados pelo método tradicional de
mais de 15 milhões de quilômetros de estradas recuperação rodoviária, que em geral consta de
pavimentadas e rodovias no mundo inteiro. adição de nova camada asfáltica – ou mesmo
Cada ano, centenas de milhares de quilôme- pode ter bota-fora da antiga.
tros das mesmas requerem grandes restau-
rações. Os governos e as autoridades locais IMPACTOS AMBIENTAIS
no mundo inteiro gastam anualmente uma Entende-se por Impacto Ambiental qual-
quantia estimada em 100 bilhões de dólares quer alteração nas propriedades físicas e/ou
americanos no empenho de manter as rodo- químicas e/ou biológicas do meio ambiente,
vias funcionais e seguras. Entretanto, devido provocadas por ações humanas. Estes impactos
a orçamentos inadequados para o setor de podem ser classificados segundo uma série de
transporte e ao custo elevado da restauração características como as colocadas na tabela 1
convencional, o acúmulo global de estradas (DNIT, 2005).
deterioradas é significante.
Pavimentos deteriorados têm como carac- Impactos ambientais decorrentes
terísticas superfícies de baixa qualidade e de- de empreendimentos rodoviários
feitos, como trincas, panelas e desagregação. Tradicionalmente os programas rodoviários
A deterioração do pavimento é influenciada, são divididos em quatro etapas ou fases, cada
em grande parte, por condições climáticas se- qual com características e estudos específicos
veras, volume intenso de tráfego e excesso de com potencialidades distintas de impactar o
cargas, assim como pela qualidade da cons- meio ambiente (DNIT, 2005). Essas fases são:
trução e manutenção da estrada. Essa dete- viabilidade, planejamento e projeto, construção
rioração tende a acelerar-se após vários anos e operação.
de serviço, mas a recuperação oportuna com A fase de viabilidade consiste do processo
recapeamento ou reciclagem pode restaurar a de avaliação de uma rodovia sob o aspecto téc-
serventia do pavimento e aumentar a vida útil nico-econômico, com base em um conjunto de
da rodovia. estudos, conceituações e avaliações que permi-
A camada da superfície dos pavimentos tem caracterizar o volume de tráfego anual e
asfálticos é composta de asfalto, um subpro- futuro, as alternativas de traçado e a definição
duto do petróleo, e agregado mineral, mistu- técnica das alternativas, quanto à capacidade,
ra de rocha de qualidade e areia. Em diversas quantificação do conjunto de obras e à interfe-
regiões do mundo, estes materiais estão es- rência com outros planos e programas, objeti-
cassos, tornando-os mais caros. Durante dé- vando a avaliação dos benefícios resultantes da
cadas, os responsáveis pela pavimentação têm implantação comparados com os custos reque-
tentado diversos métodos e/ou tecnologias de ridos pela obra.
restauração e conservação rodoviária, a fim Segundo Fogliatti (2004), “na fase de plane-
de fazer a melhor utilização do agregado e as- jamento de um sistema de transporte, devem-se
falto presentes nos pavimentos asfálticos de- incluir estudos de localização do projeto (no caso
teriorados. Um dos métodos mais promissores de projetos rodoviários, estudos de alternativas de
é a reciclagem de pavimentos, para a qual há traçado), determinado pelo artigo 5º da Resolu-
uma variedade de equipamentos e processos ção 001/86 do Conama, respeitando e observan-
consagrados. Estudos do Banco Mundial têm do a compatibilidade do projeto com os planos
demonstrado que a reciclagem de pavimen- e programas do governo propostos na área de
tos asfálticos é particularmente efetiva em influência, além das análises de pré-viabilidade
termos de custo, quando realizada antes da técnica e econômica do empreendimento”.
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Ruídos de movimento Pneus em contato com o pavimento; atritos das rodas com os eixos; ruídos da transmissão; ruídos aerodinâmicos etc. Maiores que 80 dB Liberação de morf ina biológica
Ruídos ocasionais Buzinas; frenagens; ruídos da troca de marchas (reduções e acelerações); cargas soltas; fechamento de portas etc. Maiores que 100 dB Perda imediata da audição
Fonte: DNIT, 2000 Fonte: SOUZA, 1992 apud PEREIRA, 2000
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Tabela 4 - Padrões primários de qualidade do ar ambiente
80 ug/m3 Média aritmética anual
Dióxido de Enxofre SO2
365 ug/m Concentração máxima diária que não deve ser excedida mais que uma vez por ano.
Fumaça
60 ug/m3 Média geométrica anual Figura 1 - Máquina fresadora
150 ug/m3 Concentração máxima diária que não deve ser excedida mais que uma vez por ano.
Componente Ambiental: 1. Modificação do fluxo d´água de superfície. 2.Disposição de lixo, graxas e óleos e de materiais removidos
Figura 7 - Trator pesado equipado com RECURSOS HIDRICOS 2. Modificações da qualidade das águas superficiais e subterrâneas para locais de forma inadequada.
escarificador (Ripper)
Exemplos de causas
Meio Antrópico Possíveis Impactos ambientais
prováveis e/ou sinérgicas
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cos rodoviários em conjunto com os organismos de defeitos de superfície, através do corte e sas, com a adição de estabilizantes químicos (cal,
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de fomento, voltaram-se para a ideia de repro- fragmentação do revestimento asfáltico antigo cimentos ou cinzas volantes), para produzir uma
cessar os materiais de pavimentação de pistas (geralmente por fresagem), mistura com agente base estabilizada quimicamente.
deterioradas, por meio da reciclagem, de forma rejuvenescedor, agregado virgem, material as- Como a reciclagem a quente, a reciclagem
a restaurar as condições de tráfego de vias em fáltico, e posterior distribuição da mistura reci- a frio pode ser feita em usinas apropriadas ou
níveis satisfatórios, tanto do ponto de vista téc- clada sobre o pavimento, sem remover do local in situ.
nico quanto financeiro (Bonfim, 2001). (DNIT, 2006). A reciclagem a frio em usina pode ser re-
No Brasil, a primeira utilização da técnica Na década de 1990, iniciou-se a reciclagem alizada em usinas estacionárias, valendo-se das
de reciclagem de revestimentos betuminosos a frio in situ, com o emprego das recicladoras usinas de solos, que recebe o material fresado e
aconteceu na cidade do Rio de Janeiro em 1960, móveis Caterpillar e Wirtgen, onde a operação o processa com a adição de material de enchi-
onde, na época, o revestimento era removido por se desenvolvia no local, com fresagem a frio do mento, caso necessário, e agente rejuvenescedor
meio de marteletes, transportado para a usina e revestimento, incorporação de emulsões rejuve- emulsionado (DNER, 1996).
remisturado. A primeira rodovia a ser reciclada nescedoras, homogeneização e espalhamento Essa técnica é muito utilizada em países eu-
foi a Via Anhanguera, trecho entre São Paulo e feito pelo próprio equipamento. No Brasil, o pri- ropeus e a porcentagem de reaproveitamento
Campinas, na década de 1980 (Pinto, 1989). meiro trecho em que foi utilizada a técnica de do material fresado pode atingir cerca de 90%
Simultaneamente foi desenvolvido no Ins- reciclagem à frio in situ, foi na rodovia BR-393/ (DNER, 1996).
tituto de Pesquisas Rodoviárias/Departamen- RJ, em novembro de 1993, segmento entre Além Também podem ser utilizadas usinas móveis
to Nacional de Infraestrutura Rodoviária (IPR/ Paraíba e Sapucaia, realizada pelo DNER atual (figura 9 ), que podem produzir misturas com
DNIT) uma pesquisa para adequar as tecnologias DNIT (Pinto et al., 1994). material virgem ou material proveniente de fre-
de reciclagem trazidas da Itália e da Suíça às Dois métodos de reciclagem in situ já foram sagem (figuras 1 e 2).
condições brasileiras. Foi com base nessas obras utilizados pelo Departamento Nacional de Estra- A reciclagem a frio in situ (figura 10 ) é exe-
que o Departamento Nacional de Infraestrutura das de Rodagem (DNER), atual DNIT, a saber: cutada com a utilização de equipamento do tipo
de Transporte, elaborou a especificação de ser- a) Método Marine – Com o emprego da reci- fresadora-recicladora, sendo comum no Brasil o
viço de concreto betuminoso reciclado a quente cladora Marine A.R.T. 220 de fabricação italiana, uso do modelo da Wirtgen Gmbh de fabricação
no local. onde a fresagem é realizada a frio. O equipa- alemã (figura 11).
mento processa a mistura do material a quente
Tipos de reciclagem e o posterior espalhamento. O DNER elaborou Vantagens ambientais associadas
De maneira geral, os especialistas do meio a especificação ES-188/87, que contempla este à técnica de reciclagem de pavimentos
rodoviário costumam classificar as técnicas de tipo de procedimento. Considerando-se as técnicas de reciclagem
reciclagem de pavimentos asfálticos em duas b) Método Wirtgen – Com a utilização do re- comentadas anteriormente, o material removi-
modalidades, que são a reciclagem a quente e mixer da Wirtgen, onde a fresagem é realizada do, que antes era considerado um entulho pro-
a frio, que por sua vez podem ser processadas após o aquecimento da superfície do revesti- blemático, passa a ser um excelente produto
no próprio local, ou seja, in situ – ou em usina mento. Para este procedimento o DNER elaborou para a reciclagem, sem prejuízo da qualidade
apropriada. a especificação ES-187/87. final. A reciclagem permite, assim, ao pavimento
A reciclagem a quente pode ser feita em Quanto ao reprocessamento dos materiais primitivo um ciclo de vida maior, além de poupar
usina estacionária, ou seja, usinas de asfalto de pavimentação, quando este ocorre sem o os recursos naturais da região.
cujas instalações são fixas, ou pode ser in situ, dispêndio de energia para o aquecimento dos A reciclagem de pavimentos betuminosos
de acordo com as especificações de serviço ES mesmos, a técnica é designada de reciclagem em geral se constitui, em relação à solução
033/2005 e ES 034/2005 do DNIT, respectiva- a frio (Momm e Domingues, 1995). Podem ser tradicional de recapeamento(s) sucessivo(s) ou
mente. adicionados materiais betuminosos (emulsão as- outros métodos de restauração, em uma alter-
A reciclagem a quente em usina estacioná- fáltica), agregados, agentes rejuvenescedores ou nativa possivelmente mais econômica e mais
ria é um processo no qual uma parte ou toda estabilizantes químicos. A mistura final é utiliza- ecológica.
a estrutura é removida e reduzida, geralmente da como camada de base que deve ser revestida A seguir, serão apresentadas algumas vanta-
através de fresagem a frio, e posteriormente com um tratamento superficial ou uma mistura gens das técnicas de reciclagem em comparação
transportada para ser misturada e recuperada asfáltica nova a quente, antes de ser submetida à com o método tradicional de recuperação de
em usina de asfalto apropriada. ação direta do tráfego. A reciclagem a frio pode pavimentos, no que tange a geração de impac-
O processo inclui a adição de novos agrega- ser classificada em (DNIT, 2006): tos ambientais negativos nos meios antrópico e
dos, material de enchimento, cimento asfáltico Reciclagem com adição de material betu- biofísico.
de petróleo (CAP) e se necessário, um agente minoso – Consiste na mistura do revestimento Para o meio antrópico, podem ser destaca-
rejuvenescedor. O tipo de usina mais empregada e da base pulverizados no local, com adição de dos, como forma de otimização dos impactos
é a “Drum mix”, e o produto final deve atender material betuminoso para produzir uma base es- ambientais, de acordo com o componente am-
as especificações de misturas asfálticas a serem tabilizada com betume. biental saúde e segurança: a redução significa-
aplicadas nas camadas de base, de ligação ou de Reciclagem com adição de estabilizante quí- tiva dos ruídos e vibrações, e a redução de aci-
rolamento (DNIT, 2006). mico – Consiste na pulverização e mistura na dentes envolvendo pessoas e/ou equipamentos.
A reciclagem a quente in situ (regenera- pista da camada de revestimento, da base e da Com relação ao meio biofísico, destaca-se
ção – na figura 8 ), é um processo de correção sub-base, ou de qualquer combinação entre es- para a componente ambiental, solo, e a com-
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