Você está na página 1de 10

Política Comparada

Nas últimas décadas, modelos de análise política convergiram para a premissa que instituições
importam, resolvendo problemas de coordenação e induzindo preferências, comportamentos e
outcomes públicos (North, 1990; Ostrom, 1990; Shepsle, 1995). Lacuna presente nesta extensa
literatura pode ser localizada na apresentação de instrumentos conceituais e analíticos aptos a
endogeneizar a explicação das instituições, sua formação, estabilidade, variações nos modelos
adotados, fatores de decadência e mudança institucionais: Sob que condições instituições são criadas?
Como explicar os modelos institucionais adotados e as variações na configuração de instituições
políticas? Que fatores contribuem para a estabilidade institucional? Quais as causas para a decadência
de instituições políticas?

Porque algumas nações possuem instituições democráticas e outras não? porque certas democracias
são estáveis, enquanto outras apresentam ciclos endêmicos de crise institucional, como explicar as
variações observadas na configuração das instituições políticas e no escopo de políticas públicas?

Considerando os requisitos de liberdades civis e direitos políticos propostos pela Freedom House,
apenas 45 nações podiam ser caracterizadas em 1978 como democracias, enquanto outros 82 países
correspondiam à condição not free. Passadas três décadas, 90 países oferecem garantias a liberdades
civis e direitos políticos característicos de instituições democráticas, enquanto 45 nações permanecem
classificados sob status not free. Metade das nações democráticas contemporâneas apresenta extensão
temporal de suas respectivas instituições poliárquicas inferior a 20 anos.
Política Comparada
Durante o século XX, o uso de métodos comparativos permitiu conferir tratamento analítico à
investigação política, buscando a construção de modelos teóricos e explicações causais empiricamente
fundados para explicar a origem, estabilidade e mudança nas instituições políticas, formação de
preferências, adoção de estratégias e cursos de ação, adesão a regras e instituições, processos de
delegação, condições de estabilidade e mudança institucional.

Nesta disciplina, pretende-se oferecer um panorama do desenvolvimento analítico recente no campo da


poítica comparada. Na primeira parte , procura revisitar referências básicas sobre o uso da estratégia
comparativa na análise política, considerando o uso da comparação para formular explicações causais
ou como controle na aplicação de modelos generalizantes. A seguir, serão examinadas as diferenças do
método comparativo em relação a estudos de caso, experimentação e investigação estatística. Por fim,
serão analisadas diferentes estratégias de comparação, considerando número de variáveis, casos e
intervalo temporal adotados. Na segunda parte, pretende-se percorrer as principais interpretações
teóricas empregadas em estudos comparados como modelos explicativos para dar conta das variações,
estabilidade e mudança institucional: Desenvolvimento econômico [Lipset, 1960; Przeworski, Alvarez,
Cheibub & Limongi, 2000; Boix, 2004]; valores culturais [Almond & Verba, 1963; Putnam, 1993;
Inglehart, 1997], formatos institucionais [Shugart & Carey, 1992; Lijphart, 1999] tem sido propostos
como modelos interpretativos para explicar as variações registradas na formação de instituições
democráticas. Tendo esta literatura por pano de fundo, o programa do seminário privilegia o estado da
arte dos estudos comparados sobre construção democrática, procurando identificar os achados
recentes e novos aportes oferecidos por investigações em curso. Finalmente, na terceira parte da
disciplina, serão examinados casos exemplares na agenda de investigação em curso dos comparatistas
políticos.

Ficha de leitura das seguintes obras a ser entregue até a semana 6


Adam PRZEWORSKI; Michael ALVAREZ; José Antonio CHEIBUB, and Fernando LIMONGI, [2000].
Democracy and Development: Political Institutions and Material Well-Being in the World, 1950-1990.
Cambridge: Cambridge University Press. 

Ronald INGLEHART [1997] Modernization and Postmodernization: Cultural, economic and political
change in 43 societies. New Jersey, Princeton University Press. BIB

George TSEBELIS [2009]. Atores com poder de veto: como funcionam as instituições políticas. Rio de
Janeiro, Editora FGV. BIB
Política Comparada

[primeira parte]

1
Política como ciência

Klaus von BEYME [2008]. The evolution of comparative politics. IN: CARAMANI, Daniele (ed).
Comparative Politics. Oxford University Press.

Gabriel ALMOND [1996]. Political science: the history of the discipline. IN: GOODIN, Robert & KLINGE-
MANN, Hans-Dieter. A New Handbook of Political Science. Oxford University Press. 

Daniel DIERMEIER and Keith KREHBIEL [2003]. Institutionalism as a methodology. Journal of
Theoretical Politics, 15/2. 

2
Poucos casos, muitas variáveis?

Arend LIJPHART [1971]. Comparative politics and comparative method. American Political Science Re-
view, LXV. 

3
Semelhanças e diferenças

B. Guy PETERS [2008]. Approaches in comparative politics. IN: CARAMANI, Daniele (ed). Comparative
Politics. Oxford University Press.

Hans KEMAN [2008]. Comparative research methods. IN: CARAMANI, Daniele (ed). Comparative Politics.
Oxford University Press.

Peter MAIR [2008]. Democracies. IN: CARAMANI, Daniele (ed). Comparative Politics. Oxford University
Press.

Barbara GEDDES [2007]. What causes democratization? IN: BOIX, Carles & STOKES, Susan. The Oxford
Handbook of Comparative Politics. Oxford University Press. 
Política Comparada
4
Como medir democracia?

Pippa NORRIS [2008]. Driving democracy. Do power-sharing institutions work?. Cambridge University
Press. Cap. 3: Democratic indicators and trends http://www.pippanorris.com/

5
Quando a ordem dos fatores altera o produto

Paul PIERSON [2004]. Politics in time. History, institutions and social analysys. Princeton
University Press. BIB

6
Explicando a mudança institucional

James MAHONEY and Kathleen THELEN [2009]. Explaining Institutional Change: Ambiguity, Agency, and
Power. Cambridge University Press. 



Política Comparada

[segunda parte]

7
Desenvolvimento importa? (I)

Carles BOIX [2003]. Democracy and Redistribution. New York: Cambridge University Press. BIB

8
Cultura importa? (I)

Ronald INGLEHART and Pippa NORRIS [2004]. Sacred and Secular: Religion and Politics Worldwide.
Cambridge University Press. BIB

.9
Cultura importa? (II)

Pippa NORRIS [2011]. Democratic Deficit: Critical Citizens Revisited. Cambridge University Press. 
Política Comparada
10
Instituições importam? (I)

Charles TILLY, [2007]. Democracy. Cambridge University Press. 

11
Instituições importam? (II)

Arend LIJPHART [2008]. Thinking about democracy: power sharing and majority rule in theory and prac-
tice. New York, Routledge. 

12
Instituições importam? (III)

Daron ACEMOGLU and James ROBINSON [2012]. Why Nations Fail? The origins of power, prosperity and
poverty. New York: Crown.
Política Comparada

[terceira parte]

13
Pode haver democracia no mundo árabe?

Larry DIAMOND [2010]. Why Are There No Arab Democracies? Journal of Democracy, 21/1, January
2010.

Alfred STEPAN [2012]. Tunisia’s Transition and the Twin Tolerations. Journal of Democracy, 23/2, April
2012.

Olivier ROY [2012]. The Transformation of the Arab World. Journal of Democracy, 23/3, July 2012.

Hillel FRADKIN [2013] Arab Democracy or Islamist Revolution? Journal of Democracy, 24/1, January
2013

Olivier ROY [2013]. There Will Be No Islamist Revolution. Journal of Democracy, 24/1, January 2013

14
Democracias são ineficientes?

Bo ROTHSTEIN [2011]. The Quality of Government. Corruption, social trust and inequality in
international perspective. The Chicago University Press.

15
Prova Final
pactos sem espada afiada, não passam de conversa fiada.
Thomas Hobbes.
Política Comparada

Avaliação

Prova Final Peso = 0.50


Critérios: (i) domínio bibliografia (ii) utilização textos e autores diversos (iii) clareza e precisão redação

3 Fichas de leitura Peso = 0.20

 Leitura, apresentação e participação em aula


Critérios: (i) pertinência (ii) domínio e clareza (iii) frequência participação
Peso = 0.30

Fontes e recursos

Pippa Norris Shared Datasets: International IDEA http://www.idea.int/


Democracy Crossnational Data Revised Spring 2008
Democracy Timeseries Data Release 2.0, Revised Spring IFES http://www.ifes.org/
2008
http://ksghome.harvard.edu/~pnorris/Data/Data.htm ACE The Electoral Knowledge Network
http://aceproject.org/electoral-advice
UNDP Annual Report 2008. Capacity development.
Empowering people and institutions World Values Survey http://www.worldvaluessurvey.org/
http://www.undp.org/publications/annualreport2008/
Latin American Research Centre
UNDP [2002]. Informes sobre el desarrollo humano: http://larc.ucalgary.ca/index.php?option=content&task=se
profundizar la democracia en un mundo fragmentado. ction&id=15
http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2002/chapters/
spanish/ Transparency International http://www.transparency.org/

PNUD. (2004). A democracia na America Latina. New York: Governance Matters 2008. Worldwide Governance
United Nations. Indicators, 1996-2007, World Bank
http://www.pnud.org.br/publicacoes/democracia/index.p http://info.worldbank.org/governance/wgi/index.asp
hp
Political Database of Americas
Freedom House www.freedomhouse.org http://pdba.georgetown.edu/

Polity IV Project CIA World Factbook


http://www.systemicpeace.org/polity/polity4.htm https://www.cia.gov/library/publications/the-world-
factbook/
Política Comparada
Projetos em desenvolvimento:

Andremarenco Reformas eleitorais em perspectiva comparada:


path-dependency, competição partidária e
engenharia institucional [CNPq]

Partidos e seleção de carreiras em perspectiva


comparada: Argentina,Brasil, Chile e Uruguay
[CNPq]
Professor Associado III UFRGS
Pesquisador 1D CNPq Atlas Político dos Municípios [CNPq, Fapergs]

CARGOS INSTITUCIONAIS TRABALHOS

Membro titular do Conselho Técnico-Científico Santos, André Marenco dos . Quando


da Educação Superior, CTC-ES/CAPES comparamos para explicar: desenhos de
[ 2011/14] pesquisa e sequências temporais na
investigação de instituições políticas. Revista
Coordenador da Área de Ciência Política e Brasileira de Ciências Sociais (Impresso), v. 27,
Relações Internacionais/CAPES [2011/14] p. 203-217, 2012.

Membro titular do Conselho Universitário, Marenco, André . Reformas eleitorais na


CONSUN/UFRGS [ 2012/14] América Latina: grandes expectativas, poucos
casos, resultados perversos. Sociologias
Membro do Conselho Superior do Centro de (UFRGS. Impresso), v. 14, p. 238-268, 2012.
Estudos Internacionais sobre Governo [CEGOV]
MARENCO DOS SANTOS, André . Quando
Coordenador PPG Ciência Política UFRGS leis não produzem os resultados esperados:
[2004/07] financiamento eleitoral em perspectiva
comparada. Dados (Rio de Janeiro. Impresso)
Coordenador Fórum Nacional Programas CP & , v. 53, p. 821-853, 2010.
RI [2004/07] Citações: 1| 1

Chefe Departamento Ciência Política UFRGS Santos, André Marenco dos ; Da Ros, Luciano .
[2000/01-2003/04-2010/11] Caminhos que levam à Corte: carreiras e
padrões de recrutamento dos ministros dos
Diretor Associação Brasileira de Ciência órgãos de cúpula do Poder Judiciário brasileiro
Política, ABCP [2004/08] (1829-2006). Revista de Sociologia e Política
(UFPR. Impresso), v. 16, p. 131-149, 2008.
Citações: 2| 1

MARENCO DOS SANTOS, André . Estudos de


elites políticas explicam como instituições
tornam-se instituições?. BIB. Revista Brasileira
de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais,
v. 65, p. 5-26, 2008.
Política Comparada
Marenco, André ; SERNA, Miguel . Por que 2004.
carreiras políticas na esquerda e na direita não Citações: 4
são iguais? Recrutamento legislativo em Brasil,
Chile e Uruguai. Revista Brasileira de Ciências MARENCO DOS SANTOS, André . Comparando
Sociais (Impresso), v. 22, p. 93-113, 2007. Legislativos: Recrutamento Parlamentar na
Citações: 7| 5 Argentina, no Brasil, no Chile e no México.
Teoria & Sociedade (UFMG), Belo Horizonte, v.
Marenco, André . PATH-DEPENDENCY, 11, n.2, p. 42-69, 2004.
INSTITUCIONES POLÍTICAS Y REFORMAS
ELECTORALES EN PERSPECTIVA COMPARADA. Santos, André Marenco dos . Sedimentação de
Revista de ciencia política (Santiago), v. 26, p. lealdades partidárias no Brasil: tendências e
53-75, 2006. descompassos. Revista Brasileira de Ciências
Sociais (Impresso), São Paulo, v. 16, n.45, p. 69-
Santos, André Marenco dos ; MARENCO 83, 2001.
DOS SANTOS, André . Regras eleitorais Citações: 13| 2
importam? Modelos de listas eleitorais e seus
efeitos sobre a competição partidária e o MARENCO DOS SANTOS, André . Experiência
desempenho institucional. Dados (Rio de Política e Liderança Legislativa na Câmara dos
Janeiro. Impresso) , v. 49, p. 721-749, Deputados. Novos Estudos. CEBRAP, São Paulo,
2006.Citações: 1| 1 v. 59, p. 153-171, 2001.

MARENCO DOS SANTOS, André . Instituciones MARENCO DOS SANTOS, André . Nas
o cultura? de qué materia prima está hecha la fronteiras do campo político: raposas e ousiders
legitimidad de las nuevas democracias. no Congresso Nacional. Revista Brasileira de
Desarrollo y Sociedad, v. 58, p. 261-289, 2006. Ciências Sociais, São Paulo, v. 33, p. 87-101,
1997.
MARENCO DOS SANTOS, André . Comparing
houses of representatives: parliamentary
recruitment in Argentina, Brazil, Chile and
Mexico.. Teoria & Sociedade (UFMG), v. 2, p.
Special Edition, 2006.

MARENCO DOS SANTOS, André . Still a


traditional political class? Patterns of
parliamentary recruitment in Brazil (1946-
2002). Canadian Journal of Latin American and
Caribbean Studies, Ottawa, v. 30, n.60, p. 13-40,
2005.

MARENCO DOS SANTOS, André . Democracia e


valores cívicos: uma relação necessária?. Novos
Estudos. CEBRAP, São Paulo, v. 69, p. 145-160,
2004.

MARENCO DOS SANTOS, André . Le renouveau


politique: carrières politiques et liens de parti
au Brésil (1946-2002). Politique et Sociétés
(Montréal), Montréal, v. 23, n.2/3, p. 109-133,

Você também pode gostar