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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE NOVA XAVANTINA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ELIZÂNGELA OLIVEIRA SOARES

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO RÁDIO EM NOVA XAVANTINA -


MATO GROSSO

Monografia apresentada como requisito


parcial para obtenção do título de Bióloga
no curso de Licenciatura Plena em Ciências
Biológicas. Orientadora: MSc Patrícia
Maria Martins Nápolis Rossete.

Nova Xavantina
2004
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE NOVA XAVANTINA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ELIZÂNGELA OLIVEIRA SOARES

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO RÁDIO EM NOVA XAVANTINA -


MATO GROSSO

Monografia apresentada como requisito parcial


para obtenção do título de Bióloga no curso de
Licenciatura Plena em Ciências Biológicas.
Orientadora: MSc Patrícia Maria Martins
Nápolis Rossete.

Nova Xavantina
2004
FICHA CATALOGRÁFICA

Soares, Elizângela Oliveira


Educação Ambiental Através do Rádio em Nova Xavantina MT
Elizângela Oliveira Soares.
Nova Xavantina-MT.[s.n.], 2004.

Orientadora: MSc Patrícia Maria Martins Nápolis Rossete.

Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade do Estado de


Mato Grosso, Campus de Nova Xavantina, Departamento de
Ciências Biológicas.

1. Meio ambiente. 2. Comunicação. 3. Radiodifusão. 4. Mato


Grosso.

I. Rossete, Patrícia Maria Martins Nápolis. II. Universidade do


Estado de Mato Grosso. III. Educação Ambiental Através do
Rádio em Nova Xavantina – MT
TERMO DE APROVAÇÃO

ELIZÂNGELA OLIVEIRA SOARES

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO RÁDIO EM NOVA XAVANTINA – MT.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Departamento de Ciências


Biológicas da Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus de Nova Xavantina, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de Bióloga no curso de Licenciatura Plena em
Ciências Biológicas.

Aprovada em 05 de julho de 2004.

____________________________________________
Profª MSc. Patrícia Mª Martins Nápolis Rossete (Orientadora)
Universidade do Estado de Mato Grosso.
Departamento de Ciências Biológicas.

_____________________________________
Profª Esp. Maria Eloiza Pereira Leite Ramos.
Departamento de Ciências Biológicas.
Universidade do Estado de Mato Grosso.

_____________________________________
Prof. Valdivino Vital Amordivino.
Professor da Rede Pública de Ensino de Nova Xavantina.
Escola Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira

_____________________________________
Prof. MSc. Perillo José Sabino Nunes.
Departamento de Ciências Biológicas.
Universidade do Estado de Mato Grosso.
“A mais fundamental das verdades referentes a
nossa Terra é que todos os seres viventes
encontram-se de alguma maneira relacionados
entre si. Esse fato, ainda que válido
principalmente como principio físico, tem
implicações de natureza espiritual”.

F. Osborne
Dedicatória

Aos educadores ambientais espalhados por


este Brasil que acreditam que fazer alguma
coisa, por menor que seja, é melhor que não
fazer nada. Àqueles que fazem acontecer.
AGRADECIMENTOS

A Universidade do Estado de Mato Grosso, através do Curso de Licenciatura


Plena em Ciências Biológicas, pela possibilidade de aprendizagem.
Aos professores, que se preocuparam com o verdadeiro aprendizado, sendo
guias para o conhecimento.
A minha orientadora Patrícia Ma M. Nápolis Rossete, que sempre acreditou
nesse trabalho e me deu um voto de confiança em sua concretização, por tudo, valeu.
Ao NEA, e todos os colegas que contribuíram com sua experiência e maneira
particular de ser. Ao professor Rafael pelo abstrat, à Tayse por todos os arranjos.
Aos meus amigos (dentre muitos, Rô, Ed, Elias, Fá, Samuca , Stela e Elis...),
todos, que direta ou indiretamente me ajudaram, talvez até sem saber, sendo
fundamentais no percurso do meu caminho.
A família Roncador FM, por acreditar no meu trabalho, pela oportunidade, pela
amizade e o aprendizado construído.
A minha família, alicerce da minha vida. Meus pais que representaram a força,
a ternura, o incentivo e a sabedoria necessários em todos os momentos.
Ao Macleiton e a Laura, por terem me acolhido...
A Nova Xavantina, os ouvintes do rádio, meus parceiros....
A DEUS, a luz que ilumina todos os meus caminhos. A força que me sustenta. Ao
Deus presente e real, que me proporciona a cada dia, uma nova oportunidade.
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................................ vii


LISTA DE TABELAS............................................................................................... vii
LISTA DE APÊNDICES........................................................................................... vii
RESUMO.................................................................................................................... viii
ABSTRACT................................................................................................................ ix
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 01
2.OBJETIVOS............................................................................................................ 03
2.1. Objetivo Geral................................................................................................ 03
2.2. Objetivos Específicos...................................................................................... 03
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................ 04
3.1. Localização da Área....................................................................................... 04
3.2. Área de Trabalho........................................................................................... 05
3.3. Público Alvo.................................................................................................... 06
3.4. Metodologia.................................................................................................... 06
3.4.1. 1ª Fase – Planejamento............................................................................... 06
3.4.2. 2ª Fase – Transmissões Radiofônicas........................................................ 07
3.4.3. 3ª Fase – O Programa................................................................................. 08
3.4.4. 4ª Fase – Levantamento de Dados............................................................. 08
3.4.5. 5ª Fase – Análise de Dados......................................................................... 10
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 11
4.1. Perfil dos Entrevistados................................................................................. 12
4.2. A eficácia do rádio como instrumento de Educação Ambiental................ 12
4.3. A Informação em Educação Ambiental e Meio Ambiente......................... 14
4.4. O Interesse pelas Questões Ambientais – A Informação............................ 16
4.5. A Prática do Conhecimento em E.A. e Meio Ambiente.............................. 17
4.6. Principais Assuntos em M.A e EA de Interesse da Comunidade.............. 18
4.7. O Programa de Educação Ambiental no Rádio.......................................... 19
4.7.1. A importância Educacional ....................................................................... 20
4.7.2. A Aceitação Comunitária .......................................................................... 21
4.7.3. A Metodologia Aplicada............................................................................. 22
4.7.4. Temas Abordados: Importância e Abrangência ..................................... 24
4.7.5. A Continuidade............................................................................................ 26
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 27
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 28
LISTA DE FIGURAS:

Figura 1 – Mapa de localização do Município de Nova Xavantina - MT.............. 04

Figura 2 – Rádio Comunitária Roncador FM......................................................... 05

Figura 3 – Transmissão do Programa EA no estúdio da Roncador FM................ 07

Figura 4 – Mapa de Localização, onde foram realizadas as entrevistas................. 09

Figura 5 – Modelo das questões componentes da entrevista.................................. 10

Figura 6 – Perfil dos Entrevistados – sexo e faixa etária....................................... 12

Figura 7 – Conceituação do 21
Programa...................................................................
Figura 8 – Índice de Aprovação do Programa capacidade de despertar atenção.. 22

Figura 9 – Itens de mudanças propostas pelos entrevistados................................. 23

Figura 10 – Relação de horários para realização do 24


programa..............................
Figura 11 – Temas citados como os mais importantes dos programas realizados. 25

LISTA DE TABELAS:

Tabela I - Relação das Edições do Programa de Rádio......................................... 11


Tabela II - Temas citados para abordagem no programa de EA no Rádio............. 18

LISTA DE APÊNDICE:

Apêndice I - Modelo/piloto do Programa de Educação Ambiental Através do


rádio.................................................................................................. 31
RESUMO

A Educação Ambiental (EA) aborda valores, percepções, conceitos, através da relação do ser
humano com a natureza, em busca de atitudes de responsabilidade para com o meio ambiente.
A base estrutural da sociedade é o meio ambiente, e os bens da Terra são patrimônios da
humanidade, tornando o papel da Educação Ambiental evidentemente necessário. O presente
trabalho objetivou verificar a eficácia do rádio como instrumento de EA em Nova Xavantina
– MT e, através desse veículo de comunicação, informar os ouvintes sobre os problemas
ambientais, promover a reflexão e sensibilizá-los para a tomada de decisões sobre o meio
ambiente. Foram realizados 26 programas sobre EA na emissora comunitária Roncador FM,
com 30 minutos de duração, por seis meses, de junho a dezembro de 2003. A programação
consistiu em abordagens de questões ligadas ao meio ambiente, tratando de temas globais
com enfoque local. Após a etapa de realização do programa, foi feita uma investigação, que
consistiu em verificar a opinião das pessoas sobre o programa e sua eficácia. Foram feitas
entrevistas a 180 pessoas residentes no perímetro urbano do município. Dos entrevistados,
144 tinham o hábito de ouvir rádio (AM e FM) e destes, 87 pessoas (60,41%) ouviram o
programa. Pôde-se constatar que houve uma aceitação e aprovação do programa, tendo-se o
rádio como instrumento eficaz para a prática da EA. Porém, os entrevistados fizeram os
seguintes indicativos de mudança: o horário, devendo ser acessível ao maior número de
pessoas; a divulgação do programa; maior dinamismo (por exemplo: aprofundamentos em
problemas locais, participação popular, entrevistas com profissionais da área) e uma
linguagem mais simplificada. Conclui-se que o rádio é viável para ações de EA, uma vez que
promove o conhecimento, estimula práticas e posturas conscientes em relação ao meio
ambiente e à cidadania, desde que se leve em consideração os anseios comunitários e os
problemas da realidade local.

Palavras-chaves: meio ambiente, comunicação, radiodifusão, Mato Grosso.


ABSTRACT

The Environmental Education (EA) accosts values, perceptions, concepts, through the human
nature relationship, in search of attitudes of responsibility to the environment. The structural
base of the society is the environment, and the estates goods of the Earth are the humanity's
patrimonies, turning the paper of the Environmental Education evidently necessary. The
present work aimed to verify the effectiveness of the radio as instrument of EA in Nova
Xavantina - MT. Through this communication vehicle, to inform the listeners on the
environmental problems, to promote the reflection and to sensitize them for make decisions
on the environment. 26 programs were accomplished on EA in the community broadcasting
station Roncador FM, with 30 minutes of duration, for six months, from June to December of
2003. The programming consisted of approaches linked to environment subjects, treating
global themes with local focus. After the stage of accomplishment the program, it was made
an investigation, that consisted of verifying the people's opinion about the program and your
effectiveness. There were made interviews to 180 resident people in the urban perimeter of
the municipal district. Of the interviewees, 144 had the habit of hearing radio (AM and FM)
and of these, 87 people (60,41%) heard the program. It could be verified that there were an
acceptance and approval of the program, considering the radio as effective instrument for the
practice of EA. However, the interviewees suggested the following changes: the schedule,
should be accessible to largest number of people; the popularization of the program; larger
dynamism (for instance: aprofundamentos in local problems, popular participation, interviews
with professionals) and a language more simplified. It is ended that the radio is viable for
actions of EA, once it promotes the knowledge, it stimulates practices and conscious postures
in relation to the environment and to the citizenship, since it is taken in consideration the
community longings and the problems of the local reality.

Word-keys: environment, communication, broadcasting, Mato Grosso.


1.0 - INTRODUÇÃO

“A educação é um processo contínuo, permanente de integração, que tem início


antes do nascimento do indivíduo, com a educação de seus pais, e dura à vida toda,
desenvolvendo-se em instituições específicas e além delas” (PUEBLA, 1997).
Educar , explica FILHO (1998), vai além de instruir e transmitir conhecimentos.
Educar é formar um cidadão capaz de exprimir todas as suas potencialidades, sendo agente
construtor do conhecimento, desenvolvendo-se como pessoa livre e solidária. A educação
ensina como pensar e agir e não puramente o que pensar e fazer.
A base estrutural da sociedade é o meio ambiente, como afirmam SOUZA et al.
(1992). Nele estão incluídos o ar, a água, o solo, a flora e a fauna que são suportes ao meio
físico, químico e biótico.
Considerando que os bens da Terra são um patrimônio de toda a humanidade, como
explicitado nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (2001), e a partir da constatação -
década de 60, após a Segunda Guerra Mundial – de que a humanidade pode direcionar-se
bruscamente para o esgotamento ou a inviabilização desse patrimônio, é que surgiu o
movimento de defesa do meio ambiente.
Para MARQUES (1992), a educação começa pelos meios de comunicação de
massa, é moldada na escola e recebe ainda uma influência cultural. Os meios de comunicação
de massa são fonte de educação permanente e continuada, em função de seu poder de
formação de opinião, têm grande responsabilidade nos trabalhos voltados à Educação
Ambiental (EA).
Em PENTEADO (1998), tem-se que os humanos são seres de relações, incluindo
situações diversas, informações e objetos; são permeados por processos de reciprocidade e
comunicação. Esta, ocorre por um significado e por isso é interativa, não havendo sujeitos
passivos. A comunicação tem por característica o envolvimento do diálogo e a interlocução
ocorre por “meio de sistemas comuns de signos e códigos”. Os meios de comunicação de
massa fazem parte desse contexto, atendendo às necessidades de cultura, aprendizagem,
prazer e lazer de muitas pessoas.
É com grande influência dos meios de comunicação que a humanidade, hoje, toma
contato com os problemas ambientais e procura rediscutir os seus modelos de
desenvolvimento e sua atuação no meio ambiente (RAMOS, 1996).
O rádio é um meio de comunicação de massa amplamente aceito no Brasil e no
mundo. A abrangência do rádio é tamanha que atinge pessoas de todos os níveis sociais, com
diferentes graus de escolarização, tanto da zona urbana quanto rural.
SATO (2002) escreve que, o desenvolvimento da consciência ambiental em esfera
planetária, traçou-se ao longo das décadas de 70 e 80, através de uma série de eventos que
deram origem aos primeiros passos da EA, processo de reconhecimento de valores e
percepção de conceitos para que compreendendo a relação do ser humano com a natureza,
considerando suas culturas e o meio biofísico, chegue-se à mudança de atitudes em relação ao
meio ambiente. Atitudes permeadas por conteúdo ético, visando a melhoria das condições e
qualidade de vida para a humanidade. Assim os principais objetivos da EA incluem –
sensibilização ambiental, compreensão ambiental, responsabilidade ambiental, competência
ambiental e cidadania ambiental.
“É necessário ainda ressaltar que, embora recomendada por todas as conferências
internacionais, exigidas pela Constituição e declarada como prioritária por todas as instâncias
de poder, a EA está longe de ser uma atividade tranqüilamente aceita e desenvolvida, porque
ela implica mudanças profundas e nada inócuas. Ao contrário, quando bem realizada, a
Educação Ambiental leva a mudanças de comportamento pessoal e a atitudes e valores de
cidadania que podem ter fortes conseqüências sociais” (PCN, 2001).
Renomados autores, Sato (2002) e Reigota (2001), sustentam que a EA deve fazer
parte tanto de um processo formal (institucionalizado), em que a escola é o principal meio de
atuação; quanto de um processo informal, devendo estar presente em todas as esferas sociais.
Assim justifica-se a realização deste trabalho que reuniu informações sobre EA a
fim de levar ao conhecimento do público, através do uso do rádio, atingindo um número
razoável de pessoas que ouvem o rádio. Possibilitando a toda comunidade de Nova Xavantina
o acesso à informação e proporcionando aos cidadãos a capacidade de criticar e participar do
processo de educação que serve de alicerce para a tomada de decisões sobre as questões
ligadas a temática ambiental. A importância dessa pesquisa deve-se também ao fato de que
nenhum outro trabalho foi realizado com essas abordagens e de tamanha abrangência de
público, nesta comunidade.
2.0 - OBJETIVOS:

2.1 OBJETIVO GERAL

Proporcionar à comunidade xavantinense informações relacionadas à questão


ambiental no âmbito global e local, utilizando o rádio como instrumento para esse
processo educativo.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar transmissões radiofônicas de informações sobre o meio ambiente


enfocando a EA como uma ferramenta útil para soluções de problemas.

Avaliar se os métodos e técnicas aplicados durante a realização do programa de


EA foram eficientes.

Verificar através da população de Nova Xavantina a viabilidade do rádio como


instrumento para EA.
3.0 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Localização da Área:

Este trabalho foi direcionado à comunidade do município de Nova Xavantina - Mato


Grosso, (Figura 1), localizado a 635 Km de Cuiabá, Capital do Estado de Mato Grosso, tendo
acesso pela Br 158. Está situado no Centro-leste do Estado, região do Médio Araguaia,
fazendo parte da Amazônia legal, considerado o centro geodésico do Brasil (IBGE, 2004).

Fonte: NANA – UNEMAT – Nova Xavantina.


Figura 1 - Localização do Município de Nova Xavantina, Mato Grosso.
O município de Nova Xavantina tem sua origem na Expedição Roncador – Xingu
de 1943, que partiu nessa direção saindo de Barra do Garças (FERREIRA, 2001).
Com autonomia administrativa desde 1981, pela Lei nº 4.176, o município possui
uma extensão territorial de 5.743 Km², com 17.832 habitantes, o que representa uma
densidade demográfica de 3,10 habitantes por Km². Da população total 14.506 vivem na zona
urbana e 3.326 vivem na zona rural (IBGE, 2004).
O clima do município é classificado como tropical quente e sub-úmido, com quatro
meses de seca, de maio a agosto. A precipitação média é de 1.750 mm/ano, com intensidade
máxima em dezembro, janeiro e fevereiro; a latitude sul é de 14º 40’ 09” e a latitude oeste é
de 52º 20’ 09”. Apresenta uma temperatura anual média de 24ºC, com máxima de 38ºC
(FERREIRA op cit).

3.2. Área de Trabalho:

O trabalho foi realizado na rádio comunitária da cidade (Figura 2).

Figura 2 - Rádio Comunitária Roncador FM, Nova Xavantia - MT, 2004.


Trata-se da Rádio Comunitária Roncador de Nova Xavantina – RCR, localizada na
avenida Governador Ponce de Andrade, nº 496, bairro Jardim Alvorada. Sua fundação data de
onze de novembro de 1998, quando foi montado o projeto, passando então pelos trâmites
burocráticos e legais. A outorga veio quatro anos depois, em onze de novembro de 2002,
sendo publicada no Diário Oficial da União em 29 de outubro do mesmo ano, através do Ato
nº 30.582, Processo nº 53500.005958/ 02. Sua programação inclui informações de cunho
político, social, econômico, científico, cultural e desportivo, assim como entretenimento
atendendo aos interesses comunitários.

3.3 Público Alvo:

Este trabalho não tem um público direcionado, é bastante heterogêneo, pois se trata
de uma comunidade inteira. O município de Nova Xavantina apresenta uma população
bastante eclética. Porém foi feita uma amostragem, representando os diversos ouvintes da
rádio, variando em grau de escolaridade, costumes e hábitos.

3.4. Metodologia:

Inicialmente foi realizado um levantamento da bibliografia existente relacionada


com meio ambiente, educação ambiental e meio de comunicação. Em seguida, foram
elaborados os programas de rádio enfatizando a EA. A partir dos programas terem sido pré-
estabelecidos, iniciou-se as apresentações à comunidade através do rádio, posteriormente fez-
se a parte investigativa, buscando a opinião das pessoas sobre o programa, para averiguar se
os objetivos foram alcançados, analisar os dados obtidos e apresentar propostas de melhoria.
O trabalho foi organizado sob a forma de fases, que serão descritas a seguir:

3.4.1 - 1ª Fase – Planejamento:

Para se desenvolver um trabalho de comunicação em massa, é necessário à etapa de


reconhecimento do público e preparação do programa em si, que consiste num trabalho em
conjunto, é uma etapa com ações interligadas. Conhecer o público alvo, (no caso específico da
Roncador FM, dependendo dos horários e faixa etária, ocorre variações), pois só se prepara
um programa a partir do público a que se destina. Essa fase é indispensável para se evitar
falhas e não correr o risco de se ter um programa que não condiz com os interesses e
necessidades da comunidade, e para que não haja a transmissão de notícias equivocadas, sem
precisão. Considerar a realidade local é extremamente importante para evitar erros como: usar
um linguajar inadequado ou citar exemplos que a maioria não conhece; isso faz com que haja
desinteresse pelos assuntos e o trabalho não produza efeitos na comunidade. É preciso
planejar para adequar os assuntos a serem transmitidos ao público desejado.

3.4.2. - 2ª Fase – Transmissões Radiofônicas:

Foram elaborados cuidadosamente roteiros e preparados programas informativos


sobre meio ambiente dando ênfase à Educação Ambiental, a serem transmitidos através da
Rádio Comunitária - Roncador FM. Foi criado um programa chamado: “Educação Ambiental
no Rádio” de 30 minutos semanais da grade de programação da emissora (Figura 03).
Inicialmente as transmissões eram feitas às segundas-feiras das 12:00 às 12:30 horas,
mudando para as quartas-feiras em mesmo horário e, por fim, das 7:30 às 8:00 horas às
quartas-feiras. As alterações ocorreram em função da disponibilidade da emissora e de
readequações internas.

Figura 3 – Transmissão do Programa EA no estúdio da Roncador FM, 2003.


3.4.3. - 3ª Fase – O Programa:

O programa iniciou-se em junho a dezembro de 2003, esteve no ar durante seis


meses. Para sustentar a programação montou-se previamente um “piloto” de Programa de
Rádio a ser seguido ao longo de todo o período de cada trabalho,
O programa constava de:
Abertura
Tema
Problemática
Conseqüências
Propostas de ação
História e mensagem
Conclusão

Foram inseridas músicas relacionadas com a temática ambiental, intercalando as


exposições orais. Os temas foram escolhidos de acordo com as evidências do momento (datas
comemorativas e interesse da comunidade). O conteúdo de cada programa foi embasado em
bibliografias especializadas e, em alguns momentos contou com a participação de
profissionais da área e do Projeto “Criação e Acervo na área de Ciências Naturais para
utilização em Atividades de Educação Ambiental”, conhecido como Núcleo de Educação
Ambiental, também chamado por NEA, vinculado ao Departamento de Ciências Biológicas,
do Campus Universitário de Nova Xavantina, da Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT) foi parceria efetiva, contribuindo para a eficácia desse trabalho.

3.4.4. - 4ª Fase – Levantamento de Dados:

Após o término das transmissões radiofônicas, iniciou-se a investigação, através de


um levantamento sobre a viabilidade do rádio como instrumento de EA e das metodologias
aplicadas na realização do programa. Para isso foram feitas entrevistas com 180 pessoas,
percorrendo-se dez casas de dezoito bairros, escolhidas aleatoriamente (Figura 04).
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Centro Oeste
Santa Mônica
Central
Jardim Oliveira

Figura 4 - Mapa de Localização, onde foram realizadas as entrevistas. Nova Xavantina, 2004.
3.4.5. - 5ª Fase – Análise de Dados:

Visando obter uma amostra significativa da repercussão das informações transmitidas


nos mais variados locais do município de Nova Xavantina, foi aplicada uma entrevista, que
constava de questões relacionadas à EA transmitidas na rádio (Figura 5). Logo após a coleta
de dados, as respostas foram agrupadas de acordo com apontamentos semelhantes, analisadas
e discutidas com base em referências bibliográficas especializadas.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE NOVA XAVANTINA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DISCENTE: Elizângela O. Soares


ORIENTADORA:Patrícia Ma M. Nápolis Rossete

Educação Ambiental e o Rádio

IDENTIFICAÇÃO:
Nome: Idade:
Rua: Nº Bairro:
Nº de pessoas na casa:
1. Você tem o hábito de escutar rádio? ( )sim ( )não
2.Já ouviu o programa de E.A .no Rádio? ( )sim ( )não
3. O que faz com que você escute o programa?
4. O programa chamou sua atenção? ( )sim ( )não
Se a resposta for negativa, por quê?
5. Sobre o que é transmitido, o que achou mais importante?
6.Já conhecia as informações transmitidas? ( )sim ( )não
7. Sobre o conhecimento que foi transmitido, você já utilizou alguma forma?
8. Quais assuntos relacionados a M.A . e E.A , gostaria que fosse abordado?
9. Dentro de toda a programação da rádio, o que acha do programa de E.A no Rádio?
10. O que você mudaria no programa para ficar melhor, mais atrativo?
11. O que sugere de contribuição para E.A e M.A.?
12. Você acha que é necessário (importante) esse programa no rádio

Figura 5 - Modelo das questões componentes da entrevista.


4.0 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a proposta inicial desse trabalho conseguiu-se realizar um total de


vinte e cinco edições do programa “Educação Ambiental Através do Rádio”, distribuídas ao
longo de seis meses, conforme datas e temas relacionados (Tabela I).

Tabela I - Relação das Edições e Temas do Programa de Rádio.


Mês Dia Horário Tema
Junho 5 12:00 – 12:30 Meio Ambiente E Ecologia: Histórico
Junho 9 12:00 – 12:30 Dez Coisas Que Você Deve Fazer Pelo M. A.
Junho 16 12:00 – 12:30 As Queimadas E O Meio Ambiente
Junho 23 12:00 – 12:30 As Primeiras Cidades, O Primeiro Lixo
Junho 30 12:00 – 12:30 Lixo E Seus Problemas
Julho 7 12:00 – 12:30 Lixo E Seus Problemas
Julho 14 12:00 – 12:30 Lixo E Seus Problemas
Julho 22 12:00 - 12:30 Os Dez Mandamentos Do Meio Ambiente
Julho 30 12:00 - 12:30 Reconstruindo M.A Dicas De Ação
Agosto 6 12:00 - 12:30 Água: Importância E Poluição
Agosto 13 12:00 - 12:30 Água Fonte De Vida
Agosto 20 12:00 - 12:30 Problemas nos Equipamentos
Agosto 27 12:00 - 12:30 Problemas nos Equipamentos
Setembro 3 12:00 - 12:30 Problemas nos Equipamentos
Setembro 10 12:00 - 12:30 Preservação Da Terra: Atitude
Setembro 17 12:00 - 12:30 Problemas nos Equipamentos
Setembro 24 12:00 - 12:30 Árvore: Seu Dia E Importância
Outubro 1 12:00 - 12:30 Dia Da Natureza: Por Que Comemorar ?
Outubro 8 07:00 - 07:30 A Escola Participa: Lixo Na Cidade
Outubro 15 07:00 - 07:30 A Escola Participa: Lixo Na Escola
Outubro 22 07:00 - 07:30 A Escola Participa: Lixo Em Casa
Outubro 29 07:00 - 07:30 Agenda 21: O Que É ?
Novembro 5 07:00 - 07:30 Ações Importantes para o MA
Novembro 12 07:00 - 07:30 Problemas nos Equipamentos
Novembro 19 07:00 - 07:30 Os Alimentos e as Questões Ambientais
Novembro 26 07:00 - 07:30 Problemas nos Equipamentos
Dezembro 3 07:00 - 07:30 Florestas: Preservar Para Proteger A Vida
Dezembro 10 07:00 - 07:30 Energia Elétrica
Dezembro 17 07:00 - 07:30 Agenda 21 E Saúde
Dezembro 24 07:00 - 07:30 Agenda 21e Pobreza
Dezembro 31 07:00 - 07:30 Educação Ambiental: O Que É
4.1. Perfil dos Entrevistados

Foram entrevistadas 180 pessoas distribuídas em 18 bairros do município de Nova


Xavantina – Mato Grosso (Figura 6).

60 56

50

40
29 Homens
30 25
21 Mulheres
20
13 12 13
8
10
3
0
0
10

20

50

90
a

a
8

11

21

51

Figura 6 - Perfil dos Entrevistados – sexo e faixa etária.

A realização desse trabalho de pesquisa que contemplou a EA através de um veículo


de comunicação de massa – o rádio – ouvido por um considerável número de pessoas da
comunidade de Nova Xavantina, tornou possível e oportuno a abertura de discussões, debates
e tomada de decisões ainda pouco explorada pelos cidadãos do município. Sua viabilidade
será discutida através de uma série de questões emergentes antes, durante e após a realização
dessa atividade educativa.

4.2. A eficácia do Rádio Como Instrumento de Educação Ambiental

O rádio no Brasil tornou-se de domínio público desde 1922 e a partir de então


começou a espalhar-se por todo o território brasileiro. Foi oficialmente inaugurado em sete de
setembro de 1922 e a instalação de fato aconteceu aos 20 de abril de 1923, com Roquete Pinto
e Henry Morize com a “Rádio Sociedade do Rio de Janeiro”. Em épocas de grande
significância para a história, como a década de 30 com a revolução industrial, o rádio crescia
e foi um instrumento de expansão e consolidação do processo civilizatório urbano–industrial
no Brasil. O impacto do rádio sobre a sociedade brasileira nesta época foi mais profundo do
que aquele que a televisão viria a produzir 30 anos depois. Aos poucos, com as exigências
oriundas de mudanças mundiais e locais, o rádio ia sendo direcionado para atender às
necessidades de informações regionais, ao passo que caminhava para a especialização e
adequação de emissoras nos grandes centros.
Nos dias atuais, conforme ERBOLATO (2002), o rádio continua sendo uma das
mais importantes formas de difusão de informações, atingindo todas as classes sociais. A
classe baixa não hesita em comprar (mesmo a crediário) um rádio e uma televisão, mas
dificilmente assinará um periódico ou jornal impresso. Ouvir rádio é prático e acessível,
podendo esta atividade ser feita simultaneamente a outras, como andar de bicicleta ou a pé,
em escritórios ou fábricas.
As informações do autor vão de acordo com os dados obtidos na presente pesquisa
que apontam a aceitação do rádio pela maioria da população. De um total de 180
entrevistados, 80% afirmaram ter o hábito de ouvir rádio e apenas 20% disseram que não
ouvem. Acredita-se que essa preferência pelo rádio seja por sua praticidade, por permitir
liberdade para execução de outras atividades concomitantemente, somadas ao dinamismo
característico das programações que mesclam informações, brincadeiras, músicas, entre
outros.
Evidentemente, a mídia exerce grande influência popular. “O poder da mídia, seja
exercido de forma direta ou indireta, é verdadeiramente um poder; ele atua sobre nós,
modifica nosso comportamento, nossos gostos e provavelmente até nossos pensamentos,
contribuem para a criação e manutenção de uma comunidade humana” (HANKE, 2003).
Considerando esse grande potencial em atingir a população em massa e de atuar em
sua formação, é que esta pesquisa buscou avaliar o rádio sob o aspecto educativo, verificando
sua viabilidade para a EA. Nesse aspecto, (HANKE op cit) diz que as pessoas de uma
comunidade formam um sistema humano que vive em um ambiente urbano; há entrada de
matérias e saída de resíduos, e assim sustentam-se preocupações com a harmonia do sistema
humano e do meio ambiente com os interesses tecnológicos. Nesse âmbito, cresce o interesse
de empresas da mídia em assumir sua responsabilidade social e ambiental investindo em
parcerias com pesquisadores e a comunidade. Estas parcerias resultam em benefício direto
para todos os envolvidos, uma vez que contribuem para a realização de uma comunidade de
nações cooperativas em termos ecológicos.
Em Nova Xavantina, a necessidade de um programa de EA abrangente também é
uma questão atual, principalmente quando considerado o enorme potencial ecológico do
município e suas perspectivas crescentes de progresso econômico/social, incluindo a atividade
turística como uma forte tendência.
Para MARQUES (1992) o início da educação cidadã se faz pela atuação dos meios
de comunicação de massa. Por esta propriedade o rádio e os demais meios de comunicação de
massa devem receber maior atenção por parte do Estado, uma vez que representam uma fonte
de educação permanente e continuada.
O programa “EA no Rádio” conseguiu atingir a maioria da população entrevistada
que afirmou ter o hábito de ouvir rádio, num percentual de 60,41%, um total de 87 pessoas.
Acredita-se que poderia ter sido mais abrangente, pois muitos mencionaram, que deveria ter
maior divulgação do programa e principalmente dos horários, e as suas mudanças, um fato a
ser considerado pois algumas pessoas deixaram de ouvir (não por opção), mas por não terem
ouvido as respectivas mudanças. A divulgação é muito importante também, pois muitos não
souberam de sua existência na emissora que o vinculou.
Um dos problemas em manter um programa semanal numa emissora, é a falta de
patrocinadores, pois é imprescindível para a manutenção dos equipamentos, pagamento de
funcionários, transporte para colher informações.
Porém diante das dificuldades, pôde-se considerar que o rádio é um meio eficiente
para o alcance popular e a aprovação comunitária o qualifica como meio eficaz de propagação
da EA através dos resultados apresentados.
Os escritos de CARNEIRO & TOMAZELLO (2001) reforçam a conclusiva
apresentada, para eles os meios de comunicação de massa desempenham um papel educativo,
tanto na educação formal, quanto informal, transformando as informações adquiridas em
ações práticas eficientes, pois ensinam de forma atraente e voluntária.

4.3. A Informação em Educação Ambiental e Meio Ambiente

O conhecimento do nível de informação em questões ambientais por parte da


comunidade é fundamental para a verificação da necessidade de um programa educacional
abrangente e para traçar suas linhas de atuação. O programa EA no Rádio tratou de temas
práticos e atuais, e através da pesquisa buscou verificar se as pessoas conheciam ou não as
informações transmitidas. Assim, 43,67% das pessoas responderam que sim, 19,54%
responderam que não, 34,48% responderam que sabiam algumas informações de modo
superficial, e 2,29% não responderam.
Esses resultados apontam para uma série de questões que precisam ser consideradas,
reavaliadas e futuramente reformuladas. Especialmente porque a maior parte da população
entrevistada tinha pouco ou nenhum conhecimento sobre o que foi transmitido. Por se tratar
de temas pertinentes à realidade e que freqüentemente são abordados pela mídia nacional e
internacional, o resultado faz refletir sobre as formas que os meios de comunicação abordam
determinadas temáticas, suas metodologias aplicadas e as abordagens superficiais, não
levando a informação adequada, efetiva e eficaz à população de maneira simples, para que
elas possam aplicar em seu dia a dia. Outra questão também apontada pelos entrevistados é o
uso da linguagem; uma linguagem rebuscada e muitas vezes inacessível à massa populacional
é um fator que limita as pessoas à informação ou enfocar temáticas com profundidade, longe
das necessidades e das realidades locais.
Por outro lado, deve-se considerar que a população pode não ter acesso à educação
de qualidade, aos conhecimentos gerais, culturais que possam subsidiar na recepção de
abordagens ambientalistas que lhes permitam, gerar saberes, conhecedores dos direitos e
deveres, enfim fazendo parte no processo de construção e exercício da cidadania.
Tratando-se de EA, deve-se considerar também a desigualdade social, além da
inacessibilidade ao ensino, a informação, ao emprego, à cultura e outros. Os problemas
ambientais e sociais estão intimamente relacionados, e o processo de EA deve surgir da
realidade social, do dia-a-dia da comunidade e de seu contato com o meio ambiente
(ALBERGUINI, 2002).
Nesse aspecto, os organismos de comunicação de massa podem contribuir com
projetos de EA à medida que possibilitem a discussão do desenvolvimento das ciências e sua
inclusão na vida dos cidadãos. É necessária uma abordagem ambiental a partir de problemas
sociais locais com a compreensão dos aspectos globais.
Nesse contexto, JOHN (1995) alerta que a imprensa varia conteúdos nas abordagens
ambientais, mas que há variedade também em seu valor educativo. A especificidade ocorre
em boletins, revistas, folhetos especializados destinados a um público seleto, que já possui
uma certa gama de conhecimentos na área. Há uma filtragem de público. E dificilmente uma
abordagem mais profunda e/ou detalhada ocorre na mídia tradicional.
Os 43,67% de pessoas que conheciam as informações transmitidas através do rádio,
representam o alcance educacional conseguido seja por meios institucionais ou culturais.
Apontam que é possível fazer chegar o conhecimento à população em massa, mas uma maior
abrangência requer trabalho conjunto, incluindo pesquisadores, educadores, instituições
especializadas, comunidade, governo e mídia.
4.4. O Interesse pelas Questões Ambientais – A Informação

Apenas saber quais são as carências no conhecimento popular não é suficiente para
um plano de ação em um projeto educacional. O interesse da população pelas questões
ambientais é essencial para o direcionamento do trabalho, tanto informativo quanto de
sensibilização popular.
De acordo com SOUZA et al. (1992), tem crescido o interesse popular pelos
problemas ambientais e isso tem sido expresso tanto na opinião pública quanto nos
movimentos sociais organizados. E ambos apontam para a importância política da questão
ambiental. Conforme os autores, a defesa ambiental tem sido entendida como questão de
cidadania, de garantia de acesso aos bens coletivos essenciais. Paulatinamente, a sociedade
civil tem apontado para a necessidade de novas concepções de sociedade e de
desenvolvimento em busca de ações menos predatórias e mais democráticas.
Em Nova Xavantina o interesse popular por informações ambientais mostrou-se
bastante acentuado. Um percentual de 87,35% dos entrevistados que ouviram o Programa de
Educação Ambiental no Rádio, disseram ter interesse pelo assunto e que o programa chamou
sua atenção. Apenas 6.87% disseram não ter dado atenção ao programa, sendo a maior
justificativa os afazeres e ocupações diários, que nesses casos, os impossibilitaram de dedicar-
se à escuta do programa. Outros 5,74% não opinaram sobre a questão.
Esses resultados confirmam as estimativas de que o povo tem interesse pela
informação e anseia pelo conhecimento. Porém, é sujeito a uma série de limitações, incluindo
tempo (por questões econômico/sociais) e acesso, dentre outras, que excluem muitos das
decisões e interferências nos rumos dos problemas ambientais da cidade ou da nação.
O interesse evidente parte da concepção de que a dignidade social depende do
manejo adequado e bem distribuído do meio ambiente. “As lutas sociais já existentes buscam
a democratização do controle sobre os recursos naturais. Pois, como o meio ambiente é o
suporte natural da vida e do trabalho das populações, a luta contra a degradação ambiental
tem por objetivo a preservação dos direitos dos cidadãos à vida e ao trabalho. Como as
relações das populações com o meio ambiente constituem formas culturais específicas de
existência dos grupos sociais, a degradação do meio ambiente é um processo de destruição de
modos de vida e do direito à diversidade cultural de relacionamentos das comunidades com a
natureza” (SOUZA et al., 1992).
4.5. A Prática do Conhecimento em Educação Ambiental e Meio Ambiente

A prática de conhecimentos adquiridos no campo da EA tem uma representação de


cidadania. A viabilidade de um programa educacional pode ser analisada, também, pela
utilidade das informações transmitidas e de sua capacidade de suscitar ações. Com base nesta
concepção, buscou-se verificar o índice de utilidade do aprendizado através do programa de
Educação Ambiental no Rádio.
A utilização das informações adquiridas foi confirmada pela maioria das pessoas
(65,51%), ao passo que 22,98% disseram não usá-las de nenhuma forma. Algumas vezes e/ou
algumas informações foram utilizadas por 4,59% da população entrevistada e 6,87% não
responderam à questão.
Temas como conservação geral de recursos naturais, uso consciente e economia
fizeram parte das abordagens do Programa, que apresentava sempre dicas práticas para ações,
atitudes cotidianas em favor da conservação ambiental. Esta característica, pode ter sido um
fator-ajuda nessas práticas e na utilização das informações. Sendo que a sensibilização é
intrínseca à EA, considerando esses resultados como essenciais na concretização dos
objetivos propostos por esse trabalho.
A influência do rádio nesse processo pode ter sido fundamental no resultado
apresentado. Concordando com RAMOS (1996), a comunicação de massa é de grande
importância na constituição e propagação das representações sociais que são expressas de
variadas formas na vida dos cidadãos e se institucionalizam, caracterizando a visão aceita e
defendida pela comunidade.
Por outro lado, é preciso considerar que embora ações específicas (de cada família
ou indivíduo) sejam o princípio de grandes movimentos que determinam o equilíbrio
ambiental, práticas sociais integradoras envolvem complexidade maior que aparenta.
A interferência dos meios de comunicação de massa, por exemplo, está inserida em
um amplo contexto, como observa RAMOS (op cit). Para ele, os efeitos sociais dessa
interferência dependem da ação integradora dos meios, das mensagens, das intenções do
comunicador, das preferências e predisposições do receptor e das condições gerais que
permeiam o processo de comunicação.
Diante disso, considera-se viável a ação propulsora de iniciativas e com capacidade
de suscitar a consciência ambiental. Embora seja necessário investimento, aprofundamentos
temáticos e formação integrada dos cidadãos, não se pode negar a eficiência do rádio no
processo de sensibilização; acredita-se, com base nos resultados apresentados, que o contato
permanente da população com a informação segura, atual e através de um processo dinâmico,
conduza a mudanças nas posturas cotidianas de utilização do aprendizado.

4.6. Principais Assuntos sobre Meio Ambiente e Educação Ambiental, com Interesse da
Comunidade.

A EA, como defendem TELLES et al. (2002), caracteriza-se como um processo


dinâmico que deve enfocar suas ações no contexto do ambiente em que está inserida,
considerando além de seus aspectos físicos, químicos e biológicos, todas as interações
humanas que afetam o desenvolvimento social, a economia, a cultura, a política e as relações
ecológicas, éticas e estéticas. É no ambiente que se processa todo e qualquer
desenvolvimento, por isso deve ser considerado essencialmente.
Dessa forma, a opinião comunitária sobre o que se processa no ambiente social e
suas influências no ecológico, são extremamente necessárias à EA. É a comunidade que vive
e sente a realidade, o que se traduz em anseios, quando não em ações.
Ao longo dessa pesquisa a comunidade relacionou seus principais assuntos de
interesses, temas que geram dúvidas, que suscitam curiosidades e que proporcionam reflexão
sobre a relação do ser humano com o meio, as melhores formas de atuação para evitar
depredação e os melhores meios de controle dos desequilíbrios já provocados. Os
entrevistados apontam os temas, que representam os assuntos que a comunidade gostaria de
ouvir no Programa de Rádio, com uma abordagem ampla, com direcionamento à realidade
local (Tabela II).

Tabela II - Temas citados para abordagem no programa de EA no Rádio.


TEMAS N° DE CITAÇÕES
Limpeza/saneamento 48
Degradações 35
Questões Sociais e Meio Ambiente 33
Rio / Água 26
Florestas 19
Leis Ambientais 14
Todas as Temáticas Ambientais 07
Não responderam à questão 14
A partir desses interesses comunitários, pode-se fazer um trabalho educativo mais
direcionado. Ou seja, partindo do que as pessoas querem ouvir e de seus interesses em
construir conhecimentos nas áreas em questão, o educador (no caso a equipe de produção)
terá maior facilidade para desenvolver uma programação envolvente para o ouvinte, sanando
suas dúvidas e dando-lhe a oportunidade de unir teoria à prática diária de ações que
constituam a defesa ambiental.
Esses aspectos temáticos ganham importância, uma vez que todo trabalho que visa a
proteção e conservação do meio deve considerar que a EA atua na sensibilização e
conscientização do cidadão, estimulando a participação individual nos processos coletivos.
Deve atuar diretamente na realidade de cada comunidade, sem perder de vista a sua dimensão
planetária (TELLES, 2002).

4.7. O Programa de Educação Ambiental no Rádio

Este trabalho constitui uma nova proposta de ação para educadores ambientais (ou
pessoas que trabalham com a mídia) fazerem a sensibilização comunitária. Trata-se de um
campo ainda pouco explorado no município e, como todo novo instrumento, deve ser
analisado a fim de se verificar seu real valor educativo e social. Assim, segue uma abordagem
detalhada de cada aspecto do programa vinculado, buscando apresentar um panorama geral de
suas potencialidades e carências.

4.7.1 A importância Educacional

Ao avaliar a importância educacional de um trabalho como esse, inevitavelmente


volta-se ao poder da mídia. Nesse aspecto, como elucidado nos PCN (2001), a mídia,
enquanto comunicação de massa e moduladora de opinião, representa uma aliança
extremamente eficaz ao processo educacional. O envolvimento de jovens que passam por um
processo de formação é rápido e intenso, porém, não deixa de atingir o adulto que já não faz
parte do ensino formal.
Traduzindo-se para a educação voltada para o meio ambiente, o papel da
comunicação de massa é ainda mais intenso e necessário. Isto porque se trata de um assunto
que embora emergente, ainda não se massificou por completo e esta é uma condição
importantíssima à defesa ambiental. A complexidade emerge da diversidade ideológica,
cultural e socioeconômica do público, que podem tanto convergir como divergir, em tempo
real. As intensificações das propostas educativo-ambientais são muitas, além de desejos
insistentes de ambientalistas, é uma exigência constitucional e um compromisso das nações
do mundo todo.
De forma geral, conforme TRAJBER & COSTA (2001), a informação ligada ao
meio ambiente, sempre ocupou um espaço generalizado e dificilmente uma ala específica no
jornalismo brasileiro desde seus primórdios. Contudo, em tempos atuais, esse tema vem
ganhando uma definição no mundo da mídia; surgem programas específicos em TVs, rádios,
destaques em revistas e jornais. Iniciativas louváveis que abrem um leque para a cobertura dos
problemas ambientais.
Esta abertura caracteriza novos tempos e pode ser vista por educadores ambientais
como uma forma da educação alcançar espaços mais longínquos, famílias inteiras, grupos de
amigos, profissionais da área, leigos, gerando discussão e motivando atitudes.
Diante de toda a importância de um trabalho desse nível, está também o aspecto
delicado de sua concretização. Embora realmente possível, não se trata de um trabalho
simples, facilmente elaborado. Para ser adequado a todo tipo de público, para surtir efeito,
para atender à essência da EA, um programa de rádio deve ter envolvimento de profissionais
competentes e comprometidos com a causa. A característica dinâmica do rádio não deve ser
esquecida.
Concordando com REIGOTA (2001), a EA deve assumir uma pedagogia crítica,
progressiva e libertadora. Mas soma-se a isso, a necessidade de buscar caminhos diferentes e
inovadores para essas práticas. Ousar com criatividade, saboreando possibilidades e reflexões
nas mais diversas atividades.
Por outro lado, é evidente que há um custo econômico na produção e execução
desses programas de rádio. Talvez, esbarre-se aqui em um obstáculo à concretização dessa
proposta educadora. Porém, ao mesmo tempo a mídia pode ser incentivadora de empresas e
instituições a serem agentes financiadores desses projetos. Vem crescendo o interesse por esse
tipo de investimento, pois significa retorno e respaldo social às empresas financiadoras diante
da concorrência e do mercado.
Concordando com a afirmativa, HANKE (2003) ressalta que tais parcerias
representam uma ótima oportunidade de pessoas com habilidades e competência
desenvolverem um trabalho com grandes resultados para a comunidade e para o meio
ambiente social e ecológico.

4.7.2 A Aceitação Comunitária

Como foi a aceitação comunitária do programa ? Que avaliação a população fez?


Responder a essas questões é uma das principais metas desse trabalho. Para fazer
isso, tem-se a base oriunda da própria população, manifesta na entrevista aplicada. A
princípio, sustenta-se a idéia de que o rádio é um meio que desperta fascínio e integração e
que, portanto, é útil à EA. Esta conclusiva pode ser evidenciada ao se observar o paralelo
entre a conceituação dada ao programa, (Figura 7) e o índice de aprovação comunitária
expresso pela capacidade de despertar a atenção do público (Figura 8).

12 1

66

Bom Regular Ótimo Não sei

Figura 7 - Conceituação do Programa EA no Rádio.


80 74

70

Nº de Pessoas 60

50 Sim
Não
40
Às vezes
30 Não opinaram

20

10 6 5
2
0

Figura 8 - Índice de Aprovação do Programa – capacidade de despertar atenção.

Como se observa, a maioria das pessoas se interessou pelo programa, o que


demonstra que ele conseguiu despertar a atenção do público com sua mensagem temática.
Paralelamente, não houve nenhuma desaprovação do programa, pelo contrário, o maior
número de entrevistados o classificou entre bom e ótimo. Esse resultado, mostra efetivamente,
que a proposta apresentada tem ampla aceitação comunitária, o que constitui uma importante
vantagem ao processo educativo.

4.7.3 A Metodologia Aplicada

A maneira como um programa de rádio é conduzido, o enfoque dado à


programação, o dinamismo, a seqüência metodológica. Tudo isso é fundamental para que o
resultado do trabalho seja efetuado de maneira eficaz, partindo da concepção de que o bom
desenvolvimento de cada um dos itens acima citados é que garante o propósito de toda
programação: a audiência. A partir dessa poderosa ferramenta constrói-se, então, todo um
caminho de sucesso em qualquer ramo, como por exemplo, o da EA. Um programa de rádio
só poderá ser educativo se envolver o público alvo, despertando-lhe o interesse pelo assunto
proposto.
Tratando-se desse trabalho de pesquisa, uma das formas de se fazer a avaliação,
além daquelas já apresentadas em outros aspectos abordados, é a opinião popular a respeito de
possíveis mudanças a serem feitas, quer seja na metodologia-padrão, quer seja nas técnicas
que permearam toda a execução do programa. A (Figura 9), mostra as categorias em que se
enquadram as mudanças propostas. Com esses dados, pode-se ter uma ampla visão do que a
comunidade deseja ouvir, ou, do estilo que agrada o público.

14%
24%
4%

3%

14%
41%

Nada Maior divulgação


Horário Maior dinâmismo
Linguagem mais simples Não opinaram

Figura 9 - Itens de mudanças propostas pelos entrevistados.

O dinamismo, sugerido nas respostas à entrevista, pode ser representado pela


qualidade e tonalidade da voz, pela inserção de músicas temáticas ou não, pela produção
técnica, pela definição de quadros específicos, pela introdução de um número maior de
entrevistas, a participação de estudantes e populares, dentre outros que vivificam as
abordagens temáticas, incorporando-se às características intrínsecas do rádio. O outro fator
mencionado, que também não deixa de ser uma característica do rádio, é a utilização de uma
linguagem completamente simples, de fácil acesso a todo tipo de público.
A manifestação comunitária expressou o que PIGNATARI (1969) escreveu há
bastante tempo, defendendo o dinamismo na educação. Para ele, a “implosão” da informação
requer meios e métodos inovadores, que disponibilizem de planejamentos móveis, passíveis
de mudanças e readequações. Os meios de comunicação de massa, com essa possibilidade
tornam “anacrônicos” os métodos tradicionais de se fazer educação.
O horário de vinculação do programa foi citado como proposta de mudança
(voluntariamente) por um considerável número de pessoas, mas muitos outros quando
opinavam sobre a importância da atividade, citaram o horário como limitante de audiência.
Observa-se nas explanações dos horários mencionados em ordem crescente de aceitação
(Figura 10).

70
60
60
Final de semana
50
42 Manhã e tarde
Nº de pessoas

40 Flashs
Tarde
30 26 Manhã depois das 8h
23
Horário de almoço
20
Não opinaram
10 6 7
3
0

Figura 10 - Relação de horários para realização do programa EA no Rádio.

Surgiram várias alternativas, inclusive a de “flash” (que diminui consideravelmente


o tempo de abordagem, mas possibilita várias inserções de curto tempo ao longo da
programação diária). Antes das 8:00 horas, é um horário tido por muitos como muito cedo,
dificultando por diversos motivos, a audiência do programa. Embora a preferência tenha sido
explícita, o horário é uma questão delicada, pois envolve além do interesse popular, a
disponibilidade e adequação da emissora que transmitirá a programação. Sugere-se, então, um
consenso entre a emissora de rádio, os possíveis patrocinadores e os idealizadores do projeto,
com base na preferência do público e nos objetivos propostos a cada realidade.

4.7.4 Temas Abordados: Importância e Abrangência

A EA, deve inserir-se na realidade local ou partir dela. Daí a importância de se fazer
uma análise cuidadosa dos assuntos propostos para discussão em um programa educacional de
tamanha abrangência como o rádio. Na elaboração desse trabalho, os temas foram
selecionados ao longo do tempo, de acordo com enfoque do momento e interesse comunitário
expresso de alguma forma, em questões atuais ou indicações. Porém, o tempo destinado à
produção de cada programa, pode não ter sido o ideal, uma vez que não se contava com uma
equipe de profissionais exclusiva, como requer. Acredita-se que essa carência tenha
influenciado na qualidade das informações e das mensagens transmitidas, por isso defende-se
o envolvimento de duas ou mais pessoas na execução de atividades como essa, que tenham
além de habilidades e competência, comprometimento com a causa. Para a verificação da real
importância dos temas propostos para a comunidade, tem-se a relação do que mais interessou
à população nos programas realizados, como mostra a (Figura 11).

40
36
35

30 Animais
Agenda XXI
Nº de pessoas

25
Lixo
20 Tudo
15 Florestas
15
10 11 Água
10 8 Não responderam
5
5 2
0

Figura 11 - Temas citados como os mais importantes dos programas realizados.

Um número considerável de entrevistados não respondeu à questão, o que conduz a


uma série de reflexões: simplesmente não quiseram opinar, não se lembraram, não dedicaram
total atenção à escuta do programa ou não se interessaram especificamente por nenhum dos
temas. Pode-se ter todas essas justificativas, bem como algumas ou nenhuma, tendo-se assim,
outras causas ao não posicionamento. Considerando essas possibilidades, acredita-se que a
divulgação do programa, a fim de que as pessoas se programem para ouvi-lo; o investimento
no dinamismo e uma abordagem aprofundada dos temas, sejam um caminho a ser seguido.
Dentre as respostas apresentadas, destacaram-se “Água e Florestas”, mostrando a
evidente preocupação comunitária com os problemas que se pode considerar os mais visíveis,
tendo-se as riquezas naturais como um grande patrimônio da população local. Além disso,
questões como “lixo e Agenda 21” também entraram nas categorias de interesse dos ouvintes.
Comparando os temas já abordados e aqueles citados para abordagem mais
profunda, pode-se observar que as citações vão de encontro, mostrando que os assuntos
tratados foram de grande importância, porém, requerem uma maior aproximação das
emergências locais dando-lhes um enfoque prático, envolvimento comunitário nas discussões
com profissionais da área e com autoridades competentes do município, além de um maior
tempo dedicado à abordagem, que deve ser feita detalhadamente.
Como esclarecido nos PCN (2001) o grande desafio da EA é trabalhar com atitudes,
com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem, habilidades e procedimentos.
Comportamentos ambientalmente corretos, aprendidos no dia-a-dia.

4.7.5 A Continuidade

Tem-se no Brasil uma grande diversidade de iniciativas em EA, idéias originais que
constroem experiência e abrem caminho para trabalhos importantíssimos em prol da cidadania
e dos direitos humanos e ecológicos. Cada uma com características particularidades, que
devem ser respeitadas e analisadas sob o ponto de vista pedagógico-educativo, pois quando
bem realizada, a EA tem o poder de influenciar decisões levando a mudanças de atitudes e
construção da cidadania, com efeitos sociais e ambientais.
Tendo em vista esta perspectiva construtora e considerando a realidade local, bem
como a aceitação comunitária do rádio como instrumento educativo, acredita-se que é de
extrema importância a continuidade dessa atividade educacional. Todos os aspectos já
abordados sobre esta experiência apontam a eficiência instrumental do rádio para a
propagação de informações, para a sensibilização, para a formação de opinião e construção do
conhecimento. Dessa forma, a experiência mostra que educadores ambientais, instituições e
empresas interessadas têm um caminho seguro a percorrer. Porém, volta-se a insistir, que a
EA vai muito além de interesses individuais, é uma causa comunitária, social, ecológica e
econômica. Deve estar engajada em todos os setores, inclusive do governo.
A presente pesquisa, bem como todos os dados obtidos e as considerações feitas
pela comunidade local, ouvinte do rádio, foram apresentados à emissora Roncador FM, que
afirmou total interesse em dar continuidade à atividade educacional. Dessa forma, ao ser
levado a diante o projeto poderá ser reformulado com as modificações propostas,
representando uma fonte de EA permanente, disponível à comunidade de Nova Xavantina.
Deve-se considerar também a importância da realização de avaliação temporariamente, para
que a atividade acompanhe os interesses populares e esteja de acordo com a realidade local.
Para a maioria das pessoas, o direito à qualidade ambiental de vida se expressa de
modo imediato no ambiente próximo, isto é, o ambiente de moradia, de trabalho, etc. A
população concentrada nas cidades, através do exercício desses direitos, pode conferir mais
substâncias ao seu envolvimento em defesa dos ambientes mais distantes.

5.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A EA torna-se cada vez mais uma exigência que acompanha o desenvolvimento


social, científico e tecnológico. É uma exigência constitucional no Brasil e um compromisso
de várias nações do mundo.
Assim, a realização desse trabalho possibilitou a abertura de uma nova proposta de
concretização e efetivação da EA, numa forma integradora e acessível à população em massa.
Através da realização dos programas de rádio voltados à questão ambiental e da avaliação
popular dessa atividade, verificou-se a eficácia do rádio como instrumento do processo
educativo. Porém, para alcançar esta eficácia, deve-se atentar para uma série de questões.
Sugestões apresentadas pelos entrevistados apontam que só será possível por meio de projetos
previamente estabelecidos e avaliados, que priorizem a realidade local, a participação popular,
a colaboração de especialistas e o dinamismo característico do rádio, como forma de atrair a
atenção e o envolvimento comunitário.
Constatou-se que a comunidade tem interesse pela temática, mas muitos não têm
acesso e vêem em programas de massificação de informações, como os desenvolvidos na
rádio, uma forma de aprendizado e de participação cidadã. Mesmo com ressalvas e
reformulações a serem feitas, o programa foi aceito pelos entrevistados que o ouviram e,
igualmente, a indicação para a continuação da atividade. Esta, porém, implica em várias
exigências, principalmente uma equipe de produção e agentes financiadores, além de
disponibilidade de tempo na grade de programação da emissora de rádio vinculadora do
programa.
6.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERGUINI, A.C. Projeto Semear: mídia e educação ambiental na escola. Revista


Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, 2002. 9 (15): 31-43.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Mec/Sec, 2001. 187 p.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente e Saúde. 3. ed. Brasília: Mec/Sec,
2001. 30 p.

CARNEIRO, M.A & TOMAZELLO, M.G. A televisão e a Educação Ambiental: o programa


eco/TV Cultura. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, 2001. 5 (10):
10-14.

ERBOLATO, M.L. Técnicas de Codificação em Jornalismo: redação, captação e edição no


jornal diário. 5.ed. São Paulo: Ática, 2002. 256 p.

FERREIRA, J.C.V. Mato Grosso e seus Municípios. 2. ed. Cuiabá: Buriti, 2001. 660 p.

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12/ 2003.

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MARQUES, E.G. Educação Ambiental pelos Meios de Comunicação de Massa. Belo


Horizonte - MG (Dissertação de Mestrado) UFMG. 1992. 63 p.
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Cortez, 1998. 220 p.

PIGNATARI, D. Informação, Linguagem, Comunicação. 3. ed. São Paulo: Perspectiva,


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PUEBLA, E. Educar com o coração: uma educação que desenvolve a intuição. Tradução de
P.C.C. Chneel. São Paulo: Peirópolis (Série Educação para a paz) 1997. 144 p.

RAMOS, L.F.A. Meio Ambiente E Meios De Comunicação. São Paulo: ANNABLUME,


1996. 159 p.

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SEARA FILHO, G. Apontamentos de Introdução à Educação Ambiental. Ambiente, 1998. 3


(26): 40-44.

SOUZA, H.; CARVALHO, I. C. M.; GONÇALVES, C. W. P.; SOARES, M. C. C.;


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Integradas com o Meio Ambiente. São Paulo: Sá Editora. 2002. 144 p.

TRAJBER, R. & COSTA, L.B.da (Orgs.). Avaliando a Educação Ambiental no Brasil:


materiais audiovisuais. São Paulo: Peirópolis, 2001. 156 p.
.

APÊNDICE
Apêndice

Modelo/piloto do Programa de Educação Ambiental Através do rádio:

Primeira parte

Vinheta de abertura: A partir de agora Reflexões sobre Meio Ambiente, um


programa da sua rádio, Roncador Fm.
Abertura: Olá. O tema de hoje é “Água, fonte de vida”. No programa de hoje, o
N.E.A. e a Roncador FM convidam você para bancar o super-herói! Para participar, não é
preciso ter visão de raios-X ou saber voar. A idéia é investir em seus super poderes em defesa
da água. Para que esta missão esteja “no papo”, acompanhe conosco esse programa todinho e
... mãos à obra!
Música: Água.
Há pessoas que imaginam o nosso planeta como um lugar onde há água doce de
sobra. Pois, então, pegue um mapa mundi e dê uma olhada. Notou como a maior parte do
nosso planeta é coberta por água? Mas ela está principalmente nos oceanos. É, portanto,
salgada. A água doce – usada pelas pessoas para beber, cozinhar, irrigar plantações, em
fábricas e indústrias – se for comparada com toda a água que há na terra, existe em pouca
quantidade. E parte dela ainda está congelada nas geleiras e nos pólos do planeta.
Alguns cientistas acreditam que o aumento do consumo de água doce somado à sua
poluição, são os fatores que mais vão colaborar para a redução desse líquido no planeta.
Pesquisadores avaliam que num futuro muito próximo alguns países poderão até brigar mais
por reservas de água doce do que por petróleo. Já imaginou? E essa “crise da água” poderá
acontecer já no século XXI.
Vinheta:Cidadania se faz pela ação: participe!
A palavra de ordem é economizar. A preservação de rios, lagos, lagoas, enfim, dos
reservatórios de água doce do mundo deve ser acompanhada de duas palavras-chaves:
economia e inteligência. Afinal, de que adianta cuidar das fontes de água, se desperdiçarmos
água em nossa casa?
E o exemplo pode partir de você – o super herói dessa história. Primeiro, dê o
exemplo: economize água! Ao escovar os dentes, feche a torneira; não tome banhos tão
longos; varra a calçada em vez de lavá-la diariamente...Também não brinque com água.
Afinal, você agora sabe que ela está se tornando cada vez mais escassa no planeta.
Mas como diz o ditado, uma andorinha só não faz verão, então é preciso sensibilizar o maior
número possível de pessoas sobre o assunto. Comece pela sua família, depois pelos amigos e
vá aumentando a corrente. Esse pode ser o início de uma grande mudança.
Vinheta: Cidadania se faz pela ação: participe!
Música: Terra, planeta água
Apoio Cultural da emissora (comerciais)

Segunda Parte

Vinheta: Meio Ambiente e você: uma questão de vida!


Você está ouvindo “reflexões sobre meio ambiente”, realização Roncador FM. O
tema de hoje é Água, fonte de vida.
Vinheta: Meio ambiente e você: uma questão de vida!
Você sabia que o Brasil conta com uma das mais avançadas leis ligadas ao uso da
água? Criada em 08 de janeiro de 1997, a lei número 9.433, conhecida como Lei das Águas,
afirma que a água é um bem que pertence a todos. Reconhece, também, que ela pode acabar e
que tem valor. E define como um dos seus objetivos, assegurar às gerações atuais e às futuras
– água de qualidade e em quantidade suficiente.
Mas você deve saber também que a responsabilidade é de todos nós. Em Nova
Xavantina, por exemplo, temos um potencial hídrico riquíssimo. Não é preciso muito esforço
para que você se lembre, agora, de todos os presentes maravilhosos da natureza para o nosso
município, e o maior deles é, sem dúvida, o nosso Rio das Mortes. Bem, agora, convidamos
você para pensar por um instante sobre como pode contribuir nessa corrente de VIDA e
PRESERVAÇÃO de nossos recursos naturais. Afinal, você também tem parte nisso.
História/Mensagem: Fábula do beija-flor
“Uma antiga história nos conta que certa vez a floresta pegou fogo e os animais
fugiram apavorados para o outro lado do rio. O elefante e o hipopótamo choravam, o leão a
tudo olhava com tristeza, enquanto a zebra só pensava na sorte que tivera por ter escapado. O
Beija-flor, porém, pegava em seu bico uma gota de água do rio, voava até o outro lado e
deixava cair sobre o fogaréu. Os outros animais acharam graça.
- O que é que você está fazendo Beija-flor? Você acha que pode apagar o fogo
sozinho? Perguntaram.
O passarinho respondeu:
- Eu estou apenas fazendo a minha parte”.
Esta história tem muito a ver conosco. Ela nos mostra que cada um pode fazer a sua
parte, por menor que seja, para melhorar as condições de vida no planeta em que vivemos. E
mostra também que fazer alguma coisa é melhor do que não fazer nada.

Música: Planeta sonho


Vinheta: Cidadania se faz pela ação: participe!

Conclusão:

No programa de hoje falamos de água, fonte de vida. No próximo aguardamos você


para conversarmos sobre outro assunto de grande interesse para todos nós. Reflexões sobre
Meio Ambiente, realização: Rádio Comunitária Roncador Fm.
Vinheta: rádio FM.

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