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34-O MISTÉRIO DA RELIGIÃO-04/Março/2005

Por quê a religião continua sendo um fator que, ao invés de unir os homens, os afasta ainda
mais uns dos outros? Desde que o homem passou a ter consciência da sua própria
existência e a imaginar que uma força poderosa o “vigiava”, ele passou a lutar contra si
mesmo e contra aqueles que não rezavam as suas crenças. Na verdade, pelo que se tem
visto e ouvido no noticiário, lutas religiosas ainda perduram em toda parte do globo. Não
somente a política, mas religião é também um dos motivos de tanto sangue derramado, de
tanta desagregação, de tanto ódio. Pouco mudou com relação à antiguidade. Tampouco a
tecnologia conseguiu transformar o pensamento arraigado do ser humano. E não se pode
dizer que essa é uma característica do leste, com muçulmanos, judeus, xiitas, sunitas, etc.,
brigando entre si, pois na Europa ainda persistem lutas que envolvem protestantes,
católicos, luteranos, anglicanos e por aí vai. Ninguém tem razão, mas todos têm suas
razões. Têm argumentos insuperáveis porque se baseiam em escritos ditados (ou “ouvidos”)
pelos seus líderes e arrebanhadores. Apesar dos pesares, se a religião for encarada de forma
ponderada, equilibrada, ela poderá ser um instrumento agregador para que o indivíduo se
desenvolva espiritualmente falando. Por isso, o pressuposto é o equilíbrio, o respeito mútuo
pela opinião diferente ou pela crença alheia. O dogmatismo pode até existir, mas deve ser
menos exagerado, menos controlador, menos subjugante. As imposições, sabe-se, podem
afetar o comportamento ou a ação do religioso, fazendo-o tomar certas atitudes não corretas
com o que se entende como bem-viver. Será que matar – e se matar - alguém em nome de
seu deus é o correto? O paraíso de fato seria a conseqüência desses “suicidas sagrados”?
Discordar do pensamento alheio é motivo para tanto ódio? E tudo em nome do “Criador”?
Se aquele que pratica a religião se conscientizar que a força maior não é só externa, mas
interna, então sua vida poderá ser diferente. O apego excessivo a “livros sagrados”, pode
gerar alienação para aquele que professa determinada religião. A visão mais pragmática e
menos radical sugere que as leis divinas ou cósmicas jamais poderiam ser escritas. É
verdade que os grandes líderes religiosos como Moisés, Jesus, Buda, Zoroastro, Maomé,
dentre outros, eram influentes e tiveram uma missão sublime e valiosa. Mas, os seus
interpretadores (ou intérpretes), ao longo dos anos, deturparam e muito a essência do seu
trabalho para com a humanidade. Então, qual seria o parâmetro para o ser humano se
mirar? Quem sabe, essas “leis” não estejam escritas na Natureza? Afinal, através dela pode-
se presenciar harmonia, beleza e ordem (quando o homem a altera, há o revide, o que é
natural). Pela tradução falha, a religião passou a ser uma barreira, ao invés de ser um
caminho. Interesses humanos (ou “pseudo-humanísticos”), escusos e egoísticos,
interpuseram em seus objetivos. Não cabe agora enumerar quais seriam esses erros e de
quem foram. O foco aqui é exatamente o contrário: mostrar a todos que a religião pode
oferecer a bússola e o mapa. Achar o tesouro (a maestria), é função daquele que se dispõe a
buscá-lo. Tendo consciência dessa realidade e se integrando à harmonia da natureza através
da religião, o ser humano certamente vai sentir e agir de acordo com as leis universais.
No mais, as futuras gerações de homens e mulheres tendem a modificar as suas aspirações
espirituais.
A religião do futuro, quem sabe, poderá ser desprovida de dogmas, privilegiando a
liberdade de consciência e a reflexão pessoal. E não será mais na Bíblia, na Torá, no
Alcorão, nos Upanishads ou em qualquer outro “livro sagrado” que será “pescada” a
palavra divina, mas no “livro da alma”. E que chegue o momento em que a espiritualidade
seja feita tão-somente de conhecimento e humanismo.
E o homem passará a se comportar à imagem e semelhança de seu Criador (sem aspas).

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