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Araraquara
2005
PATRICIA GONÇALVES DE OLIVEIRA
Monografia apresentada ao
Curso de Especialização em
Saúde Pública da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da
Universidade Estadual Paulista
“Julio de Mesquita Filho” -
Campus de Araraquara para
obtenção do título de
Especialista em Saúde Pública.
Araraquara
2005
Aos meus pais, Jairo e Ana Lídia, que me deram a vida e formaram meu
caráter e personalidade.
A Karine, minha irmã, que o destino nos fez irmãs e a confiança nos fez
amigas.
Ao Rodrigo, meu amor, pelo auxílio, dedicação e carinho com que me faz
feliz.
A professora Maria Jacira. Obrigada pela compreensão e pelo auxílio que deu
qualidade ao trabalho.
A funcionária Joselma. Eternamente grata por ter sido uma mãe para mim.
AGRADECIMENTOS
Aos professores. Muito obrigada pelo carinho e conhecimento que nos foi
destinado.
Página
Lista de Ilustrações------------------------------------------------------------------------08
Lista de Tabelas----------------------------------------------------------------------------09
Resumo--------------------------------------------------------------------------------------10
Abstract--------------------------------------------------------------------------------------11
Apresentação--------------------------------------------------------------------------------12
1.Introdução---------------------------------------------------------------------------------15
1.1. Fisiopatologia------------------------------------------------------------------------18
1.2. Classificação da Hipertensão Arterial---------------------------------------------20
1.3. Diagnóstico---------------------------------------------------------------------------22
1.4. Prognóstico---------------------------------------------------------------------------24
1.5. Terapêutica Anti-hipertensiva------------------------------------------------------24
2. Objetivos----------------------------------------------------------------------------------29
3. Metodologia------------------------------------------------------------------------------30
3.1. Local do Estudo---------------------------------------------------------------------30
3.2. População e Período do Estudo---------------------------------------------------30
3.3. Medidas de Pressão Arterial e Antropometria-----------------------------------30
Página
QUADRO 1-----------------------------------------------------------------------------20
GRÁFICO 1-----------------------------------------------------------------------------32
GRÁFICO 2-----------------------------------------------------------------------------33
GRÁFICO 3-----------------------------------------------------------------------------34
GRÁFICO 4-----------------------------------------------------------------------------35
GRÁFICO 5-----------------------------------------------------------------------------36
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA 1------------------------------------------------------------------------------37
TABELA 2------------------------------------------------------------------------------38
TABELA 3------------------------------------------------------------------------------39
TABELA 4------------------------------------------------------------------------------40
RESUMO
A Hipertensão Arterial é uma doença de elevada prevalência em nosso país, atingindo cerca de
20% da população adulta jovem e 50% da população idosa. O objetivo deste estudo foi
determinar a prevalência da Hipertensão Arterial e a percepção do conhecimento da condição de
hipertenso entre os idosos que participam do Programa de saúde da família do município de
Jaborandi, S.P. Participaram do estudo 33 idosos (> 60 anos). Entre eles, 63,6% foram
classificados como hipertensos, sendo que destes, 72,2% sabiam ter hipertensão. Dos hipertensos,
66,7% não apresentaram controle eficaz dos níveis pressóricos e 38,1 % não estavam sendo
tratados. As variáveis que apresentaram associações positivas com o saber ter hipertensão foram:
gênero feminino (75%), percepção da saúde como ruim (93,7%), maior número de consultas
médicas (93,8%), medir a pressão arterial com mais frequencia (87,5%), não fumar (87,5), não
beber (75%), não ter deixado de realizar alguma atividade habitual por problemas de saúde
(75%), não ter diagnóstico médico anterior de Diabetes (87,5%) e de Angina e/ou Infarto
(81,3%)], história familiar de doenças cardiovasculares antes dos 50 anos de idade (56,2%),
menor número de internações hospitalares nos últimos 12 meses (75%). Encontrou-se associação
negativa entre o saber ter hipertensão com: maior faixa etária (7,3%), obesidade (18,8%), falta de
atividade física (25%), morar só (19,7%), maior número internações hospitalares nos últimos 12
meses (75%) e ter plano privado de saúde (81,3%). Concluiu-se que é importante o acesso dos
idosos aos serviços de saúde para que a sua condição de hipertenso possa ser diagnosticada e
tratada e tenha informação sobre a hipertensão, fazendo com o idoso possa aderir
satisfatoriamente ao tratamento.
The Arterial Hypertension is an illness of high prevalence in our country, reaching about 20% of
adult young population e 50% of the aged population. The objective of this study was to
determine the prevalence of the Arterial Hipertension and the perception of the awareness of
hypertension between aged residents in the community. They had participated of the study 33
aged (≥ 60 years) of the city of Jaborandi, São Paulo. Between them, 63.6% had been classified
as hypertensive, being that of these, 72.2% only knew to be hypertensive. Of the aged
hipertensive, 66.7% had not presented efficient control of the pressuric levels and 38.1 % was not
being treated. The following variables have presented positive associations with knowing to be
hypertensive: feminine sex (75%), perception of the health as bad (93,7%), number of medical
consultations (93,8%), minor time of the last measure of the arterial pressure (87,5%), not to
smoke (87,5), not to drink (75%), not to have left to carry through some habitual activity for
health problems (75%), not to have previous medical diagnosis of Diabetes (87,5%) and Angina
and/or Stroke (81,3%), familiar history of cardiovascular illnesses before the 50 years of age
(56,2%), minor number of hospital internments in last the 12 months (75%) Negative association
between knowing met to be hypertensive with: bigger age band (7,3%), obesity (18,8%), physical
activity (25%), to live alone (19,7%), greater number hospital internments in last the 12 months
(75%) and have private plan of health (81,3%). Was concluded that is very important the access
to health services by senior citizens, so that their hypertension is diagnosed and treated and
information provided by the health care service, so that individuals are aware of being
hypertensive and can receive satisfactory treatment.
“Nunca tive doença nenhuma. Depois de velho, a pressão começou a ficar alta”
(N.C. – 70 anos; portador de hipertensão arterial; totalmente independente; casado; aposentado)
“Às vezes sinto dor de cabeça e tontura. Tomo o remédio todos os dias. O que sinto medo
mesmo, é de ficar na cama e depender dos outros”
(A.C.L. - 72 anos; portadora de hipertensão arterial; totalmente independente; casada; dona-de-
casa)
“Eu só tomo o remédio, quando a pressão está alta. E me sinto bem melhor”
(A.F.L. - 76 anos; portador de hipertensão arterial e deficiência visual; independente; casado;
aposentado)
“Descobri por acaso quando fui ao médico. Ele falou, que minha pressão estava um pouco
alta, mas eu não sinto nada não”
(E.R.C. - 61 anos; portadora de hipertensão arterial; totalmente independente; casada; do lar.
A pressão ideal é aquela menor que 120 sistólica e 80 diastólica. O Ministério da Saúde
(MS), considera este valor ideal, porque há menos riscos para o aparelho cardiovascular. (SILVA;
SOUZA, 2004).
A Hipertensão Arterial é uma doença de alta prevalência em nosso país, atingindo cerca de
20% da população adulta jovem e 50% da população idosa. Dos casos de hipertensão,
aproximadamente, 90% são do tipo primário, cuja etiologia é desconhecida. Se não detectada
precocemente, poderá ocasionar uma série de distúrbios, levando a lesões de órgãos vitais como
coração, cérebro e rins. (OLIVEIRA; ARAÚJO; MELO et al., 2002).
A Hipertensão Arterial exige tratamento contínuo e controle durante toda a vida e a baixa
adesão ao seu tratamento, representa um importante problema de saúde pública. (KOHLMANN
JR; PLAVNIK, 2002).
Diversas razões podem ser implicadas nas baixas taxas de controle da pressão arterial. A
primeira delas é o indivíduo desconhecer sua condição de hipertenso, o que certamente, retrata o
caráter assintomático da doença. A segunda, está relacionada ao paciente que não adere ao
tratamento: vários levantamentos têm mostrado que 25% a 50% dos pacientes hipertensos,
abandonam o tratamento, após um ano. A terceira, refere-se ao médico, que não prescreve
modificações no estilo de vida, doses adequadas ou combinadas apropriadas das medicações anti-
hipertensivas. Em diversos países, tais como Estados Unidos, França e Inglaterra, esta realidade
tem sido flagrada, especialmente, entre os médicos do atendimento primário de saúde. (POZZAN
et al., 2002).
Para haver adesão ao tratamento, o paciente deve conhecer a sua condição de saúde, a
importância do controle da pressão arterial, ter acesso aos serviços de saúde e esses serviços
devem ser capazes de manter o tratamento por toda a vida do paciente. Os idosos abandonam o
tratamento mais frequentemente e, entre as causas, o uso de um grande número de medicações
está relacionado à menor adesão ao tratamento (analgésicos, anti-anginosos, anti-hipertensivos
etc), além da dificuldade em conseguir os medicamentos e atender às consultas já agendadas.
(GIORGI, 2001).
1.1 FISIOPATOLOGIA
Alterações cardiovasculares
A função renal, em pacientes idosos, deve receber especial atenção, tendo-se em conta que
com a idade a taxa de filtração glomerular diminui, interferindo na eliminação de certos
fármacos. A redução da massa muscular corporal, em cerca de 30%, se reflete em uma menor
produção de creatinina sérica, que assim, não expressa a real filtração glomerular, determinando a
necessidade de ajuste na dose dos fármacos através do clearence creatinina (BRANDÃO et al.,
2002).
Alterações pulmonares
Hipertensão
Estágio I (leve) 140-159 90-99
Estágio II (moderado) 160-179 100-109
Estágio III (grave) > 180 > 110
Sistólica isolada > 140 > 90
Com o envelhecimento, ocorre a perda da elasticidade nos grandes vasos com tendência
ao aumento da pressão arterial sistólica, propiciando maior prevalência de pressão arterial
sistólica entre os idosos, constituindo um fator preditivo positivo, para o desenvolvimento de
eventos cardiovasculares. Por outro lado, a pressão diastólica, configura-se como um preditor
negativo, enquanto a pressão de pulso, a diferença da leitura da pressão arterial sistólica e
diastólica, assume um grande papel. (BATLOUNI; FREITAS, 2002).
Blacher et al. mostraram, em recente estudo de metanálise, com cerca de 8000 pacientes,
que a pressão de pulso é o índice de risco cardiovascular mais importante entre os idosos. Neste
estudo, foi observado que, com 10 mmHg acima do valor normal da pressão de pulso, situado ao
redor de 40 mmHg, há um aumento de 13% para eventos cardiovasculares e de 20%, para a
mortalidade cardiovascular. (FREITAS, 2003).
A insuficiência cardíaca, pode ser causada por disfunção sistólica, diastólica, ou pela
associação de ambas. O diagnóstico diferencial entre essas entidades clínicas, com a
determinação do predomínio de uma sobre a outra, é indispensável para o sucesso terapêutico.
Em 50% dos pacientes idosos, principalmente naqueles com 70 anos ou mais, a insuficiência
cardíaca é causada por alteração na função diastólica. Quando a insuficiência cardíaca é causada
por disfunção diastólica isolada, os sintomas congestivos, resultam de hipertensão venosa
pulmonar, sendo a função sistólica normal e sem ocorrência de aumento da área cardíaca. A taxa
de mortalidade nesses casos é acompanhada à da insuficiência cardíaca sistólica, alcançando
cerca de 50%, em cinco anos. A hipertensão arterial sistólica, tem importante papel no
desenvolvimento da insuficiência cardíaca diastólica, nos idosos. (FREITAS, 2003).
1.3. DIAGNÓSTICO
1.4. PROGNÓSTICO
De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 1998 houve 1.500.000 internações por
doenças cardiovasculares, com custo de 475 milhões de reais, que na época equivalia a cerca de
400 milhões de dólares. (PIERIN; GUSMÃO; CARVALHO, 2004).
No paciente idoso deve-se sempre usar doses menores das medicações, que na população,
não idosa. As reduções da pressão arterial devem ser leves e progressivas, com ajustes de doses
menores e mais graduais. (IV DIRETRIZES, 2002b).
Os eventos adversos mais comuns são: cefaléia, rubor facial mais freqüentes, com
diidropiridínicos de ação de curta duração, e edema periférico. Os diidropiridínicos de ação de
curta duração, provocam importante estimulação simpática reflexa, sabidamente deletéria para o
sistema cardiovascular. Verapamil e diltiazem podem provocar depressão miocárdica e bloqueio
atrioventricular. Obstipação intestinal é observada, sobretudo, com o verapamil. (IV
DIRETRIZES, 2002b).
Diuréticos
Betabloqueadores
Em hipertensos com hipertrofia ventricular esquerda, tanto de baixo (sem lesão vascular)
como de alto risco (diabete/lesão vascular), estudo recente demonstrou que o losartan
proporciona redução da morbimortalidade cardiovascular, superior à observada com o
betabloqueador atenolol, com eficácia especialmente maior, na incidência de redução de acidente
vascular cerebral. (IV DIRETRIZES, 2002b).
- Conhecimento da condição de ser hipertenso (Irá se considerar que sabe ser hipertenso,
aquele que responder afirmativamente à pergunta: "algum médico ou profissional de saúde, já
disse que o(a) senhor(a) tem pressão alta ou hipertensão?");
- Uso dos serviços de saúde (tempo decorrido após a última medida de pressão arterial,
número de consultas médicas nos últimos 12 meses, número de internações hospitalares nos
últimos 12 meses);
A cidade de Jaborandi está localizada ao norte do Estado de São Paulo. O nome Jaborandi
se deve a enorme quantidade da planta Pilocarpus Jaborandi Holmes, popularmente conhecida
como jaborandi que existiam as margens do córrego, onde o minicípio teve origem. Em 26 de
dezembro de 1924, foi criado o Distrito de Paz de Jaborandi. Mais tarde, em 14 de dezembro de
1925, foi incorporado ao município de Colina e em 24 de dezembro de 1948, teve a sua
emancipação política e administrativa.
O município de Jaborandi possui duas Unidades Básicas de Saúde, sendo um Centro
Municipal de Saúde e outro composto por duas equipes de Programa de Saúde da Família.
No Programa de Saúde da Família, foi cadastrada toda a população do município (6243
pessoas), tanto a residente na zona urbana, quanto a da zona rural, totalizando 1837 famílias
atendidas, segundo dados obtidos do SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica).
O estudo foi realizado junto a equipe 2 do Programa de Saúde da Família, que abrange
apenas, a zona urbana e atende, 946 famílias.
As medidas de pressão arterial foram realizadas com cada participante do estudo, durante
as visitas domiciliares, após cinco minutos de descanso, a intervalos de dois minutos, com o
indivíduo sentado e com o braço em repouso, na altura do coração. Estas medidas foram obtidas
em recinto isolado, silencioso e em ambiente arejado. A primeira medida, foi realizada após pelo
menos, trinta minutos sem ingestão de café e/ou uso de cigarro. A pressão arterial considerada foi
a média da primeira e segunda medidas. O método utilizado foi o indireto, com técnica
auscultatória, estetoscópio e esfigmomanômetro aneróide, periodicamente testado e devidamente
calibrado, a cada seis meses, seguindo as normas de aferição da pressão arterial segundo o III
Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (BRASIL, 2001).
Foram considerados hipertensos, aqueles que: apresentaram pressão sistólica > 140
mmHg e/ou pressão diastólica > 90mmHg e/ou relataram o uso de medicamentos para
hipertensão, nos últimos noventa dias.
Foi feito o levantamento dos dados através de entrevistas realizadas nos domicílios dos
idosos, fazendo-se perguntas estruturadas e pré-codificadas, baseadas nas variáveis citadas.
Quando o entrevistado estava impossibilitado de responder à entrevista, devido a déficit cognitivo
ou a algum problema de saúde, um respondente próximo adequado respondia por ele.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Temos a seguir, os dados apresentados sob forma de Gráficos e Tabelas de acordo com as
variáveis estudadas.
Segundo a IV DIRETRIZES (2002a), pelo menos, 65% dos idosos brasileiros eramo
hipertensos, mostrando assim que os resultados estão de acordo com a literatura.
100%
80%
63, 6%
60%
36, 4%
40%
20%
0%
com H.A. sem H.A.
Segundo os autores, FUCHS; CASTRO e FUCHS (2004), apesar dos esforços para
diagnosticar e tratar a doença, cerca de 35% a 83% dos portadores de hipertensão, desconheciam
sua condição.
100%
80% 76, 2%
60%
40%
23, 8%
20%
0%
Sabia ter hipertensão Não sabia ter hipertensão
O percentual de pacientes hipertensos que sabe da sua condição, que estão tratados e que
estão com os níveis de pressão arterial controlados ainda é muito baixo, mesmo nos países
desenvolvidos (POZZAN et al., 2003).
100%
80%
66, 7%
60%
40% 33, 3%
20%
0%
PA ≥140/90 mmHg PA ≤140/90 mmHg
GRÁFICO 3: Prevalência dos idosos (hipertensos) com pressão arterial ≥ 140/90 mmHg,
PSF II, Jaborandi, SP. 2005
No Gráfico 4, têm-se a distribuição dos idosos hipertensos, segundo o tratamento da
Hipertensão Arterial. Observa-se que, 38,1% não estavam sendo tratados para Hipertensão
Arterial, ou seja, cerca de, aproximadamente, 1/3 deles.
A ausência de sintomas e o fato da hipertensão ser uma doença crônica são dois aspectos
que contribuem fortemente, para a baixa adesão ao tratamento (FUCHS; CASTRO; FUCHS,
2004).
100%
80%
61, 9%
60%
38, 1%
40%
20%
0%
100%
80%
58, 3%
60% 41, 7%
40%
20%
0%
Gênero
Masculino 25,0 40,0
Feminino 75,0 60,0
Morar só
Não 81,3 20,0
Sim 18,7 80,0
A hipertensão arterial, ocorreu com maior freqüência no gênero masculino, porém, devido
às mudanças de hábitos das mulheres, essa freqüência tem diminuído. As mulheres que fumam e
fazem uso de anticoncepcional, com mais de 30 anos, são as mais atingidas. No homem, aparece
depois dos 30 anos e na mulher, após a menopausa. Em ambos os gêneros, a freqüência da
hipertensão, cresce com o aumento da idade, sendo que, os homens jovens, têm pressão arterial
mais elevada que as mulheres, porém após a meia idade, este quadro se reverte. (PESSUTO;
CARVALHO, 1996)
Tratando-se da variável idade, vários trabalhos a consideram como um fator de risco
importante que contribui para o aparecimento da hipertensão arterial, devido a alterações na
musculatura lisa e no tecido conjuntivo dos vasos, como conseqüência do processo de
envelhecimento (PESSUTO; CARVALHO, 1996)
Duas hipóteses poderiam ser levantadas para explicar a menor freqüência (7,3%) de
conhecimento da condição de hipertenso entre idosos mais velhos: menor uso de serviços de
saúde e imprecisão da informação, principalmente os que necessitam de respondente próximo.
Geralmente, as consultas médicas diminuem com a idade, devido à diminuição da mobilidade
física e capacidade de locomoção entre os idosos.
Fuma atualmente
Não 87,5 80,0
Sim 12,5 20,0
Neste estudo, foi constatado que, em relação aos hábitos de vida, apenas os idosos
hipertensos que não praticam atividade física tinham um conhecimento positivo da sua condição
de hipertenso (75%), pois a probabilidade deste conhecimento foi mais elevada entre os que
cuidavam de sua saúde.
Os idosos hipertensos, que apresentaram a percepção da sua própria saúde como ruim
eram os que mais sabiam da sua condição (43,7%), pois são eles os clientes mais presentes nos
serviços de saúde, tendo maiores chances de terem sua pressão arterial aferida e diagnosticada.
Os idosos que apresentavam melhores condições de saúde (não ter deixado de realizar
alguma atividade habitual por problemas de saúde nas duas últimas semanas, não ter diagnóstico
médico anterior de Diabetes e não ter diagnóstico médico anterior de Angina e/ou Infarto) foram
os que tiveram maior conhecimento da hipertensão arterial, sendo, respectivamente, na proporção
de 75%, 87,5% e 81,3%.
O caráter hereditário da doença também pode ser constatado com a maior probabilidade
do conhecimento da condição de hipertenso entre os idosos que apresentaram história familiar
positiva de doenças cardiovasculares antes dos 50 anos de idade (56,2%).
O conhecimento da condição de hipertenso foi mais freqüente, entre aqueles que usaram
mais, os serviços de saúde (mais consultas medicas (93,8%) e menor tempo decorrido, após a
última medida de pressão arterial (87,5%)], sendo o fator mais fortemente associado a este
conhecimento.
Estes resultados chamam a atenção para a importância do acesso do idoso aos serviços de
saúde, para que a sua condição de hipertenso possa ser diagnosticada e tratada e da informação
prestada por este serviço, ao idoso para que este, sabendo ser um hipertenso, possa aderir
satisfatoriamente ao tratamento.
5. CONCLUSÃO
Baseado nos resultados obtidos este trabalho mostra uma elevada prevalência, da
hipertensão arterial entre os idosos, na comunidade estudada (63,6%), como também, daqueles
que não sabiam, ser hipertensos (23,8%).
Entre os idosos hipertensos não fumantes, não alcoólicos, que praticavam atividades
físicas, o conhecimento da condição de hipertenso, foi mais elevado.
Os idosos que apresentam melhores condições de saúde, não tinham diagnóstico médico
anterior de Diabetes, Angina e/ou Infarto, tiveram maior conhecimento da hipertensão arterial.
A proporção do conhecimento de ser um hipertenso, foi maior também entre os idosos que
não tiveram internações hospitalares nos últimos 12 meses.
A filiação ao plano privado de saúde, apresentou uma associação negativa e elevada, com
o saber ser hipertenso, pois os idosos usuários do SUS apresentaram um maior conhecimento de
sua condição (81,3%) em relação aos usuários de planos privados de saúde.
Na comunidade estudada, fazer uso de serviços públicos de saúde mostrou que aumenta a
chance de tratamento da hipertensão arterial.
6. REFERÊNCIAS
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