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CRIME E DESVIO

Inicialmente o tema crime e desvio são apresentados como sendo uma das áreas
mais intrigantes, porém mais complexas, da sociologia, que nos ensina que nenhum
de nós é tão normal quanto gostaríamos de imaginar. Além disso, ressalta a
necessidade da existência de regras que delimitam condutas adequadas e
inadequadas ao convívio em sociedade, mas alega também que não é possível
cumprir todas elas, assim como é inviável descumpri-las por completo. Além disso, a
leitura ajuda a observar que as pessoas cujo comportamento possa parecer
incompreensível ou estranho podem ser vistas como seres racionais a partir do
momento em que compreendemos o motivo que as leva a agirem dessa forma.

 A SOCIOLOGIA DO DESVIO

Nesse tópico acontece a distinção entre desvio e crime de modo que são
apresentados seus respectivos conceitos:

Desvio: “uma não conformidade com determinado conjunto de normas que são
aceitas por um numero significativo de pessoas em uma comunidade ou sociedade”.

Crime: refere-se apenas a uma conduta não conformista que infringe uma lei.

Além disso, são destacadas no mesmo tópico duas disciplinas distintas, mas
relacionadas que se ocupam do estudo do crime e do desvio que são elas:

Criminologia: que se interessa pelas formas de comportamento sancionadas pela


lei criminal. Além disso, os criminologistas normalmente interessam-se por técnicas
de mensuração do crime, tendências em indicies de criminalidade e politicas que
visem á redução do crime dentro da comunidade.

Sociologia do desvio: essa sociologia se utiliza das pesquisas criminológica, mas


também investiga a conduta que se encontra além do domínio da lei criminal. Os
sociólogos que estudam o comportamento desviante procuram entender por que
determinados tipos de comportamento são amplamente considerados desviantes e
como essas noções de desvio são aplicadas de maneira diferenciada ás pessoas
dentro da sociedade. Assim nos estudos sociológicos leva-se em consideração o
poder social, bem como a influencia da classe social na configuração das normas de
comportamento (“regras de quem?”).
 EXPLICANDO O CRIME E O DESVIO

Explicações biológicas: Concentrava-se nos aspectos anatômicos e físicos dos


indivíduos como fonte de crime e desvio; teoria desacreditada pela falta de com
probabilidade.

Explicações psicológicas: as comcepções psicológicas concentravam-se em tipos


de personalidade; as teorias são capazes de, na melhor das hipóteses, explicar
apenas alguns aspectos do crime, afinal com a variedade de tipos de crimes
existente, é inadmissível supor que aqueles que os cometem possuam
características psicológicas em comum.

Além disso, vale ressaltar que as abordagens biológicas e psicológicas para a


criminalidade presumem que o desvio seja um sinal de algo de “errado” com os
indivíduos e não com a sociedade. Veem o crime como se sua causa fossem fatores
que estivessem fora do controle do individuo, incrustados no corpo e na mente.

 TEORIAS SOCIOLOGICAS SOBRE CRIME E DESVIO

Devido à velha criminologia positivista ser sujeita a numerosas críticas por parte da
geração posterior de estudiosos, com o tempo, a atenção descola-se das
explicações individualistas sobre o crime para as teorias que enfatizavam o contexto
social e cultural no qual ocorre o desvio, entre elas podemos encontrar as seguintes
teorias:

Teorias Funcionalistas: para as teorias funcionalistas, o crime e o desvio são


resultados de tensões estruturais e de uma falta de regulamentação social dentro da
sociedade. Além disso, a disparidade entre desejos e realização motivará em
comportamentos desviantes.

Crime e anomia: Durkheim e Merton

Para Durkheim:

- A anomia existe quando não há padrões claros para guiar o comportamento em


determinada área da vida social.

- Durkheim, via o crime e o desvio como fatos sociais; acreditava que ambos fossem
elementos inevitáveis e necessários nas sociedades modernas.
- Durkheim reconhecia que nenhuma sociedade jamais chegaria a um completo
consenso sobre as normas e valores que a governam.

- Segundo Durkheim, o desvio preenche duas importantes funções na sociedade:


função adaptável, onde o desvio age como uma força inovadora que gera mudanças
e promove a manutenção das fronteiras entre o “bom” e o “mau” comportamento.

Para Merton:

- Para Merton, o conceito de anomia se refere a pressão imposta ao comportamento


dos indivíduos quando as normas aceitas entram em conflito com a realidade social.

- Para Merton, o desvio é uma resposta natural dos indivíduos ás situações em que
se encontram.

- Segundo Merton, o desvio é um subproduto das desigualdades econômicas e da


falta de oportunidades iguais.

Explicações Subculturais

Mais tarde, os pesquisadores situam o desvio em termos de grupo Subculturais que


adotam normas que encorajam ou recompensam o comportamento criminoso.

Albert Cohen observou as contradições existentes dentro da sociedade como a


principal causa do crime. Além disso, ele defende a ideia de que os meninos da
classe baixa trabalhadora que estão frustrados com a situação de vida
frequentemente se unem a subculturas delinquentes, como as gangues.

Além de Cohen, Richard A. Cloward e LIoyd E. Ohlin (1960) concordam no fato de


que a maioria dos jovens delinquentes surgem da classe baixa trabalhadora, mas
acrescentam que os meninos que correm maior “risco” são aqueles que
internalizaram os valores da classe media, sendo estimulados a espirarem a um
futuro classe media, quando não conseguem cumprir suas metas, ficam
particularmente dispostos á atividade delinquente.

Avaliação

As teorias funcionalistas enfatizam corretamente as conexões entre a conformidade


e o desvio em diferentes contextos sociais. Sendo assim, a falta de oportunidade
para o sucesso em termos de uma sociedade mais ampla é o principal fator que
diferencia aqueles que se lançam em um comportamento criminoso daqueles que
tomam a decisão oposta. Entretanto, Merton, Cohen, Cloward e Ohlin podem ser
criticados por presumirem que os valores da classe média tenham sido aceitos por
toda sociedade. Outro fator importante é que além da classe menos privilegiada da
sociedade, existem pressões em direção á atividade criminosa entre outros grupos
também, conforme indicam os assim chamados crimes do colarinho-branco de
peculato, fraude e evasão fiscal.

Teorias Interacionistas

Essa teoria ver o desvio como fenômeno construído socialmente, além disso os
internacionalistas questionam como os comportamentos vêm a ser inicialmente
definidos como desviantes e por que certos grupos, e não outros, são rotulados de
desviantes.

Desvio aprendido: associação diferencial

- Edwin H. Sutherland: veiculou o crime ao que chamou de associação diferencial,


onde os indivíduos tornam-se delinquentes pela associação com pessoas que são
portadoras de normas criminais.

- Para Sutherland, o comportamento criminoso é aprendido dentro de grupos


primários, especialmente, grupos formados por pessoas de idade e status
semelhante.

Teoria da rotulação

Para teóricos da rotulação, o desvio não é compreendido como um conjunto de


características de indivíduos ou grupos, mas como um processo de interação entre
desviantes e não desviantes.

Para Howard Becker:

- sua preocupação constitui em demonstrar como as identidades desviantes são


criadas através da rotulação, e não através de motivações ou comportamentos
desviantes.
- Para Becker, o comportamento desviante é o comportamento assim, rotulado pelas
pessoas.

Para Edwin Lemert:

- a rotulação de desviante tanto pode coexistir como pode torna-se central para a
identidade.

- Lamert, desvio primário: quando o desvio é normalizado, entretanto quando a


normalização não ocorre, a pessoa é rotulada de criminosa ou delinquente.

- Lamert, desvio secundário: aceitação do rotulo, o individuo se ver como desviante.

Avaliação

A teoria da rotulação é importante pois parte da suposição de que nenhum ato é


intrinsecamente criminoso.

Teoria de conflito: “a nova criminologia”

- Teoria que rejeita a ideia de que o desvio seja determinado por fatores como a
biologia, a personalidade, a anomia, a desorganização social ou rótulos; essa teoria
se utiliza de elementos do pensamento marxista e afirma que o desvio é uma
escolha deliberada e, frequentemente, de natureza politica.

- A nova criminologia formula sua analise sobre crime e desvio em termos da


estrutura da sociedade e da preservação do poder entre a classe dominante, além
disso, a mesma foi importante no sentido de ampliar o debate a respeito do crime e
do desvio para concluir questões sobre justiça social, poder e politica.

Novo realismo de esquerda

Tendência da criminologia ficou conhecida como novo realismo de esquerda; utiliza


algumas ideias neomarxistas. Baseavam-se seus estudos na analise dos índices de
vitimização e apresentavam propostas realistas com uma abordagem pragmática e
voltada para politicas publicas.

Teorias de controle
Postula que o crime ocorre como resultado de um desequilíbrio entre os impulsos
em direção á atividade criminosa e os controles sociais ou físicos que a detém, além
disso. Além disso, os teóricos do controle defendem as praticas de prevenção ao
crime (endurecimento em relação ao alvo).

Hirshi: conhecido teórico de controle, afirmou que os humanos, são


fundamentalmente egoístas e racionais no sentido de serem capaz de avaliar as
consequências de um ato criminoso; propôs também a existência de quatro elos
responsáveis pela manutenção da sociedade e a obediencia ás leis; apego,
compromisso, envolvimento e crença. Estes, quando suficientes fortes auxiliam no
controle social e na conformidade, mas quando fracos o resultado tende a ser
delinquência e desvio.

Conclusões teóricas

- essas teorias enfatizam corretamente as conexões existentes entre o


comportamento criminoso e o responsável.

- todos concordam com a importância do contexto nas atividades criminosas.

- apesar das suas deficiências, a teoria da rotulação talvez seja a abordagem mais
ampla empregada para o entendimento do comportamento desviante.

- a maneira de entender o crime afeta diretamente as politicas desenvolvidas para


combatê-lo.

 PADÕES DO CRIME NO REINO UNIDO

Desde a década de 1950, há um aumento constante nos indicies de crimes


registrados no reino unido.

O crime e as estatísticas relacionadas ao crime

Devido a diferença ente o as estáticas oficiais e a experiência que população de


fato tem com o crime, torna tais estatísticas menos confiáveis, sendo assim para
descobrir os verdadeiros indicies de criminalidade, não podemos simplesmente
somar os crimes não registrados com o indicie policial oficial, pois as praticas das
forças policiais locais na informação de crimes variam.
 AS ESTRATÉGICAS DE REDUÇÃO DO CRIME NA SOCIEDADE DE
RISCO

Apesar do quadro enganador que as estáticas oficiais apresentam, é importante


ressaltar que os delitos criminais assumiram um papel de destaque na sociedade
britânica. Portanto uma das tarefas centrais da politica social nos estados modernos
é controlar o crime e a delinquência e, dentro desse contexto, as politicas se
voltaram ao controle da insegurança.

Reações politicas ao crime

As ascensões ao poder de Margaret Thatcher, na Grã-Bretanha e de Ronald Regan,


nos Estados unidos, há duas décadas, ocasionaram vigorosas abordagens de “lei e
ordem” para o crime nesses dois países.

Os poderes da politica e o sistema de justiça foram ampliados e deu-se cada vez


mais credibilidade ás sentenças longas de prisão como meio de intimidação mais
eficaz contra a criminalidade.

Vale ressaltar que essas técnicas não atacam as causas subjacentes do crime como
as desigualdades sociais, o desemprego e a pobreza.

Policiando a sociedade de risco

Alguns sociólogos e criminologistas sugerem que técnicas visíveis de policiamento,


como o patrulhamento das ruas, são reconfortantes para o publico.

Para Ericson e Haggety, a função que os policiais tem desempenhado é, antes de


mais nada, lidar com o conhecimento o que significa dizer que a maior parte do
tempo da policia é gasto em atividades cujo objetivo é o processamento de
informações, o esboço de relatórios ou comunicação de dados.

Policiamento comunitário

A prevenção do crime e a redução do temor em relação ao crime estão intimamente


relacionadas á reconstrução de comunidade.

Nesse contexto a policia deve trabalhar junto com os cidadãos para melhorar os
padrões da comunidade local e o comportamento civil, utilizando a educação, a
persuasão e o aconselhamento em vez do encarceramento. Além disso, o
“policiamento comunitário” implica não apenas contar com os próprios cidadãos,
mas na mudança também da perspectiva características das forças policiais.

 VÍTIMAS E PERPETRADORES DO CRIME

De acordo com pesquisas feitas por criminologistas, mostram que o crime e a


vitimização não está distribuído de forma aleatória entre a população. É mais
provável que os homens comentam crimes do que as mulheres, por exemplo, e os
jovens se se envolvem no crime com mais frequência do que as pessoas mais
velhas.

Enquanto ao risco de alguém se tornar vitima do crime está intimamente ligado á


área onde essa pessoa mora.

Gênero e crime

Desde a década de 1970, muitos trabalhos feministas importantes, chamam a


atenção para a forma como as transgressões criminais das mulheres ocorrem em
contextos diferentes das masculinas e como as experiências das mulheres com o
sistema de justiça criminal são influenciadas por determinadas suposições
relacionadas ao gênero a respeito dos papeis apropriados ao sexo masculino e
feminino.

Indicies de criminalidade masculina e feminina

As estatísticas sobre gênero e crime são alarmantes, por exemplo, há um


desequilíbrio enorme na proporção entre homens e mulheres presos, não apenas na
Grã-Bretanha, mas em todos os países industrializados. Nesse contexto as
mulheres compõem apenas 3% da população carcerária britânica. Além disso, há
também contrastes entre os tipos de crime cometidos por homens e mulheres, de
modo que os delitos femininos raramente envolvem violência e são quase todos de
pequena escala.

O crime e a “crise da masculinidade”

Os altos níveis de criminalidade encontrados nas áreas mais pobres das grandes
cidades estão relacionados particularmente ás atividades de jovens do sexo
masculino, afinal os meninos fazem parte de gangues desde muito cedo, uma
subcultura na qual algumas formas de crime constituem um modo de vida. Além
disso, o nível de criminalidade entre rapazes está intimamente relacionado ao
desemprego.

Os crimes contra mulheres

Há determinadas categorias de crimes nas quais os homens são, em esmagadora


escala maioria, os agressores, e as mulheres as principais vitimas, vale destacar
alguns crimes como: A violência domestica, o assedio sexual, a agressão sexual, e o
estupro, que são crimes nos quais os homens aproveitam seu poder social ou físico
superior contra as mulheres.

Os crimes contra homossexuais

As feministas indicam que a percepção da violência está extremamente relacionada


ao gênero e influenciada pelas concepções de “bom senso” sobre risco de
responsabilidade, afinal as mulheres são vistas como menos capazes de se
defenderem e desse modo o bom senso diz que elas devem modificar seus
comportamentos. Dentro desse contexto, uma logica do “bom senso” semelhante
aplica-se no caso de atos violentos contra gays e lésbicas. A partir de levantamentos
foi constado que os homossexuais sofrem uma alta incidência de crimes de assédios
violentos, incluindo ameaças e vandalismos.

A juventude e o crime

O temor da população em ralação ao crime concentra-se em delitos como, roubo,


arrombamento, agressão e estupro, crimes de rua, que na maioria das vezes, são de
domínio dos jovens de sexo masculino.

O tráfico de drogas

Devido globalização, a rede de trafico de drogas tem conseguido em parte,


prosperar bastante, afinal essas redes conseguem fazer o transporte de drogas de
um país para outro, expandindo assim, um enorme mercado consumidor.

O crime do colarinho-branco
O termo crime do colarinho-branco foi introduzido por Edwin Sutherlan (1949) e
refere-se ao crime praticado por aqueles que pertencem aos setores mais influentes
da sociedade, além disso, o termo cobre muitos tipos de atividade criminosa como,
fraude fiscal pratica ilegais de venda, peculato entre outros.

O crime organizado

Refere-se ás formas de atividade que revelam muitas características dos negócios


ortodoxos, mas que são ilegais, esses crime abrange, o contrabando, os jogos
ilegais, o comercio de drogas, a prostituição, os roubos em larga escala e a proteção
do mercado negro, entre outras atividade, esse tipo de crime se encontra tanto em
países individuais quanto transnacional.

Cibercrime

São atos criminosos cometidos com o auxilio da tecnologia da informação, dentro


desse contexto é possível destacar as principais formas que ele vem tomando como,
a interação ilegal de sistemas de telecomunicação, vulnerabilidade eletrônica,
violação de direitos autorais, entre outros.

A justiça punitiva: o caso dos Estados Unidos da América

Os Estados Unidos possuem, sem duvida, o sistema de justiça mais punitivo do


mundo, mais de 2 milhões de pessoas estão encarceradas nas prisões norte
americanas; e outros 4 milhões estão sob a jurisdição do sistema penal. Além disso,
71% dos adultos apoia a pena capital ( “pena de morte”).

Prisões: a resposta ao crime?

O principio fundamental das prisões modernas é “melhorar” os indivíduos e prepará-


los para desempenharem um papel adequado e correto na sociedade quando forem
libertos. Além disso, as prisões e a confiança nas sentenças com longa duração
também são vistas como poderoso meio de intimidação do crime, “reformando”
assim o criminoso. Entretanto mesmo com tudo isso a evidencias que sugere que as
prisões não possuem esse poder.
Conclusão: crime, desvio e ordem social

Seria um erro olhar para o crime e o desvio por um ângulo inteiramente negativo,
além disso, qualquer sociedade que reconheça que os seres humanos possuem
valores e interesses distintos deve encontrar espaço para os indivíduos e grupos
cujas atividades não estejam de acordo com as normas seguidas pela maioria.

Para além, uma sociedade tolerante em relação ao comportamento desviante não


implica perturbação social. Entretanto, é provável que um bom resultado somente
possa ser alcançado no ponto em que as liberdades individuais estejam unidas á
justiça social, em uma ordem social na qual as desigualdades não sejam
desmensuradas, que dê a cada um a chance de levar uma vida pela e gratificante.

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