REVISTA DE
JORNALISMO
ESP coiiisis
JOURNALISM
REVIEW
Imprensa livre, Democracia forte
um estudo em 60 paginas preparado pela
Columbia University diz comoa imprensa pode
prosperar para além do mercado em crise
C.W. ANDERSON, EMILY BELL E CLAY SHIRKY
O MEU JORNAL DA TARDE
uma crénica de lembrangas muito pessoais sobre
0 mitico diario paulistano HUMBERTO WERNECK
COMPROMISSO DE RISCO
A violéncia obriga repdrteres brasileiros
ase refugiar no exterior MILTON BELLINTANL
JORNAIS ERRAM AO SE AFASTAR DO GOOGLE
A briga da midia impressa com o buscador
de noticias é mau negécio LEAO SERVA
JORNALISMO DE PREVENCAO
A cobertura que pode ajudar a
evitar tragédias MARCELO SOARES
APENAFRIA
O ardil preparado por Truman Capote para
fisgar Marlon Brando DOUGLAS McCOLLAMABRIL | MAIO | JUNHO 2013
REVISTA DE
JORNALISMO
ESPM coisa,
JOURNALISM
REVIEW
Imprensa livre, Democracia forte
JORNALISMO POS-INDUSTRIAL
9 ROUBOU A CENA Relatério preparado por CW.
Anderson, Emily Bell e Clay
10 TUDOEM DIA Shirky, da Columbia University,
IMPRENSA LOCAL FORTE investiga as fronteiras 8
Carlos Eduardo Lins da Sitva da imprensa no século 21 1
ressaltao valor de jornais de 5
idades pequenas quando ocorrem —-—--321NTRODUGKO 3
ali fatos de interesse mundial A transformagio do jornalizmo 4
norte-americano é inevitével 2
14 DIRETO DE coLMBIA i
DILEMAS DA PROFISSAO ‘41 PARTE 1: JORNALISTAS #
David Klatell explica por que Se hé profissionais de imprensa, a
se tecnologiee digitais alteram & porque o mundo precisa saber q
atomada de decisbes éticas ‘que aconteceu, ¢ 0s motivos Memorial a reperter mexicano morto Pag 102
nas redagoes ‘55 PARTE 2: INSTITUICOES
selena cease A dificuldade de viabilizar
‘JORNALISMO PREVENTIVO ‘as mudangas necessérias 102 AULAS DESOBREVIVENCIA
‘Mareelo Soares, da Folia, mostra ‘em instituigbes jornalisticas Judith Matloff, da CJR, expse o
como boas coberturas podem papaNTecreeaa drama deoraists mesieens que
ajudara evitar tragédias em vez a eeauasieie readuster abe pedem apvio acolegas da Colombia
ee para resistir aos cartéis de drogas
de apenas noticid-las e discutir contewido digital faz
on desmoronar antigas verdades 106ENQUANTO ISSO, NO BRASIL...
DEW oENA nA sobre a imprensa ea midia 0 jormalcn Miton Blin
Humberto Werneck relata sua si concuusio: traz Atonsarealidade de
repérteresobrigados a sair do
experiéncia non pais para eseapar dos bandidos
0 diario MOVIMENTOS TECTONICOS
paulistano durante os dias de “Asobrevivencia da profissio
sla da publicagto que jé nfo depende do reconhecimento ee SR
eireula mais de que estamos em meio a uma 112 INOVACKO COM
revolugio e do compromisso PRAZO DEVALIDADE
com as mudangas Michael Sdwidson e Katherine Fink, da
CJR, aprecentam um blog de noticias,
90 APENA FRIA ‘que teve de deixar de ser vision
Dougias McCollam, da CJR, ae
descortina a astiicia de ®
‘Truman Capote para conseguir 114 PARA LERE PARA VER
entrevista que originou Comentitio sobre a série House of
o perfil de Marlon Brando Cards ¢ oslancamentos A Poeira dos
Outros e 0 Siléncio contra Muamar
ea ‘Kadafi na soluna de Tito Montenegro
IRIGAR COM 0 GOOGLE NEWS
Ledo Serva, professor da 118 CREDENCIAL
ESPM, argumenta que a Jorge Tareuini, x-diretor de
resisténeia da mfdia impressa redagio de Quatro Rodas, enumera
‘no Brasil ao buscador de noticias as boas ligbes que podem ser tiradas
‘Tragédia na regido serrana do Rio Pag.16 —-- é ummau negécio dos primeiros anos da revistaee
ENQUANTO ISSO, NO BRASIL... MILTON BELLINTANI
Compromisso de risco
Casos de jornalistas obrigados a exilar-se
para se proteger de ameacas acendem
o sinal vermelho no Brasil
AIMAGEM QUE ABRE ESTA MaTéRIA & UMRETRATO da situagdo do jornalismo
investigativo no Brasil, apesar de mostrar a antdaar do um prédio de South
Bronx ~ rea do bairro mais pobre de Nova York, que ja foi um dos redutos
da violencia nos Estados Unidos. A placa alerta a comunidade para denun-
ciar policiais que ajam fora da lei, fotogra‘ando, filmando e avisando por celu-
lar sobre qualquer excesso cometido por agentes publicos que tem como
dever garantir a seguranca dos cidadaos. O que isso tem a ver com o nosso
pais? A foto foi feita com a camera do ce.ular do repérter André Caramante,
do jornal Fotha de S.Paulo, durante 0 exilo de 90 dias que ele ea familia vive-
ram entre setembro e dezembro do ano 2assado, devido a ameagas que pas-
sou asofrer apés publicar uma reportagem sobre o entao candidato a verea-
dor Paulo Telhada ~ ex-comandante da Rota - eleito como o quinto mais
votado no pleito municipal de outubro, em So Paulo.
No texto “Ex-chefe da Rota vira politico e prega a violencia no Facebook”,
publicado em 14 de julho, Caramante escreveu que o policial reformado usava
sua pagina pessoal “para veicular relatos de supostos confrontos com civis (sem-
pre chamados de ‘vagabundos’)”. A reacio no tardou. Nomesmo dia, Telhada
postou criticas ao repérter e sugeriu que se deveria reagir contra os “notérios
dofensores de bandidos”, como cle qualificou Carumante. Neo semanas que s¢
seguiram, dezenas de apoiadores da pagina publicaram ameacas ao jornalista,
Desde maio de 2012, a violéncia explodira em S40 Paulo, com a ocorrénzia
de chacinas em bairros da periferia seguindo um padrao: homens encapuza-
dos chegavam em motos ou carros pretos, desciam ¢ executavam seus alvos.
As ages aconteciam sempre apés atentados que tiveram como alvos p¢li-
ciais, André Caramante escreveu que se tratava de uma guerra entre 0 PCC
(a organizagio criminosa Primeiro Comando da Capital) e policiais militares
da Forca Tatica e da Rota (a sigla para o Batalhio de Policia de Choque Ron-
das Ostensivas Tobias de Aguiar). Apesar de veementes desmentidos oficisis,
er ameter erin:
a afirmagao se confirmou nos meses
seguintes. Boa parte dos mortos niio
tinha passagem pela policia. Em mui-
tos casos, pessoas de fora dos bairros
foram vistas recolhendo cartuchos de
balas espalhados nas cenas dos cri-
mes antes da chegada da policia.
Em 13 anos de experiéncia de cober-
tura da seguranca publica, o repérter
da Folha denunciou a existéncia de
sete grupos de exterminio formados
por policiais. Por causa disso, acumu-
lou processos por “caltinia e difama-
‘20 de agentes que se sentiram
fidos. Nao foi condenado em nenhum
deles, mas viu o time de desafetos cres-
cer. Para Caramante, as ameacas con-
traelee a familia partiram de simpati-
zantes de policiais como esses.
“Foram feitas ligacdes andnimas &
redagio da Folha dizendo que sabiam
onde eu moro, onde fica a escola de
‘meus filltos e que a ‘nossa hora’ estava
para chega:”, conta, “Além disso, pos-
taram uma foto do diretor de redacio
do jornal, Sérgio Davila, como sendo
eu. Entendi como um recado também
a diregao da empresa de que 0 cerco