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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

UNIVERSIDADE INDEPENDENTE DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ENGENHARIA E TECNOLOGIAS

IMPLEMENTAÇÃO DE ENGENHARIA DE TRÁFEGO


COM MPLS EM REDES WANS

___________________________________________

Autor: Gourgel Reginaldo Francisco Correia

Nº 110408

____________________________

Orientador: Engº Carlos Zinga

______________________

Luanda, Março de 2016

1
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

IMPLEMENTAÇÃO DE ENGENHARIA DE
TRÁFEGO COM MPLS EM REDES WANS

Monografia apresentada ao curso de


Electrotecnia e Telecomunicações
da Universidade Independente de
Angola, como trabalho de fim de
curso, para obtenção do grau de
licenciado em Engenharia de
Telecomunicações, sob orientação
do Engº Carlos Zinga.

Parecer do Orientador

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LUANDA

2016

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Dedicatória
Dedico esse trabalho aos meus pais, o Sr. José Correia "Pitra" e a Dona Lilí
Chico Correia.

i
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus pai todo poderoso, por me conceder o dom da
vida e por permitir a conclusão do curso com saúde a cima de tudo. Agradeço
também a todos os professores da faculdade de ciências da engenharia e
tecnologias da Universidade Independente de Angola, especialmente o
Engenheiro Carlos Zinga por acreditar em mim e aceitar orientar esse trabalho.

Agradeço a todos os colegas de sala e não só, por me aturarem, em especial


ao Kifuando Alvaro, Joseph Nsong, Bernardo José, Simão Miguel, Mauro
Barros, Paulo Quintas e a minha querida colega Rudnaura Isnel.

Agradeço também a todos meus irmãos pelos conselhos, pelos puxões de


orelha e pelo apoio financeiro que também possibilitou a conclusão do curso.

Os meus agradecimentos estendem-se também aos meus tios, Miguel Correia


e Huambo João Funete, por terem me recebido em suas casas, para que eu
pudesse ter uma residência distante da minha cidade natal.

A todos aqui vai um "Chaleno Kiambote".

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Índice
Dedicatória ......................................................................................................... i

Agradecimentos ................................................................................................ ii

Índice de figuras ............................................................................................... v

Índice de tabelas .............................................................................................. vi

Lista de acrónimos .......................................................................................... vii

Resumo ............................................................................................................. ix

Abstract ............................................................................................................. x

Introdução ......................................................................................................... 1

Justificativa..................................................................................................... 2

Objectivos ...................................................................................................... 3

Metodologia.................................................................................................... 4

Organização do Trabalho ............................................................................... 4

1. Tecnologia MPLS ....................................................................................... 6

1.1. Historial ................................................................................................. 6

1.2. Roteamento convencional vs baseado em rótulos ................................ 7

1.3. Cabeçalho MPLS .................................................................................. 9

1.4. Estrutura do MPLS .............................................................................. 11

1.5. Componentes da arquitectura ............................................................. 12

1.6. Funcionamento do MPLS .................................................................... 16

1.7. Vantagens do MPLS ........................................................................... 19

1.8. Desvantagens do MPLS...................................................................... 20

2. Engenharia de tráfego com MPLS .......................................................... 22

2.1. Conceitos fundamentais ...................................................................... 22

2.2. A engenharia de tráfego sobre MPLS ................................................. 24

2.3. Extensões do OSPF para TE .............................................................. 25

2.4. Extensões do IS-IS para TE ................................................................ 27

iii
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

2.5. Protocolo RSVP-TE............................................................................. 28

2.6. Operação do MPLS-TE ....................................................................... 30

2.7. Atributos de túneis MPLS-TE .............................................................. 31

2.8. Protecção e restauração – FRR .......................................................... 31

2.9. GMPLS................................................................................................ 33

3. Implementação do MPLS-TE com o GNS 3 ........................................... 35

3.1. GNS3 .................................................................................................. 35

3.2. Topologia usada na simulação ............................................................ 36

3.3. Configuração básica do MPLS ............................................................ 37

3.4. Configuração do MPLS-TE ................................................................. 41

Conclusão ....................................................................................................... 47

Recomendações ............................................................................................. 48

Apêndice ......................................................................................................... 50

Configurações do PE1 ........................................................................ 50

Configurações do P1 ........................................................................... 50

Configurações do P2 ........................................................................... 51

Configurações do PE2 ........................................................................ 51

iv
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Índice de figuras
Figura 1. 1 - Cabeçalho MPLS [1] .................................................................... 10
Figura 1. 2 - Arquitectura MPLS [1] .................................................................. 12
Figura 1. 3 - Tabela de encaminhamento [1] .................................................... 13
Figura 1. 4 - Operação do MPLS [1] ................................................................. 16
Figura 1. 5 - Construção das tabelas de roteamento IP [1] .............................. 17
Figura 1. 6 - Inserção dos rótulos aos pacotes IPs [1] ..................................... 18
Figura 1. 7 - Pacotes encaminhados baseados nos rótulos[1] ......................... 18
Figura 2. 1 - Rede exigindo roteamento explicito [4] ........................................ 22
Figura 2. 2 - Roteamento convencional [1] ....................................................... 24
Figura 2. 3 - Balanceamento de carga [1] ........................................................ 25
Figura 2. 4 - Funcionamento do RSVP-TE [8] .................................................. 29
Figura 2. 5 - RSVP - MPLS-TE [4].................................................................... 30
Figura 2. 6 - Protecção de enlace e de nó [1]................................................... 32
Figura 3. 1 - Topologia para exibição do MPLS-TE.......................................... 36
Figura 3. 2 - Túneis de TE ................................................................................ 44
Figura 3. 3 - Parâmetros do túnel 0 .................................................................. 45
Figura 3. 4 - Opções de caminhos do túnel 0 ................................................... 46

v
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Índice de tabelas
Tabela 1. 1 Roteamento convencional vs baseado em rótulos .......................... 9
Tabela 3. 1 Equipamentos usados para simulação ......................................... 37

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Lista de acrónimos
ATM – Assinchronous Transfer Mode

BoS – Botton of Satck

CE – Customer Edge

CEF – Cisco Express Forwarding

EXP – Experimental bits

FEC – Forwarding Equivalence Class

FIB – Forwarding Information Base

FRR – Fast Rerouting

GNS 3 – Grafical Network Simulator 3

GMPLS – Generalized Multiprotocol Label Switching

IP – Internet Protocol

IETF – Internet Engineering Task Force

ISPs – Internet Service Providers

IGP – Interior Gateway Protocol

IS-IS – Intermadiate System to Intermadiate System

LFIB – Label Forwarding Information Base

LER – Label Edge Router

LSP – Label Switched Path

LSAs – Link State Advertisements

LDP – Label Distribution Protocol

LIB – Label Information Base

LSR – Label Switch Router


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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

MPLS – Multiprotocol Label Switchig

MPLS-TE – Multiprotocol Label Switchig – Traffic Engineering

NHop – Next Hop Router

NNHop – Next Next Hop Router

OSI – Open Systems Interconnection

OSPF – Open Shortest Path First

P – Provider

PE – Provider Edge

PHP – Penultimate Hop Popping

PLR – Point of Local Repair

PPP – Point to Point Protocol

QoS – Quality of Service

RSVP – Resource Reservation Protocol

RSVP-TE – Resource Reservation Protocol – Traffic Engineering

RIP – Routing Information

TE – Traffic Engineering

TCP – Transfer Control Protocol

TDM – Time Division Multiplexing

TTL – Time to Live

VPN – Virtual Private Network

VLSM – Variable Length Subnet Mask

WAN – Wide Area Network

WDM – Wavelengh Division Multiplexing

viii
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Resumo
O presente trabalho, com o tema "Implementação de engenharia de tráfego
com MPLS em redes WANs", apresenta como a engenharia de tráfego ficou
facilitada com a utilização da tecnologia MPLS. A engenharia de tráfego é um
serviço que permite dinamicamente arranjar a distribuição de tráfego na rede,
minimizando/evitando congestionamentos, instabilidades ou comprometimento
da QoS já acordada. Essa implementação nas redes IPs convencionais possui
várias limitações (que serão citadas ao longo do trabalho). São citados os
benefícios desse importante serviço para as redes espalhadas
geograficamente (redes dos provedores de serviço).

É Impossível falar de engenharia de tráfego com MPLS (normalmente


denominado MPLS-TE), sem olhar propriamente para a tecnologia que permite
dar suporte a tal implementação. Por isso, falou-se das características gerais
do MPLS, seu funcionamento, suas vantagens e desvantagens com relação a
outras tecnologias de backbone.

Posteriormente, com suportes teóricos básicos sobre a tecnologia utilizada, a


abordagem cingiu-se ao estudo do MPLS-TE. Citou-se as limitações da
engenharia de tráfego utilizando o protocolo IP puro e como o MPLS resolve
essas limitações, são apresentados os protocolos que dão suporte ao MPLS-
TE. Falou-se também de alguns atributos que os túneis de TE utilizados para
encaminhar o tráfego devem possuir, outro aspecto que foi importante realçar,
por ser uma técnica muito importante para garantir continuidade dos serviços,
em caso de falha de algumas ligações ou dispositivos, foi o "fast reroute", pois
ele permite protecção e restauração de circuitos, com rápido tempo de
convergência.

Por ultimo, apresentou-se uma topologia básica, que permitiu exibir algumas
funcionalidades do MPLS-TE usando o software de emulação da Cisco, o GNS
3. Estão detalhadas as configurações básicas necessárias para a
implementação do MPLS-TE.

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Abstract
This work, entitled "Traffic Engineering Deployment with MPLS WANs," features
such as traffic engineering was facilitated with the use of MPLS technology. The
traffic engineering is a service that dynamically allows arranging the distribution
of network traffic, minimizing / avoiding congestion, instability or impaired QoS
already agreed. This implementation in networks conventional IPs has several
limitations (which will be mentioned throughout the work). the benefits of this
important service are cited for geographically scattered networks (network
service providers).

It is impossible to speak of traffic engineering with MPLS (usually called MPLS-


TE) without looking properly for the technology to support such implementation.
So, there was talk of the general characteristics of MPLS, its functioning, its
advantages and disadvantages with respect to other backbone technologies.

Later, with basic theoretical support on the technology used, the approach
confined to the study of MPLS-TE. the limitations quoted the traffic engineering
using pure IP protocol and how MPLS solves these limitations, we present the
protocols that support MPLS-TE. also spoke to some attributes that TE tunnels
used to route traffic must have another aspect that was important to note,
because it is a very important technique to ensure continuity of service in case
of failure of some connections or devices, was the "fast reroute," because it
allows protection and circuit restoration, with fast convergence time.

Finally, it presented a basic topology, which enabled display some features of


MPLS-TE using Cisco's emulation software, the GNS 3. Are detailed the basic
settings required for the implementation of MPLS-TE.

x
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Introdução
O aumento da utilização da internet, assim como o aumento das exigências por
serviços de comunicação capazes de integrar dados, voz e imagem com
qualidade de serviço e segurança, faz com que surjam e aprimorem-se
tecnologias para atender a essas e outras necessidades.

Apesar da complexidade de muitos backbones actuais, a robustez e a


confiabilidade são uma evidência de um grande avanço no desenvolvimento
das tecnologias de redes espalhadas geograficamente, conhecidas pelo
acrónimo de WAN (Wide Area Network). Combinando o processo de
encaminhamento de nível 3 com a comutação sobre a camada 2, de acordo
com o modelo OSI (Open Systems Interconnection), a arquitectura IP (Internet
Protocol) sobre MPLS (Multiprotocol Label Switching) oferece maior
possibilidade de gerenciamento e engenharia de tráfego, reduzindo o processo
necessário para realizar o roteamento de datagramas em redes IPs.

Nas redes IPs convencionais o encaminhamento dos pacotes é processado no


caminho de menor custo, enquanto outros podem ficar subutilizados. Com o
MPLS é possível aplicar um importante serviço associado a tecnologia,
chamado de MPLS-TE (Multiprotocol Label Switching) ou ainda engenharia de
tráfego com MPLS, a aplicação desse serviço permite fazer o balanceamento
do tráfego por caminhos redundantes com mesmos ou diferentes custos. Em
redes WANs, que são as redes dos provedores de serviços composta por
centenas de routers, o MPLS-TE propicia melhor eficiência aos backbones e
maior controlo do tráfego.

O presente trabalho apresenta um estudo sobre o MPLS-TE, suas


funcionalidades e seus benefícios para as redes dos provedores de serviços de
telecomunicações, mas para isso foi preciso fazer uma "viagem" sobre o
MPLS, que é o fundamento para que se perceba qualquer dos serviços
proporcionados por essa tecnologia.

Objectivando facilitar o entendimento de quem entrar em contacto com o


trabalho, fez-se uma simulação do MPLS-TE usando o software da Cisco, o
GNS 3.

1
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Justificativa

Os routers nas redes IPs convencionais para encaminharem os pacotes, fazem


uma busca em suas tabelas de roteamento procurando o destino a qual
pertencem os pacotes e, essa busca é feita em todos os routers por onde os
pacotes passam. Dependendo dos protocolos de roteamento interno utilizados
em sistemas autónomos, os algoritmos preenchem as tabelas de roteamento
com informações dos caminhos com menos custos até o destino, usando
apenas as ligações activas. Entretanto, em redes de grande porte, o caminho
de menor custo nem sempre é a melhor opção, pois pela alta quantidade de
tráfego, algumas ligações podem ficar sobrecarregadas enquanto outras ficam
ociosas.

Procurando formas de balancear o tráfego na rede, pensou-se em falar da


engenharia de tráfego. A engenharia de tráfego é um conjunto de técnicas, que
consiste em estabelecer rotas para encaminhar o tráfego, essas rotas, são
diferentes daquelas já estabelecidos pelos protocolos de roteamento interno
utilizados.

Esses protocolos possuem algumas limitações, uns pelo número de saltos que
podem suportar (Exemplo RIP), outros porque não levam em conta a largura de
banda disponível nas ligações ou seja, são capazes de enviar o tráfego por
uma ligação mesmo congestionada (Exemplo OSPF). Portanto, pensou-se em
abordar o tema "Engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs", pois, é
possível orientar o tráfego com base em critérios de recursos disponíveis na
rede.

2
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Objectivos

O principal objectivo é estudar a implementação de engenharia de tráfego nas


redes dos provedores de serviços de telecomunicações (redes WAN), usando a
tecnologia MPLS. Essa implementação consiste em balancear o tráfego nas
redes (a fim de explorar os recursos disponíveis), optimizar os backbones das
redes (a fim de reduzir o atraso e perda dos pacotes, melhorando de certa
forma a QoS prestada) e por fim, ter maior controlo do tráfego para melhor
gerenciamento da rede.

3
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Metodologia

A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse trabalho, baseou-se


principalmente no método investigatório, onde fez-se pesquisas em livros
online usando o aplicativo para android SCRIBD, publicações e/ou artigos em
pdf e algumas páginas da internet. Outras fontes de pesquisas, foram vídeo
aulas e conversas com um funcionário da empresa UNITEL.

Iniciou-se as actividades com a recolha das fontes bibliográfica basicamente


necessárias e com o download gratuito do software de emulação que permitiu
fazer a exibição prática do tema proposto, tudo sob orientação do tutor.

Organização do Trabalho
A abordagem do tema ficou dividida em três capítulos.

No capítulo 1, fez-se uma abordagem sobre as redes MPLS, comparando o


roteamento convencional e o roteamento baseado em rótulos e, também
abordou-se a estrutura, os componentes da arquitectura, o funcionamento,
suas vantagens e desvantagens da tecnologia.

No capítulo 2 abordou-se os conceitos fundamentais do MPLS-TE, bem como


alguns protocolos que são usados por ele, falou-se também da sua operação e
de outras funcionalidades associadas a esse importante serviço associado ao
MPLS.

O capítulo 3 trata da aplicação prática do serviço proposto, nesse capítulo fez-


se uma apresentação do software que foi usado para a simulação,
posteriormente, a abordagem cingiu-se sobre a topologia usada para a
simulação e as configurações dos routers.

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

CAPÍTULO

1
Tecnologia MPLS

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

1. Tecnologia MPLS
Esse capítulo é de extrema importância para que se perceba o ponto fulcral
desse trabalho (MPLS-TE), nele está descrito o surgimento da tecnologia
MPLS (Multiprotocol Label Switching), a diferença entre o roteamento IP e o
roteamento baseado em rótulos, o formato do cabeçalho MPLS, os
componentes de sua arquitectura, falou-se também, do funcionamento da
tecnologia e por fim, das suas vantagens e desvantagens.

1.1. Historial

Na segunda metade da década de 90, a tecnologia ATM (Assinchronous


Transfer Mode), embora ainda com preço elevado e protocolo complexo em
planos e camadas, já era a tecnologia dominante para a construção de
backbones. Ao mesmo tempo, já se sabia que a pilha de protocolos TCP/IP era
um padrão de facto no mundo e que todas as tecnologias que fossem
desenvolvidas a partir de então, deveriam ser compatíveis com esses
protocolos. No entanto, a natureza da tecnologia ATM, com células de tamanho
fixo e qualidade de serviço intrínseca, difere totalmente da natureza do
protocolo IP.

O mapeamento de pacotes IPs, no ATM é uma tarefa complexa, já que os


processos de segmentação em pequenas células e remontagem dos pacotes
acarretam desperdício de banda passante, acrescentando informações
adicionais e exigindo mais processamento dos routers. Desse modo, a união
desses dois mundos nunca permitiu uma utilização plena e harmónica das
duas tecnologias.

Nessa mesma década surgiram pesquisas que levaram a uma quebra total de
paradigma e foram inicialmente chamadas de “comutação IP”. Alguns
fabricantes entendiam que pacotes IPs não precisavam ser roteados nos
núcleos das redes e que era possível adquirir a qualidade de serviço de redes
ATM por meio da comutação de pacotes IPs, essa comutação seria realizada
por rótulos (Labels) adicionados a cada pacote.

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

O MPLS (Multiprotocol Label Switching) é uma tecnologia criada pela IETF


(Internet Engineering Task Force), inicialmente como uma tentativa de
padronizar a comutação de pacotes baseada na troca de rótulos e, com isso,
melhorar a eficiência de fluxos de tráfegos através da rede, modificando um
paradigma fundamental até então existentes nas redes IPs com a inserção de
rótulos aos datagramas, propiciando assim a comutação IP.

1.2. Roteamento convencional vs baseado em


rótulos

A tecnologia IP deverá continuar a ser a principal ferramenta adoptada pelos


provedores de serviço. Essa tecnologia, aliada ao MPLS e à possibilidade de
unificar as comunicações de voz, dados e vídeo sob uma mesma infra-
estrutura de rede, propicia benefícios económicos e tecnológicos para as
operadoras.

Por padrão, o protocolo IP possui como base para encaminhamento de pacotes


a análise do endereço IP de destino existente no cabeçalho do pacote da
camada de rede. Com o crescimento mundial da internet, a demanda de
tráfego requerida pelos provedores de serviço aumentou bastante. Para
suportar esse crescimento, os ISPs (Internet Service Providers) precisam de
routers de alto desempenho, pois, alem da crescente demanda por banda, eles
precisam lidar com o crescimento do número de nós na rede e,
consequentemente com um aumento nas suas tabelas de roteamento.

O processo de roteamento realizado pelo elemento router (roteador) é


complexo e suporta vários protocolos e tipos de interfaces. Os switches
(comutadores) são mais simples, fazendo com que a sua relação
custo/desempenho seja melhor do que a dos routers.

Os switches oferecem um desempenho muito superior na comutação de


células ou segmentos do que os routers no encaminhamento de pacotes. Isso
se deve ao facto de que o tipo de informações a ser analisado por um switch é
basicamente mais simples, tornando o processo de encaminhamento de
segmentos muito mais rápido, facto esse que levou a maior parte dos
backbones IPs, serem implementados utilizando uma rede ATM em seu núcleo.
7
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

O surgimento de uma tecnologia nova, normalmente dá-se porque a tecnologia


actual não atende às necessidades requeridas, podendo ser funcionais ou por
desempenho. O MPLS surgiu como uma tecnologia que oferece algumas
funcionalidades não existentes em redes IPs convencionais.

O MPLS é uma tecnologia aberta que foi apresentada como uma solução que
possibilitava melhorar o desempenho das redes IPs na função de
encaminhamento de pacotes IPs, combinando o processo de roteamento de
nível 3 com a comutação de nível 2 para realizar o encaminhamento de
datagramas através de pequenos rótulos de tamanho fixo. Tais rótulos são
números utilizados no protocolo MPLS e, através destes, a decisão de qual
interface se deve encaminhar os datagramas é tomada.

Em uma arquitectura IP sobre MPLS, as informações necessárias para o


encaminhamento são obtidas através do cabeçalho MPLS (32 bits), que é bem
menor e menos complexo que o cabeçalho IP (20 bytes), assim, os
equipamentos de menor poder de processamento e armazenamento têm
melhor desempenho nesse tipo de arquitectura em relação a outras.

Outra vantagem significativa da arquitectura IP sobre MPLS que se pode


destacar diz respeito ao encaminhamento de datagramas ao longo de um
caminho. Em redes IPs convencionais todos os routers da topologia precisam
pesquisar a melhor rota em sua tabela de roteamento para encaminhar o
pacote ao seu destino pelo melhor caminho possível. Já o MPLS funciona com
o encaminhamento baseado em rótulos, pois os routers do núcleo, conhecidos
por P (Provider) ou LSR de trânsito, não têm acesso ao endereço IP de destino
do pacote, assim não há inteligência de roteamento nesses routers de núcleo,
mas sim, o encaminhamento local, de uma interface para outra, tomando como
base os valores dos rótulos dos pacotes, fazendo apenas um processo de
comutação de rótulos.

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Tabela 1. 1 roteamento convencional vs baseado em rótulos

Tipos de roteamento
Convencional Baseado em rótulos
Analise de Verificação dos pacotes a Verificação dos pacotes apenas
todo cada saldo em todo uma vez no ingresso do caminho
cabeçalho caminho da rede. virtual.
IP
Suporte Necessita de roteamento Necessita somente um algoritmo
para dados especial para multicast e de encaminhamento.
unicast e algoritmo de
multicast encaminhamento.
Decisão de Baseado no endereço Baseado em vários parâmetros:
roteamento destino do pacote IP. endereço de destino no cabeçalho
IP, QoS, tipo de dados e etc

1.3. Cabeçalho MPLS

Um dos elementos mais importantes no MPLS é o rótulo, esse rótulo é nada


mais, nada menos do que um identificador curto, de 32 bits e com um
significado local no router que é usado para identificar uma FEC (Forwarding
Equivalence Class), isto é, um grupo de pacotes IPs que são enviados da
mesma maneira, sobre o mesmo trajecto e com o mesmo tratamento de
transmissão. Uma FEC pode corresponder a uma subnet do endereço IP de
destino, mas pode igualmente corresponder a qualquer classe de tráfego que o
router de borda considera significativo.

 Rótulo (Label): contém o valor de rótulo MPLS. Como o tamanho


é de 20 bits, esse valor pode variar de 0 a (2 20 - 1), ou 1.048.575.
Existem alguns valores que são reservados ao protocolo e têm
significados especiais.
o 0 - IPv4 Explicit NULL Label: indica que o rótulo deve
ser retirado e desse ponto em diante, o roteamento será
feito com base no endereço IP.

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

o 1 - Router Alert Label: indica que o datagrama deve


ser analisado pelo software local. O encaminhamento
seguinte é definido pelo próximo rótulo da pilha MPLS.
o 2 - IPv6 Explicit NULL Label: mesma funcionalidade
do valor 0, mas aplicada ao protocolo IPv6.
o 3 - Implicit NULL Label: valor utilizado pelos LSRs
(Label Switch Routers) para a distribuição de rótulos
(LDP – Label distribuition Protocol).
o 4 a 15 – Reservados para definições futuras.
o 16 a (220 – 1) – Rótulos utilizáveis para roteamento.
 EXP (Experimental Bits): esse campo é composto por 3 bits e
são utilizados para alterar os algoritmos de enfileiramento e
descarte, dessa forma é possível dar prioridade a determinados
pacotes.
 BoS (Bottom of Stack): formado por apenas 1 bit, esse campo
permite a criação de uma pilha hierárquica de rótulos. Indica se o
cabeçalho ao qual o pacote pertence é o ultimo da pilha MPLS.
Todos os cabeçalhos MPLS devem ter esse bit em 0, através
desse campo um router de saída tem condições de decidir se o
próximo encaminhamento será baseado em MPLS ou IP.
 TTL (Time to Live): esse campo é formado por 8 bits e funciona
de maneira semelhante ao TTL do protocolo IP. Ele especifica um
limite de quantos saltos o pacote pode atravessar. Quando um
datagrama entra em um router de borda MPLS, o valor inicial do
TTL no cabeçalho MPLS deve ser igual ao valor do TTL do
cabeçalho IP e decrementado de 1 em cada router. Na saída do
caminho, o router deve copiar o valor do TTL do cabeçalho MPLS
para o TTL do cabeçalho IP.

Figura 1. 1 - Cabeçalho MPLS [1]

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Um cabeçalho MPLS pode ser encapsulado em diversos protocolos de nível 2


e pode encapsular qualquer protocolo de nível 3. Alguns desses protocolos
possuem campos específicos que podem transportar o rótulo MPLS. Como por
exemplo pode-se citar os campos VPI e VCI do cabeçalho ATM. Em protocolos
que não possuem esses campos, tais como ethernet e ppp (point-to-point
protocol), o cabeçalho MPLS é inserido entre os cabeçalhos de nível 2 e nível
3.

A) ATM

GFC VCI VPI PTI CLP HEC DATA

B) ETHERNET

MAC MPLS IP DATA

C) PPP

PPP MPLS IP DATA

1.4. Estrutura do MPLS

Por se tratar de uma ligação entre as camadas 2 e 3, pelo facto de o MPLS


utilizar o sistema de endereçamento dos protocolos de nível 3 e o sistema de
comutação da camada 2, o MPLS é considerado por muitos, um protocolo de
camada 2,5.

Assim, por ser uma camada de integração, é necessário que este esteja
compatível com diversos protocolos de nível 3, assim como tecnologias de
camada 2, o que justifica o termo “Multiprotocol”.

É possível separar o plano de controlo do plano de encaminhamento na


tecnologia MPLS, nesse caso, podendo tratar os planos separadamente. Com
essa característica importante, caso se deseja mudar a estratégia de
roteamento na rede, não será necessário mudar os dispositivos de
encaminhamento. O plano precisa agir caso haja mudanças na rede, mas não
11
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

envolver-se no processamento individual dos pacotes. No plano de controlo é


construída e mantida a tabela de encaminhamento do nó em uso. É nesse
plano que estão localizadas as funções de controlo, tais como sinalização,
roteamento, policiamento de tráfego, conversão de endereços, dentre outras.
Os protocolos de roteamento tais como RIP, OSPF, IS-IS e BGP, actuam
nesse plano e são usados para informações de roteamento entre componentes
de controlo. Já o plano de encaminhamento, que tem a sua operação ditada
pelo plano de controlo, é responsável pelo encaminhamento do tráfego
baseado apenas em rótulos. Em resumo, o que os routers da rede MPLS
fazem é utilizar o plano de controlo para, através de um protocolo de
roteamento, descobrir e escolher os melhores caminhos até o destino.

1.5. Componentes da arquitectura

Figura 1. 2 - Arquitectura MPLS [1]

 Rótulo (Label): os rótulos são pequenos identificadores de tamanho


fixo, colocados nos pacotes durante o seu tráfego pela rede, sendo
facilmente processáveis.
 LDP (Label Distribution Protocol): o protocolo LDP é responsável pela
distribuição de rótulos para os prefixos IPs em uma rede MPLS. Os
rótulos são atribuídos a cada prefixo IGP aprendido na tabela de rotas
globais de um router. Todos os prefixos anunciados por um mesmo
equipamento vizinho recebem o mesmo rótulo. Com isso, os elementos
intermediários em uma rede MPLS (elementos conhecidos como P) não
precisam conhecer a tabela de roteamento completa da rede. Um pacote

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

com rótulo é encaminhado para o próximo enlace baseado somente no


rótulo externo, isto é, aquele alocado pelo LDP com base na tabela de
roteamento e isso ocorre a chegada à rede de destino. Por padrão, o
LDP é configurado para formar adjacências somente com os seus
vizinhos directamente conectados. Assim que os vizinhos são
descobertos inicia-se a troca de rótulos e as sessões são mantidas
através de “Hellos” periódicos. A perda de três “Hellos” faz com que a
sessão seja desfeita. Uma falha directa na interface faz com que a
sessão seja excluída imediatamente.
 LIB (Label Information Base): é uma tabela que contém os diversos
vínculos de rótulos que um LSR (Label Switch Router) recebe sobre o
protocolo LDP, ou seja, uma tabela que apresenta informações
correlacionando os rótulos às interfaces do router. É através dessa
tabela que o LSR determina para qual interface deverá encaminhar o
pacote recebido.

Figura 1. 3 - Tabela de encaminhamento [1]

 FIB (Forwarding Information Base): é uma tabela que controla a


decisão de encaminhamento de um router. Para todo possível
endereço IP de destino, uma pesquisa de prefixo longo é
executada pela FIB. Se um endereço é localizado na tabela, o
router saberá para qual interface de saída deverá enviar os
pacotes. Se nenhum endereço for localizado, o pacote é
descartado. Os conteúdos FIB reflectem o estado actual da

13
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

topologia IP que cerca o router, como determinado pelos


protocolos IPs de roteamento, por exemplo, OSPF ou BGP4.
 LFIB (Label Forwarding Information Base): é uma tabela que
indica onde e como encaminhar os pacotes. É criada por
equipamentos pertencentes a um domínio MPLS. A LFIB contém
uma lista de entradas que consistem de uma subentrada de
ingresso e uma ou mais subentradas de egresso, rótulo de saída,
interface de saída, componentes de saída de nível de enlace. É
baseada nas informações obtidas pelo LSR através da interacção
com os protocolos de roteamento.
 FEC (Forwarding Equivalence Class): uma FEC consiste em
um grupo de pacotes que podem ser tratados de forma
equivalente para propósitos de encaminhamento. Como por
exemplo, um grupo de pacotes cujos endereços de origem e
destino são os mesmos. Pacotes de um mesmo fluxo de dados
geralmente pertencem à mesma FEC. Uma FEC é representada
por um rótulo e cada LSP (Label Switched Path) é associado a
uma FEC. Quando um LER (Label Edge Router) recebe um
pacote, verifica a qual FEC ele pertence e o encaminha através
do LSP correspondente. Portanto existe uma associação “pacote-
rótulo-FEC-LSP” e essa associação “pacote-FEC” ocorre apenas
quando o pacote entra na rede MPLS, propiciando grande
flexibilidade e escalabilidade a este tipo de rede. Exemplo de
FECs: Pacotes com um endereço IP de destino combinando com
um certo prefixo, pacotes de multicast pertencentes a um certo
grupo, pacotes com o mesmo tratamento de encaminhamento
baseados no campo IP precedence ou IP diffserv code point.
 LSR (Label Switch Router): é um equipamento capaz de realizar
encaminhamento de datagramas de rede através de rótulos
MPLS. Ele participa activamente no estabelecimento de LSP,
usando protocolo de sinalização de rótulo, tais como: LDP, RSVP-
TE (Resource Reservation Protocol – Traffic Engineering) e BGP,
e no encaminhamento de tráfego baseado nos caminhos
estabelecidos. Ao receber um pacote, cada LSR troca o rótulo
14
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

existente por outro, passando o pacote para o próximo router e


assim por diante. Existem basicamente três tipos de LSRs:
o LSR de borda de entrada: é um LER (router ou switch
com funções de roteamento) de entrada de uma rede
MPLS. Ele realiza o processamento e a classificação inicial
do pacote e aplica o primeiro rótulo na entrada (ingress) do
pacote no domínio MPLS. Os ingress LSRs analisam as
informações do cabeçalho de rede e associam cada
datagrama a uma FEC. Toda FEC tem um rótulo associado
que será utilizado no encaminhamento para o próximo nó.
o LSR de trânsito: são LSRs intermediários que têm a
função de apenas fazer a comutação, ou seja, a troca de
rótulos e encaminhar o datagrama para o próximo nó. Eles
oferecem comutação em alta velocidade, sendo este um
processo que mais contribui para o ganho de desempenho
na utilização do protocolo MPLS, já que não precisam mais
analisar cabeçalhos da camada de rede.
o LSR de borda de saída: é um LSR responsável pela
retirada do rótulo do pacote e encaminhamento ao seu
destino final.

OBS: os LSRs de entrada e os LSRs de saída também são conhecidos


como LERs (Label Edge Routers) ou PE (Provider Edge). Já o LSR de
trânsito é também conhecido como P (Provider).

Apesar de não fazerem parte do domínio MPLS, os routers do ambiente dos


clientes possuem uma nomenclatura no cenário MPLS, sendo conhecidos
como CEs (Customer Edge). Tais elementos não têm conhecimento da
tecnologia MPLS e o tráfego gerado é baseado apenas nos protocolos
roteáveis (protocolo IP).

 LSP (Label Switched Path): um LSP é o caminho entre o nó de


ingresso, possíveis nós intermediários e o nó de egresso de uma
rede MPLS. É similar a um circuito virtual ATM ou frame relay,

15
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

sendo unidireccional no sentido da origem ao destino, podendo


ser estático ou dinâmico.

1.6. Funcionamento do MPLS

Nesse tipo de redes os pacotes são rotulados assim que entram na rede e são
encaminhados apenas com base no conteúdo desses rótulos ao longo do
caminho. Os routers tomam decisão de encaminhamento com base nesses
mesmos rótulos, evitando assim o esquema de intenso processo de pesquisa
de dados utilizado no roteamento convencional. É possível também que, em
vez de um único rótulo, o MPLS permita que os pacotes de dados carreguem
uma pilha de rótulos, segundo a ordem de que o ultimo rótulo a ser colocado no
pacote deverá ser o primeiro a ser retirado.

Figura 1. 4 - Operação do MPLS [1]

 Etapa 1 – Construção das tabelas de roteamento. Através dos


protocolos de roteamento, tais como OSPF e IS-IS, são
construídas as tabelas de roteamento, que irão determinar os
melhores caminhos para atingir as redes de destino por toda rede
do provedor. Nesta etapa também há a actuação do protocolo
LDP, que irá fazer o mapeamento entre rótulos e IPs de destino.
Os rótulos são atribuídos automaticamente.
16
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

 Etapa 2 – Ingresso dos pacotes na rede. O router de borda


(LER – Label Edge Router) de ingresso recebe os pacotes que
irão entrar na rede, executando serviços de nível 3 e valor
agregado, tais como QoS e em seguida acrescenta o rótulo ao
pacote.
 Etapa 3 – Encaminhamento dos pacotes na rede. O LSR
encaminha os pacotes usando o mecanismo de troca de rótulos.
Ao receber o pacote com rótulo, o LSR lê o rótulo, o substitui de
acordo com a tabela LFIB e o encaminha, sendo essa ação
repetida por todos os routers no núcleo do backbone.
 Etapa 4 – Saída do pacote na rede. O router de borda de saída
remove o rótulo e entrega pacotes IPs.

Nas figuras a seguir, pode-se acompanhar um exemplo prático de


encaminhamento dos pacotes baseado em rótulos, de acordo com as quatro
etapas citadas. A figura 1.5 apresenta um processo de roteamento
convencional, onde é exibida a entrada de dois pacotes IPs em uma rede
MPLS. Através da actuação de um protocolo de roteamento (OSPF, IS-IS), as
informações da rede são propagadas e as tabelas de roteamento são
construídas.

Figura 1. 5 - Construção das tabelas de roteamento IP [1]

Na figura 1.6 mostra-se a inserção dos rótulos aos pacotes IPs. Através do
protocolo LDP, essas associações são anunciadas para os routers vizinhos.

17
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Por exemplo vê-se que no router central o rótulo de saída para a rede 192.168
terá o valor 9 e o rótulo de saída para a rede 172.16 terá o valor 7. Já os
rótulos de entrada para tais redes serão 4 e 5, respectivamente.

Figura 1. 6 - Inserção dos rótulos aos pacotes IPs [1]

Na figura 1.7, vê-se que, quando todas as tabelas estão actualizadas, é


estabelecido um LSP pelo qual serão encaminhados os pacotes
correspondentes a esta FEC. Pode-se notar que a inserção e retirada de
rótulos serão feitas pelos LERs e que o router de trânsito (P), fará apenas a
troca dos rótulos.

Figura 1. 7 - Pacotes encaminhados baseados nos rótulos[1]

18
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

É importante realçar a existência de uma técnica conhecida como PHP


(Penultimate Hop Popping), que consiste na configuração da retirada do
cabeçalho MPLS no penúltimo LSR e não no LSR de saída. Essa técnica não
compromete o funcionamento de um LSP e propicia um ganho de desempenho
nos routers de borda.

Sem o uso dessa técnica, ou seja, fazendo a retirada do cabeçalho MPLS no


LSR de saída, tem-se duas análises do cabeçalho: a análise do valor do rótulo
ao receber o pacote e a análise do próximo cabeçalho (nesse caso, o
cabeçalho de rede). Porem, fazendo o uso da técnica, se o penúltimo LSR fizer
a retirada do rótulo MPLS, em vez de uma troca, apenas uma análise do
cabeçalho será realizada. Trata-se de uma técnica bastante viável.

1.7. Vantagens do MPLS

O MPLS possibilita a melhoria do desempenho no encaminhamento dos


pacotes, já que existe uma separação do plano de controlo do plano de
encaminhamento. Existe um ganho na diminuição da latência, já que não há
roteamento e sim a comutação de rótulos.

No MPLS há possibilidade de criar túneis. Tal mecanismo é útil para permitir


que muitos LSPs sejam tratados da mesma forma no núcleo da rede sem
perder sua individualidade nas bordas. Dessa forma, tem-se um ganho na
escalabilidade dos LSRs do núcleo da rede.

Um dos usos mais importantes do MPLS é facilitar a engenharia de tráfego nas


redes IPs de provedores de serviços de telecomunicações. A principal
capacidade que o MPLS traz às redes com engenharia de tráfego é a
possibilidade de configurar um circuito virtual overlay comutado para o modelo
de roteamento da internet.

Outro benefício no MPLS é a possibilidade de transformar um switch ATM em


um LSR.

As redes corporativas baseadas em WANs tradicionais podem se beneficiar


com MPLS na utilização dos enlaces e optimizar o rendimento bruto da rede

19
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

utilizando MPLS-TE (Multiprotocol Label Switching - Traffic Engineering). Pode-


se destacar alguns benefícios da tecnologia:

 Desacoplamento de roteamento e encaminhamento;


 Melhor integração dos mundos IP e ATM;
 Redução de custos com a utilização de VPN baseada no protocolo IP;
 Escalabilidade;
 Flexibilidade;
 Priorização de tráfego, assegurando a transmissão de dados de modo
mais eficiente;
 Garantia de níveis de serviço;
 Convergência de dados, voz e vídeo;
 Utilização de serviços tais como QoS (Quality of Service), VPN (Virtual
Private Network) e engenharia de tráfego.

1.8. Desvantagens do MPLS

A tecnologia tem como desvantagem o aumento das informações de controlo,


ocasionado pela adição de rótulos com a consequente redução da carga útil
das informações. Outra desvantagem que pode-se apontar é o facto da
conexão do cliente ao provedor de serviço passar a ser uma conexão de nível
3, herdando com isso as suas vulnerabilidades. Por exemplo, a tabela de rotas
do cliente pode ser vista no backbone MPLS.

20
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

CAPÍTULO

2
Engenharia de tráfego
com MPLS

21
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

2. Engenharia de tráfego com MPLS


Geralmente denominado por MPLS-TE (Multiprotocol Label Switching-Traffic
Engineering), a engenharia de tráfego é dos serviços mais importantes
associado a tecnologia MPLS e será nele aonde cingiremos maior atenção
daqui por diante. O MPLS é bastante atractivo aos olhos dos provedores de
serviços devido aos serviços que ele permite. Esses serviços difíceis de
implementar ou operacionalmente quase impossíveis de realizar em redes IPs
convencionais, são: VPNs MPLS, Pseudowire MPLS, QoS MPLS e Engenharia
de tráfego. Nesse capítulo abordar-se-á conceitos e funcionalidades do MPLS-
TE.

2.1. Conceitos fundamentais

O protocolo MPLS tem uma capacidade importante, que é a de oferecer


roteamento baseado na origem, na tecnologia MPLS essa capacidade é
chamada de roteamento explícito. Apesar de o protocolo IP possuir
característica de roteamento baseado na origem, ele não é muito utilizado por
diversos motivos, incluindo o facto de apenas um número limitado de saltos
poder ser especificado e que normalmente ele é processado fora do “caminho
rápido” na maioria dos routers.

O roteamento explícito do MPLS pode ser usado para resolver um problema


bastante conhecido na engenharia de tráfego, denominado “problema do peixe”
devido a sua forma, como mostra a figura abaixo.

Figura 2. 1 - Rede exigindo roteamento explicito [4]

22
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Observando a figura a cima ilustrada, vê-se que existem dois caminhos entre
os routers R1 e R5:

 R1→R2→R5
 R1→R3→R4→R5

Supondo que o administrador tenha determinado que qualquer tráfego fluindo


de R6 para R5 deva seguir o caminho R1→R3→R4→R5 e que qualquer
tráfego fluindo de R7 para R5 deve seguir o caminho R1→R2→R5. Geralmente
faz-se essa escolha a fim de explorar a capacidade disponível em cada um dos
caminhos. Essa requisição não pode ser feita facilmente com roteamento IP
normal, pois R1 não examina de onde o tráfego veio ao tomar as suas decisões
de encaminhamento. Já com o MPLS é possível conseguir o roteamento
desejado.

Uma das aplicações do roteamento explícito é na engenharia de tráfego onde o


principal objectivo é apresentar como é possível garantir que diversos
caminhos possam ser utilizados para o envio do tráfego sem sobrecarregar um
determinado caminho, enquanto outros ficam subutilizados.

A engenharia de tráfego é a utilização de princípios tecnológicos e científicos


para a medição, caracterização, modelagem e controlo do tráfego com
objectivos de avaliação e optimização do desempenho das redes IPs. A
melhora na QoS prestada pela rede devido a aplicação do TE (Traffic
Engineering) pode ser observada através de parâmetros de tráfego tais como
atraso fim a fim, variação do atraso ou perda de pacotes, bem como pela
percepção humana, como por exemplo, em aplicações multimédia. Uma boa
TE é essencial para a eficiência dos backbones das operadoras de
telecomunicações. Assim como os backbones devem suportar alta utilização da
capacidade de transmissão, as redes devem ser bastantes robustas, de forma
que possam suportar falhas de enlaces ou de routers.

MPLS-TE é uma tecnologia que implementa engenharia de tráfego nas redes


IPs ao permitir o estabelecimento de caminhos nessas redes, caminhos esses,
diferentes dos definidos pelos protocolos IGPs (Interior Gateway Protocols),
com base em critérios de recursos disponíveis, métricas sensíveis ao atraso
ou, por exemplo, características físicas do enlace como velocidades diferentes.
23
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

O MPLS-TE pode trazer benefícios para todas as tecnologias e/ou aplicações


que requerem banda, atraso ou variação dos níveis de eficiência no
mapeamento de fluxos de recursos. A aplicação do MPLS-TE não cria banda e
não reduz os problemas com insuficiência de recursos na rede, mas ajuda no
mapeamento mais eficiente desses recursos, como por exemplo, mapeamento
de caminhos redundantes.

2.2. A engenharia de tráfego sobre MPLS

No roteamento convencional, os pacotes geralmente são encaminhados para o


caminho com maior banda, se tomarmos como exemplo a figura abaixo.

Figura 2. 2 - Roteamento convencional [1]

Analisando-a, vê-se que, a ligação principal possui uma banda de 10Gbps,


que é muito superior com relação a ligação redundante de banda 2.5Gbps.
Nesse caso pode-se fazer o balanceamento de carga.

Há distintas limitações do modo como a engenharia de tráfego pode ser


realizada usando basicamente o protocolo IP. Se as regras de
encaminhamento forem modificadas, então os routers da rede terão de ser
mantidos sincronizados e todos deverão operar com mesmo nível de função,
ou então poderão acontecer loops e maior congestionamento.

O protocolo OSPF (um dos mais comuns utilizado em redes IPs puras), faz
balanceamento de carga entre rotas de custos iguais (métricas iguais) entre até
4 interfaces simultaneamente (Equal Cost Load Sharing). Já o protocolo EIGRP

24
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

é capaz de fazer balanceamento de carga entre rotas de custos desiguais


(Unequal Cost Load Sharing) mas limitado pelo número de interfaces.

O MPLS pode ser utilizado para criar túneis de engenharia de tráfego com base
na análise do tráfego e com objectivo de fornecer balanceamento de carga
entre caminhos de diferentes taxas de transmissão, como apresentado na
figura abaixo. A engenharia de tráfego está utilizando cada vez mais o MPLS
para atender as suas necessidades de "tunelamento".

Figura 2. 3 - Balanceamento de carga [1]

2.3. Extensões do OSPF para TE

O protocolo OSPF (Open Shortest Path First) foi criado pelo IETF (Internet
Engineering Task Force), ele é um protocolo de roteamento do tipo estado de
enlace, que envia anúncios sobre os estados da conexão a todos outros
routers em uma mesma área hierárquica e usa o algoritmo SPF (Shortest Path
First) para calcular o caminho mais curto para cada nó. Trata-se de um
protocolo IGP (Interior Gateway Protocol), de código aberto, foi projectado com
objectivo de substituir o protocolo RIP (Routing Information Protocol)
resolvendo diversas limitações que este apresenta e abordar as necessidades
das redes grandes e escaláveis, as quais não eram abrangidas pelo RIP. A
versão mais recente do protocolo para funcionalidade com o IPv4 é o OSPF
versão 2, sendo o OSPF versão 3 utilizado para o IPv6. Características do
protocolo OSPF:

25
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

 Não há limite no custo máximo de uma rota;


 O OSPF pode efectuar o balanceamento de carga;
 A convergência é mais rápida do que o RIP, já que as alterações de
roteamento são difundidas imediatamente e são calculadas em paralelo;
 Tem suporte a VLSM (Variable Length Subnet Mask), ou mascara de
sub-redes de tamanho variável, técnica que permite a divisão de sub-
redes em sub-redes, com objectivo de reduzir a perda de endereços IPs.

O cálculo OSPF selecciona o caminho de menor custo para uma rede, da


origem ao destino, usando apenas os enlaces activos. Nos protocolos de
roteamento por estado de enlace, cada router possui uma visão completa da
rede, mas os routers precisam construir uma tabela de roteamento começando
“do zero”, usando apenas a informação do caminho mais curto. Não é uma
exigência que todos os routers usem o mesmo mecanismo para calcular os
caminhos mais curtos, porque todos eles chegam a resultados coerentes.
Apesar disso, essa coerência é tão importante que os dois principais protocolos
de roteamento por estado de enlace, o OSPF e o IS-IS, exigem, o uso do
algoritmo Shortest Path First.

O algoritmo SPF é um modo relativamente eficaz e simples de criar uma tabela


de roteamento a partir de um conjunto de informações de estado de enlace.
Um ponto importante é que o algoritmo deve preencher totalmente a tabela de
roteamento de uma só vez, calculando os caminhos mais curtos para todos os
destinos. A partir de um só nó específico cada router vizinho é acrescentado a
uma lista de candidatos, que é ordenada por custos (métricas) dos enlaces até
os vizinhos, com o enlace de menor custo em primeiro lugar.

A RFC 3630 define as extensões do protocolo OSPF versão 2 para engenharia


de tráfego aplicáveis em redes IP, sendo também validos para o MPLS-TE. O
OSPF (Open Shortest Path First – Traffic Engineering) inclui o conceito de
LSAs (Link State Advertisements – Anúncios de estado de enlaces) opacos.
Esses LSAs permitem que os routers partilhem informações privadas ou
proprietárias pela rede de uma maneira inter-operável. Foram definidos três
tipos de LSAs opacos:

1. LSA opaco tipo 8 – abrange apenas um enlace;

26
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

2. LSA opaco tipo 10 – abrange uma área;


3. LSA opaco tipo 11 – abrange um sistema autónomo OSPF.

Os routers que não “entendem” os LSAs opacos não precisam examinar nem
os usar em seus cálculos de caminho. Eles apenas devem armazenar e
reencaminhar os LSAs recebidos. Isso provê um modo elegante de acrescentar
função a uma rede de maneira compatível e é usado para acrescentar
informações de engenharia de tráfego ao OSPF, de modo que os routers
cientes da engenharia de tráfego possam descobrir e actuar sobre a
informação de TE em cooperação com routers mais antigos, que continuam a
implementar o OSPF padrão. A RFC 3630 engloba apenas o LSA opaco tipo
10, ou seja, restringe a sua aplicabilidade ao interior de uma área OSPF.

O OSPF-TE descreve e define uma forma de distribuição de atributos de


enlaces estendidos (extended links attributes) que se baseia em roteamento
baseado em restrições (constraint-based routing). Ao contrário do OSPF
convencional, onde cada salto (hop) realiza o roteamento de pacotes com base
em tabelas de roteamento local, o OSPF-TE centraliza as informações em uma
base de dados localizada no head-end LSR, no caso do MPLS-TE,
denominada base de dados de TE (TE database).

Existe no MPLS-TE a possibilidade de utilização conjunta da métrica do OSPF


convencional e de uma métrica TE para diferentes classes de tráfego. Uma
aplicação de voz pode utilizar a métrica OSPF-TE relativa a retardos, enquanto
uma transferência de grandes arquivos pode usar uma métrica convencional.

2.4. Extensões do IS-IS para TE

O protocolo IS-IS foi concebido pela ISO (International Organization for


Standardization), ele pode ser mapeado directamente no modelo OSI (Open
System Interconnection). Trata-se de um protocolo que faz roteamento por
estado de enlace, tendo suporte ao balanceamento de carga e a VLSM, sendo
um protocolo para actuação intra-domínio (dentro de um mesmo sistema
autónomo). Embora tenha sido projectado para roteamento ISO, ele foi
adaptado para uso em ambientes IPs, daí a origem do termo Integrated IS-IS,
muito utilizado actualmente para se referir ao uso desse protocolo nas redes

27
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

IPs. Pode-se destacar algumas semelhanças entre o protocolo em questão e o


protocolo OSPF, que são:

 Ambos fazem o uso do algoritmo de estado de enlace;


 Aceitam VLSM;
 Possuem tipos específicos de routers definidos em diferentes partes da
rede;
 São hierárquicos;
 Podem fazer balanceamento de carga;
 Ambos possuem capacidade de autenticação.

Para que o MPLS-TE funcione sobre uma rede com protocolo IS-IS
preexistente, é preciso actualiza-lo para uma nova versão de IS-IS, já com o
OSPF não é necessário.

As extensões de TE, para o IS-IS então descritas na RFC 3784. Os


procedimentos no IS-IS-TE são semelhantes aos do OSPF-TE, com pequenas
diferenças. Por exemplo: o período padrão para reflooding periódico de
informações de roteamento, é de 30 minutos para o OSPF-TE, assumindo o
valor de 15 minutos no IS-IS-TE.

2.5. Protocolo RSVP-TE

O RSVP-TE (Resource Reservation Protocol – Traffic Engineering) ou


protocolo de reserva de recursos para engenharia de tráfego é o principal
protocolo para a distribuição de rótulos em redes MPLS com engenharia de
tráfego. O protocolo RSVP é adequado para extensão ao mundo MPLS porque
lida com reservas de recursos fim a fim para fluxos de tráfego. O RSVP-TE
acrescenta novos objectos para permitir o estabelecimento de túneis LSP e
administrar a alocação e distribuição de rótulos.

Na engenharia de tráfego, o RSVP proporciona uma excelente adequação para


a distribuição de rótulos MPLS de forma optimizada. Esse protocolo teve de ser
aprimorado para que pudesse sinalizar túneis de TE, caso contrário não seria
possível porque o RSVP foi projectado originalmente para sinalização de
serviços integrados (Intserv) ou seja ele sinalizava qualidade de serviço em

28
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

toda rede. viu-se também desenvolvimentos do RSVP para serviços integrados


(Intserv) porque o modelo Diffserv (Serviços diferenciados) oferece qualidade
de serviço nos dias de hoje. Como resultado de limitações graves de
escalabilidade no modelo Intserv em grandes redes, vários novos objectos
relacionados com TE foram definidos, as extensões do RSVP estão detalhadas
na RFC 3209.

Figura 2. 4 - Funcionamento do RSVP-TE [8]

A figura 3.4, ilustra o funcionamento do RSVP-TE onde, o LSR A cria uma


mensagem PATH, com detalhes dos parâmetros de tráfego requerido para que
seja criada uma rota explicita. sendo assim, o LSR A reserva os recursos
solicitados para essa nova LSP e encaminha todas as informações para o LSR
B dentro da mensagem PATH.

O LSR B recebe a mensagem e como não é equipamento de egresso, ele


reserva recursos solicitados para o LSP, faz uma modificação sobre o
roteamento explicito e repassa a mensagem PATH para o LSR C, que é
identificado na rede como router de egresso. Com isso, o LSR C cria um rótulo
e repassa para o LSR B por meio da mensagem "Resv", que contém detalhes
sobre parâmetros necessários para a criação do LSP. O LSR B recebe a
mensagem, finaliza a reserva e repassa as informações para o LSR A
finalizando assim o LSP.

29
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

2.6. Operação do MPLS-TE

Para além de ser usado para optimizar a utilização dos recursos das redes com
enlaces redundantes e com velocidades diferentes, ele fornece mecanismos
para recuperação rápida (fast reroute) em caso de um enlace ou um router
entrar em falha. O MPLS-TE também pode ser combinado com outros
mecanismos de QoS para fornecer garantias de VPNs ou classes de tráfego.

O MPLS-TE combina a capacidade de engenharia de tráfego do ATM com a


flexibilidade do IP. Basicamente, a activação dos caminhos no MPLS-TE ocorre
pela configuração de túneis de TE unidireccionais, sendo a origem do túnel
denominada head-end e o destino do túnel, denominado de tail-end.

Figura 2. 5 - RSVP - MPLS-TE [4]

O MPLS-TE permite um esquema de engenharia de tráfego onde o head-end


do LSP pode calcular a rota de forma mais eficiente através da rede em
direcção ao tail-end, necessitando apenas conhecer a topologia da rede e a
banda disponível de todos os enlaces na rede. É necessário habilitar MPLS nos
routers para o estabelecimento de LSP fim a fim. O facto da comutação de
rótulos ser utilizada e não o encaminhamento baseado em IP, permite que o
roteamento seja baseado na origem.

30
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

2.7. Atributos de túneis MPLS-TE

Alguns dos atributos de túneis MPLS-TE são da mesma natureza que os


atributos dos enlaces distribuídos pelos protocolos IGPs estendidos para TE.
Alguns outros atributos dos túneis MPLS-TE são configurados pelos
administradores da rede, transparentemente ao protocolo de roteamento
utilizado. Os atributos são listados a seguir:

 Endereço do tail-end LSR;


 Largura de banda desejada;
 Atributo de preempção (capacidade de alterar a ordem de um
processo em detrimento de outro com maior prioridade);
 Atributo de reoptimização;
 Fast rerouting.

2.8. Protecção e restauração – FRR

As redes são projectadas com um alto nível de redundância para garantir a


oferta de serviços disponíveis aos clientes. Muitas vezes a falha de um circuito
de comunicação faz com que a recuperação de um serviço gaste tempo na
ordem de dezenas de segundos, dada a quantidade de protocolos envolvidos
na convergência. Esse tempo de convergência é resultante, principalmente, do
tempo de propagação do protocolo IGP, responsável por fazer o rerroteamento
rápido para contornar as falhas, efectuando a convergência na rede.
Dependendo da rede, esse tempo pode levar de 5 à 10 segundos. Durante a
convergência, há perda de pacotes e, consequentemente, uma
indisponibilidade do serviço oferecido ao usuário, o que pode afectar o SLA
(Service Level Agreement) acordado entre o usuário e o provedor.

Fast reroute é uma ferramenta integrante do MPLS-TE. Ela permite que


circuitos e routers sejam protegidos pelos túneis do MPLS-TE com rápido
tempo de convergência. A protecção dos circuitos é denominada Link
protection e dos routers, Node protection.

Os dois tipos de protecção são denominados protecção local, isso porque os


túneis de backup protegem apenas um segmento do caminho. A figura abaixo

31
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

exibe o protecção local entre R3 e R5, denominada de protecção de enlace e a


protecção do nó R5, denominada de protecção do nó. Para a protecção do
enlace, o head-end do túnel de backup é o R3, que será o PLR (Point of Local
Repair) e o fim do túnel é o router R5 (Marge Point). Já para a protecção do nó,
o head-end do túnel é o R3 e o fim é o R7.

Figura 2. 6 - Protecção de enlace e de nó [1]

O enlace R3→R5 é considerado o enlace crítico sobre o qual o túnel primário é


sinalizado. Esse enlace será o enlace protegido e, para sua protecção e
protecção do túnel principal, um túnel de backup é sinalizado em torno do
enlace. A protecção do enlace usa túneis de backup NHop (Next Hop Router) e
conta com o facto de que, embora o enlace protegido tenha sido rompido, o
router na outra ponta desse enlace protegido ainda esta activo, portanto e
como o nome já diz, a protecção do enlace, protege de uma falha do enlace,
mas não contra uma falha de nó.

A protecção do nó é semelhante a do enlace, porem difere porque o MP não é


NHop e sim o NNHop (Next Next Hop Router). No caso da figura acima, o túnel
1 e o router R5 estão protegidos pelo túnel 2.

No caso de falha da conexão R3→R5, o tráfego correrá pelo túnel 1 até que o
túnel principal seja restabelecido. Já em caso de falha do router R5, o tráfego
será transmitido através do túnel 2 até que o túnel principal seja restabelecido.

32
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

2.9. GMPLS

O MPLS generalizado (Generalized MPLS) é um conjunto de extensões dos


protocolos de sinalização de engenharia de tráfego MPLS e dos protocolos de
roteamento de engenharia de tráfego, com objectivo de promover um conjunto
padronizado e comum para controlar as redes de núcleo.

A sinalização GMPLS é desenvolvida sobre a sinalização MPLS-TE. Isso não é


apenas uma conveniência que reduz a quantidade de novo desenvolvimento de
protocolo necessário, mas reflecte o facto de o GMPLS ser um conceito
advindo do MPLS-TE e usar muitos dos mesmos termos e conceitos. O
GMPLS é no fundo uma tecnologia de engenharia de tráfego.

O GMPLS utiliza o mesmo conceito de comutação de rótulos do MPLS, mas o


seu objectivo é integrar as tecnologias TDM (Time Division Multiplexing) e
WDM (Wavelength Division Multiplexing) com a comutação de pacotes do
MPLS. A que realçar que no GMPLS a comutação de pacotes é apenas um
tipo de GMPLS. Existe uma grande expectativa quanto ao seu futuro.

33
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

CAPÍTULO

3
Simulação do MPLS-TE
com o GNS 3

34
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

3. Implementação do MPLS-TE com o GNS 3


O presente capítulo trata da implementação do MPLS-TE com ajuda do
software de emulação da Cisco GNS 3. Esse capítulo, está dividido em quatro
pontos. O primeiro trata de dar informações sobre o GNS 3, o segundo ilustra a
topologia básica para a exibição do MPLS-TE e nos outros dois pontos estão
descritos os passos para que se possa fazer a simulação, desde as
configurações básicas layer 3 e MPLS até o serviço proposto.

3.1. GNS3

Existem muitos fabricantes de equipamentos para implementação do MPLS,


mas pela sua popularidade, facilidade de software de emulação, todos os
exemplos serão feitos com base nos comandos e equipamentos da Cisco.

Alguns simuladores reproduzem algumas características de dispositivos reais,


mas nem tudo é permitido, os emuladores são softwares criados para
transcrever instruções de um determinado processador para o processador no
qual ele está a ser executado, sendo capaz de reproduzir funções de circuitos
integrados e arquitecturas do sistema de hardware. Esses softwares têm a
capacidade de transformar um computador em um elemento de rede, como um
router, replicando praticamente todas as suas funções.

O GNS 3 possui algumas características importantes, que são;

 Cada router virtual criado, é de facto, uma emulação completa de


um router Cisco, suportando todos os protocolos e RFCs que um
router real suportaria;
 Várias instâncias de routers virtuais podem ser criadas em um
mesmo PC;
 Permite a comunicação entre elementos emulados e elementos
físicos;
 Trata-se de um software de domínio público;
 Pode ser utilizado em qualquer tipo de computador e sob os
diversos sistemas operativos como: Linux, Windows e Mac OSX.

35
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

O GNS3 permite a reprodução fiel das características de diversos modelos de


routers da Cisco, possibilitando a criação de diversos cenários com plataformas
de routers 1700, 2600, 3600, 3700 e 7200.

OBS: Para que se possa fazer essa simulação, é necessário que o


computador a ser usado tenha um processador potente e alta memoria
RAM. por exemplo Intel core i3 ou i5 (processador) e 4 ou 6 GB (de
memoria RAM).

3.2. Topologia usada na simulação

Apesar de não reflectir, em termo de dimensão, a realidade de um backbone de


um provedor de serviços, que é composto por centenas de routers, a figura 4.1
ilustra uma topologia que permite a exibição do serviço aqui proposto (MPLS-
TE).

Figura 3. 1 - Topologia para exibição do MPLS-TE

Os recursos utilizados no hardware foram: 4 routers modelo 7200 que farão a


função de PE (Provider Edge) e P (Provider) na rede MPLS e também 2 routers
modelo 3725 que farão a função de CE (Customer Edge).

36
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Tabela 3. 1 Equipamentos usados para simulação

Tipos Modelos IOS


CE 3725 c3725-adventerprisek9-
mz.124-15.T5

PE 7200 c7200-adventerprisek9-
mz.152-4.S3

P 7200 c7200-adventerprisek9-
mz.152-4.S3

3.3. Configuração básica do MPLS

Para implementar o serviço proposto (MPLS-TE) na topologia de rede a cima


apresentada, é necessário habilitar MPLS nos routers do backbone.
Basicamente o MPLS pode operar em dois modos: frame-mode e cell-mode. O
modo frame consiste na inserção de um rotulo entre a camada 2 e a camada 3
de um pacote IP puro. Já no modo cell, os LSRs no núcleo da rede MPLS são
comutadores ATM (Assinchronous Transfer Mode), que encaminham os dados
baseados no cabeçalho ATM.

Para a implementação do MPLS, usou-se o frame-mode, por ser o modo usado


pelos ISPs (Internet Service Providers). Os equipamentos a serem
configurados serão: PE1, PE2, P1 e P2.

OBS: São apresentadas as configurações do PE1, deve-se fazer o mesmo


para os outros routers do backbone MPLS.

Passo 1: Configurar o IGP (Interior Gateway Protocol)

Os protocolos IGPs mais comuns para o uso do MPLS são o OSPF (Open
Shortest Path First) e o IS-IS (Intermediate System to Intermadiate System),
tanto um como o outro são excelentes protocolos de estado de enlace. Mas
para essa simulação escolheu-se o OSPF.

37
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

PE1#configure terminal
PE1 (config)#interface serial 1/0
PE1 (config-if)#ip add 192.168.0.13 255.255.255.252
PE1 (config-if)#no shut
PE1 (config-if)#exit
PE1 (config) #interface serial 1/1
PE1 (config-if)#ip add 192.168.0.17 255.255.255.252
PE1 (config-if)#no shut
PE1 (config-if)#exit
PE1 (config)interface serial 1/2
PE1 (config-if)ip add 150.1.1.1 255.255.255.252
PE1 (config-if)no shut
PE1 (config-if)exit
PE1 (config) #router ospf 1
PE1 (config-router)#network 192.168.0.12 0.0.0.3 area 0
PE1 (config-router)#network 192.168.0.16 0.0.0.255 area 0
PE1 (config-router)#network 192.168.0.20 0.0.0.255 area 0
PE1 (config-router)#network 192.168.0.24 0.0.0.255 area 0
PE1 (config-router)#network 192.168.0.28 0.0.0.255 area 0

Verificação

PE1#show ip route
C 192.168.0.12/30 is directly connected, Serial1/0

L 192.168.0.13/32 is directly connected, Serial1/0

C 192.168.0.16/30 is directly connected, Serial1/1

L 192.168.0.17/32 is directly connected, Serial1/1

O 192.168.0.20/30 [110/128] via 192.168.0.14, 00:02:10, Serial1/0

O 192.168.0.24/30 [110/128] via 192.168.0.18, 00:02:10, Serial1/1

O 192.168.0.28/30 [110/128] via 192.168.0.18, 00:02:10, Serial1/1

[110/128] via 192.168.0.14, 00:02:10, Serial1/0

38
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

OBS: As rotas OSPF são exibidas com a letra "O" na tabela de roteamento
do router PE1 nesse caso, podendo ser verificada também nos outros
routers usando o mesmo comando "show ip route".

Passo 2: Configurar Interfaces loopbacks

Interfaces loopbacks são interfaces virtuais, elas são usadas como ID do


router, porque ela está sempre activa não importando o estado das outras
interfaces. Segue-se a configuração do PE1, deve-se fazer o mesmo para os
outros routers do backbone MPLS e para os CEs também.

PE1#configure terminal
PE1 (config)#interface loopback 0
PE1 (config-if)#ip add 10.10.1.1 255.255.255.255
PE1 (config-if)#exit
PE1 (config)router ospf 1
PE1 (router-config)#network 10.10.1.1 0.0.0.0 area 0
PE1 (router-config)#exit

Passo 3: Habilitar CEF

CEF é o acrónimo de Cisco Express Forwarding. Ele é basicamente utilizado


para acelerar o processo de comutação de rótulos nos routers. É um
componente chave da arquitectura Tag Switching da Cisco e passa a ser
fundamental a sua utilização nos routers Cisco que fazem uso da tecnologia
MPLS. Em todos os routers do backbone deve-se habilitar o CEF através do
comando "ip cef" ou "ip cef distributed".

PE1# configure terminal


PE1 (config)#ip cef

Passo 4: Definir o protocolo de distribuição de rótulos

Esse protocolo deve ser configurado em todos LSRs da rede, segue-se a


configuração no PE1.

39
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

PE1#configure terminal
PE1 (config)#mpls label protocol ldp

Passo 5: Habilitar MPLS nas interfaces

É necessário habilitar MPLS nas interfaces para que o encaminhamento dos


pacotes entre PEs e Ps seja baseado em rótulos. segue-se a configuração das
interfaces do PE1.

PE1#configure terminal
PE1 (config)#interface serial 1/0
PE1 (config-if)#mpls ip
PE1 (config)#interface serial 1/1
PE1 (config-if)#mpls ip
PE1 (config-if)#exit

Do jeito que a rede está configurada, caso venha um tráfego do CE1 para o
PE1, o protocolo IGP nesse caso o OSPF, fará a escolha de um caminho para
encaminhar os pacotes, podendo ser PE1→P1→PE2 ou PE1→P2→PE2
(partindo do pressuposto que os dois caminhos têm custos iguais).

Caso não seja configurado nenhum serviço, o MPLS funciona como uma rede
IP convencional, apenas mais rápida no encaminhamento dos pacotes porque
os routers P1 e P2 não analisam o cabeçalho de rede (como já se fez
referência nos capítulos anteriores), eles preocupam-se apenas a fazer a
comutação de rótulos, tornando assim a rede muito ágil em termo de
encaminhamento.

40
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

3.4. Configuração do MPLS-TE

Efectuadas as configurações do IGP e do MPLS, segue-se o passo à passo da


configuração do MPLS-TE.

1. Configurar a 2. Activar TE 3. Definir


interface para globalmente e por parâmetros do
associação do interface RSVP nas
túnel interfaces usadas
no TE

6. Anunciar a 5. Configurar o 4. Configurar


interface túnel caminho explicito parâmetros da
para uso pelo IGP que será usado pelo interface do túnel
túnel

7. Configurar o
IGP para suporte
ao MPLS-TE

Passo 1: Configurar a interface para associação do túnel

Nesse passo, é recomendável usar uma interface loopback como ID do router


para engenharia de tráfego, como já temos configurada faremos o uso da
mesma. No caso do PE1 temos 10.10.1.1/32.

Passo 2: Activar TE globalmente e por interface

Deve-se configurar engenharia de tráfego em todos os routers e posteriormente


configurar também em cada interface.

PE1#configure terminal
PE1 (config)#mpls traffic-eng tunnels
PE1 (config)#interface serial 1/0
PE1 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels

41
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

PE1 (config)#interface serial 1/1


PE1 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
PE1 (config)#exit

Passo 3: Definir parâmetros do RSVP nas interfaces usadas no TE.

Configurar o RSVP bandwidth que será usado na interface para a sinalização e


alocação de recursos para sessões de engenharia de tráfego. O valor
apresentado é quantidade de largura de banda total reservada na interface.

PE1#configure terminal
PE1 (config)#interface serial 1/0
PE1 (config-if)# ip rsvp bandwidth 512
PE1 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
PE1 (config-if)#interface serial 1/1
PE1 (config-if)# ip rsvp bandwidth 512
PE1 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels

Passo 4: Configurar parâmetros da interface do túnel

Esse passo trata das configurações dos parâmetros que serão usados pela
interface túnel. Nesse caso, se o caminho escolhido para o LSP é feito usando
o IGP, o path option (opção de caminho) pode ser escolhido para ser dinâmico
ou explicito, nesse caso especifico ele foi escolhido explicitamente.

PE1 (config)#interface tunnel 0


PE1 (config-if)#ip unnumbered loopback 0
PE1 (config-if)#tunnel mode mpls traffic-eng
PE1 (config-if)#tunnel destination 10.10.1.2
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng path-option 1 explicit name caminho1
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng path-option 2 explicit name caminho2
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng path-option 3 explicit name caminho3
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng bandwidth 200 [kbps]
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng fast-rerounte

42
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

PE1 (config-if)#exit

Passo 5 (Opcional): Configurar o caminho explicito que será usado pelo túnel

Conforme informado, esse passo é opcional e pode ser definido no head-end,


no exemplo abaixo foram definidos três opções de caminho para o túnel 0.

PE1#configure terminal
PE1 (config)# ip explicit-path name caminho1 enable
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.14
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.21
PE1 (cfg-ip-expl-path)#exit
PE1 (config)# ip explicit-path name caminho2 enable
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.18
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.25
PE1 (cfg-ip-expl-path)#exit
PE1 (config)# ip explicit-path name caminho3 enable
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.14
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.29
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.25
PE1 (cfg-ip-expl-path)#exit

Passo 6: Anunciar a interface túnel para uso pelo IGP

Por padrão, à interface túnel não é anunciada no IGP para uso na tabela de
roteamento, sendo necessário a sua configuração explicitamente para que
possa ser utilizada como próximo salto na tabela de roteamento.

PE1#configure terminal
PE1 (config)#interface tunnel 0
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng autoroute announce

43
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Passo 7: Configurar o IGP para suporte ao MPLS-TE

O passo final consiste na configuração do IGP para suporte a TE, nesse caso
teremos o OSPF-TE.

PE1#configure terminal
PE1 (config)#router ospf process-id
PE1 (config-router)#network 192.168.0.12 0.0.0.3 area 0
PE1 (config-router)#network 192.168.0.16 0.0.0.255 area 0
PE1 (config-router)#network 192.168.0.20 0.0.0.255 area 0
PE1 (config-router)#network 192.168.0.24 0.0.0.255 area 0
PE1 (config-router)#network 192.168.0.28 0.0.0.255 area 0
PE1 (config-router)#no auto-cost
PE1 (config-router)#mpls traffic-eng area 0
PE1 (config-router)#mpls traffic-eng router-id interface number

OBS: Estão apresentadas as configurações do túnel 0, deve-se seguir os


mesmos procedimentos para a criação de outros túneis. Como os túneis
são unidireccionais, é necessário que se faça o mesmo para o router PE2.

Figura 3. 2 - Túneis de TE

Criou-se dois túneis, o túnel 0 e o túnel 1. O túnel 0 possui 200 Kbps e tem três
opções de caminho definidos explicitamente, isso permite a recuperação rápida

44
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

ou seja, caso o primeiro caminho fique indisponível o router fará a escolha de


um dos dois caminhos restantes para encaminhar o tráfego. Já o túnel 1 possui
100 Kbps e tem duas opções de caminho.

O balanceamento de carga pode ser feito nos dois túneis, quer por fluxo, quer
por pacotes dependo da necessidade.

Usando o comando "show mpls traffic-eng tunnels tunnel 0" (pode-se fazer o
mesmo para o túnel 1) é possível ver algumas informações relacionadas ao
túnel 0.

Figura 3. 3 - Parâmetros do túnel 0

45
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

É possível ainda visualizar as opções de caminho de cada túnel, a figura


abaixo mostra os caminhos do túnel 0.

Figura 3. 4 - Opções de caminhos do túnel 0

Nos anexos estão apresentadas algumas configurações dos routers do


backbone MPLS necessárias para implementação do MPLS-TE, sendo que as
outras, podem ser consultadas nos pontos 3.3 e 3.4 desse capítulo e aplicadas
para os restantes routers da topologia aqui apresentada.

46
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Conclusão
Depois de algum tempo de investigação e estudos sobre o tema, diga-se por
abono da verdade, que o MPLS-TE é uma excelente forma de mapear os
recursos disponíveis numa rede, permitindo orientar o tráfego de forma a evitar
ou diminuir zonas com congestionamentos.

O balanceamento de carga e a capacidade de protecção e restauração com


rápido tempo de convergência, permite um backbone mais eficiente e com alta
disponibilidade, isso faz com que não se degrade a QoS acordada entre o
provedor e o cliente. Na simulação apresentada, embora não tenha-se
protegido um nó ou um enlace especifico, atribuiu-se a capacidade de fast
rerounting aos routers de borda, caso uma das opções de caminho dos túneis
falhe, as outras suportarão a carga. Se todos os caminhos ficarem inactivos, o
túnel "cai".

O MPLS-TE nos permite ter maior controlo do tráfego, pelo facto do roteamento
ser baseado na origem. Um bom controlo do tráfego permite dar prioridade no
encaminhamento de certos pacotes ou classes de tráfego sensíveis ao atraso,
pelo facto de os túneis de TE terem atributos de preempção.

Os provedores de serviços de telecomunicações só têm a ganhar com a


utilização do MPLS-TE.

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Recomendações
Pelo facto das redes dos provedores de serviço serem redes com grande
fluência de tráfego, é necessário que o MPLS-TE seja combinado com outras
técnicas, para disponibilizar aos clientes variados níveis de qualidade.

A que realçar que para alem da engenharia de tráfego, o MPLS permite


implementar VPNs MPLS, Pseudowire MPLS, QoS MPLS, são serviços quase
que indispensáveis para as redes dos provedores de serviços de
telecomunicações nos dias de hoje. Com isso, recomenda-se que os
provedores de serviços os implementem, para permitir dar resposta as novas
exigências do mercado.

Eis abaixo três sugestões de temas para estudos futuros:

 Combinação do MPLS-TE com QoS para garantir VPNs;

 Pseudowire MPLS, a fim de estudar como é possível transportar


quaisquer tecnologias (ATM, Frame Relay, Ethernet e etc) sobre um
backbone MPLS;

 IPv6 sobre MPLS;

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Referências
[1] Redes MPLS, fundamentos e aplicações - José Mário Oliveira, Rafael
Dueire Lins e Roberto Mendonça. Editora BRASPORT Livros e Multimédia
Ltda.

[2] Tese de doutoramento de Nilton Alves Maia sob o tema "ENGENHARIA DE


TRÁFEGO EM DOMÍNIO MPLS UTILIZANDO TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA
COMPUTACIONAL" na UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.

[3] Trabalho de Engenharia de Tráfego entre domínios de redes distintas -


Alberto Lotito & Marcelo Luís Francisco Abbade.

[4] Cisco Press MPLS fundamentals - Luc de Ghein, CCIE no. 1897.

[5] Manual de Laboratórios OSPF para CCNP Route utilizado no


aprimoramento para prova CCNP Route 642-902 de André Stato Filho.

[6] Tutorial do Simulador de Redes GNS3 de Marcelo Samsoniuk.

[7] Vídeo aulas sobre MPLS Traffic Engineering GNS 3 CISCO ( part 1
connect the GNS lap to the Host, part 2 configure interfaces, part 3 Create the
Tunnels and Explicit Path) [www.youtube.com] → Acedido em Janeiro de 2016.

[8] wwww.teleco.com.br → Acedido em Dezembro de 2015.

[9] www.dltec.com.br → Acedido em Janeiro de 2016.

[10] Vídeo de Instalação e Configuração Básica do GNS3 - Curso CCNA DlteC


do Brasil.

[11] Vídeo "Configurar Router Cisco c7200 Con (GNS3)".

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

Apêndice
Como já foram apresentadas as configurações do PE1 com excessão da
configuração do túnel 1, logo, as configurações aqui apresentadas para o
router PE1 serão apenas as relacionadas ao túnel 1. Para os outros serão
apenas apresentadas as configurações básicas do MPLS-TE.

Configurações do PE1
PE1 (config)#interface tunnel 1
PE1 (config-if)#ip unnumbered loopback 0
PE1 (config-if)#tunnel mode mpls traffic-eng
PE1 (config-if)#tunnel destination 10.10.1.2
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng path-option 1 explicit name principal
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng path-option 2 explicit name secundario
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng bandwidth 100 [kbps]
PE1 (config-if)#tunnel mpls traffic-eng fast-rerounte
PE1 (config-if)#exit

PE1#configure terminal
PE1 (config)# ip explicit-path name principal enable
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.18
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.25
PE1 (cfg-ip-expl-path)#exit
PE1 (config)# ip explicit-path name secundario enable
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.18
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.29
PE1 (cfg-ip-expl-path)#next-address 192.168.0.21
PE1 (cfg-ip-expl-path)#exit

Configurações do P1
P1#configure terminal
P1 (config)#mpls traffic-eng tunnels
P1 (config)#interface serial 1/0

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Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

P1 (config-if)# ip rsvp bandwidth 512


P1 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
P1 (config-if)#interface serial 1/1
P1 (config-if)# ip rsvp bandwidth 512
P1 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
P1 (config-if)#interface serial 1/2
P1 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
P1 (config)#router ospf 1
P1 (config-router)#mpls traffic-eng area 0
P1 (config-router)#mpls traffic-eng router-id loopback 0

Configurações do P2
P2#configure terminal
P2 (config)#mpls traffic-eng tunnels
P2 (config)#interface serial 1/0
P2 (config-if)# ip rsvp bandwidth 512
P2 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
P2 (config-if)#interface serial 1/1
P2 (config-if)# ip rsvp bandwidth 512
P2 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
P2 (config-if)#interface serial 1/2
PE2 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
P2 (config)#router ospf 1
P2 (config-router)#mpls traffic-eng area 0
P2 (config-router)#mpls traffic-eng router-id loopback 0

Configurações do PE2
PE2#configure terminal
PE2 (config)#mpls traffic-eng tunnels
PE2 (config)#interface serial 1/0
PE2 (config-if)# ip rsvp bandwidth 512
PE2 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels

51
Implementação de engenharia de tráfego com MPLS em redes WANs

PE2 (config-if)#interface serial 1/1


PE2 (config-if)# ip rsvp bandwidth 512
PE2 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
P2 (config-if)#interface serial 1/2
PE2 (config-if)#mpls traffic-eng tunnels
PE2 (config)#router ospf 1
PE2 (config-router)#mpls traffic-eng area 0
PE2 (config-router)#mpls traffic-eng router-id loopback 0

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