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de guerra por ela produzidas, assim como as

RELATÓRIO implicações de um mundo nuclearizado em


termos de instabilidade e propensão ao conflito

EXECUTIVO e, por fim, (3) descrever de que modo essas


questões se apresentam de forma concreta no
Sistema Internacional contemporâneo.

DISSUASÃO NUCLEAR1
Resultados
Luiz Marcelo Michelon Zardo
 Contextualização e
16 de novembro de 2018 Conceito
Com o lançamento das bombas de Hiroshima e
Ao Excelentíssimo Senhor Presidente da
Nagasaki, em agosto de 1945, gerou-se uma
República Eleito:
grande comoção social, refletida no cinema, na
música e na literatura, mas também uma
Neste relatório, procede-se à análise de
generalizada incerteza entre os tomadores de
importante temática para a política externa
decisões e os estudiosos da guerra. Afinal,
brasileira, qual seja a da dissuasão nuclear. O
incorporava-se ao universo bélico uma
adequado entendimento desse conceito por
inovação técnica verdadeiramente
parte do Chefe de Estado é imprescindível para
revolucionária, dado o seu poder destrutivo. A
que se possa avaliar a situação do Brasil em um
evolução da tecnologia militar, cabe dizer,
cenário internacional nuclearizado e, além
sempre esteve presente ao longo da História;
disso, tomar uma posição no que concerne a
contudo, era a primeira vez que surgia uma
pautas que têm recebido atuação constante da
novidade capaz ofuscar toda e qualquer
diplomacia nacional nos últimos anos, como a
inovação anterior, como afirmara Brodie.
defesa da tese de proibição das armas nucleares.
Nesse contexto, as reações iniciais foram
Abordagem de Pesquisa predominantemente pessimistas.
Acompanhando a convulsão social, o
Este policy brief visa a melhorar o romancista C. P. Snow expôs no The New York
entendimento sobre a dissuasão nuclear Times sua convicção de que era uma certeza
através dos instrumentais inseridos tanto no matemática a eclosão de uma guerra nuclear
campo de estudo das Relações Internacionais em um prazo de dez anos. O fluxo histórico,
(de explicação mais limitada e superficial), entretanto, encarregou-se de decantar a onda
quanto na área dos Estudos Estratégicos (de pessimista, e teóricos de peso nas Relações
explicação mais consistente e aprofundada). Internacionais passaram a identificar a
Desse modo, tem-se a preocupação de (1) nuclearização com o prognóstico de um mundo
descrever brevemente o que é dissuasão mais estável e pacífico.
nuclear, (2) apresentar as mudanças na forma

1
Trabalho inspirado no tópico “Dissuasão Nuclear” notavelmente nos textos de Cepik & Martins (2014) e
da disciplina de Segurança Internacional, Scholz (2015).
A onda de otimismo emergiu a partir de 1949, Nesse panorama, Waltz chegou a afirmar que
quando a União Soviética testou pela primeira as armas nucleares devem ser entendidas em
vez uma arma atômica e, assim, rompeu o uma perspectiva absoluta. Isto é, para esse
monopólio nuclear que até então detinham os autor estadunidense, não têm relevância as
Estados Unidos. Nessa perspectiva, Kenneth particularidades do patrimônio atômico de
Waltz, “pai” do neorrealismo - vertente um Estado, como o número de ogivas
majoritária (mainstream) no estudo das (dimensão quantitativa) ou as qualificações
Relações Internacionais -, passou a reconhecer desse material (dimensão qualitativa). Bastaria,
que a existência de Estados nuclearizados teria para configurar uma nação como dotada de
um potencial pacificador. Isso se daria na capacidade reativa e, portanto, de dissuasão, a
medida em que o incomensurável potencial posse de armas nucleares acompanhada de três
destrutivo atômico, ampliado em 1952 com a critérios de natureza bastante simples: que
realização do teste de uma bomba de fusão parte da força nuclear aparentasse ser capaz de
nuclear, reduziria o incentivo para que as sobreviver a um ataque e retaliar; que essa
potências nucleares entrassem em guerra entre sobrevivência não fosse conectada a um
si. Afinal, caso a potência X fosse atacada, ela, disparo automático – já que existe o risco de
com seu arsenal atômico, poderia revidar, alarmes falsos; que comando e controle não
causando igualmente danos irreversíveis ao estivessem sujeitos ao risco de uso acidental.
atacante. Essa relação de ação-reação, que Decorre-se daí que na perspectiva waltziana a
implica um jogo de soma negativa no caso de dissuasão nuclear é facilmente alcançável.
um ataque nuclear, corresponde ao conceito de Portanto, investir em montantes gigantescos de
dissuasão nuclear. Os custos de um ataque a armamento nuclear seria total desperdício de
uma potência nuclear – ou a um aliado desta recursos, já que a partir do ponto de capacidade
potência -, representados em uma reação dissuasória não se geraria segurança adicional.
igualmente destruidora, fazem com que
detentores de armas atômicas não se arrisquem  Implicações da Revolução
a utilizá-las em uma ação ofensiva, ou seja, eles Nuclear no Sistema
são dissuadidos de efetivamente empregá-las
quando não tenham sido alvo de um ataque da
Internacional
mesma natureza. A visão de Waltz, classificando a nuclearização
como um fator pacificador, é compartilhada
CENÁRIO
por outro teórico importante nas Relações
1-Estado A Estado B (ataque Internacionais, o realista ofensivo John
nuclear hipotético)
Mearsheimer. Este, contudo, formula uma
2-Estado B (se detentor de armas nucleares; análise mais refinada, ponderando que em
senão aliado com essas condições algumas situações a nuclearização pode
Estado A (retaliação nuclear). não servir aos propósitos de paz. É o caso de
Conclusão do cenário: Estado A e Estado B uma disseminação de tecnologia atômica
sairiam perdendo, portanto é indesejável usar descontrolada, que aumentaria a chance de um
armas nucleares para atacar um adversário. detonamento nuclear acidental, seja por má
administração desse tipo de material ou por
falta de comunicação em momentos políticos No que se refere à guerra na era nuclear, Brodie
tensos. apresenta contribuições fundamentais. Por
mais que a dissuasão gere menor probabilidade
Ademais, nota-se uma outra diferença
de que se recorra ao conflito atômico, as
fundamental entre Waltz e Mearsheimer,
chances deste não são nulas, segundo o
advinda de suas visões contrastantes do
autor, e portanto ter estratégias para esse
Sistema Internacional. Para o primeiro, os
tipo de situação é um imperativo para as
Estados visam primordialmente à sua
potências nucleares. Efetivamente, o autor tem
sobrevivência, e apenas depois disso focam em
razão, afinal não há como prever governos com
objetivos secundários; para o segundo, os
lideranças altamente irracionais, falhas de
Estados são inerentemente maximizadores de
comunicação ou mesmo o colapso de um
poder, buscando, no limite, a hegemonia global,
Estado com posse de armas nucleares. Além
embora ele próprio reconheça não ter havido
disso, Brodie argumenta que nem toda guerra
ao longo da história nenhum registro de Estado
convencional escalona-se para guerra total,
a alcançar referido status. Assim sendo, para
como cedo demonstrou o a Guerra da Coreia,
Waltz as potências nucleares tenderiam a
ao mesmo tempo que a complexidade da
defender a preservação do status quo. Por outro
realidade não permite afirmar que os novos
lado, para Mearsheimer, complexificando a
tempos eliminam a possibilidade de guerras
discussão mais uma vez, as potências
totais. Ele, ainda, vai além ao admitir a
buscariam a hegemonia mundial, por mais
possibilidade de que ataques com armas
improvável que esta fosse, o que se poderia
atômicas sejam empregados dentro de um
atingir através da superioridade nuclear,
contexto de guerra limitada.
identificada com a situação em que uma
potência é capaz de neutralizar as forças Schelling, por sua vez, contribui para o debate
nucleares inimigas, ou seja, atacar a sociedade ao afirmar que o principal aspecto de perigo
ou as forças militares da outra nação sem sofrer trazido pela era nuclear é a compressão do
retaliação. Essa argumentação se aproxima tempo. Decisões de ataque nuclear podem ser
mais da realidade, em que realmente se verifica, concretizadas em apenas alguns momentos, o
por parte das potências nucleares, uma corrida que acentua a necessidade de se entender a
pela reposição numérica e melhoria dimensão da guerra enquanto barganha,
tecnológica desse tipo de armamento. sugerindo que, mais do que nunca, a
adequada comunicação entre adversários é
Apesar dos aperfeiçoamentos de Mearsheimer,
indispensável. Afinal, na era pré-nuclear, as
as contribuições dos teóricos das Relações
guerras evoluíam gradualmente, abrindo
Internacionais revelaram-se limitadas para a
margem para “pausas” nas quais as discussões
adequada compreensão de como a revolução
corriam de forma mais tranquila, sem que
nuclear alterou a propensão do Sistema
alarmes falsos e situações acaloradas pudessem
Internacional à paz e, ainda, das
ter desdobramentos tão traumáticos.
transformações introduzidas na forma de
guerrear. Nesse contexto, emerge a Avançando à temática das implicações da
importância do pensamento desenvolvido no revolução nuclear para a paz e estabilidade do
âmbito dos Estudos Estratégicos. Sistema Internacional, cabe atentar ao fato de
que as já mencionadas versões de Waltz e impactos das diversas configurações de um
Mearsheimer são demasiado simplistas, o que mundo nuclear em termos de paz e
abre espaço para que se observem as lições do estabilidade ao sistema. Sua caracterização,
eminente Eugenio Diniz, teórico brasileiro e que evidencia que a presença de armas
docente na PUC-Minas. nucleares pode ser inclusive antagônica ao
desejo de paz e estabilidade (cenário 1), segue
Waltz: Guerra entre uma
Dissuasão esquematizada nos quadros abaixo:
Nuclear potência nuclear e
outra potência ou
um aliado desta = CENÁRIO 1
menos provável. Dois países sem capacidade de 2nd strike
Nuclearização
: efeito  O primeiro a atacar “leva tudo”, já que
estabilizador não será retaliado.
 Altas chances de ataque contraforça
(voltado às forças convencionais)
Mearsheimer: preventivo ou preemptivo.
 Situação altamente instável e pouco
 Waltz, em geral, está certo.
propícia à paz.
 Mas existem exceções.
 Disseminação descontrolada: riscos de
acidentes, atividade terrorista, uso não CENÁRIO 2
autorizado ou decisões irracionais.
Um país A com capacidade de 2nd strike e outro
Uma grande inovação trazida por Diniz B sem essa capacidade
consiste no reconhecimento de que os  Capacidade dissuasória de A reduz a
critérios para que uma potência nuclear probabilidade de um ataque de B a A.
 Baixa expectativa de ataque de B a A
tenha capacidade de retaliar um ataque, e,
reduz probabilidade de um ataque
assim, de dissuasão, são mais complexos do que preventivo ou preemptivo de A a B.
sugere a análise de Waltz. Um Estado possui  Mesmo que improvável, cenário de
conflito com maiores chances: ataque
capacidade para retaliar (2nd strike contraforça de A a B -> possível reação
capability) apenas quando atende a uma série contravalor (contra a sociedade e
produção) de B -> contrarreação
de requisitos relacionados ao risco de ser pego contravalor de A.
de surpresa e à probabilidade de assegurar a  Cenário razoavelmente estável.
sobrevivência dos meios : a título
CENÁRIO 3
exemplificativo, satélites de monitoramento e
sistemas humanos de obtenção de informações Dois países com capacidade de 2nd strike
no primeiro caso; diversificação e quantidade  Como ambos têm capacidade dissuasória,
dos meios de entrega, alertas antecipados e os dois tendem a não atacar.
 Cenário estável.
recursos de comando e controle (C2) no
segundo caso. Assim, mesmo que uma nação
Diante de todo o exposto, parece nítido que a
tenha armas nucleares, possivelmente haja
realidade é bastante complexa, e deve ser
aspectos organizacionais e técnicos deficientes
feita uma análise cuidadosa e particularizada
que a tornem incapaz, na prática, de retaliar a
para avaliar se a nuclearização tem estabilizado
um ataque atômico.
ou desestabilizado as relações entre potências.
Sob esse prisma, Diniz propõe três modelos, Essa discussão será feita de forma mais
com cenários hipotéticos, para explicar os aprofundada na próxima subseção.
 O Sistema Internacional há evidências de que a Rússia e a China estejam
desenvolvendo algum sistema desse tipo. Além
Atual e a Dissuasão Nuclear disso, os sistemas antimíssil atuais de Rússia e
Enquanto durante a Guerra Fria (ou primeira China são bastante restritos em relação aos dos
Era Nuclear, na terminologia de Gray) Estados Unidos. Moscou, contudo, tem tido
identificava-se uma polarização entre Estados grandes evoluções nesse quesito: o S-400,
Unidos e União Soviética, o mundo de hoje é apesar de ter função primariamente antiaérea,
marcado por um contexto mais globalizado e mostrou-se capaz de interceptar mísseis
uma multipolaridade nuclear. balísticos de médio alcance, e o S-500 (ainda
em desenvolvimento) teria a capacidade de
Nesse cenário, cabe analisar, em um panorama interceptar até mesmo ICBMs.
comparativo, as capacidades das três maiores
potências nucleares, quais sejam EUA, China e Por fim, no que se refere a vetores de ataque,
União Soviética. As três destacam-se pelas “somente os Estados Unidos desenvolvem
constantes pesquisas em armamento atômico, sistemas de ataque direto a mísseis, definidos
e possuem modernos mísseis balísticos como aqueles que têm a capacidade de
intercontinentais (ICBMs). Contudo, em penetrar no território inimigo para fazer a
termos quantitativos, os Estados Unidos interceptação de mísseis balísticos na fase
possuem o maior número de mísseis e atmosférica de ascensão” (Cepik & Martins,
ogivas nucleares, seguidos de perto pela 2014), embora caiba ressaltar que estes ainda
Rússia e, com uma distância maior, da China. estão em fase de desenvolvimento, sujeitos,
Além disso, cabe notar que a ampla maioria do pois, a restrições fiscais.
arsenal americano é móvel, o que torna Diante disso, pode-se dizer que, apesar de
Washington especialmente resiliente no assimetrias, as três grandes potências
cenário de uma guerra nuclear. nucleares possuem atualmente capacidade
Os Estados Unidos também possuem radares de dissuasão, o que configura o terceiro
modernos e um vasto e eficiente sistema de cenário de Diniz, provendo paz e estabilidade
alerta antecipado, superior ao russo, que, ao Sistema Internacional.
embora também moderno e bastante adequado Contudo, Marco Cepik e José Miguel Martins,
em uma perspectiva antiaérea, ainda tem professores da Universidade Federal do Rio
problemas em lograr um alerta antecipado Grande do Sul (UFRGS), apontam os riscos
contra ataques nucleares intercontinentais. A advindos do desenvolvimento, pelos Estados
China, apesar de recentes evoluções, tem uma Unidos, do National Missile Defense (NDM),
capacidade de alerta antecipado ainda mais ou Estudo Nacional Antimíssil. O sucesso
limitada. desses esforços, se implicando uma
No que tange aos vetores de interceptação, impossibilidade real de os Estados Unidos
observa-se a maior assimetria. Afinal, os EUA, sofrerem uma retaliação nuclear, significariam
para além da capacidade de interceptarem a erosão da capacidade dissuasória de
ICBMs através do sistema GMD, possuem um Rússia e China. Ter-se-ia, pois, uma primazia
sistema antimíssil capaz de realizar a nuclear, algo que Mearsheimer julgou ser
interceptação em fase terminal, enquanto não absolutamente improvável de alcançar. Nesse
cenário, haveria um deslocamento para o permitem que se ignore a hipótese de um
segundo cenário de Diniz (com apenas os EUA colapso do Estado, cenário que colocaria em
com capacidade de 2nd strike), evidentemente risco a segurança da gestão do armamento
mais instável e menos propício à paz que o nuclear do país.
terceiro.
A Índia, por sua vez, tem um sistema
Nessa perspectiva, é possível compreender, em administrativo de suas capacidades
linha com o que já havia escrito Waltz sobre nucleares absolutamente deficiente. São
sistemas de defesa contra mísseis, que o apartados o setor científico e o militar-
desenvolvimento do NMD pelos Estados estratégico, e assim o país não possui uma
Unidos é uma estratégia ofensiva, e não verdadeira estrutura de comando e controle
defensiva, à medida que seu principal efeito é (C2).
minar a capacidade de retaliação dos demais
Nesse contexto, segundo Scholz (2015) as
Estados.
fragilidades nucleares de ambos os Estados
Porém, diante da evolução da tecnologia bélica fazem com que nenhum deles tenha
de Moscou e do protótipo do S-500, não se pode capacidade de segundo ataque, o que
negligenciar a capacidade russa de configurar caracteriza o primeiro cenário do modelo de
no futuro, ela também, um escudo antimíssil. Diniz, o qual, como já analisado, é altamente
Se essa possibilidade realmente vir a revelar-se instável. A instabilidade no subcontinente
real, as implicações em termos de instabilidade indiano mesmo após o desenvolvimento de
seriam absolutamente perigosas. Afinal, com as poderio nuclear por Índia e Paquistão pode ser
duas maiores potências nucleares mundiais evidenciada, por exemplo, pela Guerra de
imunes a retaliações de um eventual ataque Kargil, de 1999. Diante desse contexto, seria
atômico, o sistema acabaria incorporando imprudente descartar com certeza um
elementos do indesejável primeiro cenário eventual recurso a um ataque atômico em
de Diniz. No limita, se cada potência nuclear um momento de escalonamento do litígio.
desenvolvesse seu próprio escudo, o conceito
Uma explicação interessante das razões por que
de dissuasão nuclear se tornaria
o conflito indo-paquistanês ainda não
totalmente inaplicável.
escalonou para a guerra nuclear repousa na
Por fim, avança-se para a compreensão do constatação do contínuo papel político que
maior núcleo de instabilidade nuclear no Washington tem desempenhado na região.
Sistema Internacional atual, qual seja a Assim, a participação de uma potência nuclear
relação indo-paquistanesa. com capacidade dissuasória (2nd strike)
incorpora à analise elementos do segundo
Em primeiro lugar, é preocupante a
cenário de Diniz.
instabilidade inerente ao Paquistão desde
sua conformação nacional em 1947. As Dessa forma, tem-se um exemplo prático de
dificuldades econômicas, os conflitos como nem sempre nuclearização implica
autonomistas (já materializados uma vez, com estabilidade, comprovando que
a secessão do Bangladesh) e a presença de generalizações teóricas como as do
inúmeros grupos fundamentalistas não
neorrealismo de Waltz, para além de entrada em vigor de referido tratado e sua não
incompletas, são inapropriadas. ratificação. Essa é a possibilidade de aplicação
mais imediata de um entendimento
Conclusões e Recomendações pragmático e realista da questão nuclear nos
A partir do exposto neste relatório, é possível dias de hoje.
concluir que a nuclearização pode imprimir
tanto estabilidade quanto instabilidade ao Referências
Sistema Internacional. Assim, em respeito ao Biddle, S. (2006). Military Power: Explaining
quarto artigo da Constituição Federal, que Victory and Defeat in Modern Battle. Princeton:
elenca em seu sexto inciso a defesa da paz como Princeton University Press.
princípio a ser seguido pelo Brasil em suas
Cepik, M., & Martins, J. M. (2014). Defesa
relações internacionais, devem ser procuradas
Nacional Antimíssil EUA. In C. Arturi (Org.),
posições sobre a questão nuclear visando ao
Políticas de Defesa, Inteligência e Segurança.
terceiro cenário de Eugenio Diniz.
Porto Alegre: UFRGS.
Para que isso seja possível, como já
Duarte, É . (2016). O Batalhão Perdido: a
mencionado, faz-se necessário atuar de forma
Grande Guerra e a Mudança na Face da Batalha
contrária ao desenvolvimento de escudos
Contemporânea. In Cristine Zanella; Edson
antimíssil, já que estes têm o potencial de
Jose Neves Junior. (Org.), As Relações
representar a erosão da capacidade dissuasória
Internacionais e o Cinema - vol.2: Estado e
dos outros Estados, o que, no modelo de Diniz,
conflitos internacionais. Belo Hoizonte: Fino
representa uma tendência ao aprofundamento
Traço, p. 117-130.
de tensões.
Diniz, Eugenio. (2014). Armamentos Nucleares:
Ademais, é possível inferir que quando os
Dissuasão e Impremeditação, 2014. Manuscrito.
Estados nuclearizados têm preservada sua
capacidade dissuasória, os efeitos sobre a Duarte, É., & Machado, L. R. (2018). Uma
paz, na maioria dos casos, são positivos Análise Crítica da Guerra das
(Mearsheimer já tratou de demonstrar casos Malvinas/Falklands pela Teoria das Operações
especiais em que isso não é verdadeiro). É Marítimas em Guerras Limitadas de Corbett.
justamente nessa perspectiva que se tece a Paper apresentado em ISA-FLACSO, Quito.
recomendação de mudança de posição Hughes, W. P. (2000). Fleet Tactics and Coastal
quanto ao Tratado sobre a Proibição de Combat. Annapolis: Naval Institute Press.
Armas Nucleares. Ora, se um mundo de
dissuasão nuclear é um mundo que minimiza Pape, R. A. (1996). Bombing to Win: Air Power
instabilidades, defender um planeta livre de and Coercion in War. Ithaca: Cornell University
armas atômicas representaria um retrocesso à Press.
era pré-1945, quando não havia esse relevante Scholz, F. (2015). Implicações da Dissuasão
fator para o arrefecimento de conflitos. Nuclear como Capacidade de Poder: o Caso
Assim sendo, apenas são coerentes com os Indiano (Dissertação de mestrado). UFRGS,
princípios consagrados na Carta Magna a Porto Alegre. Recuperado de
suspensão imediata da militância a favor da https://lume.ufrgs.br/handle/10183/132900
Sobre o Autor

Luiz Marcelo Michelon Zardo é estudante de


graduação em Relações Internacionais pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Endereço de e-mail: luiz.michelon@ufrgs.br

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