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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA

Antropologia da Religião

Uma breve perspectiva antropológica acerca do pentecostalismo


clássico/sectário

Matheus Sena Aguiar


TIA: 31850405

São Paulo
2019

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1 – Objetivo:

Através deste relatório, procuro expor de maneira breve e sucinta os


aspectos antropológicos que permeiam uma pessoa que pertence a uma igreja
pentecostal clássica, ou seja, pertencente à primeira onda do pentecostalismo
brasileiro (Freston, 1994).
Este relatório se propõe a falar acerca de uma única pessoa pertencente a
esta igreja, sendo assim, a aplicação de qualquer aspecto aqui descrito, seja ele
de cunho dogmático, comportamental ou intelectual, em outra pessoa que não
seja a pesquisada, foge dos propósitos deste estudo.

2 – Introdução Teórica:

A Congregação Cristã no Brasil é considerada a primeira igreja pentecostal


no Brasil.
Fundada em 1910 pelo italiano Luigi Francescon, migrado dos Estados
Unidos da igreja de Chicago, inicialmente se chamava “Assembléia Cristã”, e
permaneceu com este nome até a década de 20, quando passou a se chamar
“Congregação Cristã no Brasil”.
Apesar das primeiras igrejas terem sido implantadas na região sul do país,
mais precisamente no estado do Paraná, a Congregação Cristã teve sua sede
inicial em São Paulo, na região do Brás, onde permanece até hoje.
De acordo com Paul Freston, ela tem um “estilo pietista, com ênfase nos
testemunhos” (Freston, 1993). Ela também conservou “certos traços sectários”,
mantendo-se assim, bem isolada das outras igrejas pentecostais (Mariano, 1996).
Até a década de 1940 ela era muito forte no cenário brasileiro, mas começou a
perder espaço para a Assembléia de Deus desde então.
Como mencionado no título deste relatório, a Congregação Cristã no Brasil
possui caráter sectário. Esse estigma de religião sectária se dá através de
análises teológicas das doutrinas da igreja, ou seja, reconhecer a igreja
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Congregação Cristã no Brasil como seita, é algo que se limita ao âmbito teológico,
apesar do sociólogo Ricardo Mariano também trazer a luz este aspecto em seus
estudos.

3 – Método de pesquisa:

Para ter um panorama sobre essa igreja, eu tive o auxilio do meu pai, que é
membro da CCB¹ há cerca de 30 anos. Todos os pontos de vista, as análises
realizadas e as conclusões obtidas, se deram através do processo de observá-lo
e, também, através de perguntas realizadas a ele.
Por se tratar de um estudo antropológico, não entrarei no mérito da
psicologia da religião, ou seja, não falarei acerca das experiências metafísicas e
subjetivas.
Essa pesquisa tem caráter qualitativo, e foi realizada por cerca de cinco
dias, sem mencionar as experiências previamente existentes, por se tratar de uma
pesquisa em âmbito familiar.
As perguntas realizadas a ele não foram pré-elaboradas. Tratei, em todo o
momento, de forma bem leve e fluida as conversas para não causar nenhum tipo
de constrangimento nele. Todas as conversas se deram no carro, a caminho do
trabalho e, também, de forma mais esporádica, no escritório em que trabalhamos
juntos.

4 – Resultados:

Aversão ao estudo: Uma das primeiras coisas que se nota em um


membro da CCB, é sua “aversão” à teologia. Geralmente não se aprofundam em
estudos teológicos e filosóficos acerca das Escrituras, justificando tal atitude com
o texto de 2 Coríntios 3:6, onde Paulo diz: “o qual nos habilitou para sermos

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ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata,
mas o espírito vivifica”.

Jeito de falar e orar: Isso foi uma coisa muito curiosa de notar, e que
percebi recentemente, mesmo convivendo há tanto tempo com meu pai. Notei que
enquanto conversa comigo, ele fala normalmente, de forma natural, porém, se ele
encontra com algum outro membro da igreja na rua, ou recebe uma ligação, por
exemplo, seu jeito de falar muda completamente. Quando isso acontece, eles
empregam um certo tipo de “pietismo” na voz, parece que ele estava querendo
passar uma imagem de alguém bem pacífico, sereno e tranqüilo.
Esse mesmo feito ocorre quando se reúnem para orar. Antes de iniciar a
oração, estão conversando normalmente, e a partir do momento em que se
ajoelham para orar, parece que se transformam em outras pessoas. A voz fica
embargada de uma forma nitidamente forçada, eles se lançam em oração de uma
forma que busca a humilhação completa, querem mostrar aos demais que são
piedosos.

“Devoção” muito grande à instituição: Uma das coisas que mais notei
durante essa pesquisa, foi a disponibilidade que os membros da CCB fazem
questão de dispor em prol da igreja. No caso do meu pai, notei que ele tem um
envolvimento muito grande nas atividades da igreja atuando como professor na
escola de música da igreja, e também, como uma espécie de responsável pela
coordenação da manutenção do templo. Por conta desta segunda atividade, por
exemplo, ele teve que deixar de ir à empresa, ou seja, deixar de ir trabalhar, para
realizar cursos sobre segurança no trabalho, obter certificações ISO ou comprar
materiais para a manutenção da igreja.

Apreço pelo “sentimentalismo”: Notei que, em grande parte das vezes


em que meu pai iria realizar alguma atividade que envolvia a igreja, seja ela
realizar uma visita a outro membro necessitado ou adoentado, alguma viagem
missionária, doação de recursos para a igreja e etc. Ele primeiramente busca um

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tipo de “incentivo” divino, uma espécie de iluminação, para saber se ele deve
realizar a tarefa de fato. Acompanhado dessa busca pelo “incentivo”, sempre está
presente a frase: “Se Deus preparar”. Por exemplo, se alguém o chama para ir a
casa de um membro realizar uma visita, ele certamente responderá: “Se Deus
preparar, iremos sim”.

5 – Conclusão:
De modo geral através desta pesquisa, conseguir obter um panorama
muito maior acerca da igreja Congregação Cristã no Brasil.
Percebi, que além de ser uma igreja muito fechada, ou seja, que prefere
ficar distante dessa onda crescente do evangelicalismo brasileiro, principalmente
de vertentes pentecostais. Ao mesmo tempo em que, eles são bem incisivos ao
tentar te convencer que a igreja a qual eles pertencem, é a melhor das
denominações, mostrando assim, uma espécie de exclusivismo.

6 – Referências Bibliográficas:

FRESTON, Paul. Breve história do pentecostalismo brasileiro. Interpretações


sociológicas do Pentecostalismo. Petrópolis: Vozes, 1994.

MARIANO, Ricardo. Os neo-pentecostais e a teoria da prosperidade. Novos


Estudos, São Paulo, Cebrap, n. 44, 1996

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