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VIII SEMINÁRIO NACIONAL DE

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
05 a 08 de abril de 2009
Belém – Pará – Brasil
ISBN – 978-85-7691-081-7

CP 05

Alguns aspectos históricos sobre o número ZERO

Alex Bruno Carvalho dos Santos


alexlicmat@yahoo.com.br
Fabrício Farias Machado
ffm86@yahoo.com.br

RESUMO:
Este trabalho tem por objetivo tratar a respeito do número zero em seus aspectos históricos e teóricos. Iremos
abordar sobre o ZERO quanto ao seu surgimento e desenvolvimento ao longo da história e qual a sua
contribuição para o desenvolvimento da sociedade humana. Apresentaremos também justificativas de
algumas operações envolvendo o número zero. Percebeu-se que, dentre outras, a principal contribuição
do ZERO para a humanidade foi completar a representação numérica no sistema de numeração. Este
trabalho permite um olhar reflexivo quanto ao tema, sem contar que poderá servir como base para futuras
pesquisas.

Palavras-chave: Zero, história, operações

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos séculos, o conhecimento matemático evoluiu, junto com o desenvolvimento da


humanidade. Dentre as maiores contribuições do homem para essa, destacamos a criação dos sistemas de
numeração, com o qual passou a representar e registrar seus pensamentos matemáticos de maneira mais
simplificada.

Antes da existência dos sistemas de numeração, o ser humano já possuía noção de número.
Particularmente, o número ZERO contribuiu significativamente para o avanço do conhecimento matemático
e para a própria humanidade. Mas, o surgimento do ZERO, além de benefícios, trouxe novas dificuldades no
ramo da matemática, sendo estas, motivos de polêmica e discussões: A divisão por ZERO ocorre?O ZERO é
um número natural?

Existem operações relacionadas ao ZERO cujo resultado aceitamos, mas muitas vezes não sabemos a
justificativa de sua validade: “qualquer número elevado a ZERO é igual a UM”, “ o produto de um número
real por ZERO resulta em ZERO”, “o fatorial de ZERO é igual a UM”, “a divisão por ZERO é
indeterminada ou não ocorre” .

Dentre os vários estudos que envolvem tema temos Lima (1976), Russel (1981), Guelli (1994),
Kaplan (2001), Chaquiam (2006), Mendes (2006) e Schon (2006).

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2. O ZERO AO LONGO DA HISTÓRIA

Neste trabalho, percebeu-se que os sistemas de numeração de caráter posicional possuíam vantagem
comparados aos demais sistemas, visto que os primeiros, com alguns algarismos, podem representar
qualquer número, enquanto que os segundos necessitavam sempre de novos símbolos para representar
números cada vez maiores ou usavam repetição de símbolos, o que era um processo cansativo.

Notou-se também que todas as civilizações apresentadas neste trabalho, que adotaram sistema de
numeração posicional, criaram uma notação para indicar quantidade nula.

Robert Kaplan, em seu livro “O Nada Que Existe” revela a trajetória do número ZERO nas
civilizações antigas: como surgiu isoladamente em alguns povos, como era representado e como esse
número, algumas vezes, desapareceu para surgir novamente em outra civilização.

O ZERO era indicado pelos mesopotâmios, principalmente, por dois pregos em diagonal. Acredita-se
que o primeiro ZERO da história tenha surgido entre os mesopotâmios, mais precisamente entre os
sumérios. Já entre os maias, vimos que o principal símbolo para o ZERO era uma concha. Há uma hipótese
de que os gregos tenham também inventado uma notação para o ZERO, indicando-o por “O”, referente à
palavra ÔMICROM.

Os hindus possuíam mais de uma nomenclatura para indicar o ZERO: bindu (gotícula ou glóbulo);
nabhas (vapor); e sunya (vago, vazio). Com a invenção do ZERO, os sábios da Índia aperfeiçoaram suas
técnicas de cálculo, no que se refere às quatro operações usuais.

Entre os árabes, o SUNYA hindu passou a ser conhecido como SIFR (vazio). Após os algarismos
indo-arábicos terem chegado à Europa, o italiano FIBONACCI passou a adotar a palavra ZEFIRUM para
indicar a quantidade vazia. Mais tarde, ainda na Itália, de zefirum mudou-se para ZÉFIRO, depois
ZEPHYR, SEFRO, ZEVRO, até que, por volta do século XIV, encontramos o termo ZEVIRO que evoluiu
para ZEVERO, ZEURO até chegar ao conhecido ZERO.

3. A IMPORTÂNCIA DO ZERO PARA A HUMANIDADE

O número ZERO correspondeu à necessidade apresentada pelo nosso sistema. Graças a ele, podemos
representar qualquer número sem medo de ocorrer ambiguidade: conseguimos distinguir bem 23 de 230,
que por sua vez difere de 203, que é diferente de 2300. Kaplan (2001) afirma que após muito esforço para
criar e desenvolver o ZERO, muito esforço foi poupado com a sua simples presença.

O ZERO é considerado uma das noções fundamentais da matemática pura e aplicada. Na


contabilidade, o ZERO era visto como um ponto de equilíbrio: se a diferença entre os créditos de um
investidor e seus débitos resultasse em saldo ZERO, indicava que o investidor não obteve nem lucro nem
prejuízo.

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O ZERO é um tipo de referência na obtenção dos números relativos, por exemplo, - 3 indica
três a menos que nada. Asimov (1989) esclarece melhor essa idéia:
Suponhamos, por exemplo, que tenhamos Cr$ 7,00 e um amigo venha nos lembrar que
devemos Cr$ 8,00. Sendo honesto, lhe damos prontamente 7 cruzeiros, exemplificando que é tudo o
que temos e prometemos pagar o cruzeiro restante, assim que tivermos essa importância.

Então ficamos com menos do que sem dinheiro, uma vez que existe um débito de 1 cruzeiro.
Em outras palavras, se tirarmos 8 de 7 ficaremos com ‘ um a menos que zero’. (ASIMOV, 1989,
p.22)

Hoje em dia, o ZERO é usado em praticamente todas as áreas da matemática. Dentre alguns
significados que o ZERO pode assumir, temos: número cardinal do conjunto vazio, número ordinal do
conjunto vazio, vetor nulo, polinômio identicamente nulo, elemento neutro de certas operações,...

O ZERO contribuiu para a humanidade no que diz respeito às tecnologias. Kaplan (2001),
afirma que todo equipamento eletrônico funciona com base em números reescritos em um código
binário de 0 e 1, correspondendo a desligado e ligado, respectivamente(combinado-se 0 e 1,
podemos reescrever qualquer número inteiro). Veja como reescreveríamos o número 10 segundo
o sistema binário de numeração:

1 0 1 0 → 1 × (2) ³ + 0 × (2) ² + 1 × (2)¹ + 0 × (2)º.

4. O ZERO É UM NÚMERO NATURAL?

Este assunto é motivo de discussão no meio acadêmico, pois, algumas pessoas acreditam que o ZERO
é natural, pelo fato de ser um número; outras consideram o ZERO como não natural, devido ao fato de
contarmos os objetos a partir do um e não do ZERO. Em uma pesquisa realizada com 13 alunos do curso de
matemática da UEPA, os resultados foram os seguintes:

“Verificou-se que 3 dos respondentes achavam que o zero deveria ser incluído no conjunto dos
números naturais; 7 entendiam que não. Houve 3 consultados que não responderam à esta questão”
(CHAQUIAM, MACHADO e SANTOS, 2007, p.7)

De acordo com o matemático Lima (1976) o ZERO pode ou não ser número natural, dependendo do
critério de interesse. Aparentemente essa afirmativa é uma contradição, pois, uma afirmação não pode ser
verdadeira e falsa. Como pode um número ser natural e não natural? Apresentamos essa questão ao
professor, nosso orientador do TCC, Miguel Chaquiam, quando este ministrava a disciplina Álgebra II, no
ano de 2006. A resposta dada por ele foi:

“Existem duas correntes na Matemática, uma que considera o ZERO como sendo um
número natural e a outra que não o considera. Considero o ZERO um número natural quando
trabalho com álgebra, devido à necessidade do elemento neutro aditivo, entretanto, quando trabalho
com análise real, principalmente com seqüências, prefiro iniciar pelo número UM, por uma questão

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didática, pois, quando digo que parei no número n, possuo n elementos que, caso iniciasse a parti do
ZERO, teria n + 1 elementos”.

5. ALGUMAS OPERAÇÕES COM O NÚMERO ZERO

Existem operações matemáticas envolvendo o ZERO, cujo resultado a maioria das pessoas apenas aceita, mas não sabe a justificativa de sua validade.
Neste tópico nos propomos a apresentar a validade de fatos matemáticos relacionados ao número ZERO. Vejamos:

a) O PRODUTO DE UM NÚMERO REAL POR ZERO

Dados n, a ∈ R, n × 0 = 0 × n = 0
Demonstração:
0 = a + (– a)
n × 0 = n × (a – a)
n×0=n×a–n×a
n×0=0
b) O FATORIAL DE ZERO, EM ANÁLISE COMBINATÓRIA

0! = 1
Demonstração:
Dado n ∈ N+, n! = n × (n – 1)!
Para n = 2,
2! = 2 × (2 – 1)! → 2 × 1 = 2 × 1! → 1 = 1!
Logo, 1! = 1
Para n = 1,
1! = 1 × (1 – 1)! → 1! = 1× 0! → 1 = 0!

c) O ELEMENTO OPOSTO AO ZERO

O elemento oposto de um número é aquele que, operado com esse número, resulta no elemento neutro.
Na operação usual de adição, o elemento neutro é o ZERO. Desta forma temos que:

O oposto de 1 é (-1), pois 1 + (-1) = -1 + 1 = 0;


O oposto de 5 é (-5), pois 5 + (-5) = -5 + 5 = 0;
O oposto de (-11) é 11, pois (-11) + 11 = 11 + (-11) = 0;
O oposto de (-19) é 19, pois (-19) + 19 = 19+ (-19) = 0;

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O oposto de 15 é (-15), pois 15 + (-15) = -15 + 15 = 0;
O oposto de (-20) é 20, pois (-20) + 20 = 20 + (-20) = 0;
O oposto de 1015 é (-1015), pois 1015 + (-1015) = -1015 + 1015 = 0;
O oposto de 3π ³ é (- 3π ³ ), pois 3π ³ + (- 3π ³ ) = - 3π ³ + 3π ³ = 0;

Nos exemplos anteriores, o que diferia um número de seu oposto era apenas o sinal. Esta lógica pode
induzir-nos a acreditar que ZERO não possui oposto, o que é falso, pois, com base na definição de elemento
oposto, temos que:

Dado x ∈ R, x + 0 = 0 + x = 0 → x = 0. (O oposto do ZERO é o próprio ZERO)


d) A DIVISÃO DE UM NÚMERO REAL POR ZERO

Há dois casos para a divisão por ZERO:

Caso 1: x ∈ R, x ≠ 0,
x
Tomando-se a função F(y) = , sendo x uma constante; se aplicarmos à função o limite quando y
y
x
tende para ZERO, verificamos que F(y) tende para o infinito. Mas não podemos concluir que , x ≠ 0 é
0
igual ao infinito, pois o infinito não é número.

Considere a, b, c ∈ R, se b divide a, então existe um número real c tal que,


a ÷ b = c. A verificação da validade dessa sentença pode ser realizada a partir da operação inversa: c
× b = a ↔ a ÷ b = c. Fazendo a = x e b = 0, se existir um c tal que c × 0 = x ≠ 0, então, podemos concluir
que x ÷ 0 = c:

Para c = 1; 1 × 0 = 0; o número 1 não é solução da operação x ÷ 0, x ≠ 0;


para c = 3; 3 × 0 = 0; o número 3 não é solução da operação x ÷ 0, x ≠ 0;
para c = 7; 7 × 0 = 0; o número 7 não é solução da operação x ÷ 0, x ≠ 0;
para c = -13; (-13) × 0 = 0; o número -13 não é solução da operação x ÷ 0, x ≠ 0;
para c = 151; 151 × 0 = 0; o número 151 não é solução da operação x ÷ 0, x ≠ 0;
9 9 9
para c = ; × 0 = 0; o número não é solução da operação x ÷ 0, x ≠ 0;
5 5 5
5π 5π 5π
para c = ; × 0 = 0; o número não é solução da operação x ÷ 0, x ≠ 0;
2 2 2
para c = 3л; 3л × 0 = 0; o número 3 л não é solução da operação x ÷ 0, x ≠ 0;

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para c = 2; 2 × 0 = 0; o número 2 não é solução da operação x ÷ 0, x ≠ 0.

O conjunto solução para a operação (x ÷ 0, x ≠ 0) é o conjunto vazio, pois não existe um número real

c, tal que x ÷ 0 = c, x ≠ 0. Assim, diz-se que x ÷ 0, x ≠ 0.é uma operação impossível.

Caso 2: x ∈ R, x = 0,

0
Analisemos , de modo análogo ao visto em (a), isto é, sejam a, b∈ R. Fazendo a = b = 0, se 0
0
divide 0, então existe um c ∈ R, tal que c × 0 = 0.

Para c = 0; 0 × 0 = 0, o número 0 é solução da operação 0 ÷ 0;


para c = 1; 1 × 0 = 0, o número 1 é solução da operação 0 ÷ 0;
para c = 5; 5 × 0 = 0, o número 5 é solução da operação 0 ÷ 0;
para c = 21; 21 × 0 = 0, o número 21 é solução da operação 0 ÷ 0;
para c = -35; (-35) × 0 = 0, o número -35 é solução da operação 0 ÷ 0;
para c = -17; (-17) × 0 = 0, o número -17 é solução da operação 0 ÷ 0;
7 7 7
para c = ; × 0 = 0, o número é solução da operação 0 ÷ 0;
4 4 4

5 5 5
para c = ; × 0 = 0, o número é solução da operação 0 ÷ 0;
3 3 3
para c = л; л × 0 = 0, o número л é solução da operação 0 ÷ 0;
para c = 5; 5 × 0 = 0, o número 5 é solução da operação 0 ÷ 0.

O conjunto solução para a operação 0 ÷ 0 é constituído por todos os números reais, pois qualquer

que seja c ∈ R, 0 ÷ 0 = c. Assim, diz-se que 0 ÷ 0 é uma operação possível mas indeterminada.

A divisão por ZERO, tem causado muitos problemas: usando uma calculadora, por exemplo, se

tentarmos, dividir um número qualquer por ZERO, será identificado erro.

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0
Em uma expressão numérica, se considerarmos que ocorre, poderemos concluir alguns absurdos
0

como o que segue:

Sejam a, b ∈ R, a e b diferentes de ZERO.


Se a = b, então,
a2 = ab
a2 - b2 = ab - b2
(a + b) × (a - b) = b×
× (a - b)

Dividindo ambos os lados por (a - b) temos:


a+b=b
Como a = b, temos que:
b + b = b → 2b = b

Dividindo ambos os lados por b chegamos a conclusão:


2 = 1.

O erro nessa expressão está em dividir os membros por (a – b), pois, como foi dito que a = b, é lógico
que a – b = 0. Dividindo ZERO por ZERO, podemos obter qualquer resultado, inclusive UM.

Outra questão associada à divisão por ZERO é a que segue:

“Dados a, n ∈ R, se a × n = a, quanto vale n?”

A resposta a essa questão é, DEPENDE DO VALOR DE a: se a ≠ 0, então


x = 1; porém, se a = 0, então, o conjunto solução admite infinitos valores.

e) A OPERAÇÃO POTÊNCIA COM EXPOENTE ZERO

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Semelhantemente ao item anterior, há dois casos para a operação potência

Caso 1: x ∈ R, x ≠ 0, então xº = 1
Demonstração:
Seja N um número real, não nulo,
N −N
xº = x = x N ÷ x N = 1,

logo, para todo x ∈R, x ≠ 0, tem-se que x 0 = 1.

Caso 2: x ∈ R, x = 0, então xº pode ser 1.

Normalmente, se aceita que 0 0 = 1, devido ao fato de que “todo número elevado a zero é igual a
um”. Pode-se também concluir que 0 0 é igual a ZERO, com base na idéia de que 0 y = 0, ∀ y ≠ 0. Lima
(1976), afirma que “ 0 0 é uma expressão sem significado matemático” ou “é uma expressão indeterminada”
com base na seguinte demonstração:

Seja N um número real, não nulo,


N −N
0º = 0 = 0 N ÷ 0 N = 0 ÷ 0 (indeterminação).

No trabalho de Chaquiam e Sá (2006) encontramos uma explicação para o resultado 0º = 1, conforme


a exposição abaixo:

Definição1: A quantidade de elementos de um conjunto A é denotada de número cardinal do conjunto A,


denotada por #A, card(A) ou n(A).

A
Definição 2: Dados os conjuntos A e B. Definimos o conjunto das funções de A em B, denotado por B ,
como:

={ f/ f: A → B, função}
A
B

Exemplo:
Para A = { a, b, c} e B = { 1, 2}, as funções f de A em B são:

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a b c a b c a b c a b c
f 1 =   f 2 =   f 3 =   f 4 =  
 1 1 1  1 1 2  1 2 1  2 1 1

a b c a b c a b c a b c
f 5 =   f 6 =   f 7 =   f 8 =  
 2 2 1  1 2 2  2 1 2  2 2 2

A
Portanto, B = { f 1 , f 2 , f 3 , f 4 , f 5 , f 6 , f 7 , f 8 }.

Para A = {a} e B = {1, 2, 3}, as funções f de A em B são:

a a a


f 1 =   f 2 =   e f 3 =  
1  2  3

A
Portanto, B = { f 1 , f 2 , f 3 }.

Para A = { a, b, c} e B = { 1}, a função f de A em B é:

a b c
f 1 =  
 1 1 1

Assim, B A = { f 1 }.

Para A ={1} e B ={ 1, 2, 3, 4, ..., n} a função f de A em B possui n funções.

Para A = B = Ø, o conjunto das funções de A em B é composto pela função


f: Ø → Ø, com f(Ø) = Ø. Logo B A possuirá apenas um elemento.

Dos exemplos acima podemos concluir que o número de elementos dos conjuntos A, B e B A são:
A
#A = 3 e #B = 2 temos #B = 8 = 2³;
A
#A = 1 e #B = 3 temos #B = 3 = 3¹;

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A
#A = 3 e #B = 1 temos #B = 1 = 1³;
A
#A = 1 e #B = n temos #B = n = n¹;
A
#A = 0 e #B = 0 temos #B = 1 = 2³;

Definição 3:
Dados os conjuntos A e B tais que #A = a e #B = b. Denominamos potenciação de a ao cardinal bª =

#BA .
Da potenciação de cardinais destacamos as seguintes propriedades:

N A
i) 1 = 1. Pois, para A = {1, 2, 3, 4,...., N} e B = {a} temos #B = 1;
A
ii) n¹ = n. Pois, para A = {a} e B ={ 1, 2, 3, 4,..., n} temos #B = n;
A
iii) 0 = 0, se N ≠ 0. Pois, para A = { 1, 2, 3, 4,...., N} e B = Ø temos #B
N
= 0;

iv) nº = 1. Pois, para A = Ø e B ={ 1, 2, 3, 4,..., n} temos #B


A
= 1;

v) 0º = 1. Pois, para A = Ø e B = Ø temos #B


A
= 1;

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho pudemos perceber que o número zero contribuiu para a humanidade no sentido de que
completou o sistema de numeração indo-arábico, sem contar que é uma peça fundamental nas operações de
aritmética, pois, representa o elemento neutro da adição e, na multiplicação por um real qualquer, o
resultado é nulo. O zero é utilizado em todas as áreas envolvendo Matemática, com raras exceções, onde é
feito restrição ao mesmo.

Os resultados das operações com o número zero permitirão que os estudantes e profissionais da
educação matemática possam investigar com mais profundidade alguns resultados operacionais, tais como:
0 x 0 = 0, 30 = 1 e 0! = 1, fato que proporcionará uma maior compreensão sobre o assunto e,
conseqüentemente, uma maior liberdade ao explicar essas questões aos seus alunos.

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Deixamos como sugestão, no intuito de complementar esse trabalho, que sejam discutidas, com
profundidade, questões relativas às estruturas algébricas e a importância, ou não, da inclusão do zero como
elemento em determinados conjuntos ou situações.

Este artigo permitie um olhar reflexivo para o tema em questão, sem contar que poderá servir como
base para futuras pesquisas envolvendo números, em particular o número ZERO.

REFERÊNCIAS

ASIMOV, Isaac, No mundo dos números. Tradução de Lauro S. Blandy. 4. ed. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1989, 144p.

CHAQUIAM, Miguel, MACHADO, Fabrício F. e SANTOS, Alex Bruno C. Abordagem histórica dos

sistemas de numeração: um resultado do minicurso apresentado na semana acadêmica da UEPA/CCSE.

Anais: Encontro Paraense de Educação Matemática, 5. Belém: SBEM- PA, 2007, p. 6, 7.

CHAQUIAM, Miguel; SÁ, Pedro F.de, Números transfinitos?!. Anais: Encontro Paraense de Educação
Matemática, 4. Belém: SBEM - PA, 2006, p. 12-20.

GUELLI, Oscar, Contando a história da matemática. 3. ed. São Paulo: Ática, v.1. 1994, p. 1-39.

IFRAH, Georges, História universal dos algarismos: a inteligência dos homens contada pelos números e
pelo cálculo. Tradução de Alberto Muñoz e Ana B. Katinsky. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, v.3, 1997,
735p.

JUDAÍSMO: A história dos judeus, livros sagrados, símbolos e rituais da religião judaica , festas religiosas
Disponível em <http:/www.suapesquisa.com/judaismo/>. Acesso em: 01 julho 2007 às 16:00 h.

KAPLAN, Robert, O nada que existe: uma história natural do zero. Tradução de Laura Neves. Rio de
janeiro: Rocco, 2001, 208p.

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LIMA, Elon Lages, Meu professor de matemática e outras histórias. Rio de Janeiro: SBM. 1976, p. 150-
199.

MENDES, Iran Abreu, Números: o simbólico e o racional na história. São Paulo: Livraria da Física, 2006.
102p.
ORIGEM do zero. Disponível em <http://www.somatematica.com.br/historia/zero.php>. Acesso em 22
dezembro 2006 às 16.35 h.

QUANTO vale zero elevado a zero?. Disponível em


<http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/superior/calculo/zerozero/zero.htm>. Acesso em 21 dezembro
2006 às 16:50 h.

RUSSEL, Bertrand. Introdução á filosofia matemática. Tradução de Giasone Rebuá. 4. ed. Rio de Janeiro:
Zahar Editores. 1981, p. 18-25.

SCHON, Michaela Costa. Número: reflexões sobre as conceituações de Russell e Peano. 2006. 165f.
Dissertação (Mestrado em educação matemática)- Pontifícia Universidade Católica (PUC), São Paulo, 2006.

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