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Demanda de Energia de uma


Instalação Elétrica
2.1 - Introdução
2.2 - Definições Fundamentais
2.3 - Fator de Demanda
2.4 - Cálculo da Demanda para Residências
Individuais
(Casas e Apartamentos)
2.5 - Demanda Total de um Edifício de Uso Coletivo

2.1 Introdução

Se observarmos o funcionamento de uma


instalação elétrica, seja ela residencial, comercia ou
industrial, poderemos constatar que a potência elétrica
consumida por ela é variável a cada instante. Tal fato
ocorre porque as diversas cargas que compõem essa
instalação não estarão todas em funcionamento
simultâneo. A potência total solicitada pela instalação à
rede a cada instante será, portanto, função da quantidade
de cargas em operação e da potência elétrica absorvida
por cada uma delas.

Desta forma, para a análise de uma instalação e


a determinação da capacidade (dimensionamento) dos
condutores elétricos que alimentam os quadros de
distribuição e os quadros terminais, bem como o
dimensionamento de seus respectivos dispositivos de
proteção, não seria razoável do ponto de vista técnico e
econômico que se considerasse a carga utilizada como
sendo a soma de todas as potências instaladas.
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2.2 Definições Fundamentais

Carga ou Potência Instalada

É a soma das potências nominais de todos os


aparelhos elétricos pertencentes a uma instalação ou
sistema. Entende-se por potência nominal aquela
registrada na placa do aparelho ou máquina. Na
ausência desse dado, será considerada como potência
nominal, a potência atribuída no projeto para aquele
determinado ponto elétrico.

Demanda

É a potência elétrica realmente absorvida em um


determinado instante por um aparelho ou por um
sistema.

Demanda Média de um Consumidor ou


Sistema

É a potência elétrica média absorvida durante


um intervalo de tempo determinado. Para esse intervalo
é possível tomar 10 minutos, 15 minutos (mais comum),
30 minutos, etc., obtendo-se demanda de 10, 15, 30
minutos, etc.

Demanda Máxima de um Consumidor ou


Sistema

É a maior de todas as demandas ocorridas em


um período de tempo determinado. A demanda máxima
representa, portanto, a maior média de todas as
demandas (10, 15 ou 30 minutos) verificadas em um
dado período (um dia, uma semana, um mês, um ano).
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Potência de Alimentação, potência de


Demanda ou Provável Demanda

É a demanda máxima da instalação. Este é o


valor que será utilizado para o dimensionamento dos
condutores alimentadores e dos respectivos dispositivos
de proteção.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

O valor da Provável Demanda, conforme


veremos adiante, será utilizado para a classificação do
tipo de consumidor e para a definição do seu padrão de
atendimento, conforme a norma da concessionária
local.

Fator de Demanda

É a razão entre a Demanda Máxima e a Potência


Instalada.

FD = Dmáx
Pinst

2.3 Fator de Demanda

2.3.1 - O Cálculo do Fator de Demanda

Suponhamos um apartamento típico cujas cargas


sejam:
- 10 Lâmpadas incandescentes de 100 W ............1000 W
- 5 Lâmpadas incandescentes de 60 W ..................300 W
- 1 Televisor de 100 W ...........................................100 W
- 1 Sistema de Som de 60 W ....................................60 W
- 1 Geladeira de 300 W ...........................................300 W
- 1 Ferro Elétrico de 1000 W ................................1000 W
- 1 Máquina de Lavar Roupa de 600 W .................600 W
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- 1 Chuveiro Elétrico de 3700 W .........................3700 W


POTÊNCIA INSTALADA: .............................. 7060 W

A maior demanda possível desse consumidor


seria a própria potência instalada (7060 W), caso todas
as cargas funcionassem simultaneamente, o que, como
já vimos, é bastante improvável em realidade. Mas,
poderíamos admitir, por exemplo, que as solicitações
maiores fossem:

Demanda Diurna Demanda Noturna

Lâmpadas..................200 W Lâmpadas.................800 W

Sistema de Som..........60 W Televisor...................100 W

Geladeira..................300 W Geladeira...................300 W

Chuveiro Elétrico..3700 W Ferro Elétrico..........1000 W

Máquina de Lavar...600 W 2200 W


4860 W

Nos exemplos anteriores teríamos os seguintes


fatores de demanda:

- DIURNO: Fd = 4860 / 7060 = 0,69 ou 69%

- NOTURNO: Fd = 2200 / 7060 = 0,31 ou 31%

2.3.2 - Curva Diária de Demanda

Considera-se como Demanda Total ou Potência


de Alimentação, a demanda máxima de uma instalação.
É evidente que as diversas demandas de uma instalação
variam conforme a utilização instantânea de energia
elétrica, o que vem a constituir uma curva diária D
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(demanda instantânea) x t (tempo), conforme mostra a


figura 2.1.

É importante observar que os valores da


demanda são influenciados por inúmeros fatores, dentre
os quais a natureza da instalação (residencial, comercial,
industrial ou mista), o número de consumidores que
fazem parte da instalação, a região, a estação do ano, a
hora do dia, etc.

Na figura 2.1, observamos que, enquanto a


potência instalada, Pinst, permanece constante, a
Demanda, D, varia ao longo do tempo, sendo que o
valor Dmáx corresponde à Demanda máxima, potência
de alimentação ou demanda total. Este será o valor que
servirá como base de cálculo para o dimensionamento
da entrada de serviço da instalação.
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2.3.3 - Critérios pra a Determinação do Fator


de Demanda
Na determinação do fator de demanda, influem
inúmeros elementos, tais como: a classe do consumidor
(residencial, comercial, industrial), a grandeza e o tipo
de sua carga, a época do ano, etc.

Em cada caso, o valor correto do fator de


demanda é obtido medindo a demanda do consumidor
durante um certo período e dividindo-a pela carga
instalada.

Isso não é o que ocorre em projeto, haja vista


que estes dados não estarão, como é óbvio, disponíveis.
Neste caso o fator de demanda será estimado em função
da experiência do projetista, do levantamento em
instalações semelhantes já construídas, de informações
preliminares tomadas com o cliente e do estudo
detalhado do provável funcionamento dos
equipamentos. Cuidados especiais devem ser tomados,
no sentido de estimar-se o valor do fator de demanda o
mais próximo possível real, evitando o seu
subdimensionamento ou sobredimensionamento. Na
duvida, quando não se dispuser de dados confiáveis,
como medida de segurança, é preferível estimar o fator
de demanda para valores superiores ao real
(sobredimensionar). O subdimensionamento do fator de
demanda, principalmente em instalações residenciais, é
inadmissível.

2.4 Cálculo da Demanda para Residências


Individuais (Casas e Apartamentos)

Apenas para o caso de residências individuais


(casas e apartamentos), aplicam-se os valores da Tabela
2.1, usados para a determinação do fator de demanda de
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carga de iluminação e tomadas de uso geral. Desta


forma, a provável demanda para esses tipos de
consumidores pode ser calculada pela expressão:

PD = (g . P1) + P2

Sendo:
PD - Provável Demanda, Potência de Alimentação ou
Potência de Demanda

g - Fator de Demanda (CONFORME TABELA 2.1)

P1 - Soma da potências nominais atribuídas à


iluminação e tomadas de uso geral

P2 - Soma da potências nominais atribuídas à tomadas


de uso especifico

A tabela 2.1, apresentada a seguir, estabelece os valores


do Fator de Demanda (g):

Tabela 2.1
Fatores de Demanda para potência de
alimentação de
Residências individuais (Casas e
Apartamentos)
(fonte: CT-64/COBEI)

Potência de Iluminação e Fator de Demada


Tomadas de uso geral (g)
P1 (kW)
0 < P1 ≤ 1 0,88
1 < P1 ≤ 2 0,75
2 < P1 ≤ 3 0,66
3 < P1 ≤ 4 0,59
4 < P1 ≤ 5 0,52
8

5 < P1 ≤ 6 0,45
6 < P1 ≤ 7 0,40
7 < P1 ≤ 8 0,35
8 < P1 ≤ 9 0,31
9 < P1 ≤ 10 0,27
10 < P1 0,24

Exemplo:

Tomemos como análise, um apartamento que tenha as


seguintes cargas instaladas:

- Iluminação: 2800 VA
- Tomadas de uso geral: 3700 VA
- tomadas de uso especifico: 16200 W
A provável demanda dessa instalação será:
P1 = ILUM + TUG
P1 = 2800 + 3700 → P1 = 6500 VA → P1 = 6,5 kW
Com P1 = 6,5 kW, na Tabela 4.1, temos: g = 0,40
TUE = 16200 W → P2 = 16,2 kW
PD = (g.P1) + P2 → PD = 0,40 . 6,5 + 16,2
PD = 18,8 kW → PD = 18,8 kVA

Observações

1- No exemplo anterior, a potência instalada seria 2800


+ 3700 + 16200 = 22700 VA = 22,7 kVA, enquanto
a Provável Demanda seria de 18,8 kVA.

2- A demanda deve ser expressa em VA ou kVA


(potência absorvida da rede). Devemos estar atentos
aos fatores de potência das cargas, observando a
relação entre potência aparente (VA) e potência
ativa (W), conforme a figura 2.2, a seguir.
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Da figura 2.2 tiramos as seguintes relações:

Cosφ = P/S S = P/Cosφ S² = p² + Q²

Sendo:

S: Potência Aparente, em VA ou kVA


P: Potência Ativa, em W ou kW
Q: Potência Reativa, em VAR ou kVAR
Cosφ: Fator de Potência

Em instalações de residências e apartamentos, a


grande maioria das cargas (iluminação incandescente e
aparelhos de aquecimento) são puramente resistivas.
Nestes casos podemos considerar W = VA, pois o fator
de potência é igual à unidade.

3- O NEC - National Electrical Code apresenta o


seguinte procedimento para a previsão de cargas
mínimas e para o cálculo da demanda em
instalações residenciais (esse procedimento conduz
a resultados bem próximos dos encontrados pela
NBR-5410):
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Previsão de Cargas para instalações


residenciais conforme o NEC:

a- Potência de iluminação e tomadas de uso geral,


excluídas as tomadas da cozinha, copa-cozinha e
área de serviço: 3W/ft² ≡ 32,2W/m².

b- Tomadas de uso geral da cozinha ou copa-cozinha:


3000W

c- Tomadas de uso geral da área de serviço: 1500W

d- Aparelhos de uso especifico: quantidade e potência


nominal de cada um deles

Cálculo da Demanda para instalações


residenciais conforme o NEC:

a- Demanda para iluminação e tomadas de uso geral:

- primeiros 3000 W, ou menos: 100%

- de 3001 a 120000 W: 35%

- acima de 120000 W: 25%

b- Aos aparelhos fixos (tomadas de uso especifico),


executando-se fornos e fogões elétricos, secadoras
de roupa, aparelhos de aquecimento ambiental e
condicionadores de ar que terão demanda de
100%, pode-se aplicar, quando em número igual
ou superior a quatro aparelhos, um fator de
demanda de 75%.
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2.5 Demanda Total de um Edifício de Uso


Coletivo

2.5.1 - Considerações Preliminares

1- Diversas concessionárias de energia apresentam


procedimentos específicos para o cálculo das
demandas de instalações elétricas prediais situadas
em suas áreas de fornecimento.

2- Diversos autores apresentam procedimentos


diferenciados para o cálculo das demandas de
instalações de serviço de edifícios residenciais,
áreas de escritórios, lojas, etc. Na falta de
informações mais precisas que possam conduzir a
um critério especifico para cada caso, o projetista
poderá adotar, dentre os diversos critérios
existentes, aquele critério de cálculo de demanda
que, conforme o seu julgamento, mais se aproxime
da situação em estudo.

3- É importante que a adoção de um método para o


cálculo da demanda esteja em consonância com a
realidade de região e com os regulamentos e normas
da concessionária local. Os profissionais projetista
de instalações elétricas devem estar atentos para este
fato, pois do cálculo da demanda resultará o
dimensionamento da Entrada de Serviço, sobretudo,
transformador e proteção geral.

4- O cálculo da demanda de um edifício de uso coletivo


é um processo de aproximação, e como tal, tem as
suas limitações, posto que é baseado em
probabilidades e estatísticas locais, regionais ou
nacionais. Em conseqüência, entendemos que a
terminologia "Provável Demanda Máxima" é a mais
adequada. Existirão, portanto, várias demandas. O
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fundamental é que os componentes da entrada de


serviço estejam corretamente dimensionados para
suportar a provável demanda máxima.

2.5.2 - Cálculo da Demanda Total de um


Edifício de Uso Coletivo, conforme o CODI -
Comitê de Distribuição de Energia Elétrica

Com o objetivo de definir os procedimentos


para o dimensionamento da entradas de serviço de
energia em edifícios residenciais de uso coletivo, as
concessionárias adotam normas técnicas ou instruções
técnicas, que estabelecem as condições mínimas a serem
seguidas pelos projetistas de instalações elétricas no
cálculo das demandas totais dessas instalações. Tais
critérios são aplicáveis no âmbito de cada
concessionária, e portanto, sendo diferenciados de
concessionária para concessionária, poderão conduzir a
resultados diferentes.

Essa diferenciação de métodos produz


implicações, sobretudo, quando do dimensionamento da
Entrada de Serviço do consumidor (transformadores,
alimentadores, medição e equipamentos de proteção
geral) e quando da previsão de reserva de carga e de
expansão da demanda do sistema elétrico da
concessionária.

O Codi - Comitê de Distribuição de Energia


Elétrica desenvolveu um critério de cálculo de demanda
de edifícios residenciais de uso coletivo, objeto da
Recomendação Técnica de Distribuição (RTD) nº 027
de 08.03.90. Várias concessionárias já adotaram esse
critério, porém com pequenas diferenciações. Dentre
elas citamos: a COPEL - Companhia Paranaense de
Energia, através da norma NTC 9-00600: Instruções
para Cálculo da Demanda em edifícios residenciais de
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uso coletivo; a CEMIG - Companhia Energética de


Minas Gerais, através da norma ND - 5.2: Fornecimento
em Tensão Secundária a Edificações Coletivas; e a
ELETROPAULO - Eletricidade de São Paulo S/A,
através da norma PND - 2.4: Determinação da Demanda
em Prédios Residenciais e Comerciais.

2.5.3 - Aplicabilidade, Medições e Tratamento


Estatístico

As recomendações da RTD 027 - CODI são


aplicáveis a edifícios residenciais, contendo de quatro a
300 apartamentos, independente de área útil ou padrão,
podendo ser aplicadas, de modo geral, a qualquer tipo
de prédio residencial, em qualquer região do País.

O desenvolvimento deste critério de cálculo


deu-se baseado em tratamento estatístico de medições
de demanda realizadas em edifícios residenciais em
diversas cidades do país, variando-se a quantidade de
apartamentos, área útil, padrão de acabamento,
característica climática do local, ano da construção, etc.

As medições foram efetuadas por aparelhos


registradores eletrônicos (RDTD ou RDMT) e de
medidores eletromecânicos, com tempo de
integralização da demanda de 15 minutos. Foram
realizadas medições contínuas semanais, de forma a
permitir o levantamento das curvas de carga, D x t,
diária e semanal, em diferentes épocas do ano.

Foram realizadas medições em quatro ponto


distintos, a saber:

- em um dos apartamentos (o de maior consumo


nos últimos 12 meses);
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- no centro de medição correspondente ao


apartamento medido;

- no condomínio;

- na entrada do edifício (geral).

O tratamento estatístico, desde a definição da


amostragem, da coleta de dados, da exclusão de
amostras não confiáveis, até a determinação do critério
de regressão, permitiu o desenvolvimento de um modelo
confiável que conduziu a valores de provável demanda
significativamente próximos dos valores reais de
demandas medidos.

2.5.4 - Cálculo da Demanda de Edifícios


Residenciais de Uso Coletivo

Demanda Total do Edifício

A demanda total de um edifício será


determinada pela aplicação de um fator de segurança
(1,20) à soma da demanda correspondente aos
apartamentos com a demanda correspondente ao
condomínio, conforme a equação a seguir:

Dedif = 1,20 (Daptos + Dcondom)

Sendo:

Dedif: Demanda Total do Edifício;

Daptos: Demanda correspondente aos apartamentos;

Dcondom: Demanda correspondente ao condomínio;


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Demanda dos Apartamentos

A demanda correspondente aos apartamentos é


feita pelo produto do fator para diversificação de carga
em função do número de apartamentos (TABELA 2.3),
pelo valor da demanda do apartamento em função da
área (TABELA 2.2), conforme a equação a seguir:

Daptos = F1 . F2

Sendo:

F1: Fator de Diversidade, obtido da TABELA 2.3;

F2: Demanda, em função da área, obtida da TABELA


2.2

Fator de Diversidade

Numa instalação elétrica é sempre possível


distinguirmos conjuntos homogêneos de cargas, cada
conjunto com seu regime de funcionamento típico.
Assim, por exemplo, um prédio de apartamentos,
podemos considerar como conjuntos de carga:

- Iluminação e tomadas

- Condicionadores de ar;

- Chuveiros elétricos;

- Aquecedores de água;

- Elevadores;

- Bombas de água etc.


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Cada conjunto é caracterizado por sua potência


total, (pTotal), soma das potências nominais das cargas
componentes, e pela sua curva de carga. As cargas
componentes, podem ou não funcionar
simultaneamente e com potência menor, igual ou maior
que a respectiva potência nominal. Nessas condições,
vemos que a demanda máxima do conjunto será quase
sempre diferente da potência total. Em instalações
residenciais, comerciais e industriais o mais comum é
termos, num dado conjunto de cargas, a demanda
máxima inferior ou no máximo igual à potência total.
Por outro lado, as demandas máximas dos diversos
conjuntos de cargas que compõem a instalação não são,
via de regra, simultâneas, ocorrendo em instantes
diferentes. A demanda máxima da instalação, por sua
vez, poderá ou não coincidir com algumas das
demandas máximas.

Consideramos agora uma instalação constituída


por três conjuntos de cargas, A, B, C. A Fig. Abaixo
mostra as respectivas curvas de carga, bem como a
curva de carga resultante para instalação, todas
referentes a um período T. Os conjuntos apresentam
para as potências totais os valores (pTotal, A), (pTotal,
B) e (pTotal, C); as demandas máximas são (pDEM, M
AX, a) em tA, (pDEM, MAX, b) em Tb e (pDEM, M
AX, c) em tc. A demanda máxima da instalação,
(pDEM, MAX), ocorre em t = tc e nesse instante as
demandas valem (pDEM, A, t), (pDEM, B, t) e (pDEM,
C, t) = (pDEM, MAX, c). Os fatores de demanda dos
conjuntos de cargas A, B e C são definidos pelas
relações:
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(fDEM, A) = (pDEM, A, t) < 1; (fDEM, B) = (pDEM, B, t) < 1 ;


(pDEM, MAX,A) (pDEM, MAX,B)

(fDEM, C) = (pDEM, c, t) = 1
(pDEM, MAX, c)

O fator de Diversidade será definido por:


(fDIV) = (pDEM, MAX, A) + (pDEM, MAX, B) + (pDEM, MAX, C)> 1
(pDEM, MAX)

O fator de Diversidade (F1) representa a razão


entre a soma da demandas máximas de cada carga (ou
consumidor) de um conjunto de cargas semelhantes e a
demanda máxima do conjunto. Este representa o fato
real de que as demandas máximas de cada unidade
tomada individualmente ocorrem em instantes
diferentes, o que faz com que a demanda máxima de um
conjunto de consumidores seja menor que a soma das
demandas máximas de cada consumidor. Isso implica
em que o fator de diversidade seja sempre maior do que
a unidade, conforme podemos comprovar pela equação
a seguir:
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Sendo:

F1: Fator de Diversidade de um conjunto de "n" cargas


ou consumidores;

PD i: Provável Demanda Máxima da carga ou


consumidor índice "i";

PD: Provável Demanda Máxima do conjunto de cargas


ou consumidores;

n: Número de cargas ou consumidores do conjunto.

Área Útil do Consumidor

Os valores de área constantes da Tabela 2.2 são


referentes à área útil do apartamento, não devendo ser
consideradas áreas de garagem e outras áreas comuns
dos edifícios, algumas vezes incluídas (comercialmente)
como pertencentes aos apartamentos.

Para edifícios que tenham apartamentos com


áreas diferentes, deve ser adotado um valor de área
calculado pela média ponderada das áreas dos
apartamentos do edifício.

A Tabela 2.2 é aplicável na determinação da


demanda de apartamentos com área útil de até 400m².
Para apartamentos com área útil superior, a demanda do
apartamento deve ser calculada pela fórmula seguinte:
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Sendo:

Y: Demanda do apartamento, em kVA;

X: Área útil do apartamento, em m².

Demanda do Condomínio

A demanda do condomínio corresponde à soma


das demandas das cargas de iluminação, de tomadas e
de motores instalados nas áreas do respectivo
condomínio. Aplicam-se a elas os seguintes critérios:

- Cargas de iluminação: 100% para os primeiros


10 kW e 25% ao excedente;

- Cargas de Tomadas: 20% da carga total;

- Motores: aplicam-se as Tabelas 2.4 e 2.5 para


cada tipo e quantidade de motor existente na instalação.

Devem ser considerados os respectivos fatores


de potência de cada carga.

A demanda correspondente ao condomínio pode


ser calculada conforme a seguinte equação:

Dcondom = I1 + 0,25 . I2 + 0,20 . T + M

Sendo:

Dcondom: Demanda correspondente ao condomínio;


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I1: Parcela da carga de iluminação do condomínio até


10 kW;

I2: Parcela da carga de iluminação do condomínio acima


de 10 kW;

T: Carga total de tomadas do condomínio;

M: Demanda total de motores do condomínio, conforme


Tabelas 2.4 e 2.5.
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2.5.5 - Exemplos de Cálculo de Demanda conforme


RTD - 027 - CODI

Exemplo 1:

Edifício Residencial tipo "flat"


Dados:
Áreas e Consumidores:
Área útil do edifício ................................................... 13725m²
Área útil da administração........................................... 6925m²
Área útil do apartamento tipo.......................................... 50m²
Quantidade de apartamentos ............................................. 136
Administração .........................................................................1

Cargas:
a- Apartamento tipo:
Iluminação (Cosφ = 1)...................................................740 W
Tomadas de uso geral ............................................... 2800 VA

Aparelhos:
1 Chuveiro (Cosφ = 1,00)............................................3500 W
1 Apar. de ar-condic. 2500 kcal/h (1000 BTU) ....... 1650 VA

b- Condomínio:
Iluminação (Cosφ = 0,95) ........................................ 45800 W
Tomadas de uso geral (Cosφ = 1) .......................... 26600 VA

Aparelhos:
02 Torneiras de 3700 W cada (Cosφ = 1)
02 Chuveiros de 5400 W cada (Cosφ = 1)

Motores:
01 Portão automático de 1 CV (monofásico)
01 Bomba da piscina de 3 CV (trifásica)
04 Elevadores de 15 CV cada (trifásicos)
02 Bombas de recalque d´água de 7 1/2 CV cada
(trifásica), sendo uma de reserva
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01 Bomba de combate a incêndio de 5 CV (trifásica)


01 Bomba de combate a incêndio de 5 CV (trifásica)

Desenvolvimento dos cálculos de demanda conforme


RTD do CODI
Cálculo da demanda correspondente aos
apartamentos
Daptos = F1 . F2
Sendo:
F1 = 71,79 (Fator de diversidade obtido da TABELA
2.3)
F2 = 1,16 (Valor de demanda obtido da TABELA 2.2)
Daptos = 71,79.1,16 = 83,27 kVA

Cálculo da demanda correspondente ao condomínio


Dcondom = I1 + 0,25 . I2 + 0,20 . T + M
Iluminação: 45800W (Cosφ = 0,95), então: I1 = 10/0,95
= 10,52 kVA e I2 = 35,8/0,95 = 37,68 kVA
Tomadas: T = 26,6 + 2 . 5,4 + 2 . 3,7 = 44,80 kVA

Motores:
Conforme as tabelas 2.4 e 2.5, teremos as seguintes
demandas individuais:
01 Portão automático de 1 CV (monofásico): ......... 1,56kVA
01 Bomba de piscina de 3 CV (trifásica):................ 4,04kVA
04 Elevadores de 15CV cada (trifásicos): ............. 38,29kVA
01 Bombas de recalque de 7 1/2 CV cada (trifásica)8,65kVA
01 Bomba de incêndio de 5 CV (trifásica): ............. 6,02kVA
Total M:
58,56kVA
Dcondom = 10,52 + 0,25 . 37,68 + 0,20 . 44,80 + 58,56
Dcondom = 87,46 kVA

Cálculo da demanda total do edifício

Dedif = 1,20 . (Daptos + Dcondom)


Dedif = 1,20 . (83,27+87,46)
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Dedif = 204,88kVA

Exemplo 2:
Edifício Residencial de Apartamentos

Determinar a demanda individual de um


apartamento, a demanda do condomínio e a demanda
total do edifício.
Dados:
Áreas e Consumidores:
Área útil do edifício: .................................................... 6636m²
Área útil da administração: ......................................... 2316m²
Área útil do apartamento tipo: ...................................... 108m²
Quantidade de apartamentos: ...............................................40
Condomínio: ...........................................................................1

Cargas:
a- Apartamentos Tipo:
Iluminação (Cosφ = 1): ...............................................3200 W
Tomadas de uso geral (Cosφ = 1): ........................... 8600 VA

Aparelhos:
2 Chuveiros (Cosφ = 1) ................................... 5400 W (cada)
1 Torneira (Cosφ = 1) ..................................................3700 W
1 Apar. de ar-condic. 2500kcal/h (10.000 BTU) .......1650VA
1 Máq. De lavar louça (Cosφ = 0,85) ..........................2500W
1 Máq. De lavar roupa (Cosφ = 0,85) ..........................1000W

b- Codomínio:
Iluminação (Cosφ = 0,95) ............................................1600W
Tomadas de uso geral .................................................7000VA

Aparelhos:
02 Chuveiros de 5400W cada

Motores:
01 Portão automático de 2 CV (trifásico)
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02 Bombas para a piscina, de 2 CV (trifásica)


02 Elevadores de 10 CV cada (trifásicos)
02 Bombas de recalque de 5 CV cada (trifásicas) sendo
uma reserva
02 Bombas de águas servidas de 1 CV cada (trifásica)
sendo uma reserva
01 Bomba de incêndio de 2 CV (trifásica)

Solução:

a- Cálculo da Demanda Individual do Apartamento


Tipo:
PD = (g.P1) + P2
P1=3200+8600=11800W=11,8kVA → g = 0,24
(conforme Tabela 2.1)
P2=2.5400+3700+1650+2500/0,85+1000/0,85 → P2 =
20,27 kVA
PD = 0,24 . 11,8 + 20,27 → PD = 23,10 kVA

b- Cálculo da demanda diversificada correspondente


aos apartamentos:
Daptos = F1 . F2
Sendo:
F1 = 29,52 (Fator de diversidade obtido da TABELA
2.3);
F2 = 2,31 (Valor de demanda obtido da TABELA 2.2).
Daptos = 29,52 . 2,31 = 68,19kVA

c- Cálculo da demanda correspondente ao


condomínio:
Dcondom = I1 + 0,25 . I2 + 0,20 . T + M
Iluminação: 16000W (Cosφ = 0,95), então: I1 = 10/0,95
= 10,53kVA e I2 = 6/0,95 = 6,31kVA
Tomadas: T = 7 + 2 . 5,4 = 17,80kVA
28

Motores (valores em kVA, conforme Tab. 2.4):

01 Portão automático de 2 CV (trifásico) ................ 2,70kVA


02 Bombas de piscina de 2 CV (trifásicas).............. 4,05kVA
02 Elevadores de 10 CV cada (trifásicos) ............. 17,31kVA
01 Bomba de recalque de 5 CV (trifásica) .............. 6,02kVA
01 Bombas de águas servidas de 1 CV (trifásicas) . 1,52kVA
01 Bomba de incêndio de 2 CV (trifásica) .............. 2,70kVA
Total M:
34,30kVA
Dcondom = 10,53 + 0,25 . 6,31 + 0,20 . 17,80 + 34,30
Dcondom = 49,97kVA

d- Cálculo da demanda total do edificio:

Dedif = 1,20 (Daptos + Dcondom)


Dedif = 1,20 (38,19 + 49,47)
Dedif = 141,79kVA

4.5.6 - Demanda Individual de Unidades


Consumidores não Residenciais

A demanda individual de unidades


consumidoras não residenciais (lojas, escritórios,
escolas, etc.) deve ser calculada conforme os fatores de
demanda especificados nas Tabelas 2.6, 2.7 e 2.8
mostradas a seguir. Para cálculo da demanda de motores
dessas instalações utilizaremos as Tabelas 2.4 e 2.5.
29

Tabela 2.6: Fatores de Demanda para iluminação e


Tomadas de uso geral de unidades consumidoras não
residenciais.
DESCRIÇÃO FATOR DE DEMANDA (%)
Auditórios, cinemas e 100
semelhantes
Bancos, lojas e semelhantes 100
Barbearias, salões de beleza e 100
semelhantes
Clubes e semelhantes 100
Escolas e Semelhantes 100 para os primeiros 12kVA
50 para o que exceder de 12kVA
Escritórios e salas comerciais 100 para os primeiros 20kVA
70 para o que exceder de 20kVA
Garagens comerciais 100
Clínicas e hospitais 40 para os primeiros 50kVA
20 para o que exceder de 50kVA
Igrejas e templos 100
Restaurantes, bar e semelhantes 100
Áreas comuns e condomínios 100 para os primeiros 10kVA
25 para o que exceder de 10kVA
Fonte: ND - 5.2 - CEMIG

Tabela 2.7: Fatores de demanda para


condicionadores de ar tipo janela em unidades
consumidoras não residenciais
Número de Aparelhos Fator de demanda (%)
1 a 10 100
11 a 20 86
21 a 30 80
31 a 40 78
41 a 50 75
51 a 75 70
76 a 100 65
Acima de 100 60

Nota: Quando se tratar de unidade central de


condicionamento de ar, deve-se tomar o fator de
demanda igual a 100%.
30

Fonte: ND - 5.2 - CEMIG


Tabela 2.8: Fatores de demanda para aparelhos
eletrodomésticos e de aquecimento em unidades
consumidoras não residenciais
Número Fator de Número Fator de Número Fator de
de demand de demand de demand
aparelho a (%) aparelho a (%) aparelho a (%)
s s s
1 100 11 49 21 39
2 92 12 48 22 39
3 84 13 46 23 39
4 76 14 45 24 38
5 70 15 44 25 38
6 65 16 43 26 a 30 37
7 60 17 42 31 a 40 36
8 57 18 41 41 a 50 35
9 54 19 40 51 a 60 34
61 ou mais
10 52 20 40 33

Notas: 1 – Diversificar a demanda por tipo de aparelho


separadamente;

2 – Considerar kW = kVA (fator de potência


unitário).
Fonte: ND – 5.2 – CEMIG

Exemplo 1

Restaurante ou Lanchonete

Determinar a Provável Demanda de um


restaurante que possui área de 80m² e as seguintes
cargas instaladas.
31

Cálculo da Provável Demanda:

PD = D1 + D2 + D4 + D5 + D6, onde:
D1 = Demanda de Iluminação (Tabela 2.6):
D1 = 100% - Carga Instalada = 3000 VA = 3kVA
D2 = Demanda de Condicionadores de Ar (Tabela 2.7)
D2 = 100% - Carga Instalada (até 10 aparelhos) = 2 .
2600 = 5200 VA = 5,2kVA
D3 = Demanda de Aparelho de Aquecimento tipo
Chuveiro e Torneira (Tabela 4.8) 4 aparelhos → fator de
demanda = 0,76
D3 = 0,76 (2 . 5400 + 2 . 3700) = 13832 VA = 13,83
kVA
D4 = Demanda de Aparelhos Tipo Grill e Cafeteria
(Tabela 2.8) 4 aparelhos → fator de demanda = 0,70
D4 = 0,70 (3 . 1000 + 2 . 1200) = 3780 VA = 3,78 kVA
32

D5 = Demanda de Aparelhos tipo Máquina de Lavar


Louça (Tabela 2.8) 2 aparelhos → fator de demanda =
0,92
D5 = 0,92 . 2 . 1500 = 2760 VA = 2,76kVA
D6 = Demanda dos demais Aparelhos Eletrodomésticos
(Tabela 2.8) 16 aparelhos → fator de demanda = 0,43
D6 = 0,43 (4 . 200 + 2 . 200 + 4 . 400 + 2 . 250 + 4 .
150) = 1677 VA = 1,68 kVA
PD = 3 + 5,2 + 13,83 + 3,78 + 2,76 + 1,68
PD = 30,25 kVA

2.5.7 – Demanda de um Edifício com Unidades


Consumidoras Residenciais e Comerciais

Em casos de edifícios que possuam unidades


residenciais e comerciais, devemos proceder de maneira
semelhante ao item 2.5.4, porém acrescentado a parcela
referente à demanda da unidades comerciais. Neste
caso, podemos calcular a demanda total de edifício pela
expressão:

Dedif = 1,20 . Daptos + Dcondom + Dun.comer

Sendo:

Dedif – Demanda Total do Edifício


Daptos – Demanda correspondente aos apartamentos
Dcondom – Demanda correspondente ao condomínio
Dun.comer – Demanda correspondente às unidades
comerciais

Exemplo 1:

Edifício Misto: Unidades Residenciais e Comerciais

Supondo que o edifício descrito no exemplo 2


do item 2.5.5, além dos 40 apartamentos e condomínio
33

já citados, possua no pavimento térreo, por exemplo, 12


lojas conforme a relação de cargas detalhada a seguir.
Determine a demanda de cada loja e a nova demanda do
edifício.
Lojas – tipo

12 unidades, 40m² cada uma, contendo as


seguintes cargas:
- Iluminação: 2400 VA
- Tomadas de Uso Geral: 3800 VA
- Tomadas de Uso Especifico
* 01 chuveiro elétrico de 3500 W
* 02 aparelhos de ar-condicionado de 10.000
BTU: 1650 VA cada

Solução:

1- Demanda de Cada Loja

PD = D1 + D2 + D3
D1 = Demanda de Iluminação e TUG (Tabela 2.6)
D1 = 100% . (2400 + 3800) = 6,20 kVA
D2 = Demanda de Condicionadores de Ar (Tabela
2.7)
D2 = 100% . (2 . 1650) = 3,30kVA
D3 = Demanda do Chuveiro (Tabela 2.8)
D3 = 100% . 1 . 3500 = 3,50 kVA
PD = 13,00 kVA

2 – Demanda Total do Edifício:

Dun.comer = D1 + D2 + D3 (considerar as 12 lojas)


D1 = 100% . 12 . (2400 + 3800) = 74,40 kVA
D2 = 80% . 24 . (1650) = 31,68 kVA
D3 = 48% . 12 . (3500) = 20,16 kVA
Dun.comer = 126,24 kVA
34

Dedif = 1,20 . (Daptos + Dcondom + Dun.comer)


Dedif = 1,20 . (68,19 + 49,97 + 126,24)
Dedif = 293,28kVA

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