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AS TUCANINAS

AS TUCANINAS
AS TUCANINAS
AS TUCANINAS

Rio de Janeiro
2008
[20.04.2008]
5.
a poesia que se renova
passam as pessoas, passam os poetas
e de repente ela está aí
em novos lábios, em novas palavras
não cabem tristezas ou remorsos
ou lamentos
o olhar é o mesmo
em outros restaurantes, outras viagens
outros tempos
ela sempre está aí
a trilhar esta longa avenida
em novos amores e amores antigos

e cada sentença abraça todo o poema


se perfeita; e se humana
“À grande inspiração que foi a relação de que leve tudo a ser dito
pelo exemplo da palavra
vocês, Nina e Tuca, pelos momentos de beleza e ─ que conosco convive
de alegria que me deram, e que pretendo dividir e de repente ela está aí
com vocês” (Alisson). ela que une as palavras
mesmo a despeito do poeta
ela que une as pessoas
(apesar das pessoas)
e mesmo entre malditos e mal-entendidos
ela de repente está aí

e troca as palavras
como os bichos trocam de pele
as crianças trocam de dentes
como os homens trocam de corpo

e troca e se renova a tucanina


e une o bem dito
ao bem compreendido
a despeito do que é menos
importante
e existe em cada verso
e na vida de cada pessoa.
[25.11.2007] [15.11.05]
4. 1.
talvez, não leia estas linhas nada sabia deste corpo
talvez estas linhas grossas da mão ou desta alma e de tudo
ainda dissolvam toda tucanina (eram dois adolescentes abraçados
do corpo e da memória com os sonhos nas mãos)

talvez, ainda digam mais um pouco não sabia nada disto


— filho, o espaço afasta e o tempo termina de tudo que alimenta
e negros faróis incandescentes e mantém os carros nas ruas
cegam meus olhos e cegam teus olhos (mais do que carros nas ruas,
ainda assim, o futuro te encontrará pelas ruas o que sustenta a vida, não sabia)
e acenará de uma janela semi-aberta
de dentro desses carros escuros adrenalina, cafeína, cocaína
por trás dos vidros mais escuros rios e rios de tucanina
desta longa avenida rios que não correm mais em mim

talvez, meu filho, ainda encontres viver como velhas carcaças


as tucaninas (às vezes chorava, às vezes
pelas retas e curvas de tuas mãos sentia saudade
e tua mão dissolva somente às vezes tudo se despedia
a morte; e, a vida com lábios definhados de poeira)
[14.05.06] [26.05.06]
2. 3.
dança que a vida ensina quarto sem lágrima
princípio ativo dos destinos sem lama
substância quente e fria sem lamentação
jogada nas ruas, dada aos mendigos (tucanina ressequida)
que um dia um velho moribundo
enterrou no vazio folhas mendicantes
lírios natimortos
eram pétalas de lírios pétalas no chão
questionando (olhos sem destino
quem os semeou e quem os colherá que o destino enterrou)

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