Grande parte do Evangelho de João se propõe a narrar os últimos dias
de Jesus antes de sua crucificação. A partir do capitulo 12 ele passa a descrever a última semana de Jesus, e assim ele se estende até o capitulo 19, que trata da morte do Filho de Deus. No capítulo 16 de João, encontramos Jesus tendo uma difícil conversa com seus discípulos. Era mesmo uma conversa perturbadora, pois o mestre antecipava seu discurso de despedida, e ao mesmo tempo alertava-os acerca das intensas perseguições que teriam que enfrentar pelo fato de serem seus seguidores. João não deixa de destacar a tristeza que se abateu sobre eles diante de declarações tão fortes de Jesus. Assim, Jesus fazia-os saber que além de ter que voltar ao Pai e deixá- los nesse mundo por mais um tempo (até que ele voltasse para leva-los consigo à casa eterna), durante esse intervalo teriam que enfrentar diversos tipos de sofrimentos. De natureza física e psicologia (O livro de Atos descreve alguns deles) É profundamente importante notarmos que Jesus não alerta seus discípulos sobre sua partida, bem como sobre as calorosas perseguições que se desencadeariam sobre eles, antes de afirmar duas verdades fundamentais: 1. A natureza da união intima que há entre Ele e seus irmãos (VIDEIRA – Capitulo 15) 2. A vinda do Espirito Santo para dirigi-los, capacita-los, auxilia-os e consola-los em toda e qualquer situação (Capítulos 14 e 16) É interessante observarmos que Jesus não se mostra insensível à tristeza e a dor dos seus discípulos, que agora estavam se convencendo de que realmente o reino dele não era deste mundo, e de que teriam mesmo que despedirem-se de seu melhor amigo. Antes, Jesus os conforta com promessas animadoras como a que João registra no versículo 33 do capitulo 16. Sim, o amor e a sensibilidade de Jesus eram tão grandes que agora, prestes a voltar ao céu, e consciente das intensas dificultadas que sua igreja teria que enfrentar por amor do seu nome, ele se volta ao Pai em oração por eles. Esse é o conteúdo do capitulo 17 de João. Nesse capitulo 17 João registra uma oração de Jesus que nenhum dos outros evangelistas registraram. Essa oração ficou conhecida como a Oração Sacerdotal de Jesus, e ela pode ser divida em duas partes que se complementam: a primeira, do versículo 1 ao 5 vemos Jesus orando ao Pai por si mesmo; a segunda, vai do versículo 6 ao 26, e nela vemos Jesus intercedendo ao Pai pela igreja de todos os tempos e lugares. Primeira Parte: Jesus ora por sua missão 1-6 – A luz que brilha das trevas 1. Jesus reafirma a natureza da sua missão entre os homens − Revelar quem Deus É – nome (V.6) • "Permiti aos homens ver a verdadeira natureza e o caráter de Deus". • A afirmação suprema de Jesus é que nEle os homens vêem a mente, o caráter e o coração de Deus. − Morrer para gerar vida (V.2) 2. Jesus reafirma a natureza do amor de Deus − A vida e morte de Jesus é a maior prova do amor de Deus pelo mundo. Ela fala de um amor do Pai não tem limites. (V.1) 3. Jesus diz que na cruz sua glória seria revelada − Porque nela Jesus terminou o trabalho que o Pai lhe confiou realizar. (V.4) − Jesus declara que sua missão consistia em tornar Deus conhecido. Pois somente aqueles que se convencem do amor de Deus (sua essência) podem ser salvos (V.3) − Jesus via na cruz o caminho de volta ao Pai (V.5) 4. De que maneira a cruz de Cristo pode glorificar a Deus? − A melhor maneira de glorificar ao Pai é sendo-lhe obediente (V.4) Síntese dos versículos 1-6 Observe que na primeira parte dessa oração Jesus declara duas coisas fundamentais acerca de si mesmo: 1. Sua Identidade – Filho unigênito, Senhor, Salvador 2. Seu Proposito – Glorificar o Pai, revelando-o através da obediência. Segunda Parte: Jesus ora por sua Igreja Na segunda parte dessa oração, agora pela Igreja, encontramos o resumo da vontade de Deus para cada um de nós, e acerca dessa vontade Jesus orou com rogos ao Pai. Que a sua Igreja seja Santificada na Verdade e Aperfeiçoada na Unidade. E isto, afim de que através dela o mundo possa conhecer quem Deus É. Para entendermos melhor essa verdade que Jesus defendeu, precisamos considerar dois fatos fundamentais. 1. A Grande Missão da Igreja não é, fundamentalmente, revelar o que Deus pode fazer, mas revelar quem Deus é. (17.23) − Um simples animal pode revelar o que Deus pode fazer
2. Do que a Igreja mais precisa para cumprir sua missão?
− Ser santificada por meio da Palavra (17.17) − Ser aperfeiçoada por meio da Unidade (Ef. 4.16) • Ela precisa de pessoas que ajam como juntas e ligaduras e não de pessoas fomentem a divisão. Conclusão A Igreja precisa ser liberta, com urgência, de seu individualismo devocional, e entender que a essência da vida cristã não consiste no “Deus a favor de mim”, mas no “Deus através de nós”. Deus se revela através da Unidade de seu povo. Somente em unidade e santidade podemos conhecer e revelar quem Deus É. Deus não está tão comprometido com quantidade quanto está com a qualidade das relações de seu povo, pois ele sabe que a quantidade só é legitima quando brota da qualidade. – O primeiro casal (Adão e Eva) O individuo pode até demonstrar o que Deus pode, mas somente a unidade pode revelar quem Deus é.