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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
MARINGÁ
2017
GUILHERME VINÍCIUS MAROTTI CECILIANO
MARINGÁ
2017
GUILHERME VINÍCIUS MAROTTI CECILIANO
Aprovada em ____/_____/_______
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Prof. Dr. José Aparecido Canova – Universidade Estadual de Maringá
_____________________________________________________
Profa. Dr. Aline Lisot - Universidade Estadual de Maringá
_____________________________________________________
Profa. Msc. Marisa Fujiko Nagano - Universidade Estadual de Maringá
AGRADECIMENTOS
Due to the problems related to the quicklime hydration and the maturation time of lime mortar,
the construction industry tries to find chemical admixtures that can replace the quicklime in the
mortars. An available alternative is "liquid lime plasticiser", a cement additive based on sodium
resinate. In order to investigate the influence of the use of this ingredient in the mixture
produced, as well as to analyze which additive-based mortar presents compressive strength
similar to the reference mortar, a comparative analysis was carried out on the mechanical
characteristics of the mortars produced with quicklime and of those with the sodium resinate
additive. The lime mortar was composed of quicklime and sand at a 1:5 ratio by volume
(quicklime:sand), in which the cement was added, composing the reference mortar using the
volume proportions of 1:1.5:7.5 (cement:quicklime:sand) by volume. The mortars added by
plasticizer were composed of cement and sand at ratios by volume: 1:4.0; 1:4.5; 1:5.0; 1:5.5;
1:6.0; 1:6.5; 1:7.0 and 1:7.5. The analysis in the fresh state was done by evaluating mass density,
water retention and incorporated air content. The hardened state included analysis of the
flexural and compressive strength (ABNT NBR NM 13279: 2005). The results indicated that
the mortar added by the plasticiser at the 1:7.5 ratio by volume is the one with the compressive
strength closest to the reference mortar. However, it is also the one with the lowest water
retention. The cost analysis to produce 50 kg of mortar suggested that the reference mortar costs
R$ 1.06 more than the liquid mortar plasticiser at a 1:7.5 ratio by volume, but the latter produces
a mixture with characteristics in the fresh state profoundly different from those observed in the
reference mortar.
Tabela 1 Teores dos constituintes dos cimentos portland comum e composto ................... 15
Tabela 2 Resultados dos ensaios da caracterização do agregado miúdo ............................. 23
Tabela 3 Resultados dos ensaios da caracterização do aglomerantes ................................. 24
Tabela 4 Dosagem da argamassa simples............................................................................ 24
Tabela 5 Dosagem da argamassa com resinato de sódio ..................................................... 27
Tabela 6 Resultados para o estado plástico ......................................................................... 29
Tabela 7 Resultados obtidos no estado endurecido ............................................................. 36
Tabela 8 Análise comparativa de materiais e de custo entre as argamassas ....................... 38
Tabela 9 Comparativo de custo entre argamassas, considerando o rendimento obtido ...... 39
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 10
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 10
1.2.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 10
1.2.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 10
2 ARGAMASSA: TIPOS, CONSTITUIÇÃO E DOSAGEM ............................................ 11
2.1 MATERIAIS QUE COMPÕEM A ARGAMASSA ...................................................... 11
2.1.1 Cal ........................................................................................................................... 11
2.1.2 Areia ........................................................................................................................ 13
2.1.3 Cimento portland................................................................................................... 14
2.1.4 Água ........................................................................................................................ 15
2.1.4 Aditivos ................................................................................................................... 16
3 PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS .......................................................................... 18
3.1 PROPRIEDADES NO ESTADO PLÁSTICO ............................................................... 18
3.1.1 Retenção de água ................................................................................................... 18
3.1.2 Consistência............................................................................................................ 18
3.1.3 Trabalhabilidade ................................................................................................... 19
3.1.4 Teor de ar incorporado ......................................................................................... 19
3.2 PROPRIEDADES NO ESTADO ENDURECIDO ........................................................ 20
3.2.1 Resistência mecânica à compressão ..................................................................... 20
3.2.2 Aderência ................................................................................................................ 20
4 MATERIAIS E MÉTODO ................................................................................................. 21
4.1 ESPECIFICAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS ................................................. 21
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS .................................................................... 21
4.3 CONFECÇÃO DAS ARGAMASSAS........................................................................... 22
4.4 ENSAIOS A SEREM REALIZADOS ........................................................................... 22
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 23
5.1 ENSAIOS NO ESTADO PLÁSTICO ............................................................................ 27
5.2 ENSAIOS NO ESTADO ENDURECIDO ..................................................................... 31
5.3 ANÁLISE COMPARATIVA ......................................................................................... 37
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 41
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
Sabendo da grande importância que a cal, seja virgem ou hidratada, apresenta em uma
argamassa, não é de fácil resolução o problema de encontrar um substituto tão eficaz quanto
aquela. Todavia, com o avanço de tecnologias e do maior entendimento das reações químicas
que ocorrem numa argamassa de cal durante sua maturação, surgem alguns compostos que
podem vir a facilitar o preparo de argamassas. O uso de tais compostos ajuda a diminuir o tempo
necessário para o emprego da argamassa, colabora para uma maior produtividade no canteiro
de obras, tende a aumentar o rendimento na mistura, pode reduzir o consumo de materiais, e
com isso minorar o custo da massa processada, enfim, são substâncias que tentam ressaltar as
características boas e atenuar as falhas.
Todavia, por se terem requisitos mínimos, como a resistência à compressão axial, faz-
se necessário garantir que uma argamassa com resinato de sódio realmente atinja as resistências
e demais características (consistência e retenção de água, por exemplo) de uma argamassa
convencional com cal virgem. E, para tanto, altera-se a quantidade de cimento utilizada no
traço, o que pode vir a deixar a argamassa à base de resinato de sódio com custo-benefício
menor.
1.2 OBJETIVOS
- Ensaiar uma argamassa convencional (cal virgem) e uma argamassa feita com resinato
de sódio no estado plástico, a fim de se analisar a retenção de água e a consistência apresentadas;
- Ensaiar uma argamassa convencional (cal virgem) e uma argamassa feita com resinato
de sódio no estado endurecido, determinando e se verificando a resistência à tração na flexão e
a resistência à compressão axial;
- Estipular o traço em volume da argamassa com resinato de sódio que atinja a
resistência à compressão axial mais próxima (erro máximo de 5%) da argamassa convencional.
11
De forma muito simples, a argamassa pode ser definida como: “Mistura plástica
cimentosa composta principalmente de cal hidratada, cimento portland, areia e água, com ou
sem aditivos, que penetra nas reentrâncias dos blocos construtivos, aglomerando-os
firmemente”, conforme definição elaborada por Guimarães (1997). Definição parecida é
encontrada na ABNT NBR 7200:1998, a qual entende argamassa inorgânica como: “Mistura
homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não
aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento”. Tal norma ainda entende
que argamassas inorgânicas são equivalentes às argamassas de revestimento.
Podem-se considerar dois tipos principais de argamassas, no que tange ao aglomerante
usado: argamassas simples (cal ou cimento + areia + água) e as mistas (cal + cimento + areia +
água). E, entendendo que os materiais componentes da argamassa são os responsáveis pelas
características finais da mistura, sabe-se que ao variar as proporções utilizadas, variam-se a
trabalhabilidade, resistência, deformações suportadas e todos os outros aspectos da mistura
final. Logo, as argamassas também podem ser classificadas de acordo com o uso: argamassas
de revestimento, argamassas de assentamento, argamassas para contrapiso etc (ISAIA, 2010).
Fiorito (1994) indica que no caso da argamassa de revestimento o recomendado é usar
ambos os aglomerantes, cal e cimento, uma vez que a cal garante mais trabalhabilidade, por
meio da plasticidade, e o cimento resistência, produzindo uma argamassa com boas condições
de aplicação e de fácil acabamento.
Neste tópico são apresentadas algumas características e melhor explicado cada um dos
materiais que podem ser encontrados nas argamassas.
2.1.1 Cal
Há ainda um outro tipo de cal, uma que mistura os compostos de cal e de cimento
portland: a cal hidráulica. Esta é originada da calcinação de calcários argilosos, gerando uma
cal com componentes de propriedades hidráulicas. Isso ocorre porque na calcinação há reação
entre o óxido de cálcio e a sílica-quatzo, bem como com os minerais argilosos. Para esta cal, a
temperatura de calcinação fica entre 950ºC e 1400ºC (GUIMARÃES, 1997).
2.1.2 Areia
A areia está no grupo dos agregados miúdos, visto que é um material de origem mineral,
na qual se destaca o quartzo, e tem diâmetros 0,06 mm e 2,0 mm (GUIMARÃES, 1997). Vale
ressaltar que a ABNT NBR 7211:2009 entende este tipo de agregado como: “Agregado cujos
grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na peneira com
abertura de malha de 150 µm, em ensaio realizado de acordo com a ABNT NBR NM 248:2003,
com peneiras definidas pela ABNT NBR NM ISO 3310-1.”
Guimarães (1997) adota a classificação do engenheiro Alexandre Serpa Albuquerque
no que tange às faixas granulométricas da areia, sendo:
a. fina: diâmetros entre 0,15 mm e 0,6 mm;
b. média: diâmetros entre 0,6 mm e 2,4 mm;
c. grossa: diâmetros entre 2,4 mm e 4,8 mm.
E o mesmo autor indica que a areia pode ser proveniente de diversas origens, como: rio,
cava, britagem, escória, bem como praias e dunas.
Ribas (2008) indica que alguns fatores possuem grande influência nas propriedades dos
agregados, como por exemplo a composição química, a microestrutura e a mineralogia. Cita-se
a absorção de água, que interfere no volume de vazios dos grãos, sendo uma boa forma de
avaliar o agregado, uma vez que, de forma geral, quanto mais água este absorve, menos se
compacta. O autor ainda ressalta a importância de se realizar uma análise mineralógica no
agregado miúdo, tornando possível o conhecimento de sua composição mineralógica, bem
como se poderá ocorrer reação com o cimento. Tal medida é fundamental quando não se
conhece a origem do agregado, conforme opinião de Ribas (2008).
Ainda relacionado a isso, estão as propriedades dos agregados indicadas por Guimarães
(1997), como inchamento, higroscopia, coesão aparente e friabilidade. O inchamento da areia
se dá devido à absorção de água, que gera uma película de água em torno dos grãos, fazendo
com que ocorra um afastamento entre eles, já que os vazios são delgados. A capilaridade se dá
devido aos finos presentes na areia, sendo um fenômeno que faz a água ascender pelo material.
14
A coesão aparente depende da umidade, sendo nula quando a areia está seca, crescendo para
quando há umidade, e tornando a zero na areia saturada. A friabilidade ocorre quando os grãos
da areia podem ser esmagados facilmente, o que deve ser verificado com um teste de
esmagamento.
Sabe-se de Angelim, Angelim e Carasek (2003) que a distribuição granulométrica da
areia apresenta influência na trabalhabilidade da mistura final (argamassa) e também no
consumo de água e de aglomerantes. Além disso, no estado endurecido, interfere em diversos
fatores, como: resistência de aderência, rugosidade, fissuração e permeabilidade. Isso reforça o
estudo de Sabbatini (1998), o qual indica que de modo geral, a areia com módulo de finura entre
1,8 e 2,8 (areia média) é a que possui um potencial destacado de produzir argamassas de
qualidade, visto que apresenta uma granulometria contínua, com predominância de grãos
arredondados.
Mehta e Monteiro (1994) indicam que o cimento portland anidro nada mais é do que um
material de cor cinza e pulverulento, composto basicamente por silicatos de cálcio e argila, com
constituição à base de partículas angulares com tamanhos entre 1 e 50 µm. Esse tipo de cimento
é o de maior uso na construção civil atual. Contudo, visando atender necessidades específicas,
o cimento portland pode receber algumas adições, fazendo com que ele receba outras
especificações, como: cimento de escória de alto forno, cimento branco ou colorido, cimento
pozolânico, cimento de pega e endurecimento rápido, cimento de aluminato de cálcio e cimento
expansivo. Os autores supracitados observam ainda que os cimentos são considerados materiais
hidráulicos, uma vez que os materiais originados a partir da sua hidratação oferecem resistência
à água, não necessitando de adições pozolânicas.
Guimarães (1997) explica que:
Quimicamente, Guimarães (1997) atesta que o cimento portland (CP) é composto por
C3S (silicato tricálcico), C2S (silicato bicálcico), C3A (aluminato tricálcico) e C4AFe (ferro-
aluminato tetracálcico). Não distante, informa que a ação aglomerante do cimento portland
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desenvolve-se da reação de seus constituintes com água, e que até mesmo a umidade do ar, nos
produtos há muito tempo estocados, tira-lhe a característica cimentante, fazendo-o empedrar.
Sabendo que há diversos tipos de cimentos no Brasil, as ABNT NBRs 5732:1991 e
11578:1991 especificam os teores de composições para o cimento portland comum e cimento
portland composto, respectivamente. Tais teores são mostrados na tabela 1, compilada por
Rossa Junior (2009) a partir das informações presentes nas duas normas supracitadas.
Rossa Junior (2009) explica também que o cimento portland comum tem maior grau de
pureza, enquanto o cimento portland composto recebe adições. O CP II-F recebe adição de
materiais carbonáticos, enquanto o CP II-Z passa por adição de material pozolânico ao clínquer.
Já ao CP II-E é adicionada a escória granulada de alto forno. Lima et al. (2016) indicam que
devido ao ótimo custo benefício, o CP II Z é o mais utilizado no Brasil.
2.1.4 Água
Guimarães (1997) declara que a água tem importância considerável na argamassa, isso
porque tende a preencher os vazios durante o processo de mistura, formando uma massa
contínua e auxiliando nas reações químicas do conjunto. O autor ainda indica que não deve
haver matéria orgânica, nem coloides em suspensão ou resíduos na água utilizada na argamassa.
Mehta e Monteiro (1994) avisam que o excesso de materiais impuros na água têm
reflexo no tempo de cura, na resistência e na ocorrência de eflorescência. Todavia, considerando
que a água usada na mistura da argamassa geralmente é do sistema de abastecimento público,
e que esta atende às especificações de potabilidade, dificilmente as impurezas da água são
motivos de cuidado.
16
Angelim, Angelim e Carasek (2003) indicam que quanto menor a relação água/cimento,
maiores são as resistências mecânicas apresentadas nas argamassas. Isso faz com que o modo
de adição e mistura, bem como a quantidade adicionada, devam ser cuidadosamente
controlados, pois deve-se garantir que argamassa apresente a trabalhabilidade requerida, com o
melhor desempenho possível. Não distante, como já mencionado, o volume de água a ser
adicionado depende do aglomerante utilizado, mas também de outros fatores como presença de
aditivos na mistura, umidade do ar, dentre outros.
2.1.4 Aditivos
Uma definição para este grupo de compostos é dada por Bauer (2000) como todo
material usado adicionado imediatamente antes ou durante a mistura de concretos ou
argamassas, excluindo os materiais como cimentos hidráulicos, fibras e água.
Bauer (2000) expõe ainda alguns objetivos no uso de aditivos:
- diminuir a exsudação e a segregação, a fim de acelerar ou retardar o tempo de pega;
- elevar a plasticidade da mistura, sem aumentar o consumo de água;
- promover maior resistência nas primeiras idades, reduzindo a taxa de evolução de
aquecimento e aumentando a durabilidade em condições específicas de exposição.
Todavia, Mansur (2007) declara que as adições em sistemas cimentícios interferem em
várias características da mistura, tanto no estado plástico quanto no estado endurecido, sendo
que as mais afetadas, comumente, são: consistência, retenção de água, teor de ar incorporado,
resistência à tração, resistência à compressão e resistência à aderência. Essas interferências são
objetos de estudo acerca de maior entendimento no meio acadêmico.
Autores como Cincotto et al. (1994) já tentam descrever as diferenças que ocorrem entre
usar aditivos e usar cal há muito tempo, obtendo algumas conclusões de seus experimentos,
como:
- Menor resistência à abrasão nas argamassas com aditivos do que nas argamassas com
cal hidratada, mantendo a mesma relação cimento/areia;
- Muitas vezes a resistência à aderência também é reduzida;
- Os aditivos proporcionaram menor retração hidráulica, assim como um menor módulo
de elasticidade.
Considerando que estes experimentos foram realizados em argamassas de revestimento
de blocos de concreto, os autores indicam que os aditivos não devem ser considerados
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substitutos da cal, uma vez que a massa final com aditivo apresenta características bem distintas
da massa com cal.
Entretanto, com o tempo a indústria química evoluiu e, como indica Jamarim (2015), é
possível encontrar no mercado atual da construção civil um aditivo plastificante, popularmente
conhecido como “cal líquida”. Este aditivo tem composição básica com resinato de sódio e
possui coloração vermelho escuro. A mesma autora afirma que este é uma alternativa à
substituição de cal tradicional nas argamassas, garantindo à mistura aderência, menor
exsudação, trabalhabilidade, ausência de fissuras e coesão. Não há restrições de uso do aditivo
quanto aos tipos de argamassas, podendo ser usado tanto em argamassa de revestimento quanto
nas de assentamento de blocos. Resta analisar com maior enfoque qual a variação na relação
cimento/areia necessária para produzir argamassas aditivadas que tenham características de uso
bem próximas das argamassas com cal.
O uso do aditivo, mesmo que mantida a cal na mistura, interfere significativamente na
massa final. Gava, Mancini e Sakai (2015) fizeram um experimento no qual empregaram
aditivo incorporador de ar a fim de analisar as propriedades da argamassa de assentamento no
estado plástico e endurecido. Nesse estudo, as autoras usaram um aditivo incorporador de ar
em dois traços de argamassa (1:1:6 e 1:0,5:6; cimento:cal:areia), modificando a proporção de
aditivo incorporador de ar (entre 0% e 0,5%, com variação de 0,1%) e estudando a resistência
à compressão, a resistência à tração na flexão, o teor de ar incorporado, a massa específica no
estado plástico, a retenção de água, a absorção total e a absorção de água por capilaridade.
Puderam concluir que nos dois traços de argamassa aditivada, para teores maiores do que 0,2%
de aditivo incorporador de ar, não há melhoria nas propriedades das argamassas, sendo que um
teor superior a este faz o custo da argamassa aumentar, sem que ocorram quaisquer avanços nas
propriedades. Por fim, as autoras destacam a importância da cal na capacidade de retenção de
água da mistura, visto que o traço 1:1:6 não sofreu tanto impacto do aditivo quanto o traço
1:0,5:6.
18
3.1.2 Consistência
Mansur (2007) defende que esta é a propriedade pela qual a argamassa resiste à
deformação, e que esta característica pode sofrer alterações com base na relação água/cimento,
bem como com o uso de aditivos. Cincotto, Silva e Cascudo (1995) indicam que a consistência
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é um dos parâmetros para caracterização de argamassas, que podem ser secas, plásticas ou
fluidas, tendo influência da proporção de pasta envolvendo os agregados.
Silva (2006) afirma que a consistência é grandemente afetada pelo volume de água
presente na massa, mas sofrendo influência de outros fatores, como:
a. Fator aglomerante/areia;
b. Origem e qualidade do aglomerante;
c. Fator água/aglomerante;
d. Granulometria da areia.
3.1.3 Trabalhabilidade
Mansur (2007) destaca que: “O ar incorporado corresponde aos vazios formados pela
entrada de ar observados no interior da argamassa”. E acrescenta que esse teor é maior nas
argamassas com aditivos em relação às comuns. O autor continua, explicando que o ar pode ser
incorporado à massa durante o processo de mistura mecânica, mas que esse mesmo processo é
capaz de remover o ar acrescentado, uma vez que promove a fusão das pequenas bolhas, que
formam bolhas maiores, as quais flutuam para a superfície e se desprendem da argamassa.
Mansur (2007) ainda salienta que o teor de ar incorporado favorece a trabalhabilidade, enquanto
tem efeito nocivo às resistências mecânicas.
20
3.2.2 Aderência
4 MATERIAIS E MÉTODO
Foram necessários:
- Cal virgem em pó, tipo CV – C (cal virgem comum), da marca “Cal Cem”;
- Areia natural de rio;
- Cimento portland classe 32, CP II Z-32), da marca “Votoran”;
- Aditivo VEDALIT, à base de resinato de sódio, da marca “Vedacit”.
A massa unitária para o agregado miúdo (areia natural de rio) no estado solto foi
determinada com base no estabelecido pela ABNT NBR NM 45:2006. Já a massa específica
real da areia foi determinada pelo método do picnômetro (ABNT NBR NM 52:2003). Além
disso, foi realizado o ensaio da composição granulométrica do agregado miúdo segundo a
ABNT NBR NM 248:2003, dado por ensaio manual e com a utilização da série normal de
peneiras com a amostra seca o ar. A massa específica do cimento portland e da cal foram
calculadas com o estipulado na ABNT NBR NM 23:2001 por meio do frasco de Le Chatelier.
Também foi obtida a massa unitária sem ar para o cimento. A determinação da finura da cal
hidratada foi feita conforme o texto da ABNT NBR 9289:2000.
22
Para a argamassa simples de cal virgem e areia, foi feita a transformação do traço 1:5
em volume para o correspondente traço em massa, com base na massa unitária de cada
componente. Fez-se a aferição da massa necessária a cada material e a homogeneização deles
junto com a água, a qual foi acrescentada na proporção de 2,5 dm³ a cada 1 kg de cal virgem.
A mistura foi realizada em betoneira basculante de eixo inclinado com capacidade de 320 litros.
Seguindo a ABNT NBR 7200:1998, a homogeneização durou entre 3 min e 5 min. Após, a
argamassa misturada foi depositada em recipientes metálicos enumerados, com dimensões
conhecidas, a fim de que se pudesse determinar o volume e a massa total. Tais recipientes foram
armazenados em laboratório, tampados a fim de se evitar a perda de água por evaporação. Neles
a argamassa ficou em repouso por um período mínimo de sete dias, para maturação e hidratação
da cal, tempo especificado pela ABNT NBR 7200:1998. Depois do tempo de maturação, o
cimento portland foi acrescentado à argamassa simples, em proporção de 1:1,5:7,5 (volume)
em uma argamassadeira planetária para a produção da argamassa mista.
Já as argamassas à base de resinato de sódio foram confeccionadas nos traços (volume)
que seguem: 1:4,0; 1:4,5; 1:5,0; 1:5,5; 1:6,0; 1:6,5; 1:7,0; 1:7,5. Proporção de cimento:areia,
com adição de 100 ml de resinato de sódio a cada 50 kg de cimento.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
80
acumulada (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
2,40 1,20 0,50 0,30 0,15 Fundos
Peneira (mm)
Fonte: O autor
* Foi utilizada a peneira de 500 μm porque o laboratório não contava com a de 600 μm.
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Posterior à caracterização dos materiais, a argamassa simples foi preparada no traço 1:5
em volume. Para a transformação de volume para massa utilizou-se da equação 1:
𝑉𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 × 𝜌𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎
1: (Equação 1)
𝜌𝑐𝑎𝑙 × 𝑉𝑐𝑎𝑙
Sendo:
Vcal = proporção de cal virgem em pó no traço da argamassa, em volume aparente;
Vareia = proporção de agregado miúdo no traço da argamassa, em volume aparente seco;
ρcal = massa unitária do agregado miúdo, no estado seco e solto;
ρareia = massa unitária da cal virgem no estado solto.
Dessa forma, obteve-se o traço da argamassa simples em massa (cal:areia) como 1:8,42.
Para a mistura, utilizou-se uma betoneira de eixo inclinado com capacidade para 380 l,
considerando as quantidades de materiais indicadas na tabela 4.
isoladas para a correta maturação da cal, indicado em 7 dias no mínimo, conforme indicado
pela ABNT NBR 7200:1998.
Decorridos 12 dias, parte da argamassa simples foi utilizada para a mistura da argamassa
convencional. Para isso, foi necessária a transformação do traço em volume 1:1,5:7,5
(cimento:cal:areia) para massa, de acordo com a equação 2:
𝑉𝑐𝑎𝑙 × 𝜌𝑐𝑎𝑙 𝑉𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 × 𝜌𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 (Equação 2)
1: :
𝜌𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 × 𝑉𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝜌𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 × 𝑉𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
Sendo:
Vcal = proporção de cal virgem em pó no traço da argamassa, em volume aparente;
Vareia = proporção de agregado miúdo no traço da argamassa, em volume aparente seco;
Vcimento = proporção de cimento no estado solto no traço da argamassa, em volume aparente;
ρcal = massa unitária do agregado miúdo, no estado seco e solto;
ρareia = massa unitária da cal virgem no estado solto;
ρcimento = massa unitária do cimento.
Logo, o traço da argamassa de referência em massa (cimento:cal:areia) corresponde às
proporções 1:1:8,43.
Desconsiderando as perdas e analisando as quantidades de material usadas na mistura
da argamassa simples, com cal, areia e água, conforme já apresentado, os dados de massa total
desses materiais, na tabela 4, tem-se a soma da quantidade total de 156,03 kg.
Ao utilizar as proporções do traço em volume de cal e cimento e suas respectivas massas
unitárias, bem como a quantidade em massa da cal, determinou-se a quantidade de cimento em
massa para o total de argamassa igual a 13,072 kg.
Para o desenvolvimento de cada ensaio verificou-se a necessidade de aproximadamente
3 kg de argamassa. Como a argamassa simples já estava preparada e maturada, então se adotou
essa quantidade a ser utilizada para cada ensaio para argamassa de referência. Dessa forma a
quantidade de cimento calculada foi de 251,34 g.
Para se determinar a quantidade de água necessária para a mistura atingir a consistência
estabelecida, no intervalo entre 255 mm e 265 mm, utilizou-se de uma argamassadeira
planetária com capacidade para 4 kg, na qual se adicionou os 3 kg de argamassa simples e os
251,34 g de cimento, bem como a água necessária para se obter a plasticidade. Para tanto,
pegou-se uma bola de argamassa na palma da mão e, após jogá-la levemente para o alto,
verificou-se que ela não veio a abrir, ou seja, deformou-se, porém não rachou.
Com isso, determinou-se que a quantidade de água acrescida à mistura chegou a 155 ml,
além dos 629 ml oriundos dos 3kg da argamassa simples. Para verificar se a consistência estava
26
Fonte: O autor
Neste ensaio, procurou-se deixar a mistura com consistência entre 255 mm e 265 mm.
Durante a realização deste, principalmente com as argamassas à base de aditivo, verificou-se a
baixa retenção de água, com perdas visíveis na mesa de retenção, como se avalia na figura 3.
Fonte: O autor
29
Fonte: O autor
Também foram realizados os ensaios de retenção de água e de retenção de consistência.
Os resultados para o estado plástico estão sintetizados na tabela 6.
Ensaio
Traço Índice de Densidade
(em volume) Retenção de Teor de ar incorporado
consistência de massa
água (%) (%)
(mm) (g/cm³)
Referência 261,70 1,922 97,36 1,42
1:4,0 262,50 1,909 93,35 12,02
1:4,5 259,22 1,885 89,21 13,05
1:5,0 260,10 1,867 87,26 15,86
1:5,5 264,90 1,855 87,13 14,51
1:6,0 261,20 1,876 86,25 12,88
1:6,5 262,67 1,881 85,89 12,19
1:7,0 259,00 1,898 84,30 10,88
1:7,5 263,33 1,899 83,95 9,72
Fonte: O autor
30
1,940
1,922
1,920 1,909
1,898 1,899
1,900 1,885
1,876 1,881
1,880 1,867
1,860 1,855
1,840
1,820
Pela análise da figura 5, vê-se que a densidade de massa tende a diminuir conforme se
aumenta a massa de cimento, o que também leva a um aumento da quantidade de aditivo. Essa
diminuição ocorre até o traço 1:5,5, quando surge a tendência de crescimento da densidade de
massa. Pode-se inferir que a água tem grande participação na densidade de massa, visto que ao
se analisar a tabela 5, nota-se que esse comportamento é similar com a água adicionada à
mistura. Além disso, é possível que a densidade de massa aumente devido ao grande teor de
cimento utilizado e à redução no teor de ar incorporado. A figura 6 apresenta o gráfico para a
retenção de água das argamassas.
95,00 93,35
89,21
90,00 87,26 87,13 86,25 85,89
84,30 83,95
85,00
80,00
75,00
Para os ensaios realizados neste estado, foi necessária a confecção de 3 (três) CPs
prismáticos, em forma de paralelepípedos, para cada traço de argamassa estudado. A moldagem
das argamassas foi feita conforme instruções da ABNT NBR 13279:2005, utilizando-se do
molde apresentado na figura 8.
32
Fonte: O autor
Os moldes foram preenchidos até meia altura e procedeu-se com uma sequência de 30
golpes na mesa de adensamento (foi utilizada a mesa de consistência, uma vez que o laboratório
não possuía a mesa descrita na ABNT NBR 13279:2005), para depois completar os
compartimentos. Então, executou-se novamente a sequência de 30 golpes na mesa de
adensamento e seguiu-se com o arrasamento e nivelamento da superfície. Durante esta
sequência de ensaios, verificou-se que as argamassas com aditivo, por apresentarem baixa
retenção, perdiam muita água, como se identifica na figura 9.
Fonte: O autor
33
Fonte: O autor
Aos 28 dias, os CPs foram submetidos aos ensaios de tração na flexão, como ilustra a
figura 11. Para a realização dos ensaios, foi utilizada a prensa de compressão simples por serem
traços de argamassa para revestimento.
Fonte: O autor
34
Fonte: O autor
Fonte: O autor
Para o ensaio de resistência à compressão axial, foi utilizada a mesma prensa, todavia o
suporte foi trocado, a fim de que a carga fosse distribuída por toda a superfície do CP. A figura
14 ilustra a execução do ensaio na máquina de compressão simples.
35
Fonte: O autor
O cálculo da carga efetiva aplicada nos CPs, tanto na compressão quanto na flexão, foi
feito pelo curva de calibração do anel utilizado. Os cálculos da resistência à tração na flexão e
da resistência à compressão foram realizados por meio das equações 3 e 4:
𝐹×𝐿 (Equação 3)
𝑅𝑓 = 1,5 ×
403
Sendo:
Rf = resistência à tração na flexão (MPa);
F = carga aplicada na ruptura (N);
L = distância entre apoios (100 mm).
𝐹 (Equação 4)
𝑅𝑐 =
1600
Sendo:
Rc = resistência à compressão (MPa);
F = carga aplicada na ruptura (N);
1600 = área do CP, com base (40x40).
As resistências médias (para a série de corpos de prova) apresentadas em cada traço
constam na tabela 7.
36
1,423
1,500 1,256 1,151
1,110 1,033
1,000 0,827
0,660
0,500
0,000
Fonte: O autor
Abstrai-se da figura 15 que quanto maior o teor de cimento usado na mistura, maior a
resistência apresentada pela argamassa. Isso é notório, devido às características aglomerantes e
cimentantes do cimento portland. Todavia, a ordem de grandeza é uma característica bem
marcante, visto que o traço com menos cimento (1:7,5) apresentou resistência média à tração
maior do que a argamassa com cal virgem.
37
bem evidente no uso do molde prismático, sendo que a segregação da água fez surgir uma
camada diferenciada no CP moldado, como se mostra na figura 17.
Camada segregada
Fonte: O autor
Essa camada segregada pode contribuir para um plano de falha na mistura, o qual tem
possibilidade de ser um problema após a aplicação da argamassa.
No que diz respeito aos demais componentes, constata-se pouca diferença no uso de
cimento, sendo que o traço 1:7,5 usou 245,40 g, e a argamassa de referência 251,34 g; na areia
tem-se uma diferença mais significativa, sendo que o traço 1:7,5 usou 3 kg, enquanto a
argamassa de referência apenas 2,12 kg; para a água, tem-se 660 ml no traço 1:7,5 contra 784
ml na argamassa de referência. No que tange ao rendimento, a argamassa com aditivo rendeu
3,90 kg, enquanto a argamassa de referência 3,34 kg. A tabela 8 sintetiza essas informações e
apresenta um breve levantamento de custo, considerando os materiais necessários à produção
dos dois traços.
Assim, verifica-se que o traço 1:7,5 é R$ 1,06 mais barato do que o traço com argamassa
de referência para produzir uma mesma massa (50 kg). Há ainda o ganho em produtividade,
visto que dispensa o processo de hidratação e maturação da cal, diminuindo drasticamente o
tempo de espera. Todavia, à luz do vivenciado em laboratório, o traço 1:7,5 não apresenta
características no estado plástico iguais, sequer próximas, às da argamassa de referência, não
sendo, portanto, o aditivo um substituto da cal.
40
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BAUER, Luiz Alfredo Falcão. Materiais de Construção. 5. ed. rev. Rio de Janeiro: LCT –
Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, 2000.
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Cal x aditivos orgânicos. Téchne, São Paulo, n. 11, jul.-ago. 1994.
CINCOTTO, Maria Alba; SILVA, Maria Angélica Covelo; CASCUDO, Helena Carasek.
Argamassas de revestimento: Características, propriedades e métodos de ensaio. 1. ed. São
Paulo: Instituto de Pesquisas Tencológicas, 1995.
GAVA, Giovana Patrícia; MANCINI, Paula Simoni; SAKAI, Henrique Haruo. Influência do
aditivo incorporador de ar nas propriedades das argamassas de assentamento. In: CONGRESSO
TÉCNICO CIENTÍFICO DA ENGENHARIA E DA AGRONOMIA. 2., 2015, Fortaleza.
Anais eletrônicos... Fortaleza: CONTECC, 2015. Disponível em:
<http://www.confea.org.br/media/Trabalhos_Premiados_2015_influencia_do_aditivo_incorpo
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GUIMARÃES, José Epitácio Passos. A cal: fundamentos e aplicações na engenharia civil. São
Paulo: Pini, 1997.
LIMA, Cahio Sherighan Benjamin; CORDEIRO, Laíssa Caroline Assunção; RIBEIRO, Rúbia
Cosme; JÚNIOR, Vagner Jobel; GUIMARÃES, Welerson Silva; BENARROSH, Paula
Fernanda Pio Macêdo. Produção, utilização e vantagens do cimento portland e CP IV.
Rondônia: Faculdade de Rondônia, 2016.
43
ROSSA JUNIOR, José. Adição de escória de alto forno em argamassa colante tipo AC-I.
2009. 98 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais) - Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 2009.
SILVA, Narciso Gonçalves da. Argamassa de revestimento de cimento, cal e areia britada
de rocha calcária. 2006. 179 f. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) - Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 2006.