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Resumo:
Historiadores da Antiguidade geralmente consideram que o deus Serápis foi
criado por Ptolemai=oj Swth/r - Ptolemaĩos Sōtḗr - Ptolomeu I Sōtḗr - o Salvador,
o primeiro rei da dinastia ptolomaica, a qual governou o Egito de 323 até 30 a.C.
Considerado uma divindade especialmente de Alexandria, o objetivo deste deus foi
inicialmente legitimar o poder ptolomaico e posteriormente o romano sobre o Egito.
À exceção do ka/laqoj - kálathos - uma cesta grega de frutas, também usada como
medida agrária, símbolo de fertilidade - sobre sua cabeça, a iconografia de Serápis
é muito próxima a do deus grego Zeus. Todos estes aspectos nos mostram a força
da cultura e da religião gregas no Egito durante os períodos helenístico e romano
de sua história. A partir de fontes iconográficas numismáticas, este artigo objetiva
demonstrar o uso da legitimação de Serápis tanto aos governantes helenísticos
quanto aos romanos do Egito, especificamente no que concerne ao imperador
romano Adriano (117 – 138 d.C.).
1
Professor Adjunto II de História Antiga do DHIST – Departamento de História do
ICHS – Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFRRJ – Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro - campus Seropédica - e membro fundador e atual
pesquisador do PLURALITAS – Núcleo Interdisciplinar de Estudos Históricos / CNPq
– UFRRJ.
RJHR V:9 (2012) - Luís Eduardo Lobianco
Abstract:
Ancient Historians usually regard the god Serapis was created by
Ptolemai=oj Swth/r - Ptolemaĩos Sōtḗr - Ptolemy I Soter - the Saviour, the first
king of the Ptolemaic Dynasty that ruled Egypt from 323 to 30 BC. Considered a
deity especially from Alexandria, the god’s aim was to legitimise firstly Ptolemaic
and later Roman power over Egypt. Except for the ka/laqoj - kálathos - a Greek
fruit basket, as well as used for agrarian measure, symbol of fertility - on his head,
Serapis’ iconography is very close to that of the Greek god Zeus. All these aspects
show us the strength of Greek culture and religion in Egypt during the Hellenistic
and Roman periods of its history. Using numismatic iconographical sources, this
paper aims to demonstrate the use of Serapis’ to legitimise both Hellenistic and
Roman rulers of Egypt, specifically concerning Roman Emperor Hadrian (117 – 138
AD).
Introdução:
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O presente artigo tem por objetivo analisar uma divindade que foi a máxima
expressão político religiosa da cidade de Alexandria, embora também de todo o
Egito, durante os períodos helenístico e romano de sua história – 323 a 30 a.C. e
desta data até o ano 395 d.C., respectivamente; deus este o qual, segundo nos
informa a historiografia, foi uma criação dos primeiros reis Ptolomeus – I ou II,
contudo mais provavelmente obra de Ptolemai=oj Swth/r - Ptolemaĩos Sōtḗr -
Ptolomeu I Sotér - o Salvador, com o intuito de legitimar o poder de sua dinastia, o
mesmo fazendo, posteriormente, os imperadores romanos.
Apesar da supracitada função central de Serápis, sua representação
imagética revela-nos duas outras significativas características deste deus: a) seu
elo com a fertilidade e a abundância da produção agrícola do Egito, considerando-
se a presença do ka/laqoj - kálathos2, bem como sua ligação com a deusa helênica
Dhmh/thr – Dēmē’tēr3; b) seu aspecto ctônico – portanto ligado ao mundo
subterrâneo -, tendo em vista sua associação com Cérbero4 assim como com
Hades5, e c) sua semelhança com Zeus. Todas estas características emergirão
quando da apresentação e análise das fontes iconográficas numismáticas que
formam o corpus deste artigo, na realidade as imagens encontradas nos reversos
de moedas da dinastia romana dos Antoninos6, acervo consultado e estudado pela
numismata egípcia Soheir Bakhoum, cuja obra logo adiante citada nos fornece as
imagens e descrições acima referidas.
À vista do acima exposto, embora a principal função de Serápis tenha sido
política, não se pode desvinculá-lo, ainda que secundariamente, de aspectos
econômicos e naturalmente culturais que o envolveram. Sendo uma divindade
centrada em Alexandria, lá não apenas havia um célebre santuário dedicado a este
deus, o Serápeion, bem como exatamente pelo âmago desta cidade ser o
2
Cesto grego que continha frutas, também usado como medida agrária, portanto
era um símbolo de fertilidade no mundo helênico.
3
“Mãe da terra”: deusa grega da agricultura, especificamente do cultivo de cereais,
sobretudo o trigo.
4
De acordo com a mitologia grega, Cérbero (Ke/rberoj – Kérberos) era um cão de
aparência monstruosa, portador de várias cabeças e cobras, as quais lhe rodeavam
o pescoço. Cérbero era o guardião da entrada do Hades - o reino subterrâneo dos
mortos -, e embora permitisse a entrada destes, não deixava que de lá saíssem e
despedaçava quaisquer mortais que tentassem lá penetrar.
5
Deus grego do mundo inferior, associado à divindade romana Plutão.
6
Dinastia de imperadores romanos que sucedeu a dos Flávios e antecedeu a dos
Severos, iniciando-se a partir do reinado de Nerva (96 – 98 d.C.) e sobretudo de
Trajano (98 d.C.) e encerrando-se no de Comodo (192 d.C.), por esta razão o
século II de nossa era é conhecido por “século dos Antoninos”. A historiografia
diverge entre ter havido uma “dinastia Nerva-Trajana” ou ao menos já considerar-
se Trajano o primeiro dos imperadores Antoninos.
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O deus Serápis:
Em sua obra “Deuses Egípcios em Alexandria sob os Antoninos: Pesquisas
Numismáticas e Históricas”, a numismata egípcia, nascida precisamente em
Alexandria, Soheir Bakhoum, assim nos relata quem é esta divindade e como ela
surgiu no Egito helenístico (Bakhoum, 1999: 31):
7
Livre tradução minha do original francês e negritos de destaque meus.
8
Dinastia dos reis helenísticos Ptolomeus ou Lágidas, que governaram o Egito de
323 a 30 a.C., cristalizando ali a cultura grega, a qual entrou em nítido contato e de
certo modo até mesclou-se com o milenar substrato cultural faraônico.
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9
A dinastia helenística dos Lágidas, que reinou sobre o Egito de 323 a 30 a.C.
também é conhecida por Ptolomaica, portanto Lágidas e Ptolomeus são termos
sinônimos, o primeiro ligado a Lagos, pai do fundador desta dinastia e o segundo
ao próprio rei que a iniciou: Ptolomeu I Sōtḗr – o Salvador.
10
Faraônica.
11
Fundador desta dinastia helenística do Egito.
12
Plutarco - Plou/tarxoj - Ploútarchos, viveu de cerca do ano 46 ao 120 d.C. e é
um reconhecido historiador, biógrafo e filósofo grego, principalmente por suas
obras Vidas Paralelas e Moralia.
13
De Iside et Osiride, de autoria de Plutarco, e cuja tradução pode ser: “No que
concerne a Ísis e Osíris” ainda é a melhor, embora não unânime, descrição do mito
faraônico que envolve estas duas divindades, que eram irmãs e “marido e mulher”,
acrescida do culto aos mortos.
14
Inserção minha. Ver próxima nota explicativa de rodapé.
15
Na realidade, embora vinculado ao mundo ctônico, Plutão era o similar romano a
Hades, este sim o deus do mundo subterrâneo, segundo a mitologia grega.
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16
A chamada Época Tardia é o último período da história faraônica tendo por
recorte cronológico de fins do século VIII ou início do VII até final do século IV a.C.
- data da conquista macedônica do Egito.
17
Neologismo atribuído ao deus Osíris. O morto na época faraônica e sobretudo o
próprio Faraó eram considerados Osíris, o deus do Além, do mundo dos mortos.
18
Livre tradução minha do original francês e negritos de destaque meus.
19
Embora Dunand use a expressão “Plutão grego”, na realidade Plutão era a
divindade romana equivalente ao deus Hades, este sim grego, tal qual
observaremos adiante, nesta mesma transcrição, altura na qual a autora já associa
Plutão a Hades.
20
Na realidade, buscando evitar anacronismos ou deslocamentos culturais, embora
a autora utilize a palavra “inferno”, considerando a mitologia e religião gregas,
defendo ser mais adequado aqui empregar-se o termo “ctônico” ou “subterrâneo”.
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21
Finalmente Françoise Dunand aqui faz a direta associação entre o deus grego
Hades e seu similar romano, Plutão.
22
Livre tradução minha do original francês e negritos de destaque meus.
23
Idem nota anterior.
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pelos imperadores romanos a partir de seu domínio sobre o Egito, como se verá
das duas últimas iconografias descritas e analisadas neste artigo.
Teriam reis Ptolomeus e imperadores romanos, entretanto, aplicado uma
mesma relação de poder político-religioso no Egito? Uma vez que o corpus
iconográfico aqui estudado limitar-se-á a imagens de moedas da dinastia dos
Antoninos, julgo adequado tratar do que Geneviève Husson chamou de “O
imperador – O culto imperial”, na segunda parte intitulada: “O Egito Ptolomaico e
Romano” da obra escrita em conjunto com Dominique Valbelle, cujo título é: “O
Estado e as Instituições no Egito dos Primeiros Faraós aos Imperadores Romanos.”
No tópico supracitado acerca do imperador romano e do culto imperial, esclarece-
nos Geneviève Husson (Husson, 1992: 203):
Considerando que Geneviève Husson nos informa que a imensa maioria dos
soberanos romanos dos séculos I e II d.C. somente aceitaram, com muito cuidado,
honras que lhes eram concedidas como autoridades divinas, isto significa que,
assim como ocorria em Roma, no Egito o imperador também não era um deus, tal
qual fora o Faraó, mas, no máximo, uma pessoa divinizada. E se os imperadores
não eram deuses, necessitaram de um, sobretudo local, para legitimar seu poder
tanto político quanto religioso no Egito: Serápis. E é precisamente este necessário
elo entre tal deus e os imperadores Antoninos, no caso deste artigo, Adriano e
Cômodo, que será analisado nas duas últimas imagens de reversos de moedas do
corpus iconográfico numismático que compõe este artigo.
24
Novamente livre tradução minha do original francês e negritos de destaque
meus.
69
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25
Segundo os ensinamentos do Professor Doutor Ciro Flamarion Cardoso, a
expressão mais exata para que nos refiramos à Alexandria, não é “do Egito”, mas
sim “junto ao Egito”, posto que este historiador e egiptólogo sustenta que
Alexandria era um enclave helenístico junto a um país ainda dominado pela milenar
cultura faraônica, a qual se preservou, embora com modificações influenciadas
sobretudo pelo helenismo, até o período romano da história egípcia (séculos I a.C.
a IV d.C.).
26
Príncipe ou Imperador.
27
O mundo políade (das po/leij – póleis – Cidades-Estados) grego à volta do Mar
Egeu.
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foi a a)poiki/a – apoikía e a outra, esta nos interessa para o caso egípcio, foi o
e)mpo/rion – empórion, um entreposto comercial.
Como nos relata mais especificamente a Professora Florenzano (Florenzano,
2009: 29): “O emporion mais bem documentado nos dias de hoje é Naucratis,
fundado em fins do séc. VII, no delta do Nilo.” Embora não se tratando de um
assentamento permanente – fixação de colonos - helênico no Egito, o contato dos
gregos com os egípcios e de suas culturas data, pelo menos, de 300 anos antes da
conquista alexandrina do Egito e foi a partir desta, que a interação sociocultural
supracitada ali se intensificou.
Iniciada por Alexandre e consolidada ao longo do reino Ptolomaico, levando
a presença da cultura helênica junto à ainda sólida cultura faraônica, a qual, a
partir de então, sofreu alterações, entretanto preservou-se com significativa
solidez, até fins do período romano da história egípcia, tal qual nos informam as
fontes sobretudo iconográficas, especialmente as funerárias. E considerando-se a
forte presença da cultura grega nas iconografias numismáticas analisadas neste
artigo, julgo relevante conceituar o que vem a ser helenismo, o qual se manteve
atuante não apenas durante o reino Ptolomaico, mas também no Egito Romano,
recorte espacial e cronológico de onde é proveniente o corpus imagético aqui
estudado.
Em seu livro intitulado O Judaísmo Tardio – História Política, André Paul nos
apresenta um panorama dos últimos séculos da história da Judeia na
Antiguidadade: da conquista de Alexandre da Macedônia (332 a.C.), passando pela
Insurreição dos Macabeus e do reino independente judaico da dinastia dos
Asmoneus (respectivamente de 167 a 164 a.C. e 164 a 37 a.C.), data na qual
Herodes Magno, com o auxílio das tropas romanas conseguiu conquistar Jerusalém,
avançando pelo reinado deste soberano e narrando, por fim, as duas revoltas
judaicas contra o Império Romano (66 a 73 d.C. e 132 a 135 d.C.,
respectivamente). No decorrer da primeira delas, um trágico episódio para os
judeus, marcou sua história – o incêndio do 2º Templo de Jerusalém -, ordenado
por Tito, filho do então imperador Vespasiano e seu sucessor no trono de Roma, e
ao final da segunda, também conhecida por Revolta de Bar Kochba, seu líder, os
romanos expulsaram em escala ainda maior os judeus de Jerusalém e de toda a
Judeia, acelerando severamente a grande Diáspora (dispersão) judaica, iniciada
desde o Exílio da Babilônia (século VI a. C.).
Tendo em vista a instalação do helenismo em todo o Oriente Próximo –
tanto no Egito quanto na Judeia e demais regiões - sobretudo a partir das
conquistas de Alexandre da Macedônia, André Paul nos apresenta em sua obra
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As Fontes:
Serápis na Iconografia Numismática da Alexandria Antonina:
28
Negritos de destaque meus.
72
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Iconografia Numismática nº 1:
Zeus-Serápis acompanhado da deusa faraônica Ísis (Bakhoum, 1999: 235):
29
BAKHOUM, Soheir. Op. Cit. já citada no início do tópico “O deus Serápis”. Ver
item “Bibliografia” ao final deste artigo, para a referência completa desta obra.
30
Livre tradução minha do original em francês.
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Análise:
Observa-se, inicialmente, a direta associação entre Serápis e o deus grego
Zeus, não apenas pela semelhança iconográfica entre ambos, mas pelo próprio
nome composto, aqui atribuído ao deus alexandrino. A presença da faraônica deusa
Ísis significa uma ligação, que reforça Serápis, ou especificamente neste caso Zeus-
Serápis a uma das principais divindades egípcias – Ísis – buscando legitimar ainda
mais este deus helenizado junto aos súditos politeístas de Roma originalmente
nativos do Egito, portanto o significativo tecido social formado por egípcios, ainda
vinculados às milenares mitologia e religião faraônicas, mesmo após três séculos de
dominação helenística e já sob controle de Roma. Ainda que parcialmente
helenizados, sobretudo em Alexandria, a cultura faraônica sobreviveu até,
seguramente, o século VI d.C., quando o último templo desta mesma deusa Ísis foi
fechado no Egito, por ordem do então imperador bizantino Justiniano.
Por que é Ísis quem se encontra ao lado de Zeus-Serápis nesta imagem?
Seria unicamente para aproximá-lo do mundo faraônico e do ainda representativo
contingente de atores sociais dele herdeiro? Não. Ísis tem forte papel na cultura
faraônica. Segundo a narrativa mitológica da “Lenda de Osíris”, cuja versão
completa, embora helenizada, nos chegou através de Plutarco como já antes
31
Inserção minha.
32
Livre tradução minha, do original em francês, e negritos de destaque meus.
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Iconografia Numismática nº 2:
Serápis, a deusas helênicas Dhmh/thr - Dēmē’tēr e Ni/kh - Níkē e
Ke/rberoj - Kérberos - Cérbero (Bakhoum, 1999: 239):
33
Três relatos mitológicos faraônicos são conhecidos, tratando da cosmogonia –
criação do mundo – e da teogonia – nascimento dos deuses - no Egito: o de
Memphis, o de Hermópolis e o de Heliópolis, três cidades egípcias.
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Análise:
A imagem contida no reverso desta moeda ora analisada é mais rica do que
a anterior, no que tange à presença de divindades gregas e personagens de sua
mitologia, constatação que nos revela a forte presença do helenismo na Alexandria
Romana. Notemos que enquanto na primeira iconografia numismática,
anteriormente analisada, pudemos observar a presença de uma deusa faraônica ao
lado de Serápis, nesta identificamos junto a ele, em primeiro lugar, a deusa
helênica dos cereais, sobretudo o trigo, e por extensão da agricultura, Dhmh/thr –
34
Peça verticalmente colocada em objetos de carpintaria.
35
Ni/kh -Níkē: deusa helênica que personificava a vitória. Em Roma: deusa Vitória.
36
Inserção minha.
37
Indumentária grega, descrita na altura dos comentários analíticos desta imagem.
38
Idem nota acima.
39
Inserção minha.
40
Idem nota acima.
Livre tradução minha, do original em francês, negritos de destaque meus e
41
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42
LIDDELL and SCOTT’S. An Intermediate Greek-English Lexicon – ver referência
completa no item “Bibliografia” ao final deste artigo.
43
Inserção minha da transliteração do título em letras maiúsculas deste verbete, de
caracteres gregos para latinos.
44
Em Eurípides.
45
Inserção minha.
46
Idem nota acima.
47
Transliteração para o alfabeto latino, por mim inserida.
48
Em Homero.
49
Livre tradução minha do original em inglês, e negritos de destaque meus.
Inserção minha da transliteração do título em letras maiúsculas deste verbete, de
50
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Iconografia Numismática nº 3:
Serápis legitimando o poder do Imperador Adriano
(Bakhoum, 1999: 231):
Análise:
53
Que tem duas colunas.
54
Ornamento que distingue o estilo arquitetônico das colunas, neste caso do tipo
com capitel helênico coríntio.
55
Inserção minha.
56
Idem nota anterior.
57
Idem nota acima.
58
Igual à nota anterior.
59
Exatamente assim grafado, em caracteres gregos, na descrição original em
língua francesa.
60
Transliteração para caracteres latinos, por mim inserida no texto original.
61
Livre tradução minha do original em francês, e negritos de destaque meus.
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62
Idem nota anterior.
63
Idem nota anterior.
79
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Iconografia Numismática nº 4:
Serápis e o Imperador Cômodo (dupla legitimação – política e religiosa)
(Bakhoum, 1999: 241):
64
Inserção minha.
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Análise:
Esta última iconografia analisada, embora também nos revele, tal qual na
imediatamente anterior, um nítido elo de legitimação entre Serápis e um imperador
romano, desta feita o último da dinastia Antonina: Cômodo, há uma significativa
diferença quanto à imagem entre este deus e Adriano. Notemos que aqui há apenas
um busto de Serápis, o qual é cultuado pelo imperador, não apenas em ritual de
queima de incenso, mas, por ele estar vestido como um sacerdote. E, neste caso,
em oposição à iconografia anteriormente analisada, há sim, aqui, a presença de
elementos culturais faraônicos, precisamente quanto às vestes religiosas trajadas
por Cômodo. Se olharmos atentamente para o longo “saiote” ou “avental”
sobreposto à principal vestimenta que cobre o imperador, percebemos que este é
plissado, tal qual o eram os dos sacerdotes faraônicos. Isto é bastante significativo,
posto que detectamos uma maior aproximação, pretendida por Cômodo, aos
tradicionais ritos faraônicos, afinal o imperador aqui surge trajado como um
sacerdote egípcio.
Outro ponto relevante, talvez o principal, refere-se uma vez mais à
“propaganda” imperial e à legitimação, uma vez mais junto ao amplo tecido social
politeísta do Egito, as quais o soberano romano busca nesta imagem, lançando mão
de Serápis. Se na iconografia anteriormente analisada, Adriano era nitidamente
legitimado, posto que reverenciado por Serápis, aqui, ao menos a princípio, parece
que estamos diante de atitude oposta: é Cômodo quem legitima esta divindade,
realizando práticas rituais para ela. Entendo que, entretanto, no momento no qual o
imperador surge sacrificando a este deus alexandrino, não apenas Cômodo legitima
o poder religioso de Serápis, mas o movimento inverso aqui também se faz, ou
seja, Serápis legitima o poder político de Cômodo, ainda que talvez
65
Idem nota anterior.
66
Idem nota acima.
67
Novamente inserção minha.
68
Idem nota acima.
69
Idem nota anterior.
70
Livre tradução minha, do original em francês, e negritos de destaque meus.
81
RJHR V:9 (2012) - Luís Eduardo Lobianco
Conclusão:
Meu objetivo central no presente artigo foi apresentar o helenístico deus
Serápis: suas prováveis origens e, especificamente, sua principal atribuição: a
validação do poder político, a partir da religião, dos reis Ptolomeus e,
posteriormente disto se apropriando, os imperadores romanos, com o intuito de
promoverem, como o corpus iconográfico numismático deste artigo revelou em sua
análise, a legitimação de todos estes soberanos, especialmente no que concerne ao
tecido social politeísta do Egito helenístico e romano, sobretudo este último, tendo
em vista as imagens de moedas aqui estudadas.
É fato que, para além de egípcios de origem, gregos e romanos, todos
politeístas, um quarto segmento étnico extremamente relevante também
compunha a sociedade do Egito nos dois períodos supracitados de sua história pós-
faraônica: os judeus, em especial de Alexandria. Contudo, tendo em vista as
normas estabelecidas na Torá, especificamente no capítulo 20 de seu segundo Livro
- o Shemót -, cujo equivalente grego, utilizado posteriormente pelos cristãos é
chamado de Livro do Êxodo, sendo Torá em grego reconhecida pelo nome
Pentateuco; no capítulo supracitado, encontra-se o Decálogo e as duas primeiras
Leis ali estabelecidas pelo D’s de Israel foram o monoteísmo e a proibição de
confecção de imagens evitando-se a idolatria, tal qual era praticada no Egito
Faraônico e em todas as sociedades do Antigo Oriente Próximo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Documentação:
BAKHOUM, Soheir. Dieux Égyptiens à Alexandrie sous les Antonins: Recherches
numismatiques et historiques. Paris: CNRS Éditons, 1999.
Bibliografia:
BAKHOUM, Soheir. Dieux Égyptiens à Alexandrie sous les Antonins: Recherches
numismatiques et historiques. Paris: CNRS Éditons, 1999.71
DUNAND, Françoise e ZIVIE-COCHE, Christiane. Dieux et Hommes en Égypte -
3000 av. J.-C. – 395 apr. J.-C.: Anthropologie religieuse. Paris :
Armand Colin Éditeur, 1991.
FLORENZANO, Maria Beatriz B. O Mundo Antigo: Economia e Sociedade (Grécia e
Roma). São Paulo: Brasiliense, 2009.
HUSSON, Geneviève e VALBELLE, Dominique. L’ État et les Institutions en Égypte
des Premiers Pharaons aux Empereurs Romains. Paris : Armand
Colin Éditeur, 1992.
LIDDELL, H. G., SCOTT72. An Intermediate Greek-English Lexicon. Oxford: Oxford
University Press, 1997.
PAUL, André. O Judaísmo Tardio – História Política. São Paulo: Paulinas, 1983.
71
Esta obra encontra-se tanto no tópico “Documentação” quanto no item
“Bibliografia”, já que ela não só contém as iconografias numismáticas e suas
respectivas descrições, portanto são o corpus documental deste artigo, bem como
nesta mesma há trechos relevantes e explicativos quanto ao deus Serápis e à
questão da ideologia e da propaganda imperiais, temas desenvolvidos por sua
própria autora e também no prefácio, pelo Professor André Laronde.
72
Na referência bibliográfica deste dicionário não é citado o prenome de seu
segundo autor, cujo sobrenome é SCOTT.
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