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FACULDADES SOUZA MARQUES

CURSO: ENGENHARIA CIVIL – 5º PERÍODO


DISCIPLINA: CONSTRUÇÃO CIVIL

NOTAS DE AULA DO ASSUNTO: ESTUDOS INICIAIS PARA O PLANEJAMENTO DA


OBRA – A escolha do terreno de acordo com o tipo de empreendimento.

 A escolha do terreno faz parte de um processo, que está intimamente relacionada com vários
outros aspectos do empreendimento;
 Para entender o contexto como um todo, observar os slides do Power Point até o número 20
(item 3.3).

NOTAS DE AULA DO ASSUNTO: ESTUDOS INICIAIS PARA O PLANEJAMENTO DA


OBRA – Caracterização geotécnica do terreno.

 Os principais processos de investigação do subsolo para fins de projeto de fundações de


estrutura são:
o Poços;
o Sondagens a trado;
o Sondagens à percussão com SPT;
o Sondagens rotativas;
o Sondagens mistas;
o Ensaio de cone (CPT);
o Ensaio pressiométrico (PMT);
 Dos processos de investigação do subsolo, a as sondagens são os mais usuais. A operação de
sondagem é constituída de perfurações no solo, com o objetivo de conhecer o subsolo,
permitindo a escolha e o dimensionamento das fundações da edificação;
 A sondagem fornece os seguintes dados:
o Quais são as subcamadas de terra (tipo de solo);
o A extensão de cada camada (profundidade);
o A resistência média de cada camada (indiretamente);
o A cota do lençol d’água (N.A. – nível da água).
 O espaçamento ou a “malha de sondagens” normalmente possui abertura de 15 a 20m e a
profundidade das sondagens deve procurar atingir o embasamento rochoso (considerado
impenetrável). A norma NBR 8036 (antiga NB 12) especifica que para edifícios, o total de
sondagens deverá atender ao mínimo de 1 furo a cada 200m2 de projeção do edifício e um
mínimo de 3 sondagens na obra;
 Normalmente em um terreno de 15x30 realiza-se em média 2 a 3 furos de sondagem, para se
ter uma idéia da evolução do perfil de sondagem ao longo do terreno. O ideal é que pelo
menos 1 dos furos esteja localizado na projeção da futura edificação;
 Poços e sondagens a trado (cf. VELLOSO, 1997):
o Os poços são escavações manuais, geralmente não escoradas, que avançam até que se
encontre o nível da água ou até onde o terreno for estável, permitindo um exame do solo
nas paredes e fundo da escavação. Este tipo de investigação está normalizado pela NBR
9604;
o As sondagens a trado são perfurações executadas com um dos tipos de trado manuais
mostrados na fig. 3.1. A profundidade também está limitada ao nível da água e este tipo
de investigação está normalizado pela NBR 9603;

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 Sondagens à percussão (cf. VELLOSO, 1997):
o As sondagens à percussão são perfurações capazes de ultrapassar o nível da água e
atravessar solos relativamente compactos ou duros. O furo é revestido se apresentar-se
instável; caso contrário, a perfuração pode prosseguir sem revestimento, eventualmente
adicionando-se bentonita à água. A perfuração avança na medida em que o solo,
desagregado com o auxílio de um trépano, é removido por circulação de água (lavagem);

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o Este tipo de sondagem normalmente não ultrapassa matacões e blocos de rocha, ocasião
na qual a sondagem pode ser suspensa, deslocando o furo de lugar ou então valendo-se
do auxílio de equipamentos de sondagem rotativas (caracterizando uma sondagem
mista);
o O processo de perfuração é interrompido a cada metro, quando é realizado um ensaio de
penetração dinâmica (SPT – Standard Penetration Test);
o O ensaio de penetração dinâmica (SPT), normalizado pela NBR 6484, consiste na
cravação de um amostrador normalizado, por meio de golpes de um peso de 65kgf
caindo de 75cm de altura. Anota-se o número de golpes necessários para cravar os 45cm
do amostrador em 3 conjuntos de golpes, para cada 15cm. O resultado do SPT é o
número de golpes necessário para cravar os 30cm finais (desprezando-se portanto os
primeiros 15cm, embora o número de golpes para esta penetração também seja
fornecido);
o Inicialmente deve-se perfurar o terreno com trado até que se encontre água, para que se
faça uma determinação do nível d’água freático não influenciada pela sondagem;
o A seguir são traçados gráficos de resistência do solo, utilizando-se o número de golpes X
profundidade. O documento que é entregue pela empresa de sondagem é o Boletim de
Sondagem, cujo exemplo encontra-se abaixo:

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o Através de estudos de fundações, é possível correlacionar o número de golpes do SPT
com a resistência do solo, e então dimensionar as fundações (uma estrutura de fundação

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deve resistir aos esforços na própria peça estrutural – evitando que a fundação vá ao
colapso, além de evitar o colapso do solo que recebe o carregamento);
o Ao proceder a leitura do boletim de sondagem, basicamente deve-se analisar se o terreno
possui camadas resistentes muito rasas, e se possui bolsões de material mole.
 Sondagens rotativas e mistas (cf. VELLOSO, 1997)
o Nas sondagens rotativas o processo de perfuração consiste basicamente em fazer girar as
hastes (pelo cabeçote de perfuração) e em forçá-las para baixo (em geral por um sistema
hidráulico). No topo das hastes há um acoplamento que permite a ligação da mangueira
de água com as hastes que estão girando;
o Durante o processo de sondagem rotativa é utilizada uma ferramenta tubular chamada
barrilete, para corte e retirada de amostras de rocha (chamadas testemunhos). Estas
ferramentar têm em sua extremidade inferior uma coroa que pode ter pastilhas de
tungstênio (vídea) ou diamantes;

o As sondagens mistas são uma combinação de um equipamento de sondagem rotativa


com um equipamento de sondagem à percussão (para SPT);
 Ensaio de cone (cf. VELLOSO, 1997)
o O ensaio consiste basicamente na cravação à velocidade lenta e constante (dita “estática”
ou “quase-estática”) de uma haste com ponta cônica medindo-se a resistência encontrada
na ponta e a resistência por atrito lateral;
o Quando estas resistências são medidas por sistemas mecânicos (ou hidráulicos) na
superfície, o sistema é chamado “cone mecânico”. Quando medido por células de cargas
elétricas, pode ser denominado “cone elétrico”;

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 Ensaio pressiométrico (cf. VELLOSO, 1997)
o Trata-se de um ensaio bastante sofisticado, muito usado na Europa, mas pouco
empregado no Brasil, consistindo na expansão de uma sonda ou célula cilíndrica
instalada em um furo executado no terreno. A célula, normalmente de borracha, se
expande com a injeção de água pressurizada e a sua variação de volume é medida na
superfície do terreno juntamente com a pressão aplicada.

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NOTAS DE AULA DO ASSUNTO: ESTUDOS INICIAIS PARA O PLANEJAMENTO DA
OBRA – Levantamento topográfico.

 Este conteúdo é contextualizado no slide 21 do Power Point, item 3.4;


 Para efeito de elaboração dos anteprojetos, em especial o de arquitetura, é necessário que se
conheça bem o lote e que sejam feitas diversas verificações dimensionais no local;
 Pode-se entender por levantamento topográfico o processo de mapeamento das dimensões
do terreno, tanto em planta (planimetria) quanto as alturas (altimetria). O profissional que
realiza este trabalho é o topógrafo, acompanhado de ao menos 1 ajudante, utilizando um
aparelho chamado teodolito, dentre outros utensílios (mira, trena, nível geométrico, etc). O
produto do trabalho do topógrafo normalmente é um desenho em autocad com os limites do
terreno, suas medidas e seus ângulos internos, podendo haver curvas de nível, onde cada
curva representa graficamente os pontos de mesma altura.
 Hoje existe um instrumento que facilita muito o trabalho do topógrafo: trata-se da Estação
Total. Basicamente é um “teodolito” sofisticado, que faz as leituras a laser e armazena os
dados dos pontos. Estes dados, ao serem descarregados em software específico, permitem
sejam traçados automaticamente os desenhos em formato DWG, evitando erros de cálculo
do topógrafo e agilizando bastante os trabalhos.
 BORGES (2009) subdivide as verificações necessárias, em:
o Confirmação das medidas planimétricas do lote (ver Prática de Pequenas
Construções, V1, p. 5-7);

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o Medição altimétrica aproximada (ver Prática de Pequenas Construções, V1, p. 7-10).
Nesta medição, pode-se tomar o nível do ½ fio como o nível de referência (N.R.
0,00);

o Orientação do terreno com respeito à linha N-S magnética (valendo-se


preferencialmente de bússola);
o Situação do lote em relação à quadra em que se encontra, onde podem ser obtidos:
 As distâncias das extremidades do lote até as laterais da quadra onde se
encontra;
 A largura da rua com e sem passeios (calçadas);
 Os nomes das ruas que circundam a quadra;
 O número de casas vizinhas ao lote;
 Existência ou não de posteamento para luz e força (incluindo o número do
poste mais próximo);
 Existência ou não de rede de água;
 Existência ou não de rede de esgoto;
 Existência ou não de rede de águas pluviais (água de chuva) separada da rede
de esgoto;
 Existência ou não de rede de gás;
 Existência ou não de cabos telefônicos;
 Profundidades de poços vizinhos (caso não haja rede de água);
 Natureza do leito da rua (terra, asfalto, paralelepípedo, etc);
 Proximidade de cursos d’água e canais.

REFERÊNCIAS
 BORGES, Alberto de Campos. Prática das Pequenas Construções. V1. Editora Blucher,
2009.
 DANZIGER, Fernando Artur Brasil. Apostila do Curso de Fundações. 2001
 HALPIN, Daniel W.; WOODHEAD, Ronald W. Administração da construção civil. Rio de
Janeiro: LTC, 2004.
 HIRSCHFELD, Henrique. Construção civil fundamental: modernas tecnologias. 2ª Ed..
São Paulo: Atlas 2005.
 VELLOSO, Dirceu de Alencar, LOPES, Francisco de Rezende. Fundações. V1. Setor de
Reprografia da COPPE/UFRJ, 1997.

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