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Frase, oração e período em três gramáticas

a) Hildebrando A. de André

Frase é a unidade do discurso suficiente por si mesma para estabelecer comunicação. Por
discurso, entendemos a língua apreciada na fala ou na escrita. A frase pode ser formada por uma
simples palavra, uma expressão, uma oração ou um período. Pode a frase ter, ou não, verbo. O que
importa é que manifeste um propósito definido de comunicação. A palavra “marchar”, no dicionário
(como as demais que ali se encontram), não é frase; dita, porém, pelo comandante aos seu
subordinados, transforma-se em frase, pois passou a constituirse em unidade de comunicação na fala.
Exemplos de frases sem verbo:
BOM DIA; BOA SORTE; ATÉ LOGO : são expressões que transmitem saudação, desejo, despedida.
SOCORRO!: é apenas uma palavra, mas exprime claramente um pedido de auxílio urgente.
CURVA PERIGOSA; RETORNO; DEVAGAR; DESVÍO À ESQUERDA: são avisos que figuram ao longo
das estradas para orientar os motoristas.

Oração é a frase formada em torno de um verbo. Exemplo: Amélia estudava ao piano os


exercícios de Hertz (Alencar).

Período é o enunciado que se consitui de duas ou mais orações. Exemplo: Rubião fitou um pé
que se mexia disfarçadamente. Há duas orações: Rubião fitou um pé e que se mexia disfarçadamente.
É hábito dar o nome de “período simples” quando formado por uma só oração; a oração é
denominada “oração absoluta”. Ao período propiamente dito, com duas ou mais orações, chamamos de
“período composto”.

Fonte: André, H. A. de (1988) Gramática ilustrada. São Paulo, Moderna.


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b) Celso Cunha e Lindley Cintra

A frase e sua constituição


Frase é um enunciado de sentido completo, a unidade mínima de comunicação. A parte da
gramática que descreve as regras segundo as quais as palavras se combinam para formar frases
denomina-se sintaxe.
A frase pode ser constituída:
1) De uma só palavra.
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2) De várias palavras, entre as quais se inclui ou não um verbo.


Exemplos:
Fogo! Atenção! Silêncio!
Alguns anos vivi em Itabira. (C. Drummond de Andrade)
Que inocência! Que aurora! Que alegria! (Teixeira de Pascoaes)
A frase é sempre acompanhada de uma melodia, de uma entoação. Nas frases organizadas com
verbo, a entoação caracteriza o fim do enunciado, geralmente seguido de forte pausa. Se a frase não
possui verbo, a melodia é a única marca por que podemos reconhecê-la; sem ela, estas frases seriam
simples vocábulos, unidades léxicas sem função, sem valor gramatical.
Frase e oração
A frase pode conter uma ou mais orações. Contém apenas uma oração, quando apresenta uma
só forma verbal, clara ou oculta, ou dois ou mais formas verbais, integrantes de uma locução verbal.
Exemplos:
O dia decorreu sem sobressalto. (J. Paço d´Arcos)
Na cabeça, aquela bonita coroa (J. Montello)
—Podem vir os dois... (V. Nemésio)
Tudo de repente entrou a viver uma vida secreta de luz. (Autran Dourado)
A frase contém mais de uma oração, quando há nela mais de um verbo (seja na forma simples,
seja na locução verbal), claro ou oculto. Exemplos:
Fechei os olhos, / meu coração doía. (Laundino Vieira)
Busco, / volto, / abandono, / e chamo de novo. (A. Bessa Luís)
O Negrinho começou a chorar, / enquanto os cavalos iam pastando. (Simões Lopes Neto)
Os anos são degraus; / a vida, a escada. (Fernanda de Castro)
Oração e período
O período é a frase organizada em oração ou orações. Pode ser simples, quando constituído de
uma só oração, ou composto, quando formado de duas ou mais orações. Exemplos:
Cai o crepúsculo. (Da Costa e Silva)
Nunca mais recobrou por inteiro a saúde. (A. Bessa Luís)
Não bulia uma folha, / não cintilava um luzeiro. (A. Ribeiro)
O senhor tirou fora o cigarro, / bateu-o na tampa da cigarreira, / levou-o ao canto dos lábios, /
premiu a mola do isqueiro. (J. Montello)
O período termina sempre por uma pausa bem definida, que se marca na escrita com ponto,
ponto de exclamação, ponto de interrogação, reticências e, algumas vezes, com dois pontos.
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Fonte: Cunha, C. F. da e L. F. L. Cintra (1985) Nova gramática do português contemporâneo. Rio


de Janeiro, Nova Fronteira.
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c) Mário A. Perini
A frase e a oração
Frase, oração e período
O termo frase é utilizado de maneira geral para designar uma unidade do discurso bastante
difícil de definir. A conceituação oferecida por Mattoso Camara é provavelmente a melhor, embora não
chegue a ser uma definição plenamente satisfatória:
Unidade de comunicação lingüística, caracterizada [...] do ponto de vista
comunicativo —por ter um propósito definido e ser suficiente para defini-lo—, e do ponto
de vista fonético —por uma entoação [...] que lhe assinala nitidamente o começo e o fim.
[Camara, 1977, p. 122]

Poderíamos acrescentar que, na escrita, a frase é delimitada por uma maiúscula no início e por
certos sinais de pontuação (. ! ? ...) no final.
Esta definição apresenta problemas, que não serão discutidos aqui. Baste-nos reconhecer que
geralmente é possível identificar frases, embora as bases para essa identificação permaneçam em parte
obscuras. Assim, são frases os enunciados seguintes:
(1) Meu livro tem mais de mil páginas.
(2) Quantas páginas tem teu livro?
(3) Vá à padaria e traga oito pãezinhos.
(4) Você poderia me trazer um pãozinho?
(5) Que calor!
(6) Quantas páginas?
(7) Mas que livro enorme!
Oração é uma frase que apresenta determinado tipo de estrutura interna, incluindo sempre um
predicado e freqüentemente um sujeito, assim como vários outros termos. As frases de (1) a (4) são
orações (às vezes compostas, por sua vez, de mais de uma oração); as frases (5) a (7) não são orações,
por carecerem de predicado.
As frases não-oracionais nem por isso deixam de ter estrutura analisável; em geral, verifica-se
que se compõem de elementos que também ocorrem dentro de orações —ou seja, são como que
fragmentos de orações. As frases nã-oracionais estão muito pouco estudadas. Isso não significa, claro,
que não sejam interessantes; em particular, a hipótese de que uma frase não-oracional é sempre
composta de um fragmento de oração merece ser investigada.
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Tradicionalmente emprega-se também a designação período para as orações que constituem


uma frase. Assim, em
(3) Vá à padaria e traga oito pãezinhos.
há duas orações, a saber: (a) vá à padaria; (b) traga oito pãezinhos. Além disso, há ainda uma
terceira oração, que compreende as duas mencionadas, mais a palavra e, ou seja, essa terceira oração é
a íntegra de (3). Como se vê, a terceira oração é coextensiva com a própria frase e seria, portanto, um
período. Não vejo inconveniente nessa nomenclatura, desde que fique claro que um período é sempre
uma oração. Naturalmente, nem toda oração é um período, já que muitas orações não são coextensivas
com a frase de que fazem parte; por exemplo, vá à padaria em (3) é uma oração, mas não um período.
A sintaxe é a parte da gramática que estuda as orações e suas partes —ou seja, a estrutura
interna da oração.

Fonte: Perini, M. A. (2004) Gramática descritiva do português. São Paulo, Ática.


Anexo 1
Termos da oração

Termos essenciais da oração


1. Sujeito
Sujeito simples
Sujeito composto
Sujeito determinado indeterminado
Orações sem sujeito
2. Predicado
Predicado verbal
Predicado nominal
Predicado verbo-nominal
Predicativo do sujeito
Predicativo do objeto

Termos integrantes da oração


1. Complementos verbais
Objeto direto
Objeto indireto
2. Complemento nominal
3. Agente da passiva

Termos acessórios da oração


1. Adjunto adnominal
2. Adjunto adverbial
3. Aposto
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Vocativo

Fonte: André, H. A. de (1988) Gramática ilustrada. São Paulo, Moderna.

Anexo 2
1) Explique por que os conceitos de frase, oração e período são relativos.
2) No texto que segue, sublinhe e transcreva exemplos de frases, de orações e de períodos.
Justifique a escolha com referências aos autores estudados em relação com estes tópicos.
3) Mude o subtítulo do texto. O novo subtítulo também precisa dar conta do conteúdo do
artigo, mas deve fazê-lo por meio de uma frase sem verbo.

Cara ou coroa?

Exposição apresenta moedas imperiais e conta a história do país por medalhas e condecorações

Já imaginou pagar suas contas em sal e seus empréstimos bancários em conchinhas de praia?
Infelizmente essa não é uma novidade para reduzir o número de inadimplentes. Pelo contrário, as trocas
comerciais realizadas com este tipo de produto, aconteciam nas civilizações antigas quando ainda não
se pensava em trocas monetárias. E para organizar a comercialização de produtos e substituir a simples
troca de mercadorias, surgiu a moeda.
O Itaú Numismática - Museu Herculano Pires, no nono andar do Itaú Cultural, tem exemplares destas e
de outras raridades. Entre elas está a primeira moeda do Brasil independente. Nela, Dom Pedro aparece
de peito nu e com uma coroa de louros na cabeça, imagem que remete aos ditadores romanos. Esse
erro causou a fúria do imperador, que mandou substitui-la. Este é um dos casos dos mais de 6.558
exemplares luso-brasileiros, entre medalhas, moedas e condecorações, que revivem a história do Brasil,
desde o período do descobrimento até os dias de hoje.
O ambiente, dividido em 32 módulos dispostos cronologicamente, apresenta uma porta que lembra a
de um cofre forte que leva o visitante a interagir com a exposição. A visita se inicia com um vídeo
explicativo que ajuda o participante a se situar na História do Brasil. Além disso, ele apresenta pontos
relevantes da numismática.
Revista ParadoXo [15/05/2006]

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