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1. Trabalho apresentado à Faculdade de Rolim de Moura – FAROL, como requisito final de avaliação para
conclusão do curso de Direito, dezembro 2018.
2. Acadêmica concluinte. E-mail: janetthtinha@hotmail.com .
3. Professor orientador Especialista em Direito Processual Civil.
Resumo
A partir do instituto da Remição de Pena pela leitura e seus aspectos conceituais e epistemológicos, buscou-se
analisar a aplicação e desenvolvimento do Projeto Kaspar na Comarca de Rolim de Moura de acordo com o que
preceitua a Lei nº 12.433 de 29 de junho de 2011, lei esta que alterou o panorama de remição de penas no Brasil.
Assim, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento dos estudos sobre a remição pela leitura, foi
verificado na pesquisa o desenvolvimento do Projeto Kaspar, projeto esse de iniciativa e execução pela Vara
Criminal de Rolim de Moura, percorrendo o processo histórico da Remição de Pena por meio do incentivo à
leitura, sua conceituação na doutrina e perante a Lei de Execução Penal, descrevendo políticas públicas de
ressocialização e remição de penas implementadas no sistema penitenciário brasileiro e por meio do
levantamento de dados refletir sobre os atendimentos realizados pelo Projeto Kaspar. Com essa finalidade,
responderam os questionários professores, voluntários, técnicos do judiciário e agente da Penitenciária Regional
de Rolim de Moura, que atuam diretamente na elaboração e realização do Projeto Kaspar. Após análises feitas,
os resultados adquiridos foram analisados sistematicamente acerca das questões levantadas, de modo a compor
as conclusões sobre o tema, do qual a leitura representa uma nova forma de caminhar, mudando a realidade
carcerária para muitos dos reeducandos, além da necessidade de um trabalho mais efetivo, com profissionais
qualificados que possam fazer a diferença nas ações e programas de leitura.
1 INTRODUÇÃO
O estudo teve como ponto de partida o instituto da Remição de Pena pela leitura, nessa
perspectiva, buscou-se analisar a aplicação e desenvolvimento do ‘Projeto Kaspar' na
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Comarca de Rolim de Moura, de acordo com o que preconiza a Lei nº 12.433 de 29 de junho
de 2011, lei esta que alterou o panorama de remição de penas no Brasil, e o poder de punir do
Estado. O ordenamento jurídico brasileiro, desde a aprovação do Código Penal, passou a
legislar uma solução penal menos cruel e mais respeitadora dos direitos e garantias
fundamentais, a qual assegura a efetiva ressocialização dos reeducandos.
Deste modo, a pena começou, ao menos no papel, a ter um caráter totalmente
ressocializador e corretivo, com a finalidade de reabilitar o reeducando para o retorno em
meio à sociedade, de modo saudável e responsável. O que vem sendo observado no atual
ordenamento jurídico brasileiro, por meio da concessão de prerrogativas, tais como a
possibilidade de remir a pena por meio do trabalho, da educação prisional, da remição pela
leitura, dentre outros, para que o reeducando readquira a confiança do Estado e da sociedade,
demonstrando que está apto ao convívio em social novamente.
O tema é relevante na medida em que contempla a estreita relação remição/leitura, e
contribui para a compreensão de que a leitura pode reajustar a conduta dos reeducandos,
promovendo uma adequada reinserção à vida em sociedade, a pesquisa ajuda a refletir sobre
as diferentes opiniões de autores a respeito da importância e dos objetivos do sistema de
educação prisional e do instituto da Remição de Pena pela leitura.
Hodiernamente o sistema educacional prisional brasileiro, apesar de ser alvo de
constantes críticas e inúmeros problemas, passa por mudanças importantes. Desde a edição da
Lei de Execução Penal (LEP), Lei 7.210/1984, que possibilitou a remição de parte do tempo
do cumprimento da pena pelo trabalho, até suas alterações editadas pela Lei 12.433/2011 que
alterou os artigos 126, 127, 128 e 129, no que concerne à Remição da Pena em razão dos
estudos, o que até então era cuidado somente pela jurisprudência.
Nesse sentido, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de estudos sobre a
remição pela leitura, foi verificado na pesquisa o desenvolvimento do Projeto Kaspar,
percorrendo o processo histórico do instituto da Remição de Pena por meio do incentivo à
leitura, sua conceituação na doutrina e perante a Lei de Execução Penal, descrevendo políticas
públicas de ressocialização e remição de penas implementadas no sistema penitenciário
brasileiro, por meio do levantamento de dados refletir sobre os atendimentos realizados pelo
Projeto Kaspar na Comarca de Rolim de Moura.
Apesar de não ser novidade, o cenário atual da educação prisional brasileira é
extremamente complexo e demanda de profunda análise e estudo. O estudo da temática
desponta com grande interesse aos acadêmicos, profissionais do Direito e da educação, que
procuram compreender o tema frente às questões legais e práticas do cotidiano prisional.
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2 METODOLOGIA
exemplos que “estimulem a compreensão” Gil, (apud SELLTIZ, 1967, p.63). Já a segunda,
tem por “objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo,
procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental etc” (Gil, 2006, p. 42).
A pesquisa bibliográfica, de acordo com Gil (2006, p.44), “é desenvolvida com base
em material já elaborado, constituído principalmente de livros, artigos científicos”.
Utilizaremos textos e pesquisas com ênfase ao instituto da Remição da Pena pela leitura, com
objetivo de esclarecer os questionamentos levantados buscando sistematizar a pesquisa.
Para a exposição dos critérios de interpretação dos benefícios do Projeto Kaspar, na
execução de penas privativas de liberdade, serão utilizados como embasamento da pesquisa
de maneira a propor os resultados, que foram analisados sistematicamente acerca das questões
levantadas, sua intencionalidade, de forma a compor as conclusões sobre o tema, é importante
ressaltar que foram respeitados os aspectos éticos de pesquisa.
3 EXECUÇÃO DE PENA
O conceito de pena tem sua origem desde os primórdios das civilizações, sendo talvez
tão antigo quanto o próprio surgimento da humanidade, vista apenas como retribuição ao mal
cometido, a pena dotava-se de um caráter meramente retributivo. É sabido que o homem se
realiza inteiramente quando em contato com seus semelhantes e nem sempre esta convivência
é harmônica e pacífica, gerando situações conflitantes.
Todavia, não havia qualquer espécie de administração pertinente à Justiça. Fadel
(2009) explica que:
Caso alguém ofendesse um seu semelhante, nem sempre o revide guardava razão de
intensidade à agressão sofrida. Em muitas ocasiões sequer era dirigido ao agressor,
mas sim, a membros de sua família ou tribo, gerando, não raro, resposta mais hostil
(FADEL, 2009, p. 02).
A ideia de pena estava ligada a sanções e não era individualizada, podendo ser contra
o ofensor ou um de seus parentes, como destaca Mirabete (2000):
Nas antigas civilizações, dada a ideia de castigo que então predominava, a sanção
mais frequentemente aplicada era a morte, e a repressão alcançava não só o
patrimônio, como também os descendentes do infrator. [...] Por vários séculos,
porém, a repressão penal continuou a ser exercida por meio da pena de morte,
executada pelas formas mais cruéis, e de outras sanções cruéis e infamantes
(MIRABETE, 2000, p. 243).
Como não havia o menor senso de justiça e a reação era puramente instintiva, a pena
era vista como uma tentativa de fazer o indivíduo transgressor pagar pelo mal praticado,
fazendo-o entender que o ato cometido deveria ser reparado.
Os primeiros regramentos quanto ao ato de penalizar surge com a Lei do Talião, criada
pelo rei Hamurabi, considerada como um dos primeiros ordenamentos a estabelecer
proporcionalidades da pena, sendo pregada a máxima “olho por olho, dente por dente”, já que
ela resguardava ao cidadão o direito de punir o próximo com as suas próprias mãos, no
mesmo percentual que lhe foi feito (MIRABETE, 2000, p. 38).
Para Calmon (2014), somente após a metade do século, depois de manifestações como
o Iluminismo e o Renascimento, com seus pensadores, Beccaria, Montesquieu, Rousseau,
Voltaire, Maquiavel, dentre outros, a Europa teve a necessidade de “dosar” a aplicação de
penas e construir prisões que corrigissem os pequenos infratores.
Com o desenvolvimento e a organização da vida em sociedade, a tutela penal deixa de
ter conteúdo de vingança privada, passando a reprimenda imposta ao transgressor da lei a ser
concentrada nas mãos dos soberanos, a vingança pública (FADEL, 2012). Contudo, as penas
eram cruéis, atrocidades eram cometidas em nome da justiça estatal, onde a pena de morte era
utilizada de maneira desmedida. Foram longos séculos de tortura e crueldade oficializadas
pelo Estado, porém, mais com o intuito de atemorizar a população e proteger o Estado e seus
dirigentes, do que efetivamente manter a paz social.
Este cenário não foi diferente no Brasil, já que as influências vinham de Portugal,
caracterizadas pela imposição dos padrões culturais dos portugueses brancos aos indígenas e
aos afrodescendentes, que não eram vistos como sujeitos de direitos, sendo considerados
meros objetos e em nome do Direito Penal, soberanos como instrumentos de coerção e
dominação, privilegiavam os nobres e reprimiam os menos favorecidos, bem como todos que
ousassem se rebelar contra a Coroa.
Todavia, apesar das tentativas de se utilizar de penas cruéis para inibir os crimes
Calmon (2014), diz que o modo de penalização das ordenações foi arduamente criticado pelo
legislador e com a promulgação da Constituição de 1824, observou-se a necessidade da
elaboração de um código mais justo e igualitário, o qual extinguiria os açoites, as marcações
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com ferro quente, o confisco de bens e que definisse que as penas aplicadas não passariam
para a família do condenado (CALMON, 2014, p. 5).
Nesse entendimento o autor Greco faz a seguinte menção:
cumprida, já que este não é o único fim dela, conforme legisla o artigo 59, do Código Penal
que diz que a pena será instituída se necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do
crime.
Observemos o pensamento de Beccaria em seu livro Dos Delitos e das Penas:
É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve
procurar antes impedir o mal do que repará-lo, pois uma boa legislação não é senão
a arte de proporcionar aos homens o maior bem-estar possível e preservá-los de
todos os sofrimentos que se lhes possam causar, segundo o cálculo dos bens e dos
males da vida (BECCARIA, 2004, p. 125).
A partir deste entendimento, Beccaria justifica que a pena seria um modo de prevenir
novos delitos praticados por outros indivíduos, o que evitaria ao máximo sofrer determinadas
sanções.
Cunha (2016) também leciona:
Nosso Código Penal, por intermédio do artigo 59, diz que as penas devem ser
necessárias e suficientes à reprovação e prevenção do crime. Assim, de acordo com
a nossa legislação penal, entendemos que a pena deve reprovar o mal produzido pela
conduta praticada pelo agente, bem como prevenir futuras infrações penais
(CUNHA, 2016, p. 373).
Constitui, ainda:
Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não
tiveram acesso na idade própria (BRASIL, 1988).
[...] não foi primeiro uma privação de liberdade a que se teria dado em seguida
uma função técnica de correção; ela foi desde o início uma “detenção legal”
encarregada de um suplemento corretivo, ou ainda uma empresa de modificação
dos indivíduos que a privação de liberdade permite fazer funcionar no sistema
legal (FOUCAULT, 2014, p. 197).
Em síntese, a prisão desde o início do século XIX, tratou de se revestir do que o autor
chama de “transformação técnica dos indivíduos”, e tal transformação é o que faz com que a
prisão seja aceita pela sociedade.
No Brasil, a trajetória da educação nas prisões é marcada por lutas em defesa dos
direitos humanos básicos como à educação. Além da Constituição Federal, garantem o acesso
dos apenados aos estudos a Lei de Execução Penal, Lei n°7.210 (LEP), a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB -Lei nº 9394) e o Plano Nacional de Educação (PNE).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, apesar de não contemplar abertamente
nenhum dispositivo específico sobre a educação em espaços de privação de liberdade,
regulamenta um direito previsto na Constituição Brasileira, artigo 205, já citado
anteriormente, de que a educação deve ser ofertada a todos os indivíduos indistintamente.
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Ainda, conforme leciona Freitas (2013), essa lacuna viria a ser retificada pelo Plano
Nacional de Educação (PNE), Lei n° 10.172/2001, com a meta 17ª, que regulamenta a
implantação em todos os estabelecimentos prisionais, inclusive os que atendam jovens e
adolescentes, de programas de Educação de Jovens e Adultos em nível fundamental e médio,
formação profissional e a oferta de programas de Ensino à Distância (EAD).
Ainda de acordo com as Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e
adultos em situação de privação de liberdade, recomendam que esta deva estar associada a
ações complementares de ‘fomento à leitura’, deste modo é reconhecida a importância da
atividade da leitura como um dos mais eficazes meios de reintegração social do condenado.
Neste sentido, é pertinente a ideia defendida por Mello (2008), ao dizer da importância
do Estado em fomentar políticas públicas com vistas a viabilizar a concretização desse direito
fundamental, jurídico e social. Todavia, a atividade educacional proporcionada aos
reeducandos não pode ser vista como um simples privilégio, de forma opcional, mas como um
elemento basilar em todo conceito, capaz de oferece-lhes oportunidades para um melhor
aproveitamento do tempo em que permanece na prisão.
Nesta concepção, partimos do princípio que rege a Constituição Federal de 1988, em
seu artigo 205, “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, (BRASIL,
1988).
É importante chamar atenção para o texto constitucional de 1988, que garantiu direito
e deveres fundamentais a todos os cidadãos, sem excluir os que ingressam no sistema
penitenciário, responsabilizando o Estado para o oferecimento e fiscalização do cumprimento
de tais direitos constitucionais. Deste modo, não restando dúvida quanto à importância do
acesso à educação no texto constitucional ou obrigação do mesmo no dever de buscar garantir
a cidadania a todos, indistintamente, de maneira que se estende esse direito também aos
presidiários.
Neste aspecto, em 1984, antes mesmo da promulgação da Constituição Cidadã, foi de
extrema relevância a criação da Lei de Execução Penal n°7.210, com o desígnio de regularizar
a Execução Penal no Brasil, principalmente para o cumprimento das penas privativas de
liberdade, demonstrando quais são e quem poderia ser favorecido. Assim sendo, o sentenciado
que cumprisse a pena em regime fechado ou semiaberto poderia remir, por trabalho, parte do
tempo de execução da pena.
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Para Ribeiro (2013), apesar de não ser o ideal, o instituto da remição foi de grande
avanço para a execução penal brasileira, visto como um benefício ofertado aos reeducandos
para diminuição do tempo de cumprimento de pena e não deve ser confundido com remissão.
Remição não pode ser confundida com “remissão”. Remição é ato ou efeito de
remir, resgatar uma dívida ou liberação de ônus, de obrigação por ato favorável
praticado. Remissão deve ser entendida apenas enquanto perdão de um ato contrário
à norma estabelecida, é a desobrigação ou a incapacidade para punir (RIBEIRO,
2013, p. 332).
A luz dessas considerações, o autor afirma que no sentido empregado pelo artigo 126
da LEP, a remição pode ser definida como o resgate pelo trabalho do reeducando, de parte do
tempo de execução da pena, e a remição passa a ser vista como uma modalidade de incentivo
à educação e ressocialização dos indivíduos que estão no sistema prisional.
A origem do Instituto da Remição da Pena de acordo com a história ocorreu em maio
de 1937, pelo então governo Franquista, para ser aplicado aos derrotados da Guerra Civil
Espanhola, Rodrigues (2007) argumenta que:
apenas presos políticos e por crimes especiais poderiam ser beneficiados pelo referido
instituto.
Na legislação brasileira, a discussão sobre o tema surgiu com o Anteprojeto Revisor de
1983, formulado pelo Ministério da Justiça e convertido em seguida em Projeto de Lei,
chamado de Precursor da Lei de Execução Penal de 1984, que principiou a menção ao
instituto em seus artigos, trazendo novas propostas ao sistema prisional, entre elas a de
abreviar, pelo trabalho, parte do tempo da condenação.
Como pode ser observado, apesar da previsão da Remição da Pena pelo trabalho, não
havia no ordenamento jurídico brasileiro previsão expressa de Remição de Pena pelo estudo.
Contudo, a matéria passou a ser objeto de discussão no âmbito dos tribunais a partir de uma
série de trabalhos desenvolvidos por instituições governamentais e não governamentais, que
apresentavam recomendações a serem implantadas no Sistema Carcerário Brasileiro, dentre
elas a Remição de Pena por estudo e uma política de incentivo à leitura nas unidades
prisionais.
Na falta de norma regulamentadora, Marcão (2012), descreve que doutrina e
jurisprudência divergiam sobre a possibilidade de remição pelo estudo, ficando deste modo a
responsabilidade de cada julgador adotar seu próprio critério ao proferir uma sentença, não
demorando o surgimento de julgados pelo país reconhecendo o direito dos apenados, com
argumento de que a educação é a mais eficaz forma de integração do indivíduo à sociedade.
Todavia, a omissão quanto à possibilidade de remição pelo estudo e a divergência de
entendimentos com relação ao tema exigiu um posicionamento do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), que diante da falta de norma regulamentadora e de decisões reiteradas no
sentido de permitir tal modalidade de remição, editou a Súmula nº 341, a qual dispunha que
“a frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de
pena sob regime fechado ou semiaberto”.
Este posicionamento do STJ gerou novas discussões, desta vez não acordando os
Tribunais com relação às proporções das horas estudadas que confeririam ao presidiário o
direito à remição de um dia de pena, divergindo-se entre doze e dezoito horas de estudo para
um dia de pena remido (CAVALCANTI, 2016, p. 25).
Assim, contemplando o que já preconizava a jurisprudência, a Lei Federal nº
12.433/11, alterou a redação dos artigos 126, 127, 128 e 129 da Lei de Execução Penal, e a
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Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá
remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.
§ 1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de
ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de
requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
§ 2 o As atividades de estudo a que se refere o § 1 o deste artigo poderão ser
desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e
deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos
frequentados.
[...]
§ 5º O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço)
no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o
cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de
educação.
§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui
liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de
educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova,
observado o disposto no inciso I do § 1 o deste artigo. (BRASIL, 2011).
Assim, de acordo com o referido diploma, insta salientar que o reeducando que
cumprir a pena em regime fechado ou semiaberto pode remir 01 dia da pena a cada 12 horas
de atividade de estudo, dividida em 03 dias.
Ademais, a nova redação o artigo 126 da LEP, além de garantir o direito à remição
pelo estudo, determinou que as atividades de estudo referidas no §1º poderiam ser
desenvolvidas seja de forma presencial, seja por metodologia de Ensino a Distância (EAD),
com atividades que podem ir desde o ensino fundamental, médio, profissionalizante, superior,
até mesmo requalificação profissional, com a probabilidade de redução de pena às hipóteses
de prisão cautelar, numa eventual condenação, e aos libertos em regime aberto ou em
livramento condicional (CAVALCANTI, 2016, p. 27).
Após os avanços do instituto da Remição de Pena na modalidade estudo, as ações
referentes à remição por meio da leitura ganharam previsão legal, com a possibilidade para a
remição pela leitura de obras literária, clássica, científica e filosófica.
De acordo com a Portaria Conjunta nº 276/2012 do Conselho da Justiça Federal (CJF)
e da Diretoria Geral do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) e do Ministério da
Justiça, o instituto passou a abranger a leitura como modalidade de Remição de Pena,
conforme o artigo 1º instituir, no âmbito das Penitenciárias Federais, o Projeto ‘Remição pela
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Neste contexto, observa-se que, o instituto da Remição da Pena pela leitura é uma
prática que objetiva uma execução penal mais justa e humanizada, que contribui
significativamente para a redução do número de reeducandos no sistema prisional brasileiro,
promovendo sua readaptação ao convívio em sociedade.
Assim sendo, conforme descreve Foucault (2014, p. 265), no que ele chama de sete
máximas universais da boa “condição penitenciária”; a educação do detento é, por parte do
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Deste modo, percebe-se que a leitura tem sido reconhecida como uma metodologia
para alcançar a reinserção social de seus condenados, alcançando os objetivos da pena
privativa de liberdade, que são a humanização da execução da pena e a ressocialização dos
sentenciados. Contudo, não é admissível que esse regresso ao convívio social seja feito
mediante fraude, pois estaria frustrando todo o objetivo do processo ressocializador.
Segundo Percilia (2013, p. 05), para o apenado, o instituto da remição pela leitura
proporciona a redução de sua pena, mas ao mesmo tempo, permite-lhe assimilar cultura,
educação e conhecimento, que são transmitidos pelos conteúdos dos livros, podendo também
melhorá-lo como ser humano e como cidadão. “A leitura é algo crucial para a aprendizagem
do ser humano, pois é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter
conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação” (PERCILIA, 2013, p.01).
Ainda segundo entendimento da doutrinadora “ao ler, entender, interpretar um livro, o
preso amplia horizontes, podendo ir além das paredes das celas e se transportar para um
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mundo imaginário”, deste modo ao ocupar seu tempo com a leitura, além do acúmulo de
conhecimentos, gera menos confusão e intrigas com os demais apenados.
Segundo Cardoso (apud BEAL, 2016), o ex-detento que se beneficiou da remição pela
leitura, quando estiver de volta à sociedade em que vivia, terá mais facilidade para adaptação
e tomada de decisão, visto que a leitura proporcionou o conhecimento de mundo, assim,
saberá combater as dificuldades que aparecerem.
Neste sentido, é importante destacar que, além de remir a pena pela leitura, quatro dias
da pena do detento para cada trinta dias de leitura, colabora para a reinserção social,
preparando-o para lidar com situações que antes não sabia com agir.
Nas palavras de Santos (1995, p. 07), os efeitos que a educação acarreta na vida dos
apenados vão muito além do simples aprendizado de ler e escrever. Ela proporciona dignidade
e possibilidade de pleno exercício da cidadania, é uma forma de ressocialização que
possibilita benefícios tanto para o indivíduo preso quanto para a sociedade.
história do personagem que após viver anos em total isolamento é encontrado e adotado por
um professor, que o alfabetiza e por meio da leitura, inicia sua busca para compreender e se
inserir em seu novo meio de vida, e aos poucos restabelecer a comunicação com as pessoas
que o cercam assim readaptando-se à sociedade, (SOUSA, 2016).
O projeto reforça que assim, como foi na vida de "Kaspar Hauser", a leitura representa
uma grande ferramenta para a compreensão e adaptação ao meio social, e que através da
leitura e aquisição de conhecimento é possível ao homem não apenas adquirir sabedoria e
compreender o meio em que vive, mas também conquistar sua realização pessoal, familiar e
profissional, (SOUSA, 2016).
Deste modo, após a realização de inspeções dentro dessas unidades, restou constatado
pelo juízo a carência de atividades destinadas aos regimes mais brandos e constatado também
o desvirtuamento da execução das medidas de limitação de final de semana, pois estes presos,
ao invés de permanecerem, como determina a LEP, por 05 horas no sábado e 05 horas no
domingo dentro da Casa Albergue, estavam apenas pernoitando de sábado para domingo.
Por ocasião da realização do mutirão carcerário de presos do regime fechado no ano de
2015, alguns reeducandos narraram sentir-se prejudicados aos progredirem para o regime
semiaberto, chegando a manifestar o desejo de que, embora progredissem ao regime menos
gravoso, não fossem transferidos à Unidade Prisional do Semiaberto, uma vez que a referida
unidade nada oferecia, sendo que até mesmo a remição era precária por falta de oferta de
trabalho.
Diante desta realidade, atendendo a Recomendação n. 44 do CNJ, a juíza da Comarca
passou a trabalhar para tornar possível um processo mais adequado de ressocialização,
surgindo o Projeto Kaspar com o objetivo de criar bibliotecas, incentivar e implantar
ambientes para estudo em todas as Unidades Prisionais da Comarca, ofertar palestras,
especialmente aos reeducandos que cumprem a limitação de final de semana, proporcionando
condições para refletir sobre a sua pessoa e condutas, a fim de posicionar-se quanto a
necessidade de inserir-se na sociedade de acordo com as regras de moral e comportamento
nela estabelecidas, despertando o desejo sincero de não mais retornar ao sistema carcerário
(SOUSA, 2016).
Deste modo, Sousa (2016), destaca que o projeto tendeu a humanizar as condições de
cumprimento de pena, inserindo os reeducandos à sociedade, tornando o presídio e a casa dos
albergados ambientes mais humanos, entendimento defendido por Silva (2012), Mirabete
(2007), entre outros.
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e) procurar estabelecer, como critério objetivo, que o preso terá o prazo de 21 (vinte
e um) a 30 (trinta) dias para a leitura da obra, apresentando ao final do período
resenha a respeito do assunto, possibilitando, segundo critério legal de avaliação, a
remição de 4 (quatro) dias de sua pena e ao final de até 12 (doze) obras efetivamente
lidas e avaliadas, a possibilidade de remir 48 (quarenta e oito) dias, no prazo de 12
(doze) meses, de acordo com a capacidade gerencial da unidade prisional (BRASIL
2013).
Sendo instituído que ao final da leitura do livro escolhido, o reeducando tem o prazo
de 22 a 30 dias para a leitura da obra, apresentando ao final do período uma resenha a respeito
do assunto, que deverá ser avaliada pelo professor (a) disponibilizado pela Secretaria Estadual
de Educação (SEDUC), que analisa se de fato o livro foi lido e se a resenha está redigida
corretamente, o limite é de 12 obras por ano.
Para fins de remição na Penitenciária Regional são levados em consideração a
quantidade de páginas que o livro possui, por exemplo, um livro de até 150 páginas
equivalem a 02 dias remidos e livros com mais de 150 páginas o reeducando terá 04 dias da
sua pena remidos.
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Para o desenvolvimento deste tópico, utilizou-se das informações obtidas por meio dos
questionários aplicados acerca da vida pessoal e profissional dos profissionais que trabalham
e/ou colaboram diretamente com o desenvolvimento do projeto, suas trajetórias acadêmicas e
uma breve avaliação do projeto.
Assim, com os resultados pode ser traçado um perfil daqueles que acompanham de
perto sua execução, além de obter dados dos reeducandos e sua participação, bem como
algumas particularidades do projeto. Ao todo 05 voluntários responderam os questionários,
sendo 02 do sexo masculino e 03 do sexo feminino, entre eles professores, voluntários,
técnicos do judiciário e agente da Penitenciária Regional de Rolim de Moura.
Com relação à faixa etária, a maioria dos participantes da pesquisa, 60%, se encontra
na faixa etária entre 41 a 50 anos de idade; 20% deles se situam entre 31 a 40 e na mesma
proporção os que estão entre 21 a 30 anos de idade. No gráfico 01 é possível visualizar a
concentração de faixa de idade.
fraude, pois estaria sabotando todo o objetivo do processo ressocializador. Deste modo, uma
formação profissional e acadêmica adequada proporciona melhores alternativas de inserção
social prevenindo a reincidência.
Com a realização da pesquisa foi possível obter informações não apenas dos
profissionais, mas também da aplicabilidade do Projeto Kaspar e de seus maiores desafios,
que era a ‘inserção social dos reeducandos’ e o ‘desinteresse dos colaboradores’, “poucos
profissionais/voluntários com interesse em prestar serviço social quando se trata de detentos
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como o público alvo” (E.5).Todavia, à medida que Projeto Kaspar foi crescendo, houve a
necessidade de seus voluntários crescerem juntos.
Deste modo, saber o percentual de apenados que aderiram ao projeto revelou o índice
de aceitação deste no meio carcerário, sendo que foi possível saber que houve uma média de
50% a 60% de adesão ao projeto, enquanto os índices de evasão variaram entre 10% e 20%.
Com o intuito de verificar os gêneros textuais mais escolhidos pelos reeducandos, foi
questionado aos entrevistados o que eles mais se interessavam, e em uma ordem decrescente e
quase que unânime, apresentaram os mais lidos, sendo eles os livros de autoajuda, romance,
religião e espiritualidade, biografia, científico/informativo; dois questionados não souberam
responder, devido ao pouco tempo em que atuaram com os participantes do projeto.
No que diz respeito às obras mais lidas/preferidas pelos reeducandos citadas no
questionário estão Trilogias, os livros de Augusto Cury, Saga Crepúsculo, A Cabana, Olga,
Meu pé de laranja lima, Ninguém é de ninguém.“Além da leitura são oferecidas oficinas e
dinâmicas em grupos, palestras motivacionais que abordam temas sociais, até mesmo de
citações dos diversos livros disponíveis na biblioteca”(E.1).
De acordo com a pesquisa, não existem critérios na seleção dos profissionais
envolvidos na execução do projeto, em sua grande maioria são voluntários, ou mesmo do
quadro efetivo colocado à disposição do projeto, como mencionado anteriormente ser um dos
maiores desafios encontrados para a continuidade do projeto, que conta ainda com a
participação da sociedade, “os livros foram doação, os palestrantes são profissionais
voluntários nas diversas áreas profissionais, inclusive egressos da faculdade”(E.5).
No intuito de divulgar as ações realizadas, além da distribuição da Carta Convite
afixada no Fórum, instituições privadas, órgãos públicos e propagada pelos veículos de
comunicação, foi criada uma página no facebook para que a sociedade pudesse conhecer o
projeto e fosse estimulada a participar, inclusive doando livros para as bibliotecas.
Deste modo, o projeto conseguiu atingir e superar uma das fases inicialmente prevista,
que era a arrecadação dos livros de diversos gêneros, tipologias e temáticas. “A arrecadação
dos livros superou as expectativas, tanto que foi possível estender o projeto até a
Penitenciária Regional (fechado)”(E.5).
Assim, no ano 2017, a partir do mês de abril, iniciaram-se as atividades do projeto de
remição pela leitura na Penitenciária Regional de Rolim de Moura, com um total de 158
reeducandos inscritos, equivalendo a 22 do sexo feminino e 136 do sexo masculino, juntos
produziram um total de 525 resenhas, destas 75 foram produzidas na ala feminina e 450 na ala
masculina.
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Devido aos bons índices de adesão, em 2018 foi dado continuidade ao projeto na
penitenciária, desta vez contando com 21 participantes do sexo feminino e 150 do sexo
masculino, totalizando 171 reeducandos, com um total de 481 resenhas produzidas. Percebe-
se que houve um aumento de 10,3% na ala masculina e uma baixa na ala feminina de 4,5%.
Embora os dados mostrem um percentual maior de resenhas produzidas no ano de 2017, há
que se levar em consideração que o período em análise do mesmo contou de maio a dezembro
em um total de 8 meses, enquanto que em 2018 foram analisados 4 meses, de fevereiro a
maio.
Para responder aos objetivos do estudo ora apresentado, foram colhidas respostas do
questionário aplicado, objetivando saber dos benefícios do Projeto Kaspar para o Sistema
Prisional do município de Rolim de Moura, que além da reinserção do preso na sociedade, de
sua capacitação profissional e expectativa de redução dos níveis de reincidência, traz consigo
características próprias, assim, “reeducar socialmente e preparar os detentos para que eles
possam assumir uma nova postura na sociedade e consigo mesmo”(E.5), este pensamento
vem de encontro ao de Greco (2011), citado anteriormente, ao disciplinar que se é dever do
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Estado a aplicação da pena, é seu dever também cuidar para que ela não atinja de forma brutal
a dignidade da pessoa humana.
Nesta perspectiva ao ser analisado se o envolvimento com o projeto gera a expectativa
de mudanças no caráter dos reeducandos, foi possível ser averiguado que “os trabalhos
desenvolvidos visam mostrar aos reeducandos os valores da família e a se sensibilizarem
para uma autorreflexão, com a possibilidade de resgatar as relações familiares que foram
abaladas com a violência, com o vício, enfim, com o que fizeram chegar ali”(E.5). Assim,
diante da realidade que vivem, as novas ideias que adquirem a partir da leitura dão
possibilidade de imaginarem ou construírem um novo mundo para si.
A legislação e os autores como Mirabete, defendem o tratamento ressocializador como
finalidade da pena privativa de liberdade, mas a inclusão social do preso só é possível com um
tratamento gerido pelo respeito e pela valorização do reeducando como pessoa humana,
tratamento este que vem sendo propiciado aos encarcerados, de acordo com os resultados dos
questionários.
Assim como, para posterior análise se o projeto conseguirá mensurar os benefícios da
leitura para os reeducandos, o entendimento é de que esta representa uma importante
ferramenta de formação social dos indivíduos em especial do encarcerado, pois “muitos
detentos nunca tiveram a oportunidade/tempo para dedicar-se a esse hábito”(E.5). Deste
modo, o Estado deve garantir dentro dos estabelecimentos penais, programas que incentivem
a participação dos detentos em atividades de cunho educacional, como é o caso do projeto em
comento, e como afirma Mirabete (2007), assistência educacional deve ser uma das
prestações básicas mais importantes não só para o homem livre, mas também àquele que está
preso.
Com o entendimento da falta de oportunidades é que o projeto se mostra relevante, ao
identificar os diferentes benefícios que as leituras trouxeram para a vida dos reeducandos,
“além da mudança interior, ou seja, o reeducando volta a se enxergar como pessoa, a ver sua
importância na sociedade e na família, a leitura como remição da pena reduz
significativamente a reincidência criminal”(E.5). Assim, percebe-se na fala as hipóteses
levantadas de que através da educação, de projetos como “Kaspar” presente na Comarca de
Rolim de Moura, de incentivo à leitura, é possível oferecer condições para a reinserção destes
indivíduos ao convívio social, para que possam ser reintegrados à sociedade de maneira
efetiva.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do estudo realizado por meio das fontes bibliográficas, das leis e da doutrina
consultada, foi confirmada a hipótese de que com o incentivo à educação e à leitura é possível
oferecer condições para a inserção dos reeducandos ao convívio social, de modo que possam
ser reintegrados à sociedade de maneira efetiva, por mais dificultoso que seja instituir projetos
deste porte é um instituto benéfico, pois permite a aplicabilidade da garantia constitucional do
direito à educação, haja vista que esse ordenamento tem tido experiências e resultados
exitosos na realidade prisional do Brasil.
Com a análise dos dados, fica evidente a importância dos espaços de leitura dentro de
unidades prisionais e suas consequências positivas e a necessidade de um trabalho mais
efetivo, com profissionais qualificados que possam fazer a diferença nas ações e programas de
leitura.
O tema em pauta é relevante, apesar de ainda haver a necessidade de aprofundar os
estudos, um olhar mais individualizado e detalhado sobre o processo de leitura, visto que
ainda há muito que ser melhorado no sistema prisional quanto à oferta de meios
ressocializadores mediante a educação para apenados, de maneira que esta serve como
instrumento de preparação para a reintegração social propiciada ao egresso, que permitirá não
somente a Remição de Pena, mas proporcionará benefícios ao intelecto, à cultura e à
profissionalização do preso, com reflexos positivos quando do seu retorno em sociedade, com
propostas de programas e políticas públicas para o sistema carcerário, que visem mais do que
um trabalho do assistencialismo, da educação, precisa incluir a cultura e a profissionalização,
levando em conta a bagagem e a história de cada um dos apenados.
Portanto, projetos de leitura, isoladamente ou associados a programas regulares de
escolarização, são essenciais para que se cumpra, nas condições disponíveis durante o tempo
de privação de liberdade dos apenados, o direito de aprender não efetivado no tempo da
infância, ou instigando o desejo e a curiosidade de descobrir os mistérios que cada obra
encerra.
REFERÊNCIAS
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maio 2012. Disponível em <https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-
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