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LITERATURA BRASILEIRA II
Por
Zilda Mara Peixoto dos Santos Azevedo
NILÓPOLIS
SETEMBRO, 2010.
Zilda Mara Peixoto dos Santos Azevedo
NILÓPOLIS,
SETEMBRO, 2010.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por finalidade analisar o plano das relações sociais dentro da
José de Alencar, focando a vida dos personagens bem como a interação entre eles, a
construção desses personagens, assim como, a construção dos cenários de suas obras.
Memórias de um Sargento de Milícias é considerado um romance de transição, que é
características, em relação ao dois estilos desta época. Memórias é um romance que aborda
críticas aos valores que se pregava na época, sua linguagem é bem diferente da empregada
até então, pois ela é mais objetiva e retrata o seu cotidiano. Os perfis dos personagens, a
dar lugar ao que é objetivo, o que era sonho passa a ser realidade, o sentimentalismo é
deixado um pouco de lado, para florescer o prazer carnal, entre outras substituições.
O espaço urbano do Rio de Janeiro do início do século XIX constitui o palco das ações no
qual o enredo se desenvolve.Estão presentes na obra tipos alegóricos que representam uma
mesma camada da sociedade, entre eles, podemos citar o barbeiro, a comadre, os ciganos,
Como figura central da obra tem o Leonardo, menino travesso que desde seu nascimento já
anunciava sua natureza traquina. Toda referência da infância do menino o que se tem são
juventude a falta de um ofício ou inclinação para alguma profissão, dava o que falar
naquela sociedade. Visto que era hábito de muitos ficarem na janela de casa observando a
vida alheia.
Mas este mesmo malandro, posteriormente a muitas confusões, veio a torna-se o sargento
de milícias. Figura no meio social que impunha muito respeito e defensor da moral e de
bons comportamentos. Além disto, Leonardo casa com Luisinha, paixão de sua
adolescência, que fora esquecida em algum momento por uma aventura com Vidinha.
O modelo conceituado atende as regras de uma família tradicional, porém os membros que
não são nada convencionais. São pessoas que se agregam sem formalidade e passam a viver
aparentemente como uma família. Como por exemplo podemos citar Leonardo, que a
princípio apresenta-se com seu pai e sua mãe, mas está por uma conduta falha trai o marido
conseqüência disto chuta seu filho para fora de casa. Deste ato é possível uma avaliação da
relação paternal que havia entre ambos. Não são narrados momentos felizes, calmos em que
Leonardo após desprezado pela sua família biológica é acolhido por seu padrinho, um
barbeiro que cuida do menino com todos os cuidados de um pai, ou com melhores
história de vida do barbeiro é bem semelhante à vida do menino, pois é desconhecido por
todos sua origem. Deste fato fica evidente que o barbeiro identificou-se com o sofrimento
de Leonardo que conhecia seus pais, mas que por aquele momento encontrava-se numa
mesma situação de abandono. O diálogo ainda é ausente nesta relação, mas havia um por
parte do padrinho grande carinho pelo menino além da preocupação quanto ao futuro de
Leonardo.
pode-se dizer que ele foi determinado pelo seu próprio meio acrescido de vínculos
hereditários.
Leonardo não se destacava apenas por sua peraltice e má criação dentro do universo
familiar, quando foi à escola também teve grandes dificuldades tanto na aprendizagem
quanto para manter uma relação saudável com seus colegas de sala. Em função disto, levou
do professor autoritário alguns "bolos" nas mãos e de lá conseguiu sair sem ler nem
O amor ou atração que sentira Leonardo por Luizinha e Vidinha se apresentam de formas
bem diferentes. Uma privilegia mais o sentimento na outra a atração física ganha espaço:
A percepção de Leonardo por Luizinha seu envolvimento foi mais sentimental, como
mencionado ele refere-se a ela como menina, lhe são atribuídas características puras, mas
que o próprio Leonardo classifica como sem sabor. Não a idealiza com traços perfeitos e
sim a descreve em seus gestos acanhados destacando aspectos distantes de um perfil belo.
Já quando se refere a Vidinha a coloca como mulher e a descrição que há são características
atraentes evidenciando seu poder de sedução em relação aos homens. Além do mais eram
acrescentados aos seus dotes físicos, um comportamento bem avançado quanto ao das
Por esta mulher de características tão belas, Leonardo se deixa atrair esquecendo
a sociedade. Além do que seus integrantes expõem aspectos cuja fé e os respeitos decaem.
A principio tem-se, por exemplo, a vizinha do barbeiro que ora estava na igreja ou na janela
de Chiquinha, que na preparação do nascimento de seu filho, diversos adereços são postos
objetos. Nesta mesma ocasião a reza apresenta-se sempre interrompida pelos gritos da
Destes fatos evidencia-se a relação de hipocrisia do próprio homem com sua crença. Há um
parcial cumprimento de suas leis, mas um desvio muito maior evidenciado no seu
De fato, 'no tempo do rei' a ordem social definia-se a partir de dois pólos extremamente
Leonardo, típico representante deste setor, tem como alternativa desempenhar um destes
papéis. Não chega, a rigor, a optar por um ou por outro. Vê-se, antes, obrigado pelas
comadre, seus tutores, desejam para ele uma carreira de mais destaque: advogado, padre ou
algo semelhante. Leonardo desaponta-os. Pensa em casar com Luisinha, moça de certas
posses. Ela, porém, escolhe alguém de nível social superior. Por fim, o 'malandro' Leonardo
vê-se obrigado a entrar para o serviço militar. Não se adapta à nova carreira mas, depois de
salvar-lhe a pele e coloca-o no confortável posto de sargento de milícias. Isto não seria
estranhável não fosse o fato de que a artífice de tudo é Maria Regalada, a mulher que já
fora de 'vida fácil', ou seja, uma típica representante da desordem social, uma marginal.
Assim é que, entre a ordem constituída (representada por Vidigal) e a desordem tolerada
(Maria Regalada), quem sai beneficiado é Leonardo. E de tudo isto, de acordo com a visão
de mundo ingênua e sem conflitos que impregna o romance, não resta qualquer sentimento
de culpa, tanto que ao final, em paz, o herói casa, é reformado e desfruta de cinco heranças.
O salto, em termos de enredo, pode ser um tanto brusco, mas o fato é que Leonardo escolhe
a ordem e suas vantagens. Afinal, não por nada resolve esquecer Vidinha e seus encantos,
pois deixou registrado, tanto no personagem central, como nos outros, a regra constitutiva
dos valores do grupo social dos homens livres do Brasil do século XIX: para eles ordem e
desordem pouco representavam. Sem trabalhar, o que era obrigação dos escravos, e sem
estar no poder, como os senhores-de-escravos, Leonardo passeia pelo mundo não levando
muito em conta as convenções sociais, a não ser quando funcionam em seu próprio
benefício.
interior, lembrando que boa parte das personagens são imigrantes portugueses ou gente
simples do povo.
os costumes, hábitos das pessoas de camadas sociais inferiores, numa construção mais
da gozação, marcado que está pela construção de personagens que tendem para o
* Presença da ironia.
* Presença de digressões: a narrativa não segue a ordem linear dos fatos, é episódica e, não
raro, foge da história para comentar fatos paralelos ou para dar explicações sobre o próprio
livro.
* Presença do narrador intruso, que o tempo todo se intromete para dar explicações,
Retrato vivo dos costumes bem brasileiros do início do séc. XIX, romance focaliza um sem
número de tipos populares do RJ suburbano. Esse painel pitoresco retrata a alegria de viver,
costumes e hábitos de nosso povo. Leonardo é o típico malandro carioca, cheio de picardia,
social e à vadiagem como meio de vida. Há, ainda, uma espécie de paródia do próprio
Romantismo, montado nessa obra às avessas, abandonando os adocicados finais felizes
para deixar nas entrelinhas uma sucessão de fatos tristes que poderiam vir a acontecer.
O objetivo da obra era mostrar o avesso das instituições do clero, da justiça, dos governos e
das famílias e para isso valia-se da presença do humorismo e da ironia. Apresenta, de certa
forma, um realismo ingênuo, pois apenas traduz a realidade sem fazer a análise desta.
Durante a narrativa, o autor deixa claro que a miscigenação, base da sociedade brasileira,
Através de uma paisagem extremamente exótica e bela, o Ceará torna-se cenário do romance. A civilização
européia, simbolizada por Martim, se aproxima da América primitiva, inocente, quase intocada, Iracema.
Deste encontro nasce Moacir, filho do casal, que é o primeiro ser genuinamente brasileiro fruto deste
casamento entre o colonizador e o colonizado.
A natureza, tão exaltada pelos românticos, não funciona apenas como “pano de fundo”, mas é cenário
exuberante e serve como apoio para a história de amor. Em determinados momentos, o ambiente bucólico
chega a compor a protagonista como parte de sua beleza e personalidade. O desejo de escrever a respeito de
um tema brasileiro fez com que Alencar valorizasse termos em Tupi, língua de nosso típico herói nacional.
Nesta narrativa, o índio é um ser mítico, dotado de inúmeras qualidades, enquanto o branco é um ser primário
e vicioso. Encontramos neste romance, dois estilos literários: o épico e o lírico; e também um misto entre
lenda e história, visto que personagens como Martim e Poti são verídicos, o que demonstra uma certa
vanguarda. A heroína da narrativa é extremamente idealizada, ela simboliza o próprio espírito harmonioso da
floresta virgem que é corrompido pelo contato com o homem branco, simbolizado por Martim. Esta
aproximação retrata o processo de estranhamento e fascínio mútuo que dominou os dois povos. Começavam a
se conhecer sem sequer suspeitar as trágicas conseqüências do encontro para os indígenas. A sedução também
está presente na narrativa. Martim está seduzido e inebriado durante o ato sexual que será a sentença de morte
de Iracema, assim como a invasão do Brasil há de provocar a destruição da floresta virgem americana e isto se
dá de forma inconsciente e inconseqüente, assim como o amor dos protagonistas. Esta obra exprime uma
visão clássica dominante. A burguesia ansiava por romances que fizesse as suas jovens donzelas suspirar sob
o aroma de uma aventura amorosa.
Apesar de divergentes, estes romances compõem o cenário literário do Brasil no período do Romantismo,
demonstrando, através de sua repercussão na época, diferentes temáticas e a visão daquela sociedade.
A abordagem da visão da literatura nacional dentro do contexto cultural brasileiro da
segunda metade do século XIX e do posicionamento crítico de José de Alencar fez, de sua
produção, principalmente a indianista, representada neste trabalho por Iracema,um símbolo
de conjunto de intenções nacionalistas que invadiram a época e o coração do povo, no que
dizia respeito ao sentimento de “ nacionalismo”
CONCLUSÃO
Neste trabalho foi analisado o plano das relações sociais na obra Memórias de Um
Sargento de Milícias. Diante dum contexto social esta análise foi feita sobre a vida dos
personagens são vitimas de uma concepção determinista e que por isso só retribuem uma
ação do meio.
Numa investida a tendência realista o homem é abordado como um ser real, dotado de
defeitos e qualidades, praticante de bem e do mal. Mantém relações saudáveis, mas sempre
visando seus benefícios. Nesta perspectiva, coloca o homem diante da mulher, da família e
de sua própria crença e confrontá-lo estes fragmentos sociais é estabelecer reações entre os