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TextosApoio GestaoFinanceira PDF
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IV - GESTÃO FINANCEIRA
Depois de termos identificado as principais funções do Gestor em sentido amplo, vamo- nos
agora restringir às funções do Gestor Financeiro. Uma abordagem possível é centrarmo- nos
nos principais objectivos da função em causa. Outra abordagem será através do tipo de tarefas
que o gestor financeiro desempenha e do horizonte temporal (curto e médio/longo prazo) em
que elas ocorrem.
Assim, entenda-se como curto prazo, as tarefas realizadas num período inferior a um ano, e
como médio e longo prazo as actividades desenvolvidas que têm repercussões num período
superior a um ano.
Compra de maquinaria
MÉDIO/LONGO PRAZO
Empréstimo Bancário M/L prazo
Decisões Estratégicas
Distribuição de Dividendos
Política de stocks
causa e escolher a melhor alternativa de financiamento possível, para poder concretizar esse
investimento.
Até agora abordámos as funções do Gestor Financeiro na óptica da tarefa. Mas quais são os
objectivos da Gestão Financeira?
Outro dos objectivos da Gestão Financeira é maximizar a rend ibilidade dos seus
investimentos, para que os resultados obtidos possam criar valor para a empresa. No entanto,
a um investimento está sempre associado um determinado nível de risco que é preciso
minimizar, para que a relação entre a rendibilidade e o risco do investimento seja equilibrada.
distribuição de resultados aos sócios, ou em alternativa haver uma retenção desses resultados
para posteriores investimentos. Note-se que, embora a aplicação de resultados seja um dos
objectivos da Gestão Financeira, a decisão de como vai ser realizada a aplicação de
resultados, cabe à Assembleia Geral de Sócios, depois de apresentado o Relatório e Contas da
empresa. Estes documentos reflectem a situação económica e financeira da empresa no ano
anterior.
2. Conceitos Fundamentais
Qualquer organização desenvolve relações várias, não só no seio da própria organização, mas
também com o meio que lhe fornece os inputs, (matéria-prima, mão-de-obra, energia,
equipamentos, ...) de que necessita para desenvolver a sua actividade, e onde coloca os seus
outpus (bens e serviços).
Estas relações que uma empresa desenvolve com o meio externo, são susceptíveis de terem
uma expressão quantitativa que a Contabilidade Geral vai registar. Numa definição clássica, a
Contabilidade Geral regista as relações da empresa com o exterior, enquanto a Contabilidade
Analítica regista as relações existentes no seio da própria empresa.
As relações que se estabelecem entre as empresas e o exterior e no seu interior vão gerar
fluxos físicos e de informação. Na óptica da gestão financeira os fluxos a tratar são:
Por exemplo, quando uma empresa compra matéria-prima a um fornecedor teve uma despesa.
O momento da despesa pode ou não coincidir com o momento do pagamento. No caso da
compra a crédito, existe um desfasamento temporal entre a despesa e o pagamento. A empresa
só suportará o custo no momento do processo produtivo em que consumir esse input
(recurso).
Quando uma empresa obtém um produto acabado está a ter um proveito, quando o vender a
um cliente terá uma receita. No momento em que o cliente pagar o valor em dívida, a empresa
terá um recebimento. Tal como no caso anterior, pode haver desfasamento temporal entre o
fluxo financeiro (receita) e o fluxo monetário (recebimento). Tudo depende de se tratar de
uma venda a pronto-pagamento ou a crédito.
Património
Qualquer actividade económica exige a reunião de um certo conjunto de meios humanos,
materiais e financeiros.
Exemplo:
A diferença entre o valor do Activo e do Passivo designa-se por Situação Líquida, Capital
Próprio ou Património Líquido.
Exemplo:
A empresa Alfa Lda dispõe dos seguintes elementos patrimoniais (valores em Euros):
Viatura: 40 000
Dinheiro em caixa: 200
Depósitos bancários: 2 000
Mercadorias: 5 000
Máquinas: 20 000
Edifício: 1 000 000
Dívidas de clientes (⇔ crédito a terceiros): 8 000
Dívidas a fornecedores (⇔ crédito de terceiros): 30 000
Quanto ao valor da situação líquida ou capital próprio, três situações distintas podem
acontecer:
• Activo > Passivo : Situação Líquida Activa
• Activo = Passivo: Situação Líquida Nula
• Activo < Passivo: Situação Líquida Passiva
O património de uma empresa está em constante mutação. Todos os factos que transformem o
património de uma empresa são designados de factos patrimoniais. O que a Contabilidade faz
é precisamente observar, classificar e registar essas transformações do património da empresa.
Todos os factos patrimoniais que originem um lucro ou um prejuízo, ou seja aqueles que
geram custos ou proveitos, são factos patrimoniais modificativos porque alteram o valor do
património da empresa.
Por exemplo, quando uma empresa faz um depósito bancário de 100 Euros está apenas a
alterar a composição do seu activo, mas o capital próprio não sofreu qualquer alteração.
Apenas se alterou a composição do património, não o seu valor, e por isso estamos perante
um facto patrimonial permutativo.
Quando uma empresa paga uma dívida de 200 Euros a um fornecedor diminui o seu activo em
200 Euros e diminui o seu passivo no mesmo montante. Mas o valor do seu património, ou
seja o capital próprio, não sofre qualquer alteração.
Considere-se o seguinte exemplo: uma empresa vende por 100 Euros mercadorias que lhe
tinham custado 75 Euros. Neste caso a empresa tem um custo de 75 Euros e um proveito de
100 Euros. Como o proveito é superior ao custo, esta operação gera um lucro:
= 25 Euros
Suponha-se agora que a mesma empresa paga 50 Euros de juros referentes a um empréstimo
bancário. Os juros constituem um custo, logo esta operação originou um prejuízo no valor de
50 Euros. O valor do património diminui em 50 Euros. Havendo alteração do valor do
património da empresa, estamos perante um facto patrimonial modificativo.
Demonstrações financeiras
Balanço
Ao documento que resume a composição do património de uma empresa num dado momento,
que compara o seu Activo com o seu Passivo e evidencia o seu Capital Próprio chamamos
Balanço. O Balanço não é mais do que uma “fotografia” do património da empresa num
determinado momento. Como se refere a um momento preciso dizemos que se trata de um
documento estático. O Balanço de qualquer empresa está constantemente a sofrer alterações.
Qualquer facto patrimonial reflecte-se no Balanço. Se for permutativo, altera apenas a
composição do activo/ passivo, deixando o capital próprio inalterado. Se for modificativo,
para além de alterar a composição do activo/ passivo, modifica o capital próprio.
Em termos de estrutura trata-se de um mapa com duas colunas: no lado esquerdo colocam-se
os elementos do activo e respectivos valores, no lado direito o Capital Próprio e os eleme ntos
do Passivo e respectivos valores. Pela Equação Fundamental da Contabilidade a soma de
todos os valores do Activo tem que igualar a soma do Capital Próprio com todos os valores do
Passivo. Sendo assim, os dois membros do balanço têm obrigatoriamente que totalizar o
mesmo valor.
Balanço
Total Activo 1 075 200 Total Passivo e Capital Próprio 1 075 200
Sendo o Passivo o conjunto de todas as dívidas da empresa, pode ser designado por Capital
Alheio. O lado direito do balanço representa assim as duas fontes alternativas de origens de
fundos: Capital Próprio e Capital Alheio. O Capital Próprio é constituído pelos valores que
são propriedade da empresa. O Capital Alheio é constituído pelos valores que embora sendo
utilizados pela empresa pertencem a terceiros.
O Activo não é mais do que a aplicação desses mesmos fundos, ou seja, a aplicação do capital
total. Podemos então interpretar o Balanço com uma “fotografia” das origens e aplicações de
fundos da empresa num determinado momento. Origens e aplicações que vão sofrendo
alterações à medida que ocorrem factos patrimoniais.
Balanço
Demonstração de Resultados
Ao documento que descreve todos os custos e proveitos ocorridos numa empresa ao longo de
um determinado período de tempo, evidenciando o lucro ou o prejuízo obtido, chamamos
Demonstração de Resultados.
O resultado obtido por uma empresa, ao longo de um determinado período de actividade, não
é mais do que a diferença entre o valor de todos os proveitos obtidos e o valor de todos os
custos suportados.
Exemplificando, temos:
Demonstração de Resultados
Custos Proveitos
Custo das mercadorias vendidas 120 000 Vendas 225 200
Fornecimentos e serviços externos 30 000
Custos com pessoal 25 000
Custos financeiros 5 000
Resultado 45 200
Por definição de resultado, a soma de todos os custos com esse resultado tem que igualar a
soma de todos os proveitos.
“Investimento é uma aplicação de fundos escassos que geram rendimento, durante um certo
tempo, de forma a maximizar a riqueza da empresa”
Carlos Barros
O investimento pode ocorrer apenas no momento inicial do projecto, mas também pode ser
faseado. Para além disso, a natureza do investimento pode também ser distinta: investir na
compra de uma máquina que pinta automóveis, não é a mesma coisa que conceder crédito a
um cliente numa loja que vende móveis a 30 dias; mas ambas são situações de investimento.
A primeira situação é de investimento em Capital Fixo, pois o bem adquirido vai permanecer
na empresa num prazo superior a um ano. Na segunda situação trata-se de Capital Circulante,
pois provavelmente a empresa concede crédito aos seus clientes, para garantir os seus
proveitos de exploração (vendas).
Para contornar em parte esta questão, foram definidos vários critérios de avaliação de
projectos de investimento, mas neste capítulo vamos estudar apenas três:
n
Cash flow(t )
PRI = t ⇒ − Investimento Inicial + ∑ =0
(1+i )
t
t =1
Este método permite identificar a partir de que período ocorre a recuperação do va lor do
investimento. Assim, de acordo com este critério, o projecto só é viável se a soma dos cash
flows for superior ao valor do investimento. Dito de outra forma, para que o projecto seja
viável, o Período de Recuperação do Investimento tem de ser inferior à vida útil do projecto.
Vejamos um exemplo:
O Valor Actual Líquido (VAL) de um projecto de investimento é a soma dos cash flows
actualizados, remunerados em função da taxa exigida pelos investidores (i), no momento
presente, deduzido das despesas de investimento efectuadas. Assim, quando um projecto tem
um VAL positivo, os investidores para além do capital que investiram e do risco que
assumiram, obtiveram um excedente.
n
Cash flow (t )
Valor Actu al Líquido = − Investimen to Inicial + ∑
(1 + i )
t
t =1
Daqui resulta que o projecto é viável, pois o seu Valor Actual Líquido é positivo. Do cálculo
efectuado, pode concluir-se que os investidores conseguiram recuperar o investimento
efectuado, remunerado a uma taxa de 10% e conseguiram ainda um excedente de 15 041 €.
A vantagem deste método face a outros é o facto de considerar todos os cash flows do
projecto na sua análise. Como desvantagem, pode apontar-se o facto de a viabilidade do
projecto ser muito sensível à taxa de actualização estimada, que pretende medir o risco
associado ao projecto.
A Taxa Interna de Rendibilidade (TIR) é aquela que torna o Valor Actual Líquido de um
projecto nulo. Assim, para que um projecto seja viável é necessário que a sua TIR seja
n
Cash flow(t )
− Investimento Inicial + ∑ =0
(1+TIR )
t
t =1
Outra forma de cálculo mais expedita é recorrer a métodos computorizados, como por
exemplo através do EXCEL, onde algumas funções, nomeadamente financeiras já estão pré-
definidas.
Para o exemplo apresentado, a Taxa Interna de Rendibilidade é igual a 17,1%. Como a taxa de
actualização (i) é de 10%, significa que também de acordo com este critério o projecto é
viável.
Uma das grandes vantagens deste método de avaliação de projectos de investimento é que não
exige o conhecimento prévio do custo do capital exigido pelos investidores. Para além disso,
fornece um valor relativo (uma taxa) pelo que permite um termo de comparação, abaixo do
qual os projectos devem ser recusados. Isto porque a TIR é a taxa de remuneração máxima
que a empresa obtém do investimento efectuado, logo deve ser a taxa máxima a que a
empresa se financia para realizar o projecto.