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Introdução a Engenharia Ambiental

Desastre de Santa Catarina (2008)


2018/2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CAMILA DA SILVA TAPARICA


DENISE
MARCOS
MATHEUS
RODRIGO

DESASTRE DE SANTA CATARINA

Rio de Janeiro
2018
Introdução a Engenharia Ambiental
Desastre de Santa Catarina (2008)
2018/2

1. Introdução

Em novembro de 2008 aconteceu o maior desastre ambiental do estado


de Santa Catarina. Trata-se de enchentes ocorridas entre os dias 20 e 24 após
grandes chuvas na região. O evento atingiu em torno de 60 cidades, incluindo a
capital, e afetou mais de 1,5 milhão de pessoas. Entre as cidades atingidas
Itajaí e Blumenau são consideradas as mais impactadas. O estado sofria com o
difícil acesso nas regiões por conta de deslizamentos de terra, algumas
cidades foram totalmente impossíveis o acesso. Tal ocorrido forçou mais de
nove mil pessoas a sair de suas casas, sem contar que além de tudo grande
parte do estado sofreu com a falta de energia e também de agua. O desastre
deixou cidades como Blumenau em estado de calamidade pública além de
mais 13 declararem estado de emergência.

2. Causas

O evento de Santa Catarina ocorreu em decorrência aproximadamente de


3 meses chuvosos, onde entre os dias 20 a 24 de novembro sucedeu maiores
precipitações nas regiões atingidas. Esses locais se encontram entre o Oceano
Atlântico e o Planalto da Serra, ou seja, a parte litorânea do estado. As
chuvas provocaram deslizamentos e desmoronamentos generalizados e em
poucas horas o rio do vale do Itajaí transbordou as barragens de contenção por
ter elevado seu nível em 12 metros acima do normal.
As precipitações na região durante o período analisado foramoriginadas
por nuvens quentes. Houve um bloqueio atmosférico no Oceano Atlântico, um
anticiclone (sistema de alta pressão), onde provocou ventos moderados na
costa e a presença de um sistema de baixa pressão fazendo com que massas
de ar subisse e formasse nuvens carregadas ao longo da Serra do Mar. Ao
combinar esses dois fatores houve um favorecimento para a intensificação das
chuvas no estado.
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Durantes os temporais excessivos em Santa Catarina, ao mesmo tempo


em municípios do Rio Grande do Sul era enfrentada uma grande estiagem.
Esses dados tomados em conjuntos nos fazem observarcaracterísticas dos
aumentos de extremos climáticos associados ao aquecimento global.
Em relação a superfície das áreas afetadas, pode se afirmar que esses
territórios estão submetidos aprocessos de denudação, que seriamarrasamento
das formas de relevo por diversos agentes naturais,de acordo com as
condições climáticas, geológicas e geomorfológicas e de uso da terra,como o
desmatamentoe formas irregulares de habitação pela
população.Constituindo então uma área de alto risco para episódiosde
desastres naturais nas formas de inundações e movimento de massa.
As águas das precipitações podem seguir três caminhos: A evaporação, a
infiltração e o escoamento. Emrelação à região de relevo na Serra do Mar, a
ação maior é de escoamento imediato para riachos e rios, o que causa as
inundações. A cobertura vegetal desempenha um papel importantecontribuindo
na diminuição do escoamento pela função do solo em absorver a água pelo
processo de infiltração. Tendo em vista a importânciada cobertura vegetal
podemos afirmar que o desmatamento e o crescimento populacionalnas áreas
próximas as encostas e rios contribuíram para o desastre ter tantos números
de vítimas.
Apesar das características do clima e relevo catarinense facilitar esse tipo
de desastre as ações antrópicas, ou seja, ações realizadas pelo homem no
meio ambiente, é o principal vetor para os eventos naturais tomar
dimensões catastróficas, como:
1. O desflorestamento das áreas de cobertura vegetal, principalmente as
margens dos rios e encostas dos morros;
2. A explosão demográfica resultando em ocupação desordenada e sem
planejamento em áreas de risco;
3. A omissão do poder público que ao longo dos anos não orientou e
preparou as pessoas para não ocuparem áreas de risco e as cidades
para receber um temporal desse porte, visto que não foi a primeira nem
a segunda vez que as mesmas cidades afetadas passaram por
desastres naturais.
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3. Consequências

 Impacto Social

A chuva causou a morte de 135 pessoas, vítimas de deslizamentos e


inundações, segundo os dados da Defesa Civil. Dessas vítimas, 29 não foram
confirmadas pelo IML. Do número de fatalidades, 85% ficou concentrado em
seis municípios, como mostrado na tabela abaixo:

Município Mortes
Ascurra 1
Benedito Novo 2
Blumenau 24
Brusque 1
Florianópolis 1
Gaspar 19
Ilhota 23
Itajaí 2
Jaguará do Sul 13
Rancho Queimado 2
Luiz Alves 11
Rancho Queimado 2
Rodeio 4
São Pedro de Alcântara 1
Timbó 1
Total 106

Cerca de 80 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas, 1,5 milhões
de pessoas foram atingidas.Alguns municípios chegaram a ficar isolados e
ficaram totalmente cobertos por água, 63 cidades entraram em situação de
emergência e 14 entraram em estado de calamidade pública.

 Impacto Econômico

O porto de Itajaí foi destruído pelo imenso volume de água, tal porto
movimentava cerca de 40 milhões de dólares por dia e empregava cerca de
14000 pessoas.
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Trechos das principais rodovias foram interditados. As indústrias de Santa


Catarina chegaram a estimar perdas de 358 milhões de reais. De acordo com
um relatório elaborado pelo Banco Mundial, as perdas e danos foram avaliados
em 4,75 bilhões, distribuídos nos setores de infraestrutura, social e produtivo.

Em alguns municípios não havia núcleo de defesa civil e o governo não


possuía um plano para acidentes naturais. Em relação aos serviços públicos,
havia falta de água e energia, o transporte coletivo foi suspenso, o
abastecimento de gás foi interrompido chegando a causar danos ao estado do
Rio Grande do Sul, houve destruição e interdição de equipamentos de saúde e
educação, entre outros.

 Impacto Ambiental

Com as fortes chuvas, houve o encharcamento excessivo do solo,


prejudicando o uso do mesmo, causando a morte da flora local e
consequentemente, da fauna. Houve cerca de 3 mil deslizamentos de terra e
quedas de várias árvores provocando um desequilíbrio ambiental.

Ao se falar de impactos ambientais deve-se também criar uma relação


com a saúde dos seres humanos, de tal forma que numa catástrofe ambiental,
primeiro há mortes e feridos, e posteriormente, depois de dias e semanas, há a
ocorrência de doenças transmissíveis, como a leptospiroses, diarreias,
desnutrição. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa de Catarina, fez
um levantamento 20 dias após as enchentes e foram registrados 140
diagnósticos de leptospirose. Pode-se também agravar casos crônicos, como
doenças cardiovasculares, também há um aumento nos transtornos
psicológicos e comportamentais devido ao trauma da tragédia.

4. Ações Tomadas

Com todo o ocorrido no estado de Santa Catarina viu-se necessário


algumas ações não só para prevenção de novas tragédias, mas para que os
órgãos do Estado, os profissionais das áreas, e a população estejam mais
preparados para uma melhor tomada de decisão.
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Dentre algumas ações, temos:

1. Arrecadação de 20 milhões em doações, e investimento de 2 bilhões do


governo em medidas provisórias, para ajudar quem foi afetado pelo
desastre. Utilização também dos recursos obtidos para dragagem de
rios, como por exemplo, o de Joinville.
2. Reformulação da defesa civil. Ganhando autonomia de trabalho e
investimento. Antes do desastre, o órgão não tinha técnicos
especializados no local, além de que nem utilizavam equipamentos
apropriados.
3. Radar meteorológico, que detecta qualquer massa de ar que esteja se
aproximando em Santa Catarina. O mesmo ficará em Lontras, em uma
estação meteorológica, pois abrange a maior parte do Estado. O uso
desse equipamento é exclusivo para identificação de desastres naturais.
Além disso, preparar para futuras precipitações.
4. Medidas preventivas para disciplinar e organizar a relação do homem
com a natureza, atenuando efeitos adversos.

Além disso, após o desastre, houve uma sensibilidade maior do Governo


e Estado, em conscientizar a população sobre seus hábitos de vida,
principalmente em relação ao descarte de resíduos, que são grandes
contribuintes para enchentes, por causa de sua acumulação em lugares
impróprios.
Pode ser visto com o desastre, de que a sociedade não estava preparada
para tal acontecimento, seja por falta de informação do poder público, como por
exemplo, orientando os mesmos a não ocuparem áreas com risco de
deslizamentos, áreas com frequentes inundações, ou também, pela própria
população, sabendo dos riscos que correm, mesmo assim não saem de suas
moradias por não ter segurança de conseguir um outro lugar para viver. Porém,
cabe integralmente ao Estado, antecipar e proteger a população de
acontecimentos como esse.
Algumas medidas governamentais:
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5. Pós-tragédia

 Enchentes de 2011

Enchentes voltaram a ser um problema em santa Catarina, após o caso


de 2008. Cerca de 83 cidades decretaram situação de emergência. Sendo
quem em 2011 a defesa civil registrou 6 mortes e aproximadamente 930 mil
pessoas sofreram devido a enchente.
Umas das causas da enchente em 2011 foi o reservatório que ficou no
limite Maximo, que resultou em alagamentos nos municípios próximos devido
ao aumento do nível do rio. O prejuízo foi estimado em 400 milhões de reais,
sendo que o governo disponibilizou apenas 40 milhões para ajudar os
desabrigados e na reconstrução da cidade.

 Tragédia deixa lições e ações de prevenção estão em andamento

A sequência de eventos registrados em Santa Catarina em 2008, quando


enxurradas, deslizamentos e inundações provocou o pior desastre natural da
história do Estado, também deixou lições. Uma delas foi a retomada de estudos
voltados à região do Vale do Itajaí, considerada uma das áreas mais
vulneráveis em SC.
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Entre ações já concluídas estão às ampliações das barragens de


Ituporanga e Taió, além da instalação do radar meteorológico de Lontras.
Construções de outras barragens estão em andamento. O secretário-adjunto
disse em entrevista que pelos estudos feitos é bem provável q esse tipo de
evento não volte a se repetir.

—Por mais importantes que sejam as obras, estaremos falando de


desastres naturais. O homem não tem controle sobre as forças da natureza. É
necessário que ocorram outras medidas para que o dano seja cada vez
menor..

O Estado ainda não tem radares meteorológicos para cobrir sozinho todo
o território catarinense. Como o radar do Oeste está na fase final de
implantação e o radar móvel do Sul está em fase de produção, a expectativa é
de que ambos entrem em operação até junho de 2012.

O aparelho na região Sul terá cobertura de 52 municípios. Já o


equipamento instalado em Chapecó, além de garantir a cobertura das demais
áreas de SC, poderá monitorar o Sudoeste do Paraná, o Noroeste do Rio
Grande do Sul e parte da Argentina

 Como se encontra o local

Depois de tanto incidentes no local e perdas a população ainda se


recupera do desastre de 2011 e 2016 (tsunami). Santa Catarina pediu ao
governo 400 milhões e apenas 10% do valor foi repassado. A população se
recupera desses desastres bem devagar. E a solidariedade de todos é muito
importante. Os aspectos geomorfológicos de SC são muito propícios para
acidentes. Então o é necessário que o governo dê mais importância ao local
em questão.
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6. Conclusão

Diante de tudo o que foi apresentado durante o relatório, podemos


concluir que é necessário ter foco em monitoramento, avaliação e
compreensão dos riscos ambientais, compartilhando as informações com
todos, além de mostrar como elas são recolhidas e analisadas. Investir na
educação e cultura das pessoas, no meio ambiente, por meio de novas
tecnologias, buscando sempre o aprimoramento de seus métodos,
principalmente em preparação, ação, reconstrução e reabilitação, como nesse
caso da enchente no Estado de Santa Catarina.

7. Referências

Desastre e território: a produção da vulnerabilidade a desastres na cidade de


Blumenau/SC

http://www.scielo.br/pdf/urbe/2017nahead/2175-3369-urbe-2175-
3369009002AO03.pdf

UOL – Retrospectiva 2008

https://noticias.uol.com.br/especiais/retrospectiva-
2008/ultnot/2008/12/16/ult7037u9.jhtm

Notícias do Dia – Retrospectiva 2008

https://ndonline.com.br/joinville/noticias/ha-cinco-anos-santa-catarina-
vivia-a-maior-tragedia-climatica-da-sua-historia

2008 – Deslizamentos e Inundações Bruscas no Vale do Itajaí e Regiões de


Santa Catarina

http://www.ceped.ufsc.br/2008-deslizamentos-e-inundacoes-no-vale-do-
itajai-em-santa-catarina/
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Desastres naturais e saúde: uma análise da situação do Brasil

https://www.scielosp.org/article/csc/2014.v19n9/3645-3656/

Chuva em Santa Catarina mata mais de 120 pessoas; tragédias naturais


castigam vários pontos do mundo

https://noticias.uol.com.br/especiais/retrospectiva-
2008/ultnot/2008/12/16/ult7037u9.jhtm

SC: casos de leptospirose aumentam 60% em 2008

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI3400953-EI8139,00-
SC+casos+de+leptospirose+aumentam+em.html

Titulo: As chuvas de novembro de 2008 em Santa Catarina: um estudo de caso

visando a melhoria do monitoramento e da previsão dos eventos externos

http://intranetdoc.epagri.sc.gov.br/producao_tecnico_cientifica/DOC_3661.pdf

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