Você está na página 1de 43

RMS 

Titanic
124 línguas
 Artigo
 Discussão
 Ler
 Editar
 Ver histórico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


 Nota: "Titanic" redireciona para este artigo. Para outros
significados, veja Titanic (desambiguação).

RMS Titanic

RMS Titanic partindo de Southampton em 10 de abril de


1912

 Reino Unido

Proprietário White Star Line

Operador White Star Line

Fabricante Harland and


Wolff, Belfast, Irlanda

Custo GB£ 1,5 milhões (£ 140 milhões


em 2016)

Data de encomenda 17 de setembro de 1908

Batimento de quilha 31 de março de 1909


Lançamento 31 de maio de 1911

Comissionamento 2 de abril de 1912

Viagem inaugural 10 de abril de 1912

Porto de registro Liverpool, Inglaterra

Indicativo de chamada MGY

Número do casco 401

Rota Southampton a Nova Iorque

Comandante(s) Edward Smith

Estado Naufragado

Destino Afundou no oceano Atlântico


em 15 de abril de 1912

Características gerais

Tipo de navio Transatlântico

Classe Olympic

Deslocamento 52 310 t

Tonelagem 46 328 t

Maquinário 29 caldeiras
2 motores de tripla-expansão
com quatro cilindros
1 turbina de baixa pressão

Comprimento 269 m

Boca 28 m

Calado 10,5 m

Altura 53 m

Propulsão 2 hélices triplas


1 hélice quádrupla

- 46 000 cv (33 800 kW)
Velocidade 21 nós (39 km/h) (média)

Tripulação 892

Passageiros 2 435

O RMS Titanic foi um navio de passageiros britânico operado


pela White Star Line e construído pelos estaleiros da Harland and
Wolff, em Belfast. Segunda embarcação
da Classe Olympic de transatlânticos, depois do RMS Olympic e
seguido pelo HMHS Britannic, foi projetado pelos engenheiros
navais Alexander Carlisle e Thomas Andrews. Sua construção
começou em março de 1909 e seu lançamento ao mar ocorreu em
maio de 1911. O Titanic foi pensado para ser o navio mais luxuoso e
mais seguro de sua época, gerando lendas que era supostamente
"inafundável".
A embarcação partiu em sua viagem inaugural de Southampton com
destino a Nova Iorque em 10 de abril de 1912, no caminho passando
em Cherbourg-Octeville, na França, e por Queenstown, na Irlanda.
Colidiu com um iceberg na proa do lado direito às 23h40 de 14 de
abril, naufragando na madrugada do dia seguinte, com mais de 1 500
pessoas a bordo, sendo um dos maiores desastres marítimos em
tempos de paz de toda a história. Seu naufrágio destacou vários
pontos fracos do projeto, deficiências nos procedimentos de
evacuação de emergência e falhas nas regulamentações marítimas.
Comissões de inquérito foram instauradas nos Estados Unidos e
no Reino Unido, acarretando mudanças nas leis internacionais de
navegação, que permanecem em vigor mais de um século depois.
Os destroços do Titanic foram procurados por décadas até serem
encontrados, em 1985, por uma equipe liderada por Robert Ballard.
Ele se encontra a 3 843 metros de profundidade e a
650 quilômetros ao sudeste de Terra Nova, no Canadá. Sua história e
naufrágio permanecem no imaginário popular, levando à produção de
vários livros e filmes a seu respeito, mais notavelmente o
filme Titanic, de 1997. Até hoje é um dos navios mais famosos da
história, com seus destroços atraindo várias expedições de exploração
ao longo dos anos.

Antecedentes
Em 1907, Joseph Bruce Ismay, presidente da companhia de
navios White Star Line, e lorde William Pirrie, 1.º Barão Pirrie e
presidente dos estaleiros da Harland and Wolff, decidiram construir
três navios para competir com RMS Lusitania e o RMS Mauretania, da
rival Cunard Line. Essas novas embarcações, denominadas Classe
Olympic, seriam as maiores, mais luxuosas e mais seguras feitas até
então, já que para os dois homens a melhor aposta era competir com
seus rivais britânicos e alemães em elegância do que em velocidade.[1]
[2]
 Seus nomes foram depois definidos
como Olympic, Titanic e Gigantic (depois alterado para Britannic), em
referência a três raças da mitologia grega: olimpianos, titãs e gigantes.
[3]

Os projetos foram realizados nos escritórios de desenho da Harland


and Wolff, em Belfast, Irlanda,[2] pelos engenheiros navais Alexander
Carlisle, cunhado de Pirrie e responsável pelas decorações,
instalações e dispositivos de segurança, e Thomas Andrews, sobrinho
de Pirrie e chefe do Departamento de Desenho Naval.[4] Carlisle
acabou se aposentando repentinamente em 1910, enquanto
o Olympic e o Titanic ainda estavam em construção, deixando
Andrews como o único responsável pelos estaleiros e projetos.
[5]
 Acredita-se que isso ocorreu porque o engenheiro queria colocar 66
botes salva-vidas a bordo das embarcações e por causa de possíveis
problemas com o sistema de anteparas, porém suas ideias e
reclamações supostamente foram rejeitadas por Ismay.[6]
Ismay aprovou o projeto dos navios em 31 de julho de 1908 e assinou
uma carta de acordo com os estaleiros.[4] Não houve contrato formal
porque a White Star e a Harland and Wolff tinham décadas de próxima
e forte relação comercial.[3] Pirrie viu a importância das embarcações e
contratou o fotógrafo Robert Welch para registrar o andamento das
obras. A qualidade dos navios não foi negligenciada e os melhores
materiais disponíveis foram empregados na construção.[7]

Construção
O Titanic nos três momentos de sua construção: primeiro a armação do casco, depois o
lançamento e por fim a equipagem

Os planos finais foram concluídos no outono de 1908, com os


materiais e suprimentos necessários para a empreitada
encomendados pela Harland and Wolff. O Olympic e o Titanic seriam
montados lado a lado. Foi necessária a construção de um pórtico com
256 metros de comprimento por 52 metros de altura, pois nenhuma
das estruturas existentes eram suficientemente grandes para o
trabalho. Havia também um guindaste especial com setenta metros de
altura.[8] Os trabalhos no Olympic tiveram início em 16 de dezembro de
1908, com o batimento de sua quilha, recebendo o casco de número
400.[9][10]
Já o Titanic começou a ser montado quatro meses depois, em 22 de
março de 1909, com seu casco recebendo o número 401.[11] Para
poder diferenciar os dois irmãos, o Olympic foi construído com seu
casco inteiramente branco, enquanto o do Titanic recebeu a cor preta.
[12]
 Os trabalhos de armação de sua estrutura progrediram em um bom
ritmo e foram completados no início de 1911. Seu casco era formado
por aproximadamente duas mil placas de aço medindo três metros de
comprimento por dois metros de largura e uma espessura entre 2,5 a
3,8 centímetros, que eram mantidas unidas por mais de três milhões
de rebites.[7]
Até esse momento o Titanic era apenas um enorme casco vazio sem
nenhum equipamento ou instalação interna. Seu lançamento ao mar
ocorreu no dia 31 de maio de 1911, aniversário de Pirrie. Mais de cem
mil pessoas estavam presentes para testemunhar a ocasião, como
funcionários do estaleiro com suas famílias, habitantes de Belfast,
visitantes, jornalistas e algumas personalidades importantes vindas
diretamente da Inglaterra.[13] O navio deslizou para a água de seu
pórtico com a ajuda de vinte toneladas de sebo, óleo, graxa e sabão
que foram passados por todas as cunhas que o mantinham no lugar.
[4]
 Ele não foi batizado com o tradicional estouro de uma garrafa de
champanhe pois nunca tinha sido um hábito da Harland and Wolff,
apesar de Pirrie ter suas reservas já que na opinião dele isso poderia
causar superstições entre os passageiros e tripulantes.[14]
Depois do lançamento, o Titanic parou com a ajuda de seis âncoras.
Três amarras de aço pesando cada uma oitenta toneladas foram
presas em seu casco e ele foi levado para uma doca seca com a
ajuda de cinco rebocadores.[15] Os jornalistas e convidados especiais
da White Star Line foram depois do evento levados para um almoço
especial no Grand Central Hotel. No cardápio estavam nada menos
que seis pratos principais diferentes e cinco sobremesas. Ismay
deixou o almoço mais cedo para poder embarcar no Olympic e
participar de seus testes marítimos.[16]
Logo depois se iniciou seu processo de equipagem. Mais de três mil
profissionais entre mecânicos, eletricistas, encanadores, carpinteiros,
pintores, decoradores e outros, trabalharam de junho de 1911 até
março de 1912, dotando o Titanic com as mais recentes tecnologias e
inovações navais e instalando suntuosas mobílias e elementos
decorativos. A White Star anunciou, em 18 de setembro de 1911, que
a embarcação realizaria sua viagem inaugural em 20 de março de
1912.[17]
Entretanto, o Olympic acabou colidindo, em 20 de setembro de 1911,
com o cruzador HMS Hawke. O Titanic teve de ser retirado de sua
doca seca para que seu irmão pudesse ser reparado. Parte de seus
trabalhadores também foram temporariamente transferidos para os
consertos do Olympic, atrasando significativamente a equipagem de
seu interior.[18] A White Star Line foi forçada a adiar sua viagem
inaugural para o dia 10 de abril de 1912. O Titanic foi levado de volta
para sua doca em novembro quando as obras de seu irmão foram
concluídas e os trabalhos continuaram no mesmo ritmo de
anteriormente. Suas quatro chaminés foram instaladas em janeiro de
1912, enquanto no mês seguinte suas três hélices de bronze foram
colocadas em seus lugares; as hélices laterais de três lâminas tinham
mais de sete metros de diâmetro e pesavam 38 toneladas, enquanto a
hélice central de quatro lâminas media mais de cinco metros de
diâmetro e pesava 22 toneladas. A equipagem foi completada em
março de 1912 e a embarcação foi registrada no dia 24 do mesmo
mês, tendo Liverpool como seu porto de origem, apesar dele nunca ter
chegado a navegar em suas águas.[19]

Características

6:42
Titanic Disaster – Genuine Footage (1911–1912): possivelmente a única filmagem real do
Titanic, pertencente a British Pathe. A descrição do filme diz que as imagens mostram
o Titanic deixando Belfast a caminho de Southampton.

O Titanic tinha 269 metros de comprimento, 28 metros de largura e 53


metros de altura. Sua arqueação era de aproximadamente 46 mil
toneladas, por volta de mil toneladas a mais que o Olympic.[20] Ele
operava com uma tripulação de 892 pessoas e podia transportar até 2
435 passageiros dispostos em três classes.[21] Além disso, a
embarcação também carregava correio e por isso recebeu o
prefixo Royal Mail Ship (RMS).[2] Ao todo, o Titanic custou 7,5 milhões
de dólares em valores da época.[22] O navio era dividido em
dez conveses, sendo o maior navio transatlântico construído até
então.[23] O convés mais alto era chamado de "convés superior" ou
"convés dos botes" e era onde ficavam os botes salva-vidas,
alojamento dos oficiais e a ponte de comando. Abaixo estavam os
conveses de A a G, todos destinados aos passageiros com exceção
do último, que também abrigava compartimentos de carga. Mais
abaixo ficavam mais compartimentos de carga, a casa das máquinas,
caldeiras, alojamentos da tripulação e as reservas de suprimentos.[24]
Especificações
Vinte das 29 caldeiras do Titanic, montadas e prontas para serem instaladas, c. 1911–12

O Titanic, assim como seus irmãos Olympic e Britannic, era movido


por uma combinação de dois sistemas de propulsão. Ele possuía 29
caldeiras a vapor agrupadas em seis salas,[25] alimentando dois
motores de tripla expansão com quatro cilindros cada que moviam as
duas hélices laterais. O vapor excedente era reutilizado por uma
turbina de baixa pressão que movia a hélice central. O navio
conseguia chegar a uma velocidade média de 21 nós (39 km/h),
consumindo entre 638 a 737 toneladas de carvão por dia.[26] A energia
elétrica que operava a iluminação e outros equipamentos da
embarcação era gerada por quatro dínamos de 400 kW.[4] Os fumos da
combustão do carvão eram descarregados através das três primeiras
chaminés. A quarta chaminé era apenas ornamental, adicionada
principalmente para fazer com que os navios da
Classe Olympic parecessem mais "potentes" nos olhos do público,
porém também era usada para ventilar a casa de máquinas e as
cozinhas.[27]
Na parte frontal do convés dos botes ficava a ponte de comando, que
se estendia por toda a largura do navio e compreendia dois
passadiços, duas cabines de observação laterais, um sala de
navegação e uma sala das cartas marítimas. Atrás da ponte ficavam
os alojamentos dos oficiais, que recebiam uma cabine proporcional a
sua hierarquia; o capitão Edward Smith, como oficial comandante,
ocupava uma suíte com escritório, casa de banho e até mesmo uma
banheira.[28] Atrás da primeira chaminé ficava a sala das comunicações
sem fio, operada diariamente pelos radiotécnicos Jack Phillips e
Harold Bride.[29] Os alojamentos dos foguistas e mecânicos ficavam
localizados na extremidade da proa e eles acessavam seus locais de
trabalho através de uma escada em espiral e um longo corredor.[30]
Além disso, um cesto de gávea funcionava a partir do mastro
dianteiro, acessado por uma escada interna, e havia uma passarela de
navegação no convés da popa.[28] Uma linha telefônica permitia a
comunicação direta entre a ponte com o cesto de gávea, a casa do
leme, a passarela de navegação e a casa de máquinas, melhorando a
velocidade e precisão das manobras. Outra linha permitia que os
passageiros da primeira classe entrassem em contato com alguns dos
serviços de bordo do Titanic.[31]
Instalações
Ver artigos principais: Grande escadaria do RMS
Titanic, Instalações da primeira classe do RMS Titanic e Instalações
da segunda e terceira classes do RMS Titanic

O Café Parisien e o ginásio da primeira classe a bordo do Titanic.

O Titanic fornecia aos seus passageiros as instalações mais luxuosas


e confortáveis do que qualquer outro navio contemporâneo. As
primeira classe ia do convés dos botes até o convés E e incluíam um
ginásio com os equipamentos mais modernos da época, quadra
de squash, sala de fumar decorada com uma lareira e pinturas de
Norman Wilkinson, restaurante à la carte, dois cafés decorados com
palmeiras, piscina coberta, banhos turcos, sala de leitura com mobílias
de mogno e vitrais e convés de passeio coberto. Suas cabines eram
igualmente luxuosas, com algumas tendo até casas de banho
particulares (uma coisa rara na época) e com duas delas inclusive
possuindo seu próprio convés de passeio privado.[32] Conectando todas
as cabines e instalações estavam duas grandes escadarias, uma entre
a primeira e segunda chaminés e a outra entre a terceira e quarta, que
eram cobertas por uma enorme cúpula de vidro. A escadaria dianteira
era adornada por um relógio entalhado chamado de "Honra e Glória
Coroando o Tempo" e era servida também por três elevadores que
iam do convés A ao E. No convés D a grande escadaria dava para
uma enorme sala de jantar.[33]
Os passageiros de segunda classe desfrutavam de acomodações
equivalentes a primeira classe de outras embarcações. Suas
instalações ficavam na parte traseira do convés B até o G, e incluíam
uma escadaria com elevador, sala de fumar, biblioteca, sala de jantar
e também seu próprio convés de passeio coberto. A terceira classe
também fornecia acomodações e instalações muito boas quando
comparadas a outros navios, com cabines possuindo beliches para
entre quatro a oito pessoas e também pequenos dormitórios para
homens solteiros. Ela também tinha sua própria sala de jantar e
cozinha (a primeira e segunda classe dividiam a mesma cozinha), com
os passageiros tendo a sua disposição duas áreas comuns e uma sala
de fumar no convés da popa.[34]
Segurança
O casco do Titanic era dividido em dezesseis compartimentos
estanques.[35] Atravessando esses compartimentos existiam doze
comportas estanques situadas nos locais onde a passagem era
necessária para o bom funcionamento do navio. Estas podiam ser
fechadas remotamente a partir de um interruptor na ponte de comando
ou mesmo automaticamente em caso de acidente.[36] Porém, os
compartimentos estanques centrais não iam além do convés E,
enquanto os compartimentos da proa e popa chegavam apenas até o
convés D. Os projetistas acreditavam que se dois compartimentos
adjacentes fossem inundados o navio poderia continuar flutuando.
Esse limite era de quatro se os compartimentos inundados estivessem
na proa.[37]

Os botes nº 7, 5, 3 e 1 no lado estibordo do convés superior do Titanic

Além disso, o Titanic também tinha um fundo duplo e oito bombas


d'água capazes de extrair quatrocentas toneladas de água por hora.
[4]
 Todas essas medidas de segurança levaram aos rumores por parte
da imprensa de que a embarcação era supostamente "inafundável".
No entanto, esses rumores não surgiram pela primeira vez com
o Titanic, já que a própria White Star Line havia descrito
o RMS Cedric como "praticamente inafundável" nove anos antes.[38]
O Titanic também estava equipado com vinte botes salva-vidas:
catorze com capacidade total para 65 pessoas, dois cúteres de
emergência que acomodavam até quarenta pessoas e quatro botes
desmontáveis Engelhardt que conseguiam levar 47 pessoas. Dessa
forma, os vinte barcos teoricamente poderiam conter 1178 pessoas,
ou seja, um terço da capacidade total do navio.[39] Apesar de ser um
número baixo, era muito mais do que as legislações marítimas da
época exigiam; o pensamento contemporâneo era de que navios do
tamanho do Titanic demorariam para afundar e que assim os botes
serviriam para transportar os passageiros do navio naufragando para
alguma embarcação de resgate.[40]
O engenheiro Alexander Carlisle havia considerado a ideia de colocar
mais botes a bordo, porém foi rejeitado por Ismay, dentre outros
motivos, porque isso iria diminuir o espaço do convés dos botes e
enfraquecer a confiabilidade do público na empresa. Mesmo assim, a
fim de evitar custos adicionais caso uma possível mudança nas leis,
Carlisle conseguiu convencer Ismay a instalar turcos tipo Wellin que
eram capazes de baixar até dois botes.[41] Apenas 710 pessoas
conseguiram embarcar nos botes durante o naufrágio, pouco mais da
metade da capacidade total que poderiam acomodar. As leis
marítimas foram alteradas dois anos depois, em 1914,
pela Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no
Mar, que passou a exigir botes suficientes para todos a bordo.[42]

Passageiros
Ver também: Passageiros do RMS Titanic

John Jacob Astor e sua esposa Madeleine Astor, os passageiros mais ricos do navio

O Titanic partiu em sua primeira e única viagem com 1 316


passageiros a bordo: 325 na primeira classe, 285 na segunda e 706
na terceira. Deles, 922 embarcaram em Southampton, 274
em Cherbourg-Octeville na França e 120 em Queenstown na Irlanda.
Na primeira classe estavam os passageiros mais ricos do navio,
dentre eles empresários, artistas, oficiais militares, políticos e outros.
Em muitos casos eles viajaram com várias malas de bagagem e um
ou mais criados particulares.[43] Dentre as personalidades da primeira
classe pode-se destacar Joseph Bruce Ismay, presidente da White
Star Line,[44] e Thomas Andrews, um dos engenheiros do navio.
[45]
 Ambos viajaram a fim de observar possíveis defeitos que poderiam
ocorrer e melhorias que poderiam ser aplicadas no Britannic. O
passageiro mais rico a bordo era John Jacob Astor IV, um militar,
escritor, inventor e empresário norte-americano, que viajava junto de
sua esposa Madeleine.[46] Outros passageiros detentores de grandes
fortunas incluíam Margaret Brown,[47] Benjamin Guggenheim,[48] Jacques
Futrelle,[49] Cosmo Duff-Gordon,[50] Archibald Gracie[51] e o tenista Richard
Norris Williams.[52] Archibald Butt, um dos assessores do
presidente William Howard Taft, também fez a travessia a bordo
do Titanic para retornar aos Estados Unidos a fim de se preparar para
as eleições presidenciais.[53] John Pierpont Morgan, banqueiro e
empresário norte-americano, também deveria ter viajado no Titanic,
porém desistiu de última hora para comemorar o aniversário de sua
amante em Aix-les-Bains, na França.[54]
A segunda classe era mais diversificada e incluía empresários,
professores, clérigos e imigrantes, por vezes ricos, que retornavam ao
seu país natal.[55] Dentre eles é possível destacar Lawrence Beesley,
um jornalista e escritor britânico que depois do naufrágio publicaria um
dos primeiros relatos do desastre, The Loss of the SS Titanic.
[56]
 Também na segunda classe estava a família Navratil: o pai Michel e
os filhos bebês Michel Marcel e Edmond. Eles foram registrados ao
embarcarem como "família Hoffman" e para os outros passageiros
eram um pai viúvo com seus dois filhos pequenos. Entretanto, Michel
Navratil na verdade havia perdido a custódia das crianças para sua
ex-esposa mas decidiu fugir com eles para os Estados Unidos; Michel
morreu no naufrágio, porém Michel Marcel e Edmond sobreviveram e
ficaram conhecidos como os "órfãos do Titanic".[57]
Por fim, a terceira classe era onde estavam os imigrantes, pessoas
que muitas vezes viajavam em grandes grupos familiares de até doze
membros.[58] Eles vinham de diferentes partes da Europa como
Escandinávia, Leste Europeu, Irlanda e até mesmo da Ásia.[59] Antes do
embarque todos foram sujeitos a controles sanitários pois os
regulamentos de imigração norte-americana eram bem rigorosos para
evitar contaminação. A terceira classe era a única a ser obrigada a
passar por esses exames, também estando previsto que novas
examinações fossem realizadas assim que chegassem a Nova Iorque.
[60]

Tripulação
Ver artigo principal: Tripulação do RMS Titanic
Os quatro oficiais sobreviventes. Em pé: Harold Lowe, Charles Lightoller e Joseph
Boxhall. Sentado: Herbert Pitman.

O comissário chefe Hugh McElroy junto com o capitão Edward Smith a bordo do Titanic.

Dentre as quase novecentas pessoas que faziam parte da tripulação


do Titanic, 66 pertenciam a tripulação de convés (oficiais, marinheiros,
vigias e quartel-mestres),[61] 325 eram mecânicos (carvoeiros,
foguistas, graxeiros e especialistas),[62] e por fim 494 eram membros da
equipe de atendimento (comissários, mordomos, cozinheiros,
operadores de rádio, etc.).[63][64]
O comandante do navio era o capitão Edward Smith, o mais
respeitado oficial da White Star Line e extremamente popular entre os
passageiros da primeira classe, tendo comandado todos os maiores e
mais novos navios da companhia desde 1904.[65] Henry Wilde de última
hora chegou para ser o oficial chefe e o segundo no comando
do Titanic, causando uma mudança na hierarquia dos oficiais.[66] Isso
fez com que os três oficiais mais graduados da embarcação fossem os
mesmos que haviam trabalhado no Olympic (com o terceiro sendo o
primeiro oficial William Murdoch). Além deles, também estavam a
bordo o segundo oficial Charles Lightoller, terceiro oficial Herbert
Pitman, quarto oficial Joseph Boxhall, quinto oficial Harold Lowe e
sexto oficial James Moody.[67] Eles eram os encarregados de comandar
a tripulação do convés e garantir o andamento e bom funcionamento
de toda a embarcação. Eles eram auxiliados por quartel-mestres que
cuidavam da roda do leme, os vigias que trabalhavam no cesto de
gávea e os marinheiros que ficavam na manutenção dos diversos
dispositivos a bordo.[68][69]
A equipe de mecânicos trabalhava nas entranhas do navio. Sob o
comando do engenheiro chefe Joseph Bell,[70] eram os responsáveis
por cuidar da sala de máquinas e manter o Titanic em funcionamento.
As 29 caldeiras eram alimentadas por trezentos foguistas que
atuavam em condições terríveis.[71] Pouquíssimos membros da equipe
sobreviveram ao naufrágio.[72]
Por fim, a equipe de atendimento era bem mais diversa e a que
realizava o trabalho mais comum. A maioria eram comissários
acompanhados por alguns recepcionistas, porém também incluía os
cozinheiros. Suas funções eram de cuidar das cabines e instalações
do navio, além de atender os passageiros.[73] Na direção de todos os
tripulantes de atendimento estava o comissário de bordo chefe Hugh
McElroy, responsável também por atender quaisquer queixas que os
passageiros tivessem.[74][75] Os dois operadores do rádio sem fio, Jack
Phillips[76] e Harold Bride,[77] também são incluídos como parte dessa
tripulação.[74]
O Titanic também empregava um orquestra formada por um trio e um
quinteto liderado pelo violinista Wallace Hartley. Eles tocavam na
primeira e segunda classe, entrando na história como heróis por terem
continuado a tocar durante todo o naufrágio sem tentarem se salvar.
Os músicos não eram considerados parte da tripulação e foram
contados como passageiros da segunda classe.[78]

História
Testes marítimos

O Titanic deixando Belfast para seus testes marítimos, 2 de abril de 1912

Às 6h do dia 2 de abril de 1912, 78 foguistas e 41 oficiais e tripulantes


embarcaram no Titanic para que ele pudesse realizar seus testes
marítimos. O navio deixou o porto de Belfast puxado por quatro
rebocadores da Red Funnel, com todos os oito oficiais presentes a
bordo.[79] Pelo restante do dia a embarcação fez testes de velocidade e
manobrabilidade, como paradas de emergência e medição de suas
manobras em diferentes velocidades. Esses testes mostraram que
o Titanic era capaz de parar completamente depois de percorrida uma
distância de três vezes o seu comprimento.[80]
Ao meio-dia, os engenheiros, os representantes da Harland and Wolff
e os representantes do Ministério do Comércio britânico almoçaram no
salão de jantar da primeira classe e dessa forma inauguraram essa
instalação. O Titanic voltou para Belfast às 18h, tendo cumprido todos
os requisitos exigidos pelo governo do Reino Unido. Francis
Carruthers, inspetor da Junta Comercial, assinou o certificado nº 131
428 de navegabilidade do navio, válido por um ano.[81] A embarcação
deixou a cidade às 20h do mesmo dia e chegou
em Southampton durante a noite do dia 3 de abril.[82]
Seis rebocadores da Red Funnel ajudaram o Titanic a atracar no cais
nº 44 do porto de Southampton. A cidade anteriormente fora forçada a
reformar sua área portuária para poder acomodar navios do tamanho
da Classe Olympic.[83] Nos dias seguintes o resto da tripulação chegou
e realizou os preparos finais para a partida. Suas chaminés e parte do
casco também receberam um retoque em suas pinturas.[9]
Partida

O Titanic no porto de Southampton, 10 de abril de 1912

O Titanic deixou o porto de Southampton às 12h15min do dia 10 de


abril de 1912 com 953 passageiros a bordo, 29 dos quais
desembarcariam antes do navio seguir para Nova Iorque. A bordo
estavam pessoas de quarenta nacionalidades diferentes. Ao partir a
embarcação passou perto do SS New York, que estava atracado no
cais. A sucção das hélices do Titanic fez com que as amarras que
prendiam o New York se soltassem, e ele rapidamente começou a se
aproximar do navio maior. Smith deu ordem para que as máquinas
entrassem em ré a fim criar um efeito que empurrasse o New
York para longe. Os rebocadores do porto conseguiram parar o New
York e impedir uma colisão, porém os dois navios chegaram a ficar a
menos de dois metros de distância um do outro.[84] Esse incidente fez
com que o Titanic deixasse Southampton com uma hora de atraso.[85]
Em seguida ele foi para Cherbourg-Octeville na França, chegando às
18h35min. 22 passageiros desembarcaram e outros 274 subiram a
bordo, em sua maioria da primeira classe. Já que a embarcação era
muito grande para entrar no porto da cidade,[86] o transporte dos
passageiros foi realizado por dois barcos auxiliares: o SS Nomadic e
o SS Traffic.[86][87] O navio deixou Cherbourg às 20h10min.[2]
O Titanic então rumou para Queenstown na Irlanda, chegando às
11h30min do dia seguinte. Sete passageiros desceram e 120
embarcaram,[88] principalmente imigrantes da terceira classe que
pretendiam tentar a vida nos Estados Unidos. O navio deixou
Queenstown às 13h30min e iniciou sua travessia transatlântica para
Nova Iorque com 1 316 passageiros e 889 tripulantes.[89] Desde o
naufrágio muitas vezes se afirmou que o capitão Smith planejava se
aposentar ao final da viagem;[90] entretanto, não existem evidências
concretas que essa era realmente sua intenção[91] enquanto outras
fontes sugerem que a White Star Line planejava mantê-lo no comando
do Titanic até o lançamento do Britannic, então agendado para 1914.[92]
Travessia

O Titanic parado em Queenstown, 11 de abril.

Rota do Titanic até o local de seu naufrágio.

A travessia do Titanic pelo oceano Atlântico ocorreu sem grandes


incidentes pelos dois dias seguintes. No dia 12 de abril ele começou a
receber avisos de gelo vindos de outras embarcações. A primeira
mensagem deste tipo foi do SS La Touraine, que alertava sobre uma
névoa densa, uma espessa camada de gelo na superfície da água e
vários icebergs em diferentes pontos do oceano. Essa mensagem foi
imediatamente entregue ao capitão Smith.[93]
O navio recebeu várias outras mensagens de icebergs e campos de
gelo por todo o dia seguinte. Na parte da tarde, o incêndio que estava
ocorrendo em uma de suas reservas de carvão desde antes da partida
de Southampton foi finalmente apagado. Esse tipo de incidente não
era incomum em embarcações da época, porém sua intensidade foi
rara devido a uma explosão de gás e pela baixa qualidade do carvão
ocasionada por uma greve de mineiros. Foram necessários vários
homens para apagar o fogo, que possivelmente pode ter enfraquecido
as paredes do casco.[94] O SS Rappahannock enviou às 22h30min mais
uma notificação sobre camadas de gelo grossas e campos de
icebergs; o recebimento dessa mensagem foi confirmado no diário de
bordo por um dos oficiais.[95][96]
Novas mensagens foram recebidas também durante a tarde e noite de
14 de abril. Diferentemente das anteriores, apenas alguns desses
avisos foram entregues na ponte e Smith não tomou conhecimento da
maioria deles.[96]
Naufrágio
Ver artigo principal: Naufrágio do RMS Titanic
Colisão

O iceberg que acredita-se ter sido batido pelo Titanic, fotografado pelo comissário chefe do
SS Prinz Adalbert na manhã do dia 15. Testemunhas afirmam que o iceberg tinha rastros
de pintura vermelha do casco do navio em um de seus lados

O Titanic já havia percorrido mais de 3 600 quilômetros por volta da


noite de 14 de abril.[97] Dentre os avisos de gelo recebidos durante o dia
estava um do SS Californian. Às 22h55min, o Californian enviou um
outro aviso para todos os navios próximos, inclusive para o Titanic.
Porém, Jack Phillips interrompeu o operador da outra embarcação e o
mandou calar a boca para que pudesse continuar enviando
mensagens dos passageiros para o continente. Logo depois disso o
operador de rádio do Californian desligou seus equipamentos e foi
dormir, já que não era costume manter os operadores trabalhando
durante a noite.[98]
Por volta das 23h30min, o Titanic estava viajando a pouco mais de
21,5 nós (41 km/h),[99] com a maioria dos passageiros já estando
dormindo ou retirados em suas cabines. Neste momento na ponte de
comando estavam de serviço o primeiro oficial Murdoch e o sexto
oficial Moody, enquanto na roda do leme estava o quartel-mestre
Robert Hichens. No cesto de gávea no mastro principal estavam os
vigias Frederick Fleet e Reginald Lee. Era uma noite escura, não havia
nuvens nem Lua no céu e a água estava completamente calma;
atualmente sabe-se que uma água extremamente calma como aquela
encontrada pelo Titanic é um sinal da presença de icebergs por perto,
porém isso não era de conhecimento dos marinheiros da época.[100]
Fleet e Lee avistaram um iceberg diretamente na frente do navio a
aproximadamente 23h40min. Fleet tocou o sino de alerta três vezes e
telefonou para a ponte, informando Moody sobre o gelo. O sexto oficial
repassou o aviso para Murdoch, que por sua vez ordenou uma parada
total das máquinas[101] e que Hichens virasse a embarcação
para bombordo.[102] Houve um atraso antes que quaisquer uma das
ordens pudessem entrar em efeito: o mecanismo de manobra
demorava até trinta segundos para mover o leme do Titanic,
[103]
 enquanto parar os motores também era uma tarefa que precisava
de muito tempo para poder ser realizada.[104]
O Titanic começou a virar quase quarenta segundos depois, porém
isso não foi suficiente. O iceberg colidiu com o lado estibordo do navio,
arranhando seu casco embaixo da linha d'água e fazendo com que
pedaços de gelo caíssem nos conveses dianteiros.[105] Murdoch
ordenou uma virada para estibordo a fim de mudar o curso da popa e
dessa forma evitar que o gelo danificasse toda a extensão do navio,
também ativando o fechamento imediato das comportas estanques
para tentar conter a água.[106] Smith estava em sua cabine no momento
da colisão, porém sentiu a vibração do navio e foi para a ponte, onde
Murdoch lhe informou sobre o ocorrido. O capitão ordenou que todas
as máquinas fossem desligadas e mandou chamar Thomas Andrews a
fim de investigar as avarias.[107]
Danos
O iceberg entortou as placas de aço do casco e arrancou rebites, danificando vários
compartimentos

O Titanic já estava começando a inclinar apenas minutos depois da


colisão. Smith e Andrews foram para os conveses inferiores investigar
os danos, descobrindo que os depósitos de carga, sala dos correios e
quadra de squash já estavam inundadas, enquanto a sala das
caldeiras nº 6 já tinha mais de quatro metros de água e a sala nº 5
também já estava começando a ser inundada.[108] Estima-se que
aproximadamente sete toneladas de água estavam entrando no navio
por segundo, quinze vezes mais do que as bombas eram capazes de
expelir.[109] Em apenas 45 minutos, mais de treze mil toneladas de água
já tinham entrado na embarcação.[110] Andrews logo percebeu que
o Titanic estava condenado; ele e Smith voltaram para a ponte, onde o
engenheiro informou os oficiais sobre a situação, aconselhou o
lançamento imediato dos botes salva-vidas e estimou que o navio
afundaria em pouco mais de uma hora.[106]
O impacto do iceberg havia entortado as placas de aço do casco e
causado seis pequenas aberturas, com todas juntas equivalendo a
uma área de pouco mais de um metro quadrado de todo o navio. A
maior abertura tinha por volta de doze metros de comprimento e
aparentemente seguiu a linhas das placas de aço.[111] As placas na
parte central do navio eram mantidas unidas por três fileiras de rebites
feitos de aço de carbono, porém as placas da proa e popa ficavam
presas por duas linhas de rebites feitos com ferro forjado, que
segundo especialistas estavam no limite da tensão antes mesmo da
colisão.[112] Esse segundo tipo de rebite era mais propenso a sair do
lugar em situações de grande tensão, ainda mais sob um frio extremo
como na noite em que o Titanic afundou.[113]
Acima da linha d'água, havia pouquíssimos sinais da colisão. Os
comissários no salão de jantar da primeira classe haviam sentido um
tremor, que eles pensaram ter sido causado pela quebra de uma das
lâminas das hélices. Muitos passageiros da primeira e segunda classe
sentiram uma batida ou tremor, porém não sabiam do que se tratava.
Aqueles nos conveses inferiores, principalmente tripulantes e
passageiros da terceira classe perto do local da colisão, sentiram o
impacto da batida bem mais diretamente.[114]
Primeiras ações
0:34
Simulação do pedidos de socorro do Titanic enviados pelos operadores de rádio
em código Morse.

Às 0h05min já do dia 15 de abril, Smith deu ordem para que os botes


fossem preparados e os passageiros acordados. Ele ordenou que
Phillips e Bride começassem a enviar pedidos de socorro, que
erroneamente direcionaram os navios de resgate para uma posição
21 km distante de onde o Titanic realmente estava.[115] Os comissários
de bordo logo foram bater de porta em porta chamando os
passageiros e pedindo para que eles fossem para o convés dos botes.
[116]
 O tratamento recebido dependia da posição social; os comissários
da primeira classe cuidavam cada um de apenas algumas cabines,
então eles podiam ajudar os passageiros a se vestirem e irem para o
convés, enquanto os comissários da segunda e terceira classe tinham
de percorrer várias cabines rapidamente, rudemente acordar os
passageiros e mandá-los colocarem coletes salva-vidas.[117] Apesar das
ordens, muitos passageiros e tripulantes estavam relutantes em
atender os pedidos, por não acreditarem que o Titanic estava em
perigo ou por não quererem sair no frio da noite. Não foi dito que o
navio estava afundando, porém algumas pessoas perceberam que ele
estava inclinando.[116]
No convés a tripulação iniciou o preparo dos botes, porém era difícil
ouvir qualquer coisa devido ao barulho do vapor das caldeiras que
estava sendo evacuado pelas chaminés.[118] O som era tão alto que
tiveram que usar sinais de mão para se comunicarem.[119] Além disso,
eles estavam mal preparados para uma emergência já que o
treinamento com botes havia sido mínimo. Esses barcos
supostamente estariam com suprimentos de emergência, porém
muitos passageiros posteriormente descobriram que tinham recebido
apenas provisões parciais, apesar dos esforços do padeiro
chefe Charles Joughin e sua equipe. Nenhum exercício de emergência
havia sido realizado no Titanic desde sua partida de Southampton.
[120]
 Tudo isso foi piorado pela aparente indecisão, insegurança e
paralisia de Smith, que falhou em dar certas ordens, não organizou a
tripulação e negligenciou informações cruciais sobre a real situação do
navio.[121]
Botes lançados
Ver artigo principal: Botes salva-vidas do RMS Titanic

Sinal de socorro enviado pelo Titanic às 1h40min e captado pelo navio russo SS Birma
O preenchimento dos botes salva-vidas começou por volta dàs
0h20min. O segundo oficial Lightoller se dirigiu ao capitão e sugeriu
que a evacuação fosse iniciada com as mulheres e crianças. Smith,
ainda em estado de paralisia, concordou com a cabeça e disse
"coloque as mulheres e crianças e abaixe-os". Lightoller assumiu o
lançamento dos botes no lado bombordo enquanto Murdoch ficou
encarregado do lado estibordo. Entretanto, os dois homens
interpretaram as ordens de maneira diferente: o primeiro oficial
entendeu que eram mulheres e crianças primeiro, enquanto o segundo
oficial presumiu que eram mulheres e crianças apenas. Dessa forma,
Lightoller lançava seus botes caso não houvesse nenhuma mulher por
perto para embarcar, enquanto Murdoch por sua vez permitia a
entrada de homens depois de embarcadas todas as mulheres e
crianças. Nenhum dos dois sabia a capacidade exata dos barcos e
temeram superlotá-los, assim vários botes foram abaixados com
menos da metade de sua capacidade total.[122]
Pouquíssimos passageiros estavam inicialmente dispostos a embarcar
nos botes e os oficiais tiveram grande dificuldade em persuadi-los.
Eles eram em sua enorme maioria membros da primeira classe. Ismay
sabia da necessidade de urgência na evacuação e correu pelo lado
estibordo do convés superior pedindo para as pessoas embarcarem.
Algumas mulheres, casais e homens solteiros foram persuadidos a
embarcar no bote nº 7, que foi o primeiro a ser lançado ao mar por
volta dàs 0h45min com apenas 28 pessoas.[123]
Nos conveses inferiores a situação era bem mais alarmante. Os
tripulantes das salas das caldeiras nº 5 e 6 estavam lutando por suas
vidas enquanto ao mesmo tempo tentavam impedir que o vapor das
caldeiras não entrasse em contato com água congelante do oceano,
algo que poderia ocasionar uma explosão. A sala da caldeira nº 4
começou a ser inundada por volta das 1h20min, inicialmente pelo
chão, indicando que o iceberg possivelmente também danificou a
parte inferior do casco.[123] Mais para a popa, o engenheiro chefe Bell e
seus colegas continuaram trabalhando nos geradores elétricos do
navio a fim de manter as luzes e o rádio funcionando. Eles
aparentemente permaneceram em seus postos até o fim, garantindo
que o Titanic permanecesse iluminado até os minutos finais.[124]
Ilustração de Charles Dixon do bote nº 15 sendo baixado em cima do nº 13

No convés superior o lançamento dos botes continuou com o de nº 6


às 0h55hmin, também com apenas 28 pessoas.[125] Os barcos
continuaram a serem abaixados em intervalos de alguns minutos em
ambos os lados, porém a grande maioria estavam sem lotação total. O
nº 5 tinha 41 pessoas, o nº 3 foi com 32, o nº 8 com 39 e o nº 1 com
apenas 12 de uma capacidade total de 40. A evacuação não ocorreu
calmamente e alguns passageiros se feriram.[126] A descida dos botes
também era perigosa, com o nº 6 quase sendo inundado por água que
saia do navio[127] e o nº 3 tendo seus turcos emperrados.[128]
A seriedade da situação ficou aparente para os passageiros por volta
dàs 1h20min, quando muitos começaram a se despedir e maridos a
levar suas esposas para os botes. Fogos de artifício sinalizadores
eram disparados periodicamente para tentar atrair a atenção de algum
navio por perto enquanto os operadores de rádio continuavam a
mandar pedidos de socorro CQD. Bride depois acabou sugerindo para
Phillips que começassem a usar o recém instaurado SOS. Várias
embarcações responderam aos chamados do Titanic, incluindo seu
irmão Olympic, porém o mais perto era o RMS Carpathia, a 93 km de
distância.[129]
Até então, a grande maioria dos passageiros que tinham conseguido
embarcar nos botes eram da primeira e segunda classes. Muito
poucas pessoas da terceira classe tinham conseguido chegar ao
convés superior, com a maioria se perdendo nos labirintos de
corredores ou ficando presos atrás de grades que segregavam as
acomodações da terceira classe daquelas da primeira e segunda.
Aparentemente em pelo menos em alguns lugares, a tripulação
do Titanic ativamente impediu que os passageiros da terceira classe
escapassem, com barreiras trancadas e vigiadas por tripulantes a fim
de impedir que as pessoas corressem para os botes.[130]
À aproximadamente 1h30min, o Titanic estava adernando para
bombordo e sua inclinação aumentando.[131] Os botes restantes foram
preenchidos rapidamente e com uma lotação mais próxima da
capacidade total. O nº 11 foi lançado com cinco pessoas a mais do
que podia carregar, quase sendo inundado por uma das saídas de
exaustão das bombas. O nº 13 por muito pouco não teve o mesmo
problema, porém enfrentou dificuldades em soltar suas cordas; ele
acabou indo para embaixo do nº 15, que estava sendo abaixado, no
entanto os ocupantes do barco conseguiram cortar as cordas em
tempo. O pânico já estava se alastrando entre os passageiros, com o
quinto oficial Lowe sendo forçado a disparar seu revólver no ar para
impedir que pessoas pulassem em seu bote, o nº 14.[132] O último barco
lançado com sucesso foi o desmontável D às 2h05min com apenas 20
pessoas a bordo,[133] com mais duas pulando nele enquanto estava
sendo abaixado.[134] A água já havia alcançado o convés dos botes e o
castelo da proa estava totalmente submerso. Smith fez uma última
inspeção pelo convés, liberou Bride e Phillips de suas funções e
anunciou para a tripulação que "Agora é cada homem por si".[135]
Momentos finais

O naufrágio do Titanic por Willy Stöwer

O ângulo do Titanic começou a aumentar rapidamente por volta das


2h15min já que a água estava entrando em partes anteriormente
intactas através de escotilhas abertas.[136] O aumento súbito do ângulo
criou uma onda que varreu a parte dianteira do convés dos botes,
jogando várias pessoas na água. Aqueles que estavam tentando
lançar os botes desmontáveis A e B também foram levados pela onda
junto com os barcos.[137] A popa do navio se ergueu no ar enquanto a
proa ficou totalmente submersa, com sobreviventes afirmando terem
ouvido um enorme estrondo vindo de dentro da embarcação. Após
mais um minuto as luzes do Titanic piscaram e se apagaram
completamente, deixando todos na escuridão.[138]
O navio estava sendo sujeito a forças opostas extremas – a proa
inundada puxando-o para baixo enquanto o ar dentro da popa o
mantinha na superfície – que se concentraram em uma das áreas
mais fracas da superestrutura, a área perto da junta de expansão
traseira. O navio se partiu em dois perto da terceira chaminé pouco
depois das luzes terem se apagado. A proa permaneceu ligada com a
popa pela quilha durante um curto período, puxando a segunda parte
até um ângulo bem alto antes de se soltar, deixando a popa flutuando.
Ela balançou enquanto vários compartimentos eram inundados até
chegar a uma posição quase vertical, onde permaneceu por alguns
momentos. O Titanic finalmente afundou por completo
aproximadamente às 2h20min, duas horas e quarenta minutos depois
da colisão.[139]
Imediatamente, centenas de passageiros e tripulantes foram deixados
no mar congelante, cercados por destroços que se tinham
desprendido do navio e passaram a ser usados como boias.
[140]
 Algumas das pessoas morreram quase instantaneamente de
um infarto agudo do miocárdio causado pelo repentino estresse no
sistema cardiovascular. Outros progrediram pelos sintomas clássicos
de hipotermia: primeiro tremores extremos pelo corpo, seguido pela
diminuição e enfraquecimento dos batimentos cardíacos até à perda
de consciência e por fim a morte.[109]
Aqueles nos botes ficaram horrorizados pelo som das pessoas
gritando e pedindo ajuda; o terceiro oficial Pitman no bote n.º 5 mais
tarde afirmaria que os gritos o traumatizaram pelo restante da vida.
[141]
 Muitos ocupantes debateram se deveriam voltar e resgatar os
náufragos. Alguns botes que estavam perto do navio na hora do
naufrágio conseguiram pegar algumas pessoas, como o n.º 4[142] e o
desmontável D. Em todos os outros, os sobreviventes decidiram
contra o retorno, provavelmente pelo medo de que os náufragos
emborcassem os barcos.[143] O único a voltar foi o n.º 14 do quinto
oficial Lowe, que transferiu os ocupantes de seu bote para outros dois
e partiu em busca de sobreviventes, eventualmente resgatando cinco
pessoas que tinham conseguido permanecer fora da água congelante.
[144][145]

Depois disso havia muito pouco o que os sobreviventes pudessem


fazer além de esperar pelo resgate. O ar estava frio e muitos barcos
tinham feito água. Os ocupantes não encontraram comida ou bebidas
nos botes, com a maioria não tendo nenhuma fonte de luz.[146] A
situação era particularmente ruim no desmontável B, que havia
emborcado e estava flutuando com mais de trinta pessoas em cima,
dentre eles Lightoller e Bride.[147]
Resgate
O bote nº 6 se aproximando do Carpathia.
O desmontável D e o bote nº 14.

Os sobreviventes do Titanic finalmente foram resgatados a partir dàs


4h00min da manhã do dia 15 de abril pelo Carpathia, que havia
corrido durante a noite em máxima velocidade e a um risco
considerável, já que ele teve de desviar de vários icebergs no
caminho.[148] As luzes do navio de resgate haviam sido avistadas pela
primeira vez às 3h30min, porém demorou muitas horas para que todos
fossem recolhidos. Os homens do desmontável B conseguiram ser
pegos por outros dois botes, porém um acabou morrendo antes deles
chegarem no Carpathia.[149] No desmontável A, mais da metade havia
morrido durante a noite, e pela manhã os restantes também
conseguiram embarcar em outro bote.[150]
Os sobreviventes foram levados a bordo do Carpathia por diferentes
meios. Alguns foram fortes o bastante para subirem uma escada de
cordas até o convés, enquanto aqueles que estavam fracos e as
crianças foram içados por cordas e sacos.[151] O último bote resgatado
foi o nº 12, que estava com 74 pessoas a bordo. Todos os
sobreviventes já estavam no Carpathia por volta das 9h00min.
[152]
 Houve algumas cenas de alegria quando certas famílias e amigos
se reencontraram, porém para a maioria a tristeza tomava conta com
o final das esperanças de que entes queridos aparecessem.[153]
Outros dois navios apareceram às 9h15min: o SS Mount Temple e
o Californian, que durante a noite havia avistado um outro navio ao
longe disparando fogos de artifício, porém seu operador de rádio havia
desligado seus equipamentos e ido dormir, enquanto a tripulação ficou
confusa sobre o significado dos fogos.[154] O Carpathia estava
originalmente indo para Fiume na Áustria-Hungria, porém já que ele
não tinha meios de cuidar de todos os sobreviventes, o capitão Arthur
Rostron mandou que sua embarcação virasse e voltasse para Nova
Iorque onde todos poderiam receber os devidos cuidados.[152]

Reação pública
O jornaleiro Ned Parfett noticiando o naufrágio do Titanic em Londres

O Carpathia chegou ao Pier 34 de Nova Iorque na tarde de 18 de abril


depois de uma viagem difícil através de gelo, neblina, trovões e mares
agitados.[155] Aproximadamente quarenta mil pessoas estavam
esperando sua chegada depois de serem alertadas do desastre por
mensagens do rádio do Carpathia e outros navios. Por causa de
dificuldades nas comunicações, foi apenas depois dos sobreviventes
chegarem em Nova Iorque que a total magnitude do naufrágio se
tornou de conhecimento público.[156]
Esforços para recuperar os mortos já estavam em andamento antes
mesmo do Carpathia chegar nos Estados Unidos. A White Star Line
contratou quatro navios que conseguiram recuperar 328 corpos; 119
foram enterrados no mar enquanto os 209 restantes foram levados até
o porto de Halifax, no Canadá.[155] Os corpos da grande maioria das
vítimas do Titanic nunca foram recuperados, com a única evidência de
suas mortes sendo encontradas 73 anos depois dentre os destroços
no fundo do mar: pares de sapatos lado a lado, onde os corpos uma
vez estavam antes de se decomporem.[131]
A reação pública foi principalmente de choque e ultraje, direcionada
contra várias questões: por que haviam tão poucos botes? Por que
Ismay havia salvado sua vida quando tantos outros morreram? Por
que o Titanic prosseguiu para um campo de gelo em velocidade
máxima?[157] A revolta também tomou conta dos sobreviventes; ainda a
bordo do Carpathia vários deles se juntaram e escreveram uma carta
aberta ao The Times a fim de "despertar a opinião pública para
salvaguardar viagens marítimas no futuro" e pedir por mudanças nos
regulamentos de segurança.[158]
Houve um profundo sentimento de dor em lugares associados
diretamente com o Titanic. Multidões formadas por mulheres às
lágrimas, as esposas, irmãs e mães de tripulantes, se reuniram na
frente dos escritórios da White Star em Southampton para tentar
descobrir o que havia acontecido com seus entes queridos – a maioria
dos quais haviam morrido.[159] Igrejas em Belfast lotaram e
trabalhadores da Harland and Wolff choraram nas ruas ao saberem
das notícias. O navio era um símbolo das realizações industriais da
cidade, também existindo um certo sentimento de culpa, já que
aqueles que trabalharam na construção do Titanic sentiram que de
alguma maneira eles eram responsáveis por sua perda.[160]

Mortos
O número exato de mortos no naufrágio é incerto devido a vários
fatores, como confusão sobre a lista de passageiros, que incluía
nomes de pessoas que cancelaram a viagem no último momento e o
fato de alguns passageiros terem embarcado sob pseudônimos.[161] O
número total de mortos já foi colocado entre 1490 e 1635 pessoas.
[162]
 O número mais aceito é aquele da Junta Comercial britânica, 1514
mortos:[163]

Porc
Porc
Porc enta
Nú enta
enta gem
me Porc Porc gem
gem mort
Pass Cat ro Sa M enta enta salvo
por os
agei ego a lv or gem gem s por
total por
ros ria bo os tos salvo mort total
a total
rd s os a
bord a
o bord
o bord
o
o


6 0,3% 5 1 83% 17% 0,2% 0,04%
Classe


24 1,1% 24 0 100% 0% 1,1% 0%
Classe
Crianç
as

79 3,6% 27 52 34% 66% 1,2% 2,4%
Classe

Total 109 4,9% 56 53 51% 49% 2,5% 2,4%

Mulhe 1ª 144 6,5% 140 4 97% 3% 6,3% 0,2%


res Classe
Porc
Porc
Porc enta
Nú enta
enta gem
me Porc Porc gem
gem mort
Pass Cat ro Sa M enta enta salvo
por os
agei ego a lv or gem gem s por
total por
ros ria bo os tos salvo mort total
a total
rd s os a
bord a
o bord
o bord
o
o


93 4,2% 80 13 86% 14% 3,6% 0,6%
Classe


165 7,4% 76 89 46% 54% 3,4% 4,0%
Classe

Tripul
23 1,0% 20 3 87% 13% 0,9% 0,1%
ação

Total 425 19,1% 316 109 74% 26% 14,2% 4,9%


175 7,9% 57 118 33% 67% 2,6% 5,3%
Classe


168 7,6% 14 154 8% 92% 0,6% 6,9%
Classe

Home

ns 462 20,8% 75 387 16% 84% 3,3% 17,4%
Classe

Tripul
885 39,8% 192 693 22% 78% 8,6% 31,2%
ação

Total 1 690 75,9% 338 1 352 20% 80% 15,2% 60,8%

Total 2 224 100% 710 1 514 32% 68% 31,9% 68,1%


Menos de um terço daqueles que estavam a bordo
do Titanic sobreviveram. Alguns sobreviventes morreram pouco tempo
depois; ferimentos e os efeitos da exposição causaram a morte de
muitos daqueles resgatados pelo Carpathia. 49% das crianças, 26%
das mulheres passageiras, 82% dos homens passageiros e 78% da
tripulação morreram. Os números mostram enormes diferenças nos
índices de sobrevivência das diferentes classes a bordo do navio,
especialmente entre as mulheres e crianças. Apesar de menos de
10% das mulheres da primeira e segunda classe juntas terem morrido,
54% daquelas na terceira pereceram. Similarmente, cinco das seis
crianças na primeira classe e todas da segunda classe sobreviveram,
porém 52 das 79 na terceira morreram.[164] A única criança da primeira
classe a morrer foi Loraine Allison, de dois anos de idade.
[165]
 Proporcionalmente, as maiores perdas foram sofridas por homens
da segunda classe, dos quais 92% morreram. Além disso, três animais
de estimação que estavam a bordo sobreviveram.[166]

Causas
O naufrágio do Titanic pode ser atribuído a diversas causas, tanto
naturais quanto humanas. Seu número total de mortos, um
dos maiores em toda história do transporte marítimo em tempos de
paz, também pode ser explicado por vários fatores. O naufrágio em si
foi o resultado de circunstâncias especiais. Apesar de ser mais raro
encontrar icebergs no Atlântico Norte em abril, a grande presença de
gelo em 1912 se deu a um inverno particularmente suave, que fez
com que um número muito maior de icebergs alcançassem a rota
do Titanic do que em condições mais normais.[167] Isso explica o motivo
da embarcação ter navegado diretamente para um campo de gelo,
apesar de estar viajado mais ao sul do trajeto recomendado.[168] Além
disso, a noite do dia 14 de abril foi escura, sem Lua ou vento,
dificultando a observação de icebergs. Essa situação foi agravada
pela falta de binóculos para os vigias no cesto de gávea, resultado da
mudança de hierarquia dos oficiais com a chegada de última hora de
Henry Wilde para assumir como oficial chefe. Frederick Fleet, um dos
vigias que avistou o iceberg, afirmou que acreditava que poderia ter
avistado o gelo antes caso tivesse binóculos.[169]
Além disso, os compartimentos estanques não eram altos o suficiente
para evitar a progressão da água porque os projetistas não queriam
criar obstáculos para os passageiros nos conveses superiores, seu
casco tinha apenas um fundo duplo para protegê-lo de cardumes de
peixes e os componentes de aço utilizados em sua construção
tornavam-se frágeis em temperaturas muito baixas (que naquela noite
estava entre –1 °C e –2 °C).[170] Apesar do aço empregado no casco
fosse o melhor disponível para navios comerciais na época,[171] seus
rebites sofreram pela escassez de aço disponível, forçando a Harland
and Wolff utilizar ferro forjado, que era bem menos resistente.[170] A
velocidade do Titanic no momento da colisão, apesar de considerada
alta para as circunstâncias climáticas daquela noite, estava de acordo
com as normas marítimas da época.[172] Embora testemunhos de certos
passageiros afirmarem que Ismay teria pressionado os oficiais para
aumentar a velocidade do navio, a comissão americana de inquérito
considerou que não havia provas suficientes de que o presidente da
White Star Line realmente tivesse tomado essa atitude.[173]
Por fim, o elevado número de mortos pode ser atribuído à falta de
botes salva-vidas com capacidade suficiente para todos a bordo,
[39]
 mas também à falta de conhecimento, preparo e organização da
tripulação na hora de lançá-los. Estes últimos fatores poderiam até
mesmo ter feito botes adicionais irrelevantes, já que os oficiais e
marinheiros não teriam condições de preenchê-los adequadamente,
principalmente nos momentos finais do naufrágio quando a água já
alcançava o convés superior.[174]

Inquéritos
Ver artigos principais: Inquérito do Senado dos Estados Unidos
sobre o naufrágio do RMS Titanic e Inquérito britânico sobre o
naufrágio do RMS Titanic

Harold Bride (centro, na ponta da mesa) testemunhando perante a comissão americana de


inquérito, 25 de maio de 1912

Inquéritos foram instaurados no Reino Unido e nos Estados Unidos


logo após o naufrágio. O inquérito americano começou em 19 de abril,
sob a presidência do senador William Alden Smith,[175] enquanto o
inquérito britânico teve início em 2 de maio, sob a presidência de
lorde John Bigham, 1.º Barão Mersey.[176] Ambos chegaram a
conclusões amplamente semelhantes: os regulamentos sobre o
número de botes salva-vidas que navios deveriam carregar estavam
datados e inadequados,[177] o capitão Smith não deu a atenção
adequada aos avisos de gelo,[178] os botes não tinham sido preenchidos
de forma correta e a colisão foi um resultado direto do Titanic ter
entrado em uma área de perigo em uma velocidade muito elevada.
[177]
 O capitão Stanley Lord do Californian também foi criticado por
ambos os inquéritos por ter ignorado os fogos de artifício vistos por
sua tripulação e não ter prestado assistência ao Titanic.[179]
Todavia, os dois inquéritos concluíram que negligência por parte da
White Star Line não havia sido um fator. O inquérito americano chegou
a conclusão que todos os envolvidos estavam seguindo as práticas
habituais, dessa forma podendo apenas categorizar o desastre como
um "caso fortuito".[180] O inquérito britânico concluiu que Smith tinha
seguido as duradouras práticas que até então não haviam se
mostrado inseguras (com Mersey comentando que apenas os navios
britânicos na década anterior haviam transportado 3,5 milhões de
passageiros com apenas 73 mortos), e que ele tinha feito "apenas
aquilo que outro homem habilidoso teria feito na mesma posição". O
inquérito britânico se encerrou com um aviso: "O que foi erro no caso
do Titanic sem dúvida nenhuma será negligência em qualquer caso
similar no futuro".[137]
O desastre levou a grandes mudanças nas regulamentações
marítimas a fim de implementar novas medidas de segurança, como
garantir a presença de mais botes salva-vidas, que exercícios de
emergência fossem propriamente realizados e que os equipamentos
de rádio em navios comerciais fossem operados ininterruptamente. A
Patrulha Internacional do Gelo foi criada para monitorar a presença de
icebergs no Atlântico, com as regulamentações marítimas sendo
harmonizadas mundialmente pela Convenção Internacional para a
Salvaguarda da Vida Humana no Mar. Todas as medidas e
organizações permanecem ativas até hoje.[181]

Legado
Destroços
Ver artigo principal: Destroços do RMS Titanic
Até sua descoberta, acreditava-se que o Titanic tinha afundando
inteiro e, através dos anos, vários planos surgiram para levantá-lo do
fundo do mar. Nenhum virou realidade.[182] O problema fundamental era
a extrema dificuldade de se encontrar e alcançar destroços que estão
a quase quatro quilômetros da superfície em um local onde a pressão
da água pode matar em menos de um segundo.[183] Por décadas, várias
expedições foram organizadas para encontrar o navio, o que ocorreu
apenas em 1 de setembro de 1985, por uma expedição franco-
americana liderada por Robert Ballard.[184]
Destroços da proa do Titanic, junho de 2004

A equipe constatou que o Titanic tinha se partido em dois antes de


afundar. A proa e popa separadas estão a oitocentos metros de
distância uma da outra, em um desfiladeiro na plataforma continental,
650 quilômetros ao sudeste de Terra Nova. Eles estão localizados a
21 quilômetros de distância das coordenadas calculadas pelo quarto
oficial Boxhall e enviadas pelos operadores de rádio do Titanic durante
o naufrágio.[185]
Ambas as seções atingiram o fundo oceânico em alta velocidade,
fazendo com que a proa se amassasse e a popa desmoronasse
completamente. A proa é a parte mais bem conservada e ainda
contém um grande número de interiores intactos. Em contraste, a
popa está completamente destruída; seus conveses ruíram em cima
um do outro e grande parte das placas de aço do casco foram
arrancadas e estão jogadas pelo chão. A destruição muito maior da
popa provavelmente foi causada pelos danos estruturais que
ocorreram durante o naufrágio. Assim, o restante da popa foi achatada
ao atingir o fundo.[186]
As duas seções estão cercadas por um campo de detritos de
aproximadamente 8 km por 4,8 km. Ele contém milhares de itens,
como pedaços da embarcação, mobílias, louças e artefatos pessoais
que caíram do navio enquanto ele afundava ou que foram expelidos
quando ele atingiu o fundo do mar.[187] O campo de detritos também é o
local de descanso final de várias das vítimas do Titanic. A maioria dos
corpos e roupas foram consumidos por bactérias e criaturas marinhas,
deixando apenas pares de sapatos como o único sinal de que corpos
uma vez estiveram ali.[131]
Os destroços do Titanic têm sido visitados por vários times de
exploradores, cientistas, cineastas e turistas, com centenas de itens
tendo sido retirados para conservação e exibição pública. A condição
do navio tem deteriorado significantemente nos últimos anos,
parcialmente devido a danos acidentais causados por submarinos mas
principalmente por causa da acelerada taxa de crescimento de uma
bactéria comedora de ferro que vive no casco.[188] Estima-se que todo o
casco irá desmoronar nos próximos cinquenta anos, eventualmente
deixando apenas seus objetos mais resistentes como as hélices de
bronze, enquanto o resto vai se transformar em uma grande pilha de
ferrugem.[189]
Em seu centenário os restos do navio se enquadraram no escopo
da Convenção da UNESCO para a Proteção do Patrimônio Cultural
Subaquático. Isso significa que todos os países que assinaram a
convenção proíbem a pilhagem, exploração comercial, venda e
dispersão dos destroços e seus artefatos. Já que o Titanic está em
águas internacionais e não há nenhuma jurisdição exclusiva sobre a
área dos destroços, a convenção proporciona um sistema de
cooperação em que os países informam uns aos outros sobre
potenciais atividades relacionados ao navio, também cooperando para
impedir intervenções não-científicas e antiéticas.[190]
Cultura popular
Ver artigo principal: RMS Titanic na cultura popular
O Titanic acabou entrando para a história como um dos navios mais
famosos de todos os tempos. Por mais de cem anos tem sido a
inspiração para obras de ficção e não-ficção. Ele é lembrado em
monumentos para os mortos e em museus que exibem artefatos
tirados dos destroços. Logo em seguida ao naufrágio, cartões postais
memoriais foram vendidos aos milhares, assim
como memorabilias que iam de latas de doces, pratos, até ursos de
pelúcia pretos de luto.[191] Vários sobreviventes escreveram relatos
sobre suas experiências,[192] porém foi apenas em 1955 que o primeiro
livro historicamente preciso foi publicado: A Night to Remember de
Walter Lord.[193]
Uma das mais persistentes histórias a respeito do navio era o mito de
que ele era "inafundável", iniciado com o rumor de que no dia de seu
lançamento algum funcionário da empresa supostamente afirmara que
"Nem mesmo Deus poderia afundar este navio".[194] No
entanto, Titanic nunca foi descrito como inafundável até depois de seu
naufrágio.[195] De acordo com o sociólogo britânico Richard Howells,
este talvez seja o maior mito em torno do Titanic. Segundo ele, esse
entendimento foi essencialmente uma invenção da cultura popular
para fornecer um significado moral ao acidente.[196] Desta forma, a
história do Titanic se tornou mítica após o seu afundamento: "É um
mito retrospectivo, e isso faz com que seja uma história melhor. Se um
homem em seu orgulho constrói um navio inafundável
(como Prometeu roubando o fogo dos deuses), faz sentido mítico
perfeito que Deus esteja tão irritado com tal afronta a ponto de afundar
o navio com tudo dentro [...] Contrariamente à interpretação popular, a
White Star Line em momento algum fez quaisquer reivindicações
substantivas de que o Titanic era inafundável e ninguém realmente
falou sobre o navio ser inafundável até depois do acidente".[197] A
utilização de imagens do Olympic para noticiar o naufrágio do irmão
também alimentou teorias de conspiração e mistérios a seu respeito,
isso porque o Titanic não havia sido grande notícia até afundar. Simon
McCallum, curador do British Film Institute, afirma que isso fez com
que cineastas projetassem "suas próprias narrativas sobre o evento a
partir deste ponto de partida".[195]

O Titanic Belfast em 2012

O primeiro filme sobre o desastre, Saved from the Titanic, foi lançado


apenas 29 dias depois do naufrágio e era estrelado pela atriz e
sobrevivente Dorothy Gibson.[198] O filme britânico A Night to
Remember de 1958, baseado no livro homônimo, é ainda considerado
por muitos como a versão mais historicamente precisa do naufrágio.
[199]
 O filme de maior sucesso financeiro é Titanic de 1997, que se
tornou a maior bilheteria da história na época[200] e venceu onze Oscars,
incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor.[201]
O desastre do Titanic é lembrado por uma grande variedade de
memoriais e monumentos em homenagens às vítimas, erguidos em
países de língua inglesa, principalmente nas cidades que sofreram as
maiores perdas. Elas incluem Southampton, Belfast e Liverpool no
Reino Unido, Nova Iorque e Washington, D.C. nos Estados Unidos,
e Cobh (antiga Queenstown) na Irlanda.[202] Muitos museus ao redor do
mundo têm exibições sobre o Titanic. Na Irlanda do Norte, o principal
é o centro turístico Titanic Belfast, inaugurado em março de 2012,
erguido no mesmo local onde os três navios da Classe Olympic foram
construídos.[203]
A RMS Titanic Inc., que está autorizada a retirar partes dos destroços,
tem uma exibição permanente sobre o navio no Luxor Hotel em Las
Vegas, contando inclusive com um pedaço de 22 toneladas do casco.
A empresa também organiza uma exibição que viaja ao redor do
mundo.[204] Em Halifax, o Museu Marítimo do Atlântico mostra artefatos
recuperados do mar alguns dias depois do naufrágio, que incluem
pedaços de madeira dos painéis que adornavam a Sala de Estar da
Primeira Classe e uma espreguiçadeira original,[205] além de objetos
retirados dos corpos das vítimas.[206] O centenário do Titanic, em 2012,
foi marcado e celebrado por peças teatrais, programas de rádio,
documentários, exibições e viagens especiais para o local do
desastre, junto com selos e moedas comemorativas.[207][208][209]

Referências
1. ↑ Ballard, Robert; Archbold, Rick; Marshall, Ken (1998). Ghost Liners: Exploring
the World's Greatest Lost Ships. [S.l.]: Little, Brown Young Readers.
p. 74. ISBN 0316080209
2. ↑ Ir para:a b c d «FAQ». RMS Titanic, Inc. Consultado em 5 de outubro de 2015. Cópia
arquivada em 2007
3. ↑ Ir para:a b Piouffre 2009, p. 41
4. ↑ Ir para:a b c d e «L'histoire». Legag.com. Consultado em 5 de outubro de 2015.
Arquivado do original em 3 de março de 2016
5. ↑ Piouffre 2009, p. 50
6. ↑ Piouffre 2009, p. 49
7. ↑ Ir para:a b Piouffre 2009, p. 44
8. ↑ Chirnside 2004, p. 14
9. ↑ Ir para:a b «Construction, lancement et essais du Titanic». Le Site du Titanic.
Consultado em 5 de outubro de 2015
10. ↑ Chirnside 2004, p. 19
11. ↑ Piouffre 2009, p. 46
12. ↑ Piouffre 2009, p. 52
13. ↑ Chirnside 2004, p. 42
14. ↑ Piouffre 2009, p. 59
15. ↑ Piouffre 2009, p. 60
16. ↑ Piouffre 2009, p. 61
17. ↑ Piouffre 2009, p. 70
18. ↑ Chirnside 2004, p. 71
19. ↑ Piouffre 2009, p. 71
20. ↑ Chirnside 2004, p. 319
21. ↑ Chirnside 2004, p. 296
22. ↑ «Quelques questions et réponses». Legag.com. Consultado em 5 de outubro de
2015. Arquivado do original em 3 de março de 2016
23. ↑ «Exhibit: Titanic Memorandum». National Archives and Records Administration.
Consultado em 5 de outubro de 2015
24. ↑ «Le R.M.S. TITANIC». Association Française du Titanic. Consultado em 5 de
outubro de 2015
25. ↑ Piouffre 2009, p. 54
26. ↑ Chirnside 2004, p. 330
27. ↑ «Historie d'une cheminée». Le Site du Titanic. Consultado em 5 de outubro de
2015
28. ↑ Ir para:a b «La passerelle de navigation du Titanic». Le Site du Titanic. Consultado
em 5 de outubro de 2015
29. ↑ Chirnside 2004, p. 22
30. ↑ Chirnside 2004, p. 24
31. ↑ «L'installation téléphonique du Titanic». Le Site du Titanic. Consultado em 5 de
outubro de 2015
32. ↑ «Les suites des millionnaires». Le Site du Titanic. Consultado em 6 de outubro
de 2015
33. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 32
34. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 31
35. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 45
36. ↑ Chirnside 2004, p. 26
37. ↑ Chirnside 2004, p. 25
38. ↑ Chirnside 2004, p. 11
39. ↑ Ir para:a b «Les canots de sauvetage du Titanic». Le Site du Titanic. Consultado em 6
de outubro de 2015
40. ↑ Piouffre, Gérard (13 de abril de 2012). «Il y a 100 ans: le naufrage du
Titanic». Au cœur de l'histoire
41. ↑ Piouffre 2009, p. 38
42. ↑ Piouffre 2009, p. 283
43. ↑ Piouffre 2009, p. 97
44. ↑ «Mr Joseph Bruce Ismay». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro
de 2015
45. ↑ «Mr Thomas Andrews Jr». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro
de 2015
46. ↑ «Colonel John Jacob Astor». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro
de 2015
47. ↑ «Mrs Margaret Brown (Molly Brown) (née Tobin)». Encyclopedia Titanica.
Consultado em 6 de outubro de 2015
48. ↑ «Mr Benjamin Guggenheim». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de
outubro de 2015
49. ↑ «Mr Jacques Heath Futrelle». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de
outubro de 2015
50. ↑ «Sir Cosmo Edmund Duff Gordon (Mr Morgan)». Encyclopedia Titanica.
Consultado em 6 de outubro de 2015
51. ↑ «Colonel Archibald Gracie IV». Encyclopedia Titanic. Consultado em 6 de
outubro de 2015
52. ↑ «Mr Richard Norris II Williams». Encyclopedia Titanic. Consultado em 6 de
outubro de 2015
53. ↑ «Major Archibald Willingham Butt». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de
outubro de 2015
54. ↑ «Canceled Passages Aboard Titanic». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6
de outubro de 2015
55. ↑ Masson 1998, p. 15
56. ↑ «Mr Lawrence Beesley». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro de
2015
57. ↑ «Mr Michel Navratil (Louis M. Hoffman)». Encyclopedia Titanica. Consultado em
6 de outubro de 2015
58. ↑ Adams, Simon (1999). Titanic. [S.l.]: Gallimard. p. 31. ISBN 2070527549
59. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 34
60. ↑ Piouffre 2009, p. 96
61. ↑ «Le Personnel de Pont». Le Site du Titanic. Consultado em 6 de outubro de
2015
62. ↑ «Les Mécaniciens». Le Site du Titanic. Consultado em 6 de outubro de 2015
63. ↑ «Le Personnel d'Avitaillement». Le Site du Titanic. Consultado em 6 de outubro
de 2015
64. ↑ «Le Personnel du Restaurant à la Carte». Le Site du Titanic. Consultado em 6 de
outubro de 2015
65. ↑ Chirnside 2004, p. 46
66. ↑ «Mr Henry Tingle Wilde». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro de
2015
67. ↑ «Titanic's Officer Reshuffle». Titanic-Titanic.com. Consultado em 6 de outubro de
2015. Arquivado do original em 6 de novembro de 2015
68. ↑ Wade, Laurence V. (30 de abril de 2003). «Lookouts: The Human
Perspective». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro de 2015
69. ↑ «Titanic Officers and Deck Crew». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de
outubro de 2015
70. ↑ «Mr Joseph Bell». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro de 2015
71. ↑ Masson 1998, p. 43
72. ↑ Chirnside 2004, p. 142
73. ↑ «Titanic Stewards, Kitchen and Victualling Crew». Encyclopedia Titanica.
Consultado em 6 de outubro de 2015
74. ↑ Ir para:a b Piouffre 2009, p. 86
75. ↑ «Mr Hugh Walter McElroy». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro
de 2015
76. ↑ «Mr John George Phillips». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro
de 2015
77. ↑ «Mr Harold Sydney Bride». Encyclopedia Titanica. Consultado em 6 de outubro
de 2015
78. ↑ «Titanic's Band». Titanic-Titanic.com. Consultado em 6 de outubro de 2015
79. ↑ Piouffre 2009, p. 75
80. ↑ Piouffre 2009, p. 79
81. ↑ Piouffre 2009, p. 80
82. ↑ Piouffre 2009, p. 83
83. ↑ Chirnside 2004, p. 36
84. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 22
85. ↑ Chirnside 2004, p. 141
86. ↑ Ir para:a b Brewster & Coulter 1999, p. 24
87. ↑ Chirnside 2004, p. 306
88. ↑ Piouffre 2009, p. 108
89. ↑ Piouffre 2009, p. 109
90. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 16
91. ↑ Piouffre 2009, p. 85
92. ↑ Eaton, John P. (23 de agosto de 2005). «A Captain's Career». Encyclopedia
Titanica. Consultado em 6 de outubro de 2015
93. ↑ Piouffre 2009, pp. 121–122
94. ↑ Piouffre 2009, p. 127
95. ↑ Chirnside 2004, p. 145
96. ↑ Ir para:a b «Les avis de glace reçus par le Titanic». Le Site du Titanic. Consultado em
6 de outubro de 2015
97. ↑ «Voyage Titanic Route Map». airfreshener.club (em inglês). Consultado em 3 de
maio de 2019
98. ↑ Piouffre 2009, p. 23
99. ↑ Ryan, Paul R. (1985). «The Titanic Tale». Hole Oceanographic
Institution. Oceanus. 4 (28): 10
100. ↑ Halpern, Samuel (2011). «"Account of the Ship's Journey Across the
Atlantic"». Report into the Loss of the SS Titanic: A Centennial Reappraisal.
Stroud: The History Press. p. 85. ISBN 978-0-7524-6210-3
101. ↑ «British Wreck Commissioner's Inquiry Day 3: Testimony of Frederick
Barrett». Titanic Inquiry Project. Consultado em 12 de fevereiro de 2016
102. ↑ Chirnside 2004, p. 156
103. ↑ Barczewski 2006, p. 191
104. ↑ Brown, David G. (2000). The Last Log of the Titanic. Nova Iorque:
McGraw-Hill Professional. p. 67. ISBN 978-0-07-136447-8
105. ↑ Halpern & Weeks 2011, p. 100
106. ↑ Ir para:a b Chirnside 2004, p. 159
107. ↑ Barczewski 2006, p. 143
108. ↑ Butler 1998, p. 71
109. ↑ Ir para:a b Aldridge, Rebecca (2008). The Sinking of the Titanic. Nova Iorque:
Infobase Publishing. pp. 56, 86. ISBN 978-0-7910-9643-7
110. ↑ Halpern & Weeks 2011, p. 112
111. ↑ Broad, William J. (8 de abril de 1997). «Toppling Theories, Scientists Find
6 Slits, Not Big Gash, Sank Titanic». The New York Times. Consultado em 7 de
outubro de 2015
112. ↑ «What really sank the Titanic?». 26 de setembro de 2008. Consultado em
7 de outubro de 2015
113. ↑ Broad, William J. (15 de abril de 2008). «In Weak Rivets, a Possible Key
to Titanic's Doom». The New York Times. Consultado em 7 de outubro de 2015
114. ↑ Butler 1998, pp. 67–69
115. ↑ Bartlett 2011, p. 120
116. ↑ Ir para:a b Barczewski 2006, p. 20
117. ↑ Bartlett 2011, p. 121
118. ↑ Barczewski 2006, p. 18
119. ↑ Bartlett 2011, p. 124
120. ↑ Mowbray, Jay Henry (1912). Sinking of the Titanic. Harrisburg: The Minter
Company. p. 279
121. ↑ Butler 1998, pp. 250–252
122. ↑ Barczewski 2006, p. 21
123. ↑ Ir para:a b Lord, Walter (1976). A Night to Remember. Londres: Penguin
Books. pp. 73–78. ISBN 978-0-14-004757-8
124. ↑ Butler 1998, p. 226
125. ↑ Bartlett 2011, p. 150
126. ↑ Bartlett 2011, p. 147
127. ↑ Bartlett 2011, p. 145
128. ↑ Bartlett 2011, p. 152
129. ↑ Butler 1998, p. 98
130. ↑ Barczewski 2006, p. 284
131. ↑ Ir para:a b c Ballard, Robert (1987). The Discovery of the Titanic. Nova Iorque:
Warner Books. pp. 26, 42. ISBN 978-0-446-51385-2
132. ↑ Eaton, John P.; Haas, Charles A. (1999). Titanic: Triumph and Tragedy.
Wellingborough: Patrick Stephens. pp. 153–154, 327–330. ISBN 978-1-85260-493-
6
133. ↑ «United States Senate Inquiry Day 9: Testimony of Arthur J.
Bright». Titanic Inquirt Project. Consultado em 7 de outubro de 2015
134. ↑ «United States Senate Inquiry Day 10: Testimony of Hugh
Woolner». Titanic Inquirt Project. Consultado em 7 de outubro de 2015
135. ↑ Butler 1998, p. 130
136. ↑ Barratt, Nick (2010). Lost Voices From the Titanic: The Definitive Oral
History. Londres: Random House. p. 131. ISBN 978-1-84809-151-1
137. ↑ Ir para:a b Lynch, Donald (1998). Titanic: An Illustrated History. Nova Iorque:
Hyperion. pp. 117, 189. ISBN 978-0-7868-6401-0
138. ↑ Barczewski 2006, p. 28
139. ↑ Halpern & Weeks 2011, p. 119
140. ↑ Butler 1998, p. 139
141. ↑ «Third Officer Herbert John Pitman of the Titanic». Titanic-Titanic.com.
Consultado em 30 de julho de 2015. Arquivado do original em 31 de março de
2018
142. ↑ «British Wreck Commissioner's Inquiry Day 5: Testimony of Thomas
Ranger». Titanic Inquiry Project. Consultado em 8 de outubro de 2015
143. ↑ Bartlett 2011, pp. 226–227
144. ↑ Bartlett 2011, p. 230
145. ↑ Butler 1998, pp. 144–145
146. ↑ Bartlett 2011, p. 232
147. ↑ Bartlett 2011, p. 231
148. ↑ Bartlett 2011, p. 238
149. ↑ Bartlett 2011, pp. 240–241
150. ↑ Butler 1998, p. 140
151. ↑ Butler 1998, p. 154
152. ↑ Ir para:a b Butler 1998, p. 156
153. ↑ Butler 1998, p. 155
154. ↑ Butler 1998, p. 160
155. ↑ Ir para:a b Bartlett 2011, p. 266
156. ↑ Barczewski 2006, p. 266
157. ↑ Björkfors, Peter (2004). «"The Titanic Disaster and Images of National
Identity in Scandinavian Literature"». In: Bergfelder, Tim; Street, Sarah. The Titanic
in Myth and Memory: Representations in Visual and Literary Culture. Londres: I.B.
Tauris. p. 59. ISBN 978-1-85043-431-3
158. ↑ Beesley, Lawrence (1960). «"The Loss of the SS. Titanic; its Story and its
Lessons"». The Story of the Titanic as told by its Survivors. Londres: Dover
Publications. p. 81. ISBN 978-0-486-20610-3
159. ↑ Butler 1998, p. 173
160. ↑ Barczewski 2006, pp. 221–222
161. ↑ Butler 1998, p. 239
162. ↑ Lord, Walter (2005). A Night to Remember. Nova Iorque: St. Martin's
Griffin. p. 197. ISBN 978-0-8050-7764-3
163. ↑ Bingham, John (1999). The Loss of the Titanic, 1912. Londres: The
Stationery Office. p. 197. ISBN 978-0-11-702403-8
164. ↑ Howells, Richard Parton (1999). The Myth of the Titanic. Nova Iorque:
Palgrave Macmillan. p. 94. ISBN 978-0-312-22148-5
165. ↑ Copping, Jasper (19 de janeiro de 2014). «Lost child of the Titanic and
the fraud that haunted her family». The Telegraph. Consultado em 8 de outubro de
2015
166. ↑ Georgiou, Ioannis (2000). «The Animals on board the Titanic». British
Titanic Society. Atlantic Daily Bulletin. ISSN 0965-6391
167. ↑ «Les chroniques météo de l'année 1912...». Météo Paris. Consultado em
8 de outubro de 2015
168. ↑ Masson 1998, p. 112
169. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 42
170. ↑ Ir para:a b McCarty, Jennifer Hooper; Foecke, Tim (2008). What Really Sank
the Titanic : New Forensic Discoverie. [S.l.]: Citadel Press Inc. p. 320. ISBN 978-
0806528953
171. ↑ Felkins, Katherine; Leighly Jr., H. P.; Jankovic, A. (1998). «The Royal Mail
Ship Titanic: Did a Metallurgical Failure Cause a Night to
Remember?». JOM. 50 (1): 12–18
172. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 73
173. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 72
174. ↑ Piouffre 2009, p. 169
175. ↑ Butler 1998, p. 181
176. ↑ Butler 1998, p. 192
177. ↑ Ir para:a b Butler 1998, p. 195
178. ↑ Butler 1998, p. 189
179. ↑ Butler 1998, pp. 191, 196
180. ↑ Barczewski 2006, p. 67
181. ↑ Chirnside 2004, p. 322
182. ↑ Ward 2012, p. 166
183. ↑ Spignesi 2012, p. 221
184. ↑ Ward 2012, pp. 171–172
185. ↑ Halpern & Weeks 2011, pp. 126–127
186. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 56
187. ↑ Brewster & Coulter 1999, p. 83
188. ↑ Ward 2012, p. 171
189. ↑ Crosbie, Duncan; Mortimer, Sheila (2006). Titanic: The Ship of Dreams.
Nova Iorque: Orchard Books. p. última. ISBN 978-0-439-89995-6
190. ↑ «The wreck of the Titanic is protected by UNESCO from 15 April 2012
onwards....». UNESCO. Consultado em 8 de outubro de 2015
191. ↑ Maniera, Leyla (2003). Christie's Century of Teddy Bears. Londres:
Pavilion. p. 50. ISBN 978-1-86205-595-7
192. ↑ Rasor, Eugene L. (2001). The Titanic: Historiography and Annotated
Bibliography. Wesrport: Greenwood Publishing Group. p. 77. ISBN 978-0-313-
31215-1
193. ↑ Biel, Steven (19 de abril de 2012). «"A Night to Remember" captured the
Titanic story like no other». Denver Post. Consultado em 8 de outubro de 2015
194. ↑ «The Titanic in Documents and Photographs». National Archives.
Consultado em 6 de outubro de 2015
195. ↑ Ir para:a b «Five Titanic myths spread by films». BBC. 12 de abril de 2012.
Consultado em 30 de janeiro de 2016
196. ↑ «The Unsinkable Myth». The Public Domain Review. Consultado em 30
de janeiro de 2016
197. ↑ Howells, Richard (2012). The Myth of the Titanic: Centenary Edition. [S.l.]:
Palgrave Macmillan. ISBN 978023031380-4
198. ↑ Spignesi 2012, p. 267
199. ↑ Heyer, Paul (2012). Titanic Century: Media, Myth, and the Making of a
Cultural Icon. Santa Barbara: ABC-CLIO. p. 104. ISBN 978-0-313-39815-5
200. ↑ Parisi, Paula (1998). Titanic and the Making of James Cameron. Nova
Iorque: Newmarket Press. p. 223. ISBN 978-1-55704-364-1
201. ↑ «1998: The 70th Academy Award Winners». Oscars. Consultado em 8 de
outubro de 2015
202. ↑ Spignesi 2012, pp. 262–263
203. ↑ «New Titanic Belfast complex opens». BBC. 31 de março de 2012.
Consultado em 8 de outubro de 2015
204. ↑ Ward 2012, p. 252
205. ↑ Ward 2012, p. 251
206. ↑ Spignesi 2012, p. 261
207. ↑ «Titanic anniversary: the day Southampton went silent». The Telegraph.
28 de março de 2012. Consultado em 8 de outubro de 2015
208. ↑ «Cruise to mark Titanic centenary». BBC. 15 de abril de 2009. Consultado
em 8 de outubro de 2015
209. ↑ «Titanic Centenary 1912-2012». Gibraltar Stamps. Consultado em 8 de
outubro de 2015

Bibliografia
 Barczewski, Stephanie (2006). Titanic: A Night Remembered. Londres: Continuum
International Publishing Group. ISBN 978-1-85285-500-0
 Bartlett, W.B. (2011). Titanic: 9 Hours to Hell, the Survivors' Story. Stroud: Amberley
Publishing. ISBN 978-1-4456-0482-4
 Brewster, Hugh; Coulter, Laurie (1999). Tout ce que vous avez toujours voulu savoir
sur le Titanic. [S.l.]: Glénat. ISBN 2723428826
 Butler, Daniel Allen (1998). Unsinkable: The Full Story of RMS Titanic. Mechanicsburg:
Stackpole Books. ISBN 978-0-8117-1814-1
 Chirnside, Mark (2004). The ‘Olympic’ Class Ships: Olympic, Titanic & Britannic.
Stroud: Tempus. ISBN 0-7524-2868-3
 Halpern, Samuel; Weeks, Charles (2011). Halpern, Samuel, ed. Report into the Loss of
the SS Titanic: A Centennial Reappraisal. Stroud: The History Press. ISBN 978-0-
7524-6210-3
 Masson, Phillipe (1998). Le Drame du Titanic. [S.l.]: Tallandier. ISBN 9782266085199
 Piouffre, Gérard (2009). Le Titanic ne répond plus. [S.l.]:
Larousse. ISBN 9782035841964
 Spignesi, Stephen J. (2012). The Titanic For Dummies. Hoboken: John Wiley &
Sons. ISBN 978-1-118-20651-5
 Ward, Greg (2012). The Rough Guide to the Titanic. Londres: Rough Guides
Ltd. ISBN 978-1-4053-8699-9

Ligações externas
Outros projetos Wikimedia também contêm
material sobre este tema:

Categoria no Commons

Notícias no Wikinotícias

 «Titanic Historical Society» (em inglês)


 «Encyclopedia Titanica» (em inglês)
 «Titanic Inquiry Project» (em inglês)
 «Titanic-Titanic.com» (em inglês)
 «RMS Titanic» (em inglês). no MaritimeQuest
[Expandir]

RMS Titanic

[Expandir]

Classe Olympic

[Expandir]
 Navios da White Star Line

[Expandir]

Maiores Navios de Passageiros do Mundo


  Portal do Reino Unido
 

  Portal náutico
: Q25173
WorldCat
VIAF: 264840228
BIBSYS: 98017728
BNE: XX226501
BNF: 12069856p
CANTIC: 981058614990606706
EBID: ID
FAST: 522117
GND: 4121777-9
LCCN: n50082026
NLA: 52369553
SNAC: w6zk9cf5
BNB: 000369362
NLI: 001697465
NLA: 1516123
NLW: titanic-steamship
Categorias: 
 RMS Titanic
 Transatlânticos
 Navios de 1911
 Navios construídos pela Harland and Wolff
 Navios construídos em Belfast
 Navios da White Star Line
 Navios de passageiros do Reino Unido
 Navios a vapor do Reino Unido
 Naufrágios no oceano Atlântico
 Navios afundados em colisões
 Acidentes marítimos de 1912
 Arqueologia de naufrágios
 Esta página foi editada pela última vez às 01h47min de 29 de setembro de 2022.
 Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não
Adaptada (CC BY-SA 3.0) da Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais.
Para mais detalhes, consulte as condições de utilização.

Você também pode gostar