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Introdução

O surgimento do transporte ferroviário trouxe um impacto muito marcante na evolução da


história da humanidade a partir dos primeiro indícios de uso desse modal de transporte.

Embora tenha suas particularidades, existem prós e contras para ambos, principalmente no
que se diz respeito aos custos e a eficiência. Já o modal ferroviário apresenta uma melhor
vantagem em distâncias longas e para grandes volumes de produtos. Sua eficiência energética
é muito superior à do modal rodoviário, resultando ser um factor benéfico para o meio
ambiente, entretanto, o seu custo para instalação é muito maior que o rodoviário. Os
principais produtos transportados são matérias-primas e insumos em grandes quantidades a
longas distâncias.

A maior desvantagem do transporte ferroviário é a flexibilidade, pois muitas vezes não há


integração nas linhas férreas que leve um produto do início ao fim da sua cadeia logística. As
perspectivas futuras para o transporte de cargas estão moldadas na integração entre os modais,
para que se tenha uma melhor eficiência e aproveitamento das melhores características de
cada um dos modais.

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Transporte
O transporte é definido como o deslocamento, seja de pessoas e/ou bens, de um lugar a outro
do espaço, ao longo de um percurso, durante certo período de tempo.

Via férrea

Consiste no conjunto das instalações e equipamentos que compõem as partes da ferrovia onde
circulam os trens.

Estrutura das vias

A infra-estrutura é resultado das obras de terraplenagem, abarcando subleito e o leito, além de


camadas superiores com tratamento mecanizado, que visam oferecer maior capacidade de
suporte à superestrutura.

A superestrutura é formada pelo conjunto de trilhos montados e fixados sobre os dormentes


que se apoiam sobre o balastro e o sub-balastro, e se destina a assegurar o rolamento seguro
dos veículos, bem como a distribuição de suas cargas sobre a infra-estrutura de forma a evitar
pressões excessivas, além ainda de auxiliar a drenagem superficial.

Figura1: Estrutura de caminhos de ferro

Transporte Ferroviário
O Transporte Ferroviário é aquele realizado por veículos que percorrem linhas de ferro,
composta por carris (Ballou, 2014).
Eles são indicados para transportar cargas pesadas (minérios, produtos agrícolas, siderúrgicos,
alimentares) e pessoas a médios e longas distâncias.

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Mendes (2013), o transporte ferroviário é aquele realizado por veículos ferroviários,
agrupados em locomotivas e vagões, tendo capacidade de juntar várias unidades para sua
transformação numa composição de alta capacidade de transportes de carga, que é a sua
principal vantagem.
O transporte ferroviário é o segundo modo de transporte terrestre mais utilizado, tanto para
pessoas como cargas, que opera em trens que circulam por vias férreas.

Historial do transporte ferroviário


Os dados relativos à evolução do Caminho de Ferro (CF) apresentam indícios de que este
nasceu na era dos romanos, muito embora não se possa afirmar que foram estes ou os gregos
que idealizaram o CF. Nenhum destes componentes tinha mais do que sessenta anos quando
apareceram juntos pela primeira vez em 1830 em Liverpool e Manchester (Teixeira 2016).

O Início dos trilhos

No século VI a.C., na Grécia Antiga, apareceram vestígios da primeira via-férrea, o conceito


nessa altura não assentava numa via com duas linhas de ferro.

Nessa altura, o primeiro transporte que se assemelhava a uma carruagem de transporte era
puxado por escravos como força de tracção, através de sulcos de calcário, que funcionavam
como carris, e mais tarde, surgem variantes desta com linhas em madeira e, por vezes, em
pedra.

Figura 2: Sulcos de Calcário Figura 3: Sulcos de Calcário

A via-férrea começou como uma estrada deliberadamente concebida com sulcos de calcário,
que permitia orientar as rodas dos veículos que neles circulavam.

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Contributo das Minerações nos Caminhos de Ferro
Apesar dos primeiros vestígios reportarem à época da Grécia Antiga, outras áreas e
necessidades aguçaram o engenho e deram o seu contributo para o desenvolvimento e
aparecimento do verdadeiro sentido do CF.

Mas foi o caso das indústrias de mineração, dos tempos ancestrais que teve grande
importância e relevo, nomeadamente a mineração de ouro romana no noroeste de Espanha e
em Portugal.

Estas minas foram um enorme negócio, sendo que uma das primeiras minerações mais
conhecidas foi a Três Minas, em Vila Pouca de Aguiar, Portugal. Esta teve início no século I
d.C. e contava com dois grandes poços de exploração a céu aberto, cada um com 400 metros
de comprimento.

Figura 4: Três minas Figura 5: Três minas

Este transporte era efetuado com recurso a um método em tudo similar ao de Diolkos, com
sulcos marcados no chão e, por vezes, em madeira, traccionados com força humana ou
animal.

Mas foi Três Minas que evidenciou as questões mais fascinantes no contexto do
desenvolvimento dos Caminhos de Ferro. Quando estes surgiram ou reapareceram no final da
Idade Média, nas minas de metais e subterrâneos até à entrada das galerias, com carrinhos
empurrados à mão. Assim, a única diferença é que, enquanto os sulcos de Três Minas são
rasgados na rocha, as calhas posteriores são feitas em madeira.

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As Vias Férreas após o Império Romano
O período após a queda do Império Romano é marcado por uma ausência de dados
relativamente à evolução da Via Férrea, sendo que em 1504 que surge novamente indicadores
relativos aos caminhos de ferro.

Até ao início da Revolução Industrial, as vias foram feitas em madeira. Com o tempo, tornou-
se prática comum cobrir os mesmos com um revestimento fino de ferro de modo a conferir
durabilidade e reduzir o atrito da respectiva via. Contudo, o desgaste dos rolos de madeira era
maior e o peso da carga levava à deformação da via.

Em 1671, foi construída a Wagon Tanfield (ou Tanfield Railway), uma via férrea de bitola
padrão, que ligava Gateshead e Country Durhan, Inglaterra, até a um cais de madeira no rio
Tyne. Esta era constituída por trilhos de madeira, rectos e paralelos, em cima dos quais
circulavam as caroças de madeira, com rodas de ferro, puxados por cavalos. Esta via servia
para transporte de minério (carvão).

Figura 6: Ilustração de caroças de madeira com rodas de ferro puxadas por tracção animal

Mas o desgaste dos trilhos de madeira era muito grande à medida que o peso transportado
aumentava.

Assim, em 1767, a empresa Coalbrookdale Iron Works, começou a reforçar a via em madeira
com barras de ferro, de forma a reduzir custos de manutenção e facilitar a passagem dos
vagões, e estes começaram a construir as vias com barras de ferro.

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Figura 7: Inicio de construção de vias com barras de ferro

E em 1789 começou com as primeiras aplicações de trilhos de metal, em busca de soluções


para evitar o rápido desgaste dos trilhos e rodas

. Mais em diante, também o ferro fundido se mostrou pouco eficaz e duradouro devido ao
rápido desgaste, tendo sido substituído por aço.

Era do vapor
O século XVII marcou o registo uma primeira alteração no que diz respeito à tracção deste
transporte, onde foi realizada a substituição da força animal por uma força mecânica, aplicada
às rodas, com recurso à energia gerada pelo vapor, o princípio físico observado por Denis
Papin, tornando-se numa solução comercial, graças ao motor concebido por James Watt.

Mas antes de ser utilizado nos trilhos, as tentativas do uso de tracção a vapor foram realizadas
nas estradas. O Francês Nicholas Cugnot construiu um modelo para transportar as peças de
artilharia na estrada; o protótipo alcançou os 4 km, mas terminou contra uma parede, tendo
sido banido pelas autoridades locais que as reconheceram como um veículo perigoso.

A forte procura pelo carvão e ferro estimulou a investigação e a experimentação de novos


materiais e mecanismos, resultando na substituição da tracção animal pela tracção mecânica
de vapor. A invenção dos trilhos, do motor a vapor e da locomotiva, marcou, para a época,
uma revolução no sistema de transporte, já que o transporte se operava com recurso à tracção
animal. Toda esta conjuntura fez com que a GB fosse considerada a pátria da ferrovia.

Em 1796 um engenheiro mecânico especialista em mineração, Richard Trevithick consturoi a


primeira locomotiva a vapor em miniatura. Em 1801 esta maquina foi apelidada The Puffing
Devil (“o sopro do Diabo”), devido aos “sopros” de vapor violentos, o que gerava medo nos
espectadores.

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Figura 9: primeira locomotiva a vapor
Figura 8: Richard Trevithick e a Primeira
locomotiva a vapor

Mas até a essa altura os estudiosos acreditavam tratar-se de uma tecnologia arriscada devido
ao facto da alta temperatura gerada pela maquina que podia causar explosões perigosas. E
para algumas empresas mineradoras acreditavam ser uma tecnologia viável, embora ariscada
devido ao que podia acontecer com aquecimento da maquina, e assim sendo, começaram a
investir nas ideias de alguns cientistas a fim de melhorarem as capacidades inovadoras da
maquina, assim como minimizarem os tais impactos previstos como perigosos.

E assim sendo, estudos foram realizados e em 1804, o cientista Trevithick foi capaz de
accionar um motor a vapor com um cilindro, fazendo-o circular nos trilhos de ferro fundido,
ao longo de um percurso de 16 km, a uma velocidade de cerca de 4 km/h, e podia até
transportar 10 toneladas de ferro, 70 passageiros e 5 vagões.

Figura 10: Locomotiva accionada um motor a vapor

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Mas como ainda mostrava-se ser inseguro o transporte de passageiros por estas maquinas em
1807 que entrou em funcionamento a primeira ferrovia para o transporte de passageiros, mas
com tracção de cavalos, mas ainda os estudos continuavam para o aperfeiçoamento das
locomotivas.

Figura 11.

Transporte ferroviário em Moçambique


Originou por volta de 1892, como consequência de um tratado assinado entre Portugal e a
Inglaterra, uma companhia britânica controlada por Cecil Rhodes e pela sua BSAC iniciou a
construção de uma ferrovia entre o porto moçambicano da Beira e a fronteira Rodesiana.
Apesar dos receios de desnacionalização dos territórios portugueses, a construção e operação
foram conduzidas praticamente sem fiscalização das autoridades nacionais. A linha nada
custou ao tesouro português e a sua operação transfronteiriça tornou-se bastante eficiente
(Teixeira, 2016).

Nos dias actuais conhecidas como Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) é uma
empresa pública, especializada em administração logística, que gere os sistemas ferroviários e
portuários moçambicanos.

O sistema ferroviário foi desenvolvido, inicialmente, para servir seis portos: Maputo-Matola,
Beira, Nacala, Xai-Xai, Inhambane e Quelimane.

A CFM descende da "Direcção dos Serviços dos Portos e Caminhos de Ferro da Colónia de
Moçambique", este foi um órgão criado pelo diploma legislativo em 1931. O órgão tinha o
papel de unificar os serviços logísticos da colônia.

No transporte ferroviário são utilizados alguns tipos de veículos, como locomotivas e vagões,
a Associação Nacional dos Transportes Ferroviário (ANTF) em sua página na internet nos
traz três tipos de locomotivas, são eles:

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As locomotivas:

Locomotivas a vapor - Utilizam o vapor sob pressão para accionar os êmbolos. A energia
para produção do vapor na caldeira vem da fornalha localizada mais atrás, queimando
combustível carvão, lenha ou óleo que fica armazenado no tender, junto com a água para
abastecimento constante da caldeira.

Locomotivas eléctricas - Captam a energia da rede aérea por um pantógrafo, ou do terceiro


trilho por uma sapata lateral, e através de equipamentos de controle alimenta os motores de
tracção.

Locomotivas a diesel nestas locomotivas, o motor diesel acciona um gerador que produz a
energia eléctrica destinada aos motores.

Os vagões:

 Vagões tipo fechado  Vagões tipo plataforma


 Vagões tipo gôndola  Vagões tipo tanque
 Vagões tipo hopper  Vagões especiais
 Vagões tipo isotérmico

Com o passar do tempo os transportes ferroviários foram evoluindo e estão evoluindo, se


imigrando em todos países, por causa da comercialização o transporte ferroviário tem uma
evolução observada no CF e no comboio apontam para um desenvolvimento futuro promissor,
com mudanças inimagináveis. Pelo facto de o transporte público ter adquirido uma grande
importância nas sociedades atuais, novas tendências futuras emergiram, com o intuito de
proporcionar um transporte rápido e seguro. (Keedi, 2004).

Locomotivas nos dias actuais

Figura 12. Figura 13. Figura 14.

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As principais características do transporte ferroviário
O transporte ferroviário caracteriza-se, especialmente, por sua capacidade de transportar
grandes volumes, com elevada eficiência energética, principalmente em casos de
deslocamentos a médias e grandes distâncias. Apresenta, ainda, maior segurança, em relação
ao transporte rodoviário, com menor índice de acidentes e menor incidência de furtos e
roubos. São cargas típicas do transporte ferroviário (Ballou, 2014).

Dentre as características do transporte ferroviário, Santos e Silva (2015, p. 93) apresentam os


seguintes:

 Grande capacidade de carga; ocorrem poucos acidentes, furtos e


 Adequado para grandes distâncias; roubos;
 Elevada eficiência energética;  Transporte lento devido às suas
 Alto custo de implantação; operações de carga e descarga;
 Baixo custo de transporte;  Baixa flexibilidade com a pequena
 Baixo custo de manutenção; extensão da malha;
 Possui maior segurança em relação  Pouco poluente.
ao modal rodoviário, visto que

Vantagens e desvantagens do transporte ferroviário

Apesar dos investimentos para a construção e implementação das linhas férreas sejam altos,
os transportes ferroviários são mais seguros, e de baixo impacto ambiental.

Vantagens
Para Teixeira (2016), apresenta as seguintes vantagens:
 Baixo custo, devido à baixa incidência de taxas e combustível mais em conta;
 Capacidade alta de carga;
 Mais segurança no transporte de mercadorias e menor risco de acidentes;
 Menor custo de transporte para grandes distâncias;
 Sem problema de congestionamento;
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 Terminais de carga próximos das fontes de produção;
 Adequado para produto de baixo valor agregado e alta densidade;
 Adequando para grandes volumes;
 Transporte de vários tipos de produtos;
 Independe das condições atmosféricas e
 Eficaz em termos energéticos.

Desvantagens
Mesmo apos apresentar diversos benefícios, o transporte ferroviário também apresenta as suas
desvantagens, as quais mencionams a seguir:
 Não possui flexibilidade de percurso;
 Necessidade maior de transbordo;
 Elevada dependência de outros transportes;
 Pouco competitivo para pequenas distâncias;
 Horários pouco flexíveis e
 Elevados custos de manuseio e manutenção.

Mendes (2013), apresenta as seguintes vantagens e desvantagens deste modal:


Suas principais vantagens:
 Capacidade de transportar grandes lotes de mercadorias;
 Fretes baixos crescentes, de acordo com volume transportado;
 Promove estoques em trânsitos.
Principais Desvantagens:
 Tempo de viagem demorado;
 Custo elevado quando há necessidade de transbordo
 Depende da disponibilidade de material rodante;
 Baixa flexibilidade de rotas;
 Alta exposição a furto

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Conclusão
Com o presente estudo foi possível notar que um dos principais objectivos da logística seja o
de conceber meios para entregar produtos de uma fonte fornecedora para um destinatário
final, fazendo isso em um tempo hábil e com os menores custos possíveis. O principal ponto
da logística nesse sentido diz respeito ao transporte, que é o verdadeiro responsável pelo
trânsito de mercadorias pelos territórios. Os tipos de transporte são chamados de modais, que
podem ser rodoviários, ferroviários, hidroviários, aeroviários e ductoviários.

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Referencias Bibliográficas
Teixeira, Nuno Miguel Guedes. (2016), Sistema de Transporte Ferroviário: Evolução e
perspectivas de desenvolvimento.

Ballou. Ronald H (2014). Logística Empresarial: transportes, administração de materiais e


distribuição física. 1ª edição. São Paulo. Brasil. Editora Atlas S.A.

Keedi, Samir; Mendonça, Paulo C. C. (2003). Transportes e seguros no Comércio Exterior


(2º ed.).

Faculdade Olitecnico de Jundiai. (2004). Anuário o transporte ferroviário e suas


importâncias económicas em Jundiai.

Neto. António Gomes de Jesus. (2016). Entre trilhos e rodas, fluidez territorial e os sentidos
da circulação de mercadoria em Moçambique. Dissertação para obtenção do titulo de mestre
em geografia humana, Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas. São Paulo. Brasil.

MENDES, Raphaela Gomes. (2013) Logística e Transporte: Uma Analise Comparativa


Sobre os Modais de Transporte. Fundação Educacional do Município de Assis.

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