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Abdul Abudo Pastela

Armando Quive
Rosita Rui João
Wilson Abdulatifo Bahar

Sociedade em Nome Colectivo de Responsabilidade Limitada

Academia Militar “Marechal Samora Machel”


Nampula, 2023
Abdul Abudo Pastela
Armando Quive
Rosita Rui João
Wilson Abdulatifo Bahar

Sociedade em Nome Colectivo de Responsabilidade Limitada

Trabalho de carácter avaliativo, cadeira de


Legislação Aduaneira e Empresarial, curso de
Gestão e Logística Empresarial, III Grupo, 2º
Ano, leccionado pelo Docente: MA. Abílio
Asside Gany

Academia Militar “Marechal Samora Machel”


Nampula, 2023

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Índice

Introdução.........................................................................................................................................4
1. Sociedade em nome colectivo de responsabilidade limitada........................................................5
1.1. Sociedade limitada.....................................................................................................................5
1.2. Disposições preliminares...........................................................................................................5
2. A Responsabilidade Limitada das Sociedades Comerciais...........................................................6
3. A Responsabilidade dos sócios perante os credores nas sociedades em nome colectivo.............7
4. Tipos de sociedade em nome colectivo........................................................................................8
4.1. Sociedade empresária................................................................................................................8
4.2. Sociedade simples......................................................................................................................8
6. Características; vantagens e desvantagens da sociedade em nome colectivo..............................9
6.1. Responsabilidade ilimitada dos sócios perante os credores da sociedade.................................9
6.2. Responsabilidade pessoal e ilimitada........................................................................................9
7. Responsabilidade subsidiária em relação à sociedade................................................................10
7.1. Subsidiariedade forte, que inclui o benefício da excussão prévia...........................................10
7.3. Responsabilidade solidária com os outros sócios....................................................................10
7.4. Relações externas – dos sócios para com terceiros credores – o credor pode exigir a
totalidade da dívida de qualquer um dos sócios.............................................................................10
7.4.1. Relações internas (entre os sócios) – direito de regresso.....................................................11
7.4.2. Responsabilidade solidária imperfeita..................................................................................11
8. Responsabilidade dos sócios perante a sociedade......................................................................11
8.1. Responsabilidade individual de cada sócio pela respectiva entrada........................................11
8.2. Excepção – entradas em espécie não avaliadas por ROC.......................................................11
9. Constituição de sociedades em nome colectivos........................................................................12
9.1. Capital social...........................................................................................................................12
9.2. Inexistência de capital social mínimo......................................................................................12
9.3. O capital social pode até não existir nas sociedades em nome colectivo:...............................12
a) Número mínimo de sócios – 2:................................................................................................12
b) Participações sociais – partes sociais:.....................................................................................12
d) Sócios de capital e sócios de indústria:...................................................................................13
e) Direito ao lucro e dever de quinhoar nas perdas:.................................................................13
f) Direito ao voto:..........................................................................................................................13
g) Órgãos – estrutura orgânica:..................................................................................................14
k) Firma:........................................................................................................................................14
9.4. Somente pessoas físicas...........................................................................................................14
9.5. Dissolução da sociedade em nome colectivo..........................................................................15
9.6. Sociedade inventada na Idade Média......................................................................................15
Conclusão.......................................................................................................................................16
Bibliografia.....................................................................................................................................17

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Introdução
O presente trabalho tem como abordagem “Sociedade em nome colectivo de responsabilidade
limitada”, que é um tipo de sociedade comercial criada necessariamente por duas ou mais pessoas
singulares ou colectivas (sócios), onde o sócio limita a sua responsabilidade ao património social,
isto porque, não responde subsidiariamente, em relação à sociedade, pelas obrigações sociais.

Com a observância destes princípios, haverá menos probabilidades dos direitos de terceiros serem
violados e por consequência disso chamado o sócio a responder com bens pessoais pelas dívidas da
sociedade. Entendemos que a responsabilidade limitada das sociedades comerciais está a deixar de
ser um princípio que decorre de estipulação legal do direito societário mas da conduta do próprio
sócio em atenção aos riscos próprios da actividade empresarial e do crédito de terceiros.

Facilmente se pode compreender que a conduta humana (do sócio) é que constitui o verdadeiro
factor limitador ou não limitador da responsabilidade da sociedade comercial e de qualquer tipo de
empresa. Se atentarmos para a situação das sociedades comerciais de responsabilidade limitada bem
como das empresas em nome individual que embora para o desenvolvimento das suas actividades
contraem empréstimos a terceiros, mas mesmo assim subsistem ao longo de muitos anos sem nunca
terem sido objecto de execução por dívidas fica deste modo compreensível que é o factor “conduta
humana” o que mais determina e não as estipulações normativas.

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1. Sociedade em nome colectivo de responsabilidade limitada
A sociedade em nome colectivo é um tipo de sociedade comercial criada necessariamente por duas
ou mais pessoas singulares ou colectivas (sócios), na qual estes, para além de responderem
individualmente perante a sociedade, pela realização da entrada a que se obrigaram (em
dinheiro, em espécie ou em indústria), respondem pessoal e ilimitadamente pelas dívidas da
sociedade (perante os credores da sociedade), subsidiariamente em relação à sociedade, mas
solidariamente com os outros sócios.

1.1. Sociedade limitada


A expressão “limitada” está relacionada com fato de a responsabilidade dos sócios nesse tipo de
sociedade ser limitada ao valor de suas quotas, como regra geral.
Tendo surgido na Alemanha em 1892, por meio de uma iniciativa legislativa ( e não como um facto
que procedeu a disciplina normativa, o que em geral ocorre com os institutos do direito
empresarial), a sociedade limitada buscava atender ao ensino para a limitação da responsabilidade
de pequenos e médios empreendedores, haja vista a existência anterior da sociedade anónima, para
empreendimentos maiores e com limitação de responsabilidade.
A sociedade limitada é uma mistura de sociedade de capital (principalmente, em razão da limitação
da responsabilidade) e sociedade de pessoa (pela afinidade dos sócios e pela simplicidade de sua
constituição quando comparada com a sociedade anónima).
Sem duvida é o tipo de societário mais utilizado no território nacional, o qual terá suas regras
estudadas a seguir. É uma sociedade personalizada, pois tem personalidade jurídica.

1.2. Disposições preliminares


Sociedade limitada é aquela cujos sócios têm responsabilidade restrita ao valor de suas quotas, mas
todos respondem solidariamente pela integralização do capital social (CC, art. 1.052).
Em caso de omissões deste capitulo, que trata sociedade limitada, arts. 1.052 a 1.087, aplicam-se de
forma subsidiária(supletiva) as disposições da sociedade simples, por exemplo, quanto as hipóteses
de dissolução (CC, art. 1.052).
Mas se preferir o contrato social limitada pode prever a aplicação subsidiária da legislação da
sociedade anónima, Lei nº 6.404/76. No entanto, se dele não constar nenhuma previsão, aplica-se o
regime jurídico da sociedade simples (CC, art. 1.053).

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O controle da integralização na sociedade limitada, na maioria das vezes, não espelha o previsto no
contrato social, ou não existe, sendo nestes casos os sócios responderam solidariamente pela
integralização do capital social não integralizado.
Na pratica, no momento da formação de uma sociedade, os sócios estimam o capital que será
necessário ao empreendimento. Nestes recursos (dinheiro, crédito ou bens) serão dados pelos
sócios, passando a existir então um capital subscrito.

EXEMPLO DE CONTRATO PARA SOCIEDADE LIMITADA

Paulo Roberto da Silva, brasileiro, casado, empresário, RG nº 1111111-2ª via-SPTC-GO e CPF nº


222.222.-22, residente e domiciliado na Av. T1, Qd. 01, Lt. 01, Sector Bueno, Goiânia-GO, e
CARLOS JOSÉ DE SOUZA, brasileiro, casado, empresário, residente e domiciliado na Av.
Anhanguera, nº 1223, Sector Oeste, Goiânia - GO, 74110-090,têm entre si justo e combinado a
constituição de uma Sociedade Limitada, que servirá pelas cláusulas e condições seguintes e pela
legislação específica que disciplina essa forma societária.
CLÁUSULA PRIMEIRA – DENOMINAÇÃO SOCIAL, SEDE E FORO
A sociedade girará sob a denominação social de COPLEX EMBALAGENS, com sede no endereço
Av. T.136, Bairro Jardim América, CEP: 73.1234-00, em Goiânia-GO e foro na Comarca de
Goiânia-GO, inscrita no Ministério da Fazenda com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica -
CNPJ/MF sob o número 37.044.048/0001-48 e Inscrição Estadual nº37.180-6.
CLÁUSULA SEGUNDA – OBJETIVO SOCIAL
A sociedade tem por objectivo social a produção de embalagens em larga escala.
CLÁUSULA TERCEIRA – CAPITAL SOCIAL
O capital social será de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), totalmente integralizado em moeda
corrente do país, dividido entre os sócios da seguinte forma:
Paulo Roberto da Silva, detentor de 85% (oitenta e cinco por cento) no valor de R$ 68.000,00
(sessenta e oito mil reais).
Carlos José de Souza, detentor de 15% (quinze por cento) no valor de R$12.000,00 (doze mil reais).

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2. A Responsabilidade Limitada das Sociedades Comerciais
A protecção do património pessoal dos que ingressam na vida empresarial através das sociedades
comerciais é uma questão crucial a considerar previamente ao ser necessário saber o tipo de
responsabilidade que assiste a cada tipo de sociedade se limitada ou ilimitada em caso de dívidas
das sociedades a terceiros.

Pois, pode (caso a sociedade comercial seja de responsabilidade ilimitada estando deste modo
Vulnerável o limite entre o património da sociedade e o património dos sócios) acontecer que o
património pessoal dos sócios seja também responsável pelas dívidas da sociedade. Só não poderá
ser assim em regra se a sociedade em causa, a devedora for de responsabilidade limitada.

É para evitar o livre alcance do património pessoal dos sócios por parte dos credores da sociedade
que foram concebidas pela doutrina romano-germânica as sociedades comerciais de
responsabilidade limitada. Limitada porque em caso de dívidas da sociedade para com terceiros,
responde, em princípio apenas o património da sociedade, àquilo que pertence a sociedade devedora
ficando de fora o património pessoal dos sócios.

Esta fórmula, obviamente salvaguarda os interesses dos empresários que atuam através de
sociedades comerciais. Mas a lei não deixa órfãos os credores. Termos em que apresenta soluções
que permitem a responsabilização pessoal dos sócios pelas dívidas.

3. A Responsabilidade dos sócios perante os credores nas sociedades em nome colectivo.


As sociedades em nome colectivo são o mais antigo tipo societário que ainda vigora em
Moçambique, cujo regime jurídico consta dos artigos 253º a 270º do Código Comercial.

Em virtude de a sua constituição ter como pressuposto fundamental o elemento pessoal, a doutrina a
considera (em contraposição as sociedades de capitais) de sociedade de pessoas. É o tipo societário
paradigmático da responsabilidade ilimitada.

No que diz respeito a responsabilidade dos sócios perante os credores sociais. Os sócios de
sociedade em nome colectivo respondem pelas obrigações sociais subsidiariamente em relação à
sociedade e solidariamente entre si conforme reza o número 1 do artigo 253º do Código Comercial.
A subsidiariedade da responsabilidade dos sócios em relação à sociedade consiste em serem eles
através dos respectivos patrimónios pessoais chamados pelos credores a responderem pelas dívidas
da sociedade depois de excutido o património da sociedade para fazer face as dívidas em causa.

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Assim, sem que seja excutido o património da sociedade, os credores não devem atacar o
património próprio dos sócios.

Por seu turno a responsabilidade é solidária na medida em que os credores sociais têm o direito de
exigir de qualquer sócio o pagamento das dívidas. No entanto, qualquer um dos sócios pode
adiantar com a satisfação das obrigações da sociedade, podendo por essa atitude ter direito de
regresso contra os restantes sócios, na proporção em que cada um deva quinhoar nas perdas da
sociedade, isto nos termos do número 2 do artigo 253º do Código Civil.

Há ainda sobre a caracterização das sociedades em nome colectivo quanto a responsabilidade dos
sócios o pensamento de que os sócios respondem pessoal, solidária, subsidiária e ilimitadamente
pelas dívidas sociais.

4. Tipos de sociedade em nome colectivo


Abaixo apresento os dois tipos de sociedade em nome colectivo possíveis com suas principais características.

4.1. Sociedade empresária


Nessa modalidade é necessário fazer o registro na Junta Comercial. Essa sociedade está sujeita a Lei das
Falências o que significa que se a empresa for a falência também serão considerados como falidos os seus
sócios.

4.2. Sociedade simples


O registro desse tipo de sociedade em nome colectivo deve ser feito no RTDCPJ – Registro de Títulos e
Documentos e Civil de Pessoa Jurídica ou na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no caso de sociedade
de advogados. Não é permitida a falência nesse caso.

5. Tipos de Sociedade Empresarial nos termos do novo Código Comercial August 3, 2022

Em termos gerais, o novo Código Comercial aprovado pelo, Decreto-Lei n.º 1/2022, de 25 de Maio, visa
responder ao desenvolvimento do sector privado e ao dinamismo sócio-económico ocorridos nos últimos
anos.

Por esta razão, uma das inovações consistiu em eliminar os tipos de sociedade empresarias que haviam caído
em desuso e introduzir novos tipos de sociedade empresarial.

Assim sendo, nos termos do referido dispositivo legal a sociedade empresarial, independentemente do seu
objecto, só pode constituir-se de acordo com um dos seguintes tipos:

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Sociedade em nome colectivo de responsabilidade limitada – onde o sócio limita a sua responsabilidade
ao património social, isto porque, não responde subsidiariamente, em relação à sociedade, pelas obrigações
sociais.

Sociedade por quotas – onde os sócios são solidariamente responsáveis pela realização do capital social, e
só são obrigados a outras prestações quando a lei ou o contrato de sociedade assim o estabeleçam. Estas
sociedades são abreviadamente conhecidas como Lda.

Sociedade anónima – onde o capital social é dividido em acções e cada sócio limita a sua responsabilidade
ao valor das acções que subscreveu. Estas sociedades são abreviadamente conhecidas como S.A.

Sociedade por acções simplificada - onde o capital é dividido em acções e cada accionista limita a sua
responsabilidade ao valor das acções que subscreveu, no entanto, estas acções não carecem de registo na
Central de Valores Mobiliários, nem podem ser cotadas ou negociadas no Mercado de Bolsa.

Em relação aos órgão sociais das referidas sociedades empresariais, o novo Código Comercial permite que as
reuniões sejam realizadas por meios electrónicos, contribuindo assim para a celeridade e praticidade na
elaboração das deliberações societárias.

RSM Moçambique, Lda. é membro da rede RSM e opera como RSM. RSM é o nome comercial utilizado
pelos membros da rede RSM.
Cada membro da rede RSM é uma empresa independente de Contabilidade e consultoria, exercendo por
direito próprio. A rede RSM não é uma entidade jurídica separada de qualquer descrição em qualquer
jurisdição. A rede RSM é administrada pela RSM International Limited, uma empresa registada na Inglaterra
e País de Gales (Empresa número 4040598) com sede social em Cannon Street, Londres, EC4m 6JJ.
A marca RSM e outros direitos de propriedade intelectual utilizados pelos membros da rede são propriedade
da RSM International Association, associação governada pelo artigo 60 e seguintes do Código Civil da
Suíça, cuja sede está em Zug. Quaisquer artigos ou publicações contidas neste site não têm a intenção de
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quaisquer erros, omissões ou perdas ocasionados a qualquer pessoa ou organização que actue ou se abstenha
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RSM International. Você deve tomar conselhos específicos independentes antes de tomar qualquer decisão
de negócios ou investimento.

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6. Características; vantagens e desvantagens da sociedade em nome colectivo

6.1. Responsabilidade ilimitada dos sócios perante os credores da sociedade

6.2. Responsabilidade pessoal e ilimitada


Nas sociedades em nome colectivo, os sócios têm responsabilidade pessoal e ilimitada pelas dívidas da
sociedade:
 Pessoal, porque respondem pelas dívidas da sociedade com o seu património pessoal; e,
 Ilimitada, porque respondem pelo valor total das dívidas da sociedade com todos os bens, incluindo
dinheiro, e rendimentos do seu património pessoal (art. 175.º, n.º 1 do Código das Sociedades
Comerciais).
Trata-se de uma característica nuclear deste tipo societário e que permite distinguir entre, por um lado:
 As sociedades de responsabilidade ilimitada (RI); e, por outro;
 As sociedades de responsabilidade limitada (RL), categoria que, entre nós, integra as sociedades por
quotas, as sociedades unipessoais por quotas e as sociedades anónimas (S.A.). Nestes tipos
societários os respetivos sócios ou acionistas não respondem, via de regra, pelas dívidas da
sociedade. Pelas dívidas da sociedade responde, em princípio, apenas o património da sociedade.

7. Responsabilidade subsidiária em relação à sociedade

7.1. Subsidiariedade forte, que inclui o benefício da excussão prévia


A responsabilidade pessoal e ilimitada do sócio pelas dívidas da sociedade em nome colectivo é subsidiária
em relação à sociedade (ver: responsabilidade subsidiária). Vigora, neste caso, uma subsidiariedade forte;
ora, isso significa:
a) Que o esgotamento do património da sociedade é um verdadeiro “requisito constitutivo do direito do
credor” (cfr. diferença entre o art. 997.º, n.º 2 do Código Civil relativo à sociedade civil sob forma civil e o
art. 175.º). Pelo que, o credor da sociedade que quiser demandar o sócio terá necessariamente que alegar e
provar que o património da sociedade se encontra completamente excutido, sob pena de improcedência da
ação judicial declarativa (quanto à acção executiva cfr. o art. 745.º n.º 1, 2 e 4 do Código de Processo Civil);
b) Por outro lado, o sócio pode sempre invocar o benefício da excussão prévia, podendo, nesse caso,
recusar o pagamento das dívidas da sociedade se e enquanto não tiverem sido previamente excutidos
(penhorados e vendidos judicialmente) todos os bens do património da sociedade.
7.2. Sub-rogação legal:
O sócio que tiver pago dívidas da sociedade fica sub-rogado nos direitos do credor da sociedade, nos termos
gerais (cfr. art. 592.º do Código Civil), tornando-se, por essa via, credor da sociedade em relação à totalidade
do que pagou.

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7.3. Responsabilidade solidária com os outros sócios

7.4. Relações externas – dos sócios para com terceiros credores – o credor pode exigir a
totalidade da dívida de qualquer um dos sócios
A responsabilidade pessoal e ilimitada dos sócios pelas dívidas da sociedade em nome colectivo é ainda
solidária com todos os outros sócios (art. 175.º). Ora, isso significa que os credores da sociedade podem
exigir a totalidade do montante em dívida de qualquer um dos sócios, sejam eles sócios de capital ou sócios
de indústria.

7.4.1. Relações internas (entre os sócios) – direito de regresso


a) Sócios de capital
O sócio de capital (que é todo aquele cuja participação social for fundada numa entrada em dinheiro e/ou em
espécie) que tiver pago dívidas da sociedade tem direito de regresso contra os outros sócios de capital, na
medida em que o pagamento efetuado exceder o valor que lhe caberia suportar segundo a proporção do valor
nominal da respectiva parte social no capital social da sociedade (cfr. arts. 175.º, n.º 3 e 178.º, n.º 2).
a) Sócios de indústria:
Nas relações internas (entre os sócios), em sede de direito de regresso, os sócios de indústria não respondem
pelas dívidas da sociedade (a Lei refere “perdas” mas as perdas são referidas de modo impróprio), salvo
cláusula do contrato de sociedade em sentido contrário (cfr. arts. 178.º, n.º 2 e 175.º, n.º 3).

7.4.2. Responsabilidade solidária imperfeita


Ora, isto significa que:
 Se foi um sócio de capital a pagar a totalidade da dívida, o sócio de indústria nada deve a esse sócio
de capital, a título de direito de regresso;
 Se, inversamente, foi um sócio de indústria que pagou a totalidade da dívida perante o credor da
sociedade, pode exigir, através de direito de regresso, a todos os outros sócios de capital, a totalidade
do valor que pagou.
É o regime da responsabilidade solidária imperfeita ou da solidariedade imperfeita.

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8. Responsabilidade dos sócios perante a sociedade

8.1. Responsabilidade individual de cada sócio pela respectiva entrada


Internamente, perante a sociedade, os sócios da sociedade em nome colectivos respondem individualmente
pelo cumprimento ou realização da entrada a que se obrigaram (entradas em dinheiro, entradas em
espécie ou entradas em indústria – ver em baixo) (art. 175.º).
A obrigação de entrada, por natureza, apenas vincula os sócios que adquiriram a sua participação social:
 No momento da constituição da sociedade (os sócios fundadores da sociedade) (art. 20.º al. a)); ou,
 No momento do aumento de capital social ou, no caso das entradas em indústria, no momento da
alteração ao pacto social que não proceda a um aumento de capital social (arts. 87.º a 89.º, 176.º, n.º
1 als. a) e b) e 178.º, n.º1).

8.2. Excepção – entradas em espécie não avaliadas por ROC


Nas sociedades em nome colectivos, a Lei determina que se forem realizadas entradas em espécie e os sócios
não quiserem que essas entradas sejam verificadas e avaliadas por um revisor oficial de contas, têm que
assumir expressamente, no contrato de sociedade, a responsabilidade pelo valor que tiverem atribuído aos
bens; esta responsabilidade é solidária entre todos os sócios, mas não é subsidiária em relação à sociedade
(art. 179.º).

9. Constituição de sociedades em nome colectivos


Há apenas um modo de constituição de sociedades em nome colectivo, que é processo tradicional ou
convencional de constituição de sociedades comerciais e de sociedades civis sob forma comercial, que se
aplica a todos os tipos societários.
 Na verdade, não se aplicam às sociedades em nome colectivo:
 O regime da “empresa na hora” (regime especial de constituição imediata de sociedades;
Ver: constituir empresa na hora);
 O regime da “empresa online” (regime especial de constituição online de sociedades;
Ver: constituição de sociedade online).
Com efeito, estes dois regimes especiais de constituição de sociedades (empresas) aplicam-se apenas
às sociedades por quotas, às sociedades unipessoais por quotas e às sociedades anónimas (S.A.).

9.1. Capital social

9.2. Inexistência de capital social mínimo


As sociedades em nome colectivo não têm capital social mínimo. A razão de ser desta solução prende-se,
sobretudo, com o regime de responsabilidade pessoal, ilimitada, subsidiária e solidária dos sócios pelas
dívidas da sociedade: os credores não carecem da tutela conferida pelo regime do capital social mínimo uma
vez que podem agir contra o património dos sócios.
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Os sócios têm, assim, ampla margem de liberdade para fixarem o montante de capital social que bem
entenderem.

9.3. O capital social pode até não existir nas sociedades em nome colectivo:
É possível que uma sociedade em nome colectivo não tenha sequer capital social se todos os respectivos
sócios forem sócios de indústria, ou seja, se todas as respectivas participações sociais forem fundadas
em entradas em indústria (art. 9.º, n.º 1 al. f)).
Com efeito, as participações sociais dos sócios fundadas em entradas em indústria não são computadas no
capital social (art. 178.º, n.º 1). É o único tipo de sociedade comercial que pode não ter capital social.
a) Número mínimo de sócios – 2:
A sociedade em nome colectivo tem um número mínimo de dois sócios (art. 7.º, n.º 2).
b) Participações sociais – partes sociais:
A participação social do sócio nas sociedades em nome colectivo designa-se “parte”, “parte do sócio” ou
“parte social” (no plural: “partes” ou “partes sociais”). Cada sócio tem uma parte ou parte social (cfr. arts.
176.º, n.º 2, 182.º, entre outros).
A participação social é o «conjunto unitário de direitos e deveres atuais e potenciais do sócio (enquanto tal)»
c) Transmissão voluntária ou contratual de partes sociais (cessão de partes)
A Lei determina que a parte de um sócio só pode ser transmitida entre vivos, por ato voluntário, com o
consentimento expresso e unânime dos restantes sócios (art. 182.º, n.º 1). Pretende-se, com este
regime, evitar a entrada de estranhos e/ou indesejados na sociedade.
A transmissão, por ato entre vivos, de forma voluntária da parte de cada sócio designa-se de cessão de
parte(s), a qual pode operar através de contrato de compra e venda, doação, dação em cumprimento, troca ou
permuta, etc…
d) Sócios de capital e sócios de indústria:
Nas sociedades em nome colectivo podem existir sócios de capital e sócios de indústria.
Sócios de capital: são aqueles cujas partes sociais são fundadas em entradas em dinheiro e/ou entradas em
espécie.
Sócios de indústria: são aqueles cujas partes sociais são fundadas em entradas em indústria.
Entradas em indústria: são entradas com serviços humanos não subordinados. Com as entradas em
indústria os sócios obrigam-se a prestar ou realizar determinada actividade ou trabalho. As partes dos sócios
de indústria não são computadas no capital social da sociedade (art. 178.º, n.º 1).
As sociedades em nome colectivo e as sociedades em comandita (neste caso, apenas em relação aos sócios
comanditados) são os únicos tipos de sociedades comerciais que admitem a possibilidade de os sócios
realizarem entradas em indústria.
e) Direito ao lucro e dever de quinhoar nas perdas:

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– Em regra, os sócios de capital participam nos lucros e nas perdas da sociedade de acordo com a proporção
dos valores nominais das respectivas partes sociais no capital social da sociedade (art. 22.º, n.º 1).
– Quanto aos sócios de indústria, deve ser atribuído no contrato de sociedade um valor, maior ou menor, à
respectiva “indústria” (trabalho, actividade) para o efeito da repartição de lucros e perdas da sociedade (art.
176.º, n.º 1 als. a) e b)).
f) Direito ao voto:
Salvo se outro critério for determinado no contrato de sociedade (sem que, contudo, neste caso, o direito de
voto possa ser suprimido), a cada sócio pertence um voto em assembleia geral regularmente convocada ou
através de qualquer outra forma de deliberação social, independentemente:
– da proporção do valor nominal da sua parte (participação social) no capital social da sociedade e
– independentemente de ser sócio de capital ou sócio de indústria (art. 190.º, n.º 1).
É o sistema do “voto por cabeça”, que se contrapõe ao sistema de “voto capitalista”; este último vigora
nas sociedades por quotas e nas sociedades anónimas (S.A.) (cfr. arts. 250.º, n.º 1 e 384.º, n.º 1).
Se no contrato de sociedade for determinado outro critério para a distribuição dos direitos de voto, cada um
dos sócios de indústria não poderá, em qualquer caso, ter um número de votos inferior ao sócio de capital
com menos votos (art. 190.º, n.º 2).
g) Órgãos – estrutura orgânica:
h) Assembleia Geral – órgão deliberativo-interno:
A assembleia geral, colectividade de sócios, conjunto dos sócios ou assembleia de sócios é o órgão
deliberativo-interno comum a todos os tipos de sociedade comercial, sendo tradicionalmente considerado
como o “órgão supremo da sociedade”.
A “assembleia geral” também designa a reunião dos sócios (presença no mesmo local e ao mesmo tempo)
para deliberar sobre determinados assuntos, que pode ser: assembleia geral regularmente convocada ou
assembleia geral universal. Para além destas duas formas de deliberação os sócios da sociedade em nome
colectivo podem ainda deliberar através de deliberações unânimes por escrito.
i) Gerência (gerentes) – órgão de administração e representação:
O órgão de administração e representação da sociedade em nome colectivo é a gerência, que é composta
pelos gerentes.
Salvo estipulação no contrato de sociedade em sentido contrário, são gerentes todos os sócios, por inerência
e por força da Lei, com os correspondentes direitos e deveres (art. 191.º, n.º 1).
Apenas por deliberação unânime dos sócios podem ser designadas gerentes pessoas estranhas à sociedade
(não sócios) (art. 191.º, n.º 2).
j) Inexistência de órgão de fiscalização:
A sociedade em nome colectivo não tem nem pode ter órgão de fiscalização. Os sócios, enquanto tais, com
largos direitos de informação, ou enquanto gerentes, fiscalizam directamente a actuação da gerência.
k) Firma:
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A firma das sociedades em nome colectivo deve ser composta:
– pelo nome ou firma de todos os sócios; ou, em alternativa,
– pelo nome ou firma de um ou alguns dos sócios, com o aditamento, abreviado ou por extenso, “e
Companhia” ou qualquer outro que indique a existência de outros sócios, por ex: “e filhos”; “e filho”; “e
irmãos, etc” (art. 177.º).
A Lei não refere, mas a firma das sociedades em nome colectivo pode ainda conter:
- Expressão alusiva ao objecto, por analogia; e
– Siglas, iniciais, expressões de fantasia ou composições, também por analogia.
Esse modelo de sociedade foi bastante utilizado nas décadas de 1970 e 1980 no Brasil, mas actualmente se
encontra em desuso em especial pela falta de segurança dos bens pessoais dos sócios que podem ser
executados para o pagamento de dívidas. No auge desse tipo societário era bastante comum que o patriarca
da família nomeasse o empreendimento como Fulano & Filhos Cia.

9.4. Somente pessoas físicas


A sociedade em nome colectivo somente pode contar com pessoas naturais, ou seja, pessoas físicas que
podem ser empresários ou não. O que não pode é ter a adição de pessoas jurídicas ao quadro de sócios.

9.5. Dissolução da sociedade em nome colectivo


A sociedade em nome colectivo é dissolvida se houver o vencimento do seu prazo de duração – com
excepção dos casos em que não é realizada sua liquidação e nenhum sócio se opõe a isso -; quando há
unanimidade de consenso a respeito da dissolução ou decisão por maioria absoluta dos sócios. Esse tipo de
sociedade também pode ser encerrada em casos em que a lei atribuir a sua extinção ou então se a companhia
for a falência.

9.6. Sociedade inventada na Idade Média


Uma curiosidade a respeito da sociedade em nome colectivo é que não se trata de uma invenção da
legislação brasileira e nem mesmo de algo actual. Esse conceito de sociedade remonta a Idade Média em que
as pessoas actuavam em conjunto para realizar suas actividades económicas e as dívidas de trabalho
acabavam se misturando ao património familiar. Basicamente todos tinham responsabilidade sobre as
dívidas.

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Conclusão
Conclui-se que a Sociedade em nome colectivo de responsabilidade limitada é fundamental que a
sociedade em nome colectivo possua um contrato social que tenha sido registrado na Junta
Comercial. Alterações realizadas nesse documento também devem ser registradas no órgão.
Somente os sócios podem assumir papel de gestão da sociedade. O uso da firma dentro das
limitações do contrato somente pode ser feito pelos indivíduos com poderes para tal. Sociedade
limitada é aquela cujos sócios têm responsabilidade restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social (CC, art. 1.052). Em caso de
omissões deste capitulo, que trata sociedade limitada, arts. 1.052 a 1.087, aplicam-se de forma
subsidiária (supletiva) as disposições da sociedade simples.

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