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Universidade Católica de Moçambique

Tema:
Sociedades em Nome Colectivo

Chimoio, Setembro, 2022


Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Engenharia

Curso: Direito

Ano: 3º

Cadeira: Direito das Sociedades Comerciais

Tema:
Sociedades em Nome Colectivo

Discentes:
Alex Sande Guacha
Kelly Fernandes

Docente: Me. Júlio Malene

Chimoio, Setembro, 2022


Índice
1. Introdução...................................................................................................................1
1.1. Objectivos:..............................................................................................................1
1.1.1. Objectivo geral:...................................................................................................1
1.1.2. Objectivos específicos:....................................................................................... 1
1.2. Metodologia............................................................................................................1
2. Sociedade em Nome Colectivo.................................................................................. 2
2.1. Conceito..................................................................................................................2
2.2. Evolução da estrutura das sociedades em nome colectivo..................................... 2
2.3. Características.........................................................................................................2
2.4. Responsabilidades...................................................................................................3
2.5. Modo de Constituição.............................................................................................3
2.6. Vantagens e desvantagens de uma SNC.................................................................4
2.6.1. Vantagens............................................................................................................4
2.6.2. Desvantagens...................................................................................................... 4
2.7. Direitos e deveres dos sócios..................................................................................4
2.7.1. Direitos................................................................................................................4
2.7.2. Deveres................................................................................................................5
2.8. Transmissão entre vivos de partes sociais.............................................................. 5
2.9. Deliberações dos sócios e administração................................................................5
2.10. Funcionamento da Administração...................................................................... 5
2.11. Amortização, execução, falecimento, exoneração e exclusão............................ 5
2.11.1. Amortização........................................................................................................ 5
2.11.2. Execução............................................................................................................. 6
2.11.3. Falecimento.........................................................................................................6
2.11.4. Exoneração..........................................................................................................6
2.11.5. Exclusão.............................................................................................................. 6
2.12. Extinção ou Dissolução.......................................................................................7
3. Conclusão................................................................................................................... 8
4. Referências Bibliográficas......................................................................................... 9
1. Introdução

No presente trabalho iremos abordar sobre a Sociedade em Nome Colectivo (SNC),


mediante a qual iremos trazer o seu conceito, a evolução histórica, as suas
características, as responsabilidades que cada sócio tem perante a sociedade, as
vantagens e as desvantagens de constituir uma Sociedade em Nome Colectivo, os
direitos e os deveres dos sócios, a transmissão entre vivos ou mortis causa, as
deliberações, o funcionamento da administração, o modo de constituição da SNC e por
fim a extinção ou dissolução da SNC.

1.1. Objectivos:
1.1.1. Objectivo geral:
 Compreender o que é Sociedade em Nome Colectivo.
1.1.2. Objectivos específicos:
 Identificar as características e as responsabilidades dos sócios;
 Identificar as vantagens e desvantagens de constituir uma Sociedade em Nome
Colectivo; e
 Analisar o modo de constituição e extinção da Sociedade em Nome Colectivo.

1.2. Metodologia

O trabalho foi feito com base nas consultas em manuais, websites e legislação
relacionada com a cadeira do Direito das Sociedades Comercias.

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2. Sociedade em Nome Colectivo
2.1. Conceito

Segundo A. Ferrer Correia pág. 221, as sociedades em nome colectivo são aquelas que
caracteriza-se pela responsabilidade pessoal, solidária e ilimitada dos sócios perante os
credores sociais.

2.2. Evolução da estrutura das sociedades em nome colectivo

A sociedade em nome colectivo surgiu na Itália, na Idade Média, como produto do


corporativismo, constitutivo, aquela época, uma técnica de utilização para fins
comerciais ou industriais, do património hereditário ainda não dividido. Teve assim,
inicialmente uma fisionomia quase familiar, e virtude de reunir os irmãos que
prosseguiam na exploração do negocio paterno, vindo e seguida também a abranger
estranhos que passaram a associar-se para o exercício do comércio, isto é, a sociedade
em nome colectivo é a primeira modalidade de sociedades comercial e também é
chamada de sociedade solidária ilimitada. Apareceu na idade Média e compunha-se a
princípio de membros de uma mesma família. Dai surgiu a expressão "& Companhia"
(do Latim et cum pagnis, ou seja, o pai da família e os seus, que comiam do esmo pão).
E usava uma assinatura só, colectiva e válida para todos (um por todos, todos por um)
sendo esta a origem da firma (Arnoldo Wald, pág. 295).

2.3. Características
 Não há um montante mínimo obrigatório para o capital social visto que os sócios
respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais;
 Existência mínima de dois sócios, podendo ser admitidos sócios de indústria, nos
termos do art. 254 do C.com;
 Os sócios respondem de forma ilimitada e subsidiária perante a empresa e
solidariamente entre si perante os seus credores sociais (vide, o art. 253 n° 1 do
C.com);
 A responsabilidade dos sócios inclui o valor das suas entradas e os bens que
incorporam o património pessoal; os sócios que satisfaçam as obrigações da
sociedade podem exigir dos restantes sócios o pagamento da parte que lhes cabe nas
referidas obrigações (conforme, o art. 253 n° 2 do C.com);

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 A denominação da empresa, quando não individualiza todos os sócios, deve conter o
nome ou firma de um ou alguns deles, com o acréscimo " Sociedade em nome
colectivo ou abreviadamente, SNC ", segundo o art. 29 n°1 do C.com.

2.4. Responsabilidades

É uma sociedade de responsabilidade ilimitada e subsidiariedade em relação a sociedade


e solidariedade entre si. A sua responsabilidade ilimitada pode ser um motivo persuasor
para o acesso ao crédito.

Pelas obrigações sociais os sócios respondem (vide, o art. 253 C.com):

 Subsidiária: os sócios só assumem responsabilidade após o exaurimento do


património da sociedade, isto é, os sócios respondem com os seus bens pessoais
em segundo plano, ou seja, só na falta ou insuficiência do património da
sociedade, uma vez excutido o capital social.
 Solidaria: não sendo suficiente o património social, cada sócio responde perante
os credores pela divida inteira e depois se volta contra os demais sócios, isto é, o
sócio que satisfaça as obrigações da sociedade tem o direito de regresso com os
restantes sócios na proporção em que cada um deva quinhoar nas perdas da
sociedade; nos termos do art. 253 n° 2 C.com.
 Ilimitada: não importa o valor das quotas sociais, cada sócio responde com todo
o seu património pelas obrigações, isto é, alem de responderem individualmente
pelas suas entradas, respondem ainda com os bens que integram o seu
património pessoal.

2.5. Modo de Constituição

A sociedade e nome colectivo deverá ser constituída mediante contrato escrito particular
(com assinatura reconhecida presencialmente) ou público, que deverá conter (vide, o art.
90 conjugado com o art. 92 n°1 do C.com):

a) Nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios;


b) Denominação, objecto, sede e prazo da sociedade;
c) Capital da sociedade, podendo compreender qualquer espécie de bens,
susceptíveis de avaliação pecuniária;
d) A quota de cada socio no capital e o modo de integralização;

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e) A qualidade dos administradores e suas atribuições;
f) A participação dos sócios os lucros e perdas; e
g) A firma.

Uma Sociedade em Nome Coletivo é constituída pelo método tradicional de


constituição de empresas.

2.6. Vantagens e desvantagens de uma SNC


2.6.1. Vantagens

Entre as vantagens de uma sociedade em nome coletivo, destacamos as seguintes:

 São admitidos sócios de indústria, segundo o art. 254 n° 1 do C.com;


 Existe a possibilidade de partilhar saberes entre os sócios;
 Os sócios não necessitam obrigatoriamente de entrar com dinheiro para a
constituição da sociedade, já que a contribuição pode ser feita em indústria ou
com outros bens. Não existe capital social obrigatório;
 Obter pode ser mais fácil do que noutros tipos de empresa.
2.6.2. Desvantagens

No que diz respeito às desvantagens de uma Sociedade em Nome Coletivo, é importante


referir as seguintes:

 Estabelece o art. 256 n° 1 do C.com, que as contribuições de indústria não são


computadas no valor do capital social;
 Podem existir conflitos entre os sócios da empresa que dificultem a sua gestão;
 O controlo da empresa pode ficar bastante diluído caso existam diversos sócios;
 O património pessoal dos diversos sócios pode ser utilizado para o pagamento
de dívidas da empresa.
2.7. Direitos e deveres dos sócios
2.7.1. Direitos

Os sócios da sociedade em nome coletivo têm direito:

 Aos lucros da empresa, na proporção da sua entrada na sociedade;


 Têm direito a, pelo menos, um voto na tomada de decisões sobre a sociedade
(segundo o art. 266 n°3 do C.com); e
 Dispõe o art. 258 do C.com que os sócios que não sejam administradores têm
direito à informação, devendo ser-lhes fornecida, pelos gerentes, informação
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verdadeira, completa e elucidativa sobre a gestão da sociedade, nomeadamente
actos já praticados ou cuja prática é esperada, e podendo consultar pessoalmente
escrituração, livros e documentos na sede da empresa.
2.7.2. Deveres

Por outro lado, os sócios devem:

 Participar nas perdas da sociedade e abster-se de exercer, por conta de outrem


ou própria, uma actividade concorrente com a da sociedade (qualquer actividade
abrangida no objecto social) e de ser sócios com responsabilidade ilimitada
noutras empresas, salvo se os outros sócios consentirem, nos termos do art. 257
do C.com.
2.8. Transmissão entre vivos de partes sociais

A parte de um sócio só pode ser transmitida, por acto entre vivos, com o expresso
consentimento dos restantes sócios (art.259 nº 1 do C.com).

2.9. Deliberações dos sócios e administração

Somente os sócios pode integrar a administração da sociedade. A cada socio pertence


um voto e as deliberações em geral obedecem em regra à maioria se o contrário não
resultar de disposição legal ou de estatutos da sociedade. E princípio todos os sócios são
administradores da sociedade independentemente de ser sócio originário, nos termos do
art. 266 conjugado com o art. 267 do C.com.

2.10. Funcionamento da Administração

Dispõe o art. 268 n° 1 e 3 do C.com, que na sociedade em nome colectivo (SNC) a


administração da sociedade é atribuída exclusivamente aos sócios, salvo estipulação
estatuaria em contrário e qualquer dos administradores pode opor-se aos actos que o
outro pretenda realizar, cabendo a maioria dos administradores decidir sobre o mérito da
oposição.

2.11. Amortização, execução, falecimento, exoneração e exclusão


2.11.1. Amortização

Nos termos do art. 260 n° 1 do C.com, a parte de um socio deve ser amortizada nos
seguintes casos:

 Por falecimento do sócio;

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 Por execução da parte; e
 Por exoneração ou exclusão.
2.11.2. Execução

A parte social não pode ser executada (por dívidas do sócio), mas podem sê-lo o seu
direito aos lucros e à quota de liquidação, embora a sociedade possa provar que o sócio
tem outros bens suficientes para a satisfação da dívida, continuando, nesse caso, a
execução sobre esses bens; conforme o art. 262 do C.com.

2.11.3. Falecimento

Nos termos do art. art. 261 do C.com, ocorrendo o falecimento de um sócio e se o


contrato de sociedade nada preceituar em contrário, os restantes sócios ou a sociedade
devem satisfazer ao sucessor a quem couberem os direitos do falecido o respectivo valor,
a não ser que optem pela dissolução da sociedade e o comuniquem ao sucessor, dentro
de sessenta dias a contar da data em que tomarem conhecimento daquele facto ou optem
por continuar a sociedade com o sucessor do falecido, se este o quiser, isto é, no caso de
morte de um sócio de uma sociedade em nome coletivo, os sócios sobrevivos podem
optar por:

 Satisfazer ao sucessor do falecido o valor da sua parte social;


 Continuar a sociedade com o sucessor do falecido, caso este dê o seu
consentimento expresso; e
 Decidir dissolver a sociedade.
2.11.4. Exoneração

Pode também acontecer a exoneração de um sócio, ou seja, um sócio decidir sair da


sociedade com justa causa ou porque já era sócio há mais de 10 anos e a duração da
sociedade não estava fixada no contrato social, por exemplo. Neste caso, a exoneração
torna-se efectiva no fim do ano social em que é feita a comunicação respectiva, mas
nunca antes de decorridos 3 meses sobre a comunicação, e o sócio exonerado tem
direito ao valor da sua parte social (vide, o art. 263 do C.com.)

2.11.5. Exclusão

Por fim, existe também a hipótese de um sócio ser excluído da sociedade, pelas
seguintes causas (art. 264 n° 1 do C.com):

 Violar uma das suas obrigações para com a sociedade;


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 Em caso de interdição, inabilitação, declaração de falência ou de insolvência do
sócio; e
 sendo sócio de indústria, ficou impossibilitado de prestar à sociedade os serviços
a que estava obrigado.

Nestes casos apresentados de antemão, a exclusão é deliberada por maioria dos


votos dos restantes sócios e o sócio excluído tem direito ao valor da sua parte social,
nos termos do art. 264 n° 2 e 4 do c.com.

2.12. Extinção ou Dissolução

A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas nos art.
1007 do C.C e do art. 269 c.com. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

a) O número de sócio ficar reduzido à unidade sem que, no prazo de três meses,
seja reconstituída a pluralidade de sócios ou a sociedade se transforme em
sociedade por quota unipessoal;
b) O consenso unânime dos sócios;
c) A falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de seis meses;
d) Por qualquer outra causa prevista no contrato;
e) Pela realização do objectivo social ou por este se tornar impossível; e
f) Por qualquer outra causa prevista no contrato.

Quando a sociedade é feita apenas por dois sócios, e um deles sai da sociedade o sócio
remanescente tem o prazo três meses para encontrar outro sócio ou então a sociedade
será desfeita.

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3. Conclusão
Concluímos que a Sociedade em Nome Colectivo é uma sociedade de responsabilidade
ilimitada e subsidiariedade em relação a sociedade e solidariedade entre si. A sociedade
é de responsabilidade ilimitada porque não importa o valor das quotas sociais, cada
sócio responde com todo o seu património pelas obrigações, isto é, alem de
responderem individualmente pelas suas entradas, respondem ainda com os bens que
integram o seu património pessoal. Porém, os sócios só assumem responsabilidade após
o exaurimento do património da sociedade, isto é, os sócios respondem com os seus
bens pessoais em segundo plano, ou seja, só na falta ou insuficiência do património da
sociedade, uma vez excutido o capital social.

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4. Referências Bibliográficas
Doutrina:

Correia, A. F. (1975). Licoes de Direito Comercial (Vols. I,II,III). Portugal.

Dicionario Juridico. (4 de Fevereiro de 2014). Obtido de DireitoNet:


www.direitonet.com.br

F., L. (26 de Agosto de 2019). Obtido de Billomat: www.billomat.com

Lima, S. P. (s.d.). Obtido de Trabalhador.pt: www.trabalhador.pt

Muianga, M. (27 de Janeiro de 2017). Obtido de SCRIBD: www.scribd.com

Legislações:

 Código Comercial;

 Código Civil.

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