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Neil Armstrong

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Neil Armstrong

Nome completo Neil Alden Armstrong

Nascimento 5 de agosto de 1930
Wapakoneta, Ohio,
Estados Unidos

Morte 25 de agosto de 2012 (82 anos)
Cincinnati, Ohio,
Estados Unidos

Progenitores Mãe: Viola Louise Engel


Pai: Stephen Koenig Armstrong

Cônjuge Janet Shearon (1956–1994)


Carol Knight (1994–2012)

Eric
Filho(s)
Karen
Mark
Alma mater Universidade Purdue
Universidade do Sul
da Califórnia
Ocupação Aviador naval
Piloto de teste
Serviço militar
Serviço Marinha dos Estados Unidos
Anos de serviço 1949–1952
Patente Tenente (júnior)
Conflitos Guerra da Coreia
Condecorações Medalha do Ar (3)
Carreira espacial
Astronauta da Força Aérea/NASA
Tempo no espaço 8 dias, 14 horas, 12 minutos
Seleção Man In Space Soonest 1958
Dyna-Soar 1960
Grupo 2 da NASA 1962
Tempo de AEV 2 horas, 31 minutos
Missões Gemini VIII
Apollo 11
Prêmios Lista[Expandir]
Assinatura

Neil Alden Armstrong (Wapakoneta, 5 de agosto de 1930 – Cincinnati, 25 de


agosto de 2012) foi um engenheiro aeroespacial, aviador naval, piloto de
teste, astronauta e professor norte-americano que tornou-se o primeiro ser
humano a pisar na Lua em 1969. Armstrong estudou engenharia
na Universidade Purdue; em 1949 tornou-se aspirante da Marinha dos Estados
Unidos e, no ano seguinte, formou-se aviador naval. Lutou na Guerra da
Coreia a partir do porta-aviões USS Essex e depois completou seu
bacharelado em engenharia; na sequência, trabalhou como piloto de testes
na Estação de Voo de Alta-Velocidade da Base Aérea Edwards, voando
diversas aeronaves da Série Centenária e, por sete vezes, no North American
X-15. Também participou de dois programas espaciais concebidos pela Força
Aérea: Man in Space Soonest e X-20 Dyna-Soar.
Armstrong entrou para o corpo de astronautas da NASA em seu segundo
grupo, selecionado em 1962. Fez seu primeiro voo espacial como comandante
da Gemini VIII em março de 1966, tornando-se o primeiro astronauta civil
da NASA a ir para o espaço. Ele realizou, junto com o piloto David Scott, o
primeiro acoplamento bem sucedido entre duas naves espaciais na história,
mas a missão precisou ser abortada depois de dez horas, pois Armstrong
utilizara o combustível de seu controle de reentrada a fim de impedir um giro
perigoso causado por um propulsor emperrado. Durante seus treinos na NASA
para ser o comandante da Apollo 11, precisou ejetar do Veículo de Pesquisa de
Alunissagem momentos antes de uma queda.
Em julho de 1969, ele e Buzz Aldrin, piloto do Módulo Lunar, realizaram a
primeira alunissagem tripulada da história, passando duas horas fora da nave
espacial enquanto Michael Collins permaneceu na órbita lunar dentro
do Módulo de Comando e Serviço. Quando Armstrong pisou na superfície
lunar, ele proferiu a famosa frase "É um pequeno passo para [um] homem, um
salto gigante para a humanidade". Os três astronautas foram premiados com
a Medalha Presidencial da Liberdade, pelo presidente americano Richard
Nixon. O presidente Jimmy Carter agraciou Armstrong, em 1978, com
a Medalha de Honra Espacial do Congresso, e ele e seus companheiros de
missão receberam a Medalha de Ouro do Congresso em 2011.
Armstrong aposentou-se da NASA em 1971 e foi lecionar no Departamento de
Engenharia Aeroespacial da Universidade de Cincinnati, posição que manteve
até 1979. Ele também serviu na comissão de investigação sobre o acidente
da Apollo 13, em 1970, e na Comissão Rogers sobre o desastre do ônibus
espacial Challenger, em 1986. Também atuou como porta-voz de vários
negócios e, a partir de janeiro de 1979, apareceu em vários comerciais
automobilísticos da Chrysler. Apesar dessas aparições públicas, Armstrong
ganhou a fama de recluso, por sua insistência em manter certa discrição em
sua vida particular. Ele morreu aos 82 anos de idade em 2012, das
complicações de uma cirurgia de ponte de safena.

Infância
Neil Alden Armstrong nasceu no dia 5 de agosto de 1930, em uma fazenda
perto da cidade de Wapakoneta, Ohio, Estados Unidos,[1] o filho mais velho de
Stephen Koenig Armstrong e Viola Louise Engel. Era de ascendência alemã e
escocesa,[2][3] tendo também uma irmã chamada June e um irmão de nome
Dean. Seu pai trabalhava como auditor para o governo estadual, [4] e,
consequentemente, a família mudou-se muitas vezes por todo o estado de
Ohio, vivendo em dezesseis cidades pelos catorze anos seguintes. [5] O amor de
Armstrong por voar cresceu no decorrer desse período, tendo começado bem
cedo, com apenas dois anos, quando seu pai o levou para assistir a Corrida
Aérea de Cleveland. Aos cinco ou seis anos ele voou de avião pela primeira
vez, em Warren, quando seu pai lhe levou em um passeio dentro de um Ford
Trimotor.[6][7]
A última mudança da família ocorreu em 1944, quando finalmente retornaram
para Wapakoneta. Armstrong foi estudar no Colégio Blume e fez aulas de voo
no aeródromo da cidade.[1] Ele ganhou um certificado de estudante de voo em
seu aniversário de dezesseis anos, e então realizou seu primeiro voo solo no
mesmo mês, antes mesmo de adquirir uma habilitação de motorista. [8] Fez parte
dos escoteiros e chegou ao nível de Águia Escoteira. [9] Quando adulto, foi
homenageado pelos Escoteiros da América com os prêmios de Águia Escoteira
Distinta e Búfalo Prateado.[10][11] Enquanto viajava para a Lua no dia 18 de julho
de 1969, Armstrong saudou e mandou uma mensagem especificamente aos
escoteiros.[12] Dentre os itens pessoais que levou e trouxe de volta da Lua,
estava também uma insígnia dos escoteiros. [13]
Em 1947, Armstrong, aos dezessete anos, começou a estudar engenharia
aeroespacial na Universidade Purdue. Foi a segunda pessoa de sua família a
estudar em uma universidade. Ele também fora aceito no Instituto Tecnológico
de Massachusetts, mas foi dissuadido de estudar lá por um tio ex-aluno, que
lhe disse que não era necessário ir até Cambridge em Massachusetts para
conseguir uma boa educação. Suas mensalidades foram pagas pelo Plano
Holloway da Marinha dos Estados Unidos. Aqueles que eram aceitos neste
plano seguiam um currículo que previa dois anos de estudos, seguidos por dois
anos de treino de voo, depois um ano de serviço na Marinha como aviadores e
então os últimos dois anos do bacharelado.[14] Ele não cursou disciplinas sobre
ciência naval, e também não entrou no Corpo de Treinamento de Oficiais da
Reserva Naval em Purdue.[15]

Serviço na marinha

Armstrong como alferes da marinha em 23 de maio de 1952.

A convocação de Armstrong para a marinha chegou em 26 de janeiro de 1949,


exigindo que se apresentasse para treino de voo na Base Aeronaval de
Pensacola, na Flórida, juntando-se à classe 5-49. Foi aprovado nos exames
médicos e tornou-se um aspirante de marinha em 24 de fevereiro. [16] Seus
treinos foram realizados a bordo de um North American SNJ, que ele pilotou
sozinho pela primeira vez em 9 de setembro de 1949. Fez seu primeiro pouso
em um porta-aviões no dia 2 de março de 1950, no USS Cabot, feito este que
considerou comparável ao seu primeiro voo solo. [17] Foi então transferido para a
Base Aérea de Corpus Christi, no Texas, para treinos em um Grumman F8F
Bearcat, que culminaram em um pouso no USS Wright. Armstrong foi
informado em 16 de agosto por carta que fora qualificado como aviador naval.
Sua mãe e irmã compareceram à sua cerimônia de formatura, que ocorreu em
23 de agosto de 1950.[18]
Seu primeiro posto na marinha foi no Esquadrão de Frota de Serviço Aéreo,
localizado na Base Aeronaval de San Diego, na Califórnia. Foi colocado em 27
de novembro de 1950 no VF-51, um esquadrão a jato, tornando-se seu oficial
mais jovem e realizando em 5 de janeiro de 1951 seu primeiro voo a jato a
bordo de um Grumman F9F Panther. Foi promovido a alferes em 5 de junho, e
dois dias depois fez seu primeiro pouso a jato em um porta-aviões,
o USS Essex. O VF-51 partiu para a Coreia em 28 de junho, a bordo do Essex,
a fim de que suas aeronaves atuassem como caças-bombardeiros durante
a Guerra da Coreia. O esquadrão voou até a Base Aeronaval de Barbers Point,
no Havaí, e seus membros receberam treinamento como caças-bombardeiros,
antes de retornarem ao navio em julho.[19]

Dois F9F-2 Panthers voando na Coreia, com Armstrong pilotando o S-116 (esquerda).

Armstrong teve sua primeira ação na guerra em 29 de agosto de 1951, quando


escoltou um avião de reconhecimento sobre Sŏngjin.[20] Cinco dias depois, em 3
de setembro, voou em uma missão de reconhecimento armado sobre
instalações de transporte e armazenamento, ao sul do vilarejo de Majon-ni, a
oeste de Wonsan. Ao bombardear alvos enquanto em baixa altitude e a
560 quilômetros por hora, seu F9F Panther foi atingido por fogo antiaéreo.
Enquanto ele tentava retomar o controle, sua aeronave colidiu com um poste, a
seis metros de altura, rasgando cerca de sessenta centímetros de sua asa
direita.[21] Ele conseguiu voar de volta para território amigo, mas, devido à pela
perda dos ailerons, viu-se obrigado a ejetar. Armstrong procurou ejetar sobre a
água e aguardar ser resgatado por helicópteros da marinha, mas o vento levou
seu paraquedas de volta para a terra firme. Um carro dirigido por um colega da
escola de voo o encontrou; não se sabe o que aconteceu com os destroços de
sua aeronave.[22]
No total, Armstrong voou 78 missões na Coreia, acumulando um total de 121
horas no ar, um terço das quais foram apenas em janeiro de 1952; sua última
missão ocorreu em 5 de março. Das 492 mortes que a marinha norte-
americana sofreu na Guerra da Coreia, 27 foram do Essex. Armstrong recebeu
a Medalha do Ar por suas vinte primeiras missões de combate, duas estrelas
douradas pelas quarenta seguintes, a Medalha de Serviço Coreano, a Estrela
de Combate,[23] a Medalha de Serviço de Defesa Nacional e a Medalha da
Coreia das Nações Unidas. Sua comissão regular foi encerrada em 25 de
fevereiro de 1952 e ele foi feito um alferes da Reserva da Marinha dos Estados
Unidos. Foi transferido em maio de 1952 para um esquadrão de transporte, o
VR-32, logo depois de completar sua viagem de serviço no Essex. Armstrong
foi dispensado do serviço ativo em 23 de agosto, mas permaneceu na reserva
e foi promovido a tenente (júnior) em 9 de maio de 1953.[24] Ele continuou a voar
como reservista, junto da VF-724 na Estação Aeronaval de Glenview,
em Illinois, e mais tarde foi transferido para a Califórnia, desta vez com a VF-
773, na Base Aeronaval de Los Alamitos.[25] Permaneceu na reserva por oito
anos, até pedir sua dispensa em 21 de outubro de 1960. [24]
Universidade
Armstrong retornou para Purdue depois de seu trabalho na marinha. Suas
notas, que antes eram boas, mas não excepcionais, melhoraram,
consequentemente aumentando sua média para um respeitável, mas não
excepcional, 4,8 de 6,0. Ele entrou na fraternidade Phi Delta Theta e viveu
dentro de sua república estudantil. Escreveu e co-dirigiu dois musicais como
parte de uma revista de estudantes. O primeiro foi uma versão de Branca de
Neve e os Sete Anões, co-dirigida por sua então namorada Joanne Alford,
pertencente à irmandade Alpha Chi Omega, com as músicas tiradas do filme
da Walt Disney; o segundo musical foi The Land of Egelloc, com músicas
de Gilbert e Sullivan e novas letras. Também foi presidente do Clube de
Aviação de Purdue, voando as aeronaves do clube, uma Aeronca e dois Piper,
que eram mantidos no vizinho Aeroporto Aretz, em Lafayette, em Indiana. Em
1954, enquanto voava para Wapakoneta, ele realizou um pouso forçado em
uma fazenda e danificou o Aeronca, e o avião precisou ser rebocado de volta a
Lafayette.[26] Armstrong tocou barítono na banda marcial de Purdue.[27] Foi feito
membro honorário da banda nacional da fraternidade Kappa Kappa Psi dez
anos depois.[28] Ele se formou em janeiro de 1955 com um bacharelado de
ciência em engenharia aeroespacial.[25] Completou, cinco anos depois,
seu mestrado de ciência em engenharia aeroespacial, pela Universidade do Sul
da Califórnia.[29] Ele posteriormente receberia doutorados honorários de várias
universidades.[30]
Foi em uma festa da Alpha Chi Omega que Armstrong conheceu Janet
Elizabeth Shearon, uma estudante de economia doméstica.[31] Segundo o casal
afirmaria mais tarde, não houve um verdadeiro namoro, e nenhum dos dois
podia se lembrar das circunstâncias que levaram ao seu noivado. Eles se
casaram em 28 de janeiro de 1956, na Igreja Congressional de Wilmette, em
Illinois. Armstrong viveu no alojamento dos solteiros quando foi trabalhar
na Base Aérea Edwards, enquanto Janet viveu em Los Angeles. O casal se
mudou para uma casa no Vale Antelope um semestre mais tarde. Ela não
terminou seus estudos, algo de que se arrependeria mais tarde. Eles tiveram
três filhos: Eric, Karen e Mark.[32] Karen foi diagnosticada com um tumor
maligno em seu tronco cerebral; o tratamento com raio-X retardou seu
crescimento, e sua saúde se deteriorou a ponto de ela não poder andar ou
falar. Karen morreu de pneumonia, relacionada com sua doença, em 28 de
janeiro de 1962, aos dois anos de idade. [33]

Piloto de teste
Armstrong tornou-se um piloto de teste de pesquisas experimentais logo depois
de se formar em Purdue. Ele se candidatou à Estação de Voo de Alta-
Velocidade do Comitê Nacional para Aconselhamento sobre
Aeronáutica (NACA), localizada na Base Aérea Edwards. A NACA não tinha
nenhuma vaga aberta naquele momento e repassou sua candidatura para
o Laboratório Lewis de Propulsão de Voo, em Cleveland, onde Armstrong fez
seu primeiro voo de teste em 1º de março de 1955. [34] Seu tempo em Cleveland
durou apenas dois meses, até surgir uma posição na Estação de Voo de Alta-
Velocidade, onde ele apresentou-se para trabalhar em 11 de julho de 1955. [35]
Armstrong em 1956 como piloto de teste da Estação de Voo de Alta-Velocidade.

Em seu primeiro dia, foi encarregado de pilotar aviões de perseguição durante


lançamentos de aeronaves experimentais de bombardeiros modificados. Ele
também voou nesses bombardeiros modificados, e em uma dessas missões
teve seu primeiro incidente na Base Edwards. Em 22 de março de 1956
Armstrong estava voando em um Boeing B-29 Superfortress,[36] que deveria
lançar um Douglas D-558-2 Skyrocket. Ele se encontrava no posto à direita,
enquanto o comandante Stan Butchart, à esquerda, pilotava a aeronave. [37] O
motor número quatro parou de funcionar enquanto subiam para nove mil
metros e a hélice passou a girar livremente. Butchart apertou o botão para
fazer a hélice travar, mas descobriu que esta ação apenas diminuía a rotação
antes dela voltar a crescer, podendo se desfazer caso girasse muito rápido. O
Superfortress precisava manter uma velocidade de 338 quilômetros por hora a
fim de soltar o Skyrocket, e não podia pousar com a outra aeronave presa em
sua barriga. Armstrong e Butchart abaixaram o nariz do Superfortress, com o
objetivo de ganharem velocidade, e então soltaram o Skyrocket. A hélice se
desintegrou no momento do lançamento, e pedaços danificaram o motor
número três e também acertaram o motor número dois. Os dois foram forçados
a desligar o motor número três e também o motor número um, já que este
estava criando torque. Eles fizeram uma descida longa e circular desde nove
mil metros, usando apenas o motor número 2, e conseguiram pousar em
segurança.[38]
Armstrong foi piloto de teste para os caças da Série Centenária, incluindo
o North American F-100 Super Sabre, McDonnell F-101 Voodoo, Lockheed F-
104 Starfighter, Republic F-105 Thunderchief e Convair F-106 Delta Dart.
Também voou o Douglas DC-3, Lockheed T-33 Shooting Star, North American
F-86 Sabre, McDonnell Douglas F-4 Phantom II, Douglas F5D Skylancer,
Boeing B-29 Superfortress, Boeing B-47 Stratojet e Boeing KC-135
Stratotanker.[39] Ele voou em mais de duzentos modelos diferentes de
aeronaves no decorrer de sua carreira. [29] Seu primeiro voo em uma avião a
foguete foi em 15 de agosto de 1957 dentro do Bell X-1B, chegando a uma
altitude de 18,3 quilômetros. O mau projetado trem de pouso dianteiro falhou,
como já tinha acontecido várias vezes em voos anteriores. Armstrong também
voou no North American X-15 sete vezes,[40] incluindo no primeiro voo do
sistema Q-Ball, o primeiro voo da fuselagem X-15 número 3 e o primeiro voo do
sistema de controle de voo adaptativo MH-96.[41][42] Tornou-se um funcionário
da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) quando esta foi
estabelecida em 1º de outubro de 1958, tendo absorvido a NACA. [43]
Ele se envolveu em vários incidentes que entraram no folclore da Edwards ou
foram relatados nas memórias de colegas. Em 20 de abril de 1962, enquanto
pilotava o X-15 pela sexta vez, para testar o sistema de controle MH-96,
Armstrong voou até uma altura de mais de 63 mil metros (o mais alto que
chegou antes da Gemini). Ele segurou o nariz da aeronave por muito tempo
durante a descida a fim de demonstrar o limitador de força g do MH-96, porém
seu X-15 foi rebatido de volta a 43 mil metros. Acabou por passar do seu
campo de pouso em Mach 3 a uma altura de trinta mil metros e foi parar 64
quilômetros ao sul da Edwards. Armstrong desceu o suficiente, virou em
direção da área de pouso e pousou, por pouco não acertando as árvores de
Josué no fim da pista. Foi o mais longo voo do X-15 tanto em tempo de
duração e comprimento da pista terrestre.[44]

Armstrong com um X-15-1 depois de um voo de pesquisa em 1960.

Muitos dos pilotos de teste na Edwards elogiaram as habilidades de engenharia


de Armstrong. Milton Thompson disse que ele era "o mais tecnicamente capaz
dos primeiros pilotos do X-15". William H. Dana afirmou que Armstrong "tinha
uma mente que absorvia coisas como uma esponja". Aqueles que voaram pela
Força Aérea tinha opiniões diferentes, especialmente pessoas como Charles
Yeager e William J. Knight, que não eram formados em engenharia. Knight
falou que pilotos-engenheiros voavam de maneira que era "mais mecânica do
que é voar", comentando que suas habilidades de voo não eram naturais. [45] Os
sete voos de Armstrong no X-15 ocorreram entre 30 de novembro de 1960 e 26
de julho de 1962.[46] Sua velocidade máxima alcançada foi um Mach 5,74 (6 420
quilômetros por hora) a bordo do X-15-1, tendo deixado o centro de pesquisa
com mais de 2 400 horas de voo.[47]
Armstrong teve seu único voo junto com Yeager em 24 de abril de 1962. Seu
trabalho era voar um T-33 Shooting Star a fim de avaliar o Lago Seco do
Rancho Smith em Nevada como possível local de pouso de emergência para o
X-15. Yeager escreveu em sua autobiografia que sabia que o lago não era
apropriado para pouso depois de chuvas recentes, porém Armstrong insistiu
em voar mesmo assim. Enquanto tentavam apenas pousar sem parar, as rodas
da aeronave atolaram e eles precisaram esperar por resgate. Segundo
Armstrong, Yeager nunca tentou dissuadi-lo da missão e eles fizeram o
primeiro pouso bem sucedido no lago. Então Yeager pediu para que ele fizesse
de novo, desta vez mais devagar, e foi desta vez que atolaram, fazendo com
que Yeager caísse na gargalhada.[48]
Armstrong se envolveu em 21 de maio no chamado "Caso Nellis". Ele foi
enviado em um F-104 Starfighter para inspecionar o Lago Seco Delamar no sul
de Nevada, mais uma vez para possíveis pousos de emergência. Armstrong
novamente julgou mal sua altitude e não percebeu que seu trem de pouso
ainda não tinha se estendido completamente. O trem de pouso começou a se
retrair enquanto pousava, assim ele aplicou força total com o objetivo de
abortar, porém o estabilizador vertical e a porta do trem de pouso tocaram no
solo, danificando o rádio e vazando fluido hidráulico. Armstrong voou para
a Base Aérea de Nellis, passou pela torre de controle e balançou suas asas,
indicando uma aproximação sem rádio. A perda do fluido hidráulico fez o
gancho traseiro se soltar, prendendo-se a uma corrente ancorada no chão e
arrastando-a pela pista até parar. Demorou trinta minutos para que a pista
fosse liberada e outra corrente fosse colocada no lugar. Armstrong telefonou a
base de Edwards e pediu que alguém fosse buscá-lo. Thompson foi enviado na
variante F-104B do Starfighter, a única aeronave de dois lugares disponível,
porém ele nunca tinha voado nesse avião antes. Thompson conseguiu chegar
em Nellis depois de muitas dificuldades, com ventos fortes dificultando o pouso
e fazendo com que o pneu esquerdo estourasse. A pista foi fechada outra vez
para que pudesse ser limpada, com Dana em seguida partindo para Nellis em
um T-33 Shooting Star, porém quase saiu da pista no pouso na hora da
chegada. O escritório de operações da base Nellis então decidiu evitar mais
problemas, achando que seria melhor encontrar um transporte terrestre para os
três pilotos voltarem para Edwards.[49]

Astronauta

Armstrong vestindo um traje espacial de treinamento da Gemini em 2 de março de 1964.

Armstrong foi selecionado em junho de 1958 para o programa Man in Space


Soonest da Força Aérea dos Estados Unidos, porém a Agência de Projetos de
Pesquisa Avançados cancelou seu financiamento logo em 1º de agosto, sendo
suplantada em 5 de novembro pelo Projeto Mercury, um projeto civil chefiado
pela NASA. Ele não era elegível para se tornar um astronauta na época por ser
um piloto de teste civil, pois a seleção estava restrita apenas a pilotos militares.
 Foi escolhido em novembro de 1960 como parte de um grupo consultor de
[50][51]

pilotos para o X-20 Dyna-Soar, um programa espacial militar sob


desenvolvimento da Boeing para a Força Aérea, com ele sendo selecionado
em 15 de março de 1962 como um de sete pilotos-engenheiros que voariam o
X-20 Dyna-Soar quando o projeto saísse do papel.[52][53]
A NASA anunciou em abril de 1962 que estava aberta a novas candidaturas
para um segundo grupo de astronautas para o Projeto Gemini, uma nave
espacial de dois lugares. A seleção, desta vez, estava aberta a pilotos de teste
civis qualificados.[54] Armstrong visitou a Feira Mundial de Seattle em maio e
compareceu a uma conferência sobre exploração espacial co-promovida pela
NASA. Ele voltou de Seattle em 4 de junho e candidatou-se para tornar-se um
astronauta. Sua candidatura chegou uma semana depois do prazo limite de 1º
de junho, porém Dick Day, um especialista de simulação de voo com quem
Armstrong tinha trabalhado na Edwards, viu a chegada atrasada da
candidatura e a colocou antes que alguém percebesse na pilha junto com as
que chegaram no prazo correto.[55] Armstrong, em junho na Base Aérea Brooks,
passou por exames médicos que muitos dos candidatos descreveram como
dolorosos e, em muitos momentos, aparentemente sem sentido. [56]
Donald Slayton, supervisor dos astronautas norte-americanos e o Diretor de
Operações de Tripulações de Voo da NASA, convocou Armstrong em 13 de
setembro de 1962 e perguntou se ele estava interessado em juntar-se
ao Corpo de Astronautas da NASA como parte daquilo que a imprensa estava
chamando de "Os Novos Nove"; Armstrong respondeu sim sem hesitar. As
seleções foram mantidas em segredo até três dias depois, porém os jornais já
estavam relatando desde o início do ano que ele seria escolhido como o
"primeiro astronauta civil".[57] Armstrong foi um de dois pilotos civis escolhidos
pela NASA para o grupo;[58] o outro foi Elliot See, também um ex-aviador naval.
[59]
 A NASA anunciou oficialmente em 17 de setembro a seleção de
seu segundo grupo de astronautas durante uma conferência de imprensa.
Comparado aos astronautas dos Sete da Mercury, o segundo grupo era mais
jovem e com credenciais acadêmicas mais impressionantes. [56][60]
Programa Gemini
Gemini V
Armstrong e See foram anunciados em 8 de fevereiro de 1965 como a equipe
reserva para a Gemini V, o primeiro como comandante e o segundo como
piloto, apoiando a tripulação primária composta por Gordon Cooper e Pete
Conrad.[61] O propósito da missão era praticar um encontro espacial e
desenvolver seus procedimentos e equipamentos para um voo de longa
duração de sete dias. Estes seriam necessários para uma missão até a Lua.
Outros dois voos estavam em preparação, Gemini III e Gemini IV, assim, havia
seis tripulações competindo por espaço, fazendo com que a Gemini V fosse
adiada. A missão decolou em 21 de agosto. [62] Armstrong e See assistiram ao
lançamento em Cabo Kennedy e então voaram para o Centro de Espaçonaves
Tripuladas em Houston, Texas.[63] A missão foi um sucesso de forma geral,
apesar de um problema nas células de combustível que impediram o encontro.
Cooper e Conrad assim praticaram um "encontro fantasma", realizando
manobras de encontro sem um alvo.[64]
Gemini VIII
Ver artigo principal: Gemini VIII

Armstrong dentro da espaçonave da Gemini VIII pouco antes do lançamento, 16 de março


de 1966.

As tripulações para a Gemini VIII foram anunciadas em 20 de setembro de


1965. Sob o sistema de rotação, a equipe reserva de uma missão tornaria-se a
principal três missões depois, porém Slayton colocou David Scott para ser o
piloto da Gemini VIII.[65][66] Scott foi o primeiro membro do Grupo 3 de
Astronautas, cuja seleção fora anunciada em 18 de outubro de 1963, a receber
uma designação principal.[67] See foi colocado como o comandante da Gemini
IX. Dessa forma, cada missão Gemini seria comandada por um membro do
segundo grupo, com alguém do terceiro como piloto. A tripulação reserva desta
vez foi Conrad e Richard Gordon.[65][66] Armstrong tornou-se o primeiro civil norte-
americano no espaço; Valentina Tereshkova da União Soviética tinha se
tornado a primeira civil (e mulher) três anos antes em 16 de junho de 1963
na Vostok 6.[68] Ele foi o último de seu grupo a ir para o espaço, já que
See morreu em um acidente aéreo em 28 de fevereiro de 1966 dentro de
um Northrop T-38 Talon, junto com seu colega de missão Charles Bassett. Eles
foram substituídos pela tripulação reserva, Thomas Stafford e Eugene Cernan,
enquanto Jim Lovell e Buzz Aldrin foram movidos de reservas da Gemini
X para reservas da Gemini IX-A,[69] depois voando na Gemini XII.[70]
A Gemini VIII decolou em 16 de março de 1966. Ela seria a mais complexa de
todas, com um encontro e acoplamento com o Veículo Alvo Agena não-
tripulado, seguido por uma atividade extraveicular de Scott. No total, a missão
teria 75 horas de duração e 55 órbitas ao redor da Terra. O Agena foi lançado
às 10h00min00s,[71] enquanto o foguete Titan II GLV carregando Armstrong e
Scott lançou às 11h41min02s.[72] Os dois conseguiram o primeiro acoplamento
entre duas naves espaciais na história. [73] O contato com a tripulação foi
intermitente pois não existiam estações de rastreamento cobrindo toda a órbita.
A nave começou a rodar enquanto estava fora de contato com o solo e
Armstrong tentou corrigir isso usando o Sistema de Atitude e Manobra de
Órbita. A Gemini VIII foi desacoplada do Agena, seguindo uma recomendação
prévia do Controle da Missão, porém isto aumentou ainda mais o rolamento ao
ponto que estava girando uma vez por segundo, indicando um problema com
o controle de atitude da Gemini. Armstrong acionou o Sistema de Controle de
Reentrada e desligou o Sistema de Atitude e Manobra. As regras da missão
ditavam que a nave espacial deveria reentrar na primeira oportunidade uma
vez que esse sistema fosse acionado. Achou-se depois que um fio danificado
fez com que um dos propulsores travasse na posição de ligado. [74]

O resgate da Gemini VIII. Armstrong está sentado na direita.

Houve algumas pessoas no Escritório dos Astronautas, incluindo Walter


Cunningham, que acharam que Armstrong e Scott "tinham estragado sua
primeira missão".[75] Houve especulações que Armstrong poderia ter salvo a
missão caso tivesse ligado apenas um dos dois anéis do Sistema de Atitude e
Manobra, economizando o outro. Estas críticas não tinham fundamento;
nenhum procedimento de mal funcionamento tinha sido escrito e só era
possível ligar os dois anéis do Sistema de Atitude e Manobra, não um ou outro.
[76]
 O diretor de voo Gene Kranz escreveu: "a tripulação reagiu como foram
treinados, e se reagiram errado é porque os treinamos errado". Os
planejadores e controladores da NASA não tinham percebido que, quando
duas naves estão acopladas, elas devem ser consideradas uma nave única.
Kranz considerou isto a lição mais importante da missão. [77] Robert Gilruth,
diretor do Centro de Espaçonaves Tripuladas, afirmou que talvez "tenhamos
aprendido mais hoje do que originalmente estabelecemos para aprender".
[74]
 Armstrong ficou decepcionado que a missão precisou ser abortada,
[78]
 cancelando a maioria dos objetivos e tirando de Scott sua caminhada
espacial. O Agena foi depois usado como alvo de acoplamento da Gemini X.
[79]
 Os astronautas receberam a Medalha de Serviço Excepcional da NASA,
[80]
 com a Força Aérea premiando Scott também com a Cruz de Voo Distinto.
[81]
 Scott foi promovido a tenente-coronel e Armstrong recebeu um aumento de
678 dólares para um salário de 21 653 dólares anuais, fazendo dele o
astronauta mais bem pago da NASA.[78]
Gemini XI
A última designação de Armstrong no Projeto Gemini foi como comandante
reserva da Gemini XI, anunciada dois dias depois do pouso da Gemini VIII. Ele
nessa altura tinha grande conhecimento sobre os sistemas da nave, já tendo
treinado para duas missões, e assim assumiu uma função de professor para o
novato piloto reserva, William Anders.[82] O lançamento ocorreu em 12 de
setembro de 1966,[83] com Conrad e Gordon a bordo, que realizaram com
sucesso os objetivos da missão, enquanto Armstrong também atuou
como comunicador com a capsula (CAPCOM).[84] O presidente Lyndon B.
Johnson pediu a Armstrong e sua esposa após o voo que participassem de
uma viagem de boa vontade de 24 dias pela América do Sul.[85] A viagem
passou por onze países e junto também estavam Gordon, George Low, suas
esposas e oficiais do governo. Armstrong conversou no Paraguai com
dignitários em guarani, enquanto no Brasil ele falou sobre as façanhas do
aviador Alberto Santos Dumont.[86]
Programa Apollo
Em 27 de janeiro de 1967, data do incêndio da Apollo 1, Armstrong, junto com
Cooper, Gordon, Lovell e Scott Carpenter, estavam em Washington, D.C. para
a assinatura do Tratado do Espaço Sideral das Nações Unidas. Os astronautas
conversaram com os dignitários até 18h45min, quando Carpenter foi para o
aeroporto e os outros retornaram para seu hotel, onde cada um encontrou uma
mensagem instruindo-os a ligar para Centro de Espaçonaves Tripuladas. Eles
descobriram sobre as mortes de Gus Grissom, Edward White e Roger
Chaffee durante esses telefonemas. Armstrong e o resto do grupo passaram o
restante da noite bebendo uísque e discutindo o que havia acontecido. [87]
Slayton reuniu os dezoito astronautas restantes do Programa Apollo para uma
conversa em 5 de abril de 1967, mesmo dia que a investigação sobre o
acidente da Apollo 1 emitiu seu relatório final. A primeira coisa que Slayton
disse foi: "Os caras que vão voar as primeiras missões lunares são os caras
nesta sala".[88] Segundo Cernan, um dos presentes, Armstrong não demonstrou
reação alguma. Para Armstrong não houve surpresa, já que todos ali eram
veteranos da Gemini e eram as únicas pessoas capazes de voar as missões
para a Lua. Slayton falou sobre as missões planejadas e nomeou Armstrong
para a tripulação reserva da Apollo 9, que nesse momento esperava-se que
fosse um teste de órbita média para a combinação do Módulo Lunar com
o Módulo de Comando e Serviço.[89]

Armstrong cai de paraquedas logo depois de ejetar do Veículo de Pesquisa de


Alunissagem em 6 de maio de 1968.

As tripulações foram anunciadas oficialmente em 20 de novembro de 1967.


[90]
 Os companheiros de Armstrong seriam Lovell e Aldrin, a tripulação da
Gemini XII. As tripulações principais e reservas da Apollo 8 e Apollo 9 foram
invertidas após atrasos de projeto e produção do Módulo Lunar. Depois disso,
seguindo o esquema de rotação das tripulações, Armstrong estava
encaminhado para comandar a Apollo 11.[89] Houve uma última
mudança: Michael Collins, o piloto do módulo de comando da Apollo 8,
começou a ter alguns problemas nas pernas. Os médicos o diagnosticaram
com um problema de crescimento ósseo entre a quinta e sexta vértebra,
necessitando de cirurgia.[91] Lovell o substituiu na Apollo 8, e Collins, ao se
recuperar, juntou-se à tripulação de Armstrong.[92]
Para que os astronautas ganhassem experiência de como o módulo lunar
voaria em sua descida final, a NASA contratou a Bell Aircraft para construir dois
Veículos de Pesquisa de Alunissagem, depois complementados por três
Veículos de Treinamento de Alunissagem. Eles simulavam a gravidade da Lua
ao usar um turbofan para sustentar cinco sextos do peso da aeronave.
Armstrong treinou no Veículo de Pesquisa de Alunissagem em 6 de maio de
1968, porém perdeu os controles e o veículo entrou em um rolamento. [93] Ele
conseguiu ejetar em segurança. Análises posteriores concluíram que seu
paraquedas não teria aberto em tempo caso tivesse ejetado meio segundo
depois. Seu único ferimento foi uma língua mordida, enquanto o Veículo de
Pesquisa de Alunissagem foi completamente destruído. [94] Armstrong afirmou
que, apesar de ter quase morrido, as alunissagens não teriam sido bem
sucedidas sem os dois veículos de treinamento, pois deu aos comandantes
experiência imprescindível sobre o comportamento de uma nave de
alunissagem.[95]
A NASA também começou, depois da finalização da Apollo 10, e além dos dois
veículos de treinamento, um treinamento de simulação de alunissagem.
Armstrong e Aldrin trabalharam sob as instruções de treinarem para as maiores
possibilidades que poderiam encontrar durante a alunissagem real. [96] Os dois
só conseguiram ir em uma única expedição geológica de treinamento, nas
montanhas do oeste do Texas. A imprensa descobriu isto e a área ficou lotada
com carros e helicópteros, o que dificultou para os astronautas ouvirem o
geólogo presente. Eles também receberam instruções de geólogos dentro da
NASA.[97]
Apollo 11
Ver artigo principal: Apollo 11

A tripulação da Apollo 11 em julho de 1969: Armstrong, Collins e Aldrin.

Slayton ofereceu o posto de comandante da Apollo 11 a Armstrong em 23 de


dezembro de 1968, enquanto a Apollo 8 estava orbitando a Lua. [98] Slayton lhe
disse que, apesar da tripulação planejada incluir Aldrin como piloto do Módulo
Lunar e Collins como piloto do Módulo de Comando, Aldrin poderia ser
substituído por Lovell caso Armstrong desejasse. Este pensou por um dia e
disse a Slayton que ficaria com Aldrin, já que não tinha dificuldades de
trabalhar com ele e achava que Lovell merecia um comando próprio. Substituí-
los faria de Lovell, extra-oficialmente, o membro menos graduado da tripulação,
com Armstrong achando que não se podia justificar colocar o comandante da
Gemini XII como o número 3 da Apollo 11.[99] A tripulação foi oficialmente
anunciada em 9 de janeiro de 1969, composta por Armstrong, Collins e Aldrin,
contando com Lovell, Anders e Fred Haise como reservas.[100]
Segundo Christopher C. Kraft, diretor de operações de voo, um encontro em
março de 1969 entre ele, Slayton, Low e Gilruth determinou que Armstrong
seria a primeira pessoa a pisar na Lua, em parte porque a diretoria da NASA o
considerava alguém que não tinha um ego grande. Um conferência de
imprensa em 14 de abril deu como justificativa o projeto da cabine do Módulo
Lunar; a escotilha abria para dentro e para a direita, dificultando a saída para o
Piloto do Módulo Lunar, que ficava no lado direito da nave. Os quatros, na
época da reunião, não sabiam sobre a consideração da escotilha. O
conhecimento sobre essa reunião só chegou ao público, fora dos quatro
homens, quando Kraft escreveu seu livro em 2001. [101][102] Existiam métodos para
contornar a questão da escotilha, porém não se sabe se isto foi levado em
conta na época. Slayton também comentou que "seguindo apenas a base do
protocolo, eu achei que o comandante deveria ser o primeiro cara a sair [...]
Bob Gilruth aprovou minha decisão".[103]
Viagem
O foguete Saturno V lançou a Apollo 11 do Complexo de Lançamento
39 do Centro Espacial John F. Kennedy no dia 16 de julho de 1969, às
13h32min00s UTC (09h32min00s EDT do horário local).[104] Janet, a esposa de
Armstrong, e seus dois filhos assistiram a partir de um iate ancorado no rio
Banana.[105] O coração de Armstrong chegou a 110 batimentos por minuto
durante a decolagem.[106] Ele posteriormente comentou ter achado o primeiro
estágio o mais barulhento, muito mais do que o Titan II GLV usado na Gemini
VIII. O Módulo de Comando da Apollo era muito mais espaçoso quando
comparado com a nave espacial da Gemini. Nenhum dos membros da
tripulação da Apollo 11 sofreu de síndrome de adaptação ao espaço, algo que
tinha acontecido com alguns astronautas de tripulações anteriores. Armstrong
ficou especialmente feliz por isso, já que ele era propenso a
sentir enjoo quando criança e também costumava sofrer de náusea depois de
longos períodos de acrobacias aéreas.[107]
Armstrong dentro do Módulo Lunar em 21 de julho de 1969 logo depois da primeira
caminhada na Lua.

O objetivo da Apollo 11 era alunissar em segurança, não necessariamente em


um local específico. Armstrong percebeu, três minutos depois depois do
começo da descida, que as crateras estavam passando dois segundos mais
rápidas do que esperado, significando que o Módulo Lunar Eagle alunissaria
quilômetros além da zona planejada.[108] Vários alarmes de erro do computador
apareceram enquanto o radar de alunissagem do Eagle analisava a superfície.
Eles foram o 1202 e depois o 1201, alarmes estes que Armstrong e Aldrin,
apesar de suas horas de treino, não sabiam o que significavam. Eles foram
informados por Charles Duke, o CAPCOM, que nenhum dos alarmes eram
preocupantes; o 1202 e 1201 foram causados pelo sobrecarregamento
do computador do Módulo Lunar. Aldrin depois descreveu que o
sobrecarregamento ocorreu por sua escolha de deixar o radar de acoplamento
funcionando durante o processo de alunissagem, assim o computador precisou
processar dados de radar desnecessários e não tinha tempo de executar todas
as tarefas, abandonando as de baixa prioridade. Aldrin afirmou que fez isso
com o objetivo de facilitar um acoplamento com o Módulo de Comando caso
fosse necessário um aborto da alunissagem, não tendo percebido que isso
causaria um sobrecarregamento.[109]
Armstrong determinou, enquanto aproximavam-se de uma área de pouso, que
o local parecia pouco seguro, assim assumiu o controle manual do Módulo
Lunar e tentou encontrar uma área que parecesse mais segura, demorando
mais do que o esperado e assim mais do que qualquer simulação feita. [110] O
Controle da Missão começou a ficar preocupado que o Módulo Lunar estaria
ficando sem combustível.[111] Aldrin e Armstrong, depois de alunissarem,
acharam que tinham aproximadamente quarenta segundos restantes de
propelente, incluindo os vinte segundos que precisavam ser salvos caso um
aborto fosse necessário.[112] Armstrong, em várias ocasiões, tinha pousado o
Veículo de Treinamento de Alunissagem com menos de quinze segundos de
combustível e ele estava confiante que o Módulo Lunar poderia sobreviver a
uma queda vertical de quinze metros se preciso. Análises pós-missão
mostraram que a alunissagem ocorreu com 45 a 50 segundos de combustível
restante para queima.[113]
A alunissagem aconteceu alguns segundos depois de 20h17min30s UTC
em 20 de julho de 1969,[114] momento em que uma das sondas de
170 centímetros presas nas quatro pernas do Módulo Lunar entrou em contato
com a superfície. Um painel acendeu dentro da cabine e Aldrin falou "Luz de
contato", com Armstrong desligando o motor e informando "desligamento". O
Módulo Lunar se ajeitou na superfície e Aldrin disse "Certo. Parada do motor",
em seguida os dois realizaram as checagens de alguns itens pós-alunissagem.
Duke confirmou a alunissagem dez segundos depois com "Nós te copiamos no
solo, Eagle". Armstrong anunciou o pouso para o Controle da Missão dizendo
"Houston, aqui é Base da Tranquilidade. O Eagle pousou". Os dois astronautas
celebraram com um aperto de mão e tapas nas costas e depois voltaram para
as checagens necessárias, a fim de preparar o Módulo Lunar para decolagem
da Lua caso ocorresse uma emergência nos primeiros momentos na superfície
lunar.[114][115] Duke reconfirmou o pouso depois da confirmação de Armstrong, e
expressou a ansiedade dos controladores de voo: "Entendido, Twan—
Tranquilidade. Nós te copiamos no solo. Vocês fizeram vários caras ficarem
azuis. Estamos respirando novamente. Muito obrigado". [112] Os batimentos
cardíacos de Armstrong ficaram entre 100 e 150 por minuto durante a
alunissagem.[113]
Caminhada
1:02CC
Armstrong descendo do Módulo Lunar.

O plano de voo oficial, estabelecido previamente pela NASA, ditava um período


de descanso obrigatório para a tripulação antes da realização de qualquer
atividade extraveicular. Entretanto, Armstrong pediu para que a caminhada
espacial da Apollo 11 fosse adiantada para mais cedo no período da tarde,
horário de Houston. Os dois astronautas vestiram seus trajes espaciais,
o Eagle foi despressurizado, a escotilha aberta e Armstrong desceu a escada
externa.[116] No pé da escada, Ele informou que "Eu vou pisar fora do ML agora".
Ele virou e colocou seu pé esquerdo na superfície lunar às 02h56min UTC de
21 de julho de 1969,[117] falando palavras que ficaram famosas: "É um pequeno
passo para [um] homem, um salto gigante para a humanidade". [118]
Armstrong preparou seu epigrama por conta própria,[119] dizendo na conferência
de imprensa pós-missão que escolheu as palavras "pouco antes de sair do
ML".[120] Armstrong explicou em 1983 que "Eu sempre soube que havia uma boa
chance de sermos capazes de voltar para a Terra, porém achei que as chances
de um pouso bem sucedido na superfície da Lua eram praticamente iguais –
cinquenta-cinquenta ... A maioria das pessoas não percebe o quão difícil foi a
missão. Então para mim não parecia existir muito sentido em pensar em algo
para dizer caso tivéssemos que abortar o pouso". [119] Dean Armstrong, seu
irmão, afirmou em 2012 que Neil lhe tinha mostrado um rascunho da fala
meses antes do lançamento.[121] Já o historiador Andrew Chaikin contestou que
Armstrong alguma vez afirmou que tinha criado a fala espontaneamente
durante a missão.[122]
Gravações da transmissão da Armstrong não proporcionam evidências para o
uso do artigo indefinido "um" antes de "homem", porém a NASA e Armstrong
afirmaram por anos que a estática obscureceu. Armstrong afirmou que nunca
esqueceria de falar o "um", porém reconheceu que provavelmente não falou a
palavra depois de ouvir a gravação várias vezes. [118] Posteriormente disse
"espero que a história me conceda liberdade por ter perdido a sílaba e
compreenda que certamente tinha-se a intenção, mesmo que não tenha sido
dita – apesar de talvez realmente tenha sido". [123] Desde então houve
argumentos e contra-argumentos sobre se análises acústicas das gravações
revelam a presença de um "um" perdido.[118][124] Peter Shann Ford, um
programador australiano, realizou uma análise digital do áudio e afirmou que
Armstrong realmente disse "um homem", porém o "um" não foi ouvido pelas
limitações da tecnologia de comunicação da época. [118][125][126] Ford e James R.
Hansen, o biógrafo oficial de Armstrong, apresentaram essas descobertas ao
astronauta e a representantes da NASA, que também realizou suas próprias
análises do áudio.[127] Armstrong achou que a análise de Ford era "persuasiva".
[128]
 Os linguistas David Beaver e Mark Liberman, por outro lado, foram céticos
sobre as afirmações de Ford.[129] Um estudo de 2016 concluiu novamente que
Armstrong incluiu o artigo.[130] A transcrição oficial da NASA mostra o "um" entre
colchetes.[131] Quando Armstrong falou suas palavras, ela foi transmitida por
diversas emissoras de rádio e televisão mundialmente. Estima-se que a
audiência global do evento foi de 530 milhões de pessoas, de uma população
mundial na época de aproximadamente 3,6 bilhões de pessoas. [132]

Armstrong trabalhando no Módulo Lunar em 21 de julho de 1969. Esta é uma de suas


únicas fotografias na Lua.

Aldrin juntou-se a Armstrong vinte minutos depois, tornando-se o segundo


homem a pisar na Lua. Os dois começaram suas tarefas para investigar o quão
facilmente um humano poderia operar na superfície lunar. Armstrong revelou
uma placa comemorando o voo e plantou uma bandeira dos Estados Unidos.
Ele queria que a bandeira fosse enrolada no mastro, porém foi decidido usar
uma haste de metal a fim de segurá-la horizontalmente. [133] A haste não esticou
totalmente e a bandeira acabou ficando com uma aparência levemente
ondulada, como seu houvesse uma brisa.[134] Pouco depois o presidente Richard
Nixon conversou por telefone com os dois astronautas. Nixon falou por quase
um minuto e Armstrong respondeu por aproximadamente trinta segundos. [135] Os
registros fotográficos da Apollo 11 mostram Armstrong em apenas cinco fotos.
O tempo da missão foi estritamente planejado e a maioria das tarefas
fotográficas foram realizadas por Armstrong com uma única
câmera Hasselblad.[136]
Armstrong ajudou Aldrin a armar o Pacote Inicial de Experimentos Científicos
da Apollo e em seguida foi caminhar pela o que é hoje conhecida como Cratera
Ocidental, 59 metros ao oeste do Módulo Lunar; esta foi a maior distância
viajada na missão. Sua última tarefa foi lembrar Aldrin de deixar um pequeno
pacote de itens em homenagem aos cosmonautas soviéticos Iuri
Gagarin e Vladimir Komarov, e também aos astronautas Grissom, White e
Chaffee da Apollo 1.[137] O tempo total da atividade extraveicular foi de duas
horas e meia; cada uma das cinco alunissagens seguintes tiveram períodos de
atividade extraveicular cada vez maiores, culminando com as 22 horas
passadas na superfície lunar pela tripulação da Apollo 17.[138] Armstrong anos
depois explicou que a NASA limitou o tempo de caminhada porque não
estavam seguros que os trajes espaciais iriam aguentar a temperatura
extremamente alta da Lua.[139]
Retorno
Aldrin, Collins e Armstrong desfilando em 13 de agosto de 1969 em Nova Iorque durante
uma celebração pela Apollo 11.

A escotilha foi fechada e selada depois de reentrarem no Módulo Lunar.


Armstrong e Aldrin descobriram durante os preparados para a decolagem que,
enquanto usavam seus trajes espaciais, tinham quebrado o interruptor da
ignição para o motor de subida; eles usaram uma caneta para empurrar o
disjuntor e ativar a sequência de lançamento.[140] O Eagle seguiu para a órbita
lunar, onde acoplou-se de volta com o Columbia, o Módulo de Comando e
Serviço, onde Collins tinha permanecido. Os três astronautas então retornaram
para a Terra, caindo no Oceano Pacífico em 24 de julho e sendo resgatados
pelo porta-aviões USS Hornet.[141]
Logo depois de suas voltas, os três astronautas passaram dezoito dias em
quarentena a fim de garantir que não tinha contraído nenhuma infecção ou
doença da Lua, em seguida viajando pelos Estados Unidos e ao redor do
mundo como parte do tour "Grande Salto" de 45 dias. Armstrong depois
participou de um espetáculo feito por Bob Hope, principalmente para as tropas
na Guerra do Vietnã, como parte do United Service Organizations.[142] Ele viajou
em maio de 1970 para a União Soviética com o objetivo de palestrar na 13º
conferência anual do Comitê Internacional para Pesquisa Espacial; ele chegou
em Leningrado via Polônia e viajou para Moscou, onde encontrou-se com o
primeiro-ministro Alexei Kossygin. Armstrong tornou-se o primeiro ocidental a
ver o supersônico Tupolev Tu-144 e recebeu uma visita guiada pelo Centro de
Treinamento de Cosmonautas Iuri Gagarin, que ele descreveu como "um
pouco vitoriano".[143] Ao final do dia ele foi surpreendido ao assistir um vídeo do
lançamento da Soyuz 9, já que Armstrong não tinha noção de que a missão
estava em andamento, mesmo com Tereshkova tendo sido sua anfitriã e o
marido desta, Andrian Nikolaiev, ser um dos cosmonautas a bordo.[144]

Vida após Apollo


Professor
Armstrong e Collins no Brasil em 1969 condecorados com a Ordem Nacional do Cruzeiro
do Sul.

Armstrong anunciou pouco depois da Apollo 11 que não planejava retornar ao


espaço.[145] Foi nomeado Vice-Administrador Associado para aeronáutica no
Escritório de Pesquisa e Tecnologia Avançada da ARPA; serviu nesse cargo
por um ano e então renunciou dele e da NASA em 1971. [146] Ele aceitou um
cargo de professor no Departamento de Engenharia Aeroespacial na
Universidade de Cincinnati,[147] tendo escolhido esta em vez de outras
universidades, incluindo sua alma mater, Purdue, porque Cincinnati tinha um
departamento aeroespacial pequeno.[148] Armstrong esperava que os membros
do quadro de professores não ficassem irritados por ele ter se tornado
professor apenas com um mestrado.[149] Ele tinha começado seu mestrado
enquanto ainda estava na Edwards anos antes, só completando-o depois da
Apollo 11 ao apresentar um relatório sobre vários aspectos da Apollo, em vez
de uma tese sobre a simulação de voo supersônico. [150]
Armstrong tinha em Cincinnati muito trabalho e ensinava aulas essenciais,
tendo criado dois cursos de graduação na universidade: projeto de aeronaves e
mecânicas de voo experimentais.[151] Era considerado um bom professor e
severo nas notas. Suas atividades de pesquisa não envolviam seus trabalhos
na NASA. Armstrong não queria passar a impressão de favoritismo,
posteriormente arrependendo-se da decisão. Ele foi professor por oito anos e
demitiu-se em 1980. A burocracia da universidade tinha aumentado quando ela
deixou de ser uma instituição municipal independente para uma escola
estadual. Armstrong não queria fazer parte do grupo de barganha coletivo dos
professores, assim decidiu lecionar só por meio-período. Segundo o próprio,
continuou com a mesma quantidade de trabalho mas metade do salário. Menos
de dez por cento de sua renda em 1979 provinha de seu salário universitário.
Os funcionários da faculdade não souberam o motivo de sua saída. [150]
Comissões da NASA
Armstrong participou em 1970 da investigação chefiada por Edgar Cortright do
acidente e aborto de alunissagem da Apollo 13. Ele produziu uma cronologia
detalhada de todo o voo. Um interruptor de termostato de 28 Volts no tanque
de oxigênio foi supostamente substituído por uma versão de 65 Volts, o que
levou a uma explosão. Cortright recomendou que o tanque fosse totalmente
redesenhado, a um custo de quarenta milhões de dólares. Muitos gerentes da
NASA, além do próprio Armstrong, eram contra a recomendação do redesenho
dos tanques de combustível, já que o interruptor do termostato foi a fonte da
explosão. Eles perderam a discussão e o tanque foi redesenhado. [152]
O presidente Ronald Reagan pediu em 1986 que Armstrong participasse da
Comissão Rogers, que investigou o desastre do ônibus espacial Challenger.
Armstrong foi nomeado vice-presidente da comissão, que foi chefiada
por William P. Rogers. Ele ficou encarregado do lado operacional da comissão,
realizando entrevistas particulares com contatos que tinha desenvolvido no
decorrer dos anos com o objetivo de determinar a causa do acidente. Como
vice, ajudou a manter o número de recomendações do comitê em apenas nove.
Armstrong acreditava que a NASA não iria fazer coisa alguma caso houvesse
muitas recomendações.[153]
Reagan também nomeou Armstrong para uma comissão de catorze membros a
fim de desenvolver um plano para voos espaciais civis norte-americano para o
século XXI. A comissão foi chefiada pelo doutor Thomas O. Paine, ex-
Administrador da NASA, com quem Armstrong tinha trabalhado no Programa
Apollo. O grupo publicou um livro intitulado Pioneering the Space Frontier: The
Report on the National Commission on Space. A comissão recomendou
estabelecer uma base lunar permanente até 2006 e enviar humanos
para Marte até 2015. Estas recomendações foram praticamente ignoradas, já
que as consequências do desastre da Challenger tomaram prioridade.[154]
Outras atividades

Os astronautas da Apollo 11 com o presidente George W. Bush durante celebrações pelo


35º aniversário da missão em julho de 2004.

Armstrong atuou como porta-voz para vários negócios depois de deixar a


NASA. A primeira companhia que o abordou com sucesso foi a Chrysler, para
quem apareceu em comerciais a partir de janeiro de 1979. Ele achava que a
empresa tinha uma boa divisão de engenharia e que estava em situação
financeira ruim. Depois disso também foi porta-voz de diversas outras
companhias, como a General Time Corporation e a Bankers Association of
America.[155] Armstrong só trabalhou para empresas norte-americanas. [156]
Além disso, também fez parte da diretoria de várias companhias. A primeira foi
a Gates Learjet, presidindo seu comitê técnico. Ele voou em seus jatos novos e
experimentais, chegando até mesmo a estabelecer um novo recorde de altitude
para jatos comerciais. Armstrong tonou-se parte da diretoria da Cincinnati Gas
& Electric Company em 1973. A empresa estava interessada em energia
nuclear e desejava aumentar sua competência técnica. Também serviu como
diretor da Taft Broadcasting. Ele juntou-se em 1989 à diretoria da Thiokol logo
depois do fim da Comissão Rogers; o ônibus espacial Challenger fora destruído
por uma falha dos propulsores de combustível sólido produzidos por sua
predecessora, a Morton-Thiokol. Armstrong tornou-se presidente da Cardwell
International Ltd., companhia produtora de máquinas de perfuração, depois de
deixar seu cargo de professor na Universidade de Cincinnati. Também
trabalhou nas diretorias de empresas aeroespaciais, primeiro a United
Airlines em 1978 e depois a Eaton Corporation em 1980. Foi pedido em 1989
que ele presidisse o concelho de diretores da AIL Systems, uma subsidiária da
Eaton, mantendo-se no posto até aposentar-se em 2002. [157]
O aventureiro profissional Mike Dunn organizou em 1985 uma viagem para
o Polo Norte a fim de levar consigo um grupo que ele chamou de "Grandes
Exploradores". Este grupo incluía Armstrong, o alpinista sir Edmund Hillary, o
filho deste Peter Hillary, o empresário e aviador Steve Fossett e o fotógrafo e
alpinista Patrick Morrow. Eles chegaram no local em 6 de abril de 1985.
Armstrong disse que estava curioso para ver como era o Polo Norte do chão, já
que só o tinha visto da Lua.[158] Ele queria que a expedição ocorresse em
particular e não informou a imprensa sobre a viagem. [159] Além disso, Armstrong
também fez algumas aparições em programas de televisão, a primeira foi como
apresentador da série documental sobre aviação First Flights with Neil
Armstrong da A&E entre 1991 e 1993. Depois dublou em 2010 o personagem
Dr. Jack Morrow em Quantum Quest: A Cassini Space Odyssey, uma
animação educacional de aventura e ficção científica iniciada pela NASA. [160]
Reclusão
Armstrong manteve grande discrição no final de sua vida, algo que levou à
crença popular de que era recluso.[161][162] Ele recusava a maioria dos pedidos de
entrevistas e realizava pouquíssimas aparições públicas. Collins disse que,
quando Armstrong mudou-se para uma fazenda de gado a fim de tornar-se
professor universitário, foi como se ele tivesse "recuado para seu castelo e
levantado a ponte levadiça". O próprio Armstrong achou isso divertido,
comentando que "aqueles de nós que vivem no interior pensam que as
pessoas que vivem dentro da capital são as que têm problemas". Chaikin
afirmou que Armstrong manteve a discrição em sua vida pessoal mas não era
recluso, salientando suas participações em entrevistas, comerciais para a
Chrysler e aparições em programas de televisão. [163]
Ele costumava autografar tudo exceto selos. Armstrong descobriu por volta de
1993 que suas assinaturas estavam sendo vendidas na internet, a maioria das
quais eram falsas, assim ele parou de autografar qualquer material.
[162]
 Quaisquer pedidos enviados a ele recebiam como resposta uma carta
formal dizendo que ele tinha parado com a prática. [164] Mesmo com isso sendo
amplamente conhecido, o historiador Andrew Smith observou pessoas
tentando pegar a assinatura de Armstrong durante um evento de aviação em
2002, com uma pessoa chegando a dizer "Se você enfiar algo perto o
suficiente da cara dele, ele vai assinar".[165] Armstrong costumava escrever
cartas parabenizando escoteiros por suas realizações, fazendo isso para todos
os pedidos de congratulações. Chegou a receber 950 pedidos de cartas para
escoteiros em 2003. Ele decidiu parar com a prática na década de 1990 por
achar que as cartas deveriam ser escritas por pessoas que conheciam o
escoteiro. Estas coisas contribuíram para a formação do mito de sua reclusão.
[166]
Vida pessoal
A família de Armstrong o descreveu como um "herói americano relutante". [167][168]
[169]
 John Glenn, o primeiro norte-americano no espaço, comentou que "Ele não
sentia que deveria ficar se empenhando. Era uma pessoa humilde, e foi desse
modo que permaneceu depois de seu voo lunar, bem como antes". [170] Alguns
ex-astronautas, como Glenn e Harrison Schmitt, procuraram carreiras políticas
depois de deixarem a NASA, porém Armstrong nunca seguiu esse caminho,
mesmo tendo sido abordado por ambos os partidos políticos dos Estados
Unidos. Ele descreveu suas opiniões políticas como sendo a favor dos direitos
estaduais e contra os Estados Unidos atuar como o "policial do mundo". [171]
Armstrong, quando candidatou-se em uma Igreja Metodista na década de 1950
para liderar um grupo de escoteiros, descreveu sua afiliação religiosa como
"deísta".[172] Sua mãe depois disse que as opiniões religiosas do filho lhe
causaram preocupação por ela ser mais religiosa.[173] Ele foi alvo de um trote na
década de 1980 dizendo que havia convertido-se ao islamismo depois de aderir
ao azan, convocação muçulmana a oração, enquanto caminhava na Lua. O
cantor indonésio Suhaemi chegou a escrever uma canção chamada "Gema
Suara Adzan di Bulan" ("O Ressoante Som do Chamado da Oração na Lua"),
que descrevia a conversão de Armstrong; esta música foi muito discutida pela
imprensa de Jacarta em 1983.[174] Histórias similares também apareceram
no Egito e na Malásia. O Departamento de Estado dos Estados
Unidos respondeu em março de 1983 ao enviar mensagens para embaixadas e
consulados em países muçulmanos afirmando que Armstrong "não converteu-
se ao islã". O trote ressurgiu ocasionalmente pelas décadas seguintes. Parte
da confusão veio da coincidência entre os nomes da cidade em que
morava, Lebanon, com o país Líbano, cuja população é de maioria muçulmana.
[175]

Armstrong discursando em fevereiro de 2012 em celebração do 50º aniversário do voo


espacial de John Glenn.

Armstrong visitou em 1972 o vilarejo de Langholm na Escócia, cidade ancestral


do Clã Armstrong; ele foi feito o primeiro homem livre do burgh e alegremente
declarou que a cidade era sua casa. [176] O Juiz de Paz local chegou a ler uma lei
não revogada de quatrocentos anos exigindo que todo Armstrong encontrado
na cidade fosse enforcado.[177]
Enquanto trabalhava em sua fazenda perto de Lebanon em novembro de 1978,
Armstrong precisou pular para fora do caminhão de grãos em que estava.
Entretanto, seu anel de casamento prendeu no volante e isso acabou
arrancando a ponta de seu dedo anelar esquerdo. Ele conseguiu pegar o dedo
e colocá-lo em gelo, com cirurgiões sendo capazes de reimplantarem no
Hospital Judaico de Louisville, Kentucky. [178] Armstrong também sofreu um leve
ataque cardíaco em fevereiro de 1991 enquanto esquiava com amigos
em Aspen no Colorado, apenas um ano após a morte de seu pai e nove meses
depois da morte de sua mãe.[179]
Armstrong e sua primeira esposa Janet se separaram em 1990 e divorciaram-
se em 1994, depois de 38 anos de casamento.[180][181] Ele conheceu sua segunda
esposa, Carol Held Knight, em 1992 durante um torneio de golfe, onde
sentaram juntos em uma mesa de café da manhã. Ela pouco conversou com
Armstrong, porém duas semanas depois recebeu uma ligação dele
perguntando o que estava fazendo – Carol respondeu que estava cortando
uma árvore, e meia hora depois ele apareceu para ajudá-la. Os dois se
casaram em 12 de junho de 1994 em Ohio, realizando depois uma segunda
cerimônia no Rancho San Ysidro na Califórnia. Eles foram viver em Indian Hill,
Ohio.[182]
Armstrong resguardava o uso de seu nome, imagem e citação famosa. A MTV,
ao estrear em 1981, queria usar sua fala como a identificação da emissora,
substituindo a bandeira dos Estados Unidos pelo logo da MTV, porém ele
recusou.[183] Armstrong processou a Hallmark Cards em 1994 depois da
empresa ter usado sem permissão seu nome e gravação da fala "um pequeno
passo" em um ornamento de natal. Um acordo foi alcançado no tribunal para
um valor não revelado que Armstrong doou para Purdue. [184][185] Ele envolveu-se
em maio de 2005 numa disputa legal com Mark Sizemore, seu cabeleireiro de
mais de vinte anos. Sizemore vendeu os cabelos cortados de Armstrong, sem
seu conhecimento, para um colecionar por três mil dólares. [186] Armstrong
ameaçou Sizemore com uma ação legal a menos que seu cabelo fosse
devolvido ou que o dinheiro recebido fosse doado para uma organização
caridade de sua escolha. Sizemore não conseguiu reaver o cabelo e assim
doou o dinheiro para a caridade.[187][188]
Neil Alden Armstrong foi Rotariano associado ao Rotary Club de Wapakoneta,
Ohio, sua cidade natal [189]

Morte

Fotografia de Armstrong quando criança durante seu serviço memorial em Indian Hill, 31
de agosto de 2012.

Armstrong realizou uma cirurgia de ponte de safena em 7 de agosto de 2012 a


fim de desbloquear suas artérias coronárias.[190] Foi relatado que ele estava se
recuperando bem,[191] porém desenvolveu complicações no hospital e morreu no
dia 25 de agosto de 2012 em Cincinnati aos 82 anos de idade. [192][193] Armstrong
foi descrito em uma declaração da Casa Branca como estando "entre os
maiores heróis americanos – não apenas de seu tempo, mas de todos os
tempos".[194][195] A declaração também afirmou que Armstrong tinha carregado as
aspirações dos cidadãos dos Estados Unidos e que havia entregue "um
momento de realização humana que nunca será esquecido". [196] Sua família
também publicou uma declaração o descrevendo como:


um herói americano relutante [que] serviu sua nação com orgulho, como
piloto de caça naval, piloto de teste e astronauta ... Apesar de
lamentarmos a perda de um homem muito bom, nós também celebramos
sua vida extraordinária e esperamos que ela sirva de exemplo para jovens
ao redor do mundo para que trabalhem duro para que seus sonhos se
tornem realidade, que estejam dispostos a explorar e chegar aos limites e
servir altruistamente a uma causa maior que si mesmos. Para aqueles que
perguntam o que podem fazer para honrar Neil, temos um pedido simples.
Honrem seu exemplo de serviço, realização e modéstia, e da próxima vez
que caminharem ao ar livre em uma noite limpa e verem a Lua sorrindo
para você, pensem em Neil Armstrong e lhe deem uma piscadela.[197] ”
Aldrin chamou Armstrong de "um verdadeiro herói americano e o melhor piloto
que já conheci", expressando tristeza de que os três astronautas da Apollo 11
não poderão celebrar os cinquenta anos da alunissagem juntos em 2019.
[198]
 Collins afirmou que "Ele era o melhor e sentirei muito sua falta". [199] Charles
Bolden, administrador da NASA, disse que: "Enquanto existirem livros de
história, Neil Armstrong será incluído neles, lembrado por realizar o primeiro
pequeno passo da humanidade em um mundo além do nosso". [200]

O sepultamento no mar de Armstrong em 14 de setembro de 2012.

Um tributo a Armstrong foi realizado em 13 de setembro na Catedral Nacional


de Washington, cujo Vitral do Espaço mostra a missão da Apollo 11 e que
contém um rocha lunar dentro de um de seus painéis. Presentes estavam os
colegas de Armstrong da Apollo 11, Collins e Aldrin; Scott, seu companheiro na
Gemini VIII; Cernan, comandante da Apollo 17 e o último homem a caminhar
na Lua; e o ex-senador e astronauta Glenn, o primeiro norte-americano a
orbitar a Terra. Bolden fez uma elegia em que elogiou a "coragem, graça e
humildade" de Armstrong. Cernan se lembrou da aproximação com pouco
combustível da Apollo 11: "Quando o medidor diz vazio, todos sabemos que
tem um galão ou dois ainda no tanque!" Diana Krall cantou a canção "Fly Me to
the Moon". Collins liderou as orações. Scott relembrou a missão da Gemini VIII
e falou, possivelmente pela primeira vez, sobre um incidente em que cola
derramou em seus arreios e isso impediu que eles travassem corretamente
minutos antes da escotilha precisar ser selada ou a missão seria abortada.
Armstrong chamou Conrad para resolver o problema, o que fez, e a missão
continuou sem precisar parar a contagem regressiva. "Isto ocorreu pois Neil
Armstrong jogava para a equipe, ele sempre trabalhava em favor do time".
[201]
 Os restos de Armstrong foram cremados no dia 14 de setembro e
espalhados pelo Oceano Atlântico durante uma cerimônia de sepultamento no
mar realizada a bordo do cruzador USS Philippine Sea.[202] Bandeiras foram
hasteadas a meio-mastro no dia de seu funeral. [203]

Legado
Armstrong recebeu vários prêmios e honrarias, incluindo a Medalha
Presidencial da Liberdade do presidente Nixon,[204] a Medalha Geográfica
Cullum da Sociedade Geográfica Americana[205] e o Troféu
Collier da Associação Aeronáutica Nacional, todas em 1969.[206] Em 1970
recebeu a Medalha de Serviço Distinto da NASA[80] e o Troféu Memorial Dr.
Robert H. Goddard do Clube Espacial Nacional,[207] no ano seguinte foi o Prêmio
Sylvanus Thayer da Academia Militar dos Estados Unidos,[208] em 1978 foi
premiado pelo presidente Jimmy Carter com a Medalha de Honra Espacial do
Congresso,[80] em 2001 recebeu o Troféu Memorial Irmãos Wright da
Associação Aeronáutica Nacional[209] e a Medalha de Ouro do Congresso em
2011.[210] Armstrong, Collins e Aldrin foram os recipientes em 1999 da Medalha
de Ouro Langley do Instituto Smithsoniano.[211] Ele venceu em 18 de abril de
2006 o Prêmio Embaixador da Exploração da NASA. [212] A Fundação Espacial
nomeou Armstrong em 2013 como recipiente do Prêmio Realização de Obra
Espacial General General James E. Hil.[213] Ele entrou no Hall da Honra
Aeroespacial, no Quadro de Honra da Aviação Nacional e no Hall da Fama dos
Astronautas dos Estados Unidos.[214][215] Recebeu seu distintivo de Astronauta
Naval em uma cerimônia a bordo do porta-aviões USS Dwight D.
Eisenhower em 10 de março de 2010, contando também com a presença de
Lovell e Cernan.[216]
A cratera lunar Armstrong, cinquenta quilômetros do local de alunissagem da
Apollo 11, e o asteroide 6469 Armstrong foram nomeados em sua homenagem.
[217][218]
 Há várias escolas e outras instituições de ensino nos Estados Unidos
nomeadas em sua homenagem,[219] com muitos lugares ao redor do mundo
possuindo ruas, edifícios, escolas ou outros nomeados como Armstrong ou
Apollo.[220] Há também o Museu Aeroespacial Armstrong em sua cidade natal
de Wapakoneta,[221] e um aeroporto perto de New Knoxville, onde ele realizou
suas primeiras aulas de voo, nomeado em sua homenagem. [222] A Universidade
Purdue nomeou em outubro de 2004 seu novo edifício de engenharia como o
Hall de Engenharia Neil Armstrong;[223] o prédio foi dedicado em 27 de outubro
de 2007 em uma cerimônia que teve a presença de Armstrong, Cernan e
outros catorze astronautas saídos de Purdue.[224] O Centro de Pesquisa de Voo
Hugh L. Dryden da NASA foi renomeado em 2014 para Centro de Pesquisa de
Voo Neil A. Armstrong.[225]
Os astronautas da Apollo 11 com o presidente Barack Obama em julho de 2009,
aniversário de 40 anos da missão.

A Marinha dos Estados Unidos anunciou em setembro de 2012 que chamaria


seu novo navio de pesquisa oceânica como RV Neil Armstrong. A embarcação
foi entregue a marinha em 23 de setembro de 2015. Ele é uma plataforma de
pesquisa oceanográfica capaz de apoiar uma ampla gama de pesquisas
diferentes e atividades realizadas por grupos acadêmicos. [226]
Sua única biografia autorizada, First Man: The Life of Neil A. Armstrong, foi
publicada em 2005 pela editora Simon & Schuster. Armstrong durante anos
recusou ofertas de autores como Stephen E. Ambrose e James A. Michener,
porém finalmente concordou em trabalhar com James R. Hansen depois de ler
uma das biografias deste.[227] Uma adaptação cinematográfica do livro
intitulada First Man, estrelando Ryan Gosling como Armstrong e dirigida
por Damien Chazelle, estreou em outubro de 2018.[228]
Uma pesquisa popular de 2010 da Fundação Espacial escolheu Armstrong
como o herói espacial mais popular, levando em conta tanto pessoas reais
quanto da ficção,[229] enquanto a revista Flying o elegeu em 2013 como o
número um em sua lista dos "51 Heróis da Aviação".[230] A imprensa
frequentemente perguntava a Armstrong suas opiniões sobre o futuro dos voos
espaciais. Ele disse em 2005 que uma missão tripulada a Marte seria muito
mais fácil de se realizar do que o desafio lunar fora na década de 1960. Em
2010 fez uma rara crítica pública ao condenar a decisão do governo norte-
americano de cancelar o foguete Ares I e o Programa Constellation.[231] Em uma
carta aberta também assinada por Lovell e Cernan, eles falaram que "Para os
Estados Unidos, a nação líder no espaço sideral por quase meio século, ficar
sem uma carruagem de baixa órbita terrestre e sem nenhuma capacidade de
exploração humana para ir além da órbita da Terra em um tempo intermediário
para o futuro, destina nossa nação a tornar-se de uma estatura secundária e
até mesmo terciária".[232]

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