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Análise dos principais resultados

das Contas Nacionais

O objetivo desta seção é apresentar uma síntese do desempenho


da economia brasileira no ano de 2007 sob a perspectiva dos
resultados do Sistema de Contas Nacionais. As informações contidas
nas Tabelas de Recursos e Usos - TRU fundamentam as análises que
envolvem as atividades econômicas e produtos, e os dados das contas
econômicas servem de base para o recorte por setor institucional.

Atividade econômica
Ótica da produção
Sob esta ótica, que mede a contribuição das atividades para a
geração do valor adicionado bruto9, o crescimento de 6,1% do Produto
Interno Bruto - PIB foi decorrente de um acréscimo de 6,1% dos serviços,
5,3% da indústria e 4,8% da agropecuária. Os impostos sobre produtos
(6,2%) cresceram mais que o valor adicionado bruto (5,8%), e dentre
estes os que mais aumentaram foram o imposto sobre as importações
(24,2%) e os impostos sobre o valor adicionado (7,9%).
Agropecuária – A agropecuária apresentou crescimento, em vo-
lume, de 4,8% no valor adicionado bruto, em relação ao ano de 2006,
que pode ser explicado, sobretudo, pelo desempenho da lavoura no
ano de 2007.
Na atividade agricultura, silvicultura e exploração florestal
observa-se um acréscimo, em volume, de 6,6 % no valor adicionado
bruto. Segundo a pesquisa Produção Agrícola Municipal 2007, do IBGE,

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O valor adicionado bruto é sempre a preços básicos (exclui qualquer imposto e qualquer custo de
transporte faturado separadamente e inclui qualquer subsídio sobre o produto)
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os principais produtos com crescimento expressivo no volume de produção em 2007


foram: trigo em grão (65,6%); algodão herbáceo (41,8%); milho em grão (22,2%); cana-
de-açúcar (15,1%); e soja (10,3%).
O valor adicionado bruto da atividade pecuária e pesca cresceu 1,0%, em volu-
me, no ano de 2007, taxa inferior aos 2,9% verificados em 2006. Apesar do aumento
dos efetivos de aves e suínos que registraram 11,5% e 2,2%, respectivamente, em
comparação com o ano anterior, houve uma redução de 3,0% no efetivo dos bovinos,
de acordo com os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal 2007, do IBGE.
A variação da participação da atividade agropecuária no valor adicionado bruto
da economia (de 5,5%, em 2006, para 5,6%, em 2007) resulta, além do crescimento
em volume da atividade, da elevação de 8,8% dos preços médios praticados.
Indústria – O crescimento da Indústria é explicado, principalmente, pelo desem-
penho da atividade indústria de transformação, cujo aumento, em volume, foi de 5,6%
em 2007, contra apenas 1,0% em 2006. O crescimento do volume do valor adicionado
bruto da indústria de transformação foi mais generalizado: 28 das 34 atividades que
compõem a indústria de transformação apresentaram elevação em 2007, contra 22
atividades com desempenho positivo em 2006. As atividades industriais que mais se
destacaram foram: defensivos agrícolas (23,1%); outros equipamentos de transporte
(19,0%); máquinas e equipamentos inclusive manutenção e reparos (17,5%); e máquinas
para escritório e equipamentos para informática (14,3%). Além da fabricação de máqui-
nas e da fabricação de equipamentos para informática, outras indústrias relacionadas
com o investimento, também, tiveram desempenhos positivos, possibilitando um
aumento de 13,9% da Formação Bruta de Capital Fixo - FBCF: as atividades caminhões
e ônibus e automóveis, camionetas e utilitários cresceram, respectivamente, 14,9% e
10,8%, enquanto o valor adicionado bruto da atividade cimento, principal insumo da
construção civil, cresceu 9,2%.
A indústria extrativa aumentou 3,7% em 2007, tendo sido o único dos quatro
grupos da indústria (extrativa, transformação, Serviços Industriais de Utilidade Públi-
ca - SIUP e construção civil) a apresentar taxa de crescimento inferior à de 2006. Isso
ocorreu porque o valor adicionado bruto da atividade de extração de petróleo e gás
natural, que responde por 65,0% do valor adicionado bruto desse segmento, cresceu
apenas 1,5%, o que foi apenas parcialmente compensado pelo aumento da atividade
minério de ferro (11,9%). Ao menor crescimento em volume somou-se, ainda, um au-
mento de custos no segmento, o que fez com que a participação da indústria extrativa
no valor adicionado bruto total caísse de 2,9%, em 2006, para 2,3%, em 2007.
A atividade construção civil, por outro lado, manteve a trajetória de crescimento
iniciada em 2004. A atividade cresceu 4,9%, em 2007, e sua participação no valor adi-
cionado bruto total aumentou de 4,7% para 4,9%. Ambos os segmentos da construção
civil registraram elevação: a produção de “edificações”, impulsionada pelo aumento do
crédito imobiliário (BOLETIM..., 2007) e pela expansão da renda das famílias, cresceu
5,9%, enquanto a produção de “outros produtos da construção”, que inclui grandes
obras de infraestrutura, registrou aumento ligeiramente inferior, de 5,0% no ano.
Serviços - Em 2007, o desempenho das atividades que constituem o grupo
Serviços no Sistema de Contas Nacionais superou o de 2006. Entre as 15 atividades
desse grupo, nove registraram variações em volume superiores às verificadas no
ano anterior. Estes resultados garantiram o crescimento, em volume, do seu valor
adicionado de 6,1% no ano. Por outro lado, o aumento dos preços, neste grupo (7,3%
no total do grupo), colaborou para o acréscimo de 13,9% no valor adicionado bruto
a preços correntes em 2007.
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A atividade com a mais alta variação em volume, em 2007, foi a de serviços de


intermediação financeira, seguros e previdência complementar e serviços relacionados
(15,1%), resultando em ganho de participação no valor adicionado bruto, no período,
(de 7,2% para 7,7%). A seguir, destacam-se os serviços de manutenção e reparação
que apresentaram um crescimento em volume de 8,9%. O dado mais expressivo nos
serviços de intermediação financeira, seguros e previdência complementar e serviços
relacionados, que têm mantido uma trajetória de expansão a taxas crescentes nos
últimos três anos10, esteve diretamente relacionado à expansão do crédito11.
Educação mercantil, com variação anual em volume, de 0,9% e administração públi-
ca e seguridade social com 3,3%, foram as atividades com as menores variações positivas.
Ressalta-se, ainda, o comportamento das atividades de serviços domésticos (-0,9%) e de
educação pública (-3,3%) como as únicas a registrarem taxas negativas no ano.
Comércio - A atividade comércio registrou crescimento de 8,4% em volume,
em relação ao resultado obtido em 2006. A Tabela 2 mostra os resultados de 2007
para o comércio no Sistema de Contas Nacionais, com o valor adicionado bruto para
as atividades comércio ambulante e feirante, comércio de veículos, comércio de
produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e odontológicos, e comércio atacadis-
ta e varejista. Em 2007, o valor adicionado bruto do comércio como um todo foi de
R$ 253 117 milhões a preços do ano anterior. A preços correntes, o valor adicionado bruto
da atividade foi de R$ 277 370 milhões, com os preços variando 9,6%. O Comércio de
veículos foi a atividade que apresentou maior crescimento do valor adicionado bruto no
ano (21,6%), enquanto o comércio ambulante e feirante manteve-se, praticamente, no
mesmo nível do ano de 2006.

Tabela 2 - Valor adicionado bruto e variação em volume,


da atividade comércio - Brasil - 2007

Valor adicionado bruto

Atividade comércio Volume


Valor corrente
em variação
(1 000 000 R$)
(%)

Total 8,4 277 370


Ambulante e feirante 0,0 14 734
Veículos 21,6 29 876
Produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e odontológicos 2,5 17 683
Atacadista e varejista 7,4 215 077

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.

Ao longo de 2007, os fatores que influenciaram positivamente o desempenho do


comércio como um todo foram a continuidade da expansão do crédito [principalmen-
te o crédito para aquisição de automóveis, com expansão do financiamento próprio
das montadoras, e o crédito direcionado à construção civil, que afeta diretamente a
venda de materiais de construção (POLÍTICA..., 2008) e a depreciação do dólar frente
ao real, barateando os preços de importados.

10
As taxas de variação em volume do valor adicionado bruto de serviços de intermediação financeira e seguros passaram
de 1,6 ponto percentual, entre 2005 e 2004, para 3,1 pontos percentuais, entre 2006 e 2005, e 6,6 pontos percentuais, entre
2007 e 2006.
11
De acordo com o Relatório Anual 2007 do Banco Central, “as operações de crédito do sistema financeiro registraram
significativa expansão em 2007, movimento consistente com a trajetória declinante das taxas de juros e com os desdobra-
mentos, sobre decisões relativas a consumo e a investimentos, associados à consolidação da estabilidade da economia
do país.” (BOLETIM..., 2007).
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Ótica da demanda
O PIB pela ótica da demanda é composto pela soma do consumo final, do saldo
externo de bens e serviços (exportações menos importações) e da formação bruta
de capital. Esta última, por sua vez, decompõe-se em formação bruta de capital fixo
e variação de estoques12.
O crescimento do PIB em 2007, sob a ótica da demanda, foi decorrente, princi-
palmente, do aumento de 5,8% da despesa de consumo final em volume. O aumento
de 6,3% na despesa de consumo das famílias foi impulsionado pelo crescimento de
5,4% da massa salarial real, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE. Além
disso, houve uma elevação de 18,8%, em termos nominais, do saldo das operações
de crédito do sistema financeiro com recursos livres para a pessoa física (POLÍTICA...,
2008). Também apresentaram crescimento, a despesa de consumo da administração
pública (5,1%) e a Formação Bruta de Capital Fixo (13,9%), que foram, entre outros fa-
tores, positivamente afetadas por uma redução média de 6,0% no custo de importação
de bens capital. A queda da taxa de câmbio (-10,5%), porém, contribuiu para uma taxa
de crescimento das importações (19,9%) muito superior que a das exportações (6,2%)
e, portanto, para uma contribuição negativa do saldo externo de comercialização de
bens e serviços para o PIB em 2007. A despesa de consumo final das instituições sem
fim de lucro a serviço das famílias teve uma queda de 2,6% em 2007.

Tabela 3 - Variação real anual dos componentes do Produto Interno Bruto


pela ótica da despesa - 2006-2007

Variação real anual (%)


Componentes do Produto Interno Bruto pela ótica da despesa
2006 2007

Total 4,0 6,1


Despesa de consumo final 4,5 5,8
Despesa de consumo das famílias 5,3 6,3
Despesa de consumo da administração pública 2,6 5,1
Despesa de consumo das instituições sem fins de lucro a
serviço das famílias 1,7 (-) 2,6
Formação bruta de capital fixo 9,8 13,9
Exportação de bens e serviços 5,0 6,2
Importação de bens e serviços (-) 18,4 19,9

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.

Em 2007, a despesa de consumo final teve um crescimento, em volume, de 5,8%.


Na análise pelos bens e serviços consumidos, destacam-se o consumo de serviços de
intermediação financeira, seguros e previdência complementar, (14,7%), de produtos
da indústria de transformação (7,1%) e o consumo de eletricidade e gás, água, esgoto
e limpeza urbana (6,2%), que cresceram acima da média. Por outro lado, os produtos
da agropecuária e os serviços de informação registraram menor crescimento, com
0,7% e 2,1%, respectivamente.
Os produtos da agropecuária apresentaram maior aumento de preços (10,9%),
enquanto os serviços de intermediação financeira, seguros e previdência comple-
mentar ficaram na outra ponta, com queda de 1,0% em seus preços, seguidos pela
atividade eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, com variação de 0,4%.

12
Para fins de análise, desconsidera-se, em geral, a variação de estoques, por se constituir de uma variação de um saldo,
sem poder explicativo.
Análise dos principais resultados das Contas Nacionais _______________________________________________

Os produtos com menor crescimento foram os da agropecuária (0,7%) e os


serviços de informação (2,1%). A agropecuária foi o grupo com maior aumento
de preços (10,9%). Os serviços de intermediação financeira, seguros e previdência
complementar e serviços relacionados ficaram na outra ponta, com queda de 1,1%
em seus preços, seguidos pela atividade eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza
urbana, com aumento de 0,4%.
Em 2007, a Formação Bruta de Capital Fixo registrou a maior variação real para
o período entre 2003 e 2007 e se manteve pelo segundo ano consecutivo com uma
expansão superior aos demais componentes da demanda. O aumento em volume
de 13,9%, frente ao acréscimo de 4,7% no preço, levou a uma alta de 19,2% em valor
corrente. Com isso, a taxa de investimento (Formação Bruta de Capital Fixo - FBCF/
PIB) subiu 1,0 ponto percentual de 16,4%, em 2006, para 17,4%, em 2007.
O desempenho do investimento foi impulsionado por máquinas e equipamentos
que vem apresentando crescimento superior às demais categorias da Formação Bruta
de Capital Fixo desde 2004 e alcançou a proporção de 54,1% do total . Este segmento
obteve, no ano, elevação de 24,9% em valor dada a variação de 22,0% em volume e
2,4% em preço.
A construção civil, que abrange desde obras em infraestrutura a construções
residenciais, teve sua participação reduzida de 40,4%, em 2006, para 38,3% do total da
Formação Bruta de Capital Fixo, em 2007. O aumento de 13,0% em valor corrente re-
sultou de uma variação real de 5,5% e de uma elevação referente ao preço de 7,1%.
Entre 2006 e 2007, o grupo “outros produtos”13 que complementa a Formação
Bruta de Capital Fixo, também, registrou perda de participação no total da Formação
Bruta de Capital Fixo de 7,9%, em 2006, para 7,6%, em 2007. Neste caso, a variação
nominal de 14,0% repetiu o movimento observado em 2006 em que a ampliação
decorreu em maior grau do preço que, em 2007, avançou para 9,9% enquanto que o
aumento em volume foi de 3,8%.
Em 2007, o resultado do Saldo Externo Corrente ficou deficitário, após quatro
anos seguidos de superávit. O saldo negativo de R$ 6 592 milhões ocorreu, principal-
mente, devido à retração da balança de bens e serviços. Apesar de as exportações de
bens e serviços terem superado as importações em R$ 40 390 milhões, esse resultado
é 41,3% menor que o registrado em 2006 (R$ 68 778 milhões). Parte desse resultado
é explicado pela valorização cambial de 10,5% entre 2006 e 2007 e o dinamismo da
atividade econômica doméstica.
Em termos reais, as importações de bens e serviços cresceram 19,9%, enquanto
as exportações avançaram apenas 6,2%, gerando uma contribuição negativa do setor
externo para o PIB (-1,5%).
Os bens intermediários representam a maior parte das exportações e importações
brasileiras, com cerca de 70,0% do total. Em volume, os bens intermediários tiveram au-
mento de 6,7% (exportações) e 16,3% (importações), com ligeira queda nos preços. Nas
importações, todas as categorias de uso apresentaram forte alta em volume, com destaque
para bens de capital que cresceram 43,0%, indicando que o real valorizado favoreceu o
nível de investimentos em máquinas e equipamentos das atividades econômicas.
Nas exportações, os bens de capital também tiveram alta (8,4%), especialmente pelo
resultado da atividade outros equipamentos de transporte, impulsionado pela venda de
aeronaves; caminhões e ônibus; e material eletrônico e equipamentos de comunicações,
respondendo pela metade do valor total exportado para essa categoria de uso. ATabela 4, a
seguir, detalha as exportações e importações de bens e serviços, por categoria de uso.

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Novas culturas permanentes, novas matas plantadas, bovinos destinados à reprodução e rebanho leiteiro.
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Tabela 4 - Exportação e importação de bens e serviços, segundo as categorias de uso


Brasil - 2006-2007

Exportação e importação de bens e serviços (1 000 000 R$)

2007
Variação Variação Variação
Categorias de uso 2006 A preços 2007
de de do
Valor constantes Valor
volume preço valor
corrente do ano corrente
(%) (%) (%)
anterior

Exportação FOB 340 457 6,2 361 559 (-) 1,6 355 672 4,5
Bens de capital 34 796 8,4 37 723 (-) 2,3 36 861 5,9
Bens de consumo duráveis 14 446 (-) 0,4 14 391 (-) 8,3 13 199 (-) 8,6
Bens e serviços de consumo não duráveis 57 218 (-) 2,8 55 644 6,0 59 009 3,1
Bens de consumo semiduráveis 6 377 69,9 10 835 (-) 44,9 5 975 (-) 6,3
Bens e serviços intermediários 227 619 6,7 242 966 (-) 1,0 240 628 5,7

Importação FOB (1) 271 679 19,9 325 676 (-) 3,2 315 282 16,0
Bens de capital 26 183 42,9 37 428 (-) 5,9 35 231 34,6
Bens de consumo duráveis 7 022 59,9 11 231 (-) 8,4 10 287 46,5
Bens e serviços de consumo não duráveis 34 048 11,8 38 067 3,8 39 517 16,1
Bens de consumo semiduráveis 2 610 63,4 4 265 4,6 4 459 70,9
Bens e serviços intermediários 201 817 16,3 234 686 (-) 3,8 225 788 11,9

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.


(1) Os valores totais das importações de bens incluem estimativas de contrabando e energia elétrica importada de Itai-
pu. Comércio Exterior de bens correponde ao valor FOB (free on board).

No ano de 2007 a variação de estoques foi de R$ 23,7 bilhões. As principais os-


cilações foram verificadas nos produtos da indústria de transformação, com destaque
para os produtos da atividade automotiva, em que a variação de estoque alcançou
R$ 6,1 bilhões, para os produtos da metalurgia e siderurgia (R$ 3,4 bilhões), para as
máquinas e equipamentos (R$ 3,0 bilhões), para os produtos químicos e derivados
(R$ 3,0 bilhões) e artigos de vestuário, couro e calçados (R$ 1,8 bilhão).

Ótica da renda
A expansão de 1,6% do número de ocupações apurada pelo Sistema de Contas
Nacionais, entre 2006 e 2007, correspondeu ao acréscimo de cerca de 1,5 milhão de novos
postos de trabalho14. Em termos absolutos, o grupamento de atividades serviços, com o
maior peso na oferta de empregos no País15, respondeu em grande parte por este resultado.
No entanto, em termos relativos, a indústria foi o grupo que se destacou com a ampliação
de 4,2% no número de vagas. Em contrapartida, a ocupação na agropecuária caiu 4,3%
(de 18,4 para 17,6 milhões). O comportamento da ocupação, segundo as atividades do
Sistema de Contas Nacionais, é apresentado na Tabela Sinótica 14 e revelou, nos dois
últimos anos ganhos de participação da indústria (de 19,5% para 20,1%) e de serviços (de
60,7% para 61,4%), em detrimento da agropecuária (de 19,7% para 18,6%).
O cenário favorável do mercado de trabalho no Brasil tem se sustentado não ape-
nas na manutenção da trajetória de expansão do emprego desde 2003. O crescimento
da formalização e o aumento real dos rendimentos recebidos pelos trabalhadores têm
se apresentado como determinantes qualitativos de uma melhora considerável das con-
dições de trabalho. Os resultados relativos ao emprego formal, em 2007, corroboraram

14
Em 2007, foram contabilizados 94,7 milhões de postos de trabalho na economia.
15
Entre 2006 e 2007, o número de ocupações do grupo de atividades serviços passou de 56,6 milhões para 58,1 milhões,
correspondente a uma variação de 2,6%.
Análise dos principais resultados das Contas Nacionais _______________________________________________

com este movimento e com um incremento de 4,3% das ocupações com vínculo16, bem
superior ao comportamento observado nas ocupações sem o vínculo formal: autônomos,
com variação de 0,1%; e empregados sem carteira com queda de 1,2%.
No que diz respeito aos rendimentos dos trabalhadores, que já vinham assi-
nalando acréscimos desde 2003, tanto a remuneração dos empregados quanto o
rendimento misto bruto apresentaram, em 2007, aumentos significativos (13,5% e
13,1%, respectivamente).
A estrutura de repartição da renda gerada no processo de produção entre os
fatores capital, trabalho e administrações públicas não sofreu alteração significati-
va em relação a 2006. Entre os componentes do fator trabalho, a remuneração dos
empregados representou 41,3% da renda, enquanto o rendimento misto, 9,0%. A
proporção da remuneração do fator capital, representado no excedente operacional
bruto, correspondeu a 34,4% e a relativa às administrações públicas, 15,2%. Contudo,
ressalta-se que a parcela da remuneração de empregados vem delineando uma tra-
jetória ascendente nos últimos três anos, refletindo a evolução positiva do mercado
de trabalho no período. Os dados do Gráfico 4 descrevem essa trajetória.

Gráfico 4 - Composição do Produto Interno Bruto pela ótica da renda


Brasil - 2003-2007
%

39,5 40,1 40,9 41,3


39,3
35,3 35,6 35,2 34,8 34,4

14,6 15,4 15,4 15,3 15,2


10,6 9,7 9,4 9,0 9,0

2003 2004 2005 2006 2007

Remuneração Excedente Rendimento Impostos líquidos de


dos empregados operacional bruto misto bruto subsídios sobre a
produção e importação

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.

Contas econômicas
Procedimentos de elaboração
As contas econômicas registram, em cada linha, as operações econômicas,
saldos e agregados, que representam a sequência de equações que retratam o fun-
cionamento da economia nacional. Iniciando na geração da renda, passando pela

16
Em 2007, dentre os grupos e atividades divulgadas pelo Sistema de Contas Nacionais, a Indústria sobressaiu-se com a
maior expansão no total de ocupações formais (6,0%) e neste segmento em particular, a indústria de extrativa mineral,
com 9,8% e a construção, com 7,5%. Em serviços, onde o emprego com vínculo formal cresceu 4,1%, os destaques foram
as atividades imobiliárias e aluguel (18,1%) e os serviços de informação (10,3%).
_____________________________________________________________ Sistema de Contas Nacionais 2003-2007

sua apropriação, distribuição e alcançando a utilização da renda nacional, quando se


estima o consumo e a poupança da economia. Em seguida, são registrados os fluxos
relativos à acumulação de capital da economia, que permitem estimar a capacidade,
ou necessidade de financiamento da economia.
Os fluxos provenientes das equações de acumulação determinam o sentido
(aumento ou diminuição) da variação dos ativos e passivos, os quais, quando articu-
lados com os registros de estoque referentes às contas de patrimônio de abertura e
de fechamento da economia, permitem construir a conta de patrimônio da economia
nacional. Esta última conta permite integrar as contas de fluxo (corrente e de acumu-
lação) com a conta de estoque (de patrimônio).
Na Conta Econômica Integrada - CEI, estes registros são descritos na coluna
central da tabela que representa todos os setores institucionais, de forma a tornar mais
simples a compreensão da leitura das operações e contas, por setor institucional. A
leitura desta tabela é feita a partir da coluna central17, segundo:
⇒ os valores registrados nas colunas situadas à esquerda da coluna central
indicam a utilização (usos menos diminuição) dada aos recursos, para cada
setor institucional; e
⇒ os valores registrados nas colunas situadas à direita da coluna central indicam
a origem (recursos menos aumento), para cada setor institucional.
As exportações da economia nacional são registradas à esquerda da coluna cen-
tral, por representarem operações de uso para o resto do mundo. Já as importações
da economia nacional são registradas à direita da coluna central, por constituírem
recursos para o resto do mundo.
Convém observar que na montagem da Tabela-síntese das CEI, as colunas de
bens e serviços (construídas nas TRU, por atividade econômica) são colunas que
funcionam como uma conta-espelho da conta dos setores institucionais. No lado dos
usos, aparece a oferta de bens e serviços, e no dos recursos, aparece a demanda de
bens e serviços.
Nas contas econômicas por setor institucional, cada tabela representa apenas
um único setor. As operações são registradas em uma coluna inicial e os usos e
recursos e suas respectivas operações passam a ser representados nas linhas. Com
essa organização é possível apresentar nas colunas os valores das operações para
os últimos anos.
O esquema apresentado, a seguir, mostra a desagregação das contas, por ope-
ração, para cada setor institucional.
Cada uma das contas de uma conta econômica (produção, geração, etc.) se
relaciona com a conta seguinte através de um saldo (com código B.x), que é o resul-
tado entre a diferença entre os recursos e usos de cada conta. Por exemplo, a conta
1, produção, se relaciona com a conta 2.1.1, geração da renda, através do valor adi-
cionado a preços básicos (B1) resultante da diferença entre o valor bruto da produção
a preços básicos e o consumo intermediário a preços de consumidor.
A conta de produção (conta 1) mostra o resultado do processo de produção,
consumo intermediário e seu saldo, o valor adicionado bruto.

17
Por convenção, o manual System of national accounts 1993 estabelece que as operações relacionadas com os débitos
das contas (usos) devem ser registradas do lado esquerdo, e as relacionadas com créditos (recursos), do lado direito.
Análise dos principais resultados das Contas Nacionais _______________________________________________

Contas econômicas integradas

Registros Registros
correspon- correspon-
dentes à dentes à
Seto- Seto-
Conta Conta Conta Conta
de res res
do do de
Contas bens insti- Códigos Operações e saldos insti- Contas
resto resto bens
e tucio- tucio-
servi- do do e
nais nais
ços mun- mun- servi-
(recur- do do ços
sos) (usos)
Contas correntes (1 000 000 R$) Contas correntes (1 000 000 R$)
Usos Recursos

P.7 Importação de bens e serviços


1. Produ-
P.6 Exportação de bens e serviços ção/conta
1. Produ- externa
P.1 Produção
ção/conta de bens
externa P.2 Consumo intermediário e servi-
de bens Impostos, líquidos de ços
e servi- D.21-D.31
subsídios, sobreprodutos
ços
Valor adicionado
B.1 2.1.1.
bruto/Produto interno bruto
Geração
Saldo externo de bens e
B.11 da renda
serviços

A conta de distribuição primária da renda (2.1) subdivide-se em duas subcontas:


a conta de geração da renda (2.1.1) e a conta de alocação da renda primária (2.1.2). As
rendas primárias são rendas recebidas pelas unidades institucionais por sua partici-
pação no processo produtivo ou pela posse de ativos necessários à produção.
A conta de geração da renda mostra como se distribui o valor adicionado bruto
(saldo da conta 1) entre os fatores de produção trabalho e capital e as administrações
públicas. Esta conta registra, do ponto de vista dos produtores, as operações de dis-
tribuição diretamente ligadas ao processo de produção.

Contas econômicas integradas

Registros Registros
correspon- correspon-
dentes à dentes à

Conta Conta Seto- Seto-


Conta Conta
de do res res
Contas do de Contas
bens resto insti- Códigos Operações e saldos insti-
resto bens
e tucio- tucio-
servi- do do e
mun- nais nais
ços mun- servi-
(recur- do do ços
sos) (usos)
Contas correntes (1 000 000 R$) Contas correntes (1 000 000 R$)
Usos Recursos
Remuneração dos
D.1 empregados
D.2-D.3 Impostos, líquidos de 2.1.2.
2.1.1. subsídios, sobre a produção e Alocação
Geração
B.2 Excedente operacional bruto da renda
da renda
primária
B.3 Rendimento misto bruto
(rendimento de autônomos)
_____________________________________________________________ Sistema de Contas Nacionais 2003-2007

A conta de alocação da renda registra a parte restante da distribuição primária


da renda, ou seja, as rendas de propriedade a pagar e a receber, bem como a remu-
neração dos empregados e os impostos, líquidos dos subsídios, a receber, respecti-
vamente, pelas famílias e administrações públicas. Esta conta centra-se nas unidades
institucionais residentes como recebedoras de rendas primárias mais do que como
produtoras, cujas atividades geram rendas primárias.

Contas econômicas integradas


Registros Registros
correspon- correspon-
dentes à dentes à
Conta Conta Seto- Seto- Conta
Conta
de do res res de
Contas Códigos Operações e saldos do Contas
bens resto insti- insti- bens
e resto
do tucio- tucio- e
servi- do
mun- nais nais servi-
ços mun-
(recur- do ços
do
sos) (usos)
Contas correntes (1 000 000 R$) Contas correntes (1 000 000 R$)
Usos Recursos

2.1.2.
Alocação
D.4 Rendas de propriedade da renda
Alocação primária
da renda
2.2. Dis-
primária Saldo das rendas primárias tribuição
B.5
brutas/Renda nacional bruta secundária
da renda

A conta de distribuição secundária da renda (conta 2.2) mostra a passagem


do saldo da renda primária de um setor institucional para renda disponível, após o
recebimento e pagamento de transferências correntes, exclusive as transferências
sociais em espécie. Essa redistribuição representa a segunda fase no processo de
distribuição da renda.

Contas econômicas integradas

Registros Registros
correspon- correspon-
dentes à dentes à

Seto- Seto-
Conta Conta Conta Conta
res res
de do de
Contas do insti- Códigos Operações e saldos insti- Contas
bens resto bens
e resto tucio- tucio-
do e
servi- do nais nais
mun- servi-
ços mun-
(recur- do ços
do
sos) (usos)
Contas correntes (1 000 000 R$) Contas correntes (1 000 000 R$)
Usos Recursos
Impostos correntes sobre a
D.5 renda, patrimônio, etc. 2.2. Dis-
D.61 Contribuições sociais tribuição
secun-
D.62 Benefícios sociais, exceto dária da
2.2. Dis-
transferências sociais em renda
tribuição
D.7 Outras transferências
secun-
correntes
dária da
B.6 Renda disponível bruta
renda 2.3. Redis-
tribuição
da renda
em
espécie
Análise dos principais resultados das Contas Nacionais _______________________________________________

A conta de redistribuição da renda em espécie (conta 2.3) leva à fase seguinte do


processo de redistribuição da renda. Mostra como a renda disponível das famílias, das
instituições sem fins de lucro a serviço das famílias e das administrações públicas se
transforma em renda disponível ajustada, pela receita e pagamento de transferências
sociais em espécie. As empresas financeiras e não financeiras não estão envolvidas
nesse processo, por não receberem transferências em espécie.
A conta de uso da renda (conta 2.4) desdobra-se em conta de uso da renda
disponível (conta 2.4.1) e conta de uso da renda disponível ajustada pelo valor das
transferências em espécie (conta 2.4.2), de forma a explicitar a despesa de consumo
e o consumo efetivo dos setores.

Contas econômicas integradas

Registros Seto- Registros


correspon- res correspon-
dentes à dentes à
Contas Seto- Códigos Operações e saldos insti- Contas
Conta tucio- Conta
Conta res Conta
de de
do insti- nais do
bens bens
e resto tucio- resto
servi- do e
do nais
ços servi-
mun- mun-
(recur- ços
do do
sos) (usos)

Contas correntes (1 000 000 R$) Contas correntes (1 000 000 R$)
Usos Recursos
B.6 Renda disponível bruta
P.4 Consumo final efetivo
P.3 Despesa de consumo final
D.8 Ajustamento pela variação
2.4. Uso 2.4. Uso
das participações líquidas das
da renda da renda
famílias nos fundos de
pensões, FGTS e PIS/P ASEP
B.8 Poupança bruta
B.12 Saldo externo corrente
B.6 Renda disponível bruta
P.3 Despesa de consumo final
P.31 Despesa de consumo final
2.4.1 Uso indivuidual 2.4.1 Uso
P.32 Despesa de consumo final
da renda da renda
coletiva
nacional nacional
D.8 Ajustamento pela variação
dispo- dispo-
das participações líquidas das
nível nível
famílias nos fundos de
pensões, FGTS e PIS/P ASEP
B.8 Poupança bruta
B.12 Saldo externo corrente
B.6 Renda disponível bruta
B.7 Renda disponível bruta
ajustada
Ajustamento entre S7 e S6
2.4.2 Uso P.4 Consumo final efetivo 2.4.2 Uso
da renda da renda
P.41 Consumo final efetivo
nacional nacional
P.42 Consumo final efetivo coletivo
dispo- dispo-
D.8 Ajustamento pela variação
nível nível
das participações líquidas das
ajustada ajustada
famílias nos fundos de
pensões, FGTS e PIS/P ASEP
B.8 Poupança bruta
B.12 Saldo externo corrente
_____________________________________________________________ Sistema de Contas Nacionais 2003-2007

A conta de uso da renda disponível tem como objetivo mostrar como as fa-
mílias, as instituições sem fins de lucro a serviço das famílias e as administrações
públicas alocam sua renda disponível em consumo e poupança. A partir da renda
disponível bruta, as despesas de consumo aparecem sendo realizadas pelos setores
que efetivamente despenderam os recursos. As despesas de consumo individual das
administrações públicas e das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias são
as relativas às transferências sociais em espécie para as famílias.

A conta de uso da renda disponível ajustada parte da renda disponível ajustada,


onde as transferências sociais foram recebidas, pelas famílias, das administrações
públicas e das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias. Assim, o consumo
das famílias está acrescido das transferências sociais em espécie a fim de se registrar
o consumo final efetivo.

A poupança, que é o saldo da conta de uso da renda, não se altera em função


de seu desdobramento.

A poupança que é o saldo final das operações correntes constitui, naturalmen-


te, o ponto de partida da contas de acumulação. A conta de capital, primeira deste
conjunto, registra as operações relativas às aquisições de ativos não financeiros e
às transferências de capital que implicam em redistribuição de riqueza; seu saldo é a
capacidade/necessidade líquida de financiamento.

Contas econômicas integradas

Registros Registros
correspon- Seto- Seto- correspon-
dentes à dentes à
res res
Conta Conta insti-
insti- Conta
Contas de do Códigos Operações e saldos Conta Contas
tucio- tucio- de
bens resto do
e nais nais bens
do resto e
servi-
ços mun- do servi-
(recur- do mun- ços
sos) do (usos)
Contas de acumulação Contas de acumulação
(1 000 000 R$) (1 000 000 R$)
Variações de ativos Variações de passivos e patri-
mônio líquido

B.8 Poupança bruta

B.12 Saldo externo corrente

P.51 Formação bruta de capital fixo

P.52 Variação de estoques


K.2 Aquisições líquidas de cessões
de ativos não-financeiros não-
produzidos
3.1. 3.1.
D.9 Transferências de capital a
Capital Capital
receber
Transferências de capital a
D.9
pagar
B.9 Capacidade (+) / Neces-sidade
(-) líquida de financiamento
B.10.1 Variações do patrimônio
líquido resultantes de
poupança e da transferência
de capital
Análise dos principais resultados das Contas Nacionais _______________________________________________

Os fluxos de bens e serviços registrados na tabela das CEI são obtidos das TRU.
Os valores referentes às operações e fluxos da economia nacional, desagregados por
setor institucional, são apresentados nas CEI.

Resultados de 2000-2006
Contas econômicas por setor institucional
Com o intuito de facilitar o uso e análise dos setores institucionais , o IBGE
publica, a partir dos resultados do Sistema de Contas Nacionais 2007, uma série de
novos quadros.
O novo esquema apresentado fornece as mesmas informações das CEI, mas sua
forma de apresentação prioriza a análise temporal, já que o resultado é apresentado
para cada setor institucional e para a economia nacional, considerando um determi-
nado período de tempo. Nas contas por setor, os usos e recursos são apresentados
por linha com as respectivas operações detalhadas abaixo. Os anos são apresentados
nas colunas. Nesta publicação estão sendo divulgados os resultados da série 2000 a
2006. As CEI com os resultados de 2007 não está sendo divulgada, já que o IBGE não
teve acesso aos registros administrativos do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, 2007,
peça fundamental na sua construção.
Com esses novos quadros, as operações envolvendo os setores institucionais
passam a ser apresentadas em dois conjuntos de tabelas. A tabela com todos os
setores integrados, que permite uma visão geral dos setores institucionais, da eco-
nomia nacional e das relações com o resto do mundo e a nova, com ênfase maior na
análise temporal.
Em função da republicação dos resultados das CEI para o período de 2000 a
2006 nesse novo formato, foram feitas algumas pequenas revisões nos resultados de
alguns setores institucionais, mas que não impactaram os resultados do PIB.

Setores institucionais
Empresas não financeiras - O setor institucional empresas não financeiras é
composto por empresas privada e pública, produtoras de bens e serviços mercantis.
A produção de bens e serviços mercantis significa a prática de preços economica-
mente significativos pelas empresas. Os preços são considerados economicamente
significativos quando têm grande influência nos montantes que os produtores estão
dispostos a oferecer e nos montantes que os compradores desejam comprar. O cri-
tério utilizado nas contas nacionais, para determinar se o preço é economicamente
significativo, é verificar se o valor da venda dos bens e serviços cobrem mais de 50%
dos custos de produção.
Empresas financeiras - As empresas financeiras são unidades institucionais que
se dedicam, principalmente, à intermediação financeira ou às atividades auxiliares
estreitamente ligadas a ela. Portanto, também, incluem as empresas cuja principal
função é facilitar a intermediação sem que elas próprias a pratiquem.
O setor institucional empresas financeiras é subdividido em instituições fi-
nanceiras e instituições de seguro. No primeiro grupo, incluem-se o Banco Central
do Brasil, as sociedades que compõem o sistema financeiro nacional e os auxiliares
financeiros. No segundo grupo, incluem-se as sociedades de seguros, planos de saúde
_____________________________________________________________ Sistema de Contas Nacionais 2003-2007

e fundos de pensão. O objetivo principal da atividade seguradora é transformar riscos


individuais em riscos coletivos, garantindo pagamentos (indenizações ou benefícios)
no caso da ocorrência de sinistro.
Administração pública - O setor institucional administração pública é constituído
por unidades que têm como função principal produzir serviços não mercantis desti-
nados à coletividade e/ou efetuar operações de repartição de renda e de patrimônio.
Os serviços são considerados não mercantis quando prestados de forma gratuita
ou semigratuita. A principal fonte de recursos do setor é o pagamento obrigatório
efetuado pelas demais unidades institucionais na forma de impostos, taxas e contri-
buições sociais.
Famílias - O setor famílias é como um pequeno grupo de indivíduos que par-
tilham o mesmo alojamento, que reúnem parte, ou a totalidade, do seu rendimento
e patrimônio e que consomem coletivamente certos tipos de bens e serviços, princi-
palmente a habitação e a alimentação.
O setor institucional famílias abrange as famílias enquanto unidades de con-
sumo e as famílias produtoras. Nesse grupo, estão incluídas as unidades produtivas
não inscritas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ (não constituídas em
empresas), e os trabalhadores autônomos. Além dessas categorias, são considerados
ainda o aluguel imputado aos imóveis residenciais ocupados por seus proprietários,
o aluguel efetivo recebido por pessoas físicas e o serviço doméstico remunerado.
Instituições sem Fins de Lucros a Serviço das Famílias - As Instituições Sem
Fins Lucrativos - ISFL são entidades jurídicas ou sociais criadas com o fim de produzir
bens ou serviços, cujo estatuto não lhes permite ser uma fonte de rendimento, lucro
ou outro ganho financeiro para as unidades que as criam, controlam ou financiam.
O setor das Instituições Sem Fins de Lucros a Serviço das Famílias - ISFLSF é
definido como o conjunto de todas as Instituições Sem Fins Lucrativos residentes,
exceto as que estão a serviço das empresas, consideradas produtoras mercantis, e as
que são não mercantis, mas que são controladas pelas administrações públicas.

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