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2.1
O que é Polarização?
x x
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y y
(a) x (b)
(c)
Figura 2: Tipos de polarização: (a) Linear, (b) Circular e (c) Elíptica.
I polarizada
DOP = (2.1)
I polarizada + I não− polarizada
2.2
Tipos de Polarização
E = E x (t ) aˆ x + E y (t )aˆ y
= E x 0 cos (ωt − kz + φ x )aˆ x + E y 0 cos(ωt − kz + φ y )aˆ y
(2.2)
2.2.1
Polarização Linear
E y0 = 0 (2.3)
Nesse caso, o vetor campo elétrico iria parametrizar uma curva no plano xy
(z = 0) de acordo com as seguintes equações:
E x (t ) = E x 0 cos(ωt + φ x )
(2.4)
E y (t ) = 0
(a) (b)
φx = φy = φ (2.5)
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E x ( t ) = E x 0 cos(ωt + φ )
(2.6)
E y (t ) = E y 0 cos(ωt + φ )
Ex
Ey
cosseno.
negativo. Desta forma, chega-se à seguinte conclusão:
Uma onda eletromagnética é linearmente polarizada se o seu vetor campo
elétrico possuir (a) apenas uma componente ou (b) duas componentes ortogonais
em fase ou em oposição de fase.
Para se obter luz linearmente polarizada a partir de luz com outra polari-
zação ou até mesmo de luz despolarizada, utiliza-se um instrumento chamado de
polarizador. O polarizador possui a propriedade de ser totalmente transparente à
luz polarizada em uma certa direção, chamada eixo de transmissão, e totalmente
opaco à luz polarizada na direção perpendicular. Por este motivo, se luz
despolarizada incidir sobre um polarizador, apenas a componente polarizada na
direção do eixo irá ser transmitida. A desvantagem de se gerar luz polarizada a
partir de despolarizada desse modo é que metade da intensidade será perdida.
A polarização linear é muito comum na natureza. A luz azul do céu, por
exemplo, é fortemente polarizada verticalmente, assim como a luz refletida no
asfalto quente e seco de uma estrada em um dia de sol é polarizada na horizontal.
Por essa razão, os óculos de sol polarizadores possuem seu eixo de transmissão na
direção vertical, de forma a bloquear a componente horizontal de alta intensidade
que poderia, por exemplo, ofuscar um motorista.
21
2.2.2
Polarização Circular
E (t ) = Ex (t ) + E y ( t )
2 2
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= ( )
E0 cos 2 (ωt + φ x ) + sin 2 (ωt + φ x ) = E0
2
E (t ) = E0
(2.13)
ψ (t ) = −ωt + φ x
22
(a) (b)
Figura 5: Polarização circular (a) à direita e (b) à esquerda
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2
Alguns autores estabelecem as orientações esquerda e direita a partir do ponto de vista de
um observador que olha no sentido negativo no eixo z e, por isso, os nomes aparecem invertidos.
Compare, por exemplo, [1] com [5].
23
2.2.3
Polarização Elíptica
φx = φy + δ (2.13)
Assim:
E x (t ) = E x 0 cos(ωt + φ x )
(2.14)
E y (t ) = E y 0 cos(ωt + φ x − δ )
2
Ex Ey
2
2
Ex Ey E E
2
+ − 2 x y
E E
cos(δ ) = sin 2 (δ ) (2.16)
x0 E y0
E x0 y 0
1 2E 0 x E0 y cos δ
α= tan −1 (2.17)
E0 x − E0 y
2 2
2
π
Quando o ângulo δ é da forma + nπ , os eixos da elipse coincidem com os
2
eixos x e y e obtemos a equação:
2
Ex E y
2
+ =1 (2.18)
x0 E y0
E
E x + E y = E0
2 2 2
(2.19)
2
Ex Ey E E
2
+ − 2 x y
E E
=0
x0 E y0
E x0 y 0
2
Ex E E
− y = 0 ⇒ Ex = x 0 Ey (2.20)
E
x0 E y0 E y0
Esta é a equação de uma reta. Isso mostra que a polarização linear também
é um caso especial da polarização elíptica.
2.3
Representação dos Estados de Polarização
2.3.1
Representação por Vetores de Jones
E 0x e jφ x
E= jφ y (2.21)
E0 y e
I 0 = E 0 x + E0 y = Ε H Ε
2 2
(2.22)
3
Na realidade, a definição de estado de polarização só leva em conta a elipticidade,
inclinação e sentido de rotação da elipse. Isso quer dizer que, se multiplicarmos o campo elétrico
por uma constante, o estado de polarização não será alterado.
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cos χ
E= jδ
(2.23)
sin χ e
Onde:
δ = φy − φx (2.24)
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E0y
χ = tan −1 (2.25)
E0 x
δ = 0, π (2.26)
cos χ
L= (2.27)
± sin χ
27
1 0
X = e Y = (2.28)
0 1
π
cos χ = sin χ ⇒ χ =
4 (2.29)
π 3π
δ = ,
2 2
1 1 1 1
E= j e D = (2.30)
2 2 − j
X =
1
(E + D ) e Y = j
(E − D ) (2.31)
2 2
Todos os demais vetores de Jones representam estados de polarização
elíptica, estados estes que podem ser escritos como combinações lineares de
estados lineares ou circulares.
28
2.3.2
Parâmetros de Stokes e Representação de Poincaré
assim, mostra-se que existe uma correspondência (um isomorfismo) entre as duas
representações quando a luz é polarizada.
A notação utilizada para representar a luz em termos dos parâmetros de
Stokes é um vetor coluna de 4 elementos:
S 0 I x + Iy
S I − I y
S = 1 = x (2.32)
S 2 I + 45º − I −45º
S3 I E − ID
Vale destacar que os demais termos (S1 a S3 ) não possuem componente não-
polarizada. Isso ocorre pelo fato da luz não-polarizada ser uma superposição de
29
2
S1 = Ex (t ) − E y (t ) = E0 x 2 − E0 y 2
2
( )
1 2 2
S2 = Ex (t ) + E y (t ) − Ex (t ) − E y (t ) = 2E0 x E0 y cos δ (2.34)
2
S3 =
1
2
( 2 2
E x (t ) + jEy (t ) − E x (t ) − jE y (t ) = 2 E0x E0 y sin δ )
A partir de (2.34), é possível mostrar que:
S1 + S 2 + S 3 = E0 x + E0 y
2 2 2
( 2
)
2 2
= I polarizada
2
(2.35)
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2
2 2 2 2
S1 S2 S3 I polarizada I polarizada
+ + = =
2 2 2 2 I + I
S0 S0 S0 S0 polarizada não− polarizada
s1 + s 2 + s3 = DOP 2
2 2 2
(2.36)
Si
Onde cada si = é chamado de parâmetro de Stokes normalizado e o
S0
termo DOP é o grau de polarização da luz definido em (2.1). Conforme será visto
adiante, é útil trabalhar com números cuja soma dos quadrados é igual a uma
constante. Substituindo (2.36), (2.35) e (2.33) em (2.34), obtêm-se definições
para os parâmetros de Stokes normalizados:
s0 =1
s E0 x 2 − E0 y 2
= DOP ⋅
1 E0 x 2 + E0 y 2
2 E0 x E0 y (2.37)
s2 = DOP ⋅ cos δ
E0 x + E0 y
2 2
2E 0x E0 y
s3 = DOP ⋅ sin δ
E0 x + E0 y
2 2
30
E0y
tan χ = (2.38)
E0 x
2 tan χ 2 E0 x E0 y
sin 2 χ = = (2.39)
1 + tan 2 χ E0 x + E 0 y
2 2
E0 x − E0 y
2 2
1 − tan 2 χ
cos 2 χ = = (2.40)
1 + tan 2 χ E 0x 2 + E0 y 2
s1 = DOP ⋅ cos 2χ
s2 = DOP ⋅ sin 2 χ cos δ (2.41)
s = DOP ⋅ sin 2χ sin δ
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3
Onde 0 ≤ χ ≤ π 2 e 0 ≤ δ < 2π .
s1 = s 2 = s 3 = 0 (2.42)
s1 = cos 2 χ
s2 = sin 2χ cos δ (2.43)
s = sin 2 χ sin δ
3
31
4
Ou seja, existe um isomorfismo topológico entre o espaço de estados de polarização e a
esfera de raio 1 no R3 centrada na origem.
32
s1 = cos 2 χ
s2 = ± sin 2 χ (2.44)
s = 0
3
s1 = 0
s2 = 0 (2.45)
s = ±1
3
cos χ 0
SOP0 = jδ0 (2.46)
sin χ 0 e
SOP0 SOP1 = 0
H
(2.47)
cos χ 0 cos χ1 + sin χ 0 e jδ 0 sin χ1e − jδ1 = 0
δ 0 −δ1 = 0 ou δ 0 − δ 1 = π (2.48)
δ 0 = δ 1 + π
π (2.51)
χ 0 = 2 − χ1
cos 2 χ 0 cos 2χ 1
SOP0 = sin 2 χ 0 cos δ 0 e SOP1 = sin 2 χ1 cos δ 1 (2.52)
sin 2 χ 0 sin δ 0 sin 2 χ1 sin δ 1
SOP0 SOP1 = −1
T
(2.53)
2.4
Transformações dos Estados de Polarização
Da próxima vez que sair na rua, observe as antenas de televisão que existem
em cima de alguns prédios (e que sobreviveram à TV a cabo e à TV via satélite).
Não é difícil perceber que as hastes de todas elas se encontram dispostas na
horizontal. Por quê?
A resposta para essa pergunta está em uma importante propriedade do canal
de radiopropagação: o ar atmosférico é um meio isotrópico. Meios isotrópicos
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5
Na realidade o sinal é detectado, porém muito atenuado.
35
2.4.1
O Formalismo de Jones
Foi visto na seção 2.3.1 que é possível representar a luz polarizada na forma
de um vetor de Jones. O comportamento dos diversos componentes ópticos, como
polarizadores, lâminas retardadoras e fibras ópticas, pode ser representado por um
operador linear no espaço de estados de polarização.
Seja, portanto, M a representação matricial do operador linear T que
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M = [T ( X ) T (Y )] (2.56)
a
T ( Z ) = aT ( X ) + bT (Y ) = M ⋅ (2.57)
b
2.4.2
Propagação da Luz nos Meios Birrefringentes
x − y
u = 0 e v = 0 (2.58)
y0 x0
M = P −1 DP (2.59)
x0 − y0
P= (2.60)
y 0 x 0
x0 y0
P −1 = P T = (2.61)
− y0 x0
λu 0
D= (2.62)
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0 λv
x0 + y0 = 1
2 2
(2.64)
2.4.3
Matrizes de Jones de Alguns Dispositivos
x cos θ
u = 0 = (2.65)
y 0 sin θ
λu = e j φ / 2 e λv = e − j φ / 2 (2.67)
e jφ / 2 0
M =
− jφ / 2
(2.69)
0 e
SOPout = M ⋅ SOPin
e jφ / 2 0 cos χ cos χ ⋅ e jφ / 2 (2.70)
= ⋅ jδ
=
0 e − jφ / 2 sin χ ⋅ e sin χ ⋅ e jδ ⋅ e − jφ / 2
cos χ
SOPout = j (δ −φ )
(2.71)
sin χ ⋅ e
cos 2 χ
SOPout = sin 2χ cos(δ − φ )
(2.72)
sin 2 χ sin (δ − φ )
1 0
M = (2.73)
0 j
2.5
Coerência e Polarização Parcial
geralmente descritas por médias estatísticas das funções de onda, que agora
deixam de ser determinísticas e passam a ser aleatórias.
Neste trabalho, estamos interessados nos tipos de luz que, apesar de
apresentarem flutuações, podem ser tratados como sendo “aproximadamente”
coerentes, ou quase-coerentes. A função de onda para a luz quase-coerente pode
ser descrita como um processo estocástico ergódico estacionário (ao menos no
sentido amplo). Nesse caso, temos a seguinte expressão, em analogia com (2.2):
E ( z , t ) = E x ( z , t )aˆ x + E y ( z , t ) aˆ y (2.74)
E x ( t ) = a x ( t ) cos[θ x ( t ) − ω 0 t ]
[
E y (t ) = a y (t ) cos θ y (t ) − ω 0t ] (2.75)
{
E x ( t ) = Re Eˆ x (t ) }
{
E (t ) = Re Eˆ (t )
y y
} (2.76)
Onde
Eˆ x , y (t ) = a x , y (t ) exp{θ x , y (t ) − j ω 0t } (2.77)
a x (t )
Ε= (2.78)
a y ( t ) exp { jδ (t )}
Onde δ (t ) = θ y ( t ) − θ x (t ) .
polarização da luz.
2.5.1
Coerência Temporal
G(τ ) = Eˆ * (t ) Eˆ ( t + τ ) (2.79)
42
2
Eˆ * (t ) Eˆ (t ) = Eˆ ( t ) (2.80)
G (τ ) Eˆ * (t ) Eˆ ( t + τ )
g (τ ) = = (2.81)
G (0) Eˆ * (t ) Eˆ (t )
τ, o que quer dizer que, quanto mais distantes são duas flutuações do processo,
mais descorrelacionadas elas são. Nesse caso, é conveniente definir um valor de
intervalo de tempo até o qual as amostras separadas por esse tempo estão
aproximadamente correlacionadas e a partir do qual elas perdem sua correlação.
Chamamos esse intervalo de tempo de tempo de coerência, e podemos defini-lo
de diversas formas como, por exemplo:
g (τ C ) = 1 / e (2.82)
l C = cτ C (2.83)
π
τC = (2.84)
∆ν
2.5.2
Caracterização da Luz Parcialmente Polarizada
Φ = ΕΕ H (2.85)
44
a x (t ) a y (t ) exp {− jδ (t )}
2
a x (t)
Φ= (2.86)
a ( t ) a (t ) exp { jδ (t )} a y (t )
2
x y
S = a (t ) 2 + a (t ) 2
0 x y
2
S1 = a x (t ) − a y (t )
2
(2.87)
S = a (t ) a ( t ) exp { jδ (t )} + a (t ) a (t ) exp{ jδ (t )}
2 x y x y
S = − j a (t ) a (t ) exp{ j δ (t )} + j a ( t ) a (t ) exp { jδ (t )}
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3 x y x y
1 1 0
Φ não− polarizada =
2 0 1
(2.88)
Polarização Ε S Φ
1
1
1 1 0
Linear horizontal 0 0 0 0
0
1
− 1
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0 0 0
Linear vertical 1 0 0 1
0
1
0
1 1 1 1 1
Linear +45º 1 1 2 1 1
2
0
1
0
1 1 1 1 − 1
Linear -45º − 1 − 1 2 − 1 1
2
0
1
0
Circular à 1 1 1 1 − j
esquerda 2 j 0 2 j 1
1
1
0
Circular à 1 1 1 1 j
2 − j 1
0
direita 2 − j
− 1
Tabela 1: Comparação entre as representações de Jones, Stokes e Matriz de Coerência
para os principais estados de polarização.
46
Visto que a luz parcialmente polarizada pode ser tratada como uma
superposição de uma componente polarizada com uma despolarizada, os
problemas da medida da polarização da luz serão tratados nos capítulos a seguir
como se a luz fosse polarizada, exceto seja dito o contrário. Na seção 4.5 o
assunto da polarização parcial será revisitado, com o objetivo de nos possibilitar
construir um experimento no qual seja possível variar o grau de polarização da
luz.
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