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P ROPAGAÇ ÃO DE O NDAS EM D IEL ÉTRICOS COM PERDAS D IEL ÉTRICOS SEM PERDAS E SPAÇO LIVRE B ONS CONDUTORES

Eletromagnetismo Aplicado –
Propagação de Ondas Eletromagnéticas
(Revisão)

Heric Dênis Farias


hericdf@gmail.com
P ROPAGAÇ ÃO DE O NDAS EM D IEL ÉTRICOS COM PERDAS D IEL ÉTRICOS SEM PERDAS E SPAÇO LIVRE B ONS CONDUTORES

P ROPAGAÇ ÃO DE ONDAS ELETROMAGN ÉTICAS

Ondas Eletromagnéticas são uma forma de transportar energia ou


informação.

Caracterı́sticas:

I Viajam em alta velocidade;


I Ao se propagarem apresentam propriedades ondulatórias;
I São irradiadas a partir de uma fonte sem a necessidade de um
meio material.

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A propagação de ondas EM será estudada nos seguintes meios:

I espaço livre:
σ = 0, ε = εo , µ = µo
I dielétricos sem perdas:
σ = 0, ε = εr εo , µ = µr µo
I dielétricos com perdas:
σ 6= 0, ε = εr εo , µ = µr µo , σ  ωε
I bons condutores:
σ ≈ ∞, ε = εr εo , µ = µr µo , σ  ωε

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P ROPAGAÇ ÃO EM DIEL ÉTRICOS COM PERDAS

Este é o caso geral da propagação de ondas EM do qual derivam os


demais casos. As ondas perdem energia à medida que se propagam
devido a condutividade deste meio.
Assumindo um meio linear, isotrópico e homogêneo, livre de
cargas (ρv = 0), as equações de Maxwell na forma fasorial tornam-se:

∇ · Es = 0 (1a)
∇ · Hs = 0 (1b)
∇ × Es = −jω µHs (1c)
∇ × Hs = (σ + jωε)Es (1d)

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Determinando o rotacional de ambos os lados da equação 1c e


utilizando a identidade vetorial:

∇ × (∇ × A) = ∇ (∇ · A) − ∇2 A (2)
obtém-se:

∇2 Es − γ 2 Es = 0 (3)
onde

γ 2 = jω µ (σ + jωε) (4)
γ é chamada de constante de propagação do meio. De forma similar,
utilizando a equação 1d, obtém-se:

∇2 Hs − γ 2 Hs = 0 (5)
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As equações 3 e 5 são conhecidas como equações vetoriais


homogêneas de Helmholtz ou equações vetoriais de onda.
γ é uma quantidade complexa, ou seja:

γ = α + jβ (6)
Das equações 4 e 6 vem que
p
Re{γ 2 } = α 2 − β 2 = ω 2 µε; |γ 2 | = β 2 + α 2 = ω µ σ 2 + ω 2ε 2
assim, α e β são
v "r #
u h σ i2
u µε
α =ω t 1+ −1 (7a)
2 ωε
v "r #
u h σ i2
u µε
β =ω t 1+ +1 (7b)
2 ωε
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Sem perda de generalidade, assumindo que a onda se propaga ao


longo de +az e que Es tem somente componente x, ou seja, alinhando
os eixos coordenados com as direções de campo e de propagação

Es = Exs (z) ax (8)


substituindo na equação 3:

∇2 Exs (z) − γ 2 Exs (z) = 0


∂ 2 Exs (z) ∂ 2 Exs (z) ∂ 2 Exs (z)
+ + − γ 2 Exs (z) = 0 (9)
∂ x2 ∂ y2 ∂ z2
| {z }
=0
onde os dois primeiros termos são nulos pois Exs é uma função
somente de z, assim

d2
Exs (z) − γ 2 Exs (z) = 0 (10)
dz2
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Esta é uma equação diferencial linear e homogênea, uma equação


de onda escalar, a qual tem a solução:

Exs (z) = Eo e−γz + Eo0 eγz (11)

Como considerou-se que a onda se propaga na direção +az , a


constante Eo0 = 0, pois eγz representa uma onda se propagando ao
longo de −az . Retornando a forma temporal, obtemos:

h i
E (z, t) = ℜ Exs (z) ejωt ax = ℜ Eo e−αz ej(ωt−β z) ax
 

E (z, t) = Eo e−αz cos (ωt − β z) ax (12)

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A figura mostra um esboço do campo elétrico no espaço, para os


tempos t = 0 e t = ∆t. A partir de E (z, t), obtém-se H (z, t) através
das equações de Maxwell:
h i
H (z, t) = ℜ Ho e−αz ej(ωt−β z) ay (13)

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Onde

Eo
Ho = (14)
η
η é uma quantidade complexa conhecida como impedância intrı́nseca
do meio, dada em Ohms.

s
jω µ
η= = |η| ∠θη (15)
σ + jωε

assim

Eo −αz
H (z, t) = e cos (ωt − β z − θη ) ay (16)
|η|

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Nota-se, que conforme a onda se propaga ao longo de az , ela se


atenua pelo fator e−αz , portanto, α é denominada de constante de
atenuação ou fator de atenuação do meio, em nepers por metro
(Np/m) ou decibéis por metro (dB/m).

A quantidade β é o deslocamento de fase por unidade de


comprimento (rad/m) chamada de constante de fase ou número de
onda, a partir de β , é possı́vel obter a velocidade de fase u e o
comprimento de onda λ :

ω 2π
u= , λ= (17)
β β

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Nota-se das equações a seguir que E e H estão fora de fase por θη


devido a impedância intrı́nseca do meio:

E (z, t) = Eo e−αz cos (ωt − β z) ax (18)


Eo −αz
H (z, t) = e cos (ωt − β z − θη ) ay (19)
|η|
A razão entre os módulos da densidade de corrente de condução J e a
densidade de corrente de deslocamento Jd é:

|Js | |σ Es | σ
= = = tan θ (20)
|Jds | |jωεEs | ωε
ou

σ
tan θ = (21)
ωε
onde tan θ é a tangente de perdas e θ é o ângulo de perdas do meio.
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I Um meio é considerado um bom dielétrico (sem perdas ou


perfeito) se tan θ = 0.
I Um meio é considerado um dielétrico com perdas se a tan θ é
muito pequena (σ  ωε).
I Um meio é considerado um bom condutor se a tan θ é muito
grande (σ  ωε), ou θ ≈ 90◦ .

Do ponto de vista da propagação da onda, o comportamento


caracterı́stico de um meio depende não só dos seus parâmetros
constitutivos σ , ε e µ, mas também da frequência de operação.

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P ROPAGAÇ ÃO EM DIEL ÉTRICOS SEM PERDAS


Em um dielétrico sem perdas, σ  ωε

σ ≈ 0, ε = εr εo , µ = µr µo (22)

Desta forma, obtém-se


α = 0, β = ω µε (23)
ω 1 2π
u= = √ , λ = (24)
β µε β
r
µ ◦
η= ∠0 (25)
ε
Portanto E e H estão em fase no tempo.

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P ROPAGAÇ ÃO NO ESPAÇO LIVRE


Neste caso

σ = 0, ε = εo , µ = µo (26)

desta forma, as equações se reduzem a

√ ω
α = 0, β = ω µo εo = (27)
c
ω 1 2π
u= = √ = c, λ = (28)
β µo εo β
r
µo
η = ηo = = 120π ≈ 377Ω (29)
εo

Onde c ≈ 3 × 108 m/s é a velocidade da luz no vácuo e ηo é


denominado impedância intrı́nseca do espaço livre.
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A figura mostra os campos E e H, para um dielétrico sem perdas


ou para o espaço livre (pois os campos estão em fase).

Em geral, se aE , aH , ak forem os vetores unitários ao longo do


campo E, do campo H e da direção de propagação da onda, pode ser
demonstrado que aE × aH = ak . Ou seja, tanto o campo E quanto o H
são normais a direção de propagação da onda, ou seja, os campos
estão em um plano transverso à direção de propagação. Por este
motivo esta onda é chamada transversal eletromagnética (TEM) ou
onda plana uniforme. 16/19
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A orientação na qual aponta o campo elétrico é chamada de


polarização da onda TEM, a onda na figura anterior, por exemplo,
está polarizada na direção x.

Uma onda plana uniforme não pode existir fisicamente, pois ela se
estende até o infinito e representaria uma energia infinita. Entretanto,
essas servem como aproximações de ondas reais como as geradas por
antenas de rádio, a grandes distâncias das emissoras.

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P ROPAGAÇ ÃO EM BONS CONDUTORES


Em um bom condutor, σ  ωε, desta forma

σ ≈ ∞, ε = εo , µ = µr µo (30)

Também,

r
ω µσ p
α =β = = πf µσ (31)
2
s
ω 2ω 2π
u= = , λ= (32)
β µσ β
r r
jω µ ωµ
η= = ∠45◦ (33)
σ σ

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Portanto, E está adiantado com relação a H de 45◦ . Se

E = Eo e−αz cos (ωt − β z) ax (34)

então

Eo
H= p e−αz cos (ωt − β z − π/4) ay (35)
ω µ/σ
A medida que a onda se propaga em um meio condutor, sua
amplitude é atenuada por um fator e−αz . A distância δ na qual a
amplitude da onda decresce por um fator e−1 ≈ 37% é chamada de
profundidade de penetração pelicular do meio, ou seja

1 1
δ= (qualquer meio); δ=p (bons condutores) (36)
α πf µσ
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