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NOITES INDORMIDAS

E ela acordava das noites indormidas..

Acordava cheia de dança dentro de si..

Cheia de danças de estrelas,

Danças de dor,,

Danças insones ..

Danças de paredes e flor ..

Mas o dia era grande demais ..

E quando entardecia o cinza do céu..

Dançava dentro de si ,,lá no céu da sua boca ..

Dentro de tudo que existia ali no céu da boca,,

Dançava o que perdeu do dia que era grande demais ..

E sempre acordava cheia de dança para aquele dia ..


DANÇA DENTRO DO CÉU DA BOCA ...

Dançava tão cheia de boas in tensões

Ali,em dança só, ria de si mesma ..

Tão cheia de dança, mas abortava ..

Fragmentada de ruínas e paredes mofadas ,,

Em ruas enlameadas ,dançava em chão abandonado,

De móveis ali perdidos de casa ..desalojados de lar..

Com caos e gatos perdidos feito aquela dança..

O lixo era flor de caminhos..

Seus pés calçados de bombril,

Feito seus cabelos que não mexiam ..

Ardia febril aquela dança

De terrenos baldios..

De música de panelas e pressão..

De roupas sujas ,e pano de chão

Guardou sua palavraflor lá no céu da boca..

Lá no céu da boca estrelava tudo ..


27/03/2016 – POEMAS MEUS

E lá vai ela,e nem é bela

Em corpodesdançado

Corpopardo,sem incêndio

Corpomorno sem rescaldo .

Desencorpada, segue deselegante

Encalhada no caos ,

Desdança insignificante,,

Corpochapiscado de cinza e flores murchas,

Corpodesaparecido,segue em sombra ,

Nada onde não tem mar,corpodespaisagem,

Corpoespumado,segue frágil ,cambaleante,

Corpodesertado segue desequilibrado em luto ,,

Corpodesmemória de si,desdança sem fala..

Corpo na vala, bebe em cacos de copo secos.

Come em pratos trincados ,engole as rachaduras ,

E segue deselegante desendançando ,

Na espuma dos dias ..


DESENCORPADA

Desencorpada
nesse ir e vir
pra nenhum lugar
desdançada ,
ela não vai
tem dois redemoinho
no alto de sua
cabeça acesa..

Os passos são secos/flácidos......

Se recusava a essa vida cinza ,

Era possuída de cores ..

Na dor tem cor ..

E o amor ,é rebentação de cor ..

Essa movência cinza ,era pó,

Na dureza do cinza nos muros altos ..

Não pise no cinza ,pise na grama

Não pise no cinza ,voe pro céu,

Não dance no cinza ,se abisme em vulcão..

Em matéria de fracasso ,

Era um verdadeiro sucesso..

Seguia sem firmeza ,pondo a mesa

Torcida no chão,seu céu era o chão..


CINZAS FLÁCIDAS DE ASFALTO

Impune ,em sua ridícula imperícia ..

Segue flácida e seca em paisagens

Cinzas de asfalto e paredes nuas ,

Sem palmas ,sem vaias..

Zero em calor e ria ,,segue morna ,

Contra indicada ,colateral ,,nem era fria ..

Sem convites segue em seu baile só,

Vida ordinária ,em sobras em migalhas

Oferta do dia, de flores murchas se ria dela .

Segue sem rubor, despassarelada ,,

Na magreza dos dias ,,seguia descompassada,

Sem sucesso em nada..espumada em bolhas ..

E bulbos olhava borboletas e se via em larvas de vulcão..

Em redemoinhos nascentes em sua cabeça crespa, árida,

Dança desertos ,,pras moscas, que zumbem na espreita

Desse corpo meia boca vestida nessa carne de segunda ..

Não se toca,e nem se recolhe ,,segue firme ridícula e fracassada,

Sem estações ,em calendários imaginários ,ás moscas.

Senhora das moscas .desmanchada em horas extras,

Plantões inférteis de caos sem luz ,se fez chão,


Torcendo seus panos sem planos ,

Nem vias, segue sem cuidado em vãos

Desdobrada,desmanchada em abismos.

Esse paraíso escavado em buracos de parede

Fez sua morada de insucessos e ausências,

Sem previsão de tempo..ás moscas ..


DANÇA DE DENTRO

Ela dançava,do lado de dentro do eu..

Ás vezes se escapava de seu esconderijo

Do céu da boca ,pra dançar no canto do olho ..

Ela se foi ,,dançar pra casa ,atravessada de ruas ..

Na certidão do nascer , nem memórias , nem glórias ,

Atravessava ruas em seu dna do nada ,

Do invisível sem capa,sem máscaras.

Descabelada, nessa vida chapada de cabelo duro.


VIDA ARROZ COM FEIJÃO

Na mistura do dia,

nessa vida arroz com feijão.

A chapa tá quente pra requentar o pão

na fila de gente ,que busca a mistura ,,

no açougue da esquina,,a vida na carne moída ,,

tem vida sem pão nas igrejas cinzas,

E os pássaros são cinzas pendurados nos fios de céu

e beleza em cada esquina de salão.

Tem feira que grita ,,e o cão que se agita ,

sem carne , sem dono ,e nenhum afago de mão..

Vamos nos danando juntos nessa vida de nós e nãos ,

na impossível missão de ter mistura pro dia ,

pra vida não ser vazia .


SOU DO MUNDÃO

Mulher ,invísivel ,pretaparda ,doida

Dança em paredes,seu ser é mãe , não foi criança ,

Cozinha o feijão , se esparrama em espuma na lavação do chão

Não teve vida na faixa ,nada é de grátis aqui ,

Toma o trem , ele não te pega pela mão não ,

Toma seu rumo , segue nos seus corres

Num para não ,nem olha pra trás

Sem trilho ...

Sem brilho...

Nessa vida de ostentação-de-nãos

Seus b.o’s num tem toque de recolher

É viver ,correr e dançar pra sê...


PRETAPARDA DOIDA

Pretaparda doida

Nem sabe se é paradigma ou paranóica

Vida preta sem tarja ...

Torce us panos ,sem dar truque.

Pretaparda , ninguém te saca não

Se gosta de samba , mas num vai no salão

Curte funk pesado e se desdobra nas paredes

Nas ruas no chão

Mas num desce ,nem sobe na ostentação ,não..

Pretaparda ,doida,..

Fica noiada na poesia de cheirar a flor

Fica ferida no espinho do desamor

Se sente sentida ,quando minino e minina criança

Deixa riso no ar ..
VALAS NEGRAS

Chora e grita na revolta ,

Se os seus caem na vala ,nas perdidas balas ,

De alvos negros , pardos pobres e favelados

Desaparecidos , invisibilizados

Carne mais barata no mercado branco

Da tirania fascista

Sem rosto ,em mascaras de covardia

Seguem armados fazendo buracos na carne

Estragos do dia ..

Causando dor na nossa preta cor

Nos olhos das mães ,dos filhos

Desfaz vidas ,nos perseguem, feito bichos

Pra nós, pretos,pardos pobres

Sempre é temporada de caça

Que fere e mata ..us da cor ,pretopardo,


SKIP AD

Nem somos miniséries

Mas eles nos seguem

Aqui na periferia não tem isquipiadi...(skip ad)

Vai ser correria ,pra vencer na poesia

Mesmo que não rime não

A arma aqui ta almada

Na escrita grafitada

Feito tatuagem na pele pretaparda sofrida ,

Querendo sorrir,fruir ,existir ..

Nessa nossa nave os dias não são sempre suaves

Devia ser pra nós também ter paisagem de justiça e felicidade ,

Sim felicidade .tristeza não ..


DOMINGO NA PRAÇA .

Fiquei triste sim,,chorei sim,,

O trajeto inteiro ,até chegar em casa..

Com meus pés ,sem asa ..

Parecia que eu e ele

Distorcíamos a paisagem

Era tanto domingo na nossa cara parda..

Eu andando e chorando

Por ele ali, sem vida ,tão só ,

Na praça cheia de gente,,

Preenchido de céu ,debaixo da árvore

Lá dentro da árvore ,tinha um ninho ,,

Seu olhar ali aberto ,sem vida ,,

Esquecido ,sem pai ,nem mãe ..

A mão no peito ,olhou o céu num olhar de árvore ,

Se fez ninho sem passarinho ,,

E foi ,,

Ninguém deveria viver/morrer assim,,

Sem ninguém pra se despedir,,

Ganhou presença em sua morte ,

Ali na praça ,no meio da tarde ,


De um dia que transbordava domingo;;

Chorei aqui baixinho ,,choro de passarinho,,

Ele ali deitado ,dormindo ,meio que rindo .

Dentro dele só silêncio ,

Não atrapalhou nenhum trânsito..

Não teve vela ,,é só o meu pranto..

Chorei sim,,triste aqui em mim.


DOMINGO NO PRAÇA II

Atravessada de outro ,,
desdobrei a esquina ,
perfurada na carne,
meu olho se marejou ,,
por ele atravessado em meus passos
jaz,
seu corpo dobrado ,,
me alcançou ,,
andar me pesou ....
DESEMPEDRAVA POESIADANÇA

Ela nesse viver

Desautorizado ,

Dança na contra-mão

Corpo preto tarjado..

Belisca o céu ,,

E perfura a carne ,,

De escuro e chão..

"da mulher em cabelos que douram o dia..

Na pele que habitava ,

andava corpo em pedras desabitadas ,

desempedrava poesiadança,

nas dobras esquinas ,

britava passos ,,

empedras,

empedrinhas,

embrilhantes,

corpopedras que sonham

minas de pó ,,

que pedram só, em desertos..

De ruas que passam cinzas

os passospedras..

Ela habita em cabelos dourados,

na pelecorpo de pedras que sonham..."


LUZ(IA)

Ela luzia.

Em rosa,

em dia,

é mana do afeto,

rexistência

é seu existir,

no seu dialeto.

Devirflor de rosa,,

universo.

Pitada de estrela em pó..

Nessa rotina de chão e pão.

Em lucia luzia rosa,

o mundo vida loka,

é verso,é rima ,é prosa,

encaracola o cabelo até o céu

encarna a boca

na caraparda linda,,

nesse indo e vindo,,

vai desdobrando as esquinas..

Rebentando as portas ,

nessa beleza de existir ,

em acontecimentos ..
De rosa em rosa ,,

vai fazendo paisagens ,

seu destino é rosar ,é lucir,,


ENTRANHAS

O outono infernal se abrigou dentro de mim,,

Tudo queima ,a pele ,,a carne ,os ossos,

Derrete minhas entranhas ..

Ridícula nessa andança ,

nem dança nem fala pelos cotovelos ,

sem mar ,faz despaisagem,

caraparda,

sugasangue do chão,,

carapreta ,faz raio sem mão ,

carne moída de segunda a segunda,

prende a dor nos varais ,

faz grito sem fala ,

viajante de erros na mala ,

ridícula andança ,

despressuriza dor ,

nas panelas ,

nos panos retorcidos

de corpos

sujos de chão .

Poemas de maria .
SOQUEI O AR

Cuspi o sol ..

Desnacendo

Carne seca ,,

Salguei a boca ,

Carne moída ,

Sequei no caos ,

Carne fria ,,

Soquei o ar ,,

Carne de sangue ,,

Girei no céu,

Carne no inferno ,

Dancei o sol,

Carne macia ..
TIRAÇÃO

'Nem bem tinha nascido e crescido..

E já me lançaram essa de tiração..

E foram metendo a mão em tudo

fiquei com nada ,do que nada tinha ..

Nem retrato de paredes , nem lar.

Nem memórias do primeiro caminhar..

Nem porta pra arrancar os dentes,,

tô num tempo grande nesse rolêrexistência,,

de fazer a dor virar flor ..

Nessa quebradeira de vida

essa onda de tiração ..

Vem tira aqui não,,

aqui, se pedi ,eu tô ..

Mas se invadir .

E chega na tiração ,,

vai ter repercussão..

Sou do chão ..'


TRISTESCINZASTRÓPICOS

Sem açúcar e com afeto - a rua dói ..

A vida emudecida de palavras..

Um suco de vida escavucada nos sulcos das mãos

mãos encardidas ,esquecidas ,peregrinas .

Mãos que olham a caixa de restos sem surpresas ..

Mãos que não tateiam o presente,,

mãos acinzentadas que não perguntam de futuro..

Mãos que tocam o invisível dos olhos do outro..

Mãos de retina ..atravessadas , transpassadas

de dor de rua de vida nua

mãos abandonadas de cinza ..

Mãos proibidas, mãos que tem olhos na boca da noite do abandono..

No cinzafumaça grudado nos olhosmãos ,

sente o fruto murcho de resto de outras vidas

nas mãos enegrecidas de fumaça e solidão .

Um caldo de resto de outros ..

De uma vida sem açúcar , e com tantos afetos tristescinzastrópicos ...


CORPOBUEIRO

Nas margens da rua interrompida de caminhos

Os dejetos transbordam em voz desossada de exílioescapular

Presença atravessada de grito nas calçadas sugadas,,

A unha da rua é vermelha e corroída,

Na rua de cidade dor(mente)

Nas linhas veias de trilhos

Tem pele cinzenta em dentes que habitam a boca da rua .

Corpo bueiro, mastiga o grito ,,

Contempla de joelho, as entranhas do que não habita

Corpobueiro ,escoando os fluídos dos ossosferros roídos,

Nos fios cortados em postesesqueletos de promessas ,

No alto da cabeça bueiro ,prolonga o grito nas calçadas sugadas

Quebrei a clavícula na face em lágrimas de rua que dói

O osso externo da rua ondula nas curvasesquinadas

da voz do corpobueiro, que transborda nos ossos entupidos

Em cíliostímpanos ouvidosurdo de um olho só

Errante e cego é o olho da rua..argamassa cinzenta,


Em fibras e frestras ,

Do corpobueiro as fossas nasais entopem os errantes

Batizados de ausência

a carne de paredes frouxas ,

Cidade esqueleto se recolhe em ruídos ,

Em corpos perdidos , as mãos rompem da pele parede o vergalhão

Que recolhe o alheio da cidade , acampados em suas costelasruas ..

Dormem nas escápulasavenidas ,

E sonham nos pulmõesbecos,,

Os cosposbueiros respiram nos quadris do céu ..

Errantes , escovam os dentes da rua e sonham com beijos da boca do

corpobueiro ..
Corpobueiro –

Nas margens da rua interrompida de caminhos

Os dejetos transbordam em voz desossada de exílioescapular

Presença atravessada de grito nas calçadas sugadas,,

A unha da rua é vermelha e corroída,

Na rua de cidade dor mente

Em linhas veias de trilhos

Tem pele cinzenta em dentes que habitam a boca da rua .

Corpo bueiro, mastiga o grito ,,

Contempla de joelho, as entranhas do que não habita

Corpobueiro ,escoando os fluídos dos ossosferros roídos,

Nos fios cortados em postesesqueletos de promessas ,

No alto da cabeça de corpobueiro ,a voz é cortada em meio fio , para peitos

onde desabita o brincar nas asas de fios de céucriança..

Quebrei a clavícula na face, em lágrimas de rua que dói

O osso externo da rua ondula nas curvasesquinadas

Da voz do corpobueiro, que transborda nos ossos entupidos

Em cíliostímpanos, ouvidosurdo de um olho só,

Errante e cego é o olho da rua..argamassa cinzenta,

Batizados de ausências grades frias que sangram ,

Do corpobueiro as fossas nasais entopem os errantes


Batizados de ausência ,,

A carne de paredes frouxas ,

Cidade esqueleto se recolhe em ruídos ,

Em corpos perdidos , as mãos rompem da pele parede o vergalhão

Que recolhe o alheio da cidade , acampados em suas costelasruas ..

Dormem nas escápulasavenidas ,

E sonham nos pulmõesbecos,,

Os cosposbueiros respiram nos quadris do céu ..

Errantes , escovam os dentes da rua e sonham com beijos da boca do

corpobueiro ..
LAMBIDA DE RUA ..

"a cidade me desavisa e desvia meu caminhar .."

sou um traste de rua..

No apogeu da chuvacidade

meu rosto sem riso ficou ácido,

nesse andar de corpo flácido

não trago o jardim nos sapatos ,

não tem flor pra me pisar o corpo ,só pedras

olho em paisagem de neblina

ela engole as antenas ..

Os postes me fazem promessas .

Postes de luzes pálidas

de cidade chuviscada ..

Meu corpo é rabisco.

Nos postesdepromessas,,

tenho um pai e tenho santo,

tem desejos realizados

e minhas culpasdívidas ,

tem perdão e promessas ,

trabalhos desfeitos

ouro,prata,brilhante ,relógios suiços .

No poste tenho amor de volta sem cobrar nada antes, só depois do amor..
CORPOS NEBLINADOS

Nos postespromessas em seus fios embarrigados

de horizonte que margeia os corpos neblinados,,

que sonham ter pombos nas asas ,

as ruas transpassam o meu olhar de neblina e

desengole os rastros de fala ..

Os corpos de ruas e vãos ,

dormem debaixo das galerias de artes

nos ombros da noite rua .

Seus ouvidos

são orelhões grávidos de uma perna só,,

meu olhar de rua é feito rio desenlágrimado

que embaça o corpo do olho sem vista pro mar ,

quando vê gente dormida em cama de pedra ,

em corpo quebrado, corcundado que carrega

a rua no ombro , e lambe o céu em chuva

que cai na cara da cidade cinza lambida ,

silenciada

de barulho e existência...
CORPOHORIZONTE

"em seu corpo escurecido de ausências

corpohorizonte, dança na despaisagem

em vida anoitecida

de sonhos a olhos abertos

semicerrados em cílios surdos ,

construídas, no meio tempo


RUA TRANSVAGINAL

Numa paisagem de rua,

Essa rua que nunca foi minha

Essa rua de ossos e veias sangradas,

De boca banguela

Rua de língua que não fala

Me cheira e exala ..

Rua que me esbugalha as órbitas

Rua que me leva nessa baforada

Aspirante errante me esfumaça os olhos,

E lança em meu corpo desencorpado

E olhos desarrumados, seus cornos

Que rasgam na pele e enfeitam a testa da rua,

Rua que me empurra

Nos abismos de paredesmuros, violados

Rua cervical de colunaspostes desejantes,

Rua matinal,não derrama leite ,

Mas grita em sua boca de lobo de esgotada

Ela geme o pão.

Com olhos empedrados.

Rua transvaginada ,

Rua molhada,

De antenas e janelas falocêntricos,

Desapontando frios com seus metais,


As entranhas do céu ,

Mutilam com seus fios,

Os pássaros desalados,

Andantes desalojados,

Onde tudo se transmuta

Exceto as nuvens
CORPOSOLIDÃO

Em seu centrorua,

Na ruacidade de corposolidão

A noite cai feito viaduto,

No corposolidão,

Abraçado em massa polar

Atravessado de viaduto,

Assoprado de frio nos ossos

Corposolidão,atravessado de vento,

O abandono é cinza,

Na ruacidade,
EXISTÊNCIA DE DESERTO

Essa existência de deserto,

Aquecia o hábito de não existir,

No olho da rua cega,,

Corpoviaduto,se atravessa na ponte,

Corpopassarela estátua fria,ali jazia,

Corposolidão de rua,

Seu exílio é intocável,

A rua te sitiou,

As esquinas te abraçam,

Corposolidão de rua.
RUA DE MÃO ÚNICA

Carregado de abismos,

Sem lugar de chegada,

Foi partido de frio,

Seu nascer desfeito,

Feito lâ, que não te aquece,

Desaquecido de tudo,

Geme esse viver ,de aflição,

Se abandona ,e se aquieta

Na rua de mão única,

Que se encarrega ,

E te assopra nos ossos


DEVIRFOGO NA FRENTE FRIA

Um devirfogo,

Ninguém viu,

Partido de frio,

Dos olhares polares,

Se desfez da substância dor,

Impronunciado ,

Despediu a vida,

Sem justa causa ,

De frio partiu

Adeus,na noite feito

Viaduto silencioso.

Sem carinho e sem coberta.


NA CIDADE DE CORPOS EM FÚRIA

Ah ,paisagem de gente ,

Recortada de olhos e cabelos cansados ..

Parecem sonhos na contramão de suas costas,

Beijo as costas de sua mão

E me lanço em futuro que escapa ,

Em vozes partidas ,,

Me encosto no passado

Que me acena em despedida ..

Vozes feridas em passos de mármore ..

Me escureço em cinza

Entre olhares apressados ,

Busco no outro atravessado de muitos ,

Esse mergulho na ausência ,

Dança multidão desejante ..

Com os pés atrás ,

Em lentidão , e silêncio sem sol ,

Suas bocas arfantes

Nos lançam meteoros ,

De fim do mundo ,

Somos lentos vagabundos

Nas costas ,sem montanhas

Imperfeitas árvores sem ninhos ,

Sozinhos erram e despassarelam


Esse fluxo raro de sapatos lentos,

Feito nuvem sombria no céu inverno ,

Suas falas se quebram em nosso vagar

Feito pontes móveis em fendas de terremoto,

Vagamos fantasmagóricos

Em pontes sombrias .

Dupla de sombras dançantes ,

Velas sem fogo ..

Na cidade de corpos em fúria

Das horas que piscam futuro

E correm dos presságios do passado ,

Nas ruas sinto em suas costas

Um pressagio de possível..
PAISAGEM DESMANCHADANÇA

Na paisagem desmanchadança .

Lá se desmancha

Corpo orfão , sem dança ..

Sua vida de margens e sobras .

Em paisagem sem céu

Instantes de medo

De lugares em que o sol

Não te alcança.

Lá respirando escuridão

Nesse lugar

De paredes em ruínas ,

Portas escancaradas ,

Janelas sem sol ,,

Num chão úmido ,,

Seus pés desequilibrados ,,

Dança nos musgos ,,

Escorrega o corpo só

Nesse lugar esverdeado ,,

Desencorpado sem arranjos ,

Sem efeitos , de luz ,,

Sem palco ..

Apenas esse fantasma ,,

Habita nesse lugar ,,


Ali onde ninguém te expulsa ,

Não há repulsa ,nem desdém

Ela pulsa ,e sua existência ,

Com sua criaturas ,,

Tão suas..
SOBRE MENINOS E MUROS

"sobre meninos e muros "

Meus pés estavam nus,

E o céu em trânsito de pássaros

Avenida infinita de azul

Nesse corpo inventado ,

Cruzado de espinhos e flor ,

Vejo nesses rostos assim perto

Sombras de minhas histórias

De quem nunca existiu. Eu

Atravessada de todos outros ,

Mas tudo me esmaga ,

E prendo o ar de minha

Catástrofe crônica ,

Nessa duração de passos

De quem erra a dança ,

Sulcos de gritos,que ninguém ouviu ,

Buracos aflitos,cavados em mim,

Onde um raio luminoso

Se deita .

Desencaminhada em muros altos

Exilada nesse contorno de

Nascente invisível ,

Nesse jardim sonoro ,


De pulmão de crianças brincantes

Flores teimosas

Nascem chorando ,

Brotos de passado ,

De dores nuas ,

Seus pés não tem rua,

Forjou seus passos ,

Sem abraços de pai e mãe ,

Nunca chamou pelas rugas de um avô,

Ronda nesse entardecer ,

Seu rosto no outro,

E assim desabitar a escuridão,

Corre(dores) ,em pistas ,

Pisa na grama de sua dor ,

De viver em teimosia,

Onde caber ,nesse deslugar

Mundo parque sem diversão ,

A tarde vai se desvanecendo ,

Migrando noite de vagalumes

Que brilham afetos ,

Nessa roda ,onde o frio é quente ,

Enquanto sentam desagasalhados

Do seguro .

Me despossuo em prantos ,

De memórias abandonadas ,

De parquesmuros ,
Viventes .

Presos em suas torres de vigia,

De suas bocas luminosas ,

Que dobram meu pranto,

E pertenço, a esse sonho real .


CORPOS FARPADOS EM FUGA

Nessa roda,onde ao redor,

A visão dos arames rasgantes

Dos corpos farpados em fuga .

Me desabito em todos esses risos

E falas do outro, então me despeço

Na dor da memória ,e sigo em rua,

Nessa procissão de possível .

Nesse vagar de poetas errantes.

Pertenço em instantes

Num tempoespaço,

Ouço poesia na fala

Dos vagalumesoutros.

Das terças que me cabem..

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