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evangelhoperdido.com.br
“Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais
lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Isaías 65:17)
“Porque, como os novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão
diante da minha face, diz o Senhor, assim também há de estar a vossa
posteridade e o vosso nome” (Isaías 66:22)
Se a primeira terra Deus “não a criou sozinha, mas a formou para que fosse
habitada” (Is.45:18), quanto mais a nova terra, que é a terra transformada
para que seja a habitação dos santos! Se o homem vive hoje na terra e Deus
fará uma nova, só pode ser porque viveremos na nova terra no futuro. Isso
porque a cidade celestial de que tanto falamos de fato está no Céu hoje,
“preparada” para o dia em que será habitada pelos santos (Hebreus 11:16),
mas descerá do Céu para ser habitada pelos remidos aqui na nova terra:
“Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: ‘Agora o tabernáculo de
Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus
povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus’” (Apocalipse
21:3)
Como vemos, não são os homens que estarão com Deus no Céu, é Deus
quem estará com os homens na terra! O tabernáculo de Deus, que hoje se
encontra no Céu, futuramente estará “com os homens”, isto é, aqui na
terra. Foi por isso que Jesus disse que os pobres herdarão a terra, e não o
Céu:
Jesus não disse que a herança futura dos justos será habitar no Céu, mas a
terra! É evidente que todas essas passagens não se aplicam apenas ao milê-
nio, mas a todo o período eterno. Apocalipse 21:1-3 é pós-milenar, e fala de
coisas que acontecerão após o milênio. Mateus 5:5 não é uma referência
apenas a um período de mil anos, mas ao período eterno, pois Jesus retirou
tal citação do Salmo 37:29, que diz:
Não diz que os justos herdarão a terra por mil anos e depois irão para o
Céu, ou que irão para o Céu imediatamente após a morte, mas que herdarão
a terra para sempre. Por incrível que pareça, alguns imortalistas tem a
ultrapassada ideia de que nós estamos hoje na terra, vamos para o Céu após
a morte, voltamos para a terra no milênio e depois voltamos de novo para a
eternidade no Céu! Essa confusão imortalista não tem base bíblica alguma,
pois as Escrituras são claras em relatar que a herança do justo é a terra,
que será transformada na criação da “nova terra” prometida por Deus.
Os judeus estavam esperando o Reino de Deus vir a eles, e não que eles
mesmos fossem ao Reino de Deus na morte. É por isso que o próprio Senhor
Jesus disse:
“Pois eu lhes digo que não beberei outra vez do fruto da videira até que
venha o Reino de Deus” (Lucas 22:18)
Na oração modelo do Pai Nosso, ele nos ensinou a orar: “venha o teu Reino,
seja feita a tua vontade…” (Mateus 6:10). Quando oramos pedindo que
“venha o teu Reino”, não estamos pedindo a vinda apenas de uma pessoa
(segunda vinda de Cristo), mas de um Reino. Esse Reino que virá nada mais
é senão aquele mesmo Reino que João viu descer dos céus e se estabelecer
na nova terra no Apocalipse (Apocalipse 21:2), que é chamado de “a nova
Jerusalém”. Jesus não orou para que ele voltasse, nem disse “venha o teu
Filho”, mas que viesse o próprio Reino, em sua forma física e visível, como
viu João e como esperavam os judeus.
Isso explica o porquê que vemos tantas vezes no Novo Testamento a men-
ção de que “o Reino de Deus está próximo” (cf. Lucas 10:9; 10:11; 21:31;
Marcos 10:15), que quer dizer que esse Reino de Deus está chegando, que já
está perto a hora em que o Reino chegará e será estabelecido aqui na terra.
O Reino de Deus já havia chegado em sua forma espiritual (cf. Lucas 11:20),
pois ainda não era o tempo de vir em sua forma visível (cf. Lucas 17:20),
uma vez que em sua forma visível ele ainda não havia chegado, mas estava
“próximo” (cf. Lucas 10:9; 10:11; 21:31; Marcos 10:15), sendo estabelecido
somente após o milênio (cf. Apocalipse 21:1-3).
Foi por isso que, ao chegar em Jerusalém, Jesus teve que “contar-lhes uma
parábola, porque o povo pensava que o Reino de Deus ia se manifestar de
imediato” (cf. Lucas 19:11). Aquelas pessoas acreditavam que já estava na
hora do Reino de Deus se manifestar em sua forma visível, da Jerusalém
celestial descer do Céu e do período eterno ter início, e por isso Jesus teve
que contar uma parábola em que dizia que somente iria voltar “depois de
muito tempo” (cf. Mateus 25:19). A crença não era de morrer e ir para o
Céu no momento da morte, mas se baseava na expectativa do estabeleci-
mento visível do Reino de Deus aqui na terra, por toda a eternidade.
Quando Deus criou o homem originalmente, ele não o criou no Céu, mas na
terra. Portanto, seria mais condizente que, na restauração de todas as coi-
sas (cf. Mateus 19:28), o padrão original de Deus para com a Sua criação
fosse restabelecido com o homem em um Paraíso terreno. Adão e Eva foram
criados na terra em um lugar específico, chamado “Jardim do Éden” (cf.
Gênesis 2:15), mas foram expulsos de lá com a entrada do pecado no
mundo, de modo que hoje esse Paraíso se encontra com Deus no Céu (cf.
Gênesis 3:23,24; Ap.22:2,17).
Ao partirmos desta vida, nos encontraremos com Cristo no juízo após ser-
mos ressurretos, e logo então ocorrerá o reencontro com os santos vivos
arrebatados, junto a Jesus nos ares. Cristo vem com os seus santos (cf.
1Tessalonicenses 4:14) porque estes santos foram ressuscitados primeiro
(cf. 1Tessalonicenses 4:16). Então, após o encontro entre os santos vivos
arrebatados e os mortos ressurretos, o Senhor descerá à terra para estabe-
lecer seu Reino milenar, quando a terra desfrutará de mil anos de paz.
Estar com Cristo é diferente de ir para o Céu, pois estaremos com Cristo
ressurretos no juízo, e não incorpóreos em um estado intermediário. Reino
de Deus ou Reino dos céus também não é a mesma coisa do Céu em si.
Quando a Bíblia fala do Reino de Deus, ela pode estar se referindo simples-
mente ao Evangelho (cf. Marcos 4:11; 4:26; Lc.4:43; 8:1; 8:10; 9:11; 9:60),
ou também ao Reino dos céus, que se refere ao Reino que hoje está no Céu,
mas que descerá para a nova terra prometida após o milênio, quando a
cidade celestial descer do Céu e o próprio tabernáculo de Deus estiver com
os homens (cf. Apocalipse 21:3).
Sendo assim, quando Cristo disse em Mateus 5:3 que “bem-aventurados são
os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus” (Mateus 5:3), ele não
estava entrando em contradição com aquilo que ele mesmo disse apenas
dois versos depois, de que “bem-aventurados são os humildes, pois eles
receberão a terra por herança” (cf. Mateus 5:5), nem tampouco estava
dizendo que os humildes teriam um destino eterno diferente do destino dos
pobres de espírito, porque o Reino dos céus de que ele falava descerá à
terra para habitarmos nela para sempre. Sendo assim, habitaremos na Jeru-
salém celestial (Reino dos céus, pois é onde está ainda) estabelecida sobre a
nova terra. É por isso que a nossa maior esperança, como diz Pedro, não é
de morrer e ir para o Céu como a igreja atual em sua maioria ensina, mas
de que, “de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra,
onde habita a justiça” (2Pedro 3:13).
“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salva-
dor, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20)
Note que Paulo não disse que nós vamos para o Céu, mas que a nossa pátria
está nos céus. Essa cidade, que Paulo diz que está hoje no Céu, descerá por
ocasião do fim do milênio, como diz João (cf. Apocalipse 21:2), se estabele-
cendo na nova terra. Paulo completa o pensamento dizendo que de lá (do
Céu) nós também esperamos o Salvador Jesus Cristo. Esse “também” colo-
cado aqui pelo apóstolo liga esses dois acontecimentos, a descida de Jesus à
terra e a descida da cidade celestial à terra. Não é apenas Jesus que irá vir à
terra, mas também Jesus. Diante do contexto, esse “também” está relacio-
nado à “nossa cidade que está nos céus”, a nova Jerusalém celestial. Por-
tanto, a crença de Paulo não era em morrer e ir morar no Céu para sempre,
mas era a expectativa da volta de Cristo e da descida de cidade santa na
nova terra prometida.
Infelizmente, a partir do momento em que a mentira da imortalidade da
alma começou a ganhar força nas igrejas cristãs, essa realidade foi comple-
tamente distorcida e deturpada. As pessoas de hoje em dia oram dizendo
“venha o teu Reino” sem saber o que isso significa. Têm em mente aquela
versão popular da vida após a morte, onde a expectativa do cristão é base-
ada na ilusão de se estar no Céu em um estado incorpóreo entre a morte e a
ressurreição, e não na visão realista bíblica da vida corpórea e terrena após
a ressurreição. Toda uma teologia escatológica bíblica sólida foi destruída
para dar lugar a um conto de fadas, onde espíritos flutuam nas nuvens do
Céu tocando flautas e conversando com os anjos, ao invés do realismo
bíblico onde a vida futura se dá através da ressurreição de um corpo físico,
para habitar em uma nova terra física, embora transformada do pecado e
dos pecadores.
Fonte:
BANZOLI, Lucas. “A Lenda da Imortalidade da Alma”.