Você está na página 1de 6

Prova 1 - FIS0615 (Mecânica Clássica I)

4 de abril de 2018

1. Uma partícula de massa m se move sobre o eixo x dentro de um fluido viscoso com uma força resistiva Fr =
−bv(t)x̂, onde v(t) é a velocidade instantânea e b > 0 é uma constante. As condições iniciais são x(t = 0) = x0 > 0 e
v(t = 0) = v0 > 0.
(a) (1,0 ponto) Encontre a velocidade da partícula em função do tempo.
(b) (1,0 ponto) Encontre a posição da partícula em função do tempo.
(c) (1,0 ponto) Represente no espaço de fase o movimento desde t = 0 até t → +∞. Sugestão: escreva a posição
em função da velocidade ou vice-versa.

2. Uma partícula de massa m se move no plano xy sujeita à força F(r) = −kr, com k > 0. Em t = 0, a partícula
está na posição r0 = x0 x̂ com velocidade v0 = v0 ŷ.
(a) (1,5 ponto) Encontre a posição em função do tempo r(t).
(b) (1,0 ponto) Para qual v0 a trajetória é uma circunferência?
(c) (1,0 ponto) Considere agora que acrescentamos uma força resistiva Fr (v) = −bv, com b > 0, e aplicamos uma
força externa sobre a partícula da forma Fext (t) = F0 cos(ωt)(x̂ + ŷ). Calcule o momento angular da partícula em
relação à origem no estado estacionário.

3. Uma partícula de massa m se move em uma dimensão na presença de uma força conservativa associada à energia
potencial U (x) = U0 cos2 (πx/α), onde U0 > 0 e α > 0 são constantes. A energia potencial é ilustrada na Fig. 1.

(a) (1,0 ponto) Determine a frequência para pequenas oscilações em U (x)


torno de um dos pontos de equilíbrio estável do sistema.
(b) (1,0 ponto) Em t = 0, a partícula se encontra em x(t = 0) = x0 , U0
com 0 < x0 < α. A velocidade em t = 0 é positiva e a energia mecânica é
E = U0 . Discuta qualitativamente, em poucas palavras, o movimento da
partícula, em particular o que acontece no limite t → +∞.
p(c) (1,5 ponto) Como o sistema é conservativo, podemos escrever ẋ(t) =
2[E − U (x)]/m nos trechos da trajetória em que ẋ(t) > 0. Encontre x(t)
0 x
para as condições descritas no item (b). Você pode conferir seu resultado
analisando o limite x(t → +∞).
Figura 1: Energia potencial.
Dados:
• Força conservativa: F(r) = −∇U (r).
• L = r × p.
• τ = r × F.
F0
• ẍ + 2γ ẋ + ω02 x = m cos(ωt).
• xp (t) = Ap cos(ωt − δ).
F0 /m
• Ap = √ .
(ω 2 −ω02 )2 +4γ 2 ω 2

2γω
• tan δ = ω02 −ω 2
, com 0 ≤ δ ≤ π.
´b dx
 x
 x=b
• a sin x
= ln | tan 2 | x=a para 0 < a < b < π.
2

GABARITO:
1.
(a) Pela segunda lei de Newton, temos
dv dv b
m = F = −bv ⇒ = − v.
dt dt m
Podemos integrar a EDO de primeira ordem:
ˆ v(t) ˆ t
dv b
=− dt
v0 v m 0

 
v(t) bt
ln =−
v0 m

v(t) = v0 e−bt/m .

(b) Encontramos x(t) integrando mais uma vez


dx
= v(t) = v0 e−bt/m
dt
ˆ x(t) ˆ t
dx = dt v0 e−bt/m
x0 0

h v m it
0
x(t) − x0 = − e−bt/m
b 0

v0 m
x(t) = x0 + (1 − e−bt/m ) .
b
(c) Podemos eliminar a variável t usando o resultado do item (a):
v(t)
e−bt/m = .
v0
Substituindo no resultado do item (b), obtemos
v0 m m
x(t) = x0 + − v(t),
b b
ou invertendo:
bx0 b
v(t) = v0 + − x(t).
m m
Esta é a equação de um segmento de reta entre os pontos (x0 , v0 ) para t = 0 e (xmax , 0) para t → +∞, onde
xmax = x0 + v0 m/b.

v0

0 x0 xmax
x
Figura 2: Espaço de fase.
3

2.
(a) Precisamos das soluções das equações de movimento

ẍ + ω02 x = 0,
ÿ + ω02 y = 0,
p
onde ω0 = k/m. A solução geral é da forma

x(t) = Ax cos(ω0 t + φx ),
y(t) = Ay cos(ω0 t + φy ).

Temos então as componentes da velocidade

ẋ(t) = −ω0 Ax sin(ω0 t + φx ),


ẏ(t) = −ω0 Ay sin(ω0 t + φy ).

Usamos as condições iniciais:

x(0) = Ax cos φx = x0 ,
y(0) = Ay cos φy = 0,
ẋ(0) = −ω0 Ax sin φx = 0,
ẏ(0) = −ω0 Ay sin φy = v0 .

A solução é
π v0
φx = 0, φy = − , A x = x0 , Ay = .
2 ω0
Substituindo na solução geral, temos

x(t) = x0 cos(ω0 t),


v0
y(t) = sin(ω0 t).
ω0
Portanto,

v0
r(t) = x0 cos(ω0 t)x̂ + sin(ω0 t)ŷ .
ω0

(b) Em geral, a trajetória é dada por uma elipse descrita pela equação

x2 y2
2
+ 2 = 1.
Ax Ay

A trajetória se torna uma circunferência se

|Ax | = |Ay | ⇒ |v0 | = ω0 |x0 | .

Este resultado também pode ser obtido impondo que a força elástica é a força centrípeta para o movimento circular
uniforme de raio x0 e velocidade v0 .
(c) As equações de movimento agora são

mẍ + bẋ + kx = F0 cos(ωt)


mÿ + bẏ + ky = F0 cos(ωt).

Como as equações são desacopladas, podemos usar a solução do oscilador forçado em 1D para cada coordenada:

xp (t) = Ap cos(ωt − δ),


yp (t) = Ap cos(ωt − δ),
4

onde Ap e δ são dados no formulário. A posição em função do tempo no regime estacionário é

r(t) = Ap cos(ωt − δ)(x̂ + ŷ).

A velocidade é

ṙ(t) = −ωAp sin(ωt − δ)(x̂ + ŷ).

A posição e a velocidade são paralelos entre si para todo t. Isso é porque o movimento corresponde a uma oscilação
ao longo da direção fixa da força. Consequentemente, o momento angular se anula:

L(t) = r(t) × p(t)


= mr(t) × ṙ(t)
= −mωA2p cos(ωt − δ) sin(ωt − δ)(x̂ + ŷ) × (x̂ + ŷ)

L=0.

3.
(a) Os pontos de equilíbrio são dados por
dU 2π  πx   πx 
F =− = U0 sin cos = 0.
dx α α α
Esta equação é satisfeita para
 πx 
sin = 0 ⇒ x = nα, n∈Z
α
ou
 πx 
cos = 0 ⇒ x = (n + 1/2)α, n ∈ Z.
α
Os pontos de equilíbrio estável são os mínimos de U (x), onde d2 U/dx2 > 0, que ocorrem em x = (n + 1/2)α.
Expandimos em torno de um desses pontos tomando
 
1
x= n+ α + x0 ,
2

com x0 pequeno (x0  α). Temos:

1 d2 U

U (xn + x0 ) = (x0 )2 + . . .
2 dx2 xn

Calculando as derivadas:
 
dU πU0 2πx
= − sin ,
dx α α
d2 U 2π 2 U0
 
2πx
= − cos .
dx2 α2 α
A constante de mola efetiva é
d2 U 2π 2 U0 2π 2 U0

k= 2
=− 2
cos[π (2n + 1)] = .
dx x=(n+ 1 )α
α α2
2

A frequência de pequenas oscilações é


r r
k π 2U0
ω0 = ⇒ ω0 = .
m α m
5

(b) A partícula está restrita à região definida por U (x) ≤ E. Para E = U0 , o movimento da partícula está restrito
à vizinhança de um único mínimo da energia potencial. Para x0 ∈ [0, α], o ponto de equilíbrio estável pelo qual a
partícula passa é x = α/2 e os pontos de retorno acontecem em x = 0 e x = α. Como a velocidade é positiva no
instante inicial, para t > 0 a partícula irá se propagar na direção de x positivo. À medida que ela se aproxima se
x = α a energia cinética diminui. Para t → +∞, a partícula atingirá o repouso em x = α.
(c) Podemos integrar a EDO de primeira ordem:
r r ˆ x(t) ˆ t
dx 2[E − U (x)] m dx
= ⇒ p = dt.
dt m 2 x0 E − U (x) 0

Substituindo E = U0 e U (x) = U0 cos2 (πx/α), temos


r ˆ x(t)
m dx
p =t
2 x0 U0 − U0 cos2 (πx/α)

r ˆ x(t)
m dx
= t,
2U0 x0 sin(πx/α)

onde usamos que sin(πx/α) > 0 porque a trajetória está restrita a 0 < x < α. Mudando a variável para u = πx/α e
usando o resultado da integral:
r ˆ πx/α
m α du
=t
2U0 π πx0 /α sin u


πx
m α tan
r
2α 
ln πx0 =t
2U0 π tan 2α

Podemos escrever o resultado na forma


r !
 πx   πx  2U0 πt
0
tan = tan exp ,
2α 2α m α

" r !#
2α  πx 
0 2U0 πt
x(t) = arctan tan exp .
π 2α m α

Note que limt→−∞ x(t) = 0 e limt→∞ x(t) = α.


6

média = 4,7

Figura 3: Histograma notas P1.

Você também pode gostar