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Fisica Nuclear e Particulas Subnucleares Capitulo 5 S S Mizrahi D Galetti PDF
Fisica Nuclear e Particulas Subnucleares Capitulo 5 S S Mizrahi D Galetti PDF
A força nuclear
5.1 Introdução
O conceito de força, oriundo da física clássica, fundamenta-se na idéia de uma ação de
contato, ou então de uma ação à distância entre dois ou mais corpos. Os casos mais rep-
resentativos desta última consideração são a força gravitacional, que atua entre corpos
por terem massa, e a força coulombiana que age entre objetos que são eletricamente
carregados. Coincidentemente, ou talvez não, ambas as forças têm dependência com o
quadrado do inverso da distância que separa os dois corpos, F ∝ (r1 − r2 ) / |r1 − r2 |3
(r1 e r2 são os vetores posição), cuja ação se dá ao longo da linha que os liga, e a in-
tensidade de cada tipo de força depende ou do produto das massas dos corpos ou de
suas cargas elétricas. Este seria o conceito newtoniano de força; mais tarde, Michael
Faraday refinou esse conceito, substituindo a noção de ação à distância pelo conceito
de campo de força, ou seja, no caso da força coulombiana um corpo eletricamente
carregado estende à sua volta um campo de força e qualquer outro corpo, também car-
regado, que passe na região desse campo sentiria sua presença e responderia mudando
150
sua trajetória.
A fim de tentar explicar a coesão dos constituintes nucleares, a Física Nuclear adotou
tanto o conceito de força a distância como o de campo. Usando a primeira concepção,
foram feitas diversas propostas para descrever a natureza da força que mantém a co-
esão dos núcleons no núcleo1 . Neste sentido, ao longo da década de 1930 diferentes
expressões foram propostas como candidatas para o potencial nuclear de dois corpos,
que recebiam os nomes de seus proponentes, como Heisenberg, Wigner, Majorana, etc.
Cada potencial é constituído de uma função que depende da distância entre os núcleons,
mas pode depender também dos seus spins, formalmente via um fator de interação spin-
spin, ou então pode ter caráter tensorial com a inserção de um fator específico contendo
spins e vetores posição.
Já a idéia de que a força nuclear poderia também ser descrita, em analogia ao eletro-
magnetismo, como um campo e que a interação nuclear se manifestaria pela troca de
uma partícula de campo – em analogia ao fóton, para o caso da força entre partículas
eletricamente carregadas – partiu de Yukawa. Em 1935, ele propôs uma teoria (o seu
detalhamento encontra-se no Apêndice B deste capítulo) segundo a qual a partícula de
campo teria uma massa entre 150 e 200 M eV /c2 e, visto que aquela era uma massa in-
termediária entre a do elétron (0, 5 M eV /c2 ) e a do próton (938 M eV /c2 ), a partícula
recebeu o nome méson. Neste cenário, o conceito que rege o mecanismo da força nu-
clear segue o paradigma da força eletromagnética, isto é, admite-se existir um campo
nuclear e a interação entre os núcleons ocorreria pela troca de um (ou mais) méson; não
obstante, os prótons, devido à interação coulombiana, também interagiriam, adicional-
mente, através da troca de fótons. Yukawa deduziu o potencial de interação entre dois
núcleons, que dependeria da distância entre os mesmos, r = |r1 − r2 |, como sendo
da forma Vnuc (r) = − g 2 exp (−µr) /r, onde µ é um parâmetro com dimensão de
inverso de comprimento – µ−1 seria o alcance médio da força – e g é a constante de
“carga nuclear”, em analogia a carga elétrica e. O fator exp (−µr) é responsável pelo
caráter de curto alcance da força nuclear, comparativamente aos potenciais coulom-
biano e gravitacional que têm apenas o fator 1/r. Atualmente, entende-se que a força
nuclear (internucleônica), responsável pela coesão e estabilidade do núcleo, é uma com-
ponente residual da chamada força forte, ou interação forte, que age entre os quarks, os
constituintes dos núcleons.
Além da interação forte há uma outra força que se faz sentir nos núcleos, que é re-
sponsável pela busca de sua estabilidade e por transmutações nucleares, manifestando-
se via três processos: i) nos decaimentos de um nêutron ou próton do núcleo há dois
processos diferentes de decaimento β, que se distinguem pela emissão de um elétron
(β − ) ou de um pósitron (β + ), quando é emitido juntamente um antineutrino (ν̄ e ) ou
um neutrino (ν e ), respectivamente, que possuem uma massa muito menor que a do
elétron ou do pósitron; ii) a captura eletrônica, ou captura K, que consiste na captura,
pelo núcleo, de um elétron da camada eletrônica K (orbital mais próximo do núcleo),
1
Em vez de usar a expressão formal de força, que é uma quantidade vetorial, usa-se, corriqueiramente,
a função energia potencial, mais simplesmente chamada função potencial ou potencial, que é uma função
escalar.
2
Por vezes encontra-se este termo no plural, forças nucleares, pois (a) sua expressão mais completa é con-
stituída de vários termos. Porém, aqui vamos nos referir à força nuclear como a soma dos termos necessários
para uma boa reprodução de propriedades nucleares empíricas.
a força coulombiana que age entre prótons. Convém lembrar que em uma molécula a
interação entre os núcleos dos átomos é essencialmente coulombiana.
• A força nuclear entre dois núcleons livres não é igual àquela que se manifesta
quando eles são parte de um (do) núcleo. De certa forma, a presença dos demais nú-
cleons altera a força que age entre núcleons livres, pois, em menor escala, existem inter-
ações que dão origem a um campo nuclear médio mais correlações quânticas de muitos
corpos.
• Os elétrons não podem existir dentro do núcleo e também são imunes à força
nuclear, eles não a sentem.
• O potencial nuclear entre dois núcleons depende de seus spins; para r = |r1 − r2 |,
um dos termos da função potencial nuclear, a interação spin-spin, toma a forma
verificando-se que os estados dos núcleons foram trocados, assim P̂σ caracteriza-se como um operador de
troca.
o que faz com que os núcleons mantenham uma certa distância média entre si dentro do
núcleo, o que justifica a constatada saturação da densidade nuclear.
• A força nuclear deve também conter uma componente não-central, chamada força
tensorial, sendo da forma
V̂T (r) = vT (r)Ŝ12 (r/r) , (5.2)
onde o operador
Ŝ12 (r/r) = 3 (s1 · r) (s2 · r) /r2 − s1 · s2 (5.3)
tem caráter tensorial, semelhantemente à interação entre dois dipolos. A forma da ex-
pressão (5.2) foi sugerida pelos seguintes dados experimentais observados no dêuteron:
(1) o momento de dipolo magnético é ligeiramente diferente da soma dos momentos
magnéticos do próton e do nêutron, considerados como partículas independentes; (2)
a existência de um pequeno momento de quadrupolo elétrico; (3) o momentum angu-
lar nuclear (tem) associado é J = 1. Esses fatos indicam que o estado fundamental do
dêuteron deve ser descrito como uma superposição de dois estados, um com momen-
tum angular orbital l = 0 (dominante) e outro com l = 2 (pequena contribuição). O
momentum angular l deve ser par, pois é necessário que (−1)l = 1 para que a paridade
do estado seja conservada, de acordo com a observação experimental. Para reproduzir
estes dados a operação de Ŝ12 (escrevendo, de forma mais compacta, Ŝ12 em vez de
Ŝ12 (r/r)) do potencial nuclear implementa a mudança do momentum angular orbital
total e dos spins de cada núcleon pois L2 e as projeções L̂z e Ŝz não são quantidades
conservadas, h i h i h i
L2 , Ŝ12 6= 0, L̂z , Ŝ12 6= 0 e Ŝz , Ŝ12 6= 0 . (5.4)
Entretanto, o quadrado do momentum angular total4 J = L + S, J 2 , a projeção sobre
o eixo z, Jˆz , e também S 2 são quantidades conservadas pelo processo de interação
tensorial, ou seja,
h i h i h i
J 2 , Ŝ12 = S 2 , Ŝ12 = Jˆz , Ŝ12 = 0. (5.5)
Verifica-se também que
1
h(s(1) · r) (s(2) · r)iθφ =
s(1) · s(2), (5.6)
3
ou seja, a média sobre
D todas
E as direções contribui com um fator 1/3, portanto a média
angular de (5.3) é Ŝ12 = 0.
θφ
• O sistema mais simples que permite estudar as propriedades da força nuclear é
aquele constituído de dois núcleons, que pode se apresentar como um sistema ligado
estável, o dêuteron5 . Porém, os dois núcleons podem também ser estudados como um
sistema não-ligado, cujas propriedades se revelam em experimentos de espalhamento
(veja o capítulo 6). Os sistemas próton-próton e nêutron-nêutron não possuem estados
ligados.
4
L = l1 + l2 e S = s1 + s2 são os momenta angulares orbital e de spin, total, dos dois núcleons.
5
O átomo é chamado deutério e é um isótopo do átomo de hidrogênio.
Quanto ao operador P̂M , sua ação consiste em trocar as posições das coordenadas es-
paciais nas funções orbitais,
P̂M φλ1 (r1 )φλ2 (r2 ) = φλ2 (r1 )φλ1 (r2 ).
Como os núcleons são partículas fermiônicas a função de onda conjunta deve ser antis-
simétrica, sendo assim, aplicando o produto dos operadores P̂τ P̂σ P̂M sobre um estado
de duas partículas tem-se P̂τ P̂σ P̂M Ψ (u1 , u2 ) = Ψ (u2 , u1 ) = −Ψ (u1 , u2 ), onde u
representa os cinco graus de liberdade: três espacias r, um de spin e um de isospin.
Então, como P̂τ P̂σ P̂M = −1̂, segue que se pode escrever P̂M = −P̂σ P̂τ .
Cada uma das três interações em (5.7) foi inventada e introduzida na teoria nu-
clear independentemente das outras. Heisenberg propôs a interação −VH (r) P̂τ , con-
jecturando que a força nuclear dependeria de uma operação de troca representada por
VH (r) P̂σ P̂M ≡ −VH (r) P̂τ (com VH (r) > 0). Este termo ficou conhecido como
termo ou força de Heisenberg, ele age entre um próton e um nêutron fazendo a troca
p À n, como se um elétron estivesse orbitando dois prótons. Formalmente, esse termo
representa a troca do grau de liberdade de isospin6 , mas em seu terceiro artigo ele con-
statou que a força de troca não levava à saturação da densidade nuclear observada. As-
sim, Heisenberg introduziu uma parte fortemente repulsiva na força entre os núcleons
para uma distância internucleônica r menor que uma certa distância crítica rc , ou seja,
ele postulou a existência de um caroço repulsivo.
Para tentar explicar a causa da acentuada diferença de energia de ligação entre o
dêuteron (Bd ∼ 2, 2 M eV ) e a partícula α (Bα ∼ 28 M eV ), em 1933 Wigner propôs
uma interação N − N (notação compacta para núcleon-núcleon) que dependeria apenas
da distância entre os núcleons, VW (r). Levando em consideração apenas as interações
p−n, e desprezando as interações7 p−p e n−n, ele constatou que a diferença da energia
de ligação por núcleon, para cada núcleo, poderia ser explicada apenas se a interação
fosse considerada de curto alcance. Mais tarde, Heisenberg mostrou que uma força
puramente central, como aquela proposta por Wigner, não poderia dar conta sozinha
do efeito de saturação, portanto não poderia ser responsável pela energia de ligação nos
núcleos. Enquanto para Heisenberg a força nuclear deveria possuir uma parte repulsiva a
distâncias mais curtas, para Majorana esta explicação não era satisfatória e nem estética,
pois em sua concepção seria uma temeridade introduzir mais uma parte repulsiva na
força, de intensidade da ordem de centenas de M eV , quando ainda não se conhecia a
origem da parte atrativa; seu intuito era descobrir qual seria a interação mais simples
entre núcleons que levasse à saturação.
Em um artigo de 1933, Majorana apontou que a força de Heisenberg seria capaz de
explicar a propriedade de saturação sem a necessidade de considerar um "caroço re-
6
Para completar a caracterização da força núcleon-núcleon, Heisenberg incluiu uma força nêutron-nêutron
mais fraca e também a força coulombiana que age entre os prótons. Logo depois, Wigner e Majorana dis-
pensaram a força entre os nêutrons e consideraram que a interação coulombiana poderia ser desprezada em
núcleos leves, ficando apenas com a força entre prótons e nêutrons. Mas isso estava errado; em 1936 experi-
mentos de espalhamento de núcleons mostraram que a força nuclear é praticamente a mesma, independente-
mente da natureza dos núcleons, p − p, p − n ou n − n.
7
O que é incorreto pois a força nuclear independe da carga elétrica do núcleon.
com s = σ/2. Esta é uma combinação de uma força de Wigner, uma força central
dependente de spin, uma força (não-central) tensorial e finalmente uma força de inter-
ação spin-órbita, pois contém o produto escalar L · S. Depois disso muitos potenciais
nucleares foram propostos, cada um construído para reproduzir um conjunto de dados
experimentais escolhidos pelos seus proponentes. No Apêndice A iremos discorrer so-
bre dois deles: o primeiro é um potencial de dois corpos que apresenta uma estrutura
bastante sofisticada e é conhecido como potencial de Paris; o outro, além dos termos
de força de dois corpos contém (há) um termo de força de três corpos, que para deter-
minados núcleos (N = Z = par) se reduz a um termo de força de dois corpos vezes a
densidade nuclear.
N1 → N2 + π (emissão)
π + N1 → N2 . (absorção)
Lembrando que as massas do próton e do nêutron são praticamente iguais, é lícito
perguntar: como é possível que um núcleon consiga emitir uma partícula de massa
≈ 150 M eV /c2 e mesmo assim continuar com a mesma massa? A resposta pode ser
obtida usando conceitos presentes na mecânica quântica: isto pode ocorrer desde que o
processo se dê em um intervalo de tempo ∆t suficientemente pequeno, durante o qual o
princípio de conservação de energia é “violado”. Agora, na relação de incerteza energia-
tempo, ∆E∆t ≈ ~, ∆E é da ordem da massa do méson π e o intervalo de tempo ∆t
(para a troca de um méson) deve ter como limite superior o valor
~ ~
= ,
∆E mπ c2
ou seja, ∆t < ~/mπ c2 , e a conservação da energia é “violada” pela quantidade mπ c2 .
Se o méson π se move com uma velocidade próxima à velocidade da luz, a maior
8
Os raios cósmicos podem ser detectados por traços deixados em sua passagem em placas recobertas por
um gel especial (semelhantemente às placas fotográficas) que são chamadas emulsões. Estas são levadas a
regiões de grande altitude – regiões montanhosas – onde ficam expostas por longos períodos de tempo à ação
dos raios cósmicos com o intuito de acumular e guardar as trajetórias das partículas que provém de fora da
Terra ou aquelas que são produzidas na alta atmosfera devido a colisões das partículas cósmicas com átomos
e moléculas.
distância percorrida é
~ e2 197, 3
R = c∆t = = 2 2
= f m.
mπ c (e /~c) mπ c mπ [M eV ]
Assim, para forças nucleares de alcance de 1 f m a massa da partícula que intermedia
a interação é mπ ≈ 197, 3 M eV /c2 . Tal processo em que ocorre a violação da conser-
vação da energia em um curto período de tempo é chamado virtual e as partículas são
chamadas partículas virtuais (embora estejam presentes no formalismo, elas não po-
dem ser detectadas experimentalmente). Diz-se que os mésons π ou píons carregam a
força nuclear.
O méson π de menor massa de repouso é responsável pela força nuclear de maior
alcance (1 a 1, 5 f m) do potencial núcleon-núcleon; neste caso, a interação ocorre com
a troca de um único méson. Como a interação nuclear se dá entre os pares pp, np, pn e
nn, conclui-se que deve haver três tipos de píons com cargas elétricas, +1, 0 e −1, que
são π + , π 0 , π− . Suas propriedades foram medidas e verificou-se que eles têm spin 0,
paridade intrínseca negativa e massas mπ± = 139, 6 M eV e mπ0 = 135, 0 M eV . Os
mésons π + e π − são um a antíparticula do outro; assim, não há sentido em dizer qual
deles é matéria e qual é antimatéria. Por sua vez o méson π0 não possui especificamente
uma antipartícula, por ele ser sua própria antipartícula.
A expressão para a energia potencial de interação núcleon-núcleon deduzida por
Yukawa é
e−µr
VN N (r) = −g 2 , (5.9)
r
onde r = |r1 − r2 | é a distância entre os núcleons, o parâmetro de carga nuclear g tem
papel semelhante ao da carga elétrica e no eletromagnetismo, e µ−1 é o alcance da força.
O valor de g 2 pode ser estimado a partir da energia de ligação experimental do dêuteron,
Ed ' −2, 23 M eV , sendo da ordem de 100 M eV f m. Daí vê-se que g 2 /e2 ≈ 70, o
que mostra que a força nuclear é muito mais forte que a força coulombiana, e uma massa
de aproximadamente 140 M eV /c2 sugere uma força nuclear de alcance µ−1 ' 1, 4 f m.
É interessante notar que o alcance da força é inversamente proporcional à massa de
repouso da partícula de campo; no caso da força eletromagnética, o fóton tem massa
nula, o que corrobora o alcance infinito da força.
Em 1951, o físico M. Taketani e seus colaboradores [15] propuseram uma inter-
ação efetiva entre núcleons para distâncias acima de 2, 1 f m, que ficou conhecida
como OPEP (one-pion-exchange-potential), quando ocorre troca de um píon apenas,
cuja forma é
" Ã !#
1 2 ³ mπ ´2 ¡ 2
¢ 3 3 e−µr
V (r) = g mπ c τ 1 · τ 2 σ 1 · σ 2 + Ŝ12 1 + + .
3 2M µr (µr)2 µr
(5.10)
Quanto à dependência espacial nesta expressão, nota-se que estão presentes termos com
expoentes negativos de r, a distância entre os núcleons, assim como um potencial do tipo
de Yukawa e−µr /r, que se faz presente como um fator multiplicando toda a expressão.
podem ocorrer porque na natureza não são observados núcleons com carga −e ou com
carga +2e.
(a) n → n + π 0 (e) n → p + π −
(b) n + π 0 → n (f) p + π− → n
(c) p → p + π 0 (g) p → n + π +
(d) p + π 0 → p (h) n + π+ → p
Tabela 3.1 Processos elementares com píons
Depois da descoberta de mais famílias de mésons, além da família π, o entendimento
que se tem sobre a interação entre dois núcleons é que a distâncias mais curtas (0, 5−0, 8
f m) ocorre a troca de dois píons π (2mπ c2 ∼ 280 M eV ), que contribui também para
o carácter atrativo da força nuclear. A distâncias ainda menores (0, 25 f m) há troca
de um méson ω (mω c2 = 783 M eV ), mais pesado, que deve contribuir para a parte
repulsiva da força entre os núcleons, e finalmente o méson ρ (mρ c2 = 769 M eV ) deve
ser responsável pela interação spin-órbita; ver o artigo de revisão [17].
de um outro tipo especial de carga (além da coulombiana) que eles carregam, chamada
cor (em número de três diferentes), que é responsável pela força que os mantêm co-
esos. Os quarks também portam frações da carga elétrica fundamental e, que podem ser
+2/3 e ou −1/3 e. Os quarks são classificados em três famílias ou gerações, cada uma
constituída de um par: a primeira geração (u, d), a segunda (s, c) e a terceira (b, t), com
massas crescentes; os antiquarks são denotados com uma barra sobre a letra que os sim-
¯ (s̄, c̄), (b̄, t̄) e as cargas elétricas portadas têm sinal oposto às dos quarks
boliza (ū, d),
correspondentes. Os três diferentes tipos de carga cor são denotados b, g e r, para azul
(b, de blue), verde (g, de green) e vermelho (r, de red). Assim como a carga elétrica
negativa pode ser entendida como a “anticarga” da carga positiva, também existem as
anticores, que são as cargas de cor portadas pelos antiquarks e são denotadas b̄, ḡ e r̄.
Quanto às partículas de campo da interação forte, existem oito tipos de glúons, cada
um carrega duas unidades da carga cor: uma cor (c) e uma anticor (c̄), e são represen-
tados formalmente por estados de superposições de produtos tensoriais |ci |c̄i; maiores
detalhes são dados no capítulo 14. Entretanto, diferentemente dos fótons, que não in-
teragem entre si por não serem portadores de carga, os glúons podem interagir uns com
os outros e mudar o par cor-anticor que carregam.
A interação mais simples entre dois quarks consiste na emissão de um glúon por um
dos quarks e sua subseqüente absorção pelo outro, quando então os quarks mudam de
carga cor. Para ilustrar pictoricamente o processo, usaremos a representação de diagra-
mas no sentido latu sensu, como fizemos no caso da interação N − N com troca de um
méson; aqui mudamos o núcleon por quark e o méson por glúon, mas, diferentemente
do méson, o glúon carrega duas diferentes cargas de cor. Por exemplo, na Figura 5.2-a
é mostrado que dois quarks qr e qb (linhas cheias) interagem como segue: o quark qr
emite um glúon gb̄r e se transforma no quark qb pois as cargas bb̄ se cancelam, sobrando
a carga b; por sua vez, o quark qb (na parte inferior) absorve o glúon gb̄r e se trans-
forma no quark qr , pois as cargas bb̄ se cancelam (aniquilam). Mutatis mutandis com
os quarks qr e qb , como mostrado na na Figura 5.2-b.
Os quarks também interagem via força fraca, sendo que esta interação permite a
mudança do sabor de um quark. Por exemplo, no decaimento β − nuclear, um nêutron
decai pelo processo mostrado na Figura 5.3: um quark d (carga elétrica Qd = −1/3)
decai em um quark u (carga elétrica Qu = 2/3) emitindo uma partícula de campo da
força fraca, um bóson vetorial W − que, por sua vez, decai em um par de léptons e− e
ν̄ e . Nota-se que no processo conservam-se: o número bariônico, o número leptônico e
a carga elétrica. Porém, o sabor dos quarks não é conservado, ou seja, a força fraca não
conserva o sabor dos quarks. A força fraca também se manifesta no decaimento de um
méson, por exemplo, o π− – que consiste de um quark d e de um antiquark ū –, (que)
decai emitindo um bóson vetorial W − que, em seguida, decai em dois léptons: o múon
µ− e o antineutrino ν̄ µ . Este processo pode ser melhor entendido visualizando o gráfico
da Figura 5.4. Os quarks se aniquilam produzindo uma partícula de campo da interação
fraca, o bóson W − , que decai em dois léptons, que são partículas elementares. Nota-se
que a carga elétrica e o número leptônico se conservam, porém não existe uma lei de
conservação de número mesônico, pois os mésons são constituídos de um quark e um
antiquark que se aniquilam em um curto período de tempo após a sua formação, dando
assim origem a outras partículas.
5.6 Problemas
1. Estime a energia de ligação devida à força gravitacional de um sistema próton-
nêutron (considere-os como partículas sem estrutura, separados por uma distância de
2 f m) e compare com a energia de ligação do dêuteron, Bd = 2, 23 M eV .
2. Repita o problema 1 para o caso de uma partícula α, agora leve em conta a repul-
são coulombiana entre os dois prótons. Compare o resultado com a energia de ligação,
Bα = 28, 3 M eV .
D E
3. Mostre que a média angular na Eq. (5.3) dá Ŝ12 (r/r) = 0.
θφ
o momentum linear relativo dos dois núcleons, enquanto VLS (r), VT (r) e VSO2 (r) são
potenciais centrais e L = l1 + l2 é o momentum angular total dos dois núcleons. Em
(5.13) o primeiro termo independe do spin dos núcleons, o segundo é devido à interação
spin-spin, o terceiro é devido à interação spin-órbita – em analogia à física atômica, mas
neste caso ele não provêm da interação magnética, mas seria devido à interação forte –,
o quarto é o termo tensorial com
Ω̂T = 3σ 1 · r σ 2 · r/r2 − σ 1 · σ 2
e o quinto representa uma interação spin-órbita quadrática,
³ ´
Ω̂SO2 = σ 1 · L σ 2 · L + σ 2 · L σ 1 · L /2.
¡ ¢
Para o estado singleto, S = 0, com T = 1, apenas ¡ o 2termo
¢ V1 r, p 2 sobrevive. Por
dependerem do momentum linear as funções V r, p são ditas serem “dependentes
da velocidade”,
¡ ¢ p2 p2
V r, p 2 = Va (r) + Vb (r) + Vc (r) ,
mT mT
onde mT é aproximadamente a massa do próton, que depende do isospin T (m0 =
938, 9055 M eV /c2 , m1 = 938, 2592 M eV /c2 ). Todas as funções Vk (r) contêm somas
de termos com funções do tipo do potencial de Yukawa (5.9), com múltiplos parâmetros.
Nas Figuras 5.5 a 5.9 podemos ver algumas curvas representativas do potencial. Exceto
para a interação tensorial (Figura 5.8) as curvas mostram um forte crescimento da in-
tensidade do potencial em torno de 0, 5 f m, o que é resultado da presença do caroço
nuclear.
Na literatura encontram-se outros potenciais como, por exemplo o chamado poten-
cial de Bonn [?], que são usados para o cálculo de propriedades nucleares, mas que não
serão discutidos aqui.
δ (r − r0 ) = δ (x − x0 ) δ (y − y0 ) δ (z − z0 ) ,
cada fator é uma “função” delta de Dirac; entretanto, δ (x − x0 ) não é propriamente uma função no sentido
tradicional, ela possui sentido apenas em um contexto mais amplo, como função generalizada. Para uso
prático, ela possui o seguinte significado: é nula para x 6= x0 e tem valor indefinido em x = x0 , atribui-se
simbolicamente ∞. Entretanto, a derivada de δ (x − x0 ) em relação a x é uma uma função regular, exceto
no ponto x = x0 onde ela é singular. Integrando com uma função regular f (x), o resultado
] b
f (x0 ) para x0 ∈ (a, b)
δ (x − x0 ) f (x) dx =
a 0 outrossim
dá-lhe um significado mais palpável .
Note que apesar de terem sido usadas propriedades diferentes, os parâmetros tomam
valores que, a grosso modo, são da mesma ordem de magnitude.
de três corpos para a energia total de um núcleo com N = Z = par, essa se expressa
como uma integral envolvendo o produto de três funções densidade,
Z
t3 £ ¤
E3 = ρ (r) ρp (r) ρn (r) d3 r, (5.17)
4
onde ρp (r) e ρn (r) são as densidades de prótons e nêutrons, respectivamente
oc
X ¯ p,n ¯2
¯φ ¯
ρp,n (r) = λms (r) .
(λ,ms )
A densidade total é a soma das densidades de prótons e nêutrons, ρ (r) = ρp (r)+ρn (r),
e φp,n
λms (r) é a função de onda de um único próton ou de um nêutron, calculada a partir
de um problema de muitos corpos, como, por exemplo, o modelo de camadas ou por
algum método autoconsistente.
1 e±ik|r1 −r2 |
G± (r1 , r2 ) = , (5.20)
4π |r1 − r2 |
lembrando que ela é solução
¡ da equação
¢ de Helmholtz inomogênea na presença de uma
fonte pontual e singular, ∇21 + k 2 G (r1 , r2 ) = −4πδ (r1 − r2 ). Na presença de uma
onda incidente ou emergente (sinal + ou −), a solução geral da Eq. (5.19) é escrita
como uma soma de dois termos
Z
(±) ±ik·r1
U0 (r1 ) = e − G± (r1 , r2 ) ρ (r2 ) d3 r2 , (5.21)
E 2 = c2 p2 + m2 c4 ,
com a finalidade de obter a versão quântica (ou ondulatória) da equação da onda para
partículas massivas. Fazendo a correspondência
∂
E → i~ e p → −i~∇,
∂t
Yukawa obteve a equação da onda (conhecida como equação de onda de Klein-Gordon13 )
para uma partícula massiva,
µ ¶
1 ∂2
∇2 − λ2 − 2 2 φ (r, t) = 0,
c ∂t
com a constante λ = mx c/~, onde mx seria a massa de uma partícula desconhecida.
Se houver uma fonte para as partículas de campo, os mésons, cuja origem são os
próprios núcleons, a equação de onda para os mésons deve ser escrita como
µ ¶
2 2 1 ∂2
∇ − λ − 2 2 φ (r, t) = Ψ† (r, t) (−gτ̂ − ) Ψ (r, t) , (5.22)
c ∂t
onde o spinor
µ ¶
ψ n (r, t)
Ψ (r, t) = = ψ n (r, t) ζ n + ψ p (r, t) ζ p
ψ p (r, t)
13
Presumivelmente, a equação foi previamente descoberta, mas não revelada, por Schrödinger, mas foi
divulgada por Oskar Klein (, físico sueco) e Walter Gordon (, físico alemão), que emprestaram seu nome à
mesma.
τ̂ − ζ n = ζ p .
Assim, o lado direito da equação (5.22) é escrito como
µ ¶
¡ ∗ ¢ ψ n (r, t)
ψ n (r, t) ψ ∗p (r, t) (−gτ̂ − )
ψ p (r, t)
= −gψ ∗p (r, t) ψ n (r, t) (n → p), (5.23)
correspondendo à transição n → p e supõe-se que o parâmetro de acoplamento g seja
real. Portanto, na teoria de Yukawa a interação entre núcleons Ψ† (r, t) (−gτ̂ − ) Ψ (r, t)
é a fonte de um campo mesônico. A equacão adjunta de (5.22) é
µ ¶
1 ∂2
∇ − λ − 2 2 φ∗ (r, t) = Ψ† (r, t) (−gτ̂ + ) Ψ (r, t)
2 2
c ∂t
= −gψ ∗n (r, t) ψ p (r, t) (p → n),
(5.24)
sendo que a segunda igualdade decorre de
µ ¶
¡ ∗ ∗
¢ ψ n (r, t)
ψ n (r, t) ψ p (r, t) (−gτ̂ + ) = −gψ ∗n (r, t) ψ p (r, t)
ψ p (r, t)
para a transição p → n, onde µ ¶
0 1
τ̂ + = .
0 0
ψ ∗p (r, t) ψ n (r, t) = vp∗ (r) un (r) e−iωt e ψ ∗n (r, t) ψ p (r, t) = u∗n (r) vp (r) eiωt .
Escrevendo φ (r, t) = U0 (r)e−iωt as Eqs. (5.22) e (5.24) tornam-se independentes do
tempo,
h ³ ´i
∇2 − λ2 − (ω/c)2 U0 (r) = −gvp∗ (r) un (r) = U † (r) (−gτ̂ − ) U (r) ,
(5.25)
h ³ ´i
2
∇2 − λ2 − (ω/c) U0∗ (r) = −gu∗n (r) vp (r) = U † (r) (−gτ̂ + ) U (r) ,
(5.26)
onde
µ ¶
un (r)
U (r) = = un (r) ζ n + vp (r) ζ p ,
vp (r)
¡ ¢
U † (r) = u∗n (r) vp∗ (r) = u∗n (r) ζ †n + vp∗ (r) ζ †p .
q
Se o parâmetro λ > |ω| /c, então a raiz µ ≡ λ2 − (ω/c)2 é real e positiva. Na
ausência de mésons livres (ondas incidentes ou emergentes) as soluções para (5.25) e
(5.26) são Z
U0 (r1 ) = − U † (r0 ) (−G (r1 , r0 ) gτ̂ − ) U (r0 ) d3 r0 (5.27)
e Z
U0 (r1 ) = − U † (r0 ) (−G (r1 , r0 ) gτ̂ + ) U (r0 ) d3 r0
∗
(5.28)
com a função de Green dada por14
0
1 e−µ|r1 −r |
G (r1 , r0 ) = · .
4π |r1 − r0 |
14
Note-se que o parâmetro k da Eq. (5.19) foi substituído por iµ nas Eqs. (5.25)-(5.26).
g e−µ|r1 −r2 |
V̂n→p (r1 ) = − τ̂ − (2) (5.29)
4π |r1 − r2 |
³ ´† g e−µ|r1 −r2 |
V̂p→n (r1 ) = V̂n→p (r1 ) = − τ̂ + (2) , (5.30)
4π |r1 − r2 |
cujo valor na posição r1 é devido à presença de um nêutron ou de um próton no ponto
r2 , respectivamente.
Os potenciais (5.29) e (5.30) são introduzidos na equação de Schrödinger15 para
representar a interação entre o próton e o nêutron. Assim, a interação próton-nêutron
pode ser escrita como
15
Note-se que embora as partículas de campo decorrem de um cálculo relativístico (a equação de Klein-
Gordon), os núcleons são tratados como partículas não-relativísticas, daí usar-se a equação de Schrödinger.
τ̂ 3 ζ n = ζ n , e τ̂ 3 ζ p = −ζ p
e portanto
1̂ + τ̂ 3 1̂ + τ̂ 3
ζn = ζn e ζ p = 0,
2 2
1̂ − τ̂ 3 1̂ − τ̂ 3
ζn = 0 e ζ p = ζ p.
2 2
A ação dos operadores presentes no operador hamiltoniano sobre o spinor (5.34) resulta
em
à !
1̂1 + τ̂ 3 (1) 2 1 ¡ 2 ¢
∇1 ⊗ 1̂2 Ψ(n) (r1 , r2 ; t) = ∇1 ψ (r1 , r2 , t) ζ n (1) ζ p (2) ,
2Mn p Mn
à !
1̂2 − τ̂ 3 (2) 2 1 ¡ 2 ¢
1̂1 ⊗ ∇2 Ψ(n) (r1 , r2 ; t) = ∇2 ψ (r1 , r2 , t) ζ n (1) ζ p (2) ,
2Mp p Mp
e
¡ ¢
(τ̂ − (1) τ̂ + (2) + τ̂ + (1) τ̂ − (2)) ζ n (1) ζ p (2) + ζ p (1) ζ n (2)
¡ ¢ ¡ ¢
= (τ̂ − (1)ζ n (1)) τ̂ + (2) ζ p (2) + (τ̂ + (1)ζ n (1)) τ̂ − (2) ζ p (2)
¡ ¢ ¡ ¢
+ τ̂ − (1)ζ p (1) (τ̂ + (2) ζ n (2)) + τ̂ + (1)ζ p (1) (τ̂ − (2) ζ n (2))
= ζ p (1) ζ n (2) + ζ n (1) ζ p (2) .
Portanto o estado ζ n (1) ζ p (2)+ζ p (1) ζ n (2) é auto-estado do operador τ̂ − (1)τ̂ + (2)+
τ̂ + (1) τ̂ − (2) com autovalor 1.
Matricialmente
µ ¶ µ ¶
1 0 1 0
τ̂ 3 = e 1̂ = ,
0 −1 0 1
(note-se que os operadores 1̂, τ̂ 3 , τ̂ + e τ̂ − formam um conjunto completo de matrizes
no espaço de dimensão 2 – são exatamente as matrizes de Pauli). Aplicando o operador
hamiltoniano (5.33) no spinor tem-se
∙ ¸
~2 1 2 1 2
Ĥ(1, 2)Ψ(n) (r2 , r1 ; t) = − ∇1 ψ (r1 , r2 , t) + ∇2 ψ (r1 , r2 , t)
p 2 Mn Mp
×ζ n (1) ζ p (2) + (Mn + Mp ) c2 ψ (r1 , r2 , t) ζ n (1) ζ p (2)
e−µ|r1 −r2 | ¡ ¢
−g 2 ψ (r1 , r2 , t) ζ n (1) ζ p (2) + ζ p (1) ζ n (2) ,
|r1 − r2 |
e, considerando os termos que multiplicam ζ n (1) ζ p (2), a equação de Schrödinger
torna-se µ ¶
∂ψ (r1 , r2 , t) ~2 1 2 1 2
i~ =− ∇ + ∇
∂t 2 Mn 1 Mp 2
e−µ|r1 −r2 |
+ (Mn + Mn ) c2 ψ (r1 , r2 , t) − g 2 ψ (r1 , r2 , t) .
|r1 − r2 |
Escrevendo a função de onda como
2
ψ (r1 , r2 , t) = Φ (r1 , r2 ) e−iEt/~−i((Mn +Mn )c )t/~
ficamos com uma equação independente do tempo para o sistema p − n,
∙ 2µ ¶ ¸
~ 1 2 1 2 e−µ|r1 −r2 |
− ∇1 + ∇2 + g 2 Φ (r1 , r2 ) = EΦ (r1 , r2 ) ,
2 Mn Mp |r1 − r2 |
onde E é o autovalor de energia. Como o potencial apenas depende da diferença
|r1 − r2 |, podemos escrever a equação de Schrödinger separando o movimento do cen-
³ ´ (CM ) e o relativo (r), com r = r1 − r2 , R = (r1 + r2 ) /2 e Φ (r1 , r2 ) =
tro de massa
ϕ (r) χ R , pelo que obtemos a separação da equação de Schrödinger em duas, uma
para a coordenada de CM e outra para a coordenada relativa,
µ ¶ ³ ´ ³ ´
~2
− ∇2R χ R = Ecm χ R , (5.35)
Mcm
µ 2 −µr
¶
~ 2 2e
− ∇ +g ϕ (r) = Er ϕ (r) , (5.36)
mr r r
onde
Mn Mp
E = Er + Ecm ; mr = ; Mcm = Mp + Mn .
Mn + Mp
nuc e−µr
W12 = −g 2
r
com r = |r1 − r2 |. O valor de g 2 pode ser estimado a partir da energia de ligação
experimental do dêuteron, Er ∼ = −2, 23 M eV , e é da ordem de 100 M eV f m, logo
g 2 /e2 ≈ 70, o que mostra que a força nuclear é muito mais forte que a força coulom-
biana. O alcance da força nuclear é da ordem de R = µ−1 = ~/mx c, portanto o méson
proposto por Yukawa teria uma massa da ordem de mx c2 ≈ ~c/R. Em 1947, Powell,
Lattes e Occhialini descobriram traços de raios cósmicos em emulsões com evidências
da presença do méson-π, de massa mπ c2 ≈ 150 M eV , o que sugere um alcance aprox-
imado de 1, 3 f m para a força nuclear.
5.9 Bibliografia
[2] Wigner E. e Eisenbud L., 1941, Proc. Nat. Acam. Sci. 27, 281.
[3] Lacombe M., Loiseau B., Richard J. M., e Vinh Mau R., 1980, Phys. Rev C 23,
861.
[4] Skyrme T. H. R., 1956, Phil. Mag. 1, 1043; 1959, Nucl. Phys. 9, 615.
[13] Lattes C. G. M., Muirhead H., Occhialini G. P. S. e Powell C. F., 1947, Nature
159, 694.
[15] Taketani M., Nakamura S. e Sasaki M., 1951, Progr, Theor. Phys. 6, 581.
[16] Feynman R. P., 1947, Phys. Rev. 76, 749; ibid. 769.
[17] M. R. Robilotta e H. T. Coelho, 1982, Ciência Hoje, vol. 11, No. 63, p. 22.