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História do Design

Cesário Antônio Neves Júnior

Curso Técnico em Design de Interiores


Educação a Distância
2019
EXPEDIENTE

Professor Autor
Cesário Antônio Neves Júnior

Design Instrucional
Deyvid Souza Nascimento
Renata Marques de Otero

Revisão de Língua Portuguesa


Letícia Garcia

Diagramação (2.ed. / 2019)


Ana Cristina do A. e S. Jaeger

Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)

Coordenação
Sadi da Silva Seabra Filho

Coordenação Executiva
George Bento Catunda

Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).

Março, 2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

N511h
Neves Júnior, Cesário Antônio.
História do Design: Curso Técnico em Design de Interiores: Educação a distância / Cesário
Antônio Neves Júnior. – 2.ed. – Recife: Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes
da Costa, 2019.
56 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Material produzido em março de 2017 através de convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil) e a Secretaria de Educação de Pernambuco.

1. História do Design. I. Título.

CDU – 620.1

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129


Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 5

1.Competência 01 |Ler Imagens (do design e do cotidiano), Fazendo Análise Comparativa entre
elas, a Partir dos Diferentes Períodos Históricos, Movimentos Artísticos, Tendências Estéticas,
Culturas, Modalidades, Técnicas e Gêneros ......................................................................................... 6

1.1 Introdução à História do Design................................................................................................................. 6

1.1.2 Contextualização Histórico - Teórica: necessidades e interesses do homem ........................................ 9

1.1.3 Materialização dos objetos: satisfação das necessidades .................................................................... 11

1.1.3.1 Objetos naturais ................................................................................................................................. 12

1.1.3.2 Objetos modificados da natureza ...................................................................................................... 12

1.1.3.3 Objetos artísticos ............................................................................................................................... 13

1.1.3.4 Objetos de uso ................................................................................................................................... 14

1.1.4 Recapitulando ....................................................................................................................................... 18

2.Competência 02 | Situar no Contexto Histórico as Diversas Formas de Manifestações Artísticas e


as Diferentes Tendências Estéticas do Design e Mobiliário ............................................................... 20

2.1 Movimentos artísticos e estéticos do Design .......................................................................................... 20

2.1.1 Arts and Crafts (Artes e Ofícios) ............................................................................................................ 20

2.1.2 Art Nouveau (Arte nova) ....................................................................................................................... 23

2.1.3 Art Déco (Arte Decorativa) .................................................................................................................... 29

2.1.4 Deutscher Werkbund (Confederação Alemã do Trabalho)................................................................... 32

2.1.5 Escola da Bauhaus ................................................................................................................................. 34

2.1.6 Recapitulando ....................................................................................................................................... 39

3.Competência 03 | Ter Percepção Crítica da Produção do Design ao Longo do Tempo, Avaliando a


Importância Histórica do Design de Interiores em Relação a sua Época .......................................... 40

3.1 Percepção e metodologia de comunicação ............................................................................................. 40

3.1.1 Métodos de conhecimento no design .................................................................................................. 41

3
3.1.1.1 Alguns aspectos da filosofia grega e da antiguidade aos tempos modernos .................................... 41

3.1.2 Surgimento da Semiótica ...................................................................................................................... 43

3.1.2.1 Semiótica na arquitetura ................................................................................................................... 45

3.1.2.2 Semiótica na comunicação................................................................................................................. 46

3.1.3 Recapitulando ....................................................................................................................................... 47

4.Competência 04 | Compreender as Diversas Tendências e Estilos do Design e sua Aplicação no


Desenvolvimento de Futuros Projetos de Design de Interiores ........................................................ 48

4.1 Design no mundo moderno ..................................................................................................................... 48

4.1.1 Design e Arquitetura ............................................................................................................................. 48

4.1.2 Arquitetos como Designers ................................................................................................................... 50

4.1.2.1 Tadao Ando ........................................................................................................................................ 50

4.1.2.2 Alfredo Arribas ................................................................................................................................... 50

4.1.2.3 Asymptote .......................................................................................................................................... 50

4.1.2.4 Mario Botta ........................................................................................................................................ 51

4.1.2.5 Egon Eiermann ................................................................................................................................... 51

4.1.2.6 Toyo Ito .............................................................................................................................................. 51

4.1.2.7 Rem Koolhaas..................................................................................................................................... 51

4.1.2.8 Alessandro Mendini ........................................................................................................................... 52

4.1.2.9 Oswald Matthias Ungers .................................................................................................................... 52

4.1.3 Da arte conceitual até o design conceitual ........................................................................................... 52

4.1.4 Recapitulando ....................................................................................................................................... 53

Conclusão ............................................................................................................................................. 54

Referências ........................................................................................................................................... 55

Minicurrículo do Professor .................................................................................................................. 56

4
Introdução

Seja bem-vindo (a) à disciplina de História do Design!

Nesta disciplina, você vai acessar e estudar conteúdos referentes à história e ao


surgimento do design no mundo e no Brasil, conhecerá os movimentos artísticos e estéticos focados
no design de interiores, entenderá o papel do design na produção em massa, além de ter ferramentas
que contribuam na identificação de tendências, modelos, aplicações que sejam referenciadas,
utilizadas e, possivelmente, aplicadas em seus futuros projetos de design de interiores.

Assim, o objetivo principal deste material é trazer informações sobre os movimentos


artísticos e estéticos do design para que você, cursista, possa identificá-los e utilizá-los de maneira
coerente no reconhecimento, nas construções e conceitos de projetos.

Nesse sentido, trataremos de desenvolver uma percepção crítica da produção do design


ao longo do tempo, avaliando a importância histórica do design de interiores em relação a nossa
época. O esforço está voltado, preferencialmente, aos acontecimentos que envolvem a criação de
artefatos de design de interiores. Com isso, temos a certeza de que os assuntos de abordagem
histórica não se esgotam e que cabe ao estudante realizar leituras complementares, assistir a vídeos,
filmes, documentários; enfim, tornar a busca pelo conhecimento uma rotina em sua formação.

A sua participação e dedicação aos estudos são imprescindíveis para a construção do


conhecimento.

Bons estudos!

5
Competência 01

1.Competência 01 |Ler Imagens (do design e do cotidiano), Fazendo


Análise Comparativa entre elas, a Partir dos Diferentes Períodos
Históricos, Movimentos Artísticos, Tendências Estéticas, Culturas,
Modalidades, Técnicas e Gêneros

Nesta primeira semana, estudaremos os principais conceitos de design. Realizaremos um


breve levantamento histórico sobre o Design, focando nas modificações tidas com o passar do tempo.

Fique atento às semelhanças e diferenças existentes entre as antigas produções e as mais


atuais. Estaremos juntos no decorrer da disciplina, serei o professor formador responsável pela
mesma. Não deixe de participar ativamente nos nossos fóruns e atividades, tanto as colaborativas
quanto as individuais são de fundamental importância para o desenvolvimento de uma educação de
qualidade.

1.1 Introdução à História do Design

Há um autor que está sendo muito estudado atualmente quando o assunto é história do
design, trata-se do Rafael Cardoso. Ele afirma que os estudos sobre design são recentes, os primeiros
ensaios são datados da década de 1920. Com isso, podemos concluir que estamos falando de uma
profissão relativamente nova, com muitos fatos a serem explorados e com uma maturidade
institucional e acadêmica observada apenas nas últimas décadas.

Uma tarefa não muito fácil é apresentar uma definição sobre o que é “design”, que atenda
a todos. Esse termo tem origem inglesa e é uma palavra vinculada ao conceito de plano, desígnio,
intenção, quanto à configuração, arranjo, estrutura, mas não se resume a apenas artefatos
produzidos pelo homem, podendo em inglês ter outras conotações. Temos uma infinidade de
definições e discussões também, mas destacamos a definição do próprio Rafael Cardoso (2008) que
explica se tratar de uma profissão: “que gera projetos, no sentido objetivo de planos, esboços ou
modelos. [...] o design costuma projetar determinados tipos de artefatos móveis” (CARDOSO, 2008,
p.20).

6
Competência 01

Confirmando a assertiva do parágrafo anterior, nessa própria definição, já podemos


sugerir uma discussão para você refletir. O que pensar, então, sobre as áreas afins como Arquitetura
e Engenharia? Elas também não produzem peças e produtos móveis? O que você acha? Também, ao
se falar da produção de artefatos móveis entra na discussão as artes plásticas, as artes gráficas, o
artesanato, porém, cabe afirmar aqui que:

“O que caracteriza o design é o processo que envolve o projeto e a execução.”

Assista ao vídeo intitulado “O que é Design?” disponível no nosso ambiente virtual.

Fórum!
Em seguida, acesse o fórum e participe da discussão proposta.

Quanto à origem do design? Recorremos mais uma vez às afirmações de Rafael Cardoso
(2008), quando explica que o design é resultado de três grandes processos históricos sucedidos
simultaneamente, entre os séculos XIX e XX, em escala mundial. São eles:

Imagine você a euforia dos países europeus com a implantação do maquinário em


meados do século XIX. A Inglaterra era responsável pela maior parte da produção de tecidos de

7
Competência 01

algodão na Europa e isso lhe deu a importância histórica de ter tido a primeira Revolução Industrial.
Vários países começaram a investir na ampliação das suas fábricas, na aquisição de máquinas, na
ampliação da produção e na contratação de pessoas, inclusive, foi o período em que começaram a
surgir profissionais que se denominavam designers.

Nesse momento, a divisão das tarefas surgiu e absorveu um contingente de indivíduos


que não, necessariamente, precisavam ter as especialidades de um artesão. Isso transformou o modo
como o processo de produção era empregado, pois o designer era agora responsável pelo projeto e
a fabricação ficava a cargo de outros trabalhadores; fabricação que antes do uso das máquinas era a
atividade de pessoas que produziam manualmente, ou seja, dos artesãos.

Com a ampliação da produção, todas as classes sociais passaram a ter o poder da compra.
Peças e produtos que antes eram consumidos apenas por famílias nobres agora circulavam entre
indivíduos de qualquer classe social. A crescente oferta de emprego nos centros urbanos europeus
convidou um grande número de indivíduos e famílias que antes viviam em cidades menores, nos
interiores e nas zonas rurais, e que passaram a vislumbrar a busca por trabalho e por oportunidades.
Esse movimento causou um aumento significativo das populações nas grandes capitais.

Outro aspecto resultante desse novo processo de produção foi a expansão e integração
do mercado que hoje chamamos de globalização. A Revolução Industrial gerou consequências na
sociedade: surgiram temas relevantes abordados e discutidos por vários autores da história geral e
da história do design, questões sobre jornada e relações de trabalho, remuneração, qualidade de
vida, consumo, lazer, qualidade do produto, distinção entre produtos populares e produtos de luxo,
cópia na fabricação de artefatos, a valorização e a desvalorização de alguns profissionais, além de
outras demandas. Nesse contexto, a figura do design começou a aparecer e a ser valorizada.

As mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais decorrentes dessa industrialização


não aconteceram de maneira passiva, houve resistência, negação, insatisfação, ligada ao uso das
máquinas e de todo processo de produção provocado. A dimensão humana estava sendo deixada de
lado, a produção de artefatos industriais era a principal investida.

8
Competência 01

“E em relação ao produto? Já pensou nas consequências da fabricação em larga


escala?”

Também passou a ser uma das questões primordiais para discussão. Começaram a surgir
muitos produtos com baixa qualidade a partir do surgimento das máquinas. Esses efeitos
promoveram intensas discussões entre artistas, intelectuais, arquitetos, artesãos, resultando na
criação de grupos e associações de profissionais que prezavam uma produção racional, simples, de
qualidade, de tradição, com uma estética autêntica, como as peças produzidas artesanalmente.

Como vimos até agora, as transformações no processo de produção, circulação e


consumo de bens e serviços originaram distintas mudanças na sociedade, no cotidiano das pessoas,
refletindo nos seus modos de trabalho, de moradia, de educação e de consumo. O design fez parte
desse processo e é sobre sua participação, evolução e atuação dos profissionais que vamos tratar nos
próximos tópicos.

1.1.2 Contextualização Histórico - Teórica: necessidades e interesses do homem

O homem exerce influência sobre o ambiente em que está inserido, seja consciente ou
inconscientemente, e tem oportunidade de modificá-lo mediante suas realizações. Várias podem ser
as motivações do homem para que o ambiente sofra modificações. Tudo está diretamente ligado às
relações entre o homem e os objetos e a conduta do homem está diretamente influenciada por suas
diferentes necessidades. Estas surgem diante de alguma carência e ditam nosso comportamento
visando ao suprimento dessa falta. No entanto, além da necessidade, somos influenciados também
por nossos desejos, anseios e ambições, ou seja, nossas aspirações. Nesse caso, as aspirações não são
derivadas de deficiência, são espontâneas e podem ser supridas por um objeto que passa a ser
desejado.

O homem teve que modificar as condições encontradas naturalmente, idealizando


ferramentas que fortalecessem e complementassem suas aptidões naturais, possibilitando o domínio
do ambiente. A fabricação da maioria desses objetos, hoje, é predominantemente feita por processos
industriais e teve início com a Revolução Industrial.

9
Competência 01

A primeira Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra. Essa indicação se deveu ao


sistema implementado, que gerou um grande volume de produção de tecidos de algodão. A
industrialização aconteceu com a mecanização do trabalho, do fazer que antes era
predominantemente artesanal. No início do século XIX, o aumento dessa produção, junto ao baixo
custo dos produtos, permitiu o consumo em todas as classes sociais. Com esse acesso, surgiu também
a distinção entre produtos populares e os de luxo. A fabricação em escala comercial de tecidos de
algodão, tecidos de seda, móveis, louças utilitárias, bebidas como chá e café, além de armas, estava
presente na Europa desde o século XVIII.

Um dos principais aspectos para a industrialização, além do uso contínuo de máquinas,


das ampliações das fábricas, do aumento na escala de produção, foi a forma de organização da
produção não mais centralizada em um indivíduo, isto é, a divisão de tarefas estava claramente
presente e também a distinção entre planejamento e execução dos artefatos.

Apesar da grande expectativa com a mecanização na produção, o processo demorou a


atingir todas as fábricas por igual. Vários registros mostram que, apesar desse novo modelo de
produção, da padronização, os acabamentos de alguns produtos continuavam sendo feitos
manualmente. Por exemplo, nas máquinas de costura da Singer, figura 1, existiam decorações
pintadas à mão; as cadeiras do marceneiro alemão Michael Thonet (1830), figura 2, eram montadas
manualmente e recebiam acabamentos decorativos finais. Essas cadeiras são a maior representante
de um processo tecnológico que até hoje sobrevive, o de dobrar por calor os bastões de madeira. São
tipos de mobiliário muito comuns de ser encontrados quando estamos em um ambiente com estilo
retrô.

Figura 1 - Máquina de costura Singer Modelo 15C


Fonte: www.singer.com.br/nossa-historia/
Descrição: A imagem mostra uma máquina de costura Singer, com destaque para os detalhes da decoração. Essa máquina
de costura é produzida em metal.

10
Competência 01

Figura 2 - Cadeira Thonet (1830)


Fonte: http://i.blogs.es/140892/thonet-2/450_1000.jpg
Descrição: no extremo esquerdo da foto vemos as peças da cadeira desmontada. No meio temos a cadeira montada. E
no extremo direito temos uma caixa transparente e fechada com todas as peças da cadeira desmontada.

1.1.3 Materialização dos objetos: satisfação das necessidades

Um fator que influencia na expansão da produção industrial é a satisfação das


necessidades dos usuários, fazendo com que o fabricante tenha a venda de seus produtos garantida.
Ao se alcançar uma saturação do mercado, é preciso descobrir novas necessidades dos usuários para
garantir que o mercado econômico continue crescendo. Nesse processo está inserido o designer e,
em muitos casos, é esse profissional que tem a tarefa de tornar possível o aumento da produção.
Esse é um dos responsáveis pela materialização de uma ideia para a satisfação de necessidades do
homem. A esse processo de materialização de ideias dá-se o nome de trabalho. O trabalho é a
transformação de um objeto em um produto ou serviço. Segundo Kurella (1958, apud LÖBACH, 2001,
p. 30):

“Por meio do trabalho produtivo, o homem vai sucessivamente se apropriando mais


da natureza, assim como a conhece mais e mais, criando o especial, o novo, o que o
distingue da natureza e dos outros seres viventes: um ambiente artificial em que as
faculdades essenciais do homem adquirem uma forma material.”

Como já mencionamos anteriormente, muitas necessidades dos homens são satisfeitas


pelo uso de objetos, no entanto, são tantas as necessidades humanas que nem todas são satisfeitas
com objetos. Assim, correspondendo a essas diferentes necessidades, há uma grande variedade na
produção de objetos, sendo classificados em quatro categorias:

11
Competência 01

1.1.3.1 Objetos naturais

Nessa categoria, temos os produtos que existem sem a intervenção humana, figura 3. Por
exemplo: animais, árvores, frutos, insetos etc. Se refletirmos um pouco... Nós, homens, também
somos parte integrante da natureza e podemos apoiar diversas posturas frente a ela. Um exemplo de
postura está em se manter passivo diante do seu habitat, sem modificar ou exercer nenhuma
influência sobre ele.

Figura 3 - Cacho de coco


Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-hewH6iRtsbg/U4XaK71UKUI/
Descrição: a imagem representa um cacho de cocos verdes que estão presos a um galho do coqueiro. Ao fundo há o céu
azul e algumas folhagens com coqueiro.

1.1.3.2 Objetos modificados da natureza

Opondo-se ao exemplo anterior, desde a Antiguidade, inclusive para assegurar a


sobrevivência da nossa espécie, também podemos manter uma postura de intervenção ativa,
modificando a natureza para satisfazer nossas necessidades ou aspirações.

12
Competência 01

Durante esse processo de modificação da natureza, principalmente para a criação de


objetos de uso, é comum surgirem novos objetos cuja utilização e importância não tenham sido
pensadas anteriormente. Veja a figura 4: cesto feito com cipó de planta a partir da intervenção
humana. O cipó é um elemento da natureza que, ao ser modificado em razão da criatividade e das
intervenções do homem, é transformado em objeto de uso, servindo para conter ou transportar
objetos.

Figura 4 – Cesto de cipó rústico


Fonte: https://www.lefotick.com.br/cesto-de-cipo
Descrição: Cesto confeccionado com cipó em cima da grama.

1.1.3.3 Objetos artísticos

Nos objetos artísticos, figura 5, as principais características estão no fato de se


conduzirem informações que, normalmente, não são compreendidas imediatamente em sua
totalidade. Por isso, são inseridos elementos estéticos aos objetos artísticos, como cor, forma,
textura, etc.; ou seja, transforma-se o objeto em algo representativo. Nesse caso, os objetos têm a
finalidade de satisfazer as necessidades estéticas do espectador pela otimização das informações
correspondentes às percepções sensoriais, emocionais do homem, possibilitando vivências estéticas.
A verdade é que a satisfação das necessidades estéticas não é necessária para nossa existência física,
mas para a nossa saúde emocional.

13
Competência 01

Figura 5 - Objetos Artísticos


Fonte: O autor
Descrição: a foto mostra várias esferas de vidro na cor azul, o reflexo da iluminação no vidro faz com que as esferas
apareçam brilhando.

1.1.3.4 Objetos de uso

Os objetos de uso (figura 6) são, muitas vezes, utilizados também para satisfazer nossas
necessidades estéticas. No entanto, podemos defini-los como ideias materializadas com o objetivo
de diminuir as preocupações causadas por nossas necessidades, ou seja, os prazeres que eles nos
fazem sentir ocorrem durante o seu processo de uso, quando o usuário desfruta de suas funções.

Os objetos de uso são a imagem representativa de uma sociedade, constituem parte


importante da estrutura econômica. Hoje, a maioria dos produtos que usamos são feitos por meio de
processos industriais e voltados para a utilização em grande quantidade. Antes, eram fabricados de
maneira manual, ou seja, se tratava de uma produção artesanal.

Figura 6 - Objetos de Uso


Fonte: www.moyo.pt/uploads/3/5/7/2/3572084/2838200_orig.jpg
Descrição: poltrona Egg é uma criação de Arne Jacobsen e editada por Fritz Hansen. Poltrona vermelha, seu formato é
semelhante ao das curvas do ovo, seu pé tem o formato de estrela com três pontas.

14
Competência 01

Assim, basicamente, vimos duas categorias de objetos:

Os objetos concebidos a partir de produções artesanais são reconhecidos em duas


classes: a primeira classe, figura 7, marcada principalmente por sua função prática, função usual,
sem nenhum outro significado especial; a segunda classe, figura 8, é marcada por sua importância
simbólica, mantendo também uma função prática, mas utilizados principalmente como objetos de
condição social.

Figura 7 - jarra de metal, Lübeck, 1780. Figura 8 - jarra de prata, Augsburgo, 1745.
Fonte: Löback (2001) Fonte: Löback (2001)
Descrição: jarra construída de metal Descrição: jarra construída em metal, esta
liso, seu corpo tem formato de um cone possuí um pé de suporte. Toda construída
com bico e alça do mesmo material. artesanalmente, cheia de detalhes, curvas
Sem detalhes, apenas o metal batido. sinuosas, arabescos. Suas formas lembram
folhagens crescendo.

Na produção artesanal os produtos eram confeccionados em quantidade reduzida,


tendo, com isso, a possibilidade de responder aos objetivos e valores pessoais e individuais de cada
cliente e do artesão.

15
Competência 01

Já os produtos concebidos através da produção industrial são destinados também a


satisfazer determinadas necessidades dos usuários, no entanto, são produzidos com forma idêntica
e para uma grande quantidade de clientes. Além disso, devem garantir, efetivamente, a satisfação
das necessidades do cliente, sendo esse o principal motivo que o faz gastar algum dinheiro com esse
produto.

Considerando o tipo de relações existentes entre usuários e produto, se destacam duas


categorias: a primeira sendo Produtos de Consumo; a segunda sendo Produtos de Uso, podendo o
segundo ser de uso individual, coletivo ou indireto.

Vale a pena assistir ao vídeo a seguir, trata do ciclo de existência das coisas que nos
rodeiam:

Dica de vídeo!
Acesse o Link para assistir: www.youtube.com/watch?v=tRzaqZKBAM4

Produtos de Consumo se destacam como uma categoria pelo fato de o produto, ao ser
consumido, deixa de existir. Como exemplos básicos temos os produtos alimentícios e de limpeza,
que satisfazem uma necessidade fundamental do homem. Esses produtos têm sua aparência original
e não serão mudados pelo homem, no entanto, no processo industrial, hoje, eles são embalados e
diferenciados, principalmente por etiquetas e imagens corporativas. É por meio dessas embalagens
que se chama a atenção do consumidor. Vejamos as imagens a seguir: na figura 9 temos uma
embalagem de atum como exemplo de facilitação de consumo por meio de uma embalagem que
comporta pequenas quantidades de alimento, com destaque para o anel abridor de latas,
constantemente presentes em latas de pescados e bebidas; na figura 10 temos um exemplo de
embalagem onde podemos atribuir utilizações adicionais, potes de vidros que podem ser
reaproveitados para diversas outras funções.

16
Competência 01

Figura 9 - Lata de atum Figura 10 - potes de vidro


Fonte:mogumogumunch.files.wordpress.com/2012 Fonte: www.agreco.com.br/wp-content/uplo
/09/pingodoce.jpg ads/agreco-conservas-organicas.jpg
Descrição: lata em forma de paralelepípedo com os Descrição: na imagem existem três potes de vidros.
vértices laterais arredondados. Em uma das faces a Dentro de cada pote há produtos em conserva. No
cor é verde e há um lacre para facilitar sua abertura. primeiro tem um rótulo escrito Cebolas; no
Nessa mesma face há a descrição do produto que segundo, Picles; no terceiro Pepino, juntamente
está dentro da lata. com imagens dos alimentos e as descrições sobre
cada um desses produtos.

Os Produtos de Uso, que na maioria das vezes têm vida útil maior que os produtos de
consumo, também têm tempo de vida limitado. Em algum momento também deixam de existir e se
tornam inutilizáveis. No entanto, esse intervalo onde há a utilização do produto é consideravelmente
suficiente para que haja uma ligação pessoal entre o usuário e o produto. Assim temos: os produtos
para uso individual, figura 11, usados basicamente por uma pessoa; os produtos para uso coletivo,
figura 12, usados por um pequeno grupo de pessoas que, normalmente, têm algo em comum; e
produtos para uso indireto, figura 13, cujos indivíduos geralmente não possuem relação direta,
exemplo: peças industriais que compõe o motor de um carro.

Figura 11 - escova de dente. Diante do formato Figura 12 - televisão


adequado, facilita a relação do usuário com o objeto Fonte: www.moseleyelectronics.com/
Fonte:www.colgateprofissional.com.br/products/ Descrição: a foto representa a parede de uma
Descrição: na imagem temos uma escova de dente, seu sala, na parede dessa sala há em destaque uma
cabo tem cor verde e as cerdas têm cor azul. No lado TV LCD preta de tela curva.
inferior direito um círculo retrata as cerdas ampliadas.

17
Competência 01

Figura 13 - rolamento para motor


Fonte: www.casadopistonnautica.com/wp-content/uploads/2013/08/Rolamento-para-motor-de-popa-4.jpg
Descrição: três argolas cromadas, no interior dessas argolas existem pequenas esferas.

1.1.4 Recapitulando

Neste capítulo, foram apresentados os principais conceitos de design, tanto em seus


aspectos históricos quanto psicológicos. Também foi realizado um breve levantamento sobre a
história do design, mostrando como a maneira de produção vai se modificando de acordo com as
necessidades e possibilidades da população, revelando semelhanças existentes entre as antigas
produções e as mais atuais. Ainda discutimos o processo de materialização dos objetos, levando em
consideração as principais funções e necessidades de cada categoria que atende o homem.

No capítulo a seguir serão abordados, de maneira mais direta, os principais movimentos


artísticos e estéticos do design, exemplificando e caracterizando cada um deles.

Deixamos uma sugestão de filme. O filme se chama Tempos Modernos, produzido e


atuado por Charles Chaplin e que trata do novo processo de produção e a relação do homem com a
máquina.

Dica de filme!
Tempos Modernos (Modern Times),1936.
Link para assistir: www.youtube.com/watch?v=HAPilyrEzC4

18
Competência 01

Fórum!
A seguir acesse o Fórum de Discussão de sua disciplina e debata com os seus colegas
sobre o filme, os pontos para debate vão estar disponíveis no ambiente.

19
Competência 02

2.Competência 02 | Situar no Contexto Histórico as Diversas Formas de


Manifestações Artísticas e as Diferentes Tendências Estéticas do Design e
Mobiliário
A partir de agora você irá conhecer os principais movimentos artísticos e estéticos da
história do design. Nesta semana vamos ver movimentos como Art and Crafts e Art Nouveau, por
exemplo, que foram de grande influência para o desenvolvimento do Design. Selecionamos para você
os movimentos artísticos mais significativos, isso quer dizer que existiram inúmeras manifestações,
mas aqui estamos propondo apresentar os que mais impactaram na evolução do design e,
consequentemente, na sociedade em que vivemos. Fique atento ao fórum e as atividades propostas,
são importantes para você!

2.1 Movimentos artísticos e estéticos do Design

Como o conhecimento nunca se esgota, você já deve ter encontrado (ou encontrará) em
outras disciplinas referências a alguns desses movimentos que veremos aqui, inclusive nos seus
estudos passados, nas disciplinas de arte e/ou literatura. Não se limite ao que estamos propondo,
explore a rede, seja curioso, procure outras tendências, frequente bibliotecas (físicas e virtuais): as
informações são ilimitadas.

2.1.1 Arts and Crafts (Artes e Ofícios)

Num período em que a industrialização provocou rupturas e impulsionou mudanças


sociais e morais no cotidiano das pessoas, surgiu uma corrente de profissionais e artistas que
enxergavam o design como uma solução para os problemas de processo produtivo, de configuração
estética e de qualidade da produção de artefatos. O arquiteto John Ruskin, além de se preocupar com
aspectos da produção da época, percebeu que estar próximo de cooperativas e de sindicatos era
importante para promover mudanças no sistema produtivo, ele observou que o bem-estar do
trabalhador precisava fazer parte desse novo modo de produzir, ou seja, o fator humano esquecido
pela mecanização provocava muitas mazelas na sociedade. Ruskin, também já alertava para questões
ambientais, o que na euforia pelo desenvolvimento da indústria não foi levado em consideração.

20
Competência 02

O escritor e designer William Morris compartilhava das ideias de John Ruskin e foi um
nome muito importante para o design de interior. Morris produziu muitas peças decorativas e
utilitárias, entre elas: mobiliários, papéis de parede, tapetes, tecidos, além de ter criado diversas
tipografias e livros. Em 1881, abriu a Morris & Co., com o objetivo de promover, através de uma
produção tradicional, peças modernas, elegantes, e de qualidade. Sua empresa tinha um perfil
diferenciado para a época, era responsável por todo o processo da criação, passando pela fabricação,
distribuição e divulgação dos produtos. Com uma produção modesta, prezava pelo material, pelas
técnicas de fabricação e acabamentos, utilizava a mecanização de oficinas e também o trabalho feito
pelo artesão.

Saiba Mais!
Para saber mais sobre a Morris & Co acesse:
www.william-morris.co.uk/?act=ssocomplete

A opinião de Morris e Ruskin, de que deveria haver moralidade no design e a crença na importância
social dos ofícios e da comunidade, foi de grande influência nos designers da segunda fase dos Arts and Crafts:
Heygate Mackmurdo e Charles Ashbee. Eles fundaram organizações como a The Century Guild, a St. George
Art Society e a Art Worke’s Guild, para produção de objetos de design reformista. O termo Art and Crafts só
foi criado em 1888 quando membros da Art Worker’s Guild formaram a Arts & Crafts Exhibition Society que se
tratava de uma exposição quadrienal de móveis, tapeçaria, estofados e mobiliários e era realizada em Londres.

Pesquisa na web!
Agora, gostaria que você realizasse uma breve pesquisa para descobrir quais eram as
principais atividades exercidas nessas organizações. Boa pesquisa!

Os ideais de Morris acabaram influenciando várias oficinas da Grã-Bretanha e integrou o


que se conhece hoje como movimento Arts and Crafts (Artes e Ofícios). Esse movimento priorizava a
fabricação de peças de qualidade a partir de uma produção de escala reduzida, fosse artesanal ou

21
Competência 02

semi-industrial. A relação entre trabalhadores e patrões era mais democrática, a integração entre
quem projetava e quem produzia era um reflexo dessa postura.

O movimento Arts and Crafts não era contra a mecanização, a sua resposta para os
problemas relacionados aos produtos industrializados era a redução na produção de artefatos e o
investimento na alta qualidade. Esse movimento repercutiu, principalmente, em toda a Europa e
Estados Unidos.

Nessa época, segundo Rafael Cardoso (2008), no Brasil a preocupação era com a produção
agrícola, a escassez de trabalhadores, muito mais que a industrialização e, por isso, o movimento Arts
and Crafts não provocou conflitos. No entanto, é nesse período que o Liceu de Artes e Ofícios é
fundado, também é ofertado o ensino do Desenho Industrial na Academia Imperial de Belas Artes.

Pesquisa na web!
Que tal procurarmos mais informações sobre essas duas grandes escolas (Liceu de
Artes e Ofícios e Academia Imperial de Belas Artes)? Qual o impacto que elas causaram
na produção junto ao movimento Arts and Crafts? Você julga como impactos positivos,
negativos ou ambos?

As virtudes da simplicidade, utilidade e aplicabilidade que o Arts e Crafts promovia e a


proposta fundamental de que o design podia e devia ser usado como ferramenta democrática para
uma mudança social foram de grande influência para os pioneiros do Design Moderno.

Contraditoriamente, esse investimento na alta qualidade, citado no parágrafo anterior,


significava que os designers de Morris eram predominantemente caros e, na maioria das vezes, só os
ricos podiam comprar.

Vejamos nas imagens a seguir dois exemplos clássicos que caracterizam esse movimento.

22
Competência 02

Figura 14 - mobiliários da Morris e Companhia Figura 15 - papel de parede


Fonte:www.morrissociety.org/morris/artdecorativ Fonte:www.morrissociety.org/morris/arttextiles
e.html .html
Descrição: na imagem temos quatro cadeiras na cor Descrição: desenho de flores e folhas produzido
preta. Elas têm como características comuns: por William Morris inspirado em traços orgânicos
pernas, braços e encostos finos, a primeira com da natureza. Se dividirmos a imagem no meio por
acento oval, as outras três com acentos uma linha reta, teremos o lado esquerdo igual ao
retangulares. São cadeiras fabricadas em madeira, a lado direito, são simétricos. As flores são brancas
partir da junção de oficinas mecanizadas e do e as folhas entre elas são verdes.
trabalho artesanal.

CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO ARTS AND CRAFTS:

• Reconhece o William Morris como principal protagonista, com ideias que


influenciaram a Grã-Bretanha e depois toda a Europa e os Estados Unidos;

• Critica a produção da “era da máquina” por causa da preocupação apenas com a


quantidade de peças fabricadas, sem prezar pela qualidade dos produtos;

• Valoriza a integração do processo artesanal com o mecanizado, onde sugere uma


boa convivência daquele que projeta com quem executa os produtos.

2.1.2 Art Nouveau (Arte nova)

Reconhecido por vários estudiosos como um dos primeiros movimentos propriamente


ditos de design, o Art Nouveau ocorreu no fim do século XIX e início do século XX, inspirado no antigo
movimento Arts and Crafts, também era conhecido como New Art. Nessa época, existia certa
ansiedade para se ter um estilo que representasse o cenário em curso, que expressasse a
modernidade. Junto com a industrialização, novos materiais e processos surgiram e tornaram-se

23
Competência 02

acessíveis para muitos arquitetos, designers, artistas e artesãos, surgindo, assim, várias criações
ecléticas que misturam tendências com temas considerados modernos, mas com influência no
passado.

O uso de temas ornamentais; motivos florais; linhas e curvas sinuosas, assimétricas; a


imagem feminina estava presentes em construções arquitetônicas, em mobiliários, produções
gráficas, peças decorativas e nas artes plásticas. O movimento Art Nouveau estava vinculado à ideia
de prosperidade, à produção de artigos de luxo, utilizava materiais nobres, como metal, madeira,
vidros e tecidos refinados. Os principais representantes desse movimento foram: Victor Horta e Henry
Van de Velde da Bélgica, Antonio Gaudí da Espanha, René Lalique, Hector Guimard e Emile Gallé da
França. Victor Horta foi o criador do Hotel Tassel, que apesar do nome Hotel, era uma edificação
residencial, considerada uma das primeiras expressões desse estilo na arquitetura. O projeto tinha
como diferencial inovador a utilização do ferro na estrutura e na decoração, além das colunas em
forma de caule que se ramificavam em trepadeiras encaracoladas. Vejamos as figuras 16 e 17 a seguir:

Figura 16 - Hotel Tassel, Bruxelas. Fotografia Figura 17 - interior do Hotel Tassel, Bruxelas.
feita por Vincent Ko Hon Chiu Fotografia foi feita por Amos Chapple
Fonte:whc.unesco.org/en/documents/122440 Fonte: whc.unesco.org/en/documents/131253
Descrição: foto da fachada frontal do Hotel Tassel Descrição: ambiente interno de uma residência, com
com os prédios laterais também sendo uma luminária pendurada no lado esquerdo da foto
mostrados. O prédio aparenta três andares. Sua e uma escada no lado direito ao fundo. A escada
cor lembra terra. possui corrimão todo de metal, as paredes decoradas
com cipós e galhos de árvores pintados em tons
alaranjados.

24
Competência 02

Dicas de site!
Leituras e imagens complementares sobre esse projeto e o criador estão
disponíveis nos links abaixo:
Link1: http://whc.unesco.org/
Link2: http://thaa2eidimarcus.blogspot.com.br/
Link3: www.ufrgs.br/historiadaarquitetura/

Semelhante como a Bélgica, na França, o estilo tornou-se conhecido como Guimard,


graças ao seu principal precursor na região, Hector Guimard, que com suas formas entrelaçadas e
retorcidas de ferro forjado e vidro, deixou suas principais obras nas entradas do metrô de Paris, figura
18. Veja mais detalhes dessa obra acessando:

Dica de site!
www.art-nouveau-around-the-world.org/en/artistes/guimard.htm

Figura 18 - entradas das estações de metrô de Paris


Fonte: http://i1.trekearth.com/photos/111158/dsc00298.jpg
Descrição: na foto temos uma entrada de estação de metrô de Paris, a entrada é subterrânea, com acesso por escada,
possui quatro pilares e uma varanda de contorno, ambos em ferro forjado, sua coberta também é em ferro e vidro,
pendurada na cobertura há uma placa dizendo: “Metropolitain”.

25
Competência 02

Com a evolução dos novos recursos também na área das impressões, como a fotogravura,
e da produção de papéis, a criação de cartazes, livros, jornais e revistas ampliam bastante e são ricas
fontes para o estudo do estilo tipográfico e decorativo do Art Nouveau. Na figura 19, temos o estilo
de imagem impressa com traços orgânicos, tema feminino, cores e tipografia desse movimento.

Figura 19 - cartaz Art Nouveau


Fonte: www.allposters.com.br/-sp/Calendar-Art-Nouveau-La-Belle-Epoque-poste rs_i12472465_.htm
Descrição: na imagem temos ao centro uma mulher de perfil, seu cabelo tem cor laranja e um lenço de flores
envolvendo sua cabeça. Mais ao fundo, uma mandala com os signos do horóscopo circulando-a. Ainda mais ao fundo a
imagem se completa com folhas verdes e caules amarronzados.

Tivemos também Gustav Klimt na Áustria. Na figura 20 há um exemplo importante do


trabalho de Klimt, é um retrato de Adele Block-Bauer, sua sobrinha, em 1907. A pintura mistura folha
de ouro com material para douração e tintas.

Deixo como sugestão o filme A dama dourada (2015), a protagonista é uma judia
sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que decide confrontar o governo austríaco para recuperar
diversas obras de arte que pertenciam a sua família e foram roubadas durante a guerra.

Dica de filme!
A Dama Dourada (2015)
Link para assistir ao filme: www.youtube.com/watch?v=oU24jSwmvU4

26
Competência 02

Fórum!
Após assistir ao filme, deixe sua opinião no fórum, pontuando as semelhanças que
você identifica no filme sobre Art Nouveau.

Louis Comfort Tiffany, nos Estados Unidos, trabalhava com metais, vidros e incrustação
de gemas. Usava nas suas peças cores fortes, temas da natureza e materiais nobres, figura 21.

Visite o site:
https://artnouveauam.wordpress.com/author/artnouveauam/

Figura 20 - retrato de Adele Bloch-Bauer Figura 21 - Vaso Art Nouveau


(1907) Fonte:www.metmuseum.org/toah/works-
Fonte:www.arsmundi.com/en/paintings/ of-art/96.17.10/
Descrição: a imagem mostra uma mulher Descrição: fotografia de um vaso que tem o
com vestido dourado e detalhes azuis, seu formato de um grande leque verde. Nele
vestido se mistura com o fundo da tela estão impressas diversas imagens que
que também é dourado, tornando difícil lembram penas de pavão nos mesmos tons
sua separação. de verde.

27
Competência 02

Na Espanha, especialmente na Catalunha, o estilo foi favorecido com o trabalho de Antoni


Gaudí e seus seguidores. Geralmente referiam-se ao art nouveau como modernismo. Gaudí foi um
arquiteto catalão. Tinha um estilo ornamental e ousado nas suas obras com linhas orgânicas e de
proporções imponentes. Preferia os materiais recorrentes às grandes tradições artesanais da sua
terra natal: a cerâmica e o ferro forjado.

Figura 22 - Cadeira de madeira.


Fonte: www.gaudiclub.com/esp/e_vida/mobiliario.asp
Descrição: Cadeira de madeira, seu acento tem bordas arredondadas, assim como suas pernas. O encosto tem o
formato que lembra um coração com detalhes vazados.

Dica de Documentário!
Documentário sobre Antoni Gaudí:
Link para assistir: https://youtu.be/qPWHfG41eLk

CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO ART NOUVEAU

• Primeiro estilo internacional moderno;

• Inspiração no passado, ou seja, no Arts and Crafts;

• Utilização do ferro;

• Empregava na sua configuração: linhas sinuosas, alongamento das formas florais,


inspiração na natureza, inspiração no Darwinismo;

• Temas utilizados na busca por uma humanização da produção mecânica.

28
Competência 02

2.1.3 Art Déco (Arte Decorativa)

Considerado um estilo moderno, a Art Déco surge na sequência do movimento Art


Nouveau, em Paris, início do século XX, por isso apresenta materiais, cores e acabamentos muito
próximos. A grande diferença e principal característica entre esses dois movimentos é o uso do tema
geométrico, planos sobrepostos, com uma estética menos ornamental, privilegiando a aerodinâmica,
padrões abstratos e inspirados em diversas culturas antigas, como a Grécia e o Egito. Utilizou
materiais como o bronze, o marfim, o vidro colorido e o ébano.

Trata-se de um movimento que atingiu a grande massa, divulgado pela cultura


cinematográfica na arquitetura, nos mobiliários, nos objetos decorativos e, é claro, nas artes gráficas
como: revistas, cartazes, postais e livros.

Com o discurso de modernidade, o público jovem feminino, conhecido como


“melindrosas”, começou a buscar um estilo próprio com a finalidade de acompanhar essa nova
linguagem moderna, por exemplo, cortavam os cabelos em mechas curtas e usavam chapéus ou
boinas. A designer Coco Chanel criou um visual para acompanhar o modo de vida moderno que
estimulava uma nova postura também para as mulheres. A moda nas pessoas e nas residências
passou a ser observada e a servir como fator de distinção social.

Dica de Documentário!
Assista ao documentário” Os loucos anos 20.”
Link: https://www.youtube.com/watch?v=1EmHcCUKiBY

Fórum!
Temos mais um fórum aberto, escreva uma pequena resenha descrevendo esses
acontecimentos culturais.

29
Competência 02

E no Brasil? Esse estilo foi empregado? O Art Déco chegou sim ao Brasil, já no fim da
década de 1920, e ganhou força entre vários artistas e arquitetos. Temos nos grandes centros e nas
cidades do interior várias construções nesse estilo, sejam em residências, prédios públicos e,
principalmente, nos cinemas. Um dos principais nomes do Modernismo no Brasil, o escultor Victor
Brecheret, foi o artista que mais recebeu influência do Art Déco. Exemplos de construções
arquitetônicas no Brasil: Elevador Lacerda (Salvador), Teatro Carlos Gomes (Rio de Janeiro), Biblioteca
Municipal Félix Araújo (Campina Grande), Viaduto do Chá (São Paulo), Central do Brasil (Rio de
Janeiro), Palacete da Ilha Fiscal (Rio de Janeiro), Estádio do Pacaembu (São Paulo) e Estação
Ferroviária de Goiânia. A sequência de figuras a seguir representa as principais características desse
movimento. Os clientes eram predominantemente particulares e a incompatibilidade com a
produção industrial foi o que determinou a vida curta desse movimento.

Figura 23 - sofá Art Déco Figura 24 - mesa de madeira Art Déco


Fonte: www.gaudiclub.com/esp/e_vida/mobili Fonte: www.art-nouveau-around-the-world.org/
ario.asp Descrição: fotografia de uma mesa de madeira, o
Descrição: fotografia de uma poltrona de tampo da mesa tem formato circular com linhas saindo
madeira, seus braços e pernas são uma peça de seu centro e se expandindo até as bordas. As pernas
única em formato de meia circunferência, seu são compostas por uma única semicircunferência que
encosto e acento são retangulares, macios e na sustenta o tampo em dois pontos e está apoiada num
cor laranja escuro. pequeno bloco retangular. Todo material é de madeira
aparente, valorizando as fibras da madeira.

30
Competência 02

Figura 25 - prédio da Biblioteca Municipal Félix Figura 26 - cartaz da Exposição


Araújo - Campina Grande/PB Internacional das Artes Decorativas e
Fonte:http://historiasecenariosnordestinos.blogs Industriais Modernas
pot.com/2013/10/parabens-campina-grande.html Fonte:http://lartnouveau.com/art_deco/e
Descrição: Fotografia de uma construção em que xpo_art_deco_1925.htm
se utilizam planos, linhas, cores vivas e tipografias Descrição: Cartaz de uma exposição com o
a partir de elementos geométricos para desenho de uma pessoa correndo ao lado
construção de sua forma. O prédio está numa de um cervo e com um cesto de flores no
esquina entre duas ruas. ombro. No cartaz está escrito “Paris 1925”,
que foi o ano da exposição, juntamente
com seu título.

Figura 27 - rádio Art Déco Figura 28 - conjunto de porcelana da designer


Fonte:www.geojohn.org/Radios/MyRadios/Troy britânica Susie Cooper
/TroyRadio.html Fonte: www.artfund.org/supporting-
Descrição: rádio de madeira em formato museums/art-weve-helped-buy/artwork/9708/
retangular. Na parte inferior central há três Descrição: conjunto de xícaras e bule de
botões pretos, bem centralizado há um painel porcelana com pinturas geométricas em cores
dourado e nos lados direito e esquerdo as saídas laranja, azul e amarelo.
de som.

31
Competência 02

O estilo foi frequentemente usado em cinemas que projetaram dentro do belo mundo do
Art Déco o brilho do estilo de Hollywood. Nos anos 30 o estilo Art Déco ganhou popularidade graças
às associações ao desejado estilo de vida hollywoodiana, e o resultado foi bem aceito por empresas
famosas. Temos mais uma dica de filme, sugerida para que você preste bastante atenção nos
cenários. A fachada do Maroom Desenhos, o escritório do chefe da empresa e o dance, por exemplo,
tem mobiliários e produtos decorativos Art Déco.

Dica de Filme!
Uma cilada para Roger Habbit, 1988. Apesar do filme estar em francês você pode
visualizar os seus cenários.
Link para assistir: www.youtube.com/watch?v=Y0KOBnhPwKQ

CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO ART DÉCO:


• Estilo decorativo que empregava figuras geométricas, ornamentais, porém
menos orgânicas;

• Inspirado pela arte não-ocidental, especialmente as da África e do Egito;

• Utilizava materiais novos e baratos, como a baquelita, por exemplo, e isso ajudou
na expansão dos produtos e no acesso das classes populares;

• Abrangência em todas as áreas da criação humana, entre 1915 e 1945:


arquitetura, decoração, moda, arte, desenho industrial, cinema, artes gráficas,
publicidade, mobiliário;

• Uso de formas estilizadas, abstratas, com o objetivo de adaptação às máquinas.

2.1.4 Deutscher Werkbund (Confederação Alemã do Trabalho)

Como já afirmamos antes, todo o processo de mudança estimulado pelo discurso da era
moderna não aconteceu de maneira passiva. No início do século XX, a Europa já tinha países
consolidados como grandes potências industriais e comerciais. Questões de classe sociais foram
fortemente discutidas, se por um lado tem-se uma elite bem sucedida, por outro se instalou uma

32
Competência 02

classe menos privilegiada, que passou a exigir mudanças, direitos trabalhistas, direitos humanitários,
fazendo surgir ideologias e partidos políticos como, por exemplo, discursos comunistas, anarquistas,
socialistas, movimentos como o das sufragistas, a criação do Partido dos Trabalhadores na Grã-
Bretanha, entre outras instituições, manifestações e inquietações.

A concorrência entre os países industrializados Europeus e também dos Estados Unidos


aumentaram a luta pela expansão de mercado. Sendo assim, o clima de guerra entre tais países
tornou-se uma realidade. Nesse contexto, o patriotismo vem com toda força, e isso impulsionou a
produção industrial e a criação de produtos com estilo e identidade nacionais.

Assim, em 1907 surge na Alemanha uma associação, a Deutscher Werkbund, que era
constituída por empresários, políticos, artistas, artesãos, arquitetos e designers, com o propósito de
fortalecer a identidade nacional através da promoção do design, ou seja, o design assumiu um papel
importante na construção das identidades nacionalistas nesse período. A estratégia, por motivação
econômica, era melhorar a produção para ampliação de mercado, para exportação. Essa associação
tinha como principais propostas: o estímulo à cooperação e integração entre áreas distintas, como
arte, indústria e ofícios artesanais; a criação de um modelo estético que promovesse a cultura alemã
e sua divulgação no mercado mundial.

Os integrantes da Werkbund queriam promover uma reforma social e cultural através do


desenvolvimento da indústria, propondo um padrão na produção e no estilo dos produtos alemães.
No entanto, entre os próprios integrantes havia posições e posturas distintas em relação à posição
política e às questões sociais e ideológicas, pois surgia a Primeira Guerra Mundial. As atividades da
Werkbund foram encerradas em 1934. Mesmo assim, logo se tornou uma proposta copiada em
outros países da Europa.

33
Competência 02

Figura 29 - Edifício da Deutscher Werkbund/ Figura 30 – cadeira Barcelona


Alemanha Fonte: https://weimararchitecture.weebly.com/mies-van-
Fonte:https://weimararchitecture.weebly.com/mies- der-rohe.html
van-der-rohe.html Descrição: foto de cadeira e pufe desenhada por Mies van der
Descrição: Edifício grande e horizontal, com três Rohe. Ela é composta de duas peças. Possui estrutura de aço
andares, na cor bege claro, janelas grandes e sacadas. tubular cromado em linhas curvas, assento e costas em
Muro alto coberto com vegetação. estofado de couro.

2.1.5 Escola da Bauhaus

Vamos estudar agora a respeito dessa escola, uma das principais para a construção da
história do design.

No fim do século XIX e início do XX, a Alemanha já era líder industrial da Europa. Mas,
num movimento contrário ao discurso e valores dessa época, o corpo docente da Escola Superior de
Belas Artes, em Weimar/Alemanha, figuras 31 e 32, determinava em sua reestruturação a criação de
um departamento de arquitetura e artesanato. Walter Gropius foi um dos fundadores da Bauhaus e,
já como diretor em 1919, divulgou num manifesto o programa e os objetivos da Bauhaus; no qual
indicava que “artistas e artesãos deveriam criar a estrutura do futuro” (Droste, 2006, p. 17).

Nesse contexto, o artesanato foi reconhecido como fundamental para a educação


artística e o ensino nesta escola passou a ser ministrado por Mestres da Forma e Mestres Artesãos.
Em 1921, Gropius conseguiu reunir um grupo de artistas vanguardistas na Bauhaus e, mesmo que tais
artistas ensinassem atividades e princípios sem ser especialistas, “viam na Bauhaus uma
oportunidade para, através dos seus ensinamentos, tornar a arte uma parte evidente da vida diária”
(Droste, 2006, p. 24).

34
Competência 02

Figura 31 - sede da Bauhaus em Weimar/ Ale- Figura 32 - sede da Bauhaus em Dessau


manha Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/bauhaus
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/bauhaus Descrição: segundo prédio utilizado para as
Descrição: primeiro prédio da Bauhaus. Prédio instalações da escola da Bauhaus. Prédio com três
grande, com dois andares, o segundo na cor andares, todo na cor cinza, e formato retangular,
vinho, o térreo e primeiro na cor marrom claro, a lateral tem uma grade em toda parede e na
janelas também na cor vinho e um grande espaço frente o nome BAUHAUS escrito em sua extensão
com grama na frente. de altura e na cor branca.

Imagine você, num contexto em que o trabalho sistemático, mecânico, com a produção
industrial reconhecida, efetivada, em pleno desenvolvimento, produtos fabricados em larga escala, o
consumo a todo vapor, o discurso nacionalista, a concorrência entre países, a expectativa de surgir
uma grande guerra, surge uma escola focada em arquitetura, artes plásticas e design, com uma
proposta de ensino inspirada, inicialmente, nas Artes e Ofícios, e numa perspectiva de valorização da
arte na vida cotidiana, da produção de artefatos com o intuito de melhorar a sociedade, de
universalizar os produtos. Imaginou? As críticas, a desconfiança política, a repercussão em torno das
questões levantadas e sugeridas na Bauhaus foram tão fortes que essa escola teve que se mudar três
vezes, até ser fechada pelos nazistas em 1933.

O corpo docente era formado por profissionais como: Johannes Itten, Paul Klee, Wassily
Kandinsky, Marcel Breuer, Oskar Schlemmer, Josef Albers e Le Corbusier entre outros arquitetos,
pintores, fotógrafos, escritores. A Bauhaus teve também três diretores, sendo eles: Walter Gropius,
figura 33, Hannes Meyer e Ludwig Mies van der Rohe. Cada professor e diretor com a sua
especificidade de área, ideologias e métodos de ensino.

Pesquisa na web !
Vale a pena você pesquisar sobre cada um desses profissionais!!

35
Competência 02

Figura 33 - Walter Gropius


Fonte: http://tipografos.net/bauhaus/gropius.html
Descrição: Fundador e primeiro diretor da Bauhaus. Fotografia em preto e branco do busto de um homem sério, olhar
distante, apoiando o rosto sob sua mão esquerda.

A lista de materiais que eram trabalhados e experimentados em aulas e nos ateliês da


Bauhaus é extensa, entre eles podemos citar: argila para técnicas de cerâmica, metal, linhas e fios
para tecelagem, madeira para mobiliários, vidros para vitrais e luminárias, tintas para pinturas,
papéis, couro e peças tubulares.

Segundo Rafael Cardoso (2008), existe uma tendência em vários autores que tratam sobre
a Bauhaus de tentar mapear, indicar um padrão, uma norma estética desenvolvida por estudantes e
professores dessa escola, no entanto, essa não era a proposta inicial dos pensadores que a fundaram.
Para os principais idealizadores, a proposta era uma estética livre, a valorização da forma e da função
diante de uma produção que todos tivessem acesso. O que estimulava esse grupo era a:

“possibilidade de fazer uso da arquitetura e do design para construir uma sociedade


melhor, mais livre, mais justa e plenamente internacional, sem conflitos de nacionalidade e raça que
então dominavam o cenário político” (CARDOSO, 2008, p. 135).

Eram ideias que não agradavam as instituições que investiam na produção da Bauhaus. A
parceria com a indústria existiu, mas a escola tinha um financiamento estatal, isso era um grande
problema para a direção da escola. Contudo, foi ampla a concepção e fabricação de mobiliários, peças
utilitárias e decorativas no período da sua existência, pois a Bauhaus permaneceu funcionando

36
Competência 02

durante quatorze anos. Essa produção existe até hoje no mercado. A seguir, figuras 34 a 39, você vai
ver algumas dessas peças que se tornaram clássicas no mundo do design do século XX.

Figura 34 - cadeira Wassily Figura 35 - cadeira de palhinha


Fonte: http://bauhaus-belasartes.blogspo Fonte: http://bauhaus-
t.com.br/ belasartes.blogspot.com.br/
Descrição: foto de cadeira desenhada por Descrição: foto de cadeira desenhada por
Marcel Breuer, possui estrutura de aço Mies van der Rohe, possui estrutura de aço
tubular cromado em linhas retas, assento e tubular cromado em linhas curvas, assento
costas em tiras de couro preto. e costas em palha.

Figura 36 - cinzeiro de Marianne Brandt Figura 37 - chaleira de Marianne Brandt


Fonte: www.alessi.com/en/products/det Fonte: www.architonic.com/en/product/
ail/ 9004 6-ashtray tecnolu men-mbtk-24-si/1005540
Descrição: na foto aparecem dois cinzeiros. Descrição: fotografia de uma chaleira
Ambos em formato de meia esfera, produzida toda em metal com a forma de
fechada por um plano com um pequeno meia esfera, pés em forma de cruz e alça
furo de abertura para as cinzas. em formato de meia circunferência com
parte dela revestida por um material em
cor preta.

37
Competência 02

Figura 38 - tapete Figura 39 - abajur


Fonte: www.albersfoundation.org/exhi Fonte: www.tipografos.net/bauhaus/wag
bitions/current/# enfeld.html
Descrição: foto de uma peça da Anni Descrição: figura de um abajur produzido
Albers, aluna da Bauhaus, tecelagem por William Wagenfeld, o objeto tem base
com formato de malha composta por circular e suporte em formato cilíndrico,
pequenos quadrados e retângulos em ambos em vidro. A parte que esconde a
cores variadas, mas em tons de azul. lâmpada tem formato esférico e é de vidro
na cor branca.

A seguir sugerimos alguns vídeos e textos sobre a Escola da Bauhaus. Não deixe de
assistir!

Dicas de vídeo!
Bauhaus: a face do século XX
Link para assistir: https://youtu.be/H4tB3ZqM1uA

Artigo sugerido para leitura:


Mulheres e a Oficina de Tecelagem da Bauhaus- Maria Isabel de Souza Gradim
Link: http://www.snh2015.anpuh.org/resources/

Vale ressaltar que todos esses movimentos foram explorados e refletidos não apenas nas
áreas da arquitetura, artes plásticas e design, mas também na literatura, no teatro, na dança, na
música, pois se tratavam de manifestações artísticas que envolviam vários atores da sociedade,
artistas, escritores, pensadores, críticos.

38
Competência 02

2.1.6 Recapitulando

Neste capítulo apresentamos os principais movimentos artísticos e sua influência no


Design.

Historiamos os principais estudiosos desses movimentos, evidenciando suas relações com


a sociedade, suas características e seus processos de geração.

Destacamos como fundamental o estudo da Escola da Bauhaus, levando em consideração


suas características e a grande influência na história do Design a nível mundial. No capítulo seguinte
estudaremos o Design e a comunicação no cenário histórico.

Vídeo aula!
Acesse nosso ambiente e assista a vídeo aula “Movimentos artísticos: síntese”.

Fórum!
Em seguida, não deixe de participar de nosso fórum sobre o assunto.

39
Competência 03

3.Competência 03 | Ter Percepção Crítica da Produção do Design ao Longo


do Tempo, Avaliando a Importância Histórica do Design de Interiores em
Relação a sua Época

Nesta semana você irá conhecer como se deu os métodos da produção do design,
destacando sua importância ao longo do tempo e o que essas metodologias influenciaram no
surgimento do design, refletindo as condições sob as quais os produtos estão sendo concebidos e
estabelecidos.

A seguir, vamos ver alguns aspectos filosóficos sobre o assunto em diferentes teóricos.
Durante a semana vão existir atividades cuja resolução é de extrema importância para o
desenvolvimento de seus conhecimentos. Não deixe de dar a devida atenção a elas, principalmente
quando estivermos trabalhando com Semiótica. Bom estudo!

3.1 Percepção e metodologia de comunicação

Design é uma atividade que é agregada a conceitos de criatividade, criação cerebral,


invenção, inovação. Isso gera uma expectativa do processo de design ser uma espécie de ato
absolutamente tido no cérebro. Durante o processo criativo ele é, lógico. Afinal, a concepção não se
dá em um ambiente vazio. Concorda? Cada objeto de design é o resultado de um processo de
desenvolvimento, cujo andamento é determinado por condições e decisões nossas.

Como estudado em semanas anteriores, trabalhar com design significa sempre refletir as
condições sob as quais os produtos estão sendo concebidos e estabelecidos, e assim visualizá-las em
seus produtos. Metodologias do design são reflexos objetivos de seus esforços que se destinam a
aperfeiçoar métodos, regras e critérios, podendo assim melhorar o design pesquisado. No design
essas metodologias se desenvolvem da mesma maneira que em qualquer outra área: na base de
hipóteses e suposições que, na maioria das vezes, explicam-se sozinhas. Para se trabalhar com essas
teorias, precisa-se conter um pouco a influência das expectativas, baseando-se nesses conceitos
metódicos.

40
Competência 03

Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se um grande crescimento econômico nos países
industriais europeus, o que hoje definimos como globalização. Nesse contexto, o design precisava se
adaptar rapidamente a diferentes condições, não poderia mais praticar métodos de configuração
subjetivos e emocionais, enquanto as empresas racionalizavam o projeto, a construção e a produção.
Dessa maneira, era necessário que os designers se esforçassem para integrar métodos científicos nos
processos de projeto, de maneira que fossem aceitos pelas indústrias como parceiros de diálogo e
profissão.

Diante desse contexto, de intensa discussão com a metodologia, o design tornou-se quase
que pela primeira vez uma disciplina estruturada podendo ser ensinada, aprendida e, por fim,
comunicada. O contínuo e constante significado da metodologia do design para o ensino é hoje a
contribuição para o aprendizado da lógica e sistemática do pensamento. Essa metodologia tem muito
menos o caráter de uma receita de bolo e muito mais um significado didático. Não confunda!

3.1.1 Métodos de conhecimento no design

Metodologia, ensino de métodos, abrange do ponto de vista científico e teórico muito


mais do que o limitado conceito de metodologia do design. No desenvolvimento da metodologia e
teoria do design, as ciências humanas têm um papel muito especial. A constante divergência de
informações no design nos faz sentir a necessidade de uma reflexão das teorias da filosofia sobre o
assunto.

A seguir, vamos ver alguns aspectos filosóficos sobre o assunto em diferentes teóricos.

3.1.1.1 Alguns aspectos da filosofia grega e da antiguidade aos tempos modernos

• Sócrates (470-399 a.C.) pode ser considerado como o primeiro teórico do conhecimento
que desenvolveu e praticou um ensino de método. No entanto, seu interesse se dirigia
para a essência, de fato, e colocava a questão de como se chegar ao verdadeiro
conhecimento, e não simplesmente juntar ou transmitir conteúdos.

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Competência 03

• Platão (427-347 a.C.) formulou um debate com o qual as ligações entre diversos conceitos
devem ser pesquisadas por meio da reflexão, ou seja, um conceito geral seria dividido até
chegar a conceitos indivisíveis.

• Arquimedes (285-212 a.C.) era matemático e físico. Por meio de noções mecânicas, hoje
chamaríamos de modelos mecânicos, encontrou hipóteses e soluções de problemas
matemáticos. Seu método para resolução de problemas se coloca contra o procedimento
lógico, já que se trabalha com analogias e hipóteses para se encontrar soluções.

• Aristóteles (384-322 a.C.) foi o primeiro a estudar sistematicamente as essências e


métodos da ciência e dividiu a filosofia em Lógica, Física e Ética. Na sua lógica formal,
Aristóteles demonstrou que o pensamento se utiliza de três elementos básicos que hoje
ainda são importantes: ideia, juízo e conclusão. Sua maior contribuição foi o
desenvolvimento da dedução, que é a conclusão do geral para o individual/particular e da
indução, que é a conclusão do particular para o geral.

Na antiguidade, basicamente, não houve novas contribuições filosóficas ou


metodológicas, apenas complementações ou modificações. Somente com Galileu Galilei foram
desenvolvidas as ciências naturais. Ele considerou o método da indução de Aristóteles. No entanto,
ele não o considerava suficiente.

• René Descartes, considerado o pai da filosofia dos tempos modernos, tinha como objetivo
principal desenvolver uma ciência da natureza que fosse nova e completa. Ele propunha
que todo o conhecimento humano tem origem na compreensão do pensamento.

• Gottfried Wilhelm Leibniz tentou a experiência de alcançar uma ciência universal, na qual
todas as verdades e suas consequências lógicas pudessem ser demonstradas. O
pensamento cientifico deveria ter sempre uma relação de troca entre o “descobrir” e o
“comprovar”, onde o “descobrir” como “pesquisar”, ou seja, a descoberta do novo.

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Competência 03

3.1.2 Surgimento da Semiótica

Design não é uma área que produz apenas realidades materiais, mas especialmente
preenche funções comunicativas (Bürdek, 1997b). Este aspecto foi por muito tempo pouco atendido:
na linha de frente do interesse dos designers sempre esteve o atendimento de funções práticas, isto
é, as capacidades funcionais e técnicas dos produtos, questões do uso ou aspectos do atendimento
de necessidades, as funções sociais. Já falamos sobre isso anteriormente. Os objetos podem ser
divididos em duas classes: objetos de uso e objetos simbólicos, essas são especificidades semióticas.

Figura 40 - O que é Semiótica?


Fonte: https://br.pinterest.com/explore/linguagem-visual/
Descrição: Imagem com a frase “O que é semiótica?”, com fundo rosa.

Vídeo aula!
Para responder essa pergunta, veja a vídeo aula “O que é Semiótica?”.

Fórum!
A seguir, visite nosso fórum para discussão sobre o assunto.

A semiótica se origina na Antiguidade. Este conceito foi utilizado na Grécia antiga, em


todas as áreas, nos diagnósticos de algo por meio de símbolos. Na Antiguidade, por exemplo, uma
prova de urina a ser analisada era chamada de “signum”, ou seja, símbolo ou signo.

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Competência 03

No estudo de Platão encontram-se diversas definições semióticas. Quando menciona as


diferenças de semiótica, menciona as diversas diferenças entre:

- O signo (semeion);

- O significado do signo (semainómeon);

- O objeto (pragma).

Para Platão, o que importava era estabelecer as ligações entre o signo, seu significado e
a coisa designada a ele. Platão investigou se essa relação entre o signo, o significado e a coisa (objeto)
era natural ou arbitrária. O que você acha?

Já Aristóteles utilizava diversos conceitos semióticos, como “ensino de signos”, “teoria


dos signos” e outros. Ele adotou os pensamentos de Platão e desenvolveu a teoria dos signos sonoros
e escritos, cuja essência é a de que o signo é “algo significando algo”.

Na forma atual da semiótica, sendo utilizada pelo design, foram importantes duas
direções: a semiologia que se originou na linguística e a semiótica em seu significado atual. No design,
a eficiência do símbolo pode ser notada principalmente nos logotipos e produtos reconhecidos
mundialmente. No design, a semiótica pode ser aplicada tanto ao gráfico quanto aos produtos
(incluindo o design de interiores nessa categoria), isso pelo fato do produto também se comunicar
com o usuário.

Charles Sanders Pierce (1893-1914) é considerado o pai da semiótica. Ele é um dos


fundadores do pragmatismo (deixo você pesquisar sobre essa palavra) e era tido como o último
representante do ensino universal. Dele partiu a formulação do conceito central da Semiótica: a
“relação triádica”, aquela mencionada por Platão em quatro parágrafos atrás. Pierce se utilizava do
conceito de representação, quer dizer, algo estar para outra coisa. Nesse sentido, os signos
representam alguma coisa.

A semiótica tem fundamental importância na consolidação de uma ideia, que pode fazer
seu design ser assertivo e ganhar presença no mercado. Veja aqui alguns exemplos, figuras 41 e 42,
do bom uso da semiótica:

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Competência 03

Figura 41 - logomarca da Coca-Cola Figura 42 - sinalização de trânsito


Fonte: http://designinspirador.com.br/ Fonte: http://designinspirador.com.br/
Descrição: Logomarca da empresa Coca-Cola. Descrição: Imagem de uma placa de
A imagem é o próprio nome da empresa em trânsito com formato octogonal, nela tem
fonte própria na cor branca com o fundo escrito a palavra “PARE” na cor branca com
vermelho. Uma linha em formato de onda fundo vermelho para chamar atenção do
sublinha o nome. receptor.

3.1.2.1 Semiótica na arquitetura

As análises semióticas foram especialmente empregadas na arquitetura. Robert Venturi


seguiu claramente o princípio da semiótica em seus estudos, ele clamava por prédios com maior
significado, que deveriam se afastar explicitamente do estilo universal. Max Bense, em Stuttgart,
realizou os primeiros estudos que uniram semiótica e arquitetura. Georg R. Kiefer (1970) pesquisou
a arquitetura como um sistema de comunicação não verbal e constatou uma “Semiótica do
Ambiente”, ou seja, com signos diferentes ela se comunica com pessoas. Porém, somente por meio
do trabalho de Charles Jenks (1978) foi estabelecida para o grande público a analogia de linguagem
com arquitetura. Com ele também se iniciou a arquitetura pós-moderna, uma arquitetura de
multiplicidade, que ganhou importância pelo mundo. Será Jenks o principal e mais eficiente promotor
do pós-moderno.

Pesquisa na web!
Faça uma breve pesquisa a respeito do surgimento dessa parceria: Semiótica e
Arquitetura. Essa pesquisa será importante para nossas atividades futuras.

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Competência 03

3.1.2.2 Semiótica na comunicação

Modelos de comunicação utilizados em design e com origem na teoria da comunicação


baseavam-se na relação dos modelos de emissor-receptor. Os trabalhos de H.R. Mutarana e F.J.
Varela, H. Von Foerster, E. Von Gasefeld e G. Roth, especialmente os dois volumes de Siegfried J.
Schmidt de 1982 e 1992, respectivamente, conduziram inteiramente novas formas de se ver a
comunicação. Assim, podemos ver como é importante o processo de intercâmbio entre os atores,
troca de informações, uma espécie de “capacidade de adaptação”, onde só assim a comunicação
pode ter sucesso. Uma afirmação básica é a de que a percepção de signos ou produtos sempre é
interpretação, que se dá com entendimento no cérebro do homem.

Uma característica importante para nós é que informações não são transmitidas (como
acontece normalmente em técnicas de comunicação), mas são construídas: nesse caso, tudo é levado
em consideração: fatores situacionais, sociais e culturais; pessoas que influenciam, na verdade tudo
que influencia este processo de construção.

O sociólogo Niklas Luhmann (1984) formulou que para os participantes do conceito de


comunicação é necessário estabelecer uma capacidade de integração, pois somente assim se dará a
comunicação. Sendo assim, o design não pode soltar determinados tipos de mensagem no mundo,
pois deve sempre ter a preocupação em como essas mensagens vão ser compreendidas por seus
potenciais receptores.

Da análise dos contextos dos produtos culturais, das maneiras de comportamento e das
relações é que geram estas ofertas de comunicação, que podem ser compreendidas, ordenadas e
avaliadas pelos potenciais usuários.

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Competência 03

3.1.3 Recapitulando

Neste capítulo apresentamos os principais conceitos sobre metodologias de


comunicação.

Historiamos os principais estudiosos, evidenciando suas relações com a sociedade, suas


características e seus processos de geração, destacando os métodos de conhecimento no design,
tanto relacionados com aspectos da filosofia grega, quanto à antiguidade aos tempos modernos.

Destacamos também como fundamental o estudo da Semiótica, levando em


consideração suas características e importância na consolidação de uma ideia.

Como dica, para fecharmos a semana, deixo esse vídeo do Pedro Panetto:

Dica de vídeo!
Link para assistir: www.youtube.com/watch?v=yq7j-s8llIw

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Competência 04

4.Competência 04 | Compreender as Diversas Tendências e Estilos do


Design e sua Aplicação no Desenvolvimento de Futuros Projetos de Design
de Interiores

O mundo mudou muito nas últimas décadas, tanto que fica cada vez mais difícil encontrar
semelhanças para que possamos juntar em um só capítulo a realidade de dez ou quinze anos atrás.
O processo de ingresso no modernismo ainda é bastante escuro, enquanto nas décadas de 70/80 os
processos eram bem mais definidos que os de hoje.

A seguir você estudará sobre o Design no mundo moderno na arquitetura e os principais


nomes que interligam essas duas áreas. Novamente, chamo a atenção para as atividades que vão ser
propostas, pois elas estarão diretamente ligadas a essas personalidades estudadas adiante.

4.1 Design no mundo moderno

Em paralelo ao desenvolvimento da metodologia do Design foram desenvolvidas


reflexões de como desenvolver uma maneira de formular teorias do Design. Tendo a metodologia do
design uma meta clara, a de esclarecer o processo de projeto e oferecer ferramentas necessárias para
a otimização, as ideias teóricas sobre o design eram difusas. Uma tarefa importante é fornecer
conhecimento que permita visualizar o uso. E a arquitetura é um campo rico, fortemente ligado ao
design, muitas vezes até confundido.

4.1.1 Design e Arquitetura

A história, teoria e prática do design são fortemente relacionadas com a arquitetura. Dos
ensinamentos de Vitrivius (que tal fazer uma busca na internet para conhecê-lo?) até o presente,
exerce-se a teoria da arquitetura que se baseia não apenas na categoria funcional, mas também na
estético-figurativa, ou seja, no tema que dá significado ao formato da edificação.

A arquitetura, arte mais antiga e por isso, muitas vezes, declarada a mãe de todas, obteve
um papel importante no início do século 20. Tal como Peter Behrens, Walter Gropius, Le Corbusier e
muitos outros arquitetos e designers da época, o arquiteto Walter Gropius descreveu no Manifesto

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Competência 04

da Bauhaus de 1919 a construção como objetivo de todas as atividades formativas, todos os cursos e
oficinas eram orientados para isso. Contribuições importante vinham de arquitetos americanos.
Philip Johnson, em 1932, em conjunto com Henry-Russel, por ocasião de uma exposição no Museu
de Arte Moderna de Nova York, publicou o livro “The Internacional Syle” (O Estilo Internacional), com
o qual este termo adquiriu repercussão mundial. Posteriormente, Johnson transformou-se um dos
fundadores da arquitetura pós-moderna.

No entanto, a estreia mundial da arquitetura pós-moderna deu-se com a publicação de


“A Linguagem da Arquitetura Pós-Moderna” de Charles Jencks. Nela, ele determinou o fim do
moderno. O pós-moderno se desenvolveu a partir da semiótica. Assim, no século 20, a arquitetura se
mostrou em uma grande variedade de conceitos, estilos e manifestações. Muitos arquitetos
elaboravam também discursos teóricos sobre seus projetos, nos quais refletiam os seus respectivos
contextos históricos, filosóficos ou culturais.

Muitos arquitetos também ocupavam, evidentemente, o campo de trabalho dos


designers, na medida em que projetavam móveis, luminárias, maçanetas, acessórios ou qualquer
outro objeto. Volker Fischer identificou essa passagem da arquitetura para o design com o termo
“pirataria profissional”.

Vídeo aula!
Pare um pouco sua leitura e assista a vídeo aula: “Hoje: atribuições de um designer de
Interiores”.

Fórum!
Discutiremos sobre o assunto no fórum. Sua participação é fundamental.

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Competência 04

4.1.2 Arquitetos como Designers

Como exemplos de alguns arquitetos, queremos demonstrar a intercambiabilidade entre


essas duas áreas:

4.1.2.1 Tadao Ando

O japonês demonstra de maneira exemplar como reinterpretar as expectativas


ambientais e tradicionais com materiais contemporâneos. Em seus projetos se refletem a lógica e a
adstringência de filósofos europeus. Construiu um edifício para Seminários e Conferências em Weil
am Rhein, para a empresa Vitra. Edificação com paredes em concreto aparente e parcialmente
mobiliado.

4.1.2.2 Alfredo Arribas

Espanhol, é reconhecido como um dos principais representantes do novo design


espanhol. Característico por seus projetos para restaurantes, bares ou lojas em Barcelona, Frankfurt,
Madrid, Tóquio. Vale-se de uma linguagem expressiva dos modos de vida nas grandes metrópoles,
projetos que se tornam rapidamente frequentados por jovens.

4.1.2.3 Asymptote

Grupo de arquitetos e designers americanos que se movem entre a arquitetura clássica,


o planejamento urbano, instalações multimídias e ambientes virtuais. O projeto A3 é um exemplo de
como a arquitetura, design e mídias podem se complementar uns aos outros. O projeto é um sistema
para escritórios, foi criado para a empresa Knoll.

Pesquisa na web!
Procure na internet imagens do Sistema de Mobiliário para escritório A3 criado para a
empresa Knoll.

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Competência 04

4.1.2.4 Mario Botta

Morador da Suíça, é reconhecido como um representante de uma forma de projetar que


mantém como características ambientes regionais ou topográficos. Pratica uma, pouco utilizada,
linguagem caracterizada pelo geometrismo. Seus objetos são ícones e estabelecem uma nova
interpretação da modernidade.

4.1.2.5 Egon Eiermann

Famoso e importante designer alemão. Algumas de suas construções mais importantes


são a Igreja Kaiser Wilhelm, em Berlim; o prédio de administração da Olivetti, em Frankfurt; e a
embaixada alemã, em Washington. Sua grande variedade de projetos de móveis procurava
estabelecer a ligação do dentro com o fora dos prédios e, assim, conseguir uma unidade dos
ambientes. Um elemento importante na configuração de seus projetos era a sua “legibilidade”, ou
seja, tornava-os visíveis nos detalhes mais importantes de uma construção.

4.1.2.6 Toyo Ito

Arquiteto japonês que se ocupa com a permanente relação recíproca do homem,


natureza e técnica. Pertence à geração de profissionais que se utilizam intensamente de novas
tecnologias, mas que dão grande importância ao efeito que a experiência com os ambientes exerce
sobre os usuários. Possui um grande interesse pelo vento (elemento da natureza), colocando
características como paredes móveis e mobiliário escasso que determinam os ambientes.

4.1.2.7 Rem Koolhaas

Holandês, fundou a Office for Metropolitan Architecture (OMA), que começou


executando projetos artísticos experimentais. Seu grande projeto foi a principal loja para o grupo de
moda italiano Prada. Ele consegue, nesse projeto, uma transição exemplar entre arquitetura, moda
e design. A loja em si foi pensada como uma peça de teatro, tem palco, se vale de encenações e vive
de mudanças de cenas, ou seja, durante o dia é uma loja, à noite, sala de concertos, apresentações,
discotecas.

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Competência 04

Pesquisa na web!
Procure na internet imagens dessa loja (loja Prada sediada na Itália) tanto
funcionando como loja, quanto em seus momentos menos formais, mais diversos.

4.1.2.8 Alessandro Mendini

Designer, arquiteto e publicitário, faz parte do grupo dos melhores do design na segunda
metade do século 20. Foi um dos fundadores do movimento Memphis no início dos anos 80. Seu
trabalho pode ser considerado como uma obra de arte total, pois se movimenta perfeitamente de
maneira lúdica entre a arquitetura, design, arte, literatura, música.

4.1.2.9 Oswald Matthias Ungers

Alemão, começou nos anos 80 a negar a forma geométrica do quadrado, o que se tornou
a principal característica de seu estilo de projetar. Ungers projetou todos os interiores de seus
prédios. Desta maneira, o Museu de Arquitetura Alemã (Deutsche Architecktur Museum), em
Frankfurt, por exemplo, possui cadeiras com o mesmo conceito do prédio: uma estrutura em madeira
preta, revestida de couro branco em formato de quadrado. A personalidade do prédio se transfere
para o mobiliário.

4.1.3 Da arte conceitual até o design conceitual

A declaração de Sol LeWitt, para a revista “Art-Language”, publicada em maio de 1969,


que dizia que ideias sozinhas poderiam ser obras de arte foi o ponto de partida para esse novo estilo
de arte, o chamado “Arte Conceitual”. No ponto central dessa discussão está uma desmaterialização
das realizações artísticas, isto é, a renúncia completa da realização das formas de arte clássicas
indispensáveis aos materiais.

O espanhol Marti Guixé iniciou em meados dos anos 90 projetos conceituais, que têm
como tema a relação de troca entre consumidor e produto. Com isso, ele ultrapassa de maneira lúdica
a fronteira do design e projeta conceitos, prepara performances e ações. Para ele vale o ditado

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Competência 04

“Forma segue a destruição” (Form follows destruction), já que ele pretende, com seu trabalho,
colocar em questão os hábitos tradicionais do uso dos produtos.

O grupo alemão Zirkeltraining foi influenciado por Marti Guixé. O grupo desenvolve
conceitos de design, objetos e ideias em paralelo às atividades como designers de produto e mídia.
São projetos para ambientes públicos e praças, móveis, moda, mas também aparelhos eletrônicos e
trabalhos fotográficos. Como exemplo, temos a instalação Re-Braun na série Bootleg Projects que
mantêm o conceito de design de uma estação de internet contemporânea.

4.1.4 Recapitulando

Neste capítulo, foram apresentados os principais conceitos de design e sua relação com
o mundo moderno. Foi realizado um breve levantamento sobre a história do design relacionada com
a arquitetura, mostrando como a maneira de produção vai se modificando de acordo com as
diferentes personalidades dos artistas.

Historiamos os principais arquitetos e/ou designers evidenciando suas relações entre o


Design e a Arquitetura, destacando suas características e principais obras.

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Conclusão

Neste caderno fizemos um pequeno levantamento sobre a história do Design e seus


principais conceitos. Você percebeu como, historicamente, tem se evidenciado cada vez mais que as
necessidades e possibilidades da população são os principais fatores que influenciam a criação no
design.

Estudamos os principais movimentos artísticos e sua influência no Design, caracterizando


e diferenciando os movimentos e os grandes estudiosos de cada um deles diante de seus processos
de geração, tanto na Grécia, antiguidade, modernidade... Suas modificações diante do surgimento da
Semiótica, suas semelhanças com o a arquitetura e como isso tudo influencia em nosso cotidiano.

Chegamos ao fim de mais uma disciplina, espero que a tenha aproveitado ao máximo, e
não pare com os estudos sobre os assuntos vistos aqui, as possibilidades são infinitas.

Até breve!!

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Referências

ARGAN, Giulio Carlo. A arte moderna na Europa: de Hogarth a Picasso. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010.

BÜRDEK, Bernhard E. Design: história, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Edgard
Blücher, 1997b.

CARDOSO, Rafael. O design brasileiro antes do design. São Paulo, Cosac Naify, 2005.

_______________. Uma introdução à história do design. São Paulo: Blücher, 2008.

DROSTE, Magdalena. Bauhaus archiv: 1919 – 1933. Berlin: Taschen, 2006.

LÖBACH, Bernd. Design industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo:
Edgard Blücher, 2001.

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Minicurrículo do Professor

Cesário Antônio Neves Júnior

Olá! Sou Cesário Antônio Neves Júnior, tenho graduação em Licenciatura em Expressão
Gráfica pela Universidade Federal de Pernambuco (2013). Já trabalhei como professor substituto da
Universidade Federal de Pernambuco, tendo mantido meu vínculo com o Departamento de
Expressão Gráfica. Possuo experiência com tutoria online e presencial, tendo trabalhado no Curso de
Artes Visuais Digitais a Distância na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Atualmente sou estudante de Especialização em Docência do Ensino Superior, pela


Faculdade dos Guararapes, e Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática
e Tecnológica (EDUMATEC), pela UFPE.

Atuo principalmente nos seguintes temas: educação, ensino técnico, ensino de


graduação, geometria, desenho técnico, artes, design, arquitetura e tecnologia.

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