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Graduação
Geometria Analítica
Geometria Analítica
Reitor
Helvécio Luiz Reis
Coordenador UAB/NEAD/UFSJ
Heitor Antônio Gonçalves
Comissão Editorial:
Fábio Alexandre de Matos
Flávia Cristina Figueiredo Coura
Geraldo Tibúrcio de Almeida e Silva
José do Carmo Toledo
José Luiz de Oliveira
Leonardo Cristian Rocha (Presidente)
Maria Amélia Cesari Quaglia
Maria do Carmo Santos Neta
Maria Jaqueline de Grammont Machado de Araújo
Maria Rita Rocha do Carmo
Marise Maria Santana da Rocha
Rosângela Branca do Carmo
Rosângela Maria de Almeida Camarano Leal
Terezinha Lombello Ferreira
Edição
Núcleo de Educação a Distância
Comissão Editorial - NEAD-UFSJ
Capa/Diagramação
Eduardo Henrique de Oliveira Gaio
SUMÁRIO
3 Produtos de Vetores - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 35
5 Planos - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 69
5.1 Equação de um Plano - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 71
5.2 Posições relativas de reta e plano - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 76
5.3 Posições Relativas de Planos - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 79
5.4 Ângulo entre Reta e Plano - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 83
5.5 Ângulo entre Dois Planos - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 84
5.6 Distância de Ponto a Plano - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 86
6 Mudança de Coordenadas - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 91
6.1 Coordenadas Polares - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 93
6.2 Coordenadas Cilíndricas - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 95
6.3 Coordenadas Esféricas - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 97
6.4 Rotação e Translação - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 99
6.4.1 Rotação dos Eixos Coordenados - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 104
6.4.2 Translação dos Eixos Coordenados - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 106
7 Cônicas - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 109
7.1 Introdução - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 111
7.2 Elipse - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 113
7.2.1 Equação da Elipse com Centro na Origem do Sistema - - - - - - - - - - - - 106
7.2.2 Equação da Elipse com Centro no Ponto O′(x0, y0) - - - - - - - - - - - - - - - - 120
7.3 Hipérbole - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 126
7.3.1 Equação da Hipérbole com Centro na Origem - - - - - - - - - - - - - - - - - - 128
7.3.2 Equação da Hipérbole com Centro no Ponto O′(x0, y0) - - - - - - - - - - - - - 132
7.4 Parábola - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 137
7.4.1 Equação da Parábola com Vértice na Origem - - - - - - - - - - - - - - - - - - 138
7.4.2 Parábola com Vértice no Ponto V (x0, y0) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 142
Referências - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 165
Para Começo de Conversa...
Prezado(a) Aluno(a):
ensino médio. Aqui, estudaremos a Geometria Analítica com tratamento vetorial. Estamos
falando de Geometria Analítica, mas, você saberia dizer o que significa essa expressão?
Os estudos iniciais estão ligados ao matemático francês, René Descartes (1596 -1650),
Analítica datam seu início no século XVII. Descartes, ao relacionar a Álgebra com a
De agora em diante, nosso principal objetivo será de aproveitar essa disciplina da melhor
forma possível, a fim de que você possa enriquecer seus conhecimentos, revisando alguns
Os conteúdos que abordaremos, nesta disciplina, são distribuídos em oito capítulos (ou
unidades). O tempo que você terá para cursar essa disciplina será de sessenta dias e você
• Produtos de Vetores
• Planos
• Mudança de Coordenadas
• Cônicas
• Superfícies Quádricas
Caso você tenha qualquer tipo de dificuldade, procure trocar ideias com o tutor presencial,
Os Autores.
capítulo 1
Objetivo
9
1.1 Conceitos Básicos
Quando nós falamos em vetores, geralmente, o que nos vem em mente é uma seta. Mas
não podemos ter isso como definição. Tal seta nos transmite uma ideia de deslocamento
B. Essa é a idéia mais simples que um vetor nos transmite. Assim, o deslocamento é
retilíneo, nos dando ideia de direção associada a uma reta. A extremidade da seta nos dá
ideia de sentido e o comprimento da seta nos mostra, segundo uma unidade, a distância
entre os pontos A e B. Note que tal seta que estamos imaginando não é um vetor, mas
representa a idéia que um vetor ou uma grandeza vetorial encerra. Vamos iniciar nossa
Segundo WINTERLE (2006), uma reta r é orientada quando se fixa nela um sentido
de percurso, considerado positivo e indicado por uma seta, como mostra a figura abaixo.
metricamente, indicado por uma seta que caracteriza visualmente o sentido do segmento.
11
Se AB é um segmento orientado, o segmento orientado BA é oposto de AB.
número real, não negativo, que é a medida do segmento em relação àquela unidade. A
de comprimento:
AB = 5 u.c
• AB = BA.
direção.
12
Dois segmentos orientados, AB e CD, são equipolentes quando têm a mesma direção,
Propriedades da Equipolência
1. AB ∼ AB (reflexiva).
2. Se AB ∼ CD, CD ∼ AB (simétrica).
3. Se AB ∼ CD, CD ∼ EF , AB ∼ EF (transitiva).
AB ∼ CD.
13
Se indicarmos com −
→
v este conjunto, simbolicamente, poderemos escrever: →
−
v =
chamados representantes desse vetor, e todos equipolentes entre si. Assim, um segmento
o mesmo vetor. Portanto, com origem em cada ponto do espaço, podemos visualizar
As características de um vetor −
→
v são as mesmas de qualquer um de seus representantes,
O módulo de − →
v é denotado por |−
→
v |.
−→ −−→
Dois vetores AB e CD são iguais, se, e somente se, AB ∼ CD.
Os segmentos nulos, por serem equipolentes entre si, determinam um único vetor,
−
→
chamado vetor nulo ou vetor zero, e que é denotado por O .
−→ −→ −→ −→
Dado um vetor −→
v = AB, o vetor BA é o oposto de AB e se indica por −AB ou por
−−
→
v.
Um vetor −
→
v é unitário, se |−
→
v | = 1.
mesmo sentido de →
−
v.
Os vetores −
→
u1 e −
→
u2 da figura são vetores unitários, pois ambos têm módulo 1. No
14
entanto, apenas −
→
u1 tem a mesma direção e o mesmo sentido de −
→
v . Portanto, este é o
versor de −
→
v.
Dois vetores −
→
u e→
−
v são colineares, se tiverem a mesma direção. Em outras palavras:
−
→
u e −
→
v são colineares se tiverem representantes AB e CD pertencentes a uma mesma
coplanares.
pois podemos sempre tomar um ponto no espaço e, com origem nele, imaginar os dois re-
15
presentantes de −
→
u e−
→
v pertencendo a um plano π que passa por este ponto.(WINTERLE,
2006).
Sejam os vetores −
→
u e−
→
v representados pelos segmentos orientados AB e BC.
e−
→
v , isto é, −
→
s =−
→
u +−
→
v.
Propriedades da adição
1. Comutativa: −
→
u +−
→
v =−
→
v +−
→
u.
2. Associativa: (−
→
u +−
→
v)+−
→
w =−
→
u + (−
→
v +−
→
w ).
−
→ −
→ − → →
3. Existe um só vetor nulo O tal que para todo o vetor −
→
v se tem: −
→
v + O = O +−
v =
−
→
v.
16
4. Qualquer que seja o vetor →
−
v , existe um só vetor −−
→
v (vetor oposto de −
→
v ) tal que
−
→ −
→
v + (−−→
v ) = −−→
v +− →v = O.
−
→ → −
Chama-se diferença de dois vetores −
→
u e−
→
v , e se representa por d = −
u −→
v , ao vetor
−
→
u + (−−
→
v ).
pectivamente, e construído o paralelogramo ABCD , verifica-se que a soma −→s =−→u +−→v
→ → −
−
é representada pelo segmento orientado AD e que a diferença d = −u −→ v é representada
os vetores −
→
u +−
→
v,−
→
u −−
→
v,→
−
v −−
→
u e −−
→
u −−
→
v , todos com origem em um mesmo ponto.
17
1.3.3 Multiplicação por Escalar
−
→
Dados um vetor −
→ ̸ 0 e um número real (ou escalar) k ̸= 0, chama-se produto do
v =
a) módulo: |−
→
p | = |k −
→
v | = |k||−
→
v |;
b) direção: a mesma de −
→
v;
c) sentido: o mesmo de −
→
v , se k > 0, e contrário ao de →
−
v , se k < 0
−
→
Se k = 0 ou −
→
v = 0, o produto é o vetor O . Se k é um escalar não nulo, a notação
−
→
v /k significa 1/k −
→
v . Se −
→
v é um vetor não nulo, o vetor −
→
v /|−
→
v | é o versor de −
→
v.
Se −
→
u e−
→
v são vetores quaisquer, e a e b, números reais, temos:
18
1. Associativa: a(b−
→
v ) = (ab)−
→
v.
4. Identidade: 1−
→
v =−
→
v.
que →
−
u = k−
→
v (e, consequentemente, k ̸= 0 e −
→
v =−
→
u /k).
Atividade
2−
→
u + 3−
→
v , 3−
→
u − 2−
→
v , −−
→
v −−
→
u e todos com origem em um mesmo ponto.
19
capítulo 2
Vetores:
Um Tratamento Algébrico
Objetivos
21
2.1 Vetores no Plano
soma seja −
→
v . Em outras palavras, iremos determinar dois números reais a1 e a2 tais que:
−
→
v = a1 −
→
v1 + a2 −
→
v2 (2.1)
Quando o vetor −
→
v estiver representado por 2.1 dizemos que −
→
v é combinação linear
de −
→
v1 e −
→
v2 . O par de vetores −
→
v1 e −
→
v2 , não colineares, é chamado base do plano. Aliás,
qualquer conjunto {−
→
v1 , −
→
v2 } de vetores não colineares constitui uma base no plano. Os
em relação à base {→
−
v1 , −
→
v2 }. O vetor a1 −
→
v1 é chamado projeção de −
→
v sobre −
→
v1 segundo a
direção de →
−
v2 . Do mesmo modo, a2 −
→
v2 é a projeção de −
→
v sobre →
−
v2 segundo a direção de
−
→
v1 .
Uma base {−
→
e1 , −
→
e2 } é dita ortonormal se os seus vetores forem ortogonais e unitários,
isto é, −
→
e1 ⊥ −
→
e2 e |→
−
e1 | = |−
→
e2 | = 1.
tante. Trata-se da base que determina o conhecido sistema cartesiano ortogonal xOy. Os
23
→ →
− −
vetores ortogonais e unitários, neste caso, são simbolizados por i e j , ambos com ori-
−
→ →−
gem em O e extremidades em (1, 0) e (0, 1), respectivamente, sendo a base C = { i , j }
→
− →
−
chamada canônica. Portanto, i = (1, 0) e j = (0, 1).
Dado um vetor −
→
v qualquer do plano , existe uma só dupla de números x e y tal que
−
→ −
→ −
→
v =x i +y j (2.2)
é chamada abscissa de −
→
v e a segunda componente y é a ordenada de −
→
v.
O vetor →
−
v será também representado por
−
→
v = (x, y) (2.3)
24
A igualdade anterior é chamado expressão analítica de −
→
v . Para exemplificar, veja
Dois vetores −
→
u = (x1 , y1 ) e −
→
v = (x2 , y2 ) são iguais se, e somente se, x1 = x2 e y1 = y2 ,
escrevendo-se →
−
u =−
→
v.
2y − 6 = 4. Assim, se −
→
u =−
→
v , então x = 4, y = 5 e −
→
u =−
→
v = (5, 4).
Atividade
Considere os vetores −
→
u = (m + 2n, n − 7) e −
→
v = (4 − m, n + m + 9). Existem valores de
m e n de modo que →
−
u =−
→
v?
Você deve ter notado que já estudamos operações entre vetores. Por que então, tudo
isso novamente? A questão é que estudamos operações entre vetores do ponto de vista
Sejam os vetores −
→
u = (x1 , y1 ) e −
→
v = (x2 , y2 ) e α ∈ ℜ. Define-se:
25
1. −
→
u +−
→
v = (x1 + x2 , y1 + y2 )
2. α−
→
u = (αx1 , αx2 )
multiplicar um número real por um vetor, multiplica-se cada componente do vetor por
este número.
6−
→
w + 4−→
u =− →v + 2−
→
w =⇒ 6−
→
w − 2−
→w =− →
v − 4− →
u =⇒ 4−
→
w =−
→
v − 4−
→
u =⇒
→
−
w = −
1→ −
v −→ u
4
Substituindo −
→u e−→
v na equação acima, vem
→
−
w = (−2, 4) − (3, −1) =⇒ −
1 → 1
w = (− , 1) − (3, −1) =⇒ −
→ 1
w = (− + (−3), 1 + 1) =⇒
4 4 2
→
− 7
w = (− , 2)
2
−→
Vamos considerar agora o vetor AB de origem no ponto A(x1 , y1 ) e extremidade em
B(x2 , y2 ).
26
−→ −−→ −→ −−→
Os vetores OA e OB têm expressões analíticas OA = (x1 , y1 ) e OB = (x2 , y2 ). Por
−→ −→ −−→ −→ −−→ −→
outro lado, do triângulo OAB da figura, vem OA + AB = OB em que AB = OB − OA
−→ −→ −→
ou AB = (x2 , y2 ) − (x1 , y1 ) e AB = (x2 − x1 , y2 − y1 ) isto é, as componentes de AB são
É importante lembrar que um vetor tem infinitos representantes que são os segmentos
e extremidade em P = (x2 − x1 , y2 − y1 ).
−→ −→
O vetor →−
v = AB é também chamado vetor posição ou representante natural de AB.
−→
Por outro lado, sempre que tivermos −
→
v = AB ou − →v = B − A podemos também
−→
concluir que B = A + −
→
v ou B = A + AB, isto é, o vetor −
→
v “transporta” o ponto inicial
Exemplo 2.2.2. Dados os pontos A(−1, 2), B(3, −1) e C(−2, 4), determinar o ponto D
−−→ 1 −→
de modo que CD = AB.
2
−−→ −→
Seja D(x, y). Então, CD = D − C = (x, y) − (−2, 4) = (x + 2, y − 4) e AB = B − A =
27
(3, −1) − (−1, 2) = (4, −3). Logo,
1 −3
(x + 2, y − 4) = (4, −3) (x + 2, y − 4) = (2, )
2 2
Da igualdade anterior concluimos que
x+2 = 2
y − 4 = − 32
5
Portanto, D(0, ).
2
Para você Refletir: Pense outra forma de resolver este exercício.
Vimos anteriormente, como determinar o vetor definido por dois pontos. Considere
agora o segmento de extremos A(x1 , y1 ) e B(x2 , y2 ). Sendo M (x, y) o ponto médio de AB,
−−→ −−→
podemos expressar de forma vetorial como AM = M B ou
(x − x1 , y − y1 ) = (x2 − x, y2 − y)
e daí
x − x1 = x2 − x
e y − y1 = y2 − y).
x1 + x2 y1 + y2
M( , )
2 2
28
Exemplo 2.2.3. Observe que o ponto médio do segmento de extremos A(−2, 3) e B(6, 2)
é
−2 + 6 3 + 2
M( , )
2 2
ou
5
M (2, )
2
Você se lembra da definição de vetores paralelos? Pois bem, vamos voltar nesse assunto,
(x1 , y1 ) = α(x2 , y2 ) que pela condição de igualdade resulta em x1 = αx2 e y1 = αy2 donde
x1 y1
= (= α)
x2 y2
Esta é a condição de paralelismo de dois vetores, isto é, dois vetores são paralelos
−2
Exemplo 2.2.4. Os vetores →
−
u = (−2, 3) e →
− 3
v = (−4, 6) são paralelos pois = .
−4 6
Atividades
1. Dados os vetores −
→
u = (3, −1) e −
→
v = (−1, 2), obtenha o vetor −
→
w tal que 3−
→
w −
(2−
→
v −−
→
u ) = 2(4−
→
w − 3−
→
u ).
2. Dados os pontos A(−1, 3), B(1, 0) e C(2, −1), determine o ponto D de modo que
−−→ −→
DC = BA.
29
2.3 Vetores no Espaço
Vamos refletir um pouco sobre o que vimos até agora. Iniciamos nossa disciplina dando
aos vetores um tratamento geométrico. Em seguida, vimos que todo vetor de um plano
manipular os vetores do ponto de vista algébrico. Uma questão fundamental, é que tudo
o que fizemos para vetores em um plano se estende de maneira natural para vetores do
→ −
− → − →
No espaço, de forma análoga, consideraremos a base canônica { i , j , k } , onde estes
três vetores unitários e dois a dois ortogonais estão representados com origem no ponto
O. Este ponto e a direção de cada um dos vetores da base determinam os três eixos
−
→
cartesianos: o eixo Ox ou eixo dos x (das abscissas) corresponde ao vetor i , o eixo Oy
−
→
ou eixo dos y (das ordenadas) corresponde ao vetor j e o eixo Oz ou eixo dos z (das
−
→
cotas) corresponde ao vetor k . As setas nessa figura indicam o sentido positivo de cada
um plano coordenado. Portanto, temos três planos coordenados: o plano xOy ou xy, o
plano xOz ou xz e o plano yOz ou yz. As figuras a seguir dão uma idéia dos planos xy e
30
xz, respectivamente.
Assim como no plano, a cada ponto P (x, y, z) do espaço irá corresponder o vetor
−→ →
− →
− −
→
OP = x i + y j + z k , isto é, as próprias coordenadas x, y e z do ponto P são as
−→
componentes do vetor OP na base canônica. As coordenadas x, y e z são denominadas
−→ → −
→ −
→ −
→
abscissa, ordenada e cota, respectivamente. O vetor OP = −
v = x i + y j + z k também
−→ →
será expresso por OP = − v = (x, y, z).
31
c) E(0, 0, 3) - um ponto está no eixo dos z, quando x = 0 e y = 0;
dos x, assim como C(0, 4, 0) e E(0, 0, 3) são as projeções de P nos eixos dos y e dos z,
respectivamente.
a) P DEF distam 3 unidades do plano xy e estão acima dele, são pontos de cota z = 3,
b) P BCD distam 4 unidades do plano xz e estão à direita dele, são pontos de ordenada
Ao desejarmos marcar um ponto no espaço, digamos A(3, −2, 4), procedemos assim:
′
1o ) Marca-se o ponto A (3, −2) no plano xy;
′
2o ) Desloca-se A paralelamente ao eixo dos z, 4 unidades para cima (se fosse −4 seriam
32
Atividades
1. Considere os seguintes pontos: A(4, 0, 1), B(5, 1, 3), C(3, 2, 5) e D(2, 1, 3). Repre-
sente cada um desses pontos no sistema cartesiano. Utilize o que aprendermos an-
sejam paralelos.
33
capítulo 3
Produtos de Vetores
Objetivos
35
3.1 Produto Escalar
−
→
u ·−
→
v = x 1 x 2 + y 1 y 2 + z1 z2 .
O produto escalar de −
→
u por −
→
v também é denotado por < −
→
u ,−
→
v > e se lê “ −
→
u escalar
−
→
v ”.
−
→ −
→ −
→ → −
→ → −
− →
Exemplo 3.1.1. Dados os vetores −
→
u = 3 i −5j +8k e −
v = 4 i − 2 j − k , tem-se:
−
→
u ·−
→
v = 3(4) − 5(−2) + 8(−1) = 12 − 10 − 8 = 14
não negativo
√
|−
→
v |= −
→
v .−
→
v
Caso −
→
v = (x, y), teremos
√
|→
−
v |= (x, y).(x, y)
ou ainda
√
|−
→
v |= x2 + y 2
37
−
→
−
→
u = −
v
→
| v |
Vamos agora explorarmos algumas propriedades básicas do produto escalar.
1. −
→
u ·−
→
v =−
→
v ·−
→
u
2. −
→
u · (−
→
v +−
→
w) = −
→
u ·−
→
v +−
→
u ·−
→
w e (−
→
u +−
→
v)·−
→
w =−
→
u ·−
→
w +−
→
v ·−
→
w
3. α(−
→
u ·−
→
v ) = (α−
→
u)·−
→
v =−
→
u · (α−
→
v)
→ − −
− −
→
4. −
→
u ·−
→
u > 0 se →
− ̸ 0 e→
u = u ·→
u = 0, se −
→
u = 0 = (0, 0, 0)
5. −
→
u ·−
→
u = |−
→
u |2
A ideia, agora, é estabelecermos uma maneira de calcular o ângulo formado entre dois
vetores, a partir de suas componentes. Aplicando a lei dos cossenos ao triângulo ABC da
38
figura abaixo, temos
|−
→
u −−
→
v |2 = |−
→
u |2 + |−
→
v |2 − 2|−
→
u ||−
→
v |cos θ (3.1)
|−
→
u −−
→
v |2 = |−
→
u |2 + |−
→
v |2 − 2−
→
u−→
v (3.2)
2|−
→
u ||−
→
v |cosθ e daí,
−
→
u ·−
→
v = |−
→
u ||−
→
v |cos θ, (3.3)
para 0o ≤ θ ≤ 180o .
Conclusão: O produto escalar de dois vetores não nulos é igual ao produto de seus
0? Podemos verificar que neste caso cos θ deve ser igual a zero, isto é, cos θ = 0, o que
39
Assim, podemos afirmar que dois vetores são ortogonais se, e somente se, o produto
−
→
u ·−
→
v =0
−
→
u ·−
→
v = −2(−1) + 3(2) + (−2)4 = 2 + 6 − 8 = 0
Portanto −
→
u ⊥−
→
v.
Vamos discutir agora a questão da projeção vetorial. Mas o que vem a ser isso?
Considere os vetores −
→
u e−
→
v não nulos e θ o ângulo entre eles. Pretendemos decompor
A figura a seguir ilustra as duas situações possíveis, podendo ser θ um ângulo agudo
ou obtuso.
O vetor →
−
v 1 é chamado projeção ortogonal de −
→
v sobre −
→
u e denotado por
−
→
v 1 = proj−
→
−
→ (3.4)
u v .
40
Ora, sendo −
→
v 1 //−
→
u , temos −
→
v 1 = α−
→
u e como →
−
v2=−
→
v −−
→
v1 = −
→
v − α−
→
u é ortogonal a
−
→
u , vem
(−
→
v − α−
→
u)·−
→
u =0
ou
−
→
v ·−
→
u − α−
→
u ·−
→
u =0
−
→
v ·−→
. Portanto, sendo −
→
v 1 = α−
→
u
eα= −
→ −
→ u , por 3.4 conclui-se que
u · u
−
→
v ·−→
proj−
→
→
−
v = (
u −
)→ (3.5)
u −
→ −→
u · u
u
Atividades
1. Mostre que | −
→
u +−
→
u |=| −
→
u |2 +2−
→
u−→
v+|−
→
u |2 .
3. Calcule o perímetro do triângulo de vértices A(0, 1, 2), B(−1, 0, −1) e C(2, −1, 0).
4. Determine os ângulos do triângulo de vértices A(2, 1, 3), B(1, 0, −1) e C(−1, 2, 1).
41
3.3 Produto Vetorial
c) se uma das linhas de uma matriz for constituída de zeros, o determinante é igual
a zero.
a b c
y 1 z1 x 1 z1 x1 y 1
det
x1 y1 z1 = det a − det b + det c
y 2 z2 x 2 z2 x2 y 2
x 2 y 2 z2
42
−
→ −
→ −
→
Definição 3.3.1. Chama-se produto vetorial de dois vetores − →
u = x 1 i + y 1 j + z1 k
−
→ −
→ −
→
e−
→
v = x2 i + y2 j + z2 k , tomados nesta ordem, e se representa por −
→
u ×− →
v , ao vetor
−
→ y 1 z1 −→ x 1 z1 −→ x1 y1 − →
u ×−→
v = det i − det j + det k (3.6)
y 2 z2 x 2 z2 x2 y2
O produto vetorial de →
−
u por →
−
v também é denotado por −
→
u ∧−
→
v e lê-se “ −
→
u vetorial
−
→
v ”.
−
→ −
→ −
→ → − → − →
Exemplo 3.3.1. Calcular −
→
u ×− →
v para −
→
u =5 i +4j +3k e − v = i + k.
−
→ − → −
→
i j k
4 3 − → 5 3 −→ 5 4 −→
det
5 4 3 = det i − det j + det k
0 1 1 1 1 0
1 0 1
−
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→
= (4 − 0) i − (5 − 3) j + (0 − 4) k = 4 i − 2 j − 4 k
Agora, conforme fizemos com o produto escalar, vamos discutir algumas propriedades
do produto vetorial.
43
Levando-se em conta as considerações feitas sobre as propriedades dos determinantes,
1. −
→
v ×−
→
u = −(−
→
u ×−
→
v ), isto é, os vetores −
→
v ×−
→
u e−
→
u ×−
→
v são opostos , pois a troca
−
→
I) −
→
u ×−
→
u = 0 (determinantes de ordem 2 com linhas iguais)
−
→ − →
II) −
→
u × 0 = 0 (determinantes de ordem 2 com uma linha de zeros)
Características do vetor −
→
u ×−
→
v
Consideremos os vetores −
→
u = (x1 , y1 , z1 ) e −
→
v = (x2 , y2 , z2 )
a) Direção de −
→
u ×−
→
v
O vetor −
→
u ×−
→
v é simultaneamente ortogonal a −
→
u e−
→
v.
b) Sentido de −
→
u ×−
→
v
O sentido de −
→
u ×−
→
v poderá ser determinado utilizando-se a “regra da mão direita”.
A figura acima (b) mostra que o produto vetorial muda de sentido quando a ordem
dos vetores é invertida. Observemos que só será possível dobrar os dedos na direção
de −
→
v para −
→
u se invertermos a posição da mão, quando então o dedo polegar estará
44
c) Comprimento de −
→
u ×−
→
v
ABCD =| −
→
u | h =| −
→
u || −
→
v | sin θ =| −
→
u || −
→
v | sin θ
|−
→
u ×−
→
v |=| −
→
u || −
→
v | sin θ
segue o resultado.
Atividades
1. Considere os vetores −
→
u = (2, −1, 1), −
→
v = (1, −1, 0) e −
→
w = (−1, 2, 2). Calcule:
−
→
v ×−
→
w , (→
−
v +−
→
u)×−
→
w.
45
3.4 Produto Misto
→
− −
→ −
→ →
Definição 3.4.1. Chama-se produto misto dos vetores − →
u = x 1 i + y 1 j + z1 k , −
v =
−
→ −
→ −
→ → −
→ −
→ →
−
x 2 i + y 2 j + z2 k e −
w = x3 i + y3 j + z3 k , tomados nesta ordem, ao número real
−
→
u · (−
→
v ×−
→
w ).
O produto misto de −
→
u, −
→
v e−
→
w também pode ser denotado por (−
→
u ,−
→
v ,−
→
w ).
e, portanto,
x 1 y 1 z1
−
→
u · (−
→
v ×−
→
w ) = det
2 2 2
x y z (3.8)
x 3 y 3 z3
−
→ −
→ −
→ −
Exemplo 3.4.1. Calcular o produto misto dos vetores −
→
u = 2 i + 3j + 5k, →
v =
−
→ −
→ −
→ → −
→ −
→ −
→
− i +3j +3k e − w =4 i −3j +2k.
2 3 5
−
→
u · (−
→
v ×−
→
w ) = det
−1 3 3 = 27
4 −3 2
46
Vejamos agora algumas propriedades do produto misto.
1. O produto misto (→
−
u ,−
→
v ,−
→
w ) muda de sinal ao trocarmos a posição de dois vetores.
(−
→
v ×−
→
w ) = (−
→
u ×−
→
v)·−
→
w.
2. (−
→
u +−
→
x ,−
→
v ,−
→
w ) = (−
→
u ,−
→
v ,−
→
w ) + (−
→
x ,−
→
v ,−
→
w)
(−
→
u ,−
→
v +−
→
x ,−
→
w ) = (−
→
u ,−
→
v ,−
→
w ) + (−
→
u ,−
→
x ,−
→
w)
(−
→
u ,−
→
v ,−
→
w +−
→
x ) = (−
→
u ,−
→
v ,−
→
w ) + (−
→
u ,−
→
v ,−
→
x)
3. (α−
→
u ,−
→
v ,−
→
w ) = (−
→
u , α−
→
v ,−
→
w ) = (−
→
u ,−
→
v , α−
→
w ) = α(−
→
u ,−
→
v ,−
→
w)
4. (−
→
u ,−
→
v ,−
→
w ) = 0 se, e somente se, os três vetores forem coplanares.
2 −1 1
(−
→
u ,−
→
v ,−
→
w ) = det
1 0 −1 = 3 ̸= 0
2 −1 4
47
Exemplo 3.4.3. Qual deve ser o valor de m para que os vetores −
→
u = (2, m, 0), −
→
v =
(1, −1, 2) e −
→
w = (−1, 3, −1) sejam coplanares?
2 m 0
Devemos ter (−
→u ,−
→
v ,−
→w ) = 0, isto é, det
1 −1 2
= 0 ou 2−2m−12+m = 0
−1 3 −1
e, portanto, m = −10.
Exemplo 3.4.4. Verifique se os pontos A(1, 2, 4), B(−1, 0, −2), C(0, 2, 2) e D(−2, 1, −3)
−2 −2 −6
−→ −→ −−→
(AB, AC, AD) =
−1 0 −2 = 0
−3 −1 −7
Portanto os pontos A, B, C e D são coplanares.
Atividades
1. Verifique se os vetores −
→
u = (3, 1, −2), −
→
v = (1, 2, 1) e −
→
w = (−2, 3, 4) são coplanares.
2. Para que valores de a os pontos A(a, 1, 2), B(2, −2, 3), C(5, −1, 1) e D(3, −2, 2) são
coplanares?
48
capítulo 4
Objetivos
49
4.1 Algumas Formas de Escrever a Equação de uma
Reta
uma reta r que passa por A e tem a direção de − →v . Um ponto P (x, y, z) pertence a
−→
r se, e somente se, o vetor AP é paralelo a −
→
v , isto é,
−→
AP = t−
→
v (4.1)
De 4.1, vem P − A = t−
→
v ou
P = A + t−
→
v (4.2)
ou, em coordenadas
Qualquer uma das equações 4.1, 4.2 ou 4.3 é denominada equação vetorial de r.
O vetor −
→
v é chamado vetor diretor da reta r e t é denominado parâmetro.
51
Exemplo 4.1.1. Determine a equação vetorial da reta r que passa pelo ponto A(3, 0, −5)
−
→ → −
− →
e tem a direção do vetor −
→
v =2 i +2j − k.
corresponde um número real t. Por exemplo, sabe-se que o ponto P (7, 4, −7) pertence
(7, 4, −7) = (3, 0, −5) + t(2, 2, −1), para algum número real t.
t(2, 2, −1) = (7, 4, −7) − (3, 0, −5) =⇒ t(2, 2, −1) = (4, 4, −2) =⇒
Vamos agora apresentar uma outra maneira de escrever as equações de uma reta.
x = x1 + at
y = y1 + bt (4.4)
z = z + ct
1
52
Exemplo 4.1.2. Dados o ponto A(2, 3, −4) e o vetor −
→
v = (1, −2, 3), pede-se:
x= 2+t
r:
y = 3 − 2t
z = −4 + 3t
x = 2 + (1) = 3
y = 3 − 2(1) = 1
z = −4 + 3(1) = −1
53
Para D(4, −1, 2) as equações
4= 2+t
−1 = 3 − 2t
2 = −4 + 3t
Vamos pensar o seguinte fato: Dados dois pontos, por exemplo, no espaço, como
Observe que a reta definida pelos pontos A e B é a reta que passa por A (ou B) e tem
−→
direção do vetor −
→
v = AB.
Vejamos um exemplo.
0,3cm
Exemplo 4.1.3. Escrever equações paramétricas da reta r que passa por A(3, −1, −2) e
B(1, 2, 4).
x = 3 − 2t
−→
Escolhendo o ponto A e o vetor −
→
v = AB = B−A = (−2, 3, 6), tem-se r : y = −1 + 3t
z = −2 + 6t
x = x1 + at y = y1 + bt z = z1 + ct
x − x1 y − y1 z − z1
t= t= t=
a b c
Como para cada ponto da reta corresponde um só valor para t, obtemos as igualdades
x − x1 y − y1 z − z1
= = (4.5)
a b c
54
As equações 4.5 são denominadas equações simétricas da reta que passa pelo ponto
Exemplo 4.1.4. A reta que passa pelo ponto A(3, 0, −5) e tem a direção do vetor − →v =
x−3 y z+5
(2, 2, −1), tem equações simétricas = = .
2 2 −1
Se desejarmos obter outros pontos da reta, basta atribuir um valor qualquer a uma das
5−3 y z+5
variáveis. Por exemplo, para x = 5, tem-se =1= = onde y = 2 e z = −6
2 2 −1
e, portanto, o ponto (5, 2, −6) pertence à reta.
Seja a reta r definida pelo ponto A(2, −4, −3) e pelo vetor diretor −
→
v = (1, 2, −3) e
A partir destas equações pode-se expressar duas variáveis em função da terceira. Iso-
y = 2x − 8 z = −3x + 3
Estas duas últimas equações são equações reduzidas da reta r, na variável x.
Observações
a) É fácil verificar que todo ponto P ∈ r é do tipo P (x, 2x − 8, −3x + 3), onde x pode
assumir um valor qualquer. Por exemplo, para x = 3 tem-se o ponto P1 (3, −2, −6) ∈
r.
55
y = mx + n
b) Equações reduzidas na variável x serão sempre da forma
z = px + q
c) Apartir das equações 4.6, pode-se obter as equações
x = 1y + 4
2 (equações reduzidas na variável y)
z = −3y − 9
2
ou
x = −1z + 1
3 (equações reduzidas na variável z).
y= 2
− z−6
3
d) Areta r das equações 4.6 pode ser representada pelas equações paramétricas
x= 2+t
y = −4 + 2t
z = −3 − 3t
Da primeira equação obtém-se t = x − 2 que, substituindo nas outras duas as trans-
forma em
y = −4 + 2(x − 2) = 2x − 8
z = −3 − 3(x − 2) = −3x + 3
que são as equações reduzidas de 4.7.
Atividades
x−3 y+1 z−2
1. Verifique se os pontos P1 (5, −5, 6) e P2 (4, −1, 12) pertencem à reta r : = = .
−1 2 −2
56
2. O ponto P (2, y, z) pertence à reta determinada por A(3, −1, 4) e B(4, −3, −1). Cal-
cule P .
5. Determine a equação da reta que passa por A(1, −2, 4) e é paralela ao eixo dos x.
a) concorrentes, isto é, situadas no mesmo plano. Nesse caso, as retas poderão ser:
57
A condição de paralelismo das retas r1 e r2 é a mesma dos vetores −
→
v1 =
(a1 , b1 , c1 ) e →
−
v = (a2 , b2 , c2 ), que definem as direções dessas retas, isto é:
−
→
v1 = m−
→
v2 ou
a1
=
b1
=
c1
a2 b2 c2
particular de paralelismo).
Nesse caso: r1 ∩ r2 = ∅
Observações
−−−→
A igualdade (→
−
v1 , −
→
v2 , A1 A2 ) = 0 é a condição de coplanaridade de duas retas r1 e
os vetores −
→
v1 e −
→
v2 :
−−−→
a) se r1 e r2 forem paralelas, serão coplanares, isto é, (→
−
v1 , −
→
v2 , A1 A2 ) = 0, pois
−−−→
duas linhas do determinante utilizado para calcular (−→
v1 , −
→
v2 , A1 A2 ) apresentam
elementos proporcionais −
→
v1 = k −
→
v2 .
−−−→
b) se r1 e r2 não forem paralelas, a igualdade (−
→
v1 , −
→
v2 , A1 A2 ) = 0 exprime a
58
Exemplo 4.2.1. Estude a posição relativa das retas:
x = 1 − 3t
y = 2x − 3
y = 4 − 6t
r1 : e r2 :
z = −x
z = 3t
−3 · −
→
v1 , as retas r1 e r2 são paralelas e não coincidentes (basta ver que o ponto
−−−→
. Calculemos o produto misto (−
→
v1 , −
→
2 3 4
As retas não são paralelas pois: ̸= ̸= v2 , A1 A2 )
1 −1 −2
para A1 (2, 0, 5) e A2 (5, 2, 7):
2 3 4
−
− −→
(−
→
v1 , −
→
v2 , A1 A2 ) =
1 −1 −2 = 0
3 2 2
o que significa que as retas r1 e r2 são concorrentes (se o determinante fosse diferente
59
e determinemos o seu ponto de intersecção. Se I(x, y, z) é este ponto, suas coorde-
solução do sistema:
y= −3x + 2
z= 3x − 1
x= −t
y= 1 + 2t
z= −2t
Eliminando t nas três últimas equações, temos o sistema equivalente
y = −3x + 2
z = 3x − 1
y = 1 − 2x
z = 2x
Sejam as retas r1 , que passa pelo ponto A1 (x1 , y1 , z1 ) e tem direção de um vetor
−
→
v1 = (a1 , b1 , c1 ), e r2 , que passa pelo ponto A2 (x2 , y2 , z2 ) e tem direção de um vetor
−
→
v2 = (a2 , b2 , c2 ).
60
Definição 4.3.1. Chama-se ângulo de duas retas r1 e r2 o menor ângulo de um vetor
(1, 1, −2) e −
→
v2 = (−2, 1, 1). Logo, temos
|−
→
v1 · − →
v2 | |(1, 1, 2) · (−2, 1, 1)|
cos θ = −→ −
→ =√ √
| v1 || v2 | 1 + 1 + (−2)2 × (−2)2 + 12 + 12
2 2
61
| − 2 + 1 − 2| | − 3| 3 1
cos θ = √ √ =√ √ = =
1+1+4× 4+1+1 6× 6 6 2
ortogonais se:
r1 ⊥ r2 ⇐⇒ −
→
v1 · −
→
v2 = 0
Duas retas ortogonais podem ser concorrentes ou não. Na figura anterior, as retas r1
e r2 são ortogonais a r, porém, r2 e r são concorrentes. Nesse caso, diz-se que são
perpendiculares.
são ortogonais.
Sendo −
→
v1 = (1, −2, 4) e →
−
v2 = (−2, 1, 1) vetores diretores de r1 e r2 tem-se:
−
→
v1 · −
→
v2 = 1(−2) − 2(1) + 4(1) = 0, portanto as retas r1 e r2 são ortogonais.
62
Agora, sejam as retas r1 e r2 não paralelas, com as direções de −
→
v1 e →
−
v2 , respectiva-
seus pontos.
Exemplo 4.3.3. Determine equações paramétricas da reta r que passa pelo ponto
Logo, tem-se
x= 3+t
r: y = 4 + 2t
z = −1 + 2t
63
Atividades
y = mx + 3
2) A reta r : é ortogonal à reta determinada pelos pontos A(1, 0, m)
z =x−1
e B(−2, 2m, 2m). Calcule o valor de m.
a) A = (base) · (altura) = |−
→
v | · d ou
−→
b) A = |−
→
v × AP |.
64
Comparando a) e b), vem
−→
|−
→
v × AP |
d = d(r1 , r2 ) = (4.10)
|−
→
v|
ponto à reta.
65
(c) r1 e r2 são reversas.
pedo (figura ??) cuja altura é a distância d(r1 , r2 ) que se quer calcular (a reta r2
66
−−−→
Então, A1 A2 = A2 − A1 = (1, −6, 0) e
1 −2 −1
−−−→
(−
→
v1 , −
→
v2 , A1 A2 ) =
1 1 −1 =3
1 −6 0
− −
→ → − →
i j j
→
−
v1 × −→
v2 = 1 −2 −1 = (3, 0, 3)
1 1 −1
√ √ √ √
|3| 3 3 32 · 6 6
Então temos d(r1 , r2 ) = =√ =√ =√ √ =
|(3, 0, 3)| 2
3 +3 2 18 18 · 18 6
Atividades
x = 1 − 2t
1) Calcule a distância do ponto P (1, 2, 3) à reta s : y = 2t .
z =2−t
x=0
y=3
2) Calcule a distância entre as retas r : es: .
y=z
z = 2x
67
capítulo 5
Planos
Objetivos
69
5.1 Equação de um Plano
−
→
n · (P − A) = 0
ou
(a, b, c) = (x − x1 , y − y1 , z − z1 ) = 0
ou
ou, ainda
ax + by + cz + d = 0 (5.1)
Observações
71
a) Assim como −
→
n = (a, b, c) é um vetor normal a π, qualquer vetor k →
−
n , k ̸= 0,
vetores normais é →
−
n (3, 2, −1).
c) Para obter pontos de um plano dado por uma equação geral, basta atribuir
dada.
3(4) + 2(−2) − z + 1 = 0 =⇒ 12 − 4 − z + 1 = 0 =⇒ z = 9
Exemplo 5.1.1. Obtenha uma equação geral do plano π que passa pelo ponto
Como −
→
n é normal a π, sua equação é do tipo:
3x + 2y − 4z + d = 0
Observação
Se um plano π intercepta os eixos coordenados nos pontos (p, 0, 0), (0, q, 0) e (0, 0, r)
72
com p · q · r ̸= 0, então π admite a equação
x y z
+ + =1
p q r
π e −
→
u = (a1 , b1 , c1 ) e −
→
v = (a2 , b2 , c2 ) dois vetores paralelos a π (figura 5.2),
porém, −
→
u e−
→
v não-paralelos.
−→ → −
Para todo ponto P do plano, os vetores AP , −
u e→
v são coplanares. Um ponto
P (x, y, z) pertence a π se, e somente se, existem números reais h e t tais que
P − A = h−
→
u + t−
→
v
ou
P = A + h−
→
u + t−
→
v
ou, em coordenadas
vetores diretores de π.
(x, y, z) = (x0 + a1 h + a2 t, y0 + b1 h + b2 t, z0 + c1 h + c2 t)
73
Estas equações são chamadas equações paramétricas de π e h e t são variáveis
Exemplo 5.1.2. Seja o plano π que passa pelo ponto A(2, 2, −1) e é paralelo aos
vetores −
→
u = (2, −3, 1) e −
→
v = (−1, 5, −3). Obtenha uma equação vetorial, um
• Equações paramétricas:
x = 2 + 2h − t
y = 2 − 3h + 5t
z = −1 + h − 3t
é simultaneamente ortogonal a −
→
u e−
→
v , ele é um vetor −
→
n normal ao plano π.
Exemplo 5.1.3. Dado o plano π determinado pelos pontos A(1, −1, 2), B(2, 1, −3)
e C(−1, −2, 6), obtenha um sistema de equações paramétricas e uma equação geral
de π.
74
• Equações paramétricas:
Sabe-se que existe apenas um plano que contém três pontos não em linha reta.
−→ −→
Os vetores não-paralelos −
→u = AB = (1, 2, −5) e −
→v = AC = (−2, −1, 4) são
Observações
mesmo plano.
não-paralelos.
75
c) Uma outra maneira de obter equações paramétricas a partir da equação geral, é
Atividade
1) Dado o plano π determinado pelos pontos A(2, −1, 3), B(1, 1, −1) e C(−3, −2, 2),
Sejam →
−
v um vetor diretor da reta r, −
→
n um vetor normal ao plano π e P um
i. r paralela a π
r//π ⇐⇒ −
→
v ·−
→
n = 0 e P ̸∈ π
ii. r contida em π
r ⊂ π ⇐⇒ −
→
v ·−
→
n =0eP ∈π
76
iii. r e π concorrentes (ou transversais)
r ∩ π = {P } ⇐⇒ −
→
v ·−
→
n ̸= 0
tes casos:
r : (x, y, z) = (1, 6, 2) + t(1, 1, 1); t ∈ ℜ
a)
π :x−z−3=0
r : x − 1 = y − 2 = 2(z − 1)
b)
π : (x, y, z) = h(6, 2, 1) + t(1, 2, 1); t, h ∈ ℜ
77
x= t
r:
y = −3 + 3t ; t ∈ ℜ
c)
z = −t
π : x + y + 2z − 1 = 0
a) −
→
v ·−→
n = (1, 1, 1) · (1, 0, −1) = 0. Logo, r ∩ π = r ou r ∩ π = ∅.
b) Sendo →
−
v = (1, 1, ) e −→
1
n = (6, 2, 1) × (1, 2, 1) = (0, −5, 10), temos que
2
−
→
v ·−
→n = 0. Logo, r ∩ π = r ou r ∩ π = ∅.
c) De −
→
v ·−
→
n = (1, 3, −1)·(1, 1, 2) = 2 ̸= 0 concluímos que r π são concorrentes.
Atividade
o plano π : 2x + y − z − 4 = 0.
78
5.3 Posições Relativas de Planos
quaisquer:
79
a) π1 : 2x + y − z + 1 = 0 e π2 : 4x + 2y − 2z + 2 = 0.
a) Observemos que − →n = 2−
π1
→n , assim os planos π e π são paralelos. Além
π2 1 2
b) Consideremos os vetores −
→
n π1 = (2, 1, 3) × (0, 0, 1) = (1, −2, 0) e −
→
n π2 =
(2, 1, −1).
Como estes vetores não são paralelos, temos que os planos π1 e π2 são con-
correntes.
c) Consideremos os vetores −
→
n π1 = (1, −2, 0) e −
→
n π1 = (−2, 4, 0). Observemos
que −
→
n π1 = −2−
→
n π2 , daí os planos π1 e π2 são paralelos. No entanto, P (1, 0, 1)
80
em que
x = −1 + 2t
r: y = 5 + 3t e π : 2x − y + 3z − 4 = 0
z = 4 − 2t
π1 : 5x − y + z − 5 = 0 e π2 : x + y + 2z − 7 = 0
A intersecção de dois planos não paralelos é uma reta r cujas equações se deseja
81
O sistema tem infinitassoluções (são os infinitos pontos de r) e, em termos
y = 3x − 1
de x, sua solução é r : que são equações reduzidas de r.
z = −2x + 4
B. Outra maneira de obter equações de r é determinar um de seus pontos e um
vetor diretor.
nas
equações do sistema 5.3 resulta o sistema
−y + z − 5 = 0
y + 2z − 7 = 0
cuja solução é y = −1 e z = 4. Logo, A(0, −1, 4).
e→
−
n2 = (1, 1, 2), normais aos planos π1 e π2 , respectivamente (figura ??), o
vetor −
→
v pode ser dado por
− → −
→ − →
i j k
−
→
v =−
→
n1 × −
→
n2 =
5 −1 1 = (−3, −9, 6)
1 1 2
1
ou também − (−3, −9, 6) = (1, 3, −2).
3
Escrevendo equações paramétricas de r, temos:
x= t
r:
y = −1 + 3t
z = 4 − 2t
82
Atividade
y − 3z + 5 = 0 e π2 : x + y − z − 3 = 0.
π2 : 3x − 5y − 2z + 5 = 0 sejam paralelos.
normal a π.
83
π
Tendo em vista que θ + ϕ = e, portanto, cos θ = sen ϕ, e com isso, temos
2
|−→v ·−→n| π
sen ϕ = − → −
→ , 0≤ϕ≤
| v || n | 2
x = 1 − 2t
Exemplo 5.4.1. Determinar o ângulo que a reta r :
y = −t forma
z = 3+t
com o plano π : x + y − 5 = 0.
Sejam os planos π1 : a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0 e π2 : a2 x + b2 y + c2 z + d2 =
0. Então, →
−
n1 = (a1 , b1 , c1 ) e −
→
n2 = (a2 , b2 , c2 ) são vetores normais a π1 e π2 ,
respectivamente.
|−
→
n1 · −
→
n2 | π
cos θ = −→ −
→ , com 0 ≤ θ ≤ (5.4)
|n1 ||n2 | 2
84
ou, em coordenadas:
|a1 a2 + b1 b2 + c1 c2 |
cos θ = √ √
a21 + b21 + c21 a22 + b22 + c22
π
Como cos θ ≥ 0 quando 0 ≤ θ ≤ , o numerador de 5.4 deve ser positivo,
2
razão pela qual tomou-se o produto escalar em módulo, pois que este poderá ser
e π2 : x + y − 4 = 0
Sendo −
→
n1 = (2, 1, 1) e −
→
n2 = (1, 1, 0) vetores normais a π1 e π2 , de acordo com
5.4 tem-se
√
|(2, 1, 1) · (1, 1, 0)| |2 + 1 + 0| 3 3 3
cos θ = √ √ = √ √ =√ = √ =
2 + 1 + (−1) · 1 + 1
2 2 2 2 2 6 2 12 2 3 2
√
3 π
Logo, θ = arc cos( )= .
2 6
Como verificar, a partir de suas equações, se dois planos são perpendiculares?
respectivamente. Logo
π1 ⊥ π2 ⇐⇒ −
→
n1 ⊥ −
→
n2 ⇐⇒ −
→
n1 · −
→
n2 = 0
Sendo −
→
n1 = (3, 1, −4) e →
−
n2 = (2, 6, 3) vetores normais a π1 e π2 , respectiva-
mente, e como
−
→
n1 · −
→
n2 = 3(2) + 1(6) − 4(3) = 0
85
conclui-se que π1 e π2 são perpendiculares.
Atividades
z + 1 = 0.
π2 : 3x − my + 2z − 1 = 0 sejam perpendiculares.
mesma direção de −
→
n.
86
−−→ −−→
Observando que o vetor AP0 é a projeção do vetor P P0 na direção de −
→
n , de
mas
−−→
P P0 = (x0 − x, y0 − y, z0 − z)
e
−
→
n (a, b, c)
−
→
|n|
= 2
a + b2 + c2
logo
(a, b, c)
d(P0 , π) = (x0 − x, y0 − y, z0 − z) · √
a2 + b2 + c2
|a(x0 − x) + b(y0 − y) + c(z0 − z)|
d(P0 , π) = √
a2 + b2 + c2
|ax0 + by0 + cz0 − ax − by − cz|
d(P0 , π) = √
a2 + b2 + c2
Em virtude de P pertencer ao plano π:
−ax − by − cz = d
e, portanto
|ax0 + by0 + cz0 + d|
d(P0 , π) = √ (5.5)
a2 + b2 + c2
87
Examinando esta fórmula, vê-se que o numerador é o módulo do número que
plano.
Observação
|d|
d(O, π) = √
a2 + b2 + c2
y + 2z + 8 = 0.
forem paralelos.
ou
88
Como se vê, a distância entre dois planos paralelos se reduz ao cálculo da
e π2 : 4x − 4y + 2z + 14 = 0
Atividades
3x − 6z − 8 = 0.
x=3
3) Determine a distância da reta r : ao plano π : x + y − 12 = 0.
y=4
4) Dado o tetraedro de vértices A(1, 2, 1), B(2, −1, 1), C(0, 1, −1) e D(3, 1, 0),
89
capítulo 6
Mudança de Coordenadas
Objetivos
91
6.1 Coordenadas Polares
Até aqui, localizamos um ponto no plano por suas coordenadas cartesianas re-
e uma reta orientada passando pelo polo chamada eixo polar (usualmente to-
93
coordenadas polares de um ponto P do plano são escritas na forma (r, θ).
polares.
x = r cos θ e y = r sen θ
√
r= x2 + y 2
x y √
cos θ = √ e sen θ = √ , se x2 + y 2 ̸= 0.
x2 + y 2 x2 + y 2
Estendemos as coordenadas polares para o caso no qual r é negativo da seguinte
forma:
Assim, (r, θ) e (−r, θ) estão na mesma reta que passa pelo pólo, à distância |r|
94
Logo, r = 0 ou r(r − 4cos θ) = 0. O gráfico de r = 0 é a origem, contudo, ela
e raio 2.
Atividades
em que esta reta intercepta o plano xy. Sejam (r, θ) as coordenadas polares
′
de P no plano xy. As coordenadas cilíndricas do ponto P são as coordenadas
′
polares de P juntamente com a terceira coordenada retangular, z, de P e são
95
escritas na forma (r, θ, z).
cilíndricas.
equações
z.
r2 = z.
96
Ache uma equação em coordenadas cartesianas da superfície cuja equação é
r = sen θ.
x2 + y 2 = y,
raio α/2 e centro no ponto cujas coordenadas cartesianas são (0, α/2).
Atividade
97
′
P , θ. As coordenadas esféricas de um ponto P são escritas na forma (ρ, θ, ϕ).
esféricas.
equações
negativo do eixo z.
98
Exemplo 6.3.1. Ache uma equação em coordenadas cartesianas da superfície
6z = 0.
Atividade
−→
OP = (x, y, z) = (x, 0, 0) + (0, y, 0) + (0, 0, z)
→
− →
− −
→
= x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1) = x i + y j + z k ,
−
→ −
→ −
→
em que i = (1, 0, 0), j = (0, 1, 0) e k = (0, 0, 1). Ou seja, as coor-
99
necessário usarmos um segundo sistema de coordenadas ortogonal, por
′ √
exemplo, determinado por uma origem O = (2, 3/2, 3/2), U1 = ( 3/2, 1/2, 0),
√ −→ ′
U2 = (−1/2, 3/2, 0) e U3 = (0, 0, 1) = k , então {O , U1 , U2 , U3 } determina
′
um novo sistema de coordenadas: aquele com origem no ponto O , cujos eixos
′ ′ ′ ′
x , y e z são retas que passam por O orientadas com os sentidos e direções
de U1 , U2 e U3 , respectivamente.
′
As coordenadas de um ponto P no sistema de coordenadas {O , U1 , U2 , U3 } são
−−′→
definidas como sendo os escalares que aparecem ao escrevermos O P como com-
−−′→ ′ ′ ′
O P = x U1 + y U2 + z U3 ,
100
′
então as coordenadas de P no sistema {O , U1 , U2 , U3 } são dadas por
′
x
′
[P ]{O′ ,U1 ,U2 ,U3 } =
y .
′
z
′ −→
Vamos considerar, inicialmente, o caso em que O = O . Assim, se OP =
′ ′ ′ −→
(x, y, z), então x U1 + y U2 + z U3 = OP pode ser escrito como
′
[ ] x x
′
U1 U2 U3
y = y
′
z z
[ ]
Multiplicando-se à esquerda pela transposta da matriz Q = U1 U2 U3 ,
obtemos
′
U1t
[ ] x x U1t
′
Ut U U U y = Ut y
2 1 2 3 2
′
U3t z U3t z
Mas, como U1 , U2 e U3 são unitários e mutuamente ortogonais, então,
] U1 · U1 U1 · U2 U1 · U3
t
U1 [
Qt Q =
2
U t
U 1 U2 U 3 = U · U U · U U · U = I3
2 1 2 2 2 3
U3t U3 · U1 U3 · U2 U3 · U3
[ ]
Assim, a matriz Q = U1 U2 U3 é invertível e Q−1 = Qt . Dessa forma as
dados por
′
x x
′
[P ]{O,U1 ,U2 ,U3 } =
y = Qt y = Qt [P ] −
→− →− → .
{O, i , j , k }
′
z z
101
Também no plano temos o mesmo tipo de situação que é tratada de forma
−−′→ ′ ′
O P = x U1 + y U2 ,
′
então as coordenadas de P no sistema {O , U1 , U2 } são dadas por
′
x
[P ]{O′ ,U1 ,U2 } = .
′
y
′
Vamos considerar, também no plano, inicialmente o caso em que O = O .
−→ ′ ′ −→
Assim, se OP = (x, y), então x U1 + y U2 = OP pode ser escrito como
[ ] ′
x x
U1 U2 ′ =
y y
[ ]
Multiplicando-se à esquerda pela transposta da matriz Q = U1 U2 , obte-
mos
[ ] ′
U1t x U1t
x
U1 U2 ′ = .
U2t y U2t y
Novamente, como U1 e U2 são unitários e mutuamente ortogonais, então
[ ]
U1 U1 U1 U2 U1 · U1 U1 · U2
t t t
U1
Qt Q = U1 U2 = = = I2
U2t t t
U2 U1 U2 U2 U2 · U1 U2 · U2
[ ]
Assim, a matriz Q = U1 U2 é invertível e Q−1 = Qt . Desta forma as
102
′ ′
{O, U1 , U2 } estão bem definidas, ou seja, x e y estão unicamente determinados
′
Exemplo 6.4.1. Considere o sistema de coordenadas no plano em que O = O,
√ √
U1 = ( 3/2, 1/2) e U2 = (−1/2, 3/2). Se P = (2, 4), vamos determinar as
dadas por
√
2 2+ 3
[P ]{O,U1 ,U2 } = Qt = √ .
4 2 3−1
103
Exemplo 6.4.2. Considere o mesmo sistema de coordenadas do exemplo an-
terior, mas, agora, seja P (x, y) um ponto qualquer do plano. Vamos determi-
original {O, E1 = (1, 0), E2 = (0, 1)} por uma rotação de um ângulo θ. Obser-
vando a figura abaixo, obtemos U1 = (cos θ, sen θ) e U2 = (−sen θ, cos θ). Seja
104
P = (x, y) um ponto qualquer do plano. Vamos determinar as coordenadas de
ou
Rθ X = P,
cos θ −sen θ x
em que Rθ = e P = . A solução é dada por
sen θ cos θ y
′
x −1 t cos θ sen θ x
= Rθ P = Rθ P = .
′
y −sen θ cos θ y
105
6.4.2 Translação dos Eixos Coordenados
′
Vamos considerar, agora, o caso em que O ̸= O, ou seja, em que ocorre uma
−−′→ −→ −−→′
O P = OP − OO .
−−→′
Assim, se OO = (h, k), então
−−′→ ′ ′
O P = (x , y ) = (x, y) − (h, k) = (x − h, y − k)
′ ′ ′ ′
O eixo x tem equação y = 0, ou seja, y = k e o eixo y , x = 0, ou seja,
x = h.
106
Atividades
x2 + y 2 + 4z 2 = 16.
x2 + y 2 + z 2 − 8x = 0.
107
capítulo 7
Cônicas
Objetivos
109
7.1 Introdução
Imagine duas retas que não são perpendiculares e que se interceptam no ponto
V . Se fixarmos uma das retas como eixo e fizermos uma rotação com a outra ao
redor desse eixo, obtemos um sólido denominado cone circular reto com vértice
V , como ilustrado abaixo. Note que o ponto V divide o cone em duas partes,
chamadas folhas.
Mas, você deve estar se perguntando, qual é a relação que existe entre esse tal
parábola são originadas a partir desse tal cone. Com isso, podemos definir uma
um cone circular reto. As três secções cônicas básicas são a parábola, a elipse
e a hipérbole.
111
Percebeu o aspecto geométrico dessas curvas? Pois bem! Vamos conhecer um
300) a.C., o crédito de ter publicado o primeiro tratado sobre as seções cônicas,
referindo-se aos Cinco livros sobre seções cônicas de Aristeu, nos quais foi
nos oito livros da sua obra Seções Cônicas. No entanto, a História indica que as
cônicas foram descobertas pelo matemático grego, Menaecmus (380 − 320) a.C.
112
Platão.
são obtidas cortando um cone com um plano não paralelo a sua base. Mesmo
assim, pensava-se que os nomes dessas curvas foram inventados por Apolônio,
7.2 Elipse
Certo dia, quando fazia a manutenção semanal do jardim, resolveu fazer uma
curva no gramado de modo a plantar rosas na região delimitada por essa curva.
113
Essa curva , que o senhor Antônio construiu com tanto carinho, é denominada
será denotada por 2a > 0, maior do que a distância entre os focos 2c, ou seja
Você deve ter notado que, a definição anterior representa a elaboração mate-
Observe que, comparando a definição dada com a curva que o senhor Antônio
Terminologia:
• A reta que contém os focos é a reta focal, que será denotada por l;
114
A1 e A2 , chamados vértices da elipse sobre a reta focal.
2a.
focal.
′
• A elipse intercepta a reta não focal l em exatamente dois pontos, B1 e B2 ,
é 2b, em que b2 = a2 − c2 .
elipse? Você tem alguma ideia? A excentricidade é uma medida que mostra
segmento de reta. Fixada a medida 2a do eixo focal, tem-se que: quanto mais
115
Assim, quanto mais próximo de zero estiver o número e = ac , mais próximos
pontos da elipse.
E = {P ; dist(P, C) = a}
tema
Quando você se depara com a expressão equação da elipse, o que lhe vem à
ção da elipse em relação a esse sistema de eixos para alguns casos especiais.
e vértices em A1 = (−a, 0), A2 = (a, 0), B1 = (0, −b) e B2 = (0, b), tem por
equação
x2 y 2
+ 2 =1
a2 b
Demonstração. Seja E a elipse mencionada, e P um ponto de E. Então, usando
116
a definição de elipse, temos:
P ∈ E ⇐⇒ dist(P, F1 ) + dist(P, F2 ) = 2a
√ √
(x + c)2 + y 2 + (x − c)2 + y 2 = 2a
√
(x + c)2 + y 2 = 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 + (x − c)2 + y 2
e, após simplificar
√
4xc = 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2
x2 y 2
b2 x2 + a2 y 2 = a2 b2 ⇐⇒ + 2 =1
a2 b
117
E, então, você já tem em mente o significado da equação de uma elipse? Essa
equação
x2 y 2
+ 2 =1
b2 a
Exemplo 7.2.1. Os focos de uma elipse são os pontos (2, 0) e (−2, 0) e sua
2
excentricidade é igual a . Determinar a equação da elipse.
3
Temos que a reta focal é o eixo das abscissas, o centro da elipse é a origem
2 c
C(0, 0) , c = 2 e e = = =⇒ a = 3.
3 a
118
Logo, b2 = a2 − c2 = 9 − 4 = 5
x2 y 2
Portanto a equação da elipse é + =1
9 5
Exemplo 7.2.2. Uma elipse tem seu centro na origem e um de seus vértices
√ 14
sobre a reta focal é (0, 7). Se a elipse passa pelo ponto ( 5, ), determinar
3
sua equação.
A reta focal, que contém o centro e o vértice dados, é o eixo das ordenadas. A
x2 y 2
+ 2 =1
b2 7
√ 14
Como ( 5, ) ∈ E, temos que
3
√ 14
5 5 4
+ 3
= 1 =⇒ = 1 − =⇒ b2 = 9
b2 49 b2 9
Assim, a equação da elipse é
x2 y 2
+ =1
9 49
Antes de prosseguirmos, vamos questionar o seguinte: Como obter as equações
sistema?
119
que estudamos anteriormente? Pois bem, faremos uso da translação de eixos
′
7.2.2 Equação da Elipse com Centro no Ponto O (x0 , y0 )
′
Proposição 7.2.3. A equação da elipse com centro no ponto O (x0 , y0 ) e eixo
(x − x0 )2 (y − y0 )2
+ =1
a2 b2
′
Demonstração. Como o centro O (x0 , y0 ) pertence à reta focal, temos que
′ ′
Além disso, como dist(F1 , O ) = dist(F2 , O ) = c, em que F1 e F2 são os focos
′ ′
Seja um ponto P (x + x0 , y + y0 ) pertencente à elipse, em que x e y são suas
′ ′ ′ ′ ′
coordenadas no sistema xoy e x e y são suas coordenadas no sistema x O y ,
Então,
P ∈ E ⇐⇒ dist(P, F1 ) + dist(P, F2 ) = 2a
120
ou seja,
′ ′ ′ ′
dist((x + x0 , y + y0 ), (x0 − c, y0 )) + dist((x + x0 , y + y0 ), (x0 + c, y0 )) = 2a
′ ′ ′ ′
dist((x , y ), (−c, 0)) + dist((x , y ), (c, 0)) = 2a
portanto
′ ′
(x )2 (y )2 (x − x0 )2 (y − y0 )2
+ = 1 ⇐⇒ + =1
a2 b2 a2 b2
′
Proposição 7.2.4. A equação da elipse com centro no ponto O (x0 , y0 ) e eixo
(x − x0 )2 (y − y0 )2
+ =1
b2 a2
121
Demonstração. Análoga ao caso anterior.
da elipse de equação
4x2 + 9y 2 − 8x − 36y + 4 = 0
(x − x0 )2 (y − y0 )2
+ =1
a2 b2
Primeiramente, vamos agrupar os termos de mesma variável
ou
122
ou
(x − 1)2 (y − 2)2
+ =1
9 4
Agora, comparando esta última equação com a equação padrão, temos que
mas
a2 = 9 =⇒ a = 3 b2 = 4 =⇒ b = 2
123
√
9 = 4 + c2 =⇒ c = 5
√ √
F1 (1 − 5, 2), F2 (1 + 5, 2)
√
c 5
e= = .
a 3
Atividades
d) 9x2 + 5y 2 − 45 = 0
e) 4x2 + y 2 = 1
124
b) vértices A(0, ±6) e passando por P (3, 2)
d) centro C(2, 1), tangente aos eixos coordenados e eixos de simetria paralelos
(x − 2)2 (y + 3)2
a) + =1
16 9
b) 25x2 + 16y 2 + 50x + 64y − 311 = 0
d) 4x2 + 9y 2 − 8x − 36y + 4 = 0
125
7.3 Hipérbole
Terminologia:
dist(A1 A2 ) = 2a.
126
′
focal da hipérbole. Como l é a mediatriz do segmento F1 F2 , a hipérbole não
′ ′
interce a reta não focal l , pois se P ∈ l , temos
| dist(P, F1 ) − dist(P, F2 ) |= 0 ̸= 2a
eixo não focal ou o quanto esses pontos se aproximam da reta que contém
127
Pelo teorema de Pitágoras, as diagonais do retângulo de base de H tem com-
base é igual a c.
• Duas hipérboles tais que o eixo focal de cada uma é igual ao eixo não focal da
de duas hipérboles conjugadas são iguais, elas tem o mesmo centro, mesmas
x2 y 2
− 2 =1
a2 b
Demonstração. Neste caso, temos F1 (−c, 0), F2 (c, 0), A1 (−a, 0), A2 (a, 0), B1 (0, −b),
mas
√ √
| dist(P, F1 ) − dist(P, F2 ) |= (x + c)2 + y 2 − (x − c)2 + y 2 = ±2a
128
Continuando o desenvolvimento de maneira análoga ao caso da elípse, e lem-
x2 y 2
− 2 =1
a2 b
y 2 x2
− 2 =1
a2 b
Demonstração. Neste caso, temos F1 (0, −c), F2 (0, c), A1 (0, −a), A2 (0, a), B1 (−b, 0)
e B2 (b, 0).
129
x2 y 2
− = 1.
7 9
Agora,
√
a2 = 7 =⇒ a = 7
b2 = 9 =⇒ b = 3
c2 = 7 + 9 =⇒ c = 4
c 4
e= =√
a 7
130
Exemplo 7.3.2. Determine a equação da hipérbole equilátera com focos nos
√ √
pontos (− 8, 0) e ( 8, 0).
√ √ F1 + F2
Como F1 (− 8, 0) e F2 ( 8, 0), temos que o centro da hipérbole é C = =
2
(0, 0) e a reta focal é o eixo das abscissas. Sendo a hipérbole equilátera, temos
√
que a = b. Como c = 8 e c2 = a2 + b2 , obtemos 8 = a2 + a2 = 2a2 , isto é,
a2 = 4. Logo, a = b = 2 e
x2 y 2
H: − =1
4 4
é a equação da hipérbole.
√
Como a = b e c2 = a2 + b2 temos que c2 = 2a2 , ou seja, c = 2a. Logo,
√ √
e = ac = a2a = 2.
Exemplo 7.3.4. Os vértices de uma hipérbole são os pontos (0, 3) e (0, −3)e,
ponto (0, −5) representa as coordenadas do outro foco. Com isso, temos que,
b2 = c2 − a2 = 16.
y 2 x2
Então, H : − = 1 é a equação da hipérbole, y = ± 4y
3
são suas assíntotas
9 16
e 2a = 6 é o comprimento do seu eixo focal.
131
′
7.3.2 Equação da Hipérbole com Centro no Ponto O (x0 , y0 )
(x − x0 )2 (y − y0 )2
− =1
a2 b2
′
Demonstração. Como o centro O (x0 , y0 ) pertence a reta focal, temos que
′ ′
dist(F1 , O ) = dist(F2 , O ) = c
′ ′
Seja P (x + x0 , y + y0 ) um ponto pertencente a hipérbole, onde
′ ′
x = x + x0 y = y + y0
′ ′
são suas coordenadas no sistema xOy e x e y são suas coordenadas no sistema
′ ′ ′ ′
x O y , obtido transladando o sistema xOy para a origem O (x0 , y0 ).
Então,
132
ou seja
′ ′ ′ ′
| dist((x + x0 , y + y0 ), (x0 − c, y0 )) − dist((x + x0 , y + y0 ), (x0 + c, y0 )) |= 2a
que é equivalente a
′ ′ ′ ′
| dist((x , y ), (−c, 0)) − dist((x , y ), (c, 0)) |= 2a
Logo, temos
′ ′
(x )2 (y )2 (x − x0 )2 (y − y0 )2
− 2 = 1 ⇐⇒ − =1
a2 b a2 b2
133
(y − y0 )2 (x − x0 )2
− =1
a2 b2
Demonstração. Análoga ao caso anterior.
(x + 3)2
(y − 1)2 − =1
2
Logo, a equação representa uma hipérbole com:
√ √ √ √
• a = 1, b = 2ec= a2 + b 2 = 1+2= 3.
134
Exemplo 7.3.6. Mostre que as assíntotas de uma hipérbole não se intersectam.
x2 y 2
H: 2 − 2 =1
a b
ou seja, H : b2 x2 − a2 y 2 = a2 b2 .
(x, y) ∈ r+ ∪ r− .
Atividades
x2 y2
a) − =1
100 64
y2 x2
b) − =1
100 64
c) 9x2 − 16y 2 = 144
d) x2 − 2y 2 − 8 = 0
135
e) x2 − 4y 2 − 18x − 16y − 43 = 0
d) centro C(−2, 1), eixo focal paralelo ao eixo das abscissas, passando por (0, 2)
e (−5, 6)
136
7.4 Parábola
Com uma mangueira de água, dirija o jato obliquamente para cima e observe a
trajetória percorrida pela água. Essa trajetória é parte de uma curva denomi-
nada parábola. Pense outras situações reais que você acredita ser uma parábola
e depois compare suas situações com a definição formal dessa curva que é dada
se seguir.
Definição 7.4.1. Seja L uma reta no plano e F um ponto no plano não per-
seja
Terminologia
diretriz da parábola.
focal da parábola.
AF , ou seja,
A+F
V =
2
137
• O número dist(P, L) = 2p é o parâmetro da parábola. Note que dist(V, F ) =
dist(V, L) = p.
eixos coordenados.
coincidente com o eixo das abscissas e foco à direita da diretriz é dada por
y 2 = 4px
Logo,
138
P (x, y) ∈ P ⇐⇒ dist(P, F ) = dist(P, L)
√
(x − p)2 + y 2 =| x + p |
(x − p)2 + y 2 = (x + p)2
y 2 = 4px
coincidente com o eixo das abscissas e foco à esquerda da diretriz é dada por
y 2 = −4px
Então,
139
√
(x + p)2 + y 2 =| x − p |
(x + p)2 + y 2 = (x − p)2
y 2 = −4px
coincidente com o eixo das ordenadas e foco acima da reta diretriz é dada por
x2 = 4py
Logo,
140
√
P (x, y) ∈ P ⇐⇒ dist(P, F ) = dist(P, L) ⇐⇒ x2 + (y − p)2 ⇐⇒ x2 = 4py
coincidente com o eixo das ordenadas e foco abaixo da diretriz é dada por
x2 = −4py
Logo,
√
P (x, y) ∈ P ⇐⇒ dist(P, F ) = dist(P, L) ⇐⇒ x2 + (y + p)2 ⇐⇒ x2 = −4py
• parâmetro: p = 2;
• diretriz: y = −2.
141
Exemplo 7.4.2. Considere uma parábola P com vértice na origem, cuja reta
focal é o eixo Oy e que passa pelo ponto (4, −2). Determine sua equação, o
Como (4, −2) ∈ P, temos que P : x2 = −4py e 16 = 8p. Logo, p = 2; F (0, −2),
focal paralela ao eixo das abscissas e foco a direita da diretriz é dada por
(y − y0 )2 = 4p(x − x0 )
′ ′
Como x = x + x0 e y = y + y0 , temos que a equação da parábola no sistema
xOy é (y − y0 )2 = 4p(x − x0 ).
142
(y − y0 )2 = −4p(x − x0 )
′ ′ ′
Como nos casos anteriores, considerando um sistema de eixos ortogonais x O y
′ ′ ′ ′ ′
com origem O = V (x0 , y0 ) e eixos O x e O y paralelos e de igual sentido
parábolas com vértice V (x0 , y0 ) e reta focal paralela ao eixo das ordenadas.
(x − x0 )2 = 4p(y − y0 )
definição de parábola.
143
Proposição 7.4.8. A equação da parábola com vértice no ponto V (x0 , y0 ), reta
focal paralela ao eixo das ordenadas e foco abaixo da diretriz é dada por
(x − x0 )2 = −4p(y − y0 )
definição de parábola.
elementos principais.
logo
−5
(y + 2)2 = (x − 3)
2
representa uma parábola com:
144
5 19
• foco: (3 − , −2) = ( , −2) à esquerda da diretriz;
8 8
5 29
• diretriz: L : x = 3 + =
8 8
Exemplo 7.4.4. Determine a equação da parábola P de vértice V (3, 4) e foco
Como V (3, 4) e F (3, 2), a reta focal é l : x = 3 e, nessa reta, F está abaixo de
P : (x − 3)2 = −4p(y − 4)
P : (x − 3)2 = −8(y − 4)
é a equação da parábola.
Atividades
a) x2 = −12y
b) y 2 = −100x
c) x2 + 4x + 8y + 12 = 0
d) y 2 + 4y + 16x − 44 = 0
e) y 2 + 2y − 16x − 31 = 0
145
2) Estabeleça a equação de cada uma das parábolas sabendo que:
146
capítulo 8
Superfícies Quádricas
Objetivo
147
8.1 Introdução
que podem ser consideradas, por assim dizer, a versão tridimensional das cô-
nicas. Veremos, no decorrer de nossa conversa, que tais superfícies podem ser
forma
tada pelos planos coordenados ou por planos paralelos a eles, a curva de in-
ax2 + by 2 + 2dxy + mx + ny + q = 0
149
8.2 Elipsoide
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 =1
a2 b c
em que todos os coeficientes dos termos do primeiro membro dessa equação são
Embora a terra seja usualmente modelada por uma esfera, um modelo mais
x2 y 2
+ 2 =1
a2 b
e os traços nos planos xOz e yOz são as elípses
x2 z 2
+ 2 =1
a2 c
e
y2 z2
+ 2 =1
b2 c
150
respectivamente.
y2 z2
+ 2 =1
b2 c
do plano yOz em torno do eixo das ordenadas.
x2 z 2
+ =1
4 4
No caso de a = b = c a equação
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 =1
a2 b c
toma a forma
x2 + y 2 + z 2 = a2
(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
+ + =1
a2 b2 c2
obtida através de uma translação de eixos.
equação
151
(x − x0 )2 + (y − y0 )2 + (z − z0 )2 = a2
x2 y 2 z 2
+ 2 − 2 =1
a2 b c
representa um hiperboloide de uma folha ao longo do eixo z. As outras formas
x2 y 2 z 2
− 2 + 2 =1
a2 b c
e
x2 y 2 z 2
− + 2 + 2 =1
a2 b c
representam hiperbolóides de uma folha ao longo dos eixos das ordenadas e das
abscissas, respectivamente.
Você sabia que torres de resfriamento para reatores nucleares são usualmente
estrutural?
152
O traço no plano xOy da equação
x2 y 2 z 2
+ 2 − 2 =1
a2 b c
é a elípse
x2 y 2
+ 2 =1
a2 b
e os traços nos planos xOz e yOz são as hipérboles
x2 z 2
− 2 =1
a2 c
e
y2 z2
− 2 =1
b2 c
respectivamente.
hipérboles.
Se na equação
x2 y 2 z 2
+ 2 − 2 =1
a2 b c
tivermos a = b, o hiperboloide é de revolução, gerado pela rotação de uma
153
8.4 Hiperboloide de Duas Folhas
x2 y 2 z 2
− + 2 − 2 =1
a2 b c
representa um hiperboloide de duas folhas ao longo do eixo das ordenadas.
As equações
x2 y 2 z 2
− 2 − 2 =1
a2 b c
e
x2 y 2 z 2
− − 2 + 2 =1
a2 b c
representam hiperboloides de duas folhas ao longo do eixo das abscissas e do
Os traços da superfície
x y2 z2
− + − 2 =1
a2 b2 c
nos planos xOy e yOz são, respectivamente, as hipérboles
154
y 2 x2
− 2 =1
b2 a
y2 z2
− 2 =1
b2 c
O plano xOy não intercepta a superfície, nem qualquer plano y = k, onde
| k |< b.
x2 z 2 k2
+ = −1
a2 c2 b2
Os traços nos planos x = k e z = k são hipérboles.
Se na equação
x2 y 2 z 2
− + 2 − 2 =1
a2 b c
tivermos a = c, o hiperboloide é denominado de revolução, gerado pela rotação
de uma hipérbole em torno de seu eixo focal. O traço no plano y = k,| x |> b,
é a circunferência
x2 k 2 z 2
− + 2 − 2 =1
a2 b a
ou
x2 z 2 k2
+ = −1
a2 a2 b2
155
8.5 Paraboloide Elíptico
x2 y 2
+ 2 = cz
a2 b
representa um paraboloide elíptico ao longo do eixo z. As equações
x2 z 2
+ 2 = bz
a2 c
e
y2 z2
+ 2 = az
b2 c
representam paraboloides elípticos ao longo dos eixos das ordenadas e abscissas,
respectivamente.
Os chamados paraboloides circulares, que são obtidos pela rotação de uma pa-
rábola em torno de seu eixo, são usados para coletar e refletir luz, som e sinais
distantes que atingem a bacia são refletidos para o receptor no foco e assim
na forma de paraboloides.
156
Agora, se tomarmos a superfície de equação
x2 y 2
+ 2 = cz
a2 b
seu traço, no plano xOy, é a origem (0, 0, 0), e os traços, nos planos xOz e
x2 y2
= cz, = cz
a2 b2
respectivamente.
y = k são parábolas.
Se na equação
x2 y 2
+ 2 = cz
a2 b
tivermos a = b, o paraboloide é dito de revolução e pode ser gerado pela rotação
da parábola
y2
= cz
b2
em torno do eixo z. Nesse caso, o traço no plano z = k é uma circunferência.
157
8.6 Paraboloide Hiperbólico
y 2 x2
− 2 = cz
b2 a
representa um paraboloide hiperbólico ao longo do eixo z e as equações
z 2 x2 z2 y2
− 2 = by − 2 = ax
c2 a c2 b
representam paraboloides hiperbólicos situados ao longo dos eixos Oy e Ox,
respectivamente.
O traço da superfície
y 2 x2
− 2 = cz
b2 a
no plano xOy é o par de retas
y 2 x2
− 2 =0
b2 a
e os traços, nos planos xOz e yOz, são as parábolas
158
x2 y2
− = cz = cz
a2 b2
que têm o eixo z como eixo de simetria e concavidade para baixo e para cima,
respectivamente.
das ordenadas caso k seja positivo e paralelo ao eixo das abscissas caso k seja
cônica é uma superfície gerada por uma reta que se move apoiada numa curva
plana qualquer e passando sempre por um ponto dado não situado no plano
desta curva. Vamos traduzir isso para uma linguagem mais adequada.
superfície gerada por todas as retas que passam por V e por algum ponto de γ,
ou seja
−→
S = {V + tV P ; P ∈ γ, t ∈ R}
−→
As retas S = {V + tV P ; t ∈ R} com P ∈ γ são as geratrizes da superfície
seguir:
159
( ou circunferência) com o vértice na origem do sistema e com seu eixo sendo
x2 y 2 z 2
+ 2 − 2 =0
a2 b c
O traço no plano xOy é o ponto (0, 0, 0). O traço no plano yOz tem equações
y2 z2
− 2 =0
b2 c
de onde obtemos duas retas que passam pela origem
b
y= z
a
e
b
y=− z
a
O traço no plano xOz, de forma análoga, é constituido por duas retas que
160
x2 y 2 z 2
− + 2 + 2 =0
a2 b c
e
x2 y 2 z 2
− 2 + 2 =0
a2 b c
respectivamente.
Informalmente, uma superfície cilíndrica é uma superfície gerada por uma reta
que se move paralelamente a uma outra reta fixa em contato permanente com
S = {P + t−
→
v ; P ∈ γ, t ∈ R}
Iremos considerar apenas superfícies cilíndricas cuja diretriz é uma curva que
161
Agora, note que, em geral, o gráfico de uma equação que não contém uma
plano correspondente.
Atividades
a) x2 + y 2 + z 2 = 25
b) 2x2 + 4y 2 + z 2 − 16 = 0
c) x2 − 4y 2 + 2z 2 = 8
d) z 2 = x2 + y 2
e) x2 + y 2 = 9
162
Para Final de Conversa...
Que bom que você chegou ao final desta disciplina. Essa chegada é fruto de sua vontade,
dedicação e persistência. Sabemos que não foi fácil essa caminhada.
Certamente, ao cursar esta disciplina, você revisou vários conteudos e adquiriu novos
conhecimentos, que serão indispensáveis para você continuar seus estudos em Matemática,
além de proporcionar a você mais autoconfiança em sua vida profissional.
Desejamos-lhe muito sucesso em seus estudos. Estamos felizes por termos feito parte
dessa etapa de sua vida.
Os Autores.
163
Referências
WINTERLE ,P.; STEINBRUCH, A. Geometria Analítica. São Paulo: Pearson Makron Books,
2006.
165