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Professor Esp.

Paulo Pardo

MERCADO FINANCEIRO E DE
CAPITAIS

GRADUAÇÃO
GESTÃO FINANCEIRA

MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva


Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenação de Polos: Diego Figueiredo Dias
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Curso: José Renato de Paula Lamberti
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Luiz Fernando Rokubuiti e Renata Sguissardi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda
Canova Vasconcelos

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR



CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
a distância:

C397 Mercado financeiro e de capitais/ Paulo Pardo. Maringá -
PR, 2012.
176 p.

“Curso de Graduação em Administração - EaD”.


1. Administração. 2. Mercado financeiro. 3. Mercado de capi
tais. 4.EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 332.6


CIP - NBR 12899 - AACR/2

“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site PHOTOS.COM”.
MERCADO FINANCEIRO E DE
CAPITAIS
Professor Esp. Paulo Pardo
APRESENTAÇÃO
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para
todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com
eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.

Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que


fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro.

Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso


de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos
brasileiros.

No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas


do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-
extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que
contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.

Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação
continuada.

Professor Wilson de Matos Silva


Reitor

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 5


Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de
Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se
fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da
realidade social em que está inserido.

Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.

Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.

Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.

Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!

Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo

Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR

6 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


APRESENTAÇÃO

Livro: MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS


Professor Esp. Paulo Pardo

Olá, meu amigo acadêmico!

Estou honrado de poder estar com você nesta importante disciplina. Conheceremos as
principais características deste complexo, mas fascinante mundo das finanças.

Eu sou o Professor Paulo Pardo e vamos construir juntos estes importantes conhecimentos.

Você se lembra de um comercial que “martelava” na nossa cabeça todos os dias que dizia:
“quer pagar quanto?”.

Às vezes irritava. Mas eu estou lembrando isso porque, no mundo das finanças, uma pergunta
bem parecida poderia ser feita: “quer ganhar quanto?”.

Gostou da ideia, não é? Se te dessem a opção de ganhar menos ou ganhar mais com o seu
dinheiro, o que você escolheria? “Ah, que pergunta professor! É claro que eu quero ganhar
mais!” – você talvez dissesse. Mas, espere! E se você corresse o risco de perder seu suado
dinheirinho, continuaria pensando assim?

Pois é. Ganhar mais não é tão simples. É preciso entender claramente que os investimentos
têm graus de risco diferentes e que, portanto, não são dirigidos igualmente para todas as
pessoas.

Mas não se assuste. Você vai entender muito bem o que eu estou falando quando estudar
esses conceitos neste material.

Vamos então passear um pouco pelo conteúdo do livro?

Eu preparei um material que espero ser prático e, ao mesmo tempo, abrangente.

A literatura sobre mercado financeiro e de capitais é muito extensa. Se você digitar em um


buscador da Internet sobre o assunto, também achará centenas de referências.

Procurei não focar apenas uma linha de um autor específico, mas sim pesquisar o que há de

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 7


mais recente na literatura sobre o assunto.

Também utilizei minha experiência pessoal, pois atuei por vários anos no mercado financeiro,
sendo profissional certificado em consultoria de investimentos. Então, aliando experiência
com conhecimento, tenho certeza que você aproveitará muito este material até em outras
aplicações.

Vamos dar uma olhada na Unidade I.

Você talvez tenha uma conta corrente ou uma conta poupança em algum banco. Quase todas
as cidades brasileiras são atendidas pela rede bancária. Aquelas que não têm uma agência,
pelo menos contam com o atendimento de um correspondente bancário, figura no Sistema
Financeiro que é autorizada pela Resolução 3110 do Conselho Monetário Nacional. As casas
lotéricas e os Correios são bons exemplos. Considerando esses dois correspondentes,
podemos dizer que todas as cidades são servidas pela rede bancária.

É uma grande comodidade, não é verdade?

Muito se reclama sobre o atendimento bancário e, bem, como alguém que já trabalhou na área,
posso dizer que existe muito espaço para melhoria. Algumas cidades inclusive têm leis locais
que determinam um tempo máximo de atendimento em dias normais e em dias considerados
de pico. Mas as filas continuam. Se você julgar os bancos por elas, talvez chegue à conclusão
de que o sistema bancário brasileiro é muito ruim.

Não faça esse julgamento apenas por essa ótica. Quando fiz um dos meus MBAs (este na área
de finanças), conduzi uma pesquisa sobre satisfação de clientes em uma agência bancária de
uma determinada cidade.

Sabe o que eu constatei? Que a maioria dos clientes da agência, apesar das filas, tinha um
bom conceito sobre o atendimento bancário no geral. É claro que mencionaram as filas. Mas,
se você pensar bem, são tantos canais alternativos de atendimento que sobram poucos
serviços que se resolvem apenas na “boca” do caixa, como se costuma dizer.

Mas, enfim, há espaço para melhora, como mencionei.

O que eu quero dizer é que a avaliação unicamente pelo lado das filas não reflete o gigantismo
do nosso sistema bancário.

8 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


E sobre isso com certeza você concordará comigo. Veja os lucros dos bancos nos últimos
anos. É uma montanha de dinheiro! Mesmo no auge da crise que se abateu sobre o sistema
financeiro mundial em 2008/2009, o sistema bancário “made in Brazil” apresentou lucros
fabulosos.

Isso não é por acaso. Reflete uma boa gestão de negócios, um foco voltado para resultados,
ou seja, o lucro.

Apesar de muitos bancos terem quebrado no caminho nas últimas décadas (você se lembra
do Comind, Banco Noroeste, Banco Nacional, Habitasul, Banestado, Banespa, Meridional,
América do Sul, Sul-Brasileiro etc.?), os bancos atualmente estão, na sua grande maioria, em
boa situação.

Isto se deve também a forte regulamentação e fiscalização pelas autoridades financeiras. E


isso vai ficar muito claro quando você estudar a composição do Sistema Financeiro Nacional.

Você conhece todos os “atores” deste cenário que compõe o SFN? Não? Então você verá
pontos muito interessantes.

Gostaria que, ao terminar de estudar essa Unidade, você procurasse responder a essas
questões:
- Como são classificadas as instituições do SFN?

- Qual é o papel da Comissão de Valores Mobiliários?

- Que outras entidades desempenham importantes funções no SFN?

Eu vou considerar com você a resposta ao final do livro. Mas, por favor, não leia antes. Não vai
ter graça e você não se aproveitará de todo o conhecimento.

Na Unidade II vamos entender um pouco sobre economia, mais especificamente sobre


Macroeconomia. Calma, não se assuste!

É importante você estudar isso, pois o mercado financeiro é diretamente afetado e afeta
diretamente a política econômica do governo.

Você já deve ter ouvido muita gente reclamar (e talvez até seja um dos que reclamam) que os
juros estão muito altos no Brasil.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 9


É verdade, estão mesmo altos. Mas por que os juros sobem e caem? O que o governo tem a
ver com isso?

Por que o governo, por exemplo, não abaixa os impostos das empresas? Por que o governo
não sobe logo o salário mínimo para uns R$3.000,00?

Isso tudo é o que estudamos quando abordamos as políticas do governo. É bom que você
entenda muito bem isso, pois o seu bolso também está em jogo.

Também nessa Unidade, você vai entender um pouco mais sobre taxa de câmbio. Às vezes,
no noticiário da noite, você ouve o apresentador dizer que o dólar subiu (ou caiu). O que
determina esse sobe e desce do dólar?

Vamos ver juntos.

No final dessa Unidade II, tente responder as seguintes questões:


- Qual é o foco da política de rendas do governo?

- Que diferença existe entre PIB e PNB?

- Como funciona o mercado de câmbio no Brasil?

Muito bem, mas, lembre-se, responda sozinho. Só vale ver as respostas no final para conferir
o que você fez. Combinado?

Vamos ver então o que abordaremos na Unidade III.

Essa parte é muito interessante. Tenho certeza que você vai gostar demais de saber que existe
um mercado de capitais no Brasil que é muito moderno, dinâmico e que oferece oportunidades
fantásticas para os investidores.

Quem sabe você seja um desses investidores. Ou vai ser um dia (espero que sim!).

As pessoas em geral têm certo receio quando se fala em Bolsa de Valores, ações, e outros
termos não muito populares. Esse “medo” geralmente é porque elas não conhecem como
funciona este mercado e só ouvem falar que alguém perdeu muito dinheiro em bolsa ou coisas
desse tipo.

Ao estudar essa Unidade, vamos desmistificar o mercado de ações.

10 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Você sabia, por exemplo, que o lançamento de ações é uma das principais maneiras das
empresas conseguirem recursos para suas atividades? Pois é. Não são muitas pessoas que
sabem disso. Mas veja: se as empresas conseguem recursos, conseguem produzir mais,
não é assim? Se produzirem mais, oferecem mais empregos. Se oferecerem mais empregos,
geram oportunidades para muita gente. Quem sabe para você ou para alguém de sua família.
E, com empregos, as pessoas consomem, investem e acabam por fazer com que as empresas
tenham que produzir mais para atender a esses pedidos de produtos e produzindo mais, geram
mais empregos e, bem, já deu para você entender que é um grande círculo virtuoso que faz
muito bem para a sociedade como um todo.

Lá nos Estados Unidos, para você ter uma ideia, a maior parte das economias das famílias
americanas vai para a compra de ações de empresas. Eles enxergam que estão fazendo um
bom investimento para seu futuro e ao mesmo tempo ajudando as empresas do país a se
desenvolverem. Legal isso, não é? Já imaginou se no Brasil fizéssemos a mesma coisa?

Ainda não temos essa tradição, mas as coisas estão mudando aos poucos.

Então você não deve ter receio algum desse mercado. Apenas deve conhecê-lo muito bem,
saber como operar nele, quais alternativas o investidor tem para aplicar recursos visando
ganhar dinheiro e também promover o desenvolvimento do país.

No Brasil, nós temos a BOVESPA. Com certeza você já ouviu muito falar da Bolsa de São
Paulo. É a maior Bolsa de Valores da América Latina e é uma das maiores do mundo. E, em
termos de tecnologia, a BOVESPA não fica devendo nada a nenhuma bolsa de lugar nenhum
do mundo.

Os negócios que acontecem na bolsa atraem investidores de grande porte, brasileiros e


estrangeiros, mas também estão disponíveis para pequenos investidores, aqueles que a vida
toda só aplicaram talvez em caderneta de poupança. Hoje em dia, com cerca de R$300,00 a
R$500,00 você pode operar em Bolsa de Valores. E, investindo na bolsa, você se torna “dono”
de uma ou mais empresas. Dono? É sim. Gostou da ideia? Então, aproveite bem essa Unidade.

No final, tente responder (sozinho, olhe lá hein!) as perguntas a seguir:


- Quais direitos tem um acionista?

- Como saber o preço de uma ação?


- O que são os mercados primário e secundário?
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 11
Você vai ver nessa Unidade que o mercado financeiro oferece também outros títulos, ou papéis,
que podem ser opções muito boas de investimento. Vale a pena conhecer essas opções.

Mas vamos em frente. Na Unidade IV, estudaremos mais a fundo como você vai operar no
mercado de capitais.

Quando eu digo que você vai operar, estou imaginando que você vai gostar tanto do mecanismo
que, com certeza, reservará algum dinheiro para isso. Nem que seja só um pouco de suas
economias.

É bom que você saiba que existem custos associados à operação no mercado de capitais. É
claro, não é? Não existe almoço grátis. As empresas cobram para prestar seus serviços e é
bom conhecer esses custos. Mas não desanime! Tudo na vida tem um preço. Só temos que
saber se vale a pena pagar esse preço. No caso do mercado de ações, o custo em relação à
perspectiva de ganho dá um resultado favorável a quem opera com ações.

Eu disse antes que a BOVESPA não fica nada a dever às principais bolsas do mundo em
relação à sua tecnologia. Lembram-se? Pois isso é verdade mesmo. Você sabia que é possível,
no conforto do seu sofá, assistindo aquele programa de TV que você tanto gosta, com um
computador ligado na internet, comprar e vender ações em tempo real? Também que existe
a possibilidade de você fazer isso, da mesma forma, até em horários fora do pregão normal?

Outra coisa muito importante que você vai ver é com relação à escolha de investimentos. No
início da nossa conversa, eu disse que existem opções para você ganhar mais ou ganhar
menos. E logo se pensou: por que ganhar menos se eu posso ganhar mais? (Você também
pensou isso!). Então, vamos compreender que sim, é possível ganhar mais, mas, ao fazer isso,
a pessoa corre um risco maior. É por isso que alguns têm medo da Bolsa de Valores, porque
ouviram dizer que alguém perdeu muito dinheiro em ações. E pode ser verdade. Investir em
ações é uma alternativa que pode render muito dinheiro, mas que pode também perder muito
dinheiro. É o risco! Mas então, como escolher o investimento ideal, se é que existe isso?
Estude com atenção essa Unidade.

Ao final, responda essas questões:


- Por que o especulador é importante no mercado de capitais?

- O que é um Home Broker?

12 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


- Qual é o tripé numa análise de investimentos?

As respostas vão ajudar você não só nas suas finanças pessoais, mas a prestar uma consultoria
de qualidade a quem lhe procurar para saber o que fazer com seu dinheiro.

Finalmente, na Unidade V, vamos falar sobre Fundos de Investimento.

Esse tipo de investimento é muito simples em relação ao seu funcionamento. Talvez o seu
gerente do banco já lhe abordou convidando você a investir em fundos.

Essa indústria movimenta bilhões de Reais todos os anos. É uma grande fonte de receita para
os bancos e também uma grande comodidade para os investidores.

- Professor, mas o que tem de tão interessante em Fundos? - Você talvez pergunte.

Umas coisa muito interessante, entre as várias que estudaremos, é que não importa se a
pessoa é um grande ou pequeno investidor, ela vai ganhar exatamente a mesma coisa que
qualquer outro investidor. Além disso, entrar e sair de um investimento em fundos é muito
rápido e simples.

Existem também fundos para quem gosta de “apimentar” seus investimentos, agregando
algum risco na expectativa de ganhar mais. Bom isso, não é?

Vamos ver também que o próprio governo oferece a possibilidade de investir em seus papéis,
num sistema chamado Tesouro Direto. Esse sistema não é muito conhecido, até porque os
gerentes dos bancos não oferecem aos seus clientes. Por quê? Você vai entender quando
estudarmos essa Unidade.

No final dela, você vai tentar responder a esses questionamentos:


- O que é um fundo de investimento?

- Quais são os riscos dos fundos de investimento?

- Quais os custos para se operar com fundos de investimento?

Volto a te lembrar para conferir as respostas só depois de você ter respondido as questões por
seu esforço pessoal, ok?

Muito bem. Então deixo você com o estudo do material e voltamos a nos falar após a última
Unidade. Até lá!
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 13
SUMÁRIO

UNIDADE I

INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO

ORIGEM DOS BANCOS���������������������������������������������������������������������������������������������������������20

O SISTEMA FINANCEIRO NO BRASIL���������������������������������������������������������������������������������22

O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO������������������������������������������������������������������������������������24

O FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO��������������������������������������������������������������������������������26

DEFINIÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO�������������������������������������������������������������������������������31

FUNÇÕES E OBJETIVOS DOS ÓRGÃOS E INSTITUIÇÕES DO SFN���������������������������������32

AGENTES ESPECIAIS������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 41

ENTIDADES LIGADAS AO SETOR FINANCEIRO�����������������������������������������������������������������64

UNIDADE II

POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E MERCADO DE CÂMBIO

POLÍTICA ECONÔMICA��������������������������������������������������������������������������������������������������������71

INDICADORES ECONÔMICOS��������������������������������������������������������������������������������������������� 74

ÍNDICES DE INFLAÇÃO���������������������������������������������������������������������������������������������������������77

TAXAS DE CÂMBIO���������������������������������������������������������������������������������������������������������������80

UNIDADE III

MERCADO DE CAPITAIS, BOVESPA, FORMA DE NEGOCIAÇÕES E TÍTULOS DE


INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

AS AÇÕES������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������90

DIREITOS DOS ACIONISTAS������������������������������������������������������������������������������������������������96

A NOVA LEI DAS S.A.S����������������������������������������������������������������������������������������������������������97


AS DEBÊNTURES������������������������������������������������������������������������������������������������������������������98

TAXAS E FORMAS DE REMUNERAÇÃO���������������������������������������������������������������������������100

ÍNDICES DE AÇÕES������������������������������������������������������������������������������������������������������������107

UNIDADE IV

O MERCADO DE TÍTULOS, PRINCÍPIOS DE INVESTIMENTO, APLICANDO EM AÇÕES E


VALORES MOBILIÁRIOS

TRIBUTAÇÃO������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 117

MERCADO DE AÇÕES��������������������������������������������������������������������������������������������������������� 119

MERCADO DE BALCÃO�������������������������������������������������������������������������������������������������������120

COMO INVESTIR EM AÇÕES����������������������������������������������������������������������������������������������128

A ANÁLISE FUNDAMENTALISTA����������������������������������������������������������������������������������������130

A ANÁLISE TÉCNICA�����������������������������������������������������������������������������������������������������������136

RISCOS EM INVESTIMENTOS COM AÇÕES���������������������������������������������������������������������143

UNIDADE V

FUNDOS DE INVESTIMENTO

FIFS - FUNDOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO�����������������������������������������������������������149

CLASSIFICAÇÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO������������������������������������������������������� 151

TRIBUTAÇÃO EM FUNDOS DE INVESTIMENTO���������������������������������������������������������������155

RISCOS EM INVESTIMENTO EM FUNDOS������������������������������������������������������������������������158

TESOURO DIRETO��������������������������������������������������������������������������������������������������������������160

CONCLUSÃO.........................................................................................................................164

REFERÊNCIAS......................................................................................................................175
UNIDADE I

INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO


Professor Esp. Paulo Pardo

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a origem dos bancos.
• Conhecer a composição do Sistema Financeiro Nacional.
• Entender os conceitos sobre Sociedades corretoras e distribuidoras e Fundo Ga-
rantidor de Crédito.
• Adquirir noções sobre Bancos de Investimentos, Bancos Comerciais e Bancos
Múltiplos.
• Compreender conceitos de cooperativas de crédito, sociedades de crédito imobi-
liário e sociedades de crédito em geral.
• Conhecer clearings e o Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB.
• Ter uma visão sobre entidades ligadas à regulação do mercado de capitais.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nessa unidade:

• Origem dos bancos


• Sistema Financeiro Brasileiro
• Funções e Objetivos dos Órgãos e Instituições do SFN
• Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado
INTRODUÇÃO

Você, sem dúvida, conhece muito sobre o Sistema Financeiro. Não, não é preciso ser um
especialista para ter esse conhecimento.

Tudo bem se você não é especialista, mas não pense que você é alheio ao assunto. Afinal,
provavelmente você é cliente de um banco, com sua conta corrente ou somente uma caderneta
de poupança.

Talvez você já seja um investidor mais experiente e já fez algum tipo de investimento mais
direcionado, como fundos de investimento, CDB ou aplicou no mercado de ações.

E sua casa? É sua? É financiada? Então você já negociou com uma sociedade de crédito
imobiliário ou com um banco que possui uma carteira de crédito imobiliário.

Em todos esses casos, você é um ator nesse grande palco que é o mercado financeiro e de
capitais.

Imagine sua vida sem essa complexa estrutura! Quem cuidaria de suas economias que você
acumulou com algum sacrifício? Guardaria debaixo do colchão? Não! Além do risco óbvio, seu
dinheiro não trabalharia para você, ou seja, não produziria renda.

E se você precisasse de um dinheirinho extra? Quem te emprestaria? Seu cunhado não


vale! Nessas horas, ter um lugar para buscar esse dinheiro emprestado sem ter que ficar se
explicando é muito bom. E as sociedades de crédito e os bancos se prestam muito bem a esse
papel. Essas entidades existem para fazer o grande motor da economia funcionar.

Mas sobre economia falaremos mais para frente.

Vamos conhecer primeiro os diversos aspectos desse interessantíssimo sistema, o SISTEMA


FINANCEIRO NACIONAL.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 19


ORIGEM DOS BANCOS
Fonte: PHOTOS.COM

Talvez você esteja curioso em saber onde


começou esse próspero negócio dos
bancos e companhias de crédito.

Quem já leu a Bíblia pode se lembrar


da parábola de Jesus sobre o amo que
viajou e confiou certa quantia de dinheiro
a três escravos e na volta, na prestação de contas, dois deles tinham feito o dinheiro que
haviam recebido render o dobro do valor e um deles tinha enterrado, com medo de perder. O
amo não gostou nada e disse que ele poderia pelo menos ter confiado aquele dinheiro aos
banqueiros, que assim poderia ter rendido juros (essa parábola encontra-se no evangelho de
Mateus, capítulo 25, versículos 14 ao 30).

Apesar desta alusão já ser bastante antiga, podemos retroceder ainda mais no tempo para
encontrar outras fontes de referência à prática bancária. Uma dessas é na antiga Babilônica,
onde já havia pessoas que concediam e recebiam empréstimos, bem como se dispunham
a guardar o dinheiro de outros. O dinheiro, considerado sagrado, ficava ao encargo dos
sacerdotes do templo. (ALMEIDA, 1995).

A maioria dos estudiosos credita aos fenícios as primeiras operações bancárias. Já a origem
do nome “banco” vem dos romanos, do latim, da palavra que designava a mesa onde os
cambistas promoviam suas operações de troca de dinheiro. Aliás, essa era a função primitiva
dos bancos, a troca de moedas, sendo que a função de guarda e empréstimo de dinheiro
veio algum tempo depois. Um fato interessante é que a expressão “bancarrota” (designando
alguém ou firma que entra em falência) derivou da palavra original para “banco” em latim,
exatamente do costume de quebrar a mesa do cambista quando o negócio não prosperava
(ALMEIDA, 1995).

Conforme Wonnacott, P. et al. (1982, p. 218, apud ALMEIDA, 1995) “foi a busca de lucro que
determinou o desenvolvimento do sistema bancário, e este processo pode ser melhor ilustrado
pela história dos ourives medievais”. Este autor ainda destaca que, embora a atividade principal
dos ourives fosse a de trabalhar os metais preciosos, frequentemente também exerciam a
função de receber esses metais para que fossem guardados. Este tipo de serviço era prestado

20 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


aos viajantes, mercadores e elites da época, sendo remunerado por uma pequena taxa de
serviço.

A lógica do lucro bancário surgiu de forma natural: era evidente que no depósito de objetos de
valor já trabalhados, como joias, por exemplo, o ourives deveria devolver exatamente o mesmo
objeto ao proprietário. Porém, alguns objetos eram, por assim dizer, impessoais, como no caso
de moedas e barras de ouro. A devolução não tinha a obrigação de ser exatamente o mesmo
objeto e sim o seu similar em valor e características. O fato destes objetos permanecerem,
por vezes, longos períodos estocados e, em uma eventual retirada, esta não ocorrer de uma
única vez, além de viabilizar que outros objetos similares fossem frequentemente depositados,
permitiu que uma parte destes estoques fossem emprestados mediante a cobrança de juros
por parte do ourives (ALMEIDA, 1995).
O ourives emprestaria ouro e receberia em troca o valor correspondente em notas
promissórias nas quais eram especificados a taxa de juros e o período de resgate das
mesmas [...]. Neste momento, sua atividade deixa de ser a de uma simples casa de
penhores para transformar-se na de um banco comercial, como o conhecemos hoje
(Wonnacott, P. et al., ibid. p. 219).

Apesar de lucrativa, essa atividade de emprestar mediante a cobrança de juros não era bem
vista por setores importantes da sociedade da época, sendo inclusive considerada uma
atividade ilegal em algumas regiões. A Igreja Católica, por exemplo, muito influente na época,
era contra essa prática, razão pela qual encontramos na história essa atividade sendo exercida
na maioria das vezes por judeus. Até os dias atuais, a Igreja Católica ainda considera como
prática de usura a cobrança extorsiva de juros e, na Constituição Brasileira de 1988, no Artigo
192, há uma proibição de cobrança de juros acima de 12% ao ano (é claro que este artigo
nunca foi regulamentado, portanto, na prática, não tem qualquer valor). Conforme Magalhães
Fº. (1991, p. 136, apud Almeida, 1995):
A partir do século VI, já estando formadas grandes fortunas comerciais, surgem os
primeiros banqueiros, que vão substituir os cambistas como fonte de crédito. Em vez de
se limitarem a emprestar dinheiro, os banqueiros italianos passarão a aceitar depósitos,
descontar títulos e manter correspondentes em outras praças.

De acordo com Almeida (1995), esses empreendimentos eram principalmente familiares até
meados do século XV, e apenas com a evolução da contabilidade é que surgiram verdadeiras
empresas bancárias. O fato dos banqueiros acumularem riquezas cada vez maiores é apontado
por muitos autores como um dos motivos para a queda do feudalismo e da monarquia. Essa
riqueza era obtida não só pela cobrança de juros como também pela aquisição de terras

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 21


(sempre consideradas um dos bens mais valiosos da humanidade), por meio de compra ou
recebendo-as como pagamento de dívidas dos senhores feudais, o que possibilitou que eles
se tornassem uma classe poderosa, influenciando na mudança do regime monárquico para o
regime republicano (ALMEIDA, 1995).

Viram que interessante? Quando você for usar um caixa eletrônico num shopping ou
supermercado, lembre-se do que já caminhamos para chegar até o ponto onde estamos hoje.

O SISTEMA FINANCEIRO NO BRASIL

Com a fuga da família real portuguesa ao Brasil no início do século XIX, a realidade nacional
passou a ser transformada com a entrada em operação do primeiro banco da América do Sul,
o Banco do Brasil.

De lá para cá, o Brasil já experimentou diversos regimes políticos e econômicos, muitos


voltados para a proteção do mercado nacional e outros, como os atuais, inseridos no contexto
de globalização.

Nessa volatilidade dos mercados, em que o dinheiro rapidamente passa de um país para outro
a de um mercado para outro sem prévio aviso, é muito importante que as atuais instituições
financeiras brasileiras estejam preparadas e consolidadas para o atendimento das demandas
do mercado interno assim como para os desafios da diversidade que o mercado mundial
oferece.

Felizmente, nosso panorama das instituições financeiras é reconhecidamente muito bom,


sendo o sistema bancário do Brasil considerado um dos mais modernos do mundo.

Para que essa realidade possa continuar sendo verdadeira no futuro, diversos mecanismos de
controle funcionam com bastante agilidade e competência.

Se você não acredita que o sistema bancário brasileiro é bom, compare o que aconteceu na
crise financeira mundial desencadeada a partir dos EUA e que se alastrou ao redor do mundo.
Quem foram os principais responsáveis? Os bancos brasileiros não tiveram nada a ver com
isso. Foram os bancos americanos e suas práticas financeiras temerárias que fizeram a maior
parte do estrago.

22 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


É verdade que, de vez em quando, um banco ou outro no Brasil pode entrar em dificuldades
ou até quebrar. O Banco Santos foi um dos exemplos mais recentes. Mas isso felizmente é
uma raridade e os mecanismos de proteção e controle acabam por proteger os pequenos
investidores.

Como se iniciou o Sistema Bancário no Brasil

Basicamente, o modelo de banco que foi estabelecido para o Brasil foi o europeu. Com a vinda
da família real ao Brasil em 1808 foi criado, por alvará de D. João VI, príncipe regente, o Banco
do Brasil. Como única instituição do gênero no país, teve como função, a partir de 1809, ser
um banco de depósitos, descontos e emissão, tendo ainda o privilégio de ser intermediário de
venda de produtos da coroa.

VOCÊ SABIA?
O Banco do Brasil quebrou com a volta da família real para Portugal. Veja o que aconteceu nas datas
abaixo:
1821
Em 25 de abril de 1821, D. João VI e a Corte retornaram a Portugal, levando os recursos depositados
no Banco, já em crise devido à sua profunda vinculação com os interesses da Coroa.
1822
Em 7 de setembro, D. Pedro I declara a independência do Brasil. O apoio do Banco foi decisivo para
que as autoridades da época custeassem escolas e hospitais e equipassem os navios que minaram
as últimas resistências lusitanas e asseguraram a Independência.
1833
O Banco do Brasil foi exaurido por saques da Corte Portuguesa em seu retorno a Lisboa, por desca-
labro administrativo e desmandos fi nanceiros durante o 1º Reinado. Findo o prazo de duração, esta-
belecido em 20 anos, e sob intensa oposição política, foi fi nalmente liquidado em 1833.
Fonte: <http://www.bb.com.br/portalbb/page3,102,3527,0,0,1,8.bb?codigoNoticia=1088&codigoMenu=1193&cod
igoRet=11082&bread=3_1>. Acesso em: 24 jan. 2012.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 23


O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO

Foi no final dos anos 20 que foi criada a Inspetoria Geral de Bancos que, junto à Carteira
de Redescontos do Banco do Brasil, serviu de base para a criação da Superintendência da
Moeda e do Crédito (SUMOC) em 1945. Esse órgão assumiu a responsabilidade de regulação
e fiscalização das instituições bancárias. A necessidade de criação de um mecanismo central
de regulação e fiscalização ficou evidente nesse período Pós-guerra devido à expansão da
rede bancária e ao incremento do processo industrial brasileiro.

No período compreendido entre 1959 e 1961, proliferavam os bancos comerciais e o controle


das operações financeiras ficava cada vez mais deficiente.

Após 20 anos de debate parlamentar, promulgou-se a Lei 4.595 de 31.12.1964, um verdadeiro


divisor de águas no sistema financeiro brasileiro. Essa lei dispunha sobre a política monetária,
as instituições financeiras e a criação do Banco Central do Brasil. Criava, ainda, as bases
para o atual Sistema Financeiro Nacional, ao mesmo tempo em que orientava a tese da
especialização das instituições por atuação, tanto na captação como na aplicação de recursos.
Isso gerou um ganho de escala e a redução de custos operacionais, criando dessa forma
maior oferta de empréstimos com menores taxas de juros.

A partir de 1967, houve uma concentração das instituições financeiras por meio de fusões e
incorporações. Nessa fase, os bancos, incentivados por uma economia de escala e menores
custos, puderam operar com menores taxas de juros, dando ao sistema bancário maior
segurança e ao governo incentivo à estratégia de internacionalização.

As décadas de 1970-80 são marcadas pela reserva de mercado, com a proibição de cartas-
patentes (1970) e o sistema de pontos (1985) (Pinheiro, 2006).

A partir de 1980 e até os dias atuais, houve um incremento importante do papel dos bancos
privados como financiadores do setor público (União, Estados, Municípios e empresas estatais).

24 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Com a resolução nº 1524 de 21/12/1987 do Conselho Monetário Nacional, permitiu-se
aos intermediários financeiros a transformação em bancos múltiplos (obs.: a definição de
banco múltiplo você vai conhecer ainda nesta disciplina), englobando atividades até então
segmentadas por instituições financeiras. Este fato possibilitou a transformação da estrutura
da rede bancária, principalmente suas agências de atendimento, que passaram a oferecer
um leque muito maior de produtos e serviços financeiros, findando o modelo baseado na
especialização.

No início da década de 90, as instituições financeiras ganhavam muito dinheiro com a chamada
“ciranda financeira” onde, por causa da inflação elevada, os correntistas corriam aos bancos
para depositar seus recursos e protegê-los da inflação e os bancos, por sua vez, aplicavam
esses recursos na forma de empréstimos a juros muito mais elevados do que os pagos aos
investidores.

Com a estabilização da moeda, houve uma perda estimada da ordem de R$9 bilhões para os
bancos apenas com o fim do float, ou seja, o ganho que essas instituições tinham por meio
de transferências inflacionárias, indicando um forte ajuste a ser feito pelos bancos em geral.

Com a restrição ao crédito e o aumento do depósito compulsório das instituições bancárias


e a consequente redução do dinheiro na praça, muitos bancos não conseguiram cobrir seus
rombos diários com recursos próprios, o que causou a quebra de instituições tradicionais,
como o Banco Econômico e o Banco Nacional (quem é da minha geração talvez se lembre de
que o Ayrton Senna usava um boné do Banco Nacional e tinha o símbolo desse no seu carro
de F1, mas isso é saudosismo!).

Para fortalecer e reestruturar o sistema financeiro, o Governo Federal lançou o Proer (Programa
de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), cujas
principais medidas, de acordo com Pinheiro, 2006, foram:
• Estabelecimento de incentivos fiscais para a incorporação de instituições financeiras.

• Aprovação do estatuto e regulamento do Fundo de Garantia de Crédito.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 25


• Criação de dificuldades à constituição de novas instituições financeiras e incentivos para os
processos de fusão, incorporação e transferência de controle acionário.

• Aumento do poder de intervenção do Bacen nas instituições financeiras e instituição de res-


ponsabilidade penal dos controladores, mesmo que esses não participassem diretamente
da administração.

• Instituição da responsabilidade das empresas de auditoria contábil ou dos auditores contá-


beis independentes em casos de irregularidades nas instituições financeiras.

• Alteração da legislação que trata da abertura de dependências dos bancos no exterior e


consolidação das demonstrações financeiras dos bancos do Brasil com suas participações
no exterior.

A partir de 1995 houve a previsão, estudada caso a caso, da entrada de capital estrangeiro
em bancos no Brasil, visando aumentar a competitividade no sistema financeiro. Só de 1997
para 1998, houve um aumento na participação estrangeira nos ativos dos 20 maiores bancos
privados nacionais de quase 50%.

O FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO

Como você viu até agora, durante o período que vigorou uma inflação altíssima no Brasil,
os bancos não se preocupavam muito com eficiência, uma vez que seus lucros vinham
basicamente da especulação financeira.

Na verdade, a alta inflação além de não favorecer investimentos produtivos (afinal, que
empresário arriscaria seu capital em um empreendimento que podia não dar certo, se era
muito mais rentável deixar o dinheiro no chamado “overnight”? (operações com prazo de
1 dia, que garantiam rendimentos significativos aos investidores), escondia administrações
perdulárias de muitas instituições financeiras.

Quando a máscara da ineficiência bancária caiu, colocando os clientes em situação difícil por

26 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


terem investimentos nessas instituições, ficou claro que algo precisava ser feito para proteção
desses correntistas.

O Brasil, então, passou a seguir uma tendência dominante no mundo, especialmente a partir
da década de 90, que é o estabelecimento de uma rede com instrumentos adicionais aos
oficiais de acompanhamento, controle e proteção ao sistema financeiro. Fazem parte dessa
rede, que visa a manutenção de um sistema bancário sólido e estável, empréstimos de última
instância, regulação eficaz, fiscalização eficiente, estrutura legal adequada e proteção direta
aos depositantes via um sistema garantidor.

Em agosto de 1995, mediante a Resolução 2.197, de 31.08.1995, o Conselho Monetário


Nacional - CMN autoriza a "constituição de entidade privada, sem fins lucrativos, destinada
a administrar mecanismos de proteção a titulares de créditos contra instituições financeiras".

Em novembro de 1995, o Estatuto e o Regulamento da nova entidade são aprovados. Cria-


se, portanto, o Fundo Garantidor de Créditos - FGC, associação civil sem fins lucrativos, com
personalidade jurídica de direito privado, por meio da Resolução 2.211, de 16.11.1995 - com
nova redação dada pela Resolução 3.024/02, estabelecendo-se o sistema de garantia de
depósitos no Brasil.

Em dezembro de 2004, a Resolução 3.251 altera o Estatuto e o Regulamento do FGC.


<http://www.fgc.org.br>.

O Fundo Garantidor de Crédito é, portanto, uma entidade privada, ou seja, não utiliza recursos
públicos para oferecer garantias aos depositantes e investidores.

Veja como funciona a garantia do Fundo Garantidor de Crédito:


Limite de Cobertura
1. O total de créditos de cada pessoa contra a mesma instituição associada, ou contra
todas as instituições associadas do mesmo conglomerado financeiro, será garantido
até o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 27


2. Para efeito da determinação do valor garantido dos créditos de cada pessoa, devem
ser observados os seguintes critérios:
a) titular do crédito é aquele em cujo nome o crédito estiver registrado na escrituração
da instituição associada ou aquele designado em título por ela emitido ou aceito.
b) devem ser somados os créditos de cada credor identificado pelo respectivo
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) / Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)
contra todas as instituições associadas do mesmo conglomerado financeiro.
3. Os cônjuges são considerados pessoas distintas, seja qual for o regime de bens do
casamento, e o crédito do valor garantido será efetuado de forma individual. Cada um
receberá até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), respeitando-se o saldo.
4. Créditos em nome de dependentes do beneficiário, identificados na forma do
item 2, b) acima, devem ser computados separadamente, desde que essa relação
de dependência possa ser comprovada mediante apresentação de cópia da última
declaração do Imposto de Renda.
5. Os créditos titulados por associações, condomínios, cooperativas, grupos ou
administradoras de consórcios, entidades de previdência complementar, sociedades
seguradoras, sociedades de capitalização e demais sociedades e associações sem
personalidade jurídica e entidades assemelhadas serão garantidos até o valor de R$
60.000,00 (sessenta mil reais) na totalidade de seus haveres em uma mesma instituição
associada.
6. Nas contas conjuntas não tituladas por cônjuges e dependentes, o valor da garantia
é limitado a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), ou ao saldo da conta quando inferior a
esse limite, dividido pelo número de titulares, sendo o crédito do valor garantido feito de
forma individual.
Exemplos:
a) Conta conjunta de 4 (quatro) titulares:
A B C D = saldo de R$ 80.000,00
Valor Garantido = R$ 60.000,00 = R$ 15.000,00 cada um.
b) Um cliente (A) com 4 (quatro) contas conjuntas (com B, C, D e E) cada uma com
saldo de R$ 80.000,00:
Conta AB = R$ 80.000,00
Conta AC = R$ 80.000,00
Conta AD = R$ 80.000,00
Conta AE = R$ 80.000,00

28 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Cálculo do valor da garantia por conta:
AB = R$ 60.000,00/2 = R$ 30.000,00
AC = R$ 60.000,00/2 = R$ 30.000,00
AD = R$ 60.000,00/2 = R$ 30.000,00
AE = R$ 60.000,00/2 = R$ 30.000,00
A cada um deles caberá:
A = R$ 60.000,00
B = R$ 30.000,00
C = R$ 30.000,00
D = R$ 30.000,00
E = R$ 30.000,00
7. Nas contas conjuntas tituladas por cônjuges, dependentes e terceiros, o cálculo do
valor da garantia será efetuado sempre em duas etapas, conforme a seguir:
1ª etapa: R$ 60.000,00 (garantia máxima de uma conta) dividido pelo número de
titulares.
2ª etapa: Apurado o valor que caberia a cada titular na 1ª etapa, como se fossem todos
iguais, considerar que os cônjuges e dependentes poderão receber até R$ 60.000,00
cada um, limitado ao saldo da conta.
Exemplos:
a) Conta conjunta com 3 (três) titulares, sendo: marido / esposa / amigo, com saldo de
R$ 180.000,00, o valor da garantia corresponderá a:
Amigo = R$ 20.000,00 (R$ 60.000,00/3)
Marido = R$ 60.000,00 (valor máximo da garantia)
Esposa = R$ 60.000,00 (valor máximo da garantia)
b) O mesmo exemplo do item 7. a) com saldo de R$ 90.000,00 corresponderia a:
Amigo = R$ 20.000,00 (R$ 60.000,00/3)
Marido = R$ 35.000,00 [(R$ 90.000,00 - R$20.000,00)/2]
Esposa = R$ 35.000,00 [(R$ 90.000,00 - R$20.000,00)/2]
c) O mesmo exemplo do item 7. b) com saldo de R$ 90.000,00 entre marido, esposa,
dependente e amigo:
Amigo = R$ 15.000,00 (R$60.000,00/4)

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 29


Dependente = R$ 25.000,00 [(R$ 90.000,00 - R$15.000,00)/3]
Marido = R$ 25.000,00 [(R$ 90.000,00 - R$15.000,00)/3]
Esposa = R$ 25.000,00 [(R$ 90.000,00 - R$15.000,00)/3]
d) O mesmo exemplo do item 7. c) com saldo de R$ 90.000,00 entre dois amigos,
esposa e marido:
Amigo 1 = R$ 15.000,00 (R$ 60.000,00/4)
Amigo 2 = R$ 15.000,00 (R$ 60.000,00/4)
Marido = R$ 30.000,00 [(R$ 90.000,00 - R$30.000,00)/2]
Esposa = R$ 30.000,00 [(R$ 90.000,00 - R$30.000,00)/2]
Detectada a ocorrência de procedimentos que possam propiciar, mediante utilização de
artifícios, o pagamento de valor superior ao limite de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais),
com o intuito de beneficiar uma mesma pessoa, o FGC, desde que fundamentado para
o depositante ou investidor, poderá suspender os pagamentos até o esclarecimento do
fato, cabendo ao interessado a comprovação da lisura dos procedimentos adotados,
ficando a critério do FGC acatar ou não os argumentos e provas apresentadas (Art. 2.o,
§ 5.o do Anexo II à Resolução 3.251, de 16.12.2004).
Fonte: <http://www.fgc.org.br/?conteudo=1&ci_menu=20>. Acesso em: 15 nov. 2010.

O caso do Banco Panamericano


Os brasileiros já tinham se desacostumado a ouvir falar de bancos em difi culdade. O último caso
até 2010 havia sido o do Banco Santos, que quebrou e deixou um grande prejuízo para grandes
investidores. Em 2004, houve a intervenção do Banco Central e em 2005 foi decretada a falência da
Instituição. No fi nal de 2010, o mercado foi surpreendido com as notícias de difi culdades no Banco
Panamericano, cujo controlador é o Grupo Silvio Santos.
Este banco não é conhecido pelo seu grande porte, mas sim pela visibilidade que tem no mercado em
que atua: um banco de médio porte voltado para o crédito pessoal, cartões de crédito e fi nanciamento
de veículos.
As primeiras avaliações demonstraram que houve uma maquiagem em seus balanços, refl etindo uma
situação irreal de estabilidade.
Ao se apurar com mais cuidado as contas da instituição, o resultado foi um rombo de R$2,5 bilhões
em seus números.

30 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Para salvar a instituição e, sem dúvida, para salvar também a imagem do grupo, o empresário Silvio
Santos recorreu ao Fundo Garantidor de Crédito para obter um empréstimo para cobrir estes desvios.
O empréstimo concedido pelo FGC foi de exatos R$2,5 bilhões e, como garantia, foram oferecidas as
empresas do Grupo Silvio Santos, inclusive seu canal de televisão, o SBT.
O mercado acabou enxergando com bons olhos esta operação. Afi nal, não houve o ingresso de
nenhum centavo de dinheiro público e as condições de garantia superaram o valor do empréstimo. As
condições de pagamento divulgadas foram de juros atrelados ao IGP-M e prazo de 10 (dez) anos com
carência de 3 (três) anos.
Esta demonstração da força do FGC também tranquilizou o mercado e indicou ainda a necessidade de
não deixar de acompanhar o desempenho de qualquer instituição, não importa o porte ou sua tradição
no mercado.

DEFINIÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

Mas afinal, o que é Sistema Financeiro? Podemos definir como o conjunto de instituições
financeiras dedicadas a proporcionar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo
de recursos entre poupadores e investidores no País.

Ficou muito técnica essa definição? Imagine que você seja um poupador e queira fazer o
seu dinheiro trabalhar para você. A quem você confiaria esse dinheiro? Poderia buscar entre
alguns amigos ou parentes, aqueles que fossem de sua confiança e que certamente pagariam
de volta o seu dinheiro com juros em uma data combinada. Mas isso seria muito complicado!
As instituições financeiras fazem esse trabalho para você. Guardam o seu dinheiro, com o
compromisso de remunerá-lo a uma determinada taxa. Mas quem paga essa taxa na verdade
são aqueles que precisam do dinheiro emprestado e que vão aos bancos buscando esse
dinheiro, dispostos a pagar juros (sempre maiores do que aqueles que o banco paga para
você quando você deposita). Entendeu a “mágica”? Os bancos basicamente trabalham com o
seu dinheiro, a diferença de juros entre o que eles emprestaram e o que pagam para você fica
como lucro dos bancos, o chamado “spread” bancário. Não há nada de ilegal nisso. Afinal, se
alguém que tomou empréstimo não pagar, o banco tem que honrar o seu dinheiro, caso você

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 31


resolva sacar. Por esse risco que os bancos assumem, eles são remunerados com o “spread”.

Apesar de um volume muito grande desse crédito ser direcionado para pessoas físicas, não se
esqueça que uma grande parte é direcionada para o setor produtivo (indústrias, agronegócios)
e para empresas do comércio e serviços. Sem o crédito, a economia literalmente para.

A função principal do SFN, então, é viabilizar a intermediação entre poupança e investimento,


possibilitando ao setor produtivo maior eficiência.

FUNÇÕES E OBJETIVOS DOS ÓRGÃOS E INSTITUIÇÕES DO SFN

Como vimos, sendo a função principal do SFN viabilizar a intermediação entre poupança e
investimento, inserem-se neste contexto diversos órgãos e instituições que efetivam esse
objetivo.

As principais instituições e órgãos do SFN podem ser classificados como:


• INSTITUIÇÕES NORMATIVAS

• INSTITUIÇÕES OPERATIVAS

• INSTITUIÇÕES DISTRIBUIDORAS

• INSTITUIÇÕES ESPECIAIS

Essas instituições podem ser inseridas em dois grandes subsistemas:


• SUBSISTEMA NORMATIVO

• SUBSISTEMA OPERATIVO

Subsistema normativo

Tem como principal função regulamentar e fiscalizar o mercado financeiro. Fazem parte deste
subsistema:

32 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


• CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL – CMN

• O BANCO CENTRAL – BACEN ou BC

• COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM

• SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS – SUSEP

• SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR - PREVIC

Consideram-se agentes especiais neste subsistema algumas instituições que executam


atribuições de interesse do Governo Federal, como o Banco do Brasil, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e a Caixa Econômica Federal – CEF.

Conselho Monetário Nacional – CMN


Fonte: PHOTOS.COM

Preste muita atenção nesse conceito: CMN


- É o órgão supremo do Sistema Financeiro
Nacional. Sua finalidade é fixar diretrizes para
as políticas monetária, creditícia e cambial do
país. Não é um órgão executivo.

Composição do Conselho Monetário Nacional:


• Ministro da Fazenda (Presidente do Conselho).

• Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão.

• Presidente do Banco Central do Brasil.

Competências:
- Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e
seu processo de desenvolvimento.

- Regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo surtos inflacionários ou defla-


cionários de origem interna ou externa.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 33


- Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos do país.

- Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras públicas ou privadas, de


forma a garantir condições favoráveis ao desenvolvimento equilibrado da economia nacio-
nal.

- Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, de forma a


tornar mais eficiente o sistema de pagamento e mobilização de recursos.

- Zelar pela liquidez e pela solvência das instituições financeiras.

- Coordenar as políticas monetárias, creditícia orçamentária, fiscal e da dívida pública in-


terna e externa.

- Estabelecer as metas de inflação.

Atribuições específicas:
- Autorizar as emissões de papel-moeda.

- Aprovar os orçamentos monetários preparados pelo BC.

- Fixar diretrizes e normas da política cambial.

- Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações creditícias.

- Estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancários ou financeiros.

- Determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras.

- Regulamentar as operações de redesconto de liquidez.

- Outorgar ao BC o monopólio de operações de câmbio quando o balanço de pagamento o


exigir.

- Estabelecer normas a serem seguidas pelo BC nas transações com títulos públicos.

- Regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as instituições financei-


ras que operam no país.

34 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Banco Central do Brasil – BACEN ou BC

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:BSB-BancoDoBrasil.JPG>. Acesso em: 6 dez. 2010.

Você, vez por outra, já ouviu falar deste importante órgão. O Banco Central é o órgão executivo
central do sistema financeiro, funcionando como secretaria executiva do CMN. Cabe ao
BACEN ou BC, a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o
funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo Conselho. É comumente chamado de
“banco dos bancos”.

Competências:
- Formular e gerir as políticas monetária e cambial, compatíveis com as diretrizes do Gover-
no Federal.

- Regular e supervisionar o Sistema Financeiro Nacional.

- Administrar o Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB e o meio circulante.

Principais atribuições:
- Emitir papel-moeda e moedas metálicas nas condições e limites autorizados pelo CMN.

- Executar os serviços do meio circulante.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 35


- Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os depósitos voluntários
das instituições financeiras e bancárias que operam no país.

- Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras dentro de um


enfoque de política econômica do Governo ou como socorro a problemas de liquidez.

- Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis.

- Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e venda de títulos


públicos federais.

- Emitir títulos de responsabilidade própria, de acordo com as condições estabelecidas pelo


CMN.

- Exercer o controle do crédito em todas as suas formas.

- Exercer a fiscalização das instituições financeiras, punindo-as quando necessário.

- Autorizar o funcionamento de todas as instituições financeiras, estabelecendo a dinâmica


operacional.

- Estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições


financeiras privadas.

- Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais.

- Controlar o fluxo de capitais estrangeiros, garantindo o correto funcionamento do mercado


cambial, operando, inclusive, via ouro, moeda ou operações de crédito no exterior.

- Determinar, via COPOM, a taxa de juros de referência para as operações de um dia – a


taxa SELIC.

Comissão de Valores Mobiliários – CVM

Este importante componente do Sistema Financeiro Nacional está muito presente na economia
de uma forma geral. Principalmente quando você ouve falar sobre o desempenho das Bolsas,
no caso do Brasil é a CVM a responsável para que tudo funcione de forma confiável para os
investidores. A CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pela Lei
6385, de 07/12/1976, com a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e promover a expansão,

36 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


o desenvolvimento e o funcionamento eficiente do mercado de valores mobiliários, sob a
orientação do Conselho Monetário Nacional.

De acordo com a legislação, suas principais atribuições são:


• Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão.

• Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de


administradores e acionistas controladores de companhias ou de administradores de car-
teira de valores mobiliários.

• Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artifi-


ciais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado.

• Assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e as


companhias que os tenham emitido.

• Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários.

• Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas (*) no mercado de valores mo-


biliários.

• Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e estimu-


lar as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas.

Quando entrarmos no assunto de Bolsa de Valores e Bolsa de Mercadorias e Futuros, você vai
entender mais claramente como é importantíssima a função da CVM.

Superintendência de Seguros Privados – SUSEP

Você tem um seguro de vida ou previdência privada? A saúde do seu plano ou da sua apólice
deve muito a atuação deste importante ator do Sistema Financeiro Nacional.

A SUSEP é uma autarquia, vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pelo Decreto-Lei 73/66
de 21/11/1966. A Superintendência de Seguros Privados – SUSEP é o órgão responsável pelo
controle e pela fiscalização do mercado de seguros, previdência aberta e capitalização.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 37


No site da SUSEP (<http://www.susep.gov.br/menu/a-susep/apresentação>) você pode
conhecer a sua Missão (quando você se deparar com “Missão” de uma empresa ou órgão,
estamos falando do objetivo da existência dessa entidade, ou seja, ela existe para fazer o que
declara na sua missão):
Atuar na regulação, supervisão, fiscalização e incentivo das atividades de seguros,
previdência complementar aberta e capitalização, de forma ágil, eficiente, ética e
transparente, protegendo os direitos dos consumidores e os interesses da sociedade
em geral.

Suas principais atribuições são:


• Fiscalizar a constituição, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de Pre-
vidência Aberta e de Capitalização, na qualidade de executora da política traçada pelo
Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP.

• Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua por meio de
operações de seguros, previdência privada aberta e de capitalização.

• Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores desses mercados.

• Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a elas vincu-


lados, com vista à maior eficiência do Sistema Nacional de Seguros Privados e do Sistema
Nacional de Capitalização.

• Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando sua expansão e o
funcionamento das entidades que neles operam.

• Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado.

• Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados


em bens garantidores de provisões técnicas.

• Cumprir ou fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as atividades que por este
forem delegadas.

• Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP.

(*) Práticas comerciais equitativas são as que asseguram a todos os envolvidos o direito de transações realizadas com justiça,
ética e tratamento igualitário.

38 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Superintendência Nacional de Previdência Complementar - PREVIC

Se você é ou pretende ser um funcionário de uma grande empresa, tal como a Petrobrás, Banco
do Brasil, Caixa Econômica Federal ou alguma empresa de telecomunicações, provavelmente
lhe foi ou será oferecido um plano de previdência complementar.

Este plano, diferentemente do que você encontrará à venda em uma instituição bancária
na forma de um plano de previdência dos tipos PGBL ou VGBL, não é regulamentado nem
fiscalizado pela SUSEP por não se tratar de uma previdência do tipo aberta, e sim do tipo
fechada. As movimentações desses planos de previdência fechada, também conhecidos como
fundos de pensão, são administradas por Entidades Fechadas de Previdência Complementar
(EFPC). Até recentemente, a fiscalização e regulamentação das EFPC eram atribuições da
SPC – Secretaria de Previdência Complementar. No entanto, a SPC funcionava de maneira
precária, com servidores cedidos por outros órgãos de governo, autarquias e empresas
estatais. Somente 20% de seus servidores eram do quadro da Secretaria, e dentre esses não
havia atuários e outros profissionais indispensáveis para atender a um setor com mais de 370
fundos de pensão, que administra mais de mil planos de benefícios com reservas superiores
a R$ 400 bilhões.

Com a promulgação da Lei 12.154 de 23 de dezembro de 2009, criou-se a PREVIC -


Superintendência Nacional de Previdência Complementar, entidade vinculada ao Ministério da
Previdência Social que assumiu o papel até então da Secretaria de Previdência Complementar
(SPC) na fiscalização e supervisão dos fundos de pensão.

Para realizar esse trabalho, a PREVIC tem autonomia orçamentária, administrativa e financeira.
Os recursos são provenientes da TAFIC, uma Taxa de Fiscalização paga pelos fundos de
pensão, de acordo com os recursos de cada plano administrado.

Com essa autonomia, permite-se a PREVIC exercer sua missão com a necessária segurança
econômica, financeira e atuarial, conforme determina a lei. Também traz maior segurança e

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 39


condições de fomento para o Sistema.

De acordo com a Lei 12154, compete à PREVIC:


• proceder a fiscalização das atividades das entidades fechadas de previdência complemen-
tar e de suas operações;

• apurar e julgar infrações e aplicar as penalidades cabíveis;

• expedir instruções e estabelecer procedimentos para a aplicação das normas relativas à


sua área de competência, de acordo com as diretrizes do Conselho Nacional de Previdên-
cia Complementar.

Compete ainda à PREVIC autorizar:


• a constituição e o funcionamento das entidades fechadas de previdência complementar,
bem como a aplicação dos respectivos estatutos e regulamentos de planos de benefícios;

• as operações de fusão, de cisão, de incorporação ou de qualquer outra forma de reorga-


nização societária, relativas às entidades fechadas de previdência complementar;

• a celebração de convênios e termos de adesão por patrocinadores e instituidores, bem


como as retiradas de patrocinadores e instituidores, e

• as transferências de patrocínio, grupos de participantes e assistidos, planos de benefícios


e reservas entre entidades fechadas de previdência complementar;

• harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência complementar com as


normas e políticas estabelecidas para o segmento;

• decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades fechadas de previdência com-


plementar, bem como nomear interventor ou liquidante, nos termos da lei;

• nomear administrador especial de plano de benefícios específico, podendo atribuir-lhe po-


deres de intervenção e liquidação extrajudicial, na forma da lei;

• promover a mediação e a conciliação entre entidades fechadas de previdência comple-


mentar e entre estas e seus participantes, assistidos, patrocinadores ou instituidores, bem
como dirimir os litígios que lhe forem submetidos na forma da Lei no 9.307, de 23 de setem-
bro de 1996;

40 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


• enviar relatório anual de suas atividades ao Ministério da Previdência Social e, por seu
intermédio, ao Presidente da República e ao Congresso Nacional, e

• adotar as demais providências necessárias ao cumprimento de seus objetivos.

Subsistema operativo

Este sistema, também chamado de subsistema de intermediação e instituições auxiliares,


é constituído pelos intermediadores financeiros que recebem os recursos dos poupadores,
repassando-os aos tomadores e por outras instituições que auxiliam o Sistema Financeiro,
como as Bolsas de Valores e as bolsas de mercadorias e de futuros.

Neste subsistema, também podemos alocar os intermediários financeiros que atuam como
Agentes Especiais em promover políticas de interesse do governo.

No mercado atual, como os bancos múltiplos tem atendido seus clientes com respeito à qualidade do
atendimento?
Que canais o cliente tem para resolver seus problemas com essas instituições?

AGENTES ESPECIAIS

Banco do Brasil S.A. - BB

Nós já vimos como o Banco do Brasil iniciou sua história quando da vinda da família real
portuguesa para o Brasil. Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre a forma como ele é
estabelecido. O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista, com controle acionário
da União, cujas funções básicas são: agente financeiro do Governo Federal, Banco Comercial

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 41


e Banco de Investimento e Desenvolvimento.

Principais atribuições:
• Agente financeiro do Governo Federal: recebe os tributos e as rendas federais, depósitos
compulsórios e voluntários das instituições financeiras; realiza os pagamentos necessários
e constantes do Orçamento da União; efetua redesconto bancário; executa a política de
preços mínimos agropecuários e a política do comercio exterior do Governo, adquirindo ou
financiando os bens de exportação; constitui agente pagador e recebedor no exterior entre
outras operações.

• Banco comercial: mantém contas correntes de Pessoas Físicas e Jurídicas; opera com
caderneta de poupança; executa operações de descontos; concede créditos de curto pra-
zo, além de outras funções típicas de bancos comerciais.

• Banco de Investimento e Desenvolvimento: opera em modalidades de créditos de mé-


dio e longo prazos, podendo financiar as atividades rurais, comerciais e industriais e de
serviços. Também fomenta a economia de diferentes regiões.

Caixa Econômica Federal – CEF

A Caixa Econômica Federal, assim como o Banco do Brasil, também está sob o controle do
Governo Federal. Mas ao contrário do Banco do Brasil, que é uma sociedade de economia
mista, a Caixa Econômica Federal é uma empresa pública de propriedade da União e
responsável pela operacionalização das políticas do Governo Federal para habitação popular
e saneamento básico, atuando, também, como banco comercial e sociedade de crédito
imobiliário, caracterizando-se cada vez mais como o banco de apoio ao trabalhador de baixa
renda.

Principais atribuições:
• Captar recursos em caderneta de poupança, em depósitos judiciais e a prazo e aplicar em
empréstimos vinculados, preferencialmente à habitação.

• Aplicar os recursos obtidos junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS –
preferencialmente nas áreas de saneamento e infraestrutura urbana.

42 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


• Administrar as loterias, fundos e programas, entre os quais podemos destacar o FGTS, o
Fundo de Compensação de Variações Salariais – FCVS, o Programa de Integração Social
– PIS, o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social – FAZ e o Fundo de Desenvolvimento
Social – FDS.

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES

Esta instituição também é muito comentada nos noticiários econômicos, dada a sua
importância para o desenvolvimento nacional. Principalmente, no momento em que alguns
setores da economia precisam de uma injeção de capital para poder crescer ou mesmo manter-
se, o BNDES mostra-se fundamental. O BNDES é a instituição responsável pela política de
investimento de longo prazo do Governo Federal, considerada a principal instituição financeira
de fomento do país.

Principais atribuições:
• Impulsionar o desenvolvimento econômico e social do País.

• Fortalecer o setor empresarial nacional.

• Atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos polos de produção.

• Promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e de serviços.

• Promover o crescimento e a diversificação das exportações.

Intermediadores financeiros

Banco Comercial

Os bancos comerciais são instituições cujo controle pode ser público ou privado, sendo
constituídas sob a forma de sociedades anônimas. Atuam na intermediação entre depositantes
e tomadores de crédito. Para isso, recebem depósitos à vista e efetuam empréstimos, de
características de curto e médio prazos, principalmente para pessoas físicas e para capital de
giro das empresas.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 43


De acordo com Pinheiro (2006), suas principais atividades podem ser classificadas como
prestação de serviços e concessão de empréstimos:

Prestação de serviços: contas correntes e depósitos diversos; pagamento de cheques;


transferência de fundos; ordem de pagamentos; cobranças; custódia e guarda de valores;
aluguel de cofres; serviços de câmbio.

Concessão de empréstimos: desconto de títulos; adiantamento em conta corrente;


adiantamentos sob garantia de mercadorias; adiantamento sob caução de títulos de compra e
venda; crédito mediante emissão de títulos; crédito rural; crédito a curto prazo para operações
de comércio exterior; crédito pessoal.

Banco de Investimento

O banco de investimento atua no sentido de canalizar recursos de médio e longo prazo para
suprimento de capital fixo (investimento) e de giro para as empresas. Ao contrário dos bancos
comerciais, os bancos de investimento não apresentam capacidade de emissão de moeda.
Fonte: PHOTOS.COM

Seu objetivo maior é municiar de crédito com


características de médio e longo prazos, em operações
de empréstimos e financiamento, a fim de fortalecer o
processo de capitalização das empresas por meio da
compra de máquinas e equipamentos e da subscrição de
debêntures e ações.

Atuando dessa forma como agentes de financiamento


dessas empresas, realizam operações de maior escala,
como repasses de recursos oficiais de crédito, repasses de recursos captados no exterior,
operações de subscrição pública de valores mobiliários (exemplo de valores mobiliários: ações,
debêntures), lease-back e financiamento de bens de produção a profissionais autônomos
(Assaf, 2006).

44 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Além dessas operações, os bancos de investimento podem prestar outros serviços como
fianças, avais, administração de carteiras de títulos e valores mobiliários, custódias etc.

É bom destacar que um banco de investimento não pode manter contas correntes. A principal
forma de captação de recursos para essas instituições é pela emissão de CDB e RDB,
mediante a captação e repasses de recursos de origem interna ou externa ou pela venda de
cotas de fundos de investimentos administrados por esses bancos.

Não é raro atuarem como agentes financeiros do BNDES, captando daí recursos para suas
operações.

Não podem destinar recursos a empreendimentos imobiliários.

Banco Múltiplo

Essa forma de apresentação dos Bancos é, sem dúvida, a mais conhecida por você. Afinal,
não importa o lugar onde você more, certamente existe uma agência bancária estabelecida
em sua localidade. A forma como os bancos atualmente são constituídos foi implementada
por meio de uma série de regulamentações. Basicamente, podemos dizer que os bancos
múltiplos surgiram mediante a Resolução 1524 de 21/09/1988 do Conselho Monetário Nacional
e foram regulamentados pela Circular do Banco Central do Brasil nº 1364 a fim de racionalizar
a administração das instituições financeiras. Por meio dessa regulamentação, as instituições
financeiras que atuavam em operações de banco comercial e de banco de investimento foram
autorizadas a se organizar como bancos múltiplos.

Como consequência, nos anos seguintes, quase todos os bancos comerciais acabaram por se
transformar em bancos múltiplos, permanecendo comerciais apenas pequenas instituições de
importância regional ou ocupantes de pequenos nichos de mercado.

Na prática, o que ocorria eram instituições operando como bancos comerciais e bancos de
investimento de um mesmo grupo controlador. Com a alteração, puderam constituir uma única

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 45


instituição financeira com personalidade jurídica própria e, portanto, com um único balanço,
único caixa, proporcionando significativa redução de custos.

Em resumo, o banco múltiplo pode operar simultaneamente com carteiras de banco


comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de crédito, financiamento e investimento,
de arrendamento mercantil (leasing) e de desenvolvimento. Constitui-se, portanto, em uma só
instituição financeira de carteiras múltiplas.

Outros intermediários, Auxiliares financeiros e Participantes do Mercado

Bolsa de Valores

As Bolsas de Valores são associações civis, sem fins


lucrativos, com patrimônio representado por títulos
que pertencem às sociedades corretoras membros.
Possuem autonomia financeira, patrimonial e
administrativa, sujeitas à supervisão da Comissão
Fonte: PHOTOS.COM

de Valores Mobiliários e obedecendo às diretrizes e


políticas do Conselho Monetário Nacional.

Principais atribuições:
• Manter local adequado à realização, entre corre-
tores, de transações de compra e venda de títulos e
valores mobiliários, em mercados livres, organizados
e fiscalizados pelos próprios membros participantes e pela CVM.

• Criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as dependências adminis-


trativas necessárias à pronta, segura e eficiente realização e liquidação das operações
efetuadas no recinto de negociações (pregão).

• Estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade das cotações


e a plena liquidez dos papéis no mercado.

46 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


• Dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão.

• Assegurar aos investidores completa garantia de recebimento pelos títulos e valores nego-
ciados.

• Auxiliar a CVM na fiscalização do mercado de capitais.

Bolsa de Mercadorias

É uma reunião coletiva dos agentes econômicos (corretores, agricultores, industriais,


comissários, exportadores, especuladores entre outros) interessados no mercado de produtos
agrícolas ou industriais agrícolas ou manufatureiros, cujos produtos sejam passíveis de
negociação em lugar e hora previamente determinados para realização de operações de
compra e venda.

Os produtos mais comercializados nas bolsas de mercadorias atualmente são: ouro, dólar
(comercial e flutuante), café (arábica ou robusta), algodão, soja e o boi gordo.

A Bolsa de Mercadorias & Futuros – BM&F

A Bolsa de Mercadorias & Futuros-BM&F S.A. é a maior da América Latina em número de


contratos negociados. Além disso, a BM&F é a única bolsa de futuros atuante no Brasil.

A BM&F é uma associação sem fins lucrativos, organizada para proporcionar a seus membros
as facilidades necessárias à compra e venda de commodities (*) e/ou contratos de liquidação
futura.

O principal objetivo é efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira,


das operações realizadas em pregão. Tem ainda por finalidade, desenvolver, organizar e
operacionalizar mercados livres e transparentes, para negociação de títulos e/ou contratos
que possuam como referência ativos financeiros, índices, indicadores, taxas, mercadorias e

(*) Commodities: são ativos negociados sob a forma de contratos em bolsas de mercadorias e futuros, exemplo: soja, trigo,
boi, dólar, índices de bolsa etc.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 47


moedas, nas modalidades à vista e de liquidação futura.

Os mercados da BM&F são regulamentados pelo Bacen e pela CVM, a quem compete
disciplinar, fiscalizar e desenvolver esse mercado.

Sociedade Corretora de Títulos e Valores Mobiliários – CTVM

Se você decidir operar no mercado de ações, com toda certeza vai ter contato com esse
componente do SFN. As sociedades corretoras são instituições auxiliares do Sistema
Financeiro Nacional que operam no mercado de capitais com títulos e valores mobiliários,
em especial ações. Fazem a intermediação com as Bolsas de Valores e de mercadorias. Sua
constituição depende da autorização do Bacen e o exercício de suas atividades depende de
autorização da CVM.

Principais atribuições:
• Operar nos recintos de Bolsas de Valores e de mercadorias.

• Efetuar lançamento público de ações.

• Administrar carteiras e custodiar valores mobiliários.

• Instituir, organizar e administrar fundos de investimento.

• Operar no mercado aberto.

• Intermediar operações de câmbio.

Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários – DTVM

São instituições auxiliares do Sistema Financeiro Nacional responsáveis pela intermediação


das operações com títulos, valores mobiliários e commodities.

Preste atenção nisso: as atividades das DTVM têm uma faixa operacional mais restrita do que
as corretoras, uma vez que elas não têm acesso às bolsas de valores e mercadorias. Para
operar nesse mercado, as DTVM utilizam-se das CTVM.

48 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Principais atribuições:
• Subscrição isolada ou em consórcio de emissão de títulos e valores mobiliários para re-
venda.

• Intermediação da colocação de emissões de capital no mercado.

• Operações de mercado aberto, desde que satisfaçam as condições exigidas pelo Bacen.

• Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento.

• Exercer funções de agente fiduciário (*).

Cooperativas de Crédito

Instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade cooperativa, tendo por objetivo
a prestação de serviços financeiros aos associados, como concessão de crédito, captação
de depósitos à vista e a prazo, cheques, prestação de serviços de cobrança, de custódia, de
recebimentos e pagamentos por conta de terceiros sob convênio com instituições financeiras
públicas e privadas e de correspondente no País, além de outras operações específicas e
atribuições estabelecidas na legislação em vigor.

O potencial das cooperativas de crédito é enorme. Para você ter uma ideia, na Alemanha são
15 milhões de associados, algo próximo de 20% do movimento financeiro bancário no país.
Na Holanda, mais de 90% das operações de crédito rural são realizadas por cooperativas de
crédito. Nos EUA, 25% da população são associadas a uma Cooperativa de Crédito.

Enquanto isso, no Brasil...

Bem, no Brasil podemos ter uma visão pessimista ou otimista, depende do analista. Se for
pessimista, o quadro apresentado é ruim, pois apenas 2,26% das operações de crédito são
realizadas por cooperativas no âmbito da área bancária do SFN. Mas numa visão otimista, isso
quer dizer que temos um enorme campo de crescimento e, se bem geridas como têm sido, as
(*) agente fiduciário: tem como função proteger os interesses do investidor junto à empresa emissora, à CVM e aos demais
órgãos envolvidos.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 49


cooperativas certamente terão um futuro promissor em nosso país.

As Cooperativas de Crédito Rural atuam basicamente no setor primário da economia, com


vistas a permitir uma melhor comercialização de produtos rurais, criando facilidades para o
escoamento das safras agrícolas.

O cooperativismo surgiu na Europa entre 1820 e 1840 quando surgiram na França e na Inglaterra, as
primeiras cooperativas.
O cooperativismo de crédito, uma de suas vertentes, vem sendo responsável por algumas marcas
signifi cativas, das quais destacamos:
• Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Portugal, Estados Unidos e Canadá o utilizam para
a formação de poupança e o fi nanciamento de iniciativas empresariais, visando o desenvolvimento
local de forma sustentável.
• De acordo com a Agência de Estatística da União Européia (Eurostat), as cooperativas de crédito
representavam, no ano 2000, 46% das instituições de crédito da região e foram responsáveis por 15%
das operações de intermediação fi nanceira.
• Na Holanda, o Rabobank Group formado por 397 cooperativas de crédito administra ativos totais de
360 bilhões de Euros, valor equivalente à soma de todo o sistema fi nanceiro brasileiro.
• Na Alemanha, o DG Bank, que administra ativos totais de 600 bilhões de Euros, também foi criado a
partir de cooperativas de crédito.
• Na Espanha, o grupo Mondrágon, que na década de 50 reativou no país as cooperativas industriais,
hoje controla um grande banco, a Caja Laboral Popular.
• O BankBoston originou-se a partir de uma cooperativa de exportadores e importadores, criada no
fi m do século XVIII.
• Em países como a Irlanda e o Canadá as cooperativas de crédito vêm ocupando os espaços deixa-
dos pelas instituições bancárias nas pequenas comunidades, ofertando serviços mais adequados as
necessidades locais.
Fonte: <http://www.geranegocio.com.br/html/geral/coopcred.html#1>. Acesso em: 14 fev. 2009.

50 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Acesse os links:
<http://www.bacen.gov.br>.
<http://www.bb.com.br>.
<http://www.bmfbovespa.com.br>.
Acessos em: 8 out. 2010.

Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento

Você já comprou no crediário em alguma loja? Se sim, talvez o famoso carnê que você levou
para casa não pertença à loja que te vendeu os produtos. Muito provavelmente, essa compra
foi financiada por uma Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento. Essas instituições
são também conhecidas como financeiras. Têm como função principal o financiamento de
bens de consumo duráveis, serviços e crédito pessoal, por meio dos conhecidos “crediários”
ou CDC – Crédito Direto ao Consumidor. Além desse mais conhecido serviço, as financeiras
também podem realizar repasses governamentais, financiar profissionais liberais autônomos
legalmente habilitados e conceder ainda crédito pessoal (Assaf, 2006). Não podem manter
contas correntes.

Suas principais formas de captação de recursos são duas. A colocação de Letras de Câmbio –
LC (praticamente inexistentes atualmente), que são títulos de crédito sacados pelos financiados
e aceitos pelas financeiras para colocação junto ao público. Ao adquirirem essas LCs, os
investidores têm uma dupla garantia: a do emissor (ou financiado) e da financeira, que aceitou
a letra de câmbio. A segunda são os depósitos a prazo fixo sem emissão de certificado,
conhecidos como Recibos de Depósitos Bancários – RDB.

As sociedades financeiras podem ser classificadas como:


- Independentes, quando atuam sem nenhuma vinculação com outras instituições do mer-
cado fi nanceiro.

- Ligadas a conglomerados fi nanceiros.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 51


- Ligadas a grandes estabelecimentos comerciais.

- Ligadas a grandes grupos industriais, como montadoras de veículos, por exemplo (Assaf,
2006).

Bancos de montadoras batem recorde de empréstimos


Tendência de expansão mais modesta apontada pelos grandes bancos não se verifi ca nestas
instituições fi nanceiras
Os bancos de montadoras registram forte crescimento nos empréstimos neste ano. O Banco Mer-
cedes-Benz registrou recorde de fi nanciamento em julho, com 360,1 milhões de reais em novos negó-
cios, e crescimento de 33%. O Banco Volkswagen também bateu recordes no crédito, principalmente
no fi nanciamento para a compra de caminhões e ônibus com repasses de recursos do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), modalidade conhecida como Finame. Nos sete
primeiros meses do ano, foram liberados 2,159 bilhões de reais.
Os bancos atribuem o crescimento dos empréstimos à forte expansão da indústria automobilística
nacional. O setor está batendo recorde de vendas mesmo com o fi m do Imposto sobre Produtos In-
dustrializados (IPI) reduzido desde abril. Em julho, os emplacamentos de veículos novos no mercado
brasileiro somaram 302,4 mil unidades, com elevação de 6% ante igual intervalo de 2009 e de 15%
ante junho, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fe-
nabrave). Nos sete primeiros meses de 2010, foram vendidas 1,882 milhão de unidades, alta de 8,5%
ante o mesmo período do ano passado.
No Banco Mercedes-Benz, o crédito direto ao consumidor (CDC) foi o produto com maior crescimento
em julho, com alta de 146%. No mês passado, foram fi nanciados 27,1 milhões de reais por meio desta
modalidade. Já o Finame teve alta de 67%, com fi nanciamento de 330,1 milhões de reais. A exceção
é o leasing, com queda de 96% nos volumes, para apenas 2,8 milhões de reais.
"A procura pelo leasing vem caindo em razão das taxas atrativas oferecidas pelo Finame e das
condições especiais do CDC", comenta o diretor comercial do banco, Angel Martínez. Com esse resul-
tado, o Finame respondeu por 91,5% dos fi nanciamentos do Banco Mercedes-Benz; o CDC, por 7,5%;
e o leasing, 1% – há um ano, esta modalidade respondia por 15%.
A carteira total do Mercedes chegou a 6,5 bilhões de reais em julho, com acréscimo de 23%. Nos sete
primeiros meses do ano, fi nanciou 2 bilhões de reais. O banco fi nancia a compra de veículos comerci-
ais (caminhões, ônibus e Sprinter) e de automóveis de passeio da marca Mercedes-Benz.

52 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Já o Banco Volkswagen é focado em repasses do BNDES e foi o banco de montadora com maior
volume de operações de Finame no período. A operação respondeu por 90% dos volumes fi nanciados
de caminhões e ônibus pelo banco. Foram 18.122 operações de fi nanciamento de janeiro a julho.
Nos grandes bancos, a carteira de fi nanciamento de veículos tem tido expansão mais modesta. O
presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, disse na semana passada que espera redução das
taxas de crescimento do fi nanciamento de veículos. "É um mercado mais maduro e com boa parte da
demanda já suprida", disse ele. No segundo trimestre, a expansão da carteira foi de apenas 1,8% ante
os três primeiros meses do ano. No Bradesco, a expansão foi de 3,7%.
O Banco do Brasil foi a exceção. Por conta da compra de 49,99% do Banco Votorantim, focado no
fi nanciamento de veículos, a carteira do BB cresceu mais que seus concorrentes privados no segundo
trimestre, com aumento de 8,3% na comparação com o primeiro trimestre do ano e 178% em 12
meses.
Fonte: <http://veja.abril.com.br/noticia/economia/bancos-de-montadoras-batem-recorde-de-emprestimos>.
Acesso em: 07/10/2010.

Sociedades de Arrendamento Mercantil

Muitas vezes, ao adquirir um bem durável, como um veículo, o vendedor pode oferecer a você
uma modalidade de aquisição diferente do tradicional financiamento. Esta modalidade é o
leasing.

O leasing também é muito utilizado para empresas que precisam de bens de produção,
geralmente de valor elevado, e que necessitam adequar o desembolso de caixa à aquisição
do bem.

Mas, o que é leasing?

Leasing é um arrendamento, ou seja, um contrato pelo


qual se cede o uso e usufruto de um bem móvel ou imóvel
por um preço e tempo determinados.
Fonte: PHOTOS.COM

Os principais tipos de leasing são:


- Leasing operacional: muito parecido com um aluguel,
sendo oferecido geralmente pelas próprias empresas fab-
ricantes do bem.

- Leasing fi nanceiro: realizado por algumas instituições


fi nanceiras, como bancos múltiplos e sociedades de ar-

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 53


rendamento mercantil. A arrendadora adquire o bem selecionado de um fornecedor e então
o entrega para uso do arrendatário. No final do prazo pactuado, o arrendatário pode exerc-
er seu direito de compra do bem mediante o pagamento de um valor residual previamente
estabelecido ou, caso não faça essa opção, pode devolver o bem à arrendadora.

- Lease-back: esta operação acontece quando uma empresa, proprietária de um bem,


vende este bem à arrendadora e, em seguida, aluga o bem imediatamente, sem que o
mesmo sequer seja removido fisicamente. A empresa passa assim de proprietária para
arrendatária do bem. Esta operação é comum quando uma empresa precisa de reforço no
seu capital de giro.

Sociedades de Crédito Imobiliário

O sonho da casa própria parece estar mais perto de se concretizar no Brasil. Uma das razões
é o fato de contarmos com as Sociedades de Crédito Imobiliário.

De acordo com a definição do Banco Central, as sociedades de crédito imobiliário são


instituições financeiras criadas pela Lei 4.380, de 21 de agosto de 1964 para atuar no
financiamento habitacional. A captação de recursos dessas Sociedades vem principalmente
de depósitos de poupança, da emissão de letras e cédulas hipotecárias e imobiliárias e, ainda,
de depósitos interfinanceiros. A sociedade operam, principalmente, no financiamento para
construção de moradias, abertura de crédito para compra ou construção de casa própria,
financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de
material de construção. Obrigatoriamente devem ser constituídas sob a forma de sociedade
anônima, adotando obrigatoriamente em sua denominação social a expressão "Crédito
Imobiliário", conforme determinação da Resolução CMN 2.735, de 2000.

Sistemas de Custódia e Liquidação de Títulos – SELIC E CETIP

Um assunto de grande interesse para quem quer realmente conhecer o SFN é o da liquidação
de papéis e operações das instituições financeiras e do Governo. É importante que você
saiba que grande parte dos títulos públicos e privados negociados no mercado monetário

54 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


são escriturais, ou seja, não são emitidos fisicamente, exigindo maior organização em sua
liquidação e transferência. Em razão disso, as negociações com esses valores são controladas
e custodiadas por dois grandes sistemas, conhecidos como Selic e Cetip. Vamos entender
esses sistemas?

Primeiramente, vamos conhecer o Selic ou Sistema Especial de Liquidação e Custódia que foi
desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e a Andima (Associação Nacional das Instituições
do Mercado Aberto) em 1979, voltado a operar com títulos públicos de emissão do BACEN e
do Tesouro Nacional. Esse sistema é constituído, na verdade, em um grande computador que
tem por finalidade controlar e liquidar financeiramente as operações de compra e de venda de
títulos públicos e manter sua custódia física e escritural.

Após a adoção deste sistema, houve uma maior segurança para as operações de compra e
venda de títulos, oferecendo garantias da existência dos papéis em negociação e dos recursos
necessários para a liquidação financeira, ou seja, o pagamento da operação.

Os pagamentos no Selic processam-se por meio de reservas bancárias, e as transferências dos


títulos entre os investidores somente são autorizadas pelo sistema mediante movimentações
nessas reservas (Assaf, 2006).

Mas quais são os títulos mais negociados no Selic? São os títulos emitidos pelo Governo
Federal.

Vamos conhecer alguns deles?


• LFT – Letras Financeiras do Tesouro – são papéis com rendimento pós-fixado.

• LTN – Letras do Tesouro Nacional – são papéis com rendimento prefixado.

• NTN-B – Notas do Tesouro Nacional, série B – são papéis pós-fixados com rendimentos
atrelados ao IPCA.

• NTN-C – Notas do Tesouro Nacional, série C – são papéis pós-fixados com rendimentos
atrelados ao IGP-M.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 55


• NTN-D – Notas do Tesouro Nacional, série D – são papéis pós-fixados com rendimentos
atrelados ao dólar, também utilizados pelo governo para atender a demanda do mercado
de dólar.

• NTN-H – Notas do Tesouro Nacional, série H – são papéis pós-fixados com rendimentos
atrelados à TR.

Os vários negócios com esses títulos são acertados diretamente entre os operadores das
instituições financeiras credenciadas a operar no mercado monetário, que repassam as
informações, via terminal, ao Selic, para que ocorra a transferência do dinheiro e, a seguir, dos
títulos envolvidos nas operações (Assaf, 2006).

Além do Selic que, como você viu, negocia principalmente títulos públicos federais, é importante
que você também conheça a Cetip.

A Cetip ou Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (o nome oficial


da empresa é Cetip S.A. Balcão Organizado de Ativos e Derivativos) passou a funcionar
a partir de 1986 como um sistema bastante semelhante ao Selic, só que abrigando títulos
privados. É uma das maiores empresas de liquidação financeira e custódia da América Latina.
As atividades da Cetip são regulamentadas e fiscalizadas pelo Banco Central.

A Cetip constitui-se como um mercado de balcão organizado para registro da negociação de


títulos e valores mobiliários de renda fixa.

Registra, custodia e liquida também títulos públicos estaduais e municipais emitidos após 1992,
títulos esses representativos de dívidas de responsabilidade do Tesouro Nacional, bem como
todos os Créditos Securitizados da União, da Dívida Agrícola, dos Títulos da Dívida Agrária e
dos Certificados Financeiros do Tesouro.

O principal título do sistema Cetip é o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que


permite transferência de recursos (liquidez) entre as instituições do sistema financeiro. A
Cetip opera também com outros títulos, como CDB, Debêntures, “Commercial Papers” (notas

56 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


promissórias), Letras Financeiras do Tesouro (LFT) etc. (Assaf, 2006).

Mas como acontecem as operações financeiras na Cetip? Essas operações processam-se


por transferências bancárias de fundos (cheques ou outra forma equivalente), e somente após
as respectivas compensações é que o sistema providencia as transferências da custódia dos
títulos.

Os dois sistemas de liquidação e custódia (Selic e Cetip) têm por objetivo básico promover a boa
liquidação das operações do mercado monetário, propiciando maior segurança e autenticidade
aos negócios realizados. Por sua importância no volume de operações no mercado monetário,
o Selic e a Cetip divulgam periodicamente duas taxas de juros amplamente adotadas pelos
agentes econômicos, a taxa Selic e a taxa Cetip (Assaf, 2006).

Por meio do Selic, as instituições financeiras podem adquirir e vender títulos todos os dias,
criando uma taxa diária conhecida como overnight e representativa das operações de um dia
útil.

Como os títulos negociados no Selic são de grande liquidez e teoricamente de risco mínimo
(títulos públicos), a taxa definida no âmbito desse sistema é aceita como uma taxa livre de risco
da economia, servindo de importante referencial para a formação dos juros de mercado (taxa
básica de juros).

Atualmente, com a entrada em funcionamento do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP), a


liquidação das operações na Cetip se faz no momento zero, ou seja, no mesmo dia, e não mais
no dia seguinte mediante a compensação de cheques. Em termos de liquidação financeira das
operações, os sistemas Selic e Cetip passaram a ter o mesmo procedimento de pagamento
(Assaf, 2006).

As taxas CDI são provenientes da troca de posição financeira dos bancos entre si. Em
operações de um dia, as instituições negociam aplicações e captações de recursos, visando
reforçar suas reservas de caixa ou apurar retornos sobre saldos excedentes.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 57


Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia - CBLC

Após a reestruturação da BOVESPA em fevereiro de 1998, criou-se uma empresa independente


que é responsável pela liquidação de operações de todo o mercado brasileiro de ações. Essa
empresa é a CBLC, ou Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia.

Interessante que, no próprio site da BOVESPA, a definição para esta empresa é:


CBLC – é a câmara da BM&FBOVESPA que presta, em caráter principal, serviços
de compensação, liquidação e gerenciamento de Risco de Operações do Segmento
BOVESPA. Também é responsável pela prestação de serviços de custódia e de
central depositária para os ativos negociados no Segmento BOVESPA. (extraído de:
<http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/regulacao/download/Regulamento-operacoes-
liquidacao-gerenciamento-risco.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2010).

A CBLC possui uma estrutura muito moderna e extremamente eficiente de clearing (ou câmara
de compensação), para efetuar atividades de compensação, liquidação, custódia e controle de
risco para os mercados à vista, a termo e de opções.

Entre os serviços oferecidos pela CBLC, um dos mais importantes é a custódia, ou seja, a
guarda de ações de empresas de capital aberto, bem como certificados de privatização,
debêntures, certificados de investimentos, certificados audiovisuais e ainda cotas de fundos
imobiliários.

A CBLC é regulada e fiscalizada pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários
– CVM.

Para você ter uma visão geral da CBLC, veja abaixo as suas principais atribuições:
• Registrar, liquidar e compensar operações à vista, no mercado a termo e de opções, quan-
do de responsabilidade das CTVM ou de seus clientes.

• Receber depósitos e margens para garantia de operações realizadas por associados da


Bolsa e por cuja liquidação a CBLC se responsabilize.

58 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


• Emitir certificados, visando o resgate, desdobramento, conversão e transferência de títulos
negociados ou a serem negociados pelas firmas ou sociedades corretoras.

• Descontar recibos referentes a títulos depositados e praticar as demais operações


acessórias que visem a boa circulação e liquidação dos títulos e valores mobiliários nego-
ciados.

Clearing ou Câmara de Compensação

Ao estudar o funcionamento de um pregão de Bolsa de Valores, um investidor iniciante


talvez fique imaginando como acontece a transferência de propriedade dos papéis que foram
comprados ou vendidos ao longo do dia.

De fato, para que o mercado funcione de forma ordeira e transmita confiança aos participantes,
é preciso que se tenha certeza que os ganhos dos investidores serão recebidos e que suas
operações de compra e venda serão liquidadas nos prazos e condições acordados.

Essa certeza é proporcionada pelas câmaras de registro, compensação e liquidação,


simplesmente conhecidas como clearing houses, mediante um sistema de compensação
que se responsabiliza pelos negócios, transformando-se no comprador para o vendedor e no
vendedor para o comprador.

As clearings são entidades de capital privado, formadas pelos principais bancos do País.

Operam sob a proteção de rigorosos mecanismos de garantias tomadas dos bancos


participantes, proporcionando maior segurança e confiabilidade às operações do sistema
financeiro.

Resumindo: a clearing é responsável pelo registro de todas as operações realizadas,


acompanhamento das posições mantidas, compensação financeira dos fluxos e liquidação
dos contratos sob sua responsabilidade.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 59


Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB

Assim como as clearings, que oferecem uma segurança maior ao operar com títulos e valores
mobiliários, quando falamos em sistema financeiro devemos pensar em segurança a todos
os envolvidos, desde um emitente de um cheque até uma empresa que emite uma duplicata
de uma venda ou serviço prestado, e que recorre a um banco com o fim de proceder a sua
cobrança.

A partir de 2002, houve uma reestruturação do Sistema de Pagamentos Brasileiro, o SPB,


objetivando aumentar a segurança contra os diversos riscos a que o mercado financeiro
está exposto. O objetivo primário então é aumentar a segurança do mercado por oferecer
maior proteção contra possíveis rombos ou quebras em cadeia (o chamado efeito dominó) de
instituições financeiras.

É importante você entender que, por definição, o Sistema de Pagamentos Brasileiro é um


conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e operações integradas que, por meio
eletrônico, dá suporte à movimentação financeira entre os diversos agentes econômicos do
mercado, tanto em moeda local como em moeda estrangeira.

A função básica do SPB é permitir a transferência de recursos, o processamento e a liquidação


de pagamentos para pessoas físicas, empresas e entes governamentais.

Pense, então, quando você emite um cheque ou passa seu cartão de débito ou crédito ao
realizar uma compra ao fazer isso, mesmo que não se dê conta, você aciona o SPB. Até as
próprias instituições financeiras valem-se deste sistema para realizar as transferências diárias
que se originam de suas próprias transações.

Como ocorrem as transferências de recursos? Todas as instituições mantêm reservas bancárias


junto ao Banco Central. As transferências, então, são as movimentações de saldos dessas
contas de reservas. O Banco Central regulamenta a liquidação financeira dessas contas e
ainda estabelece regras de controle de riscos a serem seguidas no Sistema de Pagamentos

60 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Brasileiro.

Vamos conhecer quem participa desse grande Sistema:


• Instituições financeiras.

• Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia – CBLC (já estudamos isso, você se lem-
bra?).

• Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Ativos BM&F.

• Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Câmbio BM&F.

• Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Derivativos BM&F.

• Cetip.

• Selic.

• Visanet e Redecard.

• Tecban (Tecnologia Bancária).

• Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP).

Todas as transferências de recursos financeiros no SPB são formalizadas por meio de


mensagens eletrônicas transmitidas exclusivamente por intermédio da Rede do Sistema
Financeiro Nacional (RSFN). Essas mensagens são padronizadas e observam procedimentos
específicos de segurança (criptografia e certificado digital).

A RSFN é uma estrutura de comunicação de dados implementada utilizando-se de tecnologia


de rede, criada com o objetivo de suportar o tráfego de mensagens entre as instituições
financeiras titulares de conta de reservas bancárias, entre as câmaras e os prestadores
de serviços de compensação e de liquidação, a STN (Secretaria do Tesouro Nacional) e o
BACEN, tudo dentro do âmbito do SPB.

As transferências realizadas pelo SPB podem ser por meio de Liquidação Bruta em Tempo
Real (sigla: LBTR) ou ainda por Liquidação Diferida Líquida (sigla: LDL), dependendo do tipo

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 61


de transação.

A LBTR é uma liquidação que ocorre quase em tempo real ao longo do dia, de forma simultânea,
operação por operação, em todos os dias úteis para fins de operações praticadas no mercado
financeiro.

Já a LDL é uma liquidação que ocorre em D+0 até D+3, dependendo do tipo de operação.
As liquidações dos recursos entre instituições financeiras são executadas em horários
predeterminados durante o dia, pelo valor líquido entre seus participantes.

Para você entender melhor como funciona o esquema de transferência de recursos, veja a
ilustração abaixo:

Fonte: Banco Central

62 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Vamos reforçar um pouco mais as razões para existir um sistema confiável de transferência de
recursos entre os participantes do mercado.

Você tem ideia, por exemplo, do volume de recursos movimentados por cheques no Brasil?

Somente em 2008, foram emitidos 2 bilhões de cheques, no valor global de cerca de R$2,6
trilhões, sendo o valor médio por cheque de R$1.300,00. Apesar de seu uso estar caindo
gradativamente, ainda é um dos meios preferidos de pagamento pelos brasileiros (BACEN,
2008).

E quanto aos cartões de crédito? Só para ter uma noção do tamanho deste mercado, a
quantidade de cartões de crédito evoluiu de 53,5 milhões (média de 1 cartão para cada 3,4
habitantes) em 2004, para 137,8 milhões em 2008 (média de 1 cartão para cada 1,4 habitantes),
com incremento de 157,6% no período. Em 2008 foram efetuadas 2,5 bilhões de transações,
no valor global de R$217,9 bilhões, com valor médio de R$86,00 por transação. Isso quer dizer
que até mesmo pequenas compras já ganham a preferência de pagamento por meio do cartão
de crédito (BACEN, 2008).

Analise os gráficos abaixo (fonte: Banco Central).

Uso relativo dos instrumentos de pagamento:

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 63


Estes dados são muito interessantes e mostram claramente a necessidade de um sistema
eficaz de transferência de valores, como é o Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB.

ENTIDADES LIGADAS AO SETOR FINANCEIRO

Você já deve ter chegado à conclusão de que o mercado financeiro, com sua complexidade
e múltiplos componentes na forma de diversas instituições, depende de uma séria
regulamentação e acompanhamento para seu funcionamento estável, proporcionando assim
segurança aos investidores.

Além da regulamentação proveniente do poder público, o mercado também procura se


autogerir, estabelecendo regras de conduta que são incorporadas por todos os participantes.

Até recentemente, tínhamos duas entidades que desempenhavam um papel importantíssimo


neste contexto, visando dar transparência e estabelecer regras de autogestão às instituições
financeiras. Essas entidades eram a ANBID e a ANDIMA.

Porém, a partir de 21 de outubro de 2009, houve uma integração entre essas duas entidades,

64 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


dando origem a ANBIMA - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e
de Capitais.

Se você pesquisar no portal da ANBIMA <www.anbima.com.br>, encontrará algumas


informações importantes sobre esta entidade. Veja algumas delas:
• A ANBIMA é a representante das instituições que atuam nos mercados financeiro e de capi-
tais e que esta Associação representa mais de 340 instituições, dentre bancos comerciais,
múltiplos e de investimento, asset managements(*), corretoras, distribuidoras de valores
mobiliários e consultores de investimento.

• Atua como agente regulador privado, criando e supervisionando o cumprimento das regras
de sete Códigos de Regulação e Melhores Práticas, atuando conjunta e construtivamente
com as instituições públicas brasileiras para regular as atividades das entidades que atuam
nos mercados financeiro e de capitais.

• A ANBIMA visa estimular a transparência dos mercados secundários de títulos públicos e


privados, divulgando diariamente índices e taxas médias, utilizados como parâmetros de
referência para os agentes destes mercados, cotações de fundos de investimento, além de
publicar mensalmente boletins técnicos sobre seus mercados.

Fonte: <http://www.anbima.com.br/_aanbima/>. Acesso em: 24 jan. 2012

A Associação também possui importantes iniciativas na área de Educação, como o site <www.
comoinvestir.com.br> e os prêmios de Mercado de Capitais e de Renda Fixa, ambos com o
objetivo de estimular a produção e disseminação de conhecimento por meio do incentivo a
pesquisas que abordem temas relevantes para o desenvolvimento dos mercados financeiro e
de capitais.

Sobre os sete Códigos de Regulação e Melhores Práticas, os campos de abrangência desses


códigos se referem a:
1) Ofertas Públicas de Distribuição e Aquisição de Valores Mobiliários

2) Fundos de Investimento.

(*) Gestor de carteira de ativos financeiros.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 65


3) Programa de Certificação Continuada.

4) Serviços Qualificados ao Mercado de Capitais.

5) Private Banking ao Mercado Doméstico.

6) Atividades Conveniadas.

7) Processos.

Vale a pena você pesquisar mais sobre este assunto no portal da ANBIMA.

Outra entidade que atua no mercado com um objetivo específico é a AMEC – Associação dos
Investidores no Mercado de Capitais.

Esta entidade atua na defesa dos direitos dos acionistas minoritários em companhias abertas.
Reúne 40 gestores de recursos de terceiros e atua com o objetivo de unir esforços para que
esses profissionais cumpram o dever de guarda e de preservação do patrimônio dos cotistas
dos fundos de investimento que são geridos por eles.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a), o que é então o Sistema Financeiro? Vimos que é o conjunto de


instituições que visa fazer o intermédio, ou a ponte entre os indivíduos que têm dinheiro
sobrando, para aqueles que necessitam de dinheiro.

Falando mais tecnicamente, agentes superavitários e agentes deficitários.

Você já parou para pensar no quanto é importante esse sistema para o desenvolvimento do
país?

Em um país existem pessoas que ganham mais do que gastam e, portanto, precisam guardar
seu dinheiro de maneira segura e de preferência rendendo juros. Quais são as possibilidades?
O Sistema Financeiro oferece várias!

Da mesma forma que se uma pessoa gasta mais do que ganha, ou simplesmente precisa de
dinheiro para investir em um novo negócio ou comprar um novo bem, qual é a possibilidade
mais segura para ela conseguir recurso? O Sistema Financeiro do país.

66 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


O Sistema Financeiro do país é composto pelos órgãos que normatizam e aqueles que
operacionalizam.

Então, como vimos, o Conselho Monetário Nacional é o principal responsável pela normatização.
É o dono do jogo!

Mas de uma importância essencial nesse sistema são as instituições financeiras que
operacionalizam tudo. Os bancos, as financeiras, as cooperativas de crédito. Cada um com
sua importância local, regional ou nacional.

Outro integrante muito importante também são as bolsas de valores, que no caso do Brasil é a
Bovespa. Ela possibilita, como veremos na Unidade III, que as empresas consigam capital de
longo prazo de maneira segura e mais barata.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

1) É comum que quase todas as pessoas possuam contas em bancos. Houve um esforço em
“bancarizar” a população oferecendo contas correntes simplificadas, possíveis de serem
abertas até em casas lotéricas. Escolha uma Instituição Financeira de sua preferência
(pode ser até o seu banco) e pesquise os tipos de conta corrente oferecidos aos clientes, o
público-alvo de cada uma delas e os custos de mantê-las neste banco.

2) Recentemente fomos surpreendidos com mais um escândalo no sistema financeiro: a


quase “quebra” do Banco Panamericano, então do grupo Silvio Santos. Pesquise na Inter-
net os bancos que quebraram nos últimos 30 anos, seus nomes e motivos de quebra. Você
teve conta em alguns desses bancos?

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 67


68 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância
UNIDADE II

POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E MERCADO DE


CÂMBIO
Professor Esp. Paulo Pardo

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender as principais políticas que afetam e norteiam o Mercado de Capitais
e a economia em geral.
• Entender o conceito de Produto Interno Bruto e Produto Nacional Bruto.
• Ter uma visão geral das diversas taxas de câmbio em uso atualmente no Brasil.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nessa unidade:

• Políticas governamentais: política econômica, fiscal, externa, de rendas


• O mercado de câmbio e suas diversas cotações
• Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB)
INTRODUÇÃO

As nações vivem um cenário complexo de trocas físicas e financeiras no atual mercado


globalizado.

Todas as empresas e ramos de atividade são afetados de uma forma ou de outra, o que exige
um nível de conhecimento mínimo dos diversos agentes econômicos atuantes neste cenário
com suas respectivas atribuições.

Nesse contexto, para estudarmos o Mercado de Capitais devemos passar necessariamente


por um conhecimento prévio dos agentes econômicos públicos e privados, as políticas
governamentais que afetam e direcionam a atuação desses agentes e as bases da economia
nacional.

Convidamos você a fazer um mergulho nos conceitos expostos e exercitar seu senso crítico
sobre os cenários e conceitos apresentados, buscando inserir-se nesse mundo desafiador e
empolgante.

Estudaremos, nesta Unidade, aspectos relacionados às políticas econômica, monetária, fiscal


e externa, bem como noções de PIB e PNB.

Qualquer economia que pretenda ser competitiva internacionalmente precisa ter as bases
dessas políticas bem definidas e sólidas.

No Brasil, desde o advento do Plano Real, o governo busca manter a estabilização da moeda
e seguir uma política econômica ortodoxa, o que está, de certa forma, dando bons resultados.

POLÍTICA ECONÔMICA

Em síntese geral, consiste em ações e diretrizes que objetivam o desenvolvimento econômico,


garantir o pleno emprego e sua estabilidade, equilibrar o volume financeiro em transações com

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 71


o comércio exterior, garantir a estabilidade de preços e o controle da inflação e promover a
distribuição da riqueza e das rendas.

Em resumo: podemos dizer que política econômica é o conjunto de intervenções do governo


de um país em sua economia, procurando atingir certos objetivos.

E, dependendo desses objetivos, a política econômica pode ser chamada de:


• Estrutural: quando o objetivo é alterar a estrutura econômica do país, chegando ao ponto
de regular o funcionamento de mercados, criar ou extinguir empresas públicas e alterar a
distribuição de renda.

• De estabilização conjuntural: quando visa administrar uma depressão econômica, com-


bater a inflação e a escassez de produtos.

• De expansão: quando o objetivo é a manutenção ou a aceleração do desenvolvimento


econômico.

O governo, para atingir esses fins, utiliza-se de diversos meios. Segundo estes instrumentos, a
política econômica pode ser então classificada em: Política Monetária, Política Fiscal, Política
Externa e Política de Rendas.
Fonte: PHOTOS.COM

Política Monetária

Define-se como sendo o controle da


oferta da moeda e das taxas de juros de
curto prazo que garanta a liquidez ideal
de cada momento econômico.

O órgão responsável pela execução da


política monetária é o Banco Central,
utilizando-se dos seguintes instrumentos:
- Depósito compulsório.

72 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


- Redesconto ou empréstimo de liquidez.

- Mercado aberto – open market.

- Controle e seleção de crédito.

Para entendermos melhor a política monetária, algumas definições importantes devem ser
entendidas: a Base Monetária e a Inflação.

Base Monetária

A base monetária constitui-se do papel-moeda emitido e das reservas bancárias, em depósito


no Banco Central.

A base monetária é obtida pelo somatório de papel-moeda em poder do público, inclusive


os depósitos à vista, considerando os encaixes (ou reservas de caixa para suprir os saques)
mantidos pelos bancos comerciais e reservas bancárias compulsórias recolhidas pelo Banco
Central.

O Banco Central, mediante o domínio dos meios de pagamento, procura controlar a oferta total
de moeda na economia, uma vez que a oferta de dinheiro está ligada diretamente aos preços,
e dessa forma manter o princípio de que a limitação do volume de dinheiro em circulação no
País é uma condição para que ele mantenha seu valor.

Inflação

Sentimos na pele, ou melhor, no bolso, esse fenômeno econômico que nada mais é do que
um aumento contínuo nos preços gerais da economia, durante um período determinado de
tempo, ocasionando a perda do poder aquisitivo do dinheiro. Às vezes, alguns preços sobem
esporadicamente, devido a diversos fatores, como condições climáticas, por exemplo. Mas
isso não deve ser confundido com inflação, que é um processo dinâmico.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 73


Política Fiscal

Pode-se definir como a política de receitas e despesas do governo. É com essa política que
se determina a aplicação da carga tributária sobre os agentes econômicos e a definição dos
gastos do governo com base nos tributos captados.

A política fiscal tem forte impacto sobre a política monetária, uma vez que o vencimento e
recolhimento de tributos impactam diretamente sobre o fluxo de caixa dos agentes econômicos.

Política Externa

Pode ser definida como um conjunto de medidas que objetiva manter o equilíbrio do balanço
de pagamentos(*) do país, proteger setores em desenvolvimento e desenvolver relações
comerciais com outros países.

Política de Rendas

É a política exercida pelo governo por meio do controle direto sobre a remuneração dos
fatores diretos de produção envolvidos na economia, tais como salários, depreciações, lucros,
dividendos e preços dos produtos intermediários e finais.

INDICADORES ECONÔMICOS

Os reflexos da política econômica de um país são expressos por diversos indicadores


econômicos. É importante conhecer esses indicadores, afinal, a nossa vida é diretamente
afetada por eles.

Os principais indicadores são:


• Produto Interno Bruto – PIB.

(*) balanço de pagamentos: registro contábil de todas as transações comerciais de um país com outros.

74 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


• Produto Nacional Bruto – PNB.

• Índices de inflação.

• Taxas de câmbio.

• Taxa SELIC.

• Taxa CDI.

• TR.

• Produto interno bruto

PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os serviços e bens produzidos em um


período (mês, semestre, ano) em uma determinada região (país, estado, cidade, continente),
independente de quem os produziu, seja agente econômico nacional ou estrangeiro. O PIB é
expresso em valores monetários (no caso do Brasil, em Reais). Ele é um importante indicador
da atividade econômica de uma região, representando o crescimento econômico. Vale dizer
que no cálculo do PIB não são considerados os insumos de produção (matérias-primas,
mão de obra, impostos e energia). Geralmente, o período de apuração é de um ano, com
divulgações trimestrais e semestrais.

Embora pareça simples calcular o PIB, deve-se tomar alguns cuidados importantes. Por
exemplo, vamos considerar a fabricação de um automóvel. No processo são utilizadas várias
peças e componentes, como pneus, rodas, amortecedores etc. No cálculo do PIB, ou se
consideram os valores desses componentes (composto por custo de produção mais a margem
de lucro) e não o do automóvel pronto, ou então devemos considerar o valor do automóvel
pronto, sem considerar as peças que o compõem. Caso esse cuidado não seja tomado, o
cálculo do PIB pode ficar artificialmente inchado.

Quando se considera o valor do bem pronto para o consumo, dizemos que o PIB é um valor
agregado dos bens e serviços finais produzidos dentro de um espaço geográfico.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 75


O PIB per capita (por pessoa), também conhecido como renda per capita, é obtido ao pegarmos
o PIB de uma região, dividindo-o pelo número de habitantes desta região.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 0,2% em 2009, para R$ 3,143 trilhões.

Entenda o que é PIB e como é feito seu cálculo


Folha de São Paulo

O PIB (Produto Interno Bruto) é um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor de
toda a riqueza gerada no país.
O cálculo do PIB, no entanto, não é tão simples. Imagine que o IBGE queira calcular a riqueza gerada
por um artesão. Ele cobra, por uma escultura, de madeira, R$ 30. No entanto, não é esta a contri-
buição dele para o PIB.
Para fazer a escultura, ele usou madeira e tinta. Não é o artesão, no entanto, que produz esses produ-
tos --ele teve que adquiri-los da indústria. O preço de R$ 30 traz embutido os custos para adquirir as
matérias-primas para seu trabalho.
Assim, se a madeira e a tinta custaram R$ 20, a contribuição do artesão para o PIB foi de R$ 10, não
de R$ 30. Os R$ 10 foram a riqueza gerada por ele ao transformar um pedaço de madeira e um pouco
de tinta em uma escultura.
O IBGE precisa fazer esses cálculos para toda a cadeia produtiva brasileira. Ou seja, ele precisa ex-
cluir da produção total de cada setor as matérias-primas que ele adquiriu de outros setores.
Depois de fazer esses cálculos, o instituto soma a riqueza gerada por cada setor, chegando à contri-
buição de cada um para a geração de riqueza e, portanto, para o crescimento econômico.
Hoje o IBGE divulgou apenas a variação percentual da economia brasileira, que cresceu 1,4% no
primeiro trimestre. O valor em reais do PIB deve ser conhecido apenas no próximo mês.
Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u108161.shtml>. Acesso em: 30 mai. 2008.

76 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Produto Nacional Bruto

Produto Nacional Bruto ou PNB é a somatória de tudo o que foi produzido pelos agentes
econômicos de determinado país, em qualquer lugar do mundo.

Diferentemente do PIB que mede o que foi feito dentro do país, não importando se quem
produziu foram agentes econômicos nacionais ou estrangeiros, o PNB considera em seu
cálculo somente o que foi produzido pelos agentes econômicos nacionais, localizados em
qualquer lugar do mundo.

Exemplo: Se uma empresa brasileira constrói um prédio em um país qualquer do mundo, o


faturamento dessa obra entra no PNB, pois foi a produção de um agente econômico nacional em
outra parte do mundo, porém não é considerado para efeito de PIB, pois não foi produzido dentro
do espaço geográfico do país.

ÍNDICES DE INFLAÇÃO
Fonte: PHOTOS.COM

Os índices de inflação expressam a média das variações de


preços dos produtos consumidos pelas famílias, das várias
faixas de renda, em diversas regiões brasileiras.

No Brasil, temos adotado vários índices de inflação, também


chamados de índices de preços ou indicadores de inflação,
que mostram a variação dos preços em determinada região
ou segmento (famílias que ganham até R$X ou R$Y).

Quando se divulga um índice positivo, podemos dizer que houve inflação. No caso de um
índice negativo, dizemos que houve deflação.

A inflação, como já estudamos anteriormente, expressa uma alta generalizada e contínua de


preços, enquanto que a deflação indica queda generalizada e contínua de preços.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 77


Devemos comemorar quando se divulga uma deflação? Não é bem assim. Deflação contínua e
persistente indica uma estagnação e retração da economia. E economia estagnada e retraída
representa menor consumo. Menor consumo significa menor produção. Menor produção
significa menos empregos, menos renda, ou seja, não é uma condição desejável em nenhum
país.

Você talvez se pergunte o porquê do Brasil ter tantos índices para expressar sua inflação. Essa
é uma ótima pergunta.

A resposta tem a ver com as dimensões continentais do Brasil, que tem realidades econômicas
regionais diferentes, e também em razão do país ter convivido por muitos anos com uma
inflação altíssima que, para ser acompanhada, exigia muitas vezes índices específicos.

Os índices de inflação podem ser divididos em três grandes famílias:


• Índices de preços ao consumidor.

• Índices gerais de preços.

• Índice de preços ao Consumidor de São Paulo.

Índices de preços ao consumidor têm cobertura nacional e são apurados pelo IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. São eles:
• IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.

• INPC: Índice Nacional de Preços ao Consumidor.

Costuma-se considerar o IPCA como o índice “oficial” de inflação. De certa forma isto é
verdade, pois hoje este é o índice adotado por proposta do Ministério da Fazenda ao Conselho
Monetário Nacional, por representar um indicador importante do ponto de vista da política
monetária. É um índice, como o próprio nome já diz, mais amplo, no sentido de abranger
uma cesta de produtos que impacta na renda de famílias que ganham entre 1 e 40 salários
mínimos, ou seja, da maior parte da população brasileira. Por essa abrangência, o Conselho

78 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Monetário Nacional adotou este índice para referenciar o sistema de metas de inflação, que
passou o valor a partir de junho de 1999 e vigora até os dias de hoje.

O sistema de metas de inflação é o nível máximo de inflação que o país admite ou persegue
quando se fala em inflação máxima.

O INPC, por outro lado, é um importante índice usado frequentemente em dissídios coletivos
por representar a inflação que impacta em famílias que ganham até 8 salários mínimos, faixa
onde se situa a maior parte dos trabalhadores brasileiros.

Os índices gerais de preços são apurados pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, e são eles:
• IGP-M: Índice Geral de Preços – Mercado.

• IGP-DI – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna.

Na composição dos IGP, são utilizados outros índices:


IPA – Índice de Preços por Atacado.

IPC – Índice de Preços ao Consumidor.

INCC – Índice Nacional do Custo da Construção.

Quando são utilizados os índices da família IGP?

Esses índices são muito utilizados no mercado financeiro, no reajuste de tarifas públicas,
como luz, água, telefone, bem como serve de indexador para títulos públicos federais (como a
NTN – Notas do Tesouro Nacional).

Você sabe qual o mais antigo índice de preços nacional do Brasil?

É o IGP-DI. Este índice abrange 12 regiões metropolitanas e é calculado desde 1944.

O Índice de Preços ao Consumidor de São Paulo, também conhecido como “IPC da FIPE”
é apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, ligada à Universidade
Estadual de São Paulo (USP). Começou a ser apurado em 1939, porém, em nível municipal,
reflete apenas na cidade de São Paulo.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 79


Fonte: Banco Central

Você sabia que a infl ação é uma alta generalizada de preços, ou ainda, a perda do poder aquisitivo
de uma moeda?

TAXAS DE CÂMBIO

Para a formação dessa taxa, podemos comparar a moeda estrangeira como qualquer
mercadoria em circulação que sofre as forças de oferta e procura.

A taxa de câmbio é, então, a relação de valor entre duas moedas, ou seja, corresponde ao
preço da moeda de um determinado país em relação ao outro.

A atual legislação no Brasil permite a flutuação livre das taxas de câmbio, ou seja, não há

80 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


nenhuma limitação oficial para essa taxa. Isso teoricamente, pois na prática, sempre que julga
necessário, a autoridade monetária atua no mercado, visando garantir um mercado estável
que atenda os interesses do governo.

Operacionalmente, podemos dividir as taxas de câmbio nas seguintes categorias:

- Taxa de Câmbio Oficial

Estabelece o parâmetro para as operações oficiais de compra e venda de moeda no mercado


exterior.

- Taxa de Câmbio para Repasse e Cobertura

Quando os bancos não encontram aplicações para os excessos de moeda estrangeira ou


precisam captá-la para cobertura de posições, podem fazer operações de moeda estrangeira
com o Banco Central.

- Taxa de Câmbio Interbancário Pronta (ou Dólar Pronto)

É a taxa para operações de compra e venda de moeda entre os bancos no segmento comercial
para entrega em 48 horas.

- Taxa de Câmbio de Mercado de Cabo (ou Dólar Cabo)

É a taxa de compra e venda de moeda que será usada para transferência direta de e para o
exterior.

- Taxa de Câmbio de Mercado Paralelo (ou Dólar Paralelo)

É utilizada para compra e venda de moeda adquirida fora dos meios oficiais, via doleiros.

- Taxa PTAX do BC

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 81


Definida pela Circular 3.300 de 22/11/05, é a taxa média de venda (compra) do dólar comercial
ponderada em valor, apurada pelo Banco Central ao final de cada dia e que serve como
referência para os negócios com dólar.

Essa taxa é divulgada pelo BC às 17h30 de cada dia, calculada com base no resultado da taxa
média, ponderada pelos volumes negociados das operações no mercado interbancário de
câmbio, com liquidação em D+2, expurgando-se operações outlines, que são operações que
muitas vezes distorcem as cotações por usarem taxas muito discrepantes em relação à média
do dia praticada pelo mercado.

O que é “regime cambial”?


Regime Cambial e Sistema Cambial querem dizer a mesma coisa e se referem ao grau de intervenção
da autoridade monetária do país no mercado de câmbio.

Por que o governo federal na administração anterior e na atual tem buscado o crescimento do PIB?
Quais têm sido as consequências da valorização do Real frente ao Dólar?

82 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Taxa SELIC
Fonte: PHOTOS.COM

A sigla SELIC designa o Sistema Especial de Liquidação e


Custódia, que vem a ser um serviço coordenado pelo Banco
Central do Brasil para custodiar títulos públicos federais e títulos
públicos estaduais e municipais emitidos até 1992, bem como
o registro e liquidação de operações com os referidos títulos.

Com o tempo, o mercado usou o termo SELIC para designar


uma taxa média de colocação, no mercado, dos títulos públicos
federais. Assim, podemos definir taxa SELIC como:

Taxa média ponderada e ajustada das operações de financiamento por um dia, lastreadas em
títulos públicos federais. É também chamada de over Selic ou Selic over.

Taxa CDI

Essa taxa tem sua origem em um papel: o CDI.

CDI é o Certificado de Depósito Interbancário ou Certificado de Depósito Interfinanceiro, que


nada mais é do que um título emitido pelos bancos nos negócios entre eles.

Como as pessoas e empresas, os bancos muitas vezes precisam buscar dinheiro emprestado.
Isso mesmo! Os bancos, por norma do Banco Central, não podem fechar o dia no vermelho.
Para que isso não aconteça, muitas vezes eles precisam buscar dinheiro de outros bancos.

O Banco Central monitora as taxas cobradas pelos bancos nesses empréstimos entre eles.
A essa taxa, cobrada no papel emitido pelos Bancos para esses empréstimos – o CDI –
denominou-se taxa CDI.

Com o passar do tempo, outros produtos financeiros dos bancos passaram a ter suas taxas
referenciadas nessa taxa de empréstimo interbancário.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 83


A operações de 1 dia, chamadas de CDI Over, o mercado costumou chamar de taxa DI.

TR

É uma das taxas mais conhecidas pelas pessoas, porque é a taxa que remunera a caderneta
de poupança, a mais popular forma de investimento da população brasileira. Mas a TR
também é utilizada para reajustar algumas formas de contrato, como os contratos do Sistema
Financeiro da Habitação – o SFH.

Então, se você possui uma caderneta de poupança ou se sua casa ou apartamento é financiado
pelo SFH, acompanhe o desempenho dessa taxa, pois vai afetar diretamente o seu bolso.

Acesse os links:
<http://www.bacen.gov.br>.
<http://www.fazenda.gov.br>.
<http://www.planejamento.gov.br>.
Acessos em: 2 nov. 2010.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mais uma unidade se foi, e nela vimos como as políticas governamentais afetam o sistema
financeiro e, portanto, a vida das famílias brasileiras.

Desde os anos iníciais de 1980, a preocupação mais forte dos governantes era a “bendita”
inflação, fenômeno que causa aumento contínuo e generalizado nos preços da maioria dos
bens e serviços disponíveis à população.

É importante acrescentar que as políticas governamentais possuem outros macro-objetivos


além da contenção da inflação, a saber:
• Crescimento econômico.

84 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


• Diminuição do desemprego.

• Distribuição equitativa de renda.

O governo utiliza a política monetária, fiscal, externa e de rendas. A política externa envolve a
cambial e a comercial.

Vimos cada uma delas nesta segunda unidade.

É importante destacar que não somente a política do governo interfere no sistema financeiro,
como o sistema financeiro interfere na maneira do governo fazer política.

Por exemplo, se um mercado financeiro é bem organizado e atrai investidores do mundo todo,
o governo deve estar preparado para uma valorização da moeda nacional frente às demais
moedas do mundo. Este fenômeno vem ocorrendo no Brasil e está atraindo investidores, que
por sua vez trazem sua moeda para nosso país, e ao fazermos as conversões gera-se maior
demanda que oferta pela moeda nacional, o que faz com que ela se valorize frente às demais.

Mas em que isto pode afetar o governo?

Moeda mais forte pode significar perda de competitividade frente às demais economias em
termos de exportações, pois a moeda do comprador perde valor frente à moeda do vendedor.

As importações acabam ficando mais atraentes e o governo sofre pressão da indústria nacional
devido à expansão da concorrência e a dificuldade de se exportar.

E neste sentido, caros alunos, é que o governo toma suas decisões de política: intervir ou não?
Eis a questão!

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

1) Muitos jovens hoje não têm a menor noção do que significa uma inflação alta. Quando digo
alta, quero dizer acima de 10%, 20% ao mês ou até muito mais. Pesquise na Internet o
comportamento da inflação nos anos 80 e 90 e compare com a inflação após a implantação
do Plano Real. Por que podemos dizer que a inflação é um imposto perverso, principal-
mente para as classes mais pobres da população?

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 85


2) Para quem gosta de comprar algumas “lembrancinhas” no país vizinho, o dólar baixo é um
atrativo e tanto. Afinal assim nosso dinheiro, o Real, pode comprar mais produtos cotados
em dólar. Isso parece bom, não é? Pesquise o motivo porque um dólar baixo demais é
danoso para a economia do país, principalmente para as exportações.

86 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


UNIDADE III

MERCADO DE CAPITAIS, BOVESPA, FORMA DE


NEGOCIAÇÕES DE AÇÕES E TÍTULOS DE
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Professor Esp. Paulo Pardo

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o dinâmico mercado de ações e sua composição.
• Entender as vantagens de ser um investidor em ações.
• Compreender o que são debêntures e o ganho para as empresas e os investidores
nesse tipo de papel.
• Conhecer os tipos de títulos que as instituições financeiras negociam no mercado.
• Conhecer a BOVESPA, maior bolsa da América Latina.
• Compreender a forma de negociação de ações.
• Ter noções dos principais índices do mercado de ações.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nessa unidade:

• As ações, seus tipos e como mensurar o valor de uma ação


• O conceito de debêntures e sua utilidade para as empresas
• Como as empresas podem recomprar ações lançadas em mercado
• A BOVESPA
• Formas de Negociações de Ações
• Índices do mercado de ações
INTRODUÇÃO

Você finalmente conseguiu economizar algum dinheiro e pretende ser um pouco mais arrojado,
investindo em ações. O que você deve saber sobre esse importante, interessante e muitas
vezes recompensador mercado?

Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, o investimento em ações faz parte do


cotidiano das famílias, clubes de investimento da terceira idade e de parcela importante do
empresariado norte-americano.

No Brasil, nos últimos anos, desmistificou-se o investimento em ações para o público em geral,
graças ao maior esclarecimento e divulgação desse tipo de ativo financeiro.

Nossa realidade ainda está distante dos países desenvolvidos no que diz respeito ao aplicador
mediano, mas o volume negociado em Bolsa de Valores aumenta significativamente a cada ano
que passa. O investidor comum passou a enxergar a Bolsa como uma excelente oportunidade
de ganhos e, apesar de ter noção de que se trata de um investimento de risco mais elevado,
as possibilidades de retorno vêm na mesma proporção.

O excelente trabalho realizado pela BOVESPA em aproximar mais o seu funcionamento da


sociedade tem contribuído decisivamente para isso. A BOVESPA é a maior Bolsa de Valores
da América Latina, tendo um nível de eficiência e automatização equivalentes aos níveis de
Primeiro Mundo.

Essa “descoberta” das ações tem um efeito importante na economia nacional, pois o lançamento
de ações no mercado primário e sua posterior procura no mercado secundário tem sido uma
fonte de financiamento valiosa para as empresas que buscam a expansão.

Conhecer esse mercado e suas nuances pode ser um grande diferencial na formação de um
profissional do ramo financeiro.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 89


AS AÇÕES

Uma ação representa a menor parcela do capital social de uma sociedade por ações.

As ações são títulos de propriedade de uma parte do capital social da empresa que as emitiu.
O acionista é um dos “donos” da empresa, na proporção do número de ações que possui. As
ações são títulos de participação negociáveis, que conferem ao seu possuidor o direito de
participação nos resultados da empresa.

De acordo com Pinheiro (2006), as principais características das ações são:

Tipos de Ações

Após termos entendido a definição do que é uma ação, é importante que saibamos que as
ações recebem classificações diferentes de acordo com sua emissão e espécie.

Classificação quanto à forma de emissão:

• Nominativas (N) – fisicamente são papéis, chamados de cautelas ou certificados, nos quais
constam informações quanto à quantidade e a posse. Atualmente esse sistema não mais é
utilizado.

• Escriturais (E) – não são emitidas cautelas e sim um registro eletrônico. Basicamente,
assemelha-se muito com uma conta corrente em um banco, a única diferença é que, neste
caso, são lançadas a débito ou a crédito dos acionistas suas posições acionárias. Não existe
qualquer movimentação física de documentos. O controle fica a cargo de uma instituição
depositária escolhida pelo acionista.

Classificação quanto à espécie:

• Ordinárias (ON) – a principal característica deste tipo de ação é conferir o direito de voto
nas assembleias gerais da empresa. Essas ações interessam muito a acionistas que desejam
90 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância
participar na condução das decisões administrativas da empresa.

• Preferenciais (PN) – como o próprio nome já diz, estas ações têm “preferência” na distribuição
de dividendos, que, conforme veremos mais adiante, são parte dos resultados da empresa.
Esses dividendos, comparativamente às ações ordinárias, são geralmente maiores, além de
terem também preferência no reembolso de capital em caso de dissolução da sociedade.

Exemplo: caso a empresa apresente um lucro pequeno e não puder pagar dividendos para
todas as ações, as preferenciais recebem primeiro esse direito. O restante será destinado às
ordinárias.

No Brasil, a partir de 1990, todas as ações passaram a ser nominativas, deixando de existir as
ações ao portador.

Quadro resumo

Identificação das ações

Ações Ordinárias (ON)

Seu código de negociação é formado por quatro letras (empresa) mais o número 3.

Ex.: PETR3, VALE3, TOTS3 etc.

Ações preferenciais (PN, PNA e PNB)

Seu código de negociação inclui os números 4, 5 e 6 (normalmente).

Ex.: PETR4, VALE5 (PNA), ELET6 (PNB).

A letra “A” ou “B” após o PN, identifica a série de lançamento da ação: Preferencial série A,
Preferencial série B, etc.

Units

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 91


Units são “pacotes” de ações, contendo tanto ações ordinárias quanto preferenciais.

Seu código de negociação inclui o número 11.

Ex.: ALLL11, SANB11

BDRs – Brazilian Depositary Receipts.

Ações de empresas estrangeiras listadas na bolsa brasileira (cód. 11).

Estão sujeitas à legislação societária dos países de origem.

Recibo de Carteira de Ações – RCA

É um recibo representativo de uma carteira de ações, cujas quantidades são perfeitamente


fixadas e conhecidas quando de sua constituição.

Uma vez constituídos, os recibos são negociados na BOVESPA como se fossem um título
qualquer, com seu valor sendo determinado pelo mercado. A principal característica do RCA
é que ele permite que o investidor compre ou venda um conjunto de ações por meio de uma
única operação.

Lote Padrão

Ao buscar a cotação de ações em uma seção de economia de um jornal, muitas vezes você
pode se deparar com cotações que não se referem ao valor de uma ação individual, mas sim
de um lote de ações.

Um lote de ações é certa quantidade de ações que possuem características idênticas,


consideradas ideais para negociação.

São as Bolsas de Valores que definem o lote padrão. Na BOVESPA, por exemplo, você não
consegue negociar ações abaixo de um lote padrão.

92 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Imagine que você queira dar uma ordem de compra ou venda de uma ação de uma empresa
qualquer, cujo lote padrão é de 100 (ou seja, este lote é composto de 100 ações individuais
dessa empresa). Sua ordem de compra (ou venda) deve ser de 100, 200, 300, e assim por
diante. Uma ordem de 50, 230, ou qualquer outra quantidade diferente de um lote padrão é
considerada inválida.

Veja alguns exemplos de lote padrão:


Petrobrás ON – 100 ações

Cemig PN – 100 mil ações

O objetivo em se estabelecer um lote padrão é facilitar os negócios com os ativos e, assim, dar
mais liquidez a esse ativo e assegurar uma maior estabilidade no preço da ação.

O mecanismo de compra e venda por lote padrão pode, em um primeiro momento, parecer
um impeditivo para um pequeno investidor, pois um único lote padrão pode ter um valor de
mercado acima de sua capacidade financeira.

Mas, para não impedir o acesso aos pequenos investidores, a BOVESPA possui um mecanismo
que permite a comercialização de ações individuais. Com este mecanismo, o investidor pode
comprar qualquer quantidade de ações até o máximo do lote padrão. Este mecanismo chama-
se mercado fracionário.
Fonte: PHOTOS.COM

O Valor das Ações

É o preço pelo qual a ação é negociada nas Bolsas de


Valores ou no mercado de balcão organizado.

Mas há diferentes conceitos sobre o valor de uma ação,


conforme segue:

Valor nominal: é o valor de face de uma ação, ou seja,


aquele estabelecido pelos estatutos da companhia e

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 93


que vem impresso na ação. O valor nominal corresponde ao capital dividido pelo número de
ações.

Valor patrimonial: valor global do patrimônio líquido do exercício considerado dividido pelo
número de ações. Pode servir como referência para o exercício de direitos do acionista.

Valor contábil: valor lançado no estatuto e nos livros da companhia. Pode ser explícito
(valor nominal e preço de emissão) ou indiscriminado (sem valor). Se explícito, pode servir de
referencial para o exercício de direitos do acionista.

Valor de liquidação: valor avaliado em caso de encerramento das atividades da companhia.

Valor intrínseco: valor real avaliado no processo de análise fundamentalista (*).

Valor de subscrição: preço de emissão fixado em subscrições para aumento de capital (não
pode ser inferior ao valor nominal contábil).

Valor de mercado: é o valor que os compradores estão aceitando pagar e os vendedores


estão aceitando receber em mercados organizados.

A cotação de uma empresa não guarda coincidência com seu valor nominal, contábil ou de
liquidação. Muitas vezes, o preço das ações não tem nenhuma relação com o desempenho
da empresa.

Uma máxima de mercado é a seguinte: uma ação vale hoje o que o mercado está disposto a
pagar por ela.

(*) Metodologia de análise que determina o preço justo da ação, fundamentada na expectativa de resultados futuros.

94 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Por que comprar Ações?

As ações têm rendimentos e resultados distribuídos pela própria companhia, ou seja, benefícios
propiciados aos seus acionistas, sob a forma de proventos (dividendos, bonificações) ou de
direito de preferência na aquisição de ações (subscrição); e outros decorrentes dos movimentos
de preços dos mercados organizados (PINHEIRO, 2006).

Os estudos mostram que investir em uma carteira com composição semelhante ao Índice
IBOVESPA (objeto de estudo nas seções seguintes) no longo prazo, tem sido um excelente
negócio.

Compare no quadro abaixo o valor acumulado pelo investimento de US$1 em uma carteira
semelhante ao IBOVESPA e em Caderneta de Poupança.

Fonte: Investimentos, como administrar melhor seu dinheiro, Mauro Halfeld.

Nesse outro gráfico, você pode comparar a valorização de ações com outros tipos de
investimento:

Fonte: INI. Instituto Nacional de Investidores: Gráfico Comparativo. Disponível em: <http://www.ini.org.br>.
Arquivo consultado em 5 mai. 2010.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 95


DIREITOS DOS ACIONISTAS

São os seguintes os principais direitos dos possuidores de ações:

Dividendos

Trata-se da distribuição de parte dos lucros de uma empresa, em moeda, aos seus acionistas.

A lei determina que, no mínimo, 25% do lucro líquido do exercício devem ser distribuídos aos
acionistas.

Desde 1996, os acionistas estão isentos do IR de 15% na fonte sobre o valor recebido.

Juros Sobre o Capital Próprio

Por meio deste instrumento, a empresa está autorizada a remunerar o capital do acionista até
o valor da TJLP. O valor desembolsado é considerado como despesa e, por causa disso, é
descontado do lucro tributável, diminuindo o IR a ser pago pela empresa.

Já o valor recebido pelo acionista sofre desconto de IR na fonte à alíquota de 15%.

Subscrição

Direito aos acionistas de aquisição de ações por aumento de capital, com preço e prazo
determinados.

Bonificação

Distribuição gratuita de novas ações aos acionistas, em função do aumento do capital por
incorporação de reservas.

96 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Desdobramento ou Split

Distribuição gratuita de novas ações aos acionistas, pela diluição do capital em um maior
número de ações, com o objetivo, entre outros, de dar liquidez aos títulos no mercado.

Agrupamento ou Inplit

Condensação do capital em um número menor de ações com consequente aumento do valor


de mercado da ação, com o objetivo, entre outros, de valorizar sua imagem no mercado.

A NOVA LEI DAS S.A.S

Promulgada em 31 de outubro de 2001 (Lei n.º 10.303) e em vigor desde março de 2002,
a nova Lei das S.A proporcionou, além de uma maior proteção ao acionista minoritário, um
avanço na adoção de práticas de governança corporativa e no fortalecimento da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) como órgão regulador do mercado.
• Conselho de Administração: foi concedido aos acionistas minoritários o direito de eleger
um representante no Conselho de Administração.

• Conselho Fiscal: o órgão deve ser composto por três membros, sendo um eleito pelos
controladores, outro pelos minoritários e o terceiro, escolhido de comum acordo ou eleito
em assembleia geral.

• Conflito de interesse: a nova lei incluiu um dispositivo que permite aos acionistas minori-
tários detentores de 5% do capital votante ou 10% do capital total convocar uma assem-
bleia geral para resolução de um conflito de interesse.

• Tag along: outro ponto que merece destaque é o direito que prevê aos minoritários pos-
suidores de ações ordinárias venderem suas ações nas transferências de controle pelo
preço mínimo de 80% do que for obtido pelos controladores.

• Abertura de capital: as empresas que abrirem o seu capital terão de observar o limite
mínimo de 50% em ações ordinárias. Antes, a proporção era de 1/3 de ordinárias e 2/3 de
preferenciais.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 97


• Os direitos de preferências das ações PN: a nova lei estipula que seja garantido ao
proprietário de ações PN uma das seguintes situações: recebimento, prioritariamente em
relação às ON, de dividendos equivalentes a 3% do valor patrimonial; que os dividendos
sejam 10% superiores aos pagos às ações ON; ou que seja estendido o direito de tag along
às ações PN.

AS DEBÊNTURES

São títulos de dívida de médio e longo prazos emitidos por sociedades anônimas privadas, que
conferem ao investidor (debenturista) um direito de crédito contra a mesma, de acordo com as
características constantes na escritura de emissão (*). São negociados em Bolsas de Valores
e no Mercado de Balcão.

Normalmente, os recursos captados com o lançamento de debêntures são utilizados para


financiamento de projetos, reestruturação de passivos ou aumento do capital de giro das
empresas. Cada debênture emitida representa uma fração do total da dívida contraída pela
companhia no ato da emissão e pode ser negociada no mercado secundário.

Apesar de terem características de títulos de renda fixa (ou seja, têm índices de remuneração
previamente conhecidos, sejam pré ou pós-fixados), as debêntures podem ter características
de renda variável, como prêmios, participação no lucro da empresa ou mesmo conversibilidade
em ações da companhia emissora.

Quem adquire uma debênture passa a ser credor da empresa, recebe juros periódicos pelo
“empréstimo” e no vencimento recebe de volta o valor pago pelo título inicialmente.

As debêntures têm algumas classificações que é importante que você conheça. Essas
classificações são quanto à posse, à espécie e à garantia.

(*) documento legal que declara as condições sob as quais a debênture foi emitida: prazo, remuneração, garantias, periodicidade
de pagamento de juros etc.

98 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Quanto à posse, as debêntures podem ser:
• Nominativas: quando consta o nome do titular nos certificados que são emitidos fisica-
mente.

• Escriturais: são emitidas em meio eletrônico, não existindo a emissão física do certificado,
embora sejam, mesmo assim, nominativas.

Quanto à espécie, podem ser:


• Simples, ou seja, não conversíveis, quando conferem ao debenturista um crédito a ser
pago com correção monetária e juros.

• Conversíveis em ações, quando os debenturistas podem receber seu crédito com cor-
reção e juros (como nas simples) ou podem convertê-las em ações da empresa emissora,
passando assim da condição de dono de um crédito para dono de uma “fração” da em-
presa, ou seja, passa a ser um sócio.

• Permutáveis, que são debêntures que possibilitam ao detentor, dentro de condições


prévias definidas na escritura de emissão da debênture, a permuta deste papel por ações
de outra empresa que não a emissora da debênture.

Quanto à garantia, as debêntures podem ser:


• Com garantia real, quando a garantia é oferecida por bens integrantes do ativo da empresa
emissora ou de terceiros, vinculados por hipoteca ou penhor, por exemplo.

• Com garantia subordinada, quando os debenturistas passam a ter privilégio sobre os


acionistas no ativo remanescente em caso de liquidação da empresa.

• Com garantia flutuante, quando os credores têm preferência geral sobre os ativos da em-
presa, não impedindo, no entanto, a negociação destes bens que compõem o ativo.

• Com garantia quirografária e sem garantia, neste caso, não há nenhuma garantia ou pri-
vilégio sobre o ativo da empresa. O debenturista concorre em igualdade de condições com
todos os credores quirografários em caso de liquidação, sem nenhum tipo de preferência
sobre os demais credores.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 99


TAXAS E FORMAS DE REMUNERAÇÃO

Obedecida à legislação, as debêntures podem ser remuneradas das formas a seguir:


• Taxa de juros prefi xada.

• Taxa Referencial (TR), observado o prazo mínimo de quatro meses para o vencimento ou
período de repactuação. Somente as empresas de leasing podem emitir com este indexa-
dor.

• Taxa de juros fl utuante, observado o prazo mínimo de 120 dias para o vencimento ou
período de repactuação, admitindo-se que os intervalos de reajuste da taxa utilizada como
referencial ocorram em prazo não inferior a 30 dias.

• Taxa de juros fi xa e cláusula de atualização com base em índice de preços, atendido o


prazo mínimo de um ano para vencimento ou período de repactuação.

BNDESPar fará sua maior emissão de debêntures


DO RIO
O BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, vai fazer a maior oferta pública de debêntures
simples (não conversíveis em ações) de sua história. Serão emitidos R$ 1,5 bilhão, com a opção de
que se chegue a R$ 2,025 bilhões.
Em setembro, o banco havia concluído venda de R$ 750 milhões em títulos no exterior.
Será a primeira oferta do terceiro programa de distribuição de valores mobiliários da BNDESPar, cujo
valor previsto chegará a R$ 8 bilhões num prazo de dois anos.
A BNDESPar havia feito três operações de emissão de debêntures, de R$ 600 milhões em 2006, R$
1,35 bilhão no ano seguinte, e de R$ 1,25 bilhão em 2009.
Os investidores de varejo terão a maior fatia. Às pessoas físicas, caberá uma fatia de 35% dos R$ 1,5
bilhão. Isso, no entanto, poderá ser alterado, de acordo com a demanda.
Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/825508-bndespar-fara-sua-maior-emissao-de-debentures.shtml>.
Acesso em: 09 nov. 2010.

100 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Recompra de Ações pelo acionista controlador

A operação de recompra pelo acionista controlador, de acordo com Fortuna (2007), aumenta
o poder do controlador, pois intensifica sua participação no capital da empresa por ele
controlado. Após a recompra, o controlador terá duas opções: revendê-las mais tarde por um
preço maior ou manter as ações recompradas em tesouraria. Outra vantagem na recompra é
a economia proporcionada pelo não pagamento de dividendos sobre a parcela recomprada,
permanecendo os recursos no caixa da empresa.

As operações de recompra foram normatizadas mediante as Instruções CVM 010, 268 e


390, respectivamente de 14/02/1980, 13/11/97 e 08/07/2003, que estabelecem regras sobre
a aquisição por companhias abertas de ações de sua própria emissão, para cancelamento
ou permanência em tesouraria para posterior alienação. As empresas, por norma, podem
recomprar até 10% das ações (por tipo de ação), descontadas aquelas em mãos do acionista
controlador. Até este limite, as companhias não precisam de autorização da CVM, ficando a
decisão a cargo de uma deliberação dos seus conselhos de administração. O prazo-limite para
recompra é de 365 dias.

Outros títulos de instituições financeiras

As instituições financeiras lançam certos papéis que podem ser opções interessantes de
investimento. Vamos conhecer um pouco mais desses papéis.

Os principais são:

Notas Promissórias Comerciais ou Commercial Papers

São títulos de crédito de curto prazo emitidos por empresas e sociedades anônimas, não
financeiras para captar recursos de capital de giro.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 101


Podem ser emitidos por sociedades anônimas de capital fechado pelo prazo mínimo de 30 e
máximo de 180 dias e pelas sociedades anônimas de capital aberto pelo prazo mínimo de 30
e máximo de 360 dias.

O valor unitário de cada título não poderá ser inferior a 314.170,26 UFIR. A emissão deve ser
feita de uma só vez, não sendo admitidas séries como no caso das debêntures.

Permitem uma redução nas taxas de juros como alternativa aos empréstimos bancários, pois
não há intermediação financeira bancária.

Swap

Contrato de Swap, também conhecido como operação de Hedge(*), é toda operação realizada
para liquidação, em data futura, que implique troca de resultados financeiros, decorrentes da
aplicação de taxas ou Índices Referenciais(**) sobre valores ativos e passivos.

São celebrados geralmente entre duas partes que podem ser clientes de uma instituição
financeira ou entre um cliente e uma instituição financeira. A liquidação se dá normalmente na
data de vencimento.

A principal finalidade é permitir às partes contratantes o uso do mecanismo para, por exemplo,
casar posições ativas com passivas, equalizar preços, fazer hedge entre outros.

Para os gestores de fundos, é possível buscar a minimização do risco de mercado bem como
maximizar a rentabilidade das cotas.

Normalmente, operações de swap não envolvem desembolso. A isso se dá o nome de Swap


sem Caixa (ou Hedge sem Caixa). Neste caso, a operação é realizada utilizando-se apenas
valores de referência para o cálculo dos ajustes.

(*) Hedge: proteção contra oscilação de taxa ou índice.


(**) Índices referenciais: por exemplo, ouro, taxas de câmbio, índice de moedas, índice de taxas de juros, índice de ações,
índice de preços, debêntures, entre outros.

102 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Há também a opção de Swap com Caixa, neste caso vinculando-se um ativo financeiro, na
maioria das vezes um CDB.

CDB – Certificado de Depósito Bancário e RDB – Recibo de Depósito Bancário

CDB e RDB são conhecidos como depósitos a prazo e os mais tradicionais títulos de renda fixa
emitidos por instituições financeiras para captação de recursos. Esses produtos permitem que
o banco e o cliente saibam, com antecedência, as condições de remuneração para o prazo e
valores negociados.

Diferenças entre CDB e RDB: a diferença básica entre os dois títulos é que o CDB pode
ser transferido por meio de endosso, sendo, portanto, negociado no mercado. Já os RDBs
são obrigatoriamente nominativos e intransferíveis, determinando muitas vezes variações nas
taxas de juros pagas aos aplicadores.

Quanto às formas de remuneração, podem ser:

CDB/RDB prefixado: o investidor recebe, no vencimento, a remuneração negociada,


conhecida antecipadamente e constante no contrato. Nesta modalidade, não existe exigência
legal de prazo mínimo. Esta definição fica a cargo de cada instituição financeira.

CDB/RDB pós-fixado: os índices de remuneração do CDB são obtidos pela variação do


indexador escolhido na contratação. Existe, atualmente, uma exigência legal quanto ao prazo
mínimo de contratação de CDB, conforme o indexador utilizado.

Por que se pode dizer que aplicações em CDB são conservadoras?


Por que as Letras de Câmbio não são mais tão utilizadas?

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 103


Na tabela abaixo, observamos os prazos de acordo com os indexadores:

Letras Hipotecárias (LH)

São títulos emitidos por instituições financeiras autorizadas a conceder créditos hipotecários,
como as sociedades de crédito imobiliário, bancos múltiplos com carteira imobiliária e a Caixa
Econômica Federal, com lastro em financiamentos habitacionais.

As LHs são emitidas com juros prefixados, flutuantes e pós-fixados em TR, TJLP ou TBF no
prazo mínimo de 180 dias, pois se resgatadas antes desse prazo não remuneram o investidor.
O prazo máximo é o do vencimento dos créditos hipotecários caucionados em garantia.

Letras de Crédito Imobiliário – LCI

São títulos de crédito, lastreados por créditos imobiliários garantidos por hipoteca ou por
alienação fiduciária de imóvel.

Características:
• Títulos de renda fixa.

• Emissão exclusiva por instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central, com carteira
de crédito imobiliário.

• Emitidas sob a forma de certificado ou escritural, obrigatoriamente registradas na CETIP.

• Nominativas, transferíveis e de livre negociação no mercado secundário.

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• O preço unitário de emissão é de R$ 1.000,00 (mil reais).

• Garantia do emissor e FGC – Fundo Garantidor de Crédito.

• Lastro de créditos imobiliários (recebível/imóvel), garantidos por primeira hipoteca ou alie-


nação fiduciária.

• A LCI poderá contar com garantia pessoal, tais como aval e fiança, adicional de Instituição
Financeira.

• A LCI não poderá ter prazo de vencimento superior ao prazo de quaisquer dos créditos
imobiliários que lhe servem de lastro.

Valores Mínimos.

• Aplicação Mínima: R$ 50.000,00.

• Resgate Mínimo: R$ 5.000,00.

Letra de Câmbio (LC)

É um instrumento de captação específico das sociedades de crédito, financiamento e


investimento (financeiras), emitido sempre com base em uma transação comercial, ou seja,
quando ela empresta algum valor para alguém, essa pessoa saca, por procuração, uma LC
contra a financeira, que a aceita e lança no mercado.

Em sua forma, a Letra de Câmbio deve ter os seguintes requisitos:


• Denominação letra de câmbio.

• Soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda.

• Nome da pessoa que deve pagar a letra de câmbio.

• Assinatura do sacador ou mandatário com poderes especiais.

• Dias de emissão e vencimento, contando o prazo em dias.

• Valor de resgate no vencimento.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 105


São os seguintes os intervenientes (ou participantes) na emissão de uma Letra de Câmbio:
• Sacador: pessoa que emite a ordem de pagamento.

• Sacado: pessoa que pagará a letra.

• Tomador: pessoa que cobra a letra no vencimento.

Sobre a remuneração, a renda pode ser prefixada, flutuante ou pós-fixada em TR, TJLP ou
TBF.

BOVESPA

Fundada em 23/08/1890 como entidade oficial corporativa, a Bolsa de Valores de São Paulo –
BOVESPA, ao longo de sua existência, consolidou-se como o maior centro de negociação de
ações da América Latina.

Um acordo histórico para a integração de todas as bolsas brasileiras criou um único mercado
de valores, o da BOVESPA. Esse acordo uniu as Bolsas de Valores de São Paulo, Rio de
Janeiro, de Minas - Espírito Santo - Brasília, do Extremo Sul, de Santos, da Bahia-Sergipe-
Alagoas, de Pernambuco e Paraíba, do Paraná e a Bolsa Regional, integrando o mercado
de valores mobiliários, em âmbito nacional, com a participação de Sociedades Corretoras de
todas as regiões do país.

Principais desenvolvimentos no tempo:

1972: implantado o pregão automatizado com disseminação de informações on-line e em real


time, por meio de ampla rede de terminais de computadores. No final da década de 70 foram
introduzidas operações com opções de ações;

Década de 80: implantado o Sistema Privado de Operações por Telefone (SPOT).

1990: iniciadas as operações por meio do Sistema de Negociação Eletrônica – CATS (Computer
Assisted Trading System), que possibilitou a operação simultânea de negociações eletrônicas

106 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


com o pregão viva-voz.

1997: implantado o novo sistema de negociação eletrônica, o Megabolsa, que, além de utilizar
um sistema tecnológico altamente avançado, ampliou o volume potencial de processamento
de informações e permitiu que a BOVESPA consolidasse sua posição como o mais importante
centro de negócios do mercado latino-americano.

1999: lançamento do Home Broker e After-Market.

Forma de negociação de ações

O mercado de ações pode ser dividido em 2 segmentos:

Mercado primário: quando as ações de uma empresa são emitidas diretamente ou mediante
uma oferta pública.

Mercado secundário: as ações já emitidas são comercializadas por meio das Bolsas de
Valores. As empresas não se envolvem nessa etapa. Os negócios no pregão das Bolsas
são feitos entre antigos e novos acionistas da empresa. O mercado de bolsa é chamado de
mercado secundário.

ÍNDICES DE AÇÕES
Fonte: PHOTOS.COM

Segundo Pinheiro (2006), a BOVESPA


coleta, organiza e divulga uma série de
informações sobre os negócios realizados
em cada pregão.

Entre os principais índices divulgados pela


BOVESPA estão:

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 107


Índice Brasil (IBrX):

Mede o retorno de uma carteira de ações integrada pelas 100 ações mais negociadas.

IBrX 50:

Igual ao anterior, com a diferença que mede apenas as 50 ações mais negociadas.

Índice de Energia Elétrica (IEE):

É um índice setorial, que mede o desempenho das ações do setor elétrico.

Índice Setorial de Telecomunicações (ITEL):

Também setorial, mede o desempenho das ações das empresas do setor de telecomunicações.

Índice Valor BOVESPA (IVBX-2):

Índice que mede o retorno de uma carteira hipotética construída exclusivamente com ações de
empresas de excelente conceito perante os investidores, classificadas a partir da 11ª posição,
tanto em termos de valor de mercado como de liquidez de suas ações.

Índices BOVESPA

O IBOVESPA é um índice que mede o valor atual em moeda do país de uma carteira teórica
de ações, a partir de uma aplicação hipotética, procurando aproximar-se da configuração real
das negociações à vista, em lote padrão, na Bolsa de Valores de São Paulo.

A carteira do IBOVESPA é atualizada a cada quatro meses, utilizando como parâmetro


principalmente a liquidez das ações. Assim, o mercado acaba fazendo uma depuração natural
do índice, pois as ações mais procuradas acabam por fazer crescer sua participação no
IBOVESPA ao passo que diminui a participação daquelas com menor potencial de lucros.

108 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Por ser o mercado brasileiro muito concentrado em poucas ações (de oito a dez ações
representam 50% do volume negociado no mercado), o índice possui alto grau de concentração
em sua composição.

Índices de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (ICG)

Índice que mede uma carteira teórica composta por ações de empresas que apresentam bons
níveis de governança corporativa.

Níveis da BOVESPA

Neste ponto, vamos abordar algo que interessa muito aos investidores. São os chamados
níveis da BOVESPA.

Quando falamos acima sobre o ICG – Índice de Ações com Governança Corporativa
Diferenciada da BOVESPA, estávamos na verdade fazendo diferenciações entre as empresas
que têm suas ações comercializadas na Bolsa. O mercado, então, classifica essas empresas
de acordo com suas práticas de governança corporativa e estabelece mercados diferenciados
para a comercialização de suas ações.

Isso significa padrões e regras de gestão societária estabelecidos em Regulamento da


BOVESPA, que objetivam oferecer aos acionistas da Companhia registrada na BOVESPA
informações e direitos adicionais aos estabelecidos na Lei de Sociedades por Ações e demais
normas vigentes.

As empresas com melhores práticas de governança recebem selos diferenciais na BOVESPA.


São os níveis 1, 2 e Novo Mercado, do menos para o mais avançado. E quanto às empresas que
não se enquadram nesta classificação? Elas também têm seu ambiente de comercialização,
mas pertencem ao mercado tradicional.

A intenção, ao diferenciar as empresas em níveis, é mostrar mais claramente ao investidor

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 109


quais empresas seguem boas práticas de governança, o que pode definir a escolha por uma
ou outra empresa.

E você não concorda que essas práticas deixam mais transparente a relação com os
investidores e evitam, por exemplo, o que era muito comum no passado, de as empresas
fecharem o capital do dia para a noite, os papéis sofrerem forte desvalorização e o investidor
perder dinheiro?

O Novo Mercado é o nível mais avançado de práticas de governança e exige, por exemplo, que
todas as empresas listadas lá tenham somente ações ON.

Outra prática ou diferença é que, no Novo Mercado, para dar liquidez aos papéis, a empresa
precisa manter em circulação uma parcela mínima de ações que represente 25% do capital.
Bem, mas são várias as diferenças e a lista para cada um dos níveis é grande.

Não é comum uma empresa iniciar a comercialização de suas ações em Bolsa diretamente no
Novo Mercado. O que ocorre é, em geral, as empresas começarem preenchendo os requisitos
aos poucos e aí mudarem de nível gradativamente. Atualmente, são várias as empresas que
pertencem aos níveis 1, 2 e Novo Mercado. Pode-se dizer que metade das empresas que
representam o volume financeiro diário da Bolsa já está em um desses níveis. Isso é ótimo
para o investidor, não acha?

Os anos de 2007 e 2008 foram muito importantes para a BOVESPA e para a BM&F.
No ano de 2007, a BOVESPA passa a ser uma holding se você pesquisar, verá que holding é uma pa-
lavra inglesa para defi nir uma sociedade gestora de participações sociais. É uma forma de sociedade
criada com o objetivo de administrar um grupo delas (o chamado conglomerado). Na holding, essa
empresa criada para administrar possui a maioria das ações ou quotas das empresas componentes
de determinado grupo de empresas. Essa forma de sociedade é muito utilizada por médias e grandes

110 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


corporações e normalmente visa melhorar a estrutura de capital da empresa ou como parte de alguma
parceria com outras empresas.
Além disso, tanto a BOVESPA como a BM&F lançam ações na bolsa, visando atrair investidores.
Em 2008 ocorre a integração da BOVESPA Holding S.A. e a BM&F S.A. e a criação da Bolsa de Va-
lores, Mercadorias e Futuros – BM&F BOVESPA S.A., conhecida no mercado como A Nova Bolsa, a
terceira maior do mundo em valor de mercado.

Acesse os links:
<http://www.bovespa.com.br>.
<http://www.cvm.gov.br>.
<http://www.ethos.org.br>.
<http://www.bb.com.br>.
<http://www.hsbc.com.br>.
Acessos em: 9 nov. 2010.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mercado financeiro, que está inserido no sistema financeiro, pode ser divido em mercado de
crédito e mercado de capitais.

O primeiro é um mercado de curto prazo, onde os bancos são os principais atuantes junto ao
público, oferecendo créditos mais caros de prazos menores.

O mercado de capitais é um mercado de longo prazo, ideal para as pessoas que querem
investir suas economias e para as empresas que querem crédito mais barato e mais alongado.

Os principais produtos negociados nos mercados de capitais são: AÇÕES e DEBÊNTURES.


Ações são títulos representativos da menor parcela do capital da empresa. Sabe o que significa
na prática? Que quem compra uma ação se torna sócio da empresa. A segunda é um título
de crédito que a empresa lança. Isto significa que quem tem uma debênture é um credor da

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 111


empresa.

Vimos que cada uma delas tem suas especificidades quanto ao prazo e rendimento. O
importante salientar aqui é a importância desta modalidade para a sociedade.

Quando uma empresa consegue crédito barato e de longo prazo (debênture) ou um sócio
que acredita no seu projeto (ação), ela consegue fazer seus projetos virar realidade e investir
gerando novos empregos e renda para o país.

Quanto mais desenvolvido é o mercado de capitais de um país, mais desenvolvido também é


o próprio país.

Além do mais, é uma ótima oportunidade para as pessoas físicas investirem suas economias,
rendendo muito mais que as simples aplicações bancárias como a poupança.

Você já pensou em investir em ações? Acha arriscado? Depende muito de como será
composta sua carteira de investimentos. Vá atrás de uma corretora, conheça seus produtos,
seu desempenho. É certo que você não se arrependerá no futuro.

Como veremos na unidade a seguir, investir em ações não é uma coisa exclusiva para
especialistas.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

1. Pesquise mais sobre o IBOVESPA. Como é composto esse índice? Que empresas fazem
parte da formação desse indicador?

2. Busque conhecer quais os requisitos para uma empresa ter suas ações medidas pelo ICG.
Verifique por que há diferenças de níveis de empresa dentro da BOVESPA.

3. Procure saber mais sobre Governança Corporativa.

4. Tente conhecer o que são ações blue-chips.

5. Busque encontrar quais as remunerações para o aplicador que investir em CDBs. Existe
alguma diferença de rentabilidade por volume de dinheiro aplicado?

6. Pesquise movimentos de recompra de ações por parte de alguma companhia no mercado.


Quando ocorreu e quais empresas usaram deste expediente?

112 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


UNIDADE IV

O MERCADO DE TÍTULOS, PRINCÍPIOS DE INVESTIMENTO,


APLICANDO EM AÇÕES E VALORES MOBILIÁRIOS
Professor Esp. Paulo Pardo

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o mecanismo da custódia de títulos e valores mobiliários.
• Inteirar-se sobre os custos operacionais no mercado secundário.
• Entender o que são mercados primário e secundário, mercado à vista e mercado a
termo.
• Conhecer o que é Home Broker e After Market.
• Compreender o papel do especulador no mercado de capitais.
• Conhecer alguns princípios de escolha de investimentos.
• Saber como aplicar em ações.
• Ter noções do que é análise fundamentalista.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nessa unidade:
• Custódia de títulos e valores mobiliários
• Custos operacionais e tributação no mercado secundário
• Os conceitos e Home Broker e After Market
• A operação dos mercados à vista e a termo
• A questão da especulação no mercado de capitais
• Princípios gerais de administração de investimentos
• Como investir em ações
• Como a análise do comportamento do mercado de ações pode ser uma fer-
ramenta importante de decisão de investimento
INTRODUÇÃO

Apesar do mito ainda presente para algumas pessoas de que operar no mercado de títulos
e valores mobiliários, mais especificamente no de ações, seja complicado e apenas para
especialistas, isso não se comprova na prática.

É verdade que você, como investidor, precisa conhecer alguns detalhes importantes ao iniciar
sua operação no mercado, mas não se assuste! Não é tão complexo como se diz.

O importante é você conhecer como comprar as ações, como elas são “guardadas” e como
fazer para efetivar suas operações no dia a dia.

Nesta Unidade, você vai tomar conhecimento sobre tudo isso. Certamente, pelo menos por
curiosidade, você ficará tentado a investir nesse mercado.

Além disso, você verá que investir sempre foi uma questão de preocupação para as pessoas.
Investir bem pode ser ainda mais desafiador.

No mercado, ouve-se falar muito a respeito de especulação e especuladores, o que, na mente


de um investidor inexperiente, pode soar como um sinal de alerta.

O que buscar em um investimento? É possível existir um investimento 100% seguro? E o


mercado acionário, é fora de alcance para o pequeno investidor?

Essas questões também serão respondidas ao longo desta unidade.

Custódia de Títulos

A custódia é um serviço que as bolsas e as sociedades corretoras prestam a seus clientes


e que consiste na guarda de títulos e valores mobiliários. As posições de cada custodiante
deverão apresentar a gama de papéis que o cliente possui, a quantidade de cautelas e ações

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 115


custodiadas, valores, datas de vencimento e entidades emissoras dos títulos de renda fixa
(Pinheiro, 2006).

Ainda, o sistema de custódia deve registrar e controlar a movimentação física das cautelas,
quando do exercício dos direitos, informando, sempre que necessário, o local em que estão
e o responsável, se estão em poder de procurador, de corretora ou da companhia emissora.

Custos Operacionais

Incidem normalmente sobre as operações no mercado secundário os seguintes custos:


• Taxa de corretagem: é cobrada pela instituição prestadora do serviço ao executar ordens
de compra e venda de ações. Normalmente é uma taxa negociada livremente entre as
partes.

• Taxa de serviço: representa um valor fixo cobrado pelas instituições para cobertura de
seus custos e varia em torno de R$25,00.

• Emolumentos: é a taxa operacional cobrada pela BOVESPA/CBLC, que é de 0,035% para


operações comuns de compra e venda de ações. Para operações do tipo day-trade a taxa é
menor, de 0,025% sobre o valor negociado. No caso de opções, a BOVESPA/CBLC cobra
também uma taxa de registro, que é de 0,10% do valor negociado.

• Taxa de custódia: cobrada a cada compra de ações. A taxa mensal de custódia é cobrada
pela manutenção e guarda das ações. Os clientes que não tiverem posições em ações,
e nem fizerem movimentações ao longo do mês, não pagam esta taxa quanto ao uso do
Home Broker.

Para clientes que negociarem valores iguais ou superiores a R$1.000,00 no mês a taxa co-
brada será de R$ 6,90, para clientes que não realizarem operações ou negociarem valores
inferiores a R$ 1.000,00 por mês, a taxa de custódia será de R$ 25,00. A taxa não leva em
consideração o volume de ações mantidas em carteira.

Na mesa de operações, as taxas funcionam de maneira diferenciada, tanto o cliente que


operar, quanto o que não operar, paga o mesmo valor de R$ 25,00.

116 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


TRIBUTAÇÃO

Devemos entender a tributação sobre os negócios realizados em bolsa pelo lado da empresa
e pelo lado do acionista.

Para as empresas, as ações geram Imposto de Renda sobre o lucro empresarial e impostos
sobre a atividade econômica, que refletem no desempenho econômico e, é claro, no lucro da
companhia.

Se você for investidor, vai te interessar muito como funciona a tributação pelo lado do acionista.
Vamos entender este assunto.

O principal imposto é o Imposto de Renda. Este


Fonte: PHOTOS.COM

imposto tem como fato gerador o lucro líquido obtido


na venda das ações.

A Base de Cálculo é o resultado positivo entre


o valor de venda e o custo de aquisição do ativo,
calculada pela média ponderada dos custos unitários,
obtidos nas operações realizadas em cada mês. As despesas decorrentes da realização das
operações podem ser deduzidas da base de cálculo.

As alíquotas são de 15% sobre o ganho líquido em operações normais e 20% sobre o ganho
líquido das operações de day-trade.

O recolhimento é apurado quando da venda das ações em períodos mensais e pago até o
último dia útil do mês subsequente.

Há ainda a retenção na fonte, de 1% sobre os ganhos líquidos das operações de day-trade e


0,005% (cinco milésimos por cento) sobre os valores de venda em operações normais.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 117


O contribuinte é o responsável pelo recolhimento. No caso de investidores estrangeiros, seu
representante legal tem essa responsabilidade.

O responsável pela retenção na fonte é a instituição financeira que receber diretamente a


ordem do cliente.

Existe a possibilidade de compensação, que funciona da seguinte maneira: ao apurar o


imposto mensal sobre ganhos líquidos em bolsa, as perdas incorridas e o imposto retido na
fonte podem ser compensados com os ganhos líquidos obtidos em outras operações realizadas
nos mercados de bolsa, no próprio mês ou nos meses subsequentes.

Para incentivar pequenos investidores no mercado de bolsa, é concedida isenção para vendas
iguais ou inferiores a R$20.000,00 (vinte mil reais), efetuadas por pessoas físicas no mercado
à vista.

Exemplo hipotético de custo de aquisição de ações:

Fonte: Mercado de Capitais, Juliano Lima Pinheiro (2006).

Visando a simplificação nas operações com títulos e valores mobiliários, diversas instituições
mantêm serviço de custódia de ações e outros títulos.

Basicamente, existem dois tipos de custódia:

COMUM: os certificados e cautelas depositados ficam em nome do depositante, sendo-lhe


entregues em caso de retirada.

118 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


FUNGÍVEL: a quantidade de ações depositadas fica registrada em nome do investidor. Este
sistema é mais simples de administrar e é hoje utilizado pelas Bolsas de Valores.

MERCADO DE AÇÕES

Conforme vimos, o mercado de ações pode ser dividido em:

Mercado primário: quando as ações de uma empresa são emitidas diretamente ou mediante
uma oferta pública.

Mercado secundário: no qual as ações já emitidas são comercializadas por meio das Bolsas
de Valores.

Por que pode ser vantajoso para o investidor utilizar-se do home broker?
Que documentos são necessários para abrir uma conta em uma corretora?

O Pregão

Dentro do mercado de bolsa, uma das partes mais interessantes é o pregão, que vem a ser o
recinto que reunia os operadores da bolsa de valores para executar fisicamente as ordens de
compra e venda dadas pelos compradores e vendedores às suas corretoras.

Era uma época “romântica” do mercado de ações, onde se via operadores com vários telefones
ao mesmo tempo, gritando ordens de compra e venda no que era conhecido como pregão
viva-voz.

Com o avanço da tecnologia, os pregões são totalmente eletrônicos, sem interferência de


operadores, com ganhos de escala importantes para o mercado.

Dois mecanismos que facilitam muito a vida do investidor são o Home Broker e o After Market.
Vamos conhecer estas importantes ferramentas:

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 119


Home Broker basicamente pode ser definido como um canal de relacionamento entre os
investidores, corretoras e o sistema de pregão eletrônico da BOVESPA. Através desse sistema
é possível, na comodidade do seu lar ou do seu trabalho, que um investidor transmita ordens
de compra e venda de ações impostadas via Internet. A maioria das corretoras oferece esse
serviço gratuitamente, pois elas também têm interesse nesse mecanismo por não utilizar
operadores, e sim sistemas. É importante frisar que o Home Broker acata apenas ordens com
preços limitados e válidas para o mesmo dia. Qualquer outro tipo de ordem via Internet que não
se enquadre nesses parâmetros, não transitam via Home Broker (CAVALCANTE e MIZUNO,
2001).

After Market poderia ser definido como um pregão após o pregão, ou seja, existe a possibilidade
de negociar ações fora do horário do pregão normal da BOVESPA (que acontece entre 10h45
e 18h). Essas negociações são no mercado à vista, iniciando o período de pré-abertura às
18h30 e sendo encerradas às 19h30. Confira os horários no portal da BOVESPA, em <http://
www.bmfbovespa.com.br/pt-br/regulacao/horarios-de-negociacao/acoes.aspx?idioma=pt-br>.
Acessado em: 23 jan. 2012.

O canal de negociação do After Market é o Home Broker ou a mesa de operações de sua


corretora. Existem algumas regras para essas negociações:
1) Não pode haver variação positiva ou negativa superior a 2% em relação ao preço de fecha-
mento do pregão.

2) Os negócios realizados no After Market são computador no próprio dia (D+0).

3) Não é possível operar com derivativos pelo After Market.

MERCADO DE BALCÃO

Mercado de balcão é onde são fechadas operações de compra e venda de títulos, valores
mobiliários, commodities e contratos de liquidação futura, diretamente entre as partes ou com
a intermediação de instituições financeiras, mas fora das bolsas.

Neste mercado, normalmente, são negociadas ações de empresas não registradas nas Bolsas
de Valores, além de outras espécies de títulos.

120 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Mercado de Balcão Organizado

O mercado de balcão é dito organizado quando se estrutura como um sistema de negociação


de títulos e valores mobiliários, administrado por entidade autorizada pela CVM.

Ordem de Compra e Venda

Ao operar no mercado de ações, o investidor emite uma ordem de compra ou venda à sua
corretora, e esta, por sua vez, fica encarregada de executar esta ordem no pregão.

Existem vários tipos de ordem que o investidor pode emitir. De acordo com Fortuna (2007), os
principais tipos de ordem de compra e venda de ações são:
• Ordem a Mercado: quando o investidor especifica à corretora apenas a quantidade e as
características dos títulos que deseja comprar ou vender e a sua execução deve ser ime-
diata.

• Ordem Administrativa: quando o investidor especifica à corretora apenas a quantidade e


as características dos títulos que deseja comprar ou vender e o momento de sua execução
fica a critério da corretora.

• Ordem Limitada: quando o investidor estabelece o preço máximo ou mínimo pelo qual ele
quer comprar ou vender determinada ação. Ela somente será executada por um preço igual
ou melhor do que o indicado.

• Ordem Casada: quando o investidor determina uma ordem de compra de um título e uma
de venda de outro, condicionando sua efetivação ao fato de ambas poderem ser executa-
das.

• Ordem de financiamento: quando o investidor determina uma ordem de compra (ou ven-
da) de um título em um tipo de mercado e outra concomitante de venda (ou compra) de
igual título, no mesmo ou em outro mercado, com prazos de vencimento distintos.

No quadro abaixo, fizemos um resumo para fixar melhor estes conceitos e fixar ainda outros
tipos conhecidos no mercado:

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 121


Mercado à Vista

É o mercado onde se realizam operações de compra e venda de ativos negociáveis em


bolsa, com prazo de liquidação física e financeira fixado nos regulamentos e procedimentos
operacionais da Câmara de Liquidação. Nele, a entrega física (entrega dos títulos vendidos)
é processada no segundo dia útil, após a realização do pregão, e a liquidação financeira
(pagamento e recebimento do valor da operação) se dá no terceiro dia útil posterior à
negociação e somente mediante a efetiva liquidação física.

Mercado a Termo

Neste mercado, as operações têm prazos diferidos, em geral 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias.
Trata-se de uma compra ou venda, em mercado, de determinada quantidade de ações a um
preço fixado, para liquidação em prazo determinado a contar da data de sua realização em
pregão, resultando em um contrato entre as partes.

122 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Aluguel de Ações

Fonte: PHOTOS.COM
Se você é dono de um imóvel e não o utiliza para sua moradia,
uma opção interessante para fazer com que o imóvel “trabalhe” para
você é alugá-lo.

Você sabia que é possível fazer isso com ações? Isso mesmo!
Afinal, as ações são um patrimônio do investidor, assim como um
imóvel, um veículo ou outro bem qualquer.

Mas como alugar ações?

É importante você saber que esse serviço é regulamentado por instruções específicas no
Conselho Monetário Nacional (Resolução 2268) e também por normas da própria CBLC -
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (Resolução 009/96).

No aluguel de ações, o dono da ação (locador) permanece com sua posse, recebendo
dividendos e exercendo os demais direitos referentes à ação.

Quem toma as ações emprestadas (locatário), deve dar garantias ao negócio de no mínimo
100% em títulos definidos na transação, além de um adicional em função da volatilidade do
preço das ações.

Este tipo de negócio interessa muito às áreas de tesouraria dos bancos, a formadores de
preços de mercado e a outros investidores qualificados.

O negócio de aluguel de ações tem processos, prazos e remuneração previamente definidos.

Para você entender melhor, o prazo médio de um aluguel é de 30 dias reversíveis, ou seja, há a
possibilidade de devolução antecipada, com o crédito, neste caso, proporcional aos dias úteis
em que o papel ficou de posse do locatário.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 123


No caso da remuneração, o percentual é de 4,5% a.a. sobre o volume alugado, creditada em
D+1 com incidência de Imposto de Renda na fonte sobre a remuneração.

A questão da especulação

No mercado de capitais, uma figura tida como nebulosa, por quem não conhece sua função,
é o especulador.

Será mesmo que se deve temer o especulador?

A própria definição de especulador no mercado nos ajuda a entender seu papel: aquele que
compra ou vende títulos, valores mobiliários, ativos, derivativos ou commodities, atraído pela
especulação, aproveitando-se das oscilações nos preços para realizar lucros, sem cometer
ato ilegal.

Na verdade, os especuladores são participantes do mercado de capitais dispostos a correr


riscos em troca da esperança de ganhos no futuro. Normalmente, operam a prazos curtos,
tentando antever movimentos do mercado.

Eles são importantes para o aperfeiçoamento dos mercados porque trazem liquidez, permitindo
que quem deseje comprar ações encontre-as com facilidade e a quem deseja vender ações,
que possa fazer isso rapidamente.

As verdadeiras figuras nocivas ao mercado são os manipuladores, ou seja, pessoas ou grupos


que têm tanto poder que podem conduzir os preços na direção que desejam. Muitas vezes,
detêm informações privilegiadas e usam essas informações para tirar vantagem em operações
financeiras. Essas figuras, uma vez identificadas, devem ser banidas do mercado. Felizmente,
as bolsas e a CVM têm instrumentos para impedir a presença nociva de manipuladores.

Princípios gerais da Adminstração de Investimento

Sob a ótica do investidor, seja ele quem for, um investimento terá um objetivo de rentabilidade

124 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


no tempo, ou seja, quanto espera ganhar e em quanto tempo espera que isso aconteça.

Assim, para atingir seus objetivos, um investidor basicamente precisa analisar:


• Que possibilidade de perda está disposto a aceitar?

• Durante qual período de tempo?

• Qual a expectativa de retorno (rentabilidade, rendimento) do investimento a ser realizado?

Com essas questões em mente, podemos analisar os investimentos quanto a três aspectos
básicos de avaliação: rentabilidade, liquidez e segurança.

Rentabilidade: é o grau de rendimento proporcionado por um investimento pela valorização


do capital ao longo do tempo.

Nesse aspecto, existem dois momentos no cálculo da rentabilidade de um investimento


financeiro:
1) o momento em que a rentabilidade é projetada antes de realizado o investimento e que
representa a expectativa de ganho do investidor;

2) o momento em que a rentabilidade é calculada depois de realizado o investimento, ou seja,


a que realmente aconteceu ou está acontecendo.

A rentabilidade projetada é conhecida como a rentabilidade esperada ou retorno esperado do


investimento, ou ex ante.

A rentabilidade calculada depois do investimento realizado é conhecida como rentabilidade


observada, ou ex post.

No mundo das finanças, essas duas rentabilidades quase nunca coincidem. Isso na prática, só
acontece se o investidor trabalhar com taxas prefixadas.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 125


O segundo aspecto é:

Liquidez: é a rapidez com que se consegue transformar um investimento em dinheiro.

Todo investidor espera poder, em um momento de emergência ou necessidade, converter seu


investimento rapidamente em dinheiro. A essa possibilidade de sacar, o mercado financeiro
denomina liquidez.

Para saber se um investimento tem liquidez é preciso considerar:


1) O tipo e o tamanho do mercado onde o ativo financeiro é negociado.

2) O histórico de negociações daquele ativo, o que possibilita concluir se há interesse ou não


do mercado naquele ativo.

3) Se o momento político e econômico do país é propício ou não ao tipo de investimento.

4) Qual tempo provável de o cenário se manter igual ao do momento do investimento.

O terceiro aspecto é:

Segurança: é a certeza do retorno do dinheiro aplicado.

Mas para um entendimento correto do conceito de segurança, é melhor analisá-lo pelo seu
oposto, o risco.
Fonte: PHOTOS.COM

Risco é a incerteza quantificável matematicamente.

É bom saber que todo tipo de investimento tem um


risco inerente de perda. Correr risco é aceitar a
possibilidade de perda.

Naturalmente, quase todos são avessos ao risco, a


não ser que este venha acompanhado da possibilidade de ganhos.

126 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Quase invariavelmente, a possibilidade maior de ganhos está associada ao maior risco.

O importante do risco é que ele seja conhecido e controlado.

Rentabilidade, liquidez e segurança são o tripé que sustenta qualquer investimento financeiro,
porém, eles nem sempre estão alinhados.

É possível afirmar que não existe um investimento que seja ao mesmo tempo rentável, seguro
e com liquidez. É nesse ponto que o investidor terá que exercer sua preferência.

É interessante o que podemos aprender com quem já investe há algum tempo. Esses investidores, por
vezes, compartilham suas estratégias de investimento com iniciantes, o que pode facilitar em muito a
vida de quem começa a juntar seus recursos visando um retorno futuro.
Uma iniciativa neste sentido é a do INI – Instituto Nacional de Investidores. De acordo com o portal do
INI na Internet, este Instituto é uma instituição sem fi ns lucrativos que funciona como uma verdadeira
escola para quem quer investir em ações, tendo como objetivo oferecer à população brasileira um
programa permanente de educação e orientação sobre como investir no mercado de ações. Enfatiza
a formação de clubes de investimento e dissemina valores e princípios que poderão ajudar as pessoas
a tornarem-se investidores conscientes.
O INI recomenda, ao se fazer quaisquer investimentos, em seguir o que ele classifi ca como 5 Princípios
de Investimento. São eles:
1) Investir regularmente
Investir todos os meses - em períodos de alta ou de baixa do mercado - é um princípio básico para
criar uma poupança de longo prazo.
Aplicando uma quantia fi xa todos os meses, o investidor acabará comprando menos ações nos perío-
dos de alta e mais nos de baixa. Isso é uma maneira de comprar ações por um preço médio. Como
é muito difícil saber se a Bolsa vai subir ou cair nos próximos dias, comprar sempre é uma boa es-
tratégia. Esse princípio diminui o efeito das oscilações da Bolsa. Com ele, o investidor ganha com a
valorização das ações no longo prazo.
2) Reinvestir todos os lucros e dividendos
Reaplique no mercado todos os lucros de seus investimentos. Isto permitirá que os ganhos cresçam

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 127


com uma capitalização composta. O investidor que faz isso ganha mais do que se deixasse apenas o
capital original aplicado. O brasileiro costuma chamar a capitalização composta de “juros sobre juros”
e, normalmente, é apresentado a ela quando assume alguma dívida. No caso dos investimentos, os
“juros sobre juros” trabalharão a seu favor.
3) Investir em empresas com grande crescimento
Selecione ações de empresas com vendas e lucros que tenham crescido mais que o Produto Interno
Bruto nos últimos anos. Invista naquelas com perspectivas de manter esse crescimento no futuro. O
método INI ensina como identifi car empresas em crescimento.
4) Diversifi car ativos
Algumas ações terão rendimentos menores que o esperado, outras terão rendimentos maiores. Como
é impossível prever o futuro com precisão, não se deve esperar que todos os resultados sejam bons.
Diversifi cando, investindo em várias ações diferentes, você precisará apenas de um crescimento mé-
dio que alcance sua meta. Assim, uma ação com rendimento abaixo do previsto não provocará um
grande desequilíbrio em seus rendimentos.
5) Exigir boa governança corporativa
Procure investir em empresas que adotam princípios de governança corporativa. Uma boa governan-
ça quer dizer adotar regras que garantam o fornecimento de informações rigorosas sobre as contas
da empresa, que estimulem o aumento da liquidez das ações na Bolsa e que protejam os acionistas
minoritários de decisões dos controladores que possam prejudicá-los.

COMO INVESTIR EM AÇÕES

Quanto é preciso para começar?

Muitas pessoas talvez tenham desejo de investir em ações, mas acreditam que é necessário
ter uma grande soma de recursos para entrar neste mercado.

Na verdade, não há um valor mínimo exigido para se investir em ações. Se você já se deparou
com valores mínimos para aplicação, pode ter certeza que essa regra foi estabelecida pela
Corretora pesquisada ou, ainda outra hipótese, em razão do preço das ações da empresa
considerada.

128 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Como começar a investir?

No portal da Bovespa <www.bmfbovespa.com.br> você encontrará as formas mais comuns de


investir em ações. As principais são listadas abaixo:

• Individualmente: O investidor contrata diretamente os serviços de uma Corretora. A partir


daí, a corretora oferece a assessoria de profissionais habilitados que poderão orientar o
investidor em opções que se enquadrem no seu perfil. O investidor, em última instância, é
quem escolhe as ações das empresas que achar mais interessante e transmite as ordens de
compra para sua corretora.

• Clubes de Investimento: Essa é uma opção interessante, pois o investimento ganha a


força de um grupo maior de pessoas (e, consequentemente, maiores volumes para serem
aplicados). Geralmente, consegue-se taxas mais atrativas nas corretoras. Esse grupo de
pessoas, ao constituir um Clube de Investimentos, elege um representante, que será a pessoa
responsável por intermediar e transmitir as decisões do clube nos contatos com a corretora.

• Fundos de Investimento: Esta opção também permite usufruir das variações do mercado
acionário sem, contudo, tornar o investidor um acionista. Isto porque o investidor, ao invés de
comprar diretamente ações através de uma corretora, adquire cotas de um fundo de ações,
que pode ser administrado por uma Corretora de Valores, um Banco ou um Gestor de Recursos
independente, devidamente autorizado pela CVM.

Confira essas e mais opções e dicas no site <http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/perguntas-


frequentes-resposta.aspx?idioma=pt-br#2.2>. Acessado em 23/01/2012.

Um desafio para os investidores, conforme vimos, é conhecer o valor das ações no mercado.
Antever movimentos de mercado (se aponta uma valorização ou desvalorização em um
determinado período de tempo) é um objetivo perseguido pelos especuladores e investidores
mais engajados.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 129


Para auxiliar neste desafio, existem duas técnicas bastante difundidas e consagradas pelo
mercado. São elas: a Análise Fundamentalista e a Análise Técnica.

Vamos conhecer os fundamentos de cada uma delas:

A ANÁLISE FUNDAMENTALISTA

Sobre esta técnica, você encontrará muitas definições em portais especializados e livros sobre
Mercado de Capitais. Uma definição que eu escolhi, por sua clareza, está disponível no portal
Financenter <www.financenter.com.br>, que transcrevo abaixo:
A análise fundamentalista é uma metodologia para determinar o preço justo de uma
ação fundamentada na expectativa de lucros futuros das empresas. O preço das ações
nas bolsas não é o próprio preço justo, mas refletem uma média de expectativas entre
compradores e vendedores da ação. A cotação de bolsa é um dado de mercado,
enquanto o preço justo é uma avaliação individual. Em análise fundamentalista, as
informações utilizadas geralmente envolvem níveis futuros e previstos da atividade
econômica nacional, setorial e da empresa, além de considerações políticas que
possam influenciar no comportamento de variáveis econômicas, afetando as taxas de
retorno esperadas e o grau de incerteza a ela associado. O principal indicador que
baliza o preço das ações é o Indicador Preço/Lucro, mais conhecido como P/L.
Fonte: <http://financenter.terra.com.br/Index.cfm/Fuseaction/secao/Id_Secao/336>.
Acessado em: 23 jan. 2012.

Na prática, o que ocorre é que a análise fundamentalista estuda os fatores que afetam as
situações de oferta e demanda de um mercado, buscando estabelecer um preço justo de
um ativo, como é o caso das ações. Utilizando-se de diversas ferramentas, o analista tenta
comparar o preço encontrado – que seria o preço justo – com o que é praticado no mercado.
Se a comparação indicar que o mercado está sobreavaliando o ativo, é uma indicação clara
de um momento de venda. No caso oposto, se o mercado está subavaliando o ativo, isto é, o
mercado está comercializando o ativo abaixo do valor que seria o justo, é uma indicação de um
momento de compra. É importante ressaltar que o preço de mercado raramente corresponde –
se é que isso acontece alguma vez – ao cálculo do chamado “preço justo” do ativo (LAGIOIA,
2007).

130 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


No texto abaixo, você conhecerá os principais princípios da Análise Fundamentalista, que considero
mais realista. Porém, não gostaria de influenciá-lo afirmando que esta técnica seja superior à Análise
Técnica. Espero, no entanto, que as informações abaixo possam municiá-lo de argumentos para uma
escolha ou outra.
Indicadores fundamentalistas
A análise fundamentalista é uma linha de estudo que reúne conceitos e técnicas que buscam vincular
o preço de uma ação ao real valor de negócio de uma empresa. Valendo-se da análise de balanços,
avaliação e interpretação de indicadores macroeconômicos e projeção dos próximos anos para os
negócios de uma empresa, ela representa uma importante ferramenta para o investidor de longo prazo
que busca o investimento em empresas sólidas e com boa perspectiva de crescimento.
Dentre as técnicas existentes nessa escola de análise, destacam-se algumas métricas chamadas
de indicadores de balanço e de mercado. Os indicadores são fórmulas matemáticas aplicadas aos
dados do balanço e aos preços de negociação das ações, que resultam em valores padronizados que
permitem ao investidor extrair conclusões que apoiarão a decisão de investimento na ação desejada.
Nesta série, trataremos de alguns importantes indicadores que o investidor deve conhecer ao negociar
ações. São eles: MB (Margem Bruta), VPA (Valor patrimonial da ação), P/VP (Preço / Valor patrimo-
nial), RPL (Rentabilidade sobre Patrimônio Líquido), P/L (Relação Preço / Lucro), TR (Taxa de retorno)
e DY (Dividend Yield).
MB – Margem Bruta
A margem bruta é um indicador que relaciona o lucro bruto de uma empresa com suas vendas em
um determinado exercício. Ele demonstra, percentualmente, o quanto de cada R$ 1,00 de venda
permaneceu na empresa na forma de lucro bruto.
Sua fórmula de cálculo é: (Lucro Bruto / Vendas Líquidas) x 100
O Lucro Bruto é a diferença entre as vendas e o custo de produção. Assim, ao relacionar esses dois
parâmetros, obtemos um indicador de efi ciência do processo produtivo da empresa.
A tabela abaixo mostra a Margem Bruta para algumas empresas listadas na BOVESPA:

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 131


A interpretação desse indicador pode ser feita de duas maneiras:
• a primeira, por comparação, nos permite olhar a margem bruta de uma mesma empresa em
cada exercício e acompanhar a evolução desse indicador: um crescimento da margem bruta in-
dica uma maior performance no processo produtivo, mostrando que a empresa teve uma redução de
custo para a mesma quantidade de produto vendido ou ainda um aumento de vendas sem o mesmo
aumento proporcional nos seus custos
• a segunda maneira, também interessante, é utilizar a Margem Bruta para comparar duas em-
presas que atuam no mesmo setor: ao comparar essas duas empresas e acompanhar a evolução
de suas Margens Brutas, podemos observar como cada uma está lidando com os mesmos desafios
no mercado em que participam e competem.

VPA – Valor Patrimonial da Ação


O VPA representa o valor contábil de cada ação, ou seja, seu valor intrínseco. É um indicador de
simples cálculo e interpretação.
Sua fórmula de cálculo é: Patrimônio Líquido / Quantidade de Ações
Quando uma empresa é negociada acima de seu VPA, entende-se que o mercado aceita pagar um
“ágio” pela ação, pois a expectativa de crescimento, resultados e conseqüentes bons dividendos justi-
ficariam esse sobrepreço. O contrário acontece quando a ação é negociada abaixo de seu VPA. Nesse
caso, o entendimento é de que a ação deve ser negociada com um “deságio” pois as expectativas
para seus negócios ou segmento não são boas.
A tabela abaixo mostra o VPA e o preço atual das ações para algumas importantes empresas listadas
na BOVESPA:

P/VP – Preço / Valor Patrimonial


O P/VP indica, quantitativamente, a relação entre o preço da ação e o seu VPA.
Sua fórmula de cálculo é: Preço da ação / VPA
Se uma empresa possui um VPA de R$ 10,00 e está sendo negociada a R$ 15,00, o P/VP dessa
empresa será de 1,5, ou seja, uma vez e meia o VPA. De maneira análoga, se essa empresa estiver
sendo negociada a R$ 5,00, seu P/VP será de 0,5.
Assim, o P/VP fornece uma forma padronizada de enxergar a relação do preço de negociação das

132 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


empresas com seus respectivos VPAs, facilitando a análise comparativa pelo investidor.
A tabela abaixo mostra o P/VP para as mesmas empresas avaliadas na tabela 1:

Uma interpretação adicional pode ser acrescentada aos indicadores VPA e P/VP sob a ótica do risco.
Ações negociadas com preço muito acima de seu VPA expõe o investidor a um maior risco, uma vez
que a “porção expectativa” do preço da ação é muito grande e a “porção patrimônio líquido” é muito
pequena. Nesses casos, uma mudança de expectativa causada por uma crise pode causar um grande
choque no preço do papel, traduzindo-se em uma grande perda ao investidor.
Um bom exemplo de como isso acontece pode ser observado no segmento de construção civil, af-
etado pela crise global que teve início em 2008.
As ações desse segmento, em 2008, chegaram a serem negociadas com um P/VP de até 3,5, ou seja,
mais de três vezes acima de seu VPA. Após o estouro da crise e a conseqüente queda nas expec-
tativas para o setor, essas mesmas ações despencaram entre 70 e 80%, atingindo um P/VP de 0,4.

RPL – Rentabilidade sobre Patrimônio


O RPL representa a taxa de retorno do acionista. Ele mede a performance da empresa para gerar
lucro a partir de seu próprio capital.
Sua fórmula de cálculo é: Lucro Líquido / Patrimônio Líquido
Por representar a capacidade da empresa em gerar lucro a partir de seu patrimônio, quanto maior for
esse indicador, melhor. Ao fazer a comparação com o ano anterior, um acréscimo indica um aumento
de performance da empresa, significando que um maior lucro foi obtido com o mesmo capital.
A tabela abaixo mostra o RPL para algumas empresas negociadas na BOVESPA:

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 133


P/L – Preço / Lucro
O P/L indica ao acionista o tempo de retorno de seu investimento, ou seja, quantos anos levará para
receber em lucros o que pagou pela ação.
Sua fórmula de cálculo é: Cotação da Ação / Lucro por Ação
O Lucro por Ação (LPA) deve ser obtido dividindo o Lucro Líquido pela Quantidade de Ações. Essas
duas informações são encontradas facilmente nos balanços divulgados, nos sites e nos relatórios
fundamentalistas fornecidos pelas corretoras.
A tabela abaixo mostra o P/L para as mesmas empresas avaliadas na tabela 1:

No exemplo acima, o investidor que comprar a ação do Banco do Brasil levará 4,91 anos para receber
em lucros o que pagou pela ação.
O P/L é um bom indicador de “preço” da ação. Menor P/L significa menor preço. Nos momentos de
crise, esses indicadores caem substancialmente e monitorá-los permite ao investidor comparar os
preços de empresas do mesmo segmento.
É importante lembrar que esse indicador utiliza informações de lucro do último exercício para ser
calculado. Assim, é fundamental compará-lo com os anos anteriores a fim de verificar se o lucro do
último exercício foi anormal, bem como verificar qual a expectativa de lucro para o próximo exercício,
pois isso definirá a manutenção ou alteração do P/L da ação.

TR – Taxa de Retorno
O indicador TR é muito simples e amplamente utilizado no mercado financeiro. Ele é o inverso do P/L
(estudado no artigo anterior). Enquanto o P/L demonstra quantos anos leva para atingir o retorno total
do investimento, o indicador TR mostra o quanto se obtém em um ano.
Sua fórmula de cálculo é: (1 / PL) x 100
Para exemplificar, se uma empresa possui P/L de quatro anos, ou seja, se o investimento é totalmente
recuperado em quatro anos, o indicador TR será de 25%, o que indica que em um ano 25% do inves-
timento será recuperado.
Esse indicador é mais utilizado que o próprio P/L, pois fornece a informação em base anual, facilitando
a comparação entre diferentes investimentos.

134 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


DY – Dividend Yield
O DY indica ao investidor o quanto a empresa estudada está distribuindo de dividendos aos seus
acionistas.
Sua fórmula de cálculo é: (Valor Total dos Dividendos / Cotação da Ação) x 100
Nesse indicador, o valor é demonstrado em termos percentuais sobre o valor de mercado da ação.
Por exemplo, se uma ação vale hoje R$ 100,00 e a empresa distribuiu no último exercício R$ 8,00 por
ação em dividendos, o valor do DY será de 8%.
O indicador é ideal para efetuar comparações entre os rendimentos da empresa estudada e os rendi-
mentos de outros investimentos, não necessariamente ações.
A tabela abaixo mostra o DY para algumas empresas com ações negociadas na BOVESPA:

É importante salientar que empresas que mantém um elevado DY tem menor volatilidade em seus
papéis, já que uma maior parte dos retornos ao acionista é representada pelos dividendos e não pela
evolução do valor da ação.
Isso pode ser observado em empresas que estão em um estágio mais maduro de seus negócios,
onde grandes investimentos e expansões não são necessários em médio prazo. São exemplos de
empresas com essas características as distribuidoras de energia elétrica e as que atuam no segmento
de telefonia.
Fonte: <http://iniciantenabolsa.com/serie-analise-fundamentalista-1-conceito-e-indicadores/>.
<http://iniciantenabolsa.com/serie-analise-fundamentalista-2-vpa-e-pvp/>.
< http://iniciantenabolsa.com/serie-analise-fundamentalista-3-rpl-e-pl/>.
< http://iniciantenabolsa.com/serie-analise-fundamentalista-4-tr-e-dy/ >.
Acessados em 23/01/2012.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 135


A ANÁLISE TÉCNICA

Esta metodologia de precificação de ações não segue as regras


da Análise Fundamentalista. Na verdade, sua base é quase que
inteiramente gráfica, por isso, uma das outras designações para
Fonte: PHOTOS.COM

esta técnica é Análise Gráfica. De acordo com os adeptos da


técnica, os movimentos de mercado são cíclicos e podem ser
observados nos gráficos de uma determinada ação ou de um
determinado índice (como o IBOVESPA, por exemplo). Como são
cíclicos, tendem a apresentar um comportamento mais ou menos
previsível, ou seja, é possível antever os movimentos futuros com
base em movimentos passados, através da análise destes gráficos.

Conforme Lagioia (2007, p. 147), para entendermos a análise técnica é preciso compreender
seus três princípios básicos:
1) “Tudo” se reflete nos preços de mercado (fundamentos econômicos, políticos, psicológicos,
entre outros).

2) Os preços movem-se em tendências.

3) Os movimentos de mercado são repetitivos.

De acordo com Pinheiro (2006), a análise técnica ou grafista é um estudo que se dedica à
observação da evolução dos mercados com base em sua representação gráfica. Seu principal
pressuposto é de que os preços das ações movem-se em tendências que de alguma forma
podem ser previstas.

Essa análise não requer nenhum conhecimento complexo de economia, nem de matemática,
nem de estatística. Necessita-se, simplesmente, do conhecimento de algumas normas básicas
e suas interpretações. A partir daí, serão o trabalho e a experiência próprias que definirão sua
qualidade.

136 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Tipos de Gráficos da Análise Técnica

Dentre os gráficos utilizados para análise nas previsões futuras dos preços de ações, os mais
utilizados são:
• Gráfico de linha.

• Gráfico de volume.

• Gráfico de barras.

• Gráfico ponto-figura.

• Gráfico candlesticks.

Vamos conhecer alguns desses gráficos?

O exemplo abaixo é um gráfico de barras.

máximo

fechamento

mínimo

Este outro gráfico é de ponto-figura.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 137


Conheça também o gráfico candlesticks.

Periodicidade dos Gráficos

Os gráficos podem ter diferentes periodicidades, ou seja, não precisam, necessariamente,


representar 1 dia de pregão. Os gráficos mais comuns no que diz respeito a dias são:
• Diário: Representa 1 pregão.

• Semanal: Um candle representa todos os pregões da semana.

• Mensal: Um candle representa todos os pregões do mês.

• Anual: Um candle por ano.

• Intraday: Uma outra classe, são os que mostram o que aconteceu durante a sessão, são
os gráficos intraday (também chamados intradia). Em um gráfico intraday, o intervalo uti-
lizado corresponde, normalmente, a alguns minutos. Os mais comuns: 1, 5, 15, 30 e 60
minutos.

A Teoria de Dow

Entre 1900 e 1902, Charles H. Dow publicou uma série de editoriais no The Wall Street Journal
que mais tarde, após sua morte, foram compiladas e classificadas como Teoria de Dow ou
Teoria Dow. Ela é considerada a mais antiga das explicações teóricas sobre a existência de
grandes tendências no mercado de ações.

Sustenta essa teoria que as ações negociadas seguem uma tendência de alta ou de baixa, a
qualquer momento, e para estudar o mercado, é necessária a construção de uma média da
evolução dos preços das ações, por meio de uma amostra representativa de ativos.

Daí o surgimento nos EUA do famoso índice Dow-Jones que é até hoje o mais conhecido
indicador geral do mercado de ações.

138 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


A Teoria Dow está baseada em dois pressupostos:
1) As alterações diárias que ocorrem nos índices consideram o julgamento de todos os inves-
tidores. Portanto, essas alterações descontam tudo o que pode afetar a oferta e a procura
de ações.

2) O mercado apresenta movimentos oscilatórios de três amplitudes distintas: longo prazo,


compreendendo períodos de um ano ou mais; médio prazo, com duração de três semanas
a alguns meses; e curto prazo, com duração de seis dias a três semanas.

Zonas de Suporte e Resistência

As principais linhas de tendência, segundo Pinheiro (2006), são as retas de suporte e


resistência. Elas representam os níveis de cotações em que as compras e as vendas não
são fortes o suficiente para seguir o movimento e, portanto, revertem as tendências de queda
ou alta, ou seja, quando as cotações estão em queda e se aproximam do limite inferior, elas
perdem força e iniciam um movimento contrário, ou seja, de alta, e quando estão subindo e se
aproximam do limite superior, iniciam o movimento de queda.

Por que o investidor mediano pode pensar em investir em ações mesmo em pequenos valores?
Que empresas conhecidas fi zeram lançamento de ações no mercado primário e que vantagens há
nesse mecanismo?

Dessa forma, podemos dizer que durante o movimento de queda essa reta funciona como um
suporte e no movimento de alta funciona como uma resistência.

É interessante conhecermos um pouco mais sobre linhas de Suporte e Resistência, que na verdade
são os parâmetros mais importantes utilizados na Análise Técnica (ou Gráfi ca).
Para isso, vamos analisar um texto publicado no portal <www.nelogica.com.br>, que serve de em-

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 139


basamento para a maioria dos profissionais do Mercado de Capitais:
Suportes e resistências, de maneira simples, são zonas de preços nas quais o movimento atual do
mercado tem grandes chances de parar e reverter. Definições:
• Suporte: Região na qual o interesse de comprar é grande, superando a pressão ven-dedora, o
movimento de queda tende a parar.

• Resistência: Região na qual o interesse de vender é grande, superando a pressão compradora, o


movimento altista tende a parar.

Não existe nada de mágico com suportes e resistências o que existe é oferta versus demanda e
psicologia humana. Em uma alta, conforme os preços aumentam, os ativos vão ficando naturalmente
mais caros e menos compradores vão estar disponíveis a pagar determinado preço. Os vendedores,
pelo contrário, vão querer vender como nunca nesses novos valores, aumentando a oferta e contri-
buindo para o início da desvalorização (queda).
Podemos ver no gráfico abaixo do índice BOVESPA que o mercado subia até atingir um nível de
preços no qual ele parou (resistência). Depois de encontrar a resistência, o mercado corrigiu caindo
um pouco, mas voltou a subir e a alcançou a resistência novamente, ponto no qual reverteu para uma
tendência de queda maior.

Fonte: <http://www.nelogica.com.br>. Acesso em: 7 dez. 2010.

Em uma baixa o contrário acontece, os ativos tornam-se mais baratos e a demanda pelos papéis
começa a aumentar. Os vendedores já não acham os preços tão atrativos, diminuindo a oferta. Está
aberto o caminho para a valorização (alta).

140 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Abaixo, temos um exemplo de suporte no índice BOVESPA, note que o mercado vinha em queda até
chegar ao valor de 15.780 pontos. A partir desse nível, a força compradora aumentou e a queda parou.
O mercado reagiu, mas voltou a cair até a linha de suporte mais duas vezes até reverter para uma
tendência de alta de maior intensidade.

Fonte: <http://www.nelogica.com.br>. Acesso em: 7 dez. 2010.

O Componente Psicológico
Que outros fatores ajudam a defi nir certo preço como suporte ou resistência? A resposta é simples:
memória. As pessoas lembram-se dos valores que compraram ou venderam e ganharam dinheiro,
lembram-se também dos preços em que perderam e das emoções boas e más sentidas durante es-
ses eventos. Logo, o somatório desse histórico de lembranças é um dos fatores que contribui para a
formação dessas zonas de bloqueio.

Negociando com a ajuda de Suporte e Resistência


A regra para negociar usando suportes e resistências parece simples: comprar no suporte e vender
na resistência. Essa regra sem sofi sticação, mas objetiva pode tornar um investidor extremamente
bem-sucedido se ele conhecer o mercado e tiver uma boa metodologia de operação. Para isso, o
investidor deve saber que, muitas vezes ocorre o rompimento dos níveis de suporte e resistência,
sendo importante contar com estratégias para proteção do capital e também para aproveitar esses
acontecimentos. Nesse contexto, um ponto relevante é a força do suporte e resistência. Quanto mais
vezes o mercado “bater e voltar” na linha, mais forte é a confi abilidade da barreira de preços.
Fonte: <www.nelogica.com.br>. Acessado em: 23 jan. 2012.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 141


Traçando linhas de tendências

Segundo Pinheiro (2006), para o estudo de tendências na análise gráfica, utilizamos o


traçado de linhas como ferramenta de apoio. O traçado de linhas de tendência possibilita o
acompanhamento dos movimentos de alta e de baixa das cotações, permitindo, com isso, a
identificação dos sinais de modificação de direção.

Acesso os links abaixo:


<http://www.bovespa.com.br>.
<http://www.nelogica.com.br>.
<http://www.cvm.gov.br>.
Acessos em: 7 nov. 2010.

Dicas para começar a operar

Os passos, a seguir, são oferecidos para iniciantes em Bolsas de Valores pela própria
BOVESPA:

1º passo: O investidor procura uma corretora da BOVESPA e preenche um cadastro


contratando seus serviços.

2º passo: Com a assessoria da Corretora, o investidor escolhe a ação da empresa que deseja
comprar e dá a ordem para a Corretora.

3º passo: A Corretora executa a ordem dada pelo investidor e compra a ação na BOVESPA. O
cliente efetua o pagamento para a Corretora (com recursos previamente depositados).

142 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


5º passo: A Corretora credita as ações adquiridas pelo investidor em sua conta de custódia,
na CBLC.

Agora o investidor é também um sócio da empresa – um acionista.

Parece bastante simples, não é? E de fato é mesmo. Para isso, o investidor precisa saber o
seu perfil, escolher corretamente seus investimentos dentro do seu perfil e começar a operar.

Como escolher uma ação

As ações com o objetivo de obter ganhos a médio e longo prazos, em oposição a resultados
imediatos, podem ser divididas em:
• “blue chips” ou de 1ª linha - são ações de grande liquidez (grande quantidade de negó-
cios) e procura no mercado de ações por parte dos investidores, em geral de empresas
tradicionais, de grande porte/âmbito nacional e excelente reputação.

• de 2ª linha - são ações um pouco menos líquidas, de empresas de boa qualidade, em geral
de grande e médio portes.

• de 3ª linha - são ações com pouca liquidez, em geral de companhias de médio e pequeno
porte (porém, não necessariamente de menor qualidade), cuja negociação caracteriza-se
pela descontinuidade.

RISCOS EM INVESTIMENTOS COM AÇÕES

Ficou evidente para você a simplicidade de se operar no mercado de ações, mesmo para
o pequeno investidor. Mas precisamos saber, como em qualquer outro tipo de investimento,
quais são os riscos associados a esse tipo de operação.

Já vimos que o investidor decide entrar neste mercado em virtude do retorno potencialmente
alto. Mas, para retornos altos, deve existir a disposição de correr riscos mais altos. Daí a
importância de conhecer o perfil do investidor, assunto que já abordamos em nossas

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 143


considerações anteriores.

Vamos especificar os riscos inerentes ao negócio de ações. São basicamente três grandes
tipos de risco:

1) Risco de empresa: Este tipo de risco é dividido em dois: o risco econômico e o risco
financeiro.

Por risco econômico, você deve entender que se trata dos riscos associados à própria atividade
da empresa e ao mercado em que da atua. Por exemplo, pode ser que entre no mercado um
forte concorrente que acabe por afetar até sua sobrevivência. Ou ainda, pode ser lançado um
produto inovador que concorra diretamente com o principal produto da empresa, fragilizando
sua posição no mercado. Imagine que alguém patenteasse e passasse a comercializar um
produto que substituísse completamente derivados de petróleo. O que aconteceria com os
preços das ações de empresas petrolíferas?

Por risco financeiro, falamos sobre o risco associado ao endividamento da empresa. Pode
acontecer que a empresa trabalhe alavancada, ou seja, utilize demais recursos de terceiros
para suas atividades, o que pode ser bom em um primeiro momento, pois pode dar velocidade
aos negócios, porém, o risco financeiro é maior, caso os negócios da empresa não se
concretizem como o planejado.

2) Risco de mercado: este risco está associado ao que pode ocorrer no cenário sócio-
político-econômico.

3) Risco de liquidez: se você adquire uma ação e em outro momento pretende vendê-la, é
claro que você quer que o negócio aconteça com agilidade. Muitas vezes, pode acontecer uma
dificuldade na conversão do papel em dinheiro, por não existirem no mercado investidores
interessados na ação que você deseja vender. Para concretizar o negócio, neste caso, talvez
seja necessário vender a um preço inferior ao que você imaginou e, mesmo assim, ainda pode
encontrar dificuldade em comercializar o papel. Isso é risco de liquidez.

144 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos nesta unidade que as aplicações têm custos administrativos, bem como tributação,
como quase tudo neste país.

Portanto, é preciso fazer as contas para ver o real rendimento das operações.

Importante também, nesta unidade, foi diferenciar o mercado primário de secundário. Bem
como o mercado à vista do mercado a termo. É preciso que você tenha isso bem claro
conceitualmente.

Atualmente, os meios de se investir são bastante diversificados, podendo o investidor fazer


individualmente, por meio de um clube ou de um fundo.

No primeiro caso, o investidor se cadastra na corretora e tem a opção de dar as ordens à


corretora via telefone, ou executar suas próprias ordens por intermédio do Home Broker, que
também estudamos nesta unidade.

No segundo caso, um grupo de pessoas físicas se reúne e procura uma corretora para constituir
um Clube de Investimentos. Nesse caso, existe um representante do clube que fica em contato
com a corretora para transmitir as decisões acordadas entre os participantes.

Já no último caso, os Fundos de Investimentos, o investidor compra cotas de um fundo de


ações ou debêntures. Veremos o que são esses fundos de maneira mais aprofundada na
última unidade de nosso livro.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

1) Busque conhecer como o mercado de bolsa é afetado por boatos.

2) Pesquise como surgiu o mecanismo de análise técnica, em que país e em quais circunstân-
cias.

3) Qual foi o comportamento da rentabilidade média de ações da Petrobras e da Vale nos


anos de 2007, 2008 e 2009?

4) Resgate informações sobre movimentos de crash em Bolsas de Valores e o motivo de


terem acontecido.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 145


5) Busque conhecer algumas corretoras que operam na BOVESPA e oferecem o serviço de
Home Broker.

6) Pesquise que empresa ligada à BOVESPA faz a liquidação e custódia de títulos e valores
mobiliários.

146 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


UNIDADE V

FUNDOS DE INVESTIMENTOS
Professor Esp. Paulo Pardo

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a operacionalidade dos Fundos de Investimentos.
• Entender o risco dos fundos.
• Conhecer os principais tipos de Fundos de Investimentos.
• Conhecer como se opera nos Fundos.
• Conhecer o Tesouro Direto.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nessa unidade:
• Fundos de Investimentos
• Riscos
• Principais tipos
• Operações
• Tesouro Direto
INTRODUÇÃO

Você que já conheceu muito a respeito do Sistema Financeiro Nacional, seus principais
componentes e o mercado de capitais, pode estar imaginando como investir se não quiser
operar diretamente no mercado de ações.

Na verdade, para o investidor pequeno ou grande, iniciante ou experiente, existe um leque


muito grande de opções de investimento, de acordo com o perfil de cada um.

Os bancos múltiplos, dos quais a maioria possui algum tipo de operação, possuem a opção de
investimento em Fundos, que atendem grande parte das expectativas dos investidores.

Procure conhecer essas opções. Se você possuir uma conta corrente em um banco, busque
com o seu gerente ou no site do seu banco as opções oferecidas.

É obrigatória a publicação das regras dos Fundos de Investimento, de modo que o investidor
tome uma decisão consciente quando faz a sua opção.

Outra modalidade de investimento como Pessoa Física que se tornou atraente no mercado é o
Tesouro Direto. Vale a pena você conhecer essa opção de investimento, pois ela pode ser mais
vantajosa em relação a muitos Fundos de Investimento atualmente ofertados pelas Instituições
Financeiras.

FIFs – FUNDOS DE INVESTIMENTOS FINANCEIROS

A maior parte dos investidores gostaria de obter o máximo possível de rentabilidade de suas
aplicações financeiras e pagar a menor taxa possível para um administrador de recursos.
Individualmente, esse desejo é difícil de ser concretizado – pelo menos para a maioria dos
mortais, que não contam com grandes somas para investimento.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 149


Para vencer esta dificuldade, um mecanismo muito utilizado no Mercado Financeiro é o Fundo
de Investimento. Este tipo de aplicação se popularizou bastante nos últimos anos no Brasil,
principalmente devido à simplicidade para investir e resgatar valores, pela acessibilidade que
oferece mesmo a pequenos investidores e pela lógica de seu funcionamento que, de fato, é o
grande atrativo deste investimento: basicamente, é na força de um grupo de pessoas, que de
certa forma se unem para um objetivo comum – em uma ideia de condomínio – que reside a
principal vantagem do FIF. Mais pessoas representam mais recursos, que podem “ditar” regras
melhores aos administradores.

A CVM – Comissão de Valores Mobiliários – determina algumas regras que as instituições


financeiras que oferecem o produto precisam obedecer para operar nesse mercado. Algumas
regras têm a ver com a composição da carteira dos fundos, que pode ser determinante para
a liquidez – ou seja, a rapidez de transformar o ativo em dinheiro – da aplicação. No entanto,
o administrador do fundo ainda tem certa margem de liberdade para compor a equação risco/
retorno, o que diferencia a performance de uma instituição para outra (FORTUNA, 2008).

Visando proporcionar maior segurança para os investidores, existe um mecanismo protetor


conhecido no mercado como Chinese Wall (Muralha da China) que determina a segregação
dos valores investidos no FIF – que são recursos de terceiros – dos recursos da tesouraria das
instituições, ou seja, em nenhuma hipótese a Instituição está autorizada a utilizar recursos do
Fundo de Investimento para cobrir faltas de caixa.

Outra imposição regulamentar (Circular 2654 de 01/96) é que as cotas dos fundos de inves-
timento sejam contabilizadas pelo seu valor de mercado – Mark to Market. Vamos imaginar
que um investidor queira resgatar total ou parcialmente um valor investido em FIF. O valor
do resgate deve ser trazido ao seu valor presente de acordo com a taxa de juros esperada
(FORTUNA, 2008).

Custos Para se Operar com Fundos de Investimento

Você já sabe que não existe almoço grátis, portanto para o investidor são computadas taxas

150 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


cobradas pelas instituições administradoras que, normalmente, são classificadas em três cat-
egorias:

1) Taxa de Administração: refere-se aos serviços de administração da carteira de investi-


mentos do Fundo. É uma taxa anual, no entanto, é cobrada como um percentual diário
sobre o patrimônio do Fundo.

2) Taxa de Performance: algumas Instituições estabelecem a cobrança dessa taxa caso a


rentabilidade obtida pelo administrador do Fundo supere um índice que havia sido pac-
tuado previamente com o investidor. Pode-se considerar esta uma “boa” taxa, afinal, o
investidor estará obtendo uma rentabilidade maior do que esperava.

3) Taxa de Saída: esta é uma taxa mais raramente cobrada, porém, ainda é possível encon-
trá-la em alguns FIFs. Normalmente é uma taxa regressiva à medida que o investidor ficar
mais tempo na aplicação. O objetivo é desincentivar resgates em curto prazo.

A Lógica Dos Fundos de Investimento

Conforme vimos, um atrativo dos FIFs é sua acessibilidade a vários tipos de investidores.
Podemos destacar ainda seu caráter “democrático”, ou seja, pela lógica do FIF, os investidores
são equiparados quando do crédito de seus rendimentos. Não importa se o investidor investiu
“um tostão” ou “um milhão”, o rendimento é o mesmo para ambos, em termos percentuais.

Conforme você verá na Leitura Complementar deste capítulo, a forma de cálculo de rendimen-
tos é a valorização de cotas. O valor das cotas varia de um dia para outro e é importante que
o investidor acompanhe essa performance.

CLASSIFICAÇÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO

Para entendermos melhor esse produto financeiro, vamos começar por uma classificação bas-
tante simples: os fundos podem ser abertos ou fechados.

Fundos abertos: são resgatáveis a qualquer momento junto ao administrador e não há limite
para o número de cotistas. Têm prazo indeterminado de duração.

Fundos fechados: as cotas destes fundos não são resgatáveis junto ao emissor, porém po-

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 151


dem ser comercializadas em bolsa de valores e/ou mercado de balcão organizado. Possuem
número de cotistas limitado pelo seu estatuto e prazo determinado de duração (FORTUNA,
2008).

Outra classificação normalmente encontrada é a que divide os fundos de acordo com a com-
posição de suas carteiras:

Fundos de Renda Fixa: fundos que possuem um índice de rentabilidade previamente conhe-
cido e pactuado entre o administrador e o investidor. Apesar de o nome sugerir que a renda
seja “fixa”, ou seja, idêntica (algo como 1% de rentabilidade ao mês, como exemplo) não é bem
assim que funciona. A denominação “fixa” refere-se ao índice pactuado, que, este sim, não
varia: caso seja um percentual do DI, por exemplo, será sempre este percentual a remunerar
o investimento.

Em uma das diversas instruções da CVM sobre fundos de investimento, os fundos passaram a
ser classificados pela composição de suas carteiras em sete classes, que listo abaixo:

1) Fundos de Curto Prazo

2) Fundos Referenciados

3) Fundos de Renda Fixa

4) Fundos Cambiais

5) Fundos de Ações

6) Fundos de Dívida Externa

7) Fundos Multimercados

152 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


No Quadro abaixo, você terá uma visão mais clara sobre estas classificações:

CLASSE DE FUNDO CARACTERÍSTICAS DA CARTEIRA

1) Fundos de Curto Prazo Aplicações exclusivamente em títulos públicos federais ou


privados prefixados ou indexados à taxa Selic ou a outra taxa
de juros. Permitem o uso de derivativos apenas como
mecanismo de proteção da carteira de ativos.

2) Fundos Referenciados Têm sua performance estabelecida através de um benchmark,


um indicador de desempenho. Devem ter, no mínimo, 80% de
seu patrimônio líquido representado isolada ou
cumulativamente, por títulos do Tesouro Nacional e/ou BACEN
e títulos e valores mobiliários de renda fixa cujo emissor esteja
classificado como de baixo risco de crédito por agência
classificadora de risco estabelecida no território nacional.

3) Fundos de Renda Fixa Devem possuir, no mínimo, 80% da carteira em ativos


relacionados diretamente ou sintetizados via derivativos ao
fator de risco que dá nome ao fundo, ou seja, ativos de renda
fixa.

4) Fundos Cambiais Semelhante aos Fundos de Renda Fixa, devem ter 80% da
carteira, no mínimo, em ativos ligados diretamente ou
sintetizados via derivativos a ativos vinculados à taxa de
câmbio.
5) Fundos de Ações Devem possuir, no mínimo, 67% da carteira em ações, units
(recibos de ações), bônus ou recibos de subscrição de ações,
certificados de depósitos de ações, cotas de fundos de ações
e cotas de fundos de índica de ações, BDRs níveis II e III,
desde que tais títulos sejam admissíveis à negociação no
mercado à vista da Bolsa de Valores ou entidade operadora do
mercado de balcão organizado.

6) Fundos da Dívida Externa 80% de sua carteira deve ser composta de títulos
representativos da dívida externa da União, mantidos no
exterior em conta de custódia no Sistema Euroclear ou
LuxClear. No máximo 20% de seu patrimônio líquido em outros
títulos de crédito transacionados no mercado internacional.

7) Fundos Multimercados Possuem políticas de investimento que envolvem vários


fatores de risco, sem compromisso de concentração em
qualquer fator específico. Possuem grande flexibilidade para a
aplicação de seus recursos em vários tipos de ativos, como
ações, juros, moedas e derivativos e aplicam várias
estratégias de gestão desses ativos.

Fonte: elaborado pelo autor, com base em FORTUNA, 2008.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 153


A ANBID (agora absorvida pela ANBIMA) estabeleceu outra classificação, essa mais didática,
visando auxiliar o investidor a comparar a performance entre instituições financeiras diferen-
tes. Antes dessa classificação, era muito difícil um investidor comparar se uma instituição fi-
nanceira era superior à outra em termos de resultados, afinal, os nomes dos fundos oferecidos
eram tão diferentes que seria como comparar metros com gramas, em uma analogia simplista.

Essa classificação, estabelecida à época pela ANBID, está discriminada abaixo:

• Fundos Curto Prazo

• Fundos Referenciados

• Fundos Renda Fixa

• Fundos Multimercado

• Fundos IBOVESPA

• Fundos IBX

• Fundos de Ações Setoriais

• Fundos de Ações Outros

• Fundos Cambiais

• Fundos Mútuos de Privatização

• Fundos de Previdência

• Fundos de Investimento em Direitos Creditórios

• Fundos de Investimento Imobiliário

• Fundos de Índice

• Fundos de Dívida Externa

• Fundos Fechados
Fonte: <http://www.portaldoinvestidor.gov.br/Investidor/Ondeinvestir/Tiposdeinvestimentos/tabid/86/Default.aspx
?controleConteudo=viewRespConteudo&ItemID=150>. Acessado em: 23 jan. 2012.

154 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Investidores Qualificados

A CVM permite a constituição de Fundos de Investimento que se destinem exclusivamente a


investidores qualificados. Mas o que vem a ser um investidor qualificado?

De acordo com a CVM, são investidores qualificados:

• Instituições financeiras.

• Companhias seguradoras e sociedades de capitalização.

• Entidades abertas e entidades fechadas de previdência complementar.

• Pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimento financeiro superior a R$300 mil
e que, ainda, atestem por escrito essa condição em documento próprio (Declaração de
Condição de Investidor Qualificado, anexo a Instrução Normativa CVM 409).

• Regimes próprios de previdência social instituídos pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

• Fundos de investimento destinados exclusivamente a investidores qualificados.

• Administradores de carteira e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em


relação aos seus próprios recursos.

(FORTUNA, 2008)

Somente a esses investidores qualificados são permitidos investimentos nos chamados Fun-
dos Exclusivos, que têm regras diferentes dos fundos tradicionais destinados ao grande pú-
blico.

TRIBUTAÇÃO EM FUNDOS DE INVESTIMENTO

Os Fundos de Investimento, semelhante a outras aplicações financeiras – com exceção da


Poupança destinada a Pessoas Físicas e Organizações sem Fins Lucrativos – são tributados.
Você não achou que o governo iria perder a oportunidade de abocanhar parte de seus rendi-
mentos, não é?

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 155


Basicamente, são dois os principais tributos incidentes nos Fundos de Investimento: o IOF
(Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a Títulos ou Valores
Mobiliários) e o Imposto de Renda – IR.

O governo incentiva a permanência do investidor nos Fundos de Investimento – que, afinal,


são grandes compradores de papéis da União – estabelecendo alíquotas regressivas dos dois
impostos.

Veja na tabela abaixo que o IOF incide apenas nos 30 primeiros dias da aplicação no FIF.
Portanto, para fins de orientação ao investidor, via de regra informa-se que o tempo de per-
manência mínimo para compensar o IOF é de 30 dias, embora o investidor tenha a liberdade
de resgatar – no caso dos fundos abertos – quando desejar.

Fonte: FORTUNA, 2008.

156 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


No caso do Imposto de Renda, este incide sobre o rendimento líquido do Fundo, já deduzido o
IOF, cobrado no momento do resgate ou no final do período estabelecido pela legislação em
vigor, o que ocorrer primeiro (FORTUNA, 2008).

Há interesse do governo para que o investidor permaneça mais tempo com seus recursos apli-
cados, por isso, também no caso do IR, a alíquota é decrescente de acordo com a composição
da carteira e do tempo de aplicação.

Na tabela abaixo, você vê representadas essas alíquotas:

Fonte: <http://www.fundos.com/fundosdeinvestimento.htm>. Acessado em 23/01/2012.

Outra característica do IR sobre os FIFs é sua cobrança semestral, independente do resgate,


em um sistema que ficou conhecido no mercado como “come-cotas”.

Essa cobrança acontece sempre no último dia útil dos meses de maio e novembro, e funciona
como uma simulação do que seria cobrado caso o investidor fosse resgatar o valor investido.
Não há nenhuma forma de fugir desta cobrança.

Como acontece na prática:

• É feita uma simulação do resgate do capital aplicado no fundo. Este procedimento serve
para calcular o rendimento do fundo no período;

• A quantidade de cotas é diminuída de acordo com o montante a ser pago a título de IR. É
como se o investidor realizasse um resgate com o objetivo de pagar o imposto devido;

• Ao final, o valor das cotas não se altera. O que muda é a quantidade de cotas.
Fonte: <http://dinheirama.com/blog/2011/05/09/imposto-de-renda-nos-fundos-de-investimento-em-renda-fixa-o-
famoso-come-cotas/>. Acessado em: 23 jan. 2012.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 157


O percentual de imposto cobrado pelo “come-cotas” corresponde à alíquota mínima, de acordo
com o tipo de investimento: 20% no caso de fundos de curto prazo e 15% no caso de fundos de
longo prazo. Lembre-se: incide sobre o rendimento, e não sobre o montante aplicado.

RISCOS EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS

Como qualquer outro tipo de investimento – inclusive


Fonte: PHOTOS.COM

imóveis – os FIFs também apresentam riscos para o in-


vestidor. O conhecimento destes riscos é importante
para que o investidor decida sobre se deseja correr es-
tes riscos.

Brito (2005) lista basicamente três tipos de riscos asso-


ciados aos Fundos de Investimentos:

1) Risco de Crédito: é o risco associado à possibilidade do não-recebimento das aplicações


feitas pelo fundo.

2) Risco de Mercado: são riscos associados aos principais ativos que compõem a carteira do
fundo, como por exemplo, moeda, taxa e prazo. O risco de liquidez está bastante presente
na administração do fundo de investimento.

3) Risco Operacional: está ligado aos diversos riscos operacionais da atividade da própria
instituição financeira, administradora do fundo, que vão desde modelos matemáticos in-
adequados para precificação de posições; má formalização das transações; controle inad-
equado de novos clientes; erros na formação de cotas, entre outros.
Fonte: Brito (2005, p. 137).

158 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Calculando a rentabilidade de um investimento em fundos:
Exemplo: Um investidor aplica $2.000 em cotas de um fundo que, na data do investimento, possui um
patrimônio líquido de $500.000 e 100.000 cotas.
A partir destas informações, é possível calcular:
- o valor da cota na data da aplicação: $500.000 / 100.000 = $5
- o número de cotas adquiridas pelo investidor: $2.000 / $5 = 400
Supondo que, num determinado intervalo de tempo, o patrimônio líquido sofra um aumento de 20% e
o número de cotas aumente 9%. Neste caso, o valor da cota aumentará ($600.000 / 109.000 = $5,5),
da mesma forma como o valor a resgatar (400 x $5,5 = $2.200).
E se quisermos calcular a rentabilidade no período, basta dividir o valor da cota no resgate pelo valor
na data da aplicação e ajustar para percentual: $5,5 / $5 = 1,1 ou 10%.
Fonte: <http://www.portaldoinvestidor.gov.br/Investidor/Ondeinvestir/Tiposdeinvestimentos/tabid/86/Default.aspx
?controleConteudo=viewRespConteudo&ItemID=150>. Acessado em: 23 jan. 2012.

Como operar com fundos de investimento


O investidor, ao aplicar os seus recursos fi nanceiros em um fundo de investimento, estará adquirindo
certa quantidade de cotas que representarão o patrimônio do fundo de investimento.
Para calcular o valor da cota, o administrador poderá utilizar duas metodologias:
Cota Fechamento, nessa metodologia o Administrador irá determinar o valor da cota no fi nal do dia
e para tanto irá utilizar o valor do patrimônio do fundo constante no fi nal do dia. Nessa situação, o
investidor somente irá saber o valor da cota no dia seguinte ao da aplicação.
Cota Abertura, nessa metodologia o Administrador irá determinar o valor da cota no início do dia e
para tanto irá utilizar o valor do patrimônio do fundo no início do dia. Nessa situação, o investidor sabe
no momento da aplicação a quantidade de cotas que está adquirindo.
Assim, de posse do valor da cota o administrador poderá então calcular a quantidade de cotas que
cada investidor possui e, claro, determinar o valor atual dos investimentos realizados pelos cotistas,
bastando para isso dividir o valor fi nanceiro aportado pelo investidor pelo valor da cota (em caso de
aplicação) ou multiplicar a quantidade de cotas pelo valor atual da cota para se determinar o valor
atual dos investimentos (em caso de resgate, por exemplo).
Além das metodologias acima mencionadas, o Administrador do fundo poderá adotar a cota de um
determinado dia para aplicação ou para resgate. Em geral, os administradores adotam a cota do dia
seguinte (D + 1) para as aplicações e resgates. Essa informação deverá estar mencionada no estatuto

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 159


social do fundo e no prospecto.
Alguns administradores adotam também um prazo de carência para efetuar os resgates, caso o in-
vestidor saque durante a vigência da carência ele poderá perder a rentabilidade entre a data de an-
iversário da carência e a data do resgate (essa condição deverá estar mencionada no estatuto social
do fundo e no prospecto). Se estiver previsto no estatuto social do fundo, o Administrador somente
poderá resgatar em datas estipuladas.
Fonte: <http://www.fundos.com/fundosdeinvestimento.htm>. Acessado em: 23 jan. 2012

TESOURO DIRETO

Como vimos na Unidade I, existem vários papéis disponibilizados pelo Governo. Vamos nos
lembrar deles?
• LFT – Letras Financeiras do Tesouro – são papéis com rendimento pós-fi xado.

• LTN – Letras do Tesouro Nacional – são papéis com rendimento prefi xado.

• NTN-B – Notas do Tesouro Nacional, série B – são papéis pós-fi xados com rendimentos
atrelados ao IPCA.

• NTN-C – Notas do Tesouro Nacional, série C – são papéis pós-fi xados com rendimentos
atrelados ao IGP-M.

• NTN-D – Notas do Tesouro Nacional, série D – são papéis pós-fi xados com rendimentos
atrelados ao dólar, também utilizados pelo governo para atender a demanda do mercado
de dólar.

• NTN-H – Notas do Tesouro Nacional, série H – são papéis pós-fi xados com rendimentos
atrelados à TR.

E se você quiser investir nestes papéis, como poderá fazer isso?

Visando atender essa necessidade dos investidores, foi criado um programa pelo Tesouro
Nacional chamado de Tesouro Direto, que opera em parceria com a CBLC – Companhia
Brasileira de Liquidação e Custódia (que você também já conhece).

160 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


No lançamento do programa, bastava apenas R$100,00 (cem reais) para você começar a
investir, isso com a comodidade de operar com os papéis sem sair de casa, pois as transações
eram feitas diretamente via internet.

É possível ao investidor definir sua estratégia de investimento, se de curto, médio ou longo


prazo. Além disso, as taxas cobradas são muito inferiores a maioria de papéis de renda
fixa existentes no mercado. O investidor pode ainda, caso necessitar, converter os papéis
em dinheiro por vender a preços de mercado todas as quartas-feiras, dia em que o Tesouro
oferece a recompra.

Outro benefício é o fiscal, pois diferente dos fundos de investimento que possuem o chamado
“come-cotas” (que é a cobrança antecipada de parte do Imposto de Renda duas vezes por
ano), no caso do Tesouro Direto a cobrança do Imposto de Renda sobre os rendimentos só é
feita no momento da venda ou do vencimento do título.

Mas para que finalidade o governo emite títulos públicos que compõem os papéis do Tesouro
Direto?

Títulos públicos possuem a finalidade primordial de captar recursos para o financiamento


da dívida pública, bem como para financiar atividades do Governo Federal, como educação,
saúde e infraestrutura.

Pode investir nestes papéis qualquer pessoa residente no Brasil que possua Cadastro de
Pessoa Física-CPF e esteja cadastrada em alguma das Instituições Financeiras habilitadas a
operar no Tesouro Direto.

Vale a pena conhecer essa opção de investimento. O Tesouro Nacional disponibiliza um portal
com informações e regras que o investidor é convidado a acessar. O portal é: <http://www.
tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/regras.asp>.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 161


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme vimos nesta unidade, um Fundo de Investimento é uma forma de aplicação


financeira formada pela união de vários investidores que se juntam para a realização de um
investimento financeiro, organizados sob a forma de pessoa jurídica, tal qual um condomínio,
visando um determinado objetivo ou retorno esperado, dividindo as receitas geradas e as
despesas necessárias para o empreendimento.

Esse tipo de investimento vem sendo muito procurado por suas características, pois como
diz o velho ditado, “nunca coloque todos os ovos na mesma cesta”. Essa aplicação permite
a diversificação e na média acaba proporcionando resultados mais seguros para investidores
mais cautelosos. Também é ideal para aqueles investidores que não têm um alto valor a aplicar,
porém querem comprar ações. Existem fundos que permitem aplicações a partir de R$ 100,00.

Veja como a corretora divulga a composição de determinado fundo de investimento:

Fonte: Fundo Geração Programado FIA.

162 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

1) Como aplicar em Fundos de Investimentos?

2) Quais são as responsabilidades dos administradores de Fundos de Investimentos?

3) Quais são os principais tipos de fundos de Investimentos no Brasil?

4) Como se classificam os fundos em relação aos riscos?

5) Quais são os encargos que um investidor tem ao investir em fundos de investimentos?

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 163


CONCLUSÃO

Então, nos encontramos de novo! Muito bom! Espero que você tenha gostado do que estudou
até agora.

Se você conseguiu entender os pontos principais desses conhecimentos, já será um profissional


diferenciado.

Mas eu disse que, no final, iríamos recapitular os pontos que propus a vocês em cada Unidade.

Então, vamos a eles?

Na Unidade I, eu formulei estas três perguntas:


- Como são classificadas as instituições do SFN?

- Qual é o papel da Comissão de Valores Mobiliários?

- Que outras entidades desempenham importantes funções no SFN?

Vamos considerar as respostas?

Na primeira pergunta, você deve lembrar que o SFN – Sistema Financeiro Nacional é dividido,
basicamente, em dois grandes subsistemas: o Subsistema Normativo e o Subsistema
Operativo.

Vamos lembrar, neste momento, apenas as instituições do Subsistema Normativo. Nele, nós
temos entidades como:
• CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL – CMN.

• O BANCO CENTRAL – BACEN ou BC.

• COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM.

• SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS – SUSEP.

• SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR - PREVIC.

Cada uma dessas entidades tem um foco de atuação diferente e você pode conhecer cada
uma delas.

Na segunda pergunta, questionamos sobre o papel da CVM – Comissão de Valores Mobiliários.

164 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Vamos lembrar suas atribuições:
• Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão.

• Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de ad-
ministradores e acionistas controladores de companhias ou de administradores de carteira
de valores mobiliários.

• Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artifi-


ciais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado.

• Assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e as


companhias que os tenham emitido.

• Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobi-


liários.

• Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários.

• Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e estimu-


lar as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas.

Na verdade, sem o trabalho da CVM, o mercado de capitais ficaria em uma “terra de ninguém”
e nenhum investidor sério arriscaria operar nele.

A terceira questão foi em relação às outras entidades que desempenham um papel importante
no SFN.

Só para fixar, essas instituições estão no Subsistema Operativo.

Algumas dessas entidades são mais conhecidas, como é o caso dos bancos múltiplos, que se
espalham Brasil afora. Mas você viu que, apesar da maior percepção que temos em relação à
atuação dos bancos, eles não são os únicos componentes do subsistema operativo. Lembra-
se das entidades operativas que também são agentes especiais: Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal e BNDES?

Lembram-se também do Banco Comercial, do Banco de Investimentos, da Bolsa de Valores,


da Bolsa de Mercadorias, das CTVMs e DTVMs?

Todas essas são entidades muito importantes no Sistema Financeiro. Se você, por exemplo,
decidir comprar ações, terá que necessariamente saber o valor dos serviços de uma CTVM.

Não vamos nos esquecer também dos importantes papéis desempenhados pelas cooperativas

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 165


de crédito. Esse assunto já serviu de base para dezenas de obras de autores diversos. O Brasil
ganhará muito com o desenvolvimento do seu sistema cooperativo de crédito, tenho certeza
disso.

Vamos, então, recapitular as perguntas que formulamos referente à Unidade II:


- Qual é o foco da política de rendas do governo?

- Que diferença existe entre PIB e PNB?

- Como funciona o mercado de câmbio no Brasil?

Espero que você não tenha se assustado com os conceitos (poucos, aliás) de macroeconomia.
Esta disciplina é muito mais abrangente. Mas dentro do que queríamos abordar, a política
econômica é o nosso foco principal.

Dentro da política econômica, temos algumas divisões, por assim dizer, que nos ajudam a
entender a atuação do governo.

Especificamente, a primeira questão refere-se a uma delas, quando perguntei a você qual o
foco da política de rendas do governo.

Então vamos lembrar do que trata essa política.

Conforme você viu, trata-se da política exercida pelo governo por meio do controle direto sobre
a remuneração dos fatores diretos de produção envolvidos na economia, tais como salários,
depreciações, lucros, dividendos e preços dos produtos intermediários e finais.

Então é por isso que o governo não sobe o salário-mínimo para R$3.000,00 ou outro valor
muito maior que o atual. Ele controla o valor, pois pode criar uma demanda por produtos que
as indústrias não estarão preparadas para atender. E você sabe, quando muita gente quer
comprar produtos, eles faltam e o preço sobe. A famosa lei da oferta e da procura. Isso criaria
uma inflação que acabaria por trazer um prejuízo maior aos trabalhadores e famílias. Além
disso, imagine o que aconteceria a quem tem empregados que de uma hora para outra tem o
salário reajustado em um nível elevado desse. Principalmente as prefeituras, que muitas vezes
vivem de recursos federais, não teriam caixa para pagar seus servidores. Seria um caos.

Eu também perguntei a diferença entre PIB e PNB.

166 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Vamos lembrar o conceito de PIB?

PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os serviços e bens produzidos em um


período (mês, semestre, ano) em uma determinada região (país, estado, cidade, continente),
independente de quem o produziu, seja agente econômico nacional ou estrangeiro.

Já o PNB é a somatória de tudo o que foi produzido pelos agentes econômicos de determinado
país, em qualquer lugar do mundo.

O indicador que você vê sendo mais comentado é o PIB, porque ele reflete diretamente o
crescimento da economia do país. É importante que o PIB seja positivo, pois isso mostra que
a economia, por estar crescendo, também está gerando emprego e renda para as pessoas. É
o que todos querem.

Não importa então se quem produziu a riqueza foi uma empresa estrangeira que atua no
Brasil. O que importa é que ela investiu aqui, empregou pessoas e gerou impostos. Nós não
podemos pensar que empresas estrangeiras são um mal para o país. Depende da atuação de
cada uma.

Finalmente, nessa Unidade, perguntei como funciona o mercado de câmbio no Brasil.

Vimos no nosso estudo que existem diversos regimes de câmbio.

E o que é taxa de câmbio? Vamos ver se você lembra?

Taxa de câmbio é simplesmente a relação de valor entre uma moeda e outra. No Brasil, temos
divulgado com mais frequência a taxa do dólar e o Euro. Mas é possível saber a relação de
valor de qualquer moeda do mundo em relação à outra.

Se você quiser, por exemplo, fazer a comparação do Real em relação à moeda da Austrália, do
Japão, da Rússia, basta entrar no site do Banco Central e pesquisar. Vou facilitar para você. O
endereço na internet é: <http://www4.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp>.

Fica me devendo essa, ok?

No início do plano Real, o governo determinava a taxa de câmbio, ou seja, quanto o Real valia
em relação ao dólar. Era um câmbio fixo.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 167


Depois veio o sistema de bandas cambiais, onde o governo determinou uma faixa de valores
mínimo e máximo em que o dólar podia se situar.

Hoje, estamos em uma política de câmbio flutuante, ou câmbio livre, em que é o mercado
quem determina o valor da moeda.

Para quem vai ao Paraguai comprar umas lembrancinhas, a cotação do dólar não é aquela
que você vê na televisão. Eles usam uma cotação paralela, ou câmbio paralelo, que não tem
nenhuma supervisão das autoridades monetárias.

Na Unidade III, começamos a ver sobre o mercado de títulos e valores mobiliários, mais
especificamente as ações.

Também deixei algumas perguntinhas para você pesquisar e responder.

Eram elas:
- Que direitos tem um acionista?

- Como saber o preço de uma ação?

- O que são os mercados primário e secundário?

Vamos responder então e você confere o que escreveu.


- Que direitos tem um acionista?

Como todo dono de uma empresa, o acionista tem direitos garantidos por lei. Alguns deles são:

Pagamento de dividendos: caso a empresa apresente lucro, a lei determina que o acionista
tem direito a uma parte desses lucros, pagos na forma de dividendos.

Também tem direito à subscrição, em caso do aumento de capital da empresa, ou seja, de


adquirir mais ações para manter o seu percentual em relação ao patrimônio da empresa.

Algumas empresas também pagam juros sobre o capital próprio, que é um pagamento não
obrigatório, mas que pode trazer vantagens fiscais para a empresa.

Vimos alguns outros direitos, mas se você se lembrou destes, que são os principais, está muito
bom.

168 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Perguntamos também o que é o mercado primário e secundário.

Lembrando então:

Mercado primário é quando as ações de uma empresa são emitidas diretamente ou por meio
de uma oferta pública. Você compra “de primeira mão”, vamos dizer assim.

Mercado secundário é quando as ações já emitidas são comercializadas por meio das Bolsas
de Valores. As empresas não se envolvem nessa etapa. Os negócios no pregão das Bolsas
são feitos entre antigos e novos acionistas da empresa. O mercado de bolsa é chamado de
mercado secundário. Este é o mercado “de segunda mão”.

É neste mercado secundário que a maioria dos investidores opera. É como um grande feirão de
carros usados, se me permite usar esta comparação. Assim como qualquer bem, semelhante a
um carro, você pode vender, comprar, e quem vai dizer quanto vale o seu bem é o interessado.

Basicamente é muito simples.

Vamos então para a Unidade IV.

Resgatando as perguntinhas que deixei para você pesquisar:


- Por que o especulador é importante no mercado de capitais?

- O que é um Home Broker?

- Qual é o tripé em uma análise de investimentos?

Na primeira pergunta, você viu claramente que o especulador não é um sujeito sinistro, tipo um
gângster, que é um criminoso do mercado.

Não, nada disso! Ele de fato quer ganhar dinheiro, mas o faz de forma honesta. Ele tem uma
ligação muito forte com o mercado, buscando informações o tempo todo, analisando dados
publicados, conversando com outros investidores, usando ferramentas de análise gráfica e
muitos outros mecanismos. De posse destas informações, ele acha que consegue antever os
movimentos do mercado e comprar quando as ações estão baratas e vender quando sobem
de preço.

Ele também confere liquidez ao mercado. O que é isso mesmo? Liquidez é a rapidez com que
você transforma qualquer bem (ativo) em dinheiro vivo. Se você tivesse, por exemplo, um carro
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 169
usado e desejasse vender, gostaria que tivesse alguém interessado em comprá-lo, não é? Pois
no caso das ações, quem tem esse interesse é, na maioria das vezes, um especulador.

Que bom que esse sujeito existe!

Também perguntei:
- O que é um Home Broker?

Esta é fácil. Você viu que a BOVESPA tem mecanismos muito modernos para operar. Isso
possibilitou a entrada de uma ferramenta informatizada que permite a você operar na bolsa no
conforto de sua casa ou do seu trabalho.

Você se cadastra em uma corretora, ela te passa uma chave e senha de acesso e... maravilha!
Você está conectado à Bolsa, comprando, vendendo, pesquisando, na maior tranquilidade.

Bendita inclusão digital!

Na terceira pergunta, quis saber o tripé de uma análise de investimentos.

Aqui, novamente falamos de liquidez, aliando também rentabilidade e segurança. Esse é o


tripé.

Claro que todo mundo gostaria de ganhar mais, poder transformar o ativo em dinheiro a
qualquer momento que desejasse e, além disso, não correr nenhum risco. Ninguém é louco
de não querer isso. Mas, triste notícia, não é possível. Principalmente quando falamos sobre
rentabilidade e segurança, as duas coisas são difíceis de conseguir em um único investimento.

Por isso, é bom cada investidor conhecer o seu perfil, a sua aversão ao risco. E, por falar nisso,
você conhece o seu perfil como investidor?

Faz bem conhecer! E, se você estiver prestando consultoria a alguém sobre investimentos,
aí então essa informação é essencial. Recomendar um investimento de risco a alguém
conservador é tão ruim quanto receitar exercícios físicos a alguém sem fazer uma avaliação
médica antes. Muito cuidado com isso!

Vamos então para a Unidade V.

170 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Nesta Unidade, eu propus as seguintes perguntas:
- O que é um fundo de investimento?

- Quais são os riscos dos fundos de investimento?

- Quais os custos para se operar com fundos de investimento?

Essa foi uma Unidade “leve” em relação às outras, não é verdade?

O assunto de fundos de investimento foi interessante, pois pudemos ver que a simplicidade em
operar com este produto financeiro é muito grande.

Na verdade, como você deve ter percebido, operar com fundos de investimento é mais ou
menos o mesmo que terceirizar a administração do seu dinheiro. E quando você terceiriza um
serviço, é natural que o prestador de serviços cobre por isso.

Não é diferente com os fundos de investimento. É verdade que alguns cobram mais, outros
menos, mas todos cobram.

Mas vamos responder as perguntas, antes que eu adiante já as respostas.

A primeira pergunta, então, é:

- O que é um fundo de investimento?

Vou lembrá-lo do conceito:

Um Fundo de Investimento é uma forma de aplicação financeira, formada pela união de vários
investidores que se juntam para a realização de um investimento financeiro, organizada sob a
forma de pessoa jurídica, tal qual um condomínio, visando um determinado objetivo ou retorno
esperado, dividindo as receitas geradas e as despesas necessárias para o empreendimento.

A ideia de condomínio é interessante. Se você mora ou conhece alguém que mora em um


prédio de apartamentos, sabe que as despesas deste condomínio são rateadas entre todos os
moradores. Também qualquer investimento é assumido por todos.

Em um fundo de investimento, você provavelmente nem conhecerá quem são os outros


investidores, mas eles estarão lá. Alguns com muito dinheiro e outros com pouco dinheiro.
Então, o que o fundo consegue de rentabilidade é direito de todos, assim como as despesas

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 171


são compartilhadas por todos.

Então, se num determinado mês o fundo apresentou rentabilidade, suponhamos, de 1%, o que
tem o tostão e o que tem o milhão ganham os mesmos 1%. Muito interessante isso, não é?

A segunda pergunta:
- Quais são os riscos dos fundos de investimento?

Ah, sim. Existem riscos associados aos fundos de investimento, assim como para qualquer, eu
disse qualquer, investimento financeiro.

E que riscos são estes?

Você viu nesta Unidade:

Risco de mercado - Risco inerente a oscilações dos mercados onde os ativos financeiros,
que fazem parte da carteira do fundo, foram adquiridos.

Vamos imaginar que a política de seu fundo de investimento seja aplicar uma parte dos
recursos em renda variável, como ações, por exemplo. Você se lembra que ações podem se
valorizar ou se desvalorizar, em um ciclo de altos e baixos constante?

Então, se esse fundo de investimento aplica nestes papéis, quando houver valorização, os
cotistas ganham. Por outro lado, se houver desvalorização dos papéis, os cotistas “perdem”
dinheiro, ou seja, suas cotas valerão menos que antes. Mas isso é natural, dependendo do
tipo de fundo que o investidor aplicou. Mais uma vez fica a importância de conhecer o perfil
do investidor.

Se a pessoa for conservadora, certamente não irá escolher um fundo que tenha na sua carteira
papéis de renda variável. Caso contrário, a pessoa pode infartar nas oscilações do mercado.

Risco de crédito - Risco de crédito se refere a uma possível incapacidade das instituições
financeiras, responsáveis pela emissão dos ativos financeiros componentes da carteira, de
honrarem seus compromissos financeiros assumidos com os investidores. Essa situação
pode ser causada por problemas financeiros oriundos de uma má administração ou gestão,
dificuldades com planos econômicos etc. Esse problema também pode ocorrer com a própria
entidade administradora do fundo de investimento.

172 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


Então, quer dizer que a instituição pode quebrar e eu perder meu dinheiro? A resposta é um
grande SIM.

Cuidado onde você coloca seus recursos. Pode acontecer, embora isso seja cada vez mais
raro, de a instituição entrar em insolvência e você ter uma triste surpresa.

A terceira pergunta foi:

- Quais os custos para se operar com fundos de investimento?

Já adiantei alguma coisa, mas vamos listar as principais taxas envolvidas:

Taxa de administração: É uma taxa que o administrador cobra para executar os trabalhos
relativos à gerência administrativa do fundo, essa taxa é definida (em geral) em termos
anuais e incide diariamente sobre o patrimônio do fundo. Assim, ao divulgar o valor da cota, o
administrador já terá descontado o valor da taxa de administração.

Muito cuidado com essa taxa. Existem grandes variações de banco para banco. Os fundos
que admitem aplicações mais baixas são os que geralmente cobram as taxas mais altas.
O dinheiro tem poder! E neste caso, quem tem mais, também tem mais vantagens, até em
relação aos custos.

Taxa de performance: É uma taxa que é cobrada em função dos objetivos de rentabilidade
e são definidos no estatuto social do fundo, assim caso o gestor do fundo ultrapasse esses
objetivos ele fará jus a uma remuneração. Da mesma forma que a taxa de administração,
o administrador ao divulgar o valor da cota do fundo, já terá descontado o valor da taxa de
performance. Os critérios de cálculo da taxa de performance são definidos no estatuto social
do fundo e constam do prospecto.

Não é muito comum a cobrança dessa taxa, porém é bom saber que, se o estatuto do fundo
prevê a cobrança a qualquer momento, caso a performance seja superior ao que foi combinada,
ela pode ser cobrada. Mas não é ruim pagar mais quando você ganha mais, não é mesmo?

Taxa de entrada ou de saída: É uma taxa que poderá ser cobrada do investidor quando da
aquisição de cotas do fundo (taxa de entrada ou de carregamento) ou quando o investidor
solicita o resgate de suas cotas. Nesse caso, a taxa de entrada ou de saída não está computada
no patrimônio do fundo, portanto o valor da cota do fundo divulgado pelo administrador não

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância 173


contém essa taxa. Como todas as demais taxas, esta também deverá estar definida no estatuto
social do fundo e constar no prospecto do fundo.

Esta é ainda menos comum. Na grande maioria dos fundos que você tem na “prateleira” dos
bancos, não se prevê a cobrança desta taxa.

Mas como fazer para saber quais taxas um determinado fundo cobra?

Bem, neste caso, o melhor caminho é você consultar o prospecto do fundo de investimento. E
saiba que os bancos são obrigados a fornecer este prospecto, em papel ou em meio eletrônico.

Neste prospecto estão discriminadas, além das taxas que podem ser cobradas, também a
política de investimento do fundo.

Quanto mais informação você tiver, melhor!

E então, gostou do material?

Espero que sim.

Da minha parte, amigo acadêmico, foi um grande prazer considerar junto com você estes
conhecimentos!

Espero que você tenha muito sucesso em sua carreira e que seja um profissional diferenciado
no mercado.

Conte sempre comigo!

Um abraço,
Professor Esp. Paulo Pardo

174 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Educação a Distância


REFERÊNCIAS

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em agência bancária. 1995. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal
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CAVALCANTE FILHO, Francisco da Silva; MISUMI, Jorge Yoshio. Mercado de capitais. 5.


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SITES

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Site da BMFBovespa – <www.bmfbovespa.com.br>.

Site da Caixa Econômica Federal – <www.cef.gov.br>.

Site da Comissão de Valores Mobiliários – <www.cvm.gov.br>.

Site da Nelogica – <www.nelogica.com.br>.

Site do Portal do Investidor – <www.portaldoinvestidor.gov.br>.

Acessos em: 7 dez. 2010.

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