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PANORAMA DO SETOR DE COSMÉTICOS, FRAGRÂNCIAS E PRODUTOS DE

HIGIENE PESSOAL

O mercado global de cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal totalizou US$ 231


bilhões em 2004, um crescimento de 9% em relação ao ano anterior.

Vendas Mundiais de Cosméticos e Produtos de Higiene Pessoal


1999 2000 2001 2002 2003 2004
Valor (em milhões
180.693 183.607 183.489 189.454 211.106 230.949
de US$)
Cresc. comparado
1,6% -0,1% 3,3% 11,4% 9,4%
ao ano anterior

Excluindo os efeitos dos câmbios locais, nota-se que um dos principais impulsionadores
deste crescimento são os chamados países emergentes, especialmente Brasil, China e
Rússia. São países que apresentaram em 2004 algumas melhoras na situação
econômica e conseqüente aumento na renda familiar, encorajando os grandes
fabricantes globais a um aumento de investimentos, seja via lançamentos, seja via
mídia e promoções.
Alguns mercados mais estáveis e maduros como França, Espanha e Reino Unido
também marcaram crescimento em 2004 graças à economia próspera, mas também
ao desenvolvimento crescente de produtos inovadores e de maior valor agregado,
estimulando a demanda.
Um dos únicos mercados com baixo crescimento foi o mercado americano, cujo longo
período de incerteza econômica acabou por abalar diretamente o perfil de consumo da
população.
Abaixo, o comparativo entre as regiões e alguns importantes países para o setor:

Vendas Mundiais de Cosméticos e Produtos de Higiene Pessoal


1999 2000 2001 2002 2003 2004 CAGR 04/99
Western Europe (em
51.051 47.244 47.375 51.307 62.735 71.328 6,9%
milhões de US$)
Eastern Europe (em
8.577 8.809 9.774 11.057 12.928 14.767 11,5%
milhões de US$)
North America (em
44.475 46.104 47.637 48.666 49.523 50.251 2,5%
milhões de US$)
Latin America (em
20.153 21.677 21.503 19.434 20.395 23.180 2,8%
milhões de US$)
Asia Pacific (em
46.946 50.087 47.574 48.967 53.854 58.203 4,4%
milhões de US$)
Australasia (em
2.193 2.063 1.920 2.123 2.644 3.099 7,2%
milhões de US$)
África e Middle East
7.297 7.623 7.705 7.899 9.026 10.122 6,8%
(em milhões de US$)
Fonte: Euromonitor International 2005

Vendas em valor e % de crescimento 1999/2004


(Total Mercado Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumaria)

Fonte: Euromonitor International 2005

Além da economia favorável, dois fatores importantes que contribuem para o


aquecimento destes mercados emergentes: a qualificação do consumidor no que diz
respeito à preferência crescente por produtos de maior valor agregado – qualidade
sobre o preço – e o desenvolvimento crescente do sistema de distribuição, seja no
aumento da força de vendas do canal venda direta (ponto importante detalhado mais à
frente), seja no desenvolvimento do canal hipermercado para melhores espaços de
venda.

(Vendas em valor e crescimento médio 1999/2004 –


Total Mercado Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumaria)
O Brasil ainda possui um dos menores consumos per capita do mundo, ainda próximos
de países igualmente emergentes como Rússia e Polônia, bem longe de mercados
maduros como França, Japão e Itália, apontando uma grande oportunidade de
crescimento.
Neste ponto, destaca-se que a Rússia vem apresentando um crescimento médio
superior ao Brasil, de forma que deve atingir ou mesmo superar em breve o mesmo
consumo do Brasil. E, mesmo a Espanha, considerado um mercado maduro,
apresentou um crescimento médio favorável de 4,8%, demonstrando vigor,
oportunidade e distância de saturação.
Sobre categorias de produtos – Inovação e Segmentação são as palavras-
chave
Abaixo, a evolução do mix de categorias de produtos e o crescimento médio de 1.999
e 2.004.

Mix de categorias (%) 2002 2003 2004 03/04 CAGR 99/04


Produtos Infantis 1,7 1,7 1,7 9,5 5,9
Produtos para banho 10,0 9,7 9,4 6,0 2,9
Desodorantes 4,4 4,5 4,5 10,6 4,9
Produtos para cabelos 20,5 20,3 20,3 9,7 4,7
Maquiagem 14,7 14,5 14,2 7,1 4,2
Produtos Masculinos 7,5 7,7 7,9 11,5 6,4
Higiene Bucal 9,8 9,5 9,4 8,4 3,4
Fragrâncias 11,0 11,0 10,9 9,0 4,4
Produtos para tratamento da pele 20,4 21,2 21,7 12,3 7,6
Depiladores 1,2 1,2 1,2 8,6 8,0
Proteção Solar 2,0 2,0 2,1 11,5 8,3
Mercado Total 100 100 100 9,4 5,0
Fonte: Euromonitor International 2005

Parte significativa do crescimento do setor no âmbito mundial deve-se, sem dúvida, à


categoria de Tratamentos de Pele. Esta categoria é a que tem se mostrado mais
vigorosa no que diz respeito à inovação, tecnologia e valor agregado, particularmente
no campo dos anti-sinais e anticelulite. Por isso, apresentou a maior taxa de
crescimento no último ano: 12%.
Produtos para cabelos, que já é a segunda maior categoria e uma categoria
relativamente “comoditizada”, também apresentou bom crescimento devido também
ao valor agregado dos produtos. A segmentação orientada a atender necessidades
específicas dos consumidores – particularmente em países já maduros –, somada a
tecnologia e sofisticação, ajudou a aumentar a penetração da categoria.
Produtos masculinos tem sido um nicho bem aproveitado por diversos fabricantes e
uma boa estratégia para novos desenvolvimentos em produtos e comunicação. Outros
nichos como produtos infantis e proteção solar também devem ser levados em
consideração no que tange a desenvolvimentos com base tecnológica visando atender
às preocupações crescentes com a saúde.
Não obstante, há ainda o segmento de jovens que vem sendo também cada vez mais
explorado pelos grandes fabricantes tendo em vista o aumento do poder aquisitivo
destes consumidores – seja porque ganham mais de seus pais, seja porque ingressam
mais cedo ao mercado de trabalho. Atendê-los é mais do que aproveitar o momento,
mas também construir e fidelizar a marca a partir de um consumo antecipado.
É previsto ainda que o chamado “mass-market” tenda a se ampliar e aumentar ainda
mais seu espaço através de sofisticação e desenvolvimento de melhor custo-benefício.
Mesmo categorias de caráter básico e uso diário, como desodorantes, por exemplo,
deverão passar por um aumento de valor agregado, com mais benefícios e tecnologia.
Vale pontuar que, apesar desta contínua evolução em P&D, a crescente competição
entre os grandes fabricantes (em geral de porte global), bem como a alta concorrência
entre redes de distribuição (principalmente as cadeias de varejo) tendem a caminhar o
setor para uma disputa de preços através de descontos cada vez maiores. Acabam
vencedoras as empresas que mais fôlego tiverem, não beneficiando empresas locais
que não tiverem bons diferenciais competitivos.

Sobre a concorrência – ainda uma concentração de mercado em poucos


fabricantes
Apesar da entrada constante de novos players, atraídos pelo setor em crescimento, o
mercado global de cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal continua bem concentrado
em poucos fabricantes, com 10 empresas totalizando 51% do total do mercado em
valor.
L’Oréal continua líder absoluta, tendo um vasto portfolio com produtos premium e
massivos. Como processo de crescimento, importante destacar a aquisição de
importantes empresas chinesas e o avanço de Garnier Fructis.
P&G segue como o segundo maior fabricante mundial, mas em 2005 já deverá assumir
a liderança devido a aquisição da Gillette.
A ameaça das marcas próprias (private labels), particularmente significativa nas
categorias de higiene pessoal, tende a uma limitação. Em geral, são produtos de baixa
qualidade, com pouca sofisticação e ainda são percebidas pelo consumidor como
inferiores.
Fonte: Euromonitor International 2005

Sobre canais de distribuição


Supermercados têm cada vez mais se tornado o canal preferido para compra de
produtos de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, em diversas partes do mundo,
devido à conveniência que proporcionam.
O crescimento do chamado “upper mass” – ou valor agregado dos produtos mais
baratos – também colaboram para o crescimento deste canal, assim como o segmento
de produtos mais baratos acaba sendo coberto pelo desenvolvimento das marcas
próprias destas redes como parte da estratégia de atender ao maior grupo de
consumidores possível.
Tanto supermercados como franquias tem adotado políticas de expansão, geralmente
através de parcerias locais. O esforço acaba resultando em uma melhora da
distribuição, embora ainda fiquem restritas a grandes centros urbanos. Áreas mais
periféricas ainda são de difícil penetração, mas estratégias para isso deverão ser
desenvolvidas.
A venda direta é especialmente popular no Leste Europeu e América Latina e assim
deverá continuar na medida em que a renda aumentar e/ou mais pessoas ingressarem
no sistema. Trata-se de um canal que logra por penetrar em regiões distantes, locais
que outros canais não chegam, além do que os produtos vendidos na venda direta
geralmente apresentam qualidade superior aos encontrados no varejo e contam com
auxilio consultoria de uma revendedora.
Abaixo, a distribuição dos canais por região, com destaque para a venda direta.

Porcentagem de Vendas por Canal de Distribuição em 2004 (%)

Europa Leste América do América Asia / África e


Australásia
Ocidental Europeu Norte Latina Pacifico Oriente Médio
Hipermercados ..... 34,3 16,5 14,8 39,2 17,6 44,7 26,9
Farmácias ............ 26,9 10,3 17,3 11,6 16,1 13,9 14,9
Redes de Desconto 3,1 1,5 24,9 0,2 3,2 6,1 4,9
Lojas de
Departamento ...... 9,8 19,2 17,4 4,8 16,0 13,9 17,0
Lojas
Especializadas
(Franquias) .......... 14,3 13,5 7,0 12,0 14,6 2,5 13,5
Vendas Diretas ... 4,7 18,9 9,0 25,9 17,2 8,1 3,8
Mercados ao ar
0,4 10,8 0,2 0,7 1,2 0,0 1,1
livre
Outros 6,6 9,4 9,3 5,6 14,1 10,8 17,8
Total 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: Euromonitor International 2005

Razões pelas quais este canal segue tão bem nestas regiões do globo – e não nas
demais – é que além de ser uma boa alternativa para um complemento de renda, o
acesso a produtos premium nos países de consumo mais maduro como EUA, Canadá e
Europa Ocidental em geral é mais fácil. A experiência de compra nas lojas é mais
agradável e acaba também por ocorrer uma inversão interessante: produtos da venda
direta ficam com aspecto de baixa qualidade porque acabam associados a países de
baixa renda.
Panorama do setor de cosméticos, fragrâncias e produtos de higiene pessoal
na América Latina

A América Latina é o 4o. maior mercado para o setor e ainda mostrou vigor com
crescimento de 13% em 2004, sinalisando recuperação dos efeitos da desvalorização
do peso na Argentina em 2001.
Muito do desenvolvimento da América Latina deve-se ao forte desempenho do
mercado brasileiro, suportado por uma combinação de aumento de preços, melhoras
na qualidade dos produtos e uma boa estratégia de segmentação por parte dos
principais fabricantes. Neste sentido, vale destacar a força e agressividade das
empresas de venda direta Avon e Natura, além da boa capilaridade de O Boticário com
as suas franquias e produtos de boa qualidade.
Já o segundo maior mercado da região – o México – vivenciou um mau desempenho
(em dólar) sendo influenciada pelo mau desempenho da economia americana, a mais
próxima.
Na Venezuela, o crescimento do setor foi alavancado principalmente pelos controles de
preços e câmbio impostos pelo governo. Sabonetes em barra, lâminas e papel
higiênico – produtos de consumo básico – tiveram seus preços fixados para evitar a
inflação. A moeda também foi fixada em uma taxa de dólar desvalorizada. Isso gerou
uma natural escassez de produtos no mercado, além de preços mais elevados para
produtos importados.

Em US$ CAGR
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
milhões 04/99

Argentina 918,7 960,9 951,3 946,2 887,8 992,0 1.229,4 1.456,9 6,8%
Brasil 3.581,7 3.853,1 4.436,9 4.870,7 5.789,8 6.877,5 8.253,2 9.755,9 15,4%
Chile 650,5 713,3 754,3 807,4 855,6 943,4 995,3 1.039,0 6,9%
Colombia 523,0 638,4 780,5 934,5 979,3 1.064,1 1.153,7 1.233,5 13,0%
México 2.802,2 3.148,8 3.647,2 4.186,4 4.560,4 4.823,1 5.106,7 5.278,8 9,5%
Venezuela 307,6 367,0 425,4 506,9 573,8 694,9 980,3 1.282,6 22,6%
América Latina 10.165,1 11.203,1 12.658,6 14.084,4 15.636,1 17.749,7 20.434,3 23.180,1 12,5%
Fonte: Euromonitor International 2005
Sobre as categorias – tendências que seguem as globais

Produtos para o cabelo, perfumaria e tratamento de pele são as maiores categorias na


região, embora a hierarquia varie de país a país.
P&G, Unilever e L’Oréal detém juntas cerca de 50% da categoria de cabelos com as
marcas multinacionais Sunsilk, Pantene Pro-V, Koleston e Imedia. Assim como no
mundo, trata-se de uma categoria que vem crescendo impulsionado pela boa
segmentação em produtos específicos para cada necessidade.
Perfumaria é a segunda maior categoria no Brasil e no México, ainda limitado a um
baixo consumo em volume unidades e alto valor em preço. Há ainda uma concorrência
canibalizada por desodorantes perfumados, especialmente no Brasil. Os 3 principais
players são curiosamente da venda direta pois são as empresas que melhor
apresentam custo-benefício: Natura, Avon e Jafra. Inovações também podem ser
notadas através de Perfume do Brasil de Natura – com óleos essenciais da
biodiversidade amazônica – e Malbec – feito pelo Boticário, a partir do álcool do vinho.
O momento para tratamento de pele na América Latina também não se distingue
daquele vivido em todo mundo: movido pela alta tecnologia, principalmente em anti-
sinais e produtos firmadores. Natura e Avon lideram ainda que BDF Nívea e L’Oréal
persigam de perto. A venda direta apresentou crescimento expressivo nesta categoria
em 2004, atribuído principalmente ao crescimento no número de representantes e do
acesso ao grupo mais jovem da população, além do já citado custo-benefício dos
produtos – boa qualidade a um preço acessível.
Proteção Solar é uma categoria em bom desenvolvimento com a gradual
conscientização da população sobre os danos do sol à saúde.

América
Argentina Brasil Chile Colômbia México Venezuela
Latina
Produtos Infantis 2,5 1,9 2,6 2,2 4,2 2,7 1,8
Produtos para banho 8,8 7,5 8,2 6,3 10,7 9,9 6,4
Desodorantes 8,2 14,1 8,1 13,5 10,2 7,3 5,7
Produtos para cabelos 24,5 24,8 28,7 26,1 21,8 23,4 14,6
Maquiagem 10,5 7,3 8,1 9,9 7,5 11,9 20,0
Produtos masculinos 9,7 14,4 9,0 12,3 11,2 9,0 12,4
Perfumaria 14,2 13,2 16,1 10,5 13,0 15,4 8,5
Tratamento de Pele 13,4 13,0 11,4 12,2 14,1 14,1 14,5
Proteção Solar 1,3 1,3 1,8 1,3 0,4 0,8 1,0
Produtos Premium 6,1 9,7 2,0 7,1 14,5 7,5 6,8
Total Mercado 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: Euromonitor International 2005

Panorama do setor de cosméticos, fragrâncias e produtos de higiene pessoal


no Brasil
O câmbio favoreceu bastante o mercado brasileiro em 2004, de forma que foi possível
notar recuperação do setor em relação ao ano de 2003. Outro fator importante foi uma
certa estabilização dos preços dos produtos, em geral reajustados abaixo da taxa da
inflação.
Em termos macroeconômicos, alguns índices tiveram uma ligeira recuperação em 2004
comparada ao ano passado, influenciando positivamente o setor:
- Aumento da participação das mulheres na força de trabalho (de 55,1% para
55,5%)
- Aumento da expectativa de vida (de 71,3 para 71,6 anos)
- Aumento no poder de compra (de –11,6% para 0,4%)
- Diminuição do desemprego (de 12,3% para 11,5%)
- Aumento do PIB (de 0,5% para 5,2%)
Um dos principais problemas do Brasil é, sem dúvida, a distribuição extremamente
desigual da renda. As chamadas classes C, D e E ficam restritas a produtos de menor
preço enquanto aproximadamente 19 milhões de brasileiros recebem entre 5 a 20
salários mínimos e apenas 3 milhões de consumidores tem salários superiores a essa
marca, ou seja, acesso a produtos mais premium.
Uma das oportunidades que se figura neste cenário é o desenvolvimento de produtos
básicos – e eventualmente até em versões de menor quantidade – para esta grande
fatia da população restrita ao consumo. Alguns fabricantes têm dedicado parte de seu
portfolio para marcas mais econômicas, ainda que com aspiracional de produtos de
maior valor agregado, para buscar essa parcela de consumidores.

Sobre categorias – algumas peculiaridades do mercado brasileiro

Além das macro-tendências globais, que naturalmente desembarcam no Brasil através


das grandes fabricantes multinacionais, o mercado brasileiro possui algumas
características importantes de serem destacadas.
A adoção da estratégia de segmentação, que tem em vista públicos ainda não
atendidos de forma específica como o homem e os consumidores mais maduros, tem
no Brasil uma leitura ainda mais ampla que é a grande parte da população negra.
Atender às necessidades étnicas da miscigenação brasileira configura-se boa
oportunidade para os fabricantes presentes no país, não apenas através de produtos,
como também em comunicação diferenciada.
Um dado complementar ainda sobre o olhar da segmentação é que o Brasil possui uma
das populações mais jovens do planeta. Segundo o IBGE, aproximadamente 60% da
população brasileira está abaixo da faixa dos 30 anos de idade.
O bem-estar vem provando ser uma forte tendência no setor, afetando principalmente
a classe média economicamente ativa. Consumidores nesta faixa têm se mostrado
bastante interessados em produtos e serviços que promovam sensação de
relaxamento e bem-estar. Freqüentam academias, clubes, dermatologistas e spas, e
são aqueles que tem impulsionado categorias como cabelos, tratamento e proteção
solar.
Um dos fatores que também parece influenciar bastante o desenvolvimento do setor
no Brasil é o grande crescimento das publicações voltadas à beleza e estética. O Brasil
possui a mais ampla variedade de revistas femininas e masculinas de toda América
Latina, com títulos nacionais e internacionais de importância, que favorecem na
comunicação de tendências de moda e de anúncios das principais marcas –
particularmente impulsionadoras do crescente consumo masculino.

CAGR
Em R$ milhões 1999 2000 2001 2002 2003 2004
04/99
Produtos Infantis 317,8 319,7 435,8 542,7 632,6 743,9 18,5%
Produtos para banho 1.316,5 1.473,6 1.600,8 1.693,9 2.159,1 2.340,2 12,2%
Desodorantes 850,6 1.014,9 1.331,3 1.602,7 1.959,1 2.308,8 22,1%
Produtos para cabelos 3.430,0 3.843,2 4.244,1 5.333,0 6.399,7 8.192,0 19,0%
Maquiagem 1.148,8 1.298,7 1.542,8 1.799,6 1.916,6 2.314,3 15,0%
Produtos para o homem 1.160,5 1.334,6 1.661,8 1.988,4 2.380,2 2.559,9 17,1%
Perfumaria 1.743,7 2.027,9 2.545,3 3.317,8 4.067,8 4.597,6 21,4%
Tratamento de pele 1.281,7 1.211,9 1.606,6 1.924,3 2.637,0 3.240,5 20,4%
Proteção Solar 186,6 200,8 318,6 438,7 431,0 522,1 22,8%
Cosmeticos Premium 370,4 433,3 445,6 528,0 584,1 577,9 9,3%
Total Mercado 12.978 14.248 16.936 20.118 24.142 28.537 17%
Fonte: Euromonitor International 2005

O dinamismo do mercado é ainda evidenciado pelo aparecimento cada vez mais


freqüente de linhas específicas para as estações do ano, como o verão, por exemplo.
Diversas categorias são desenvolvidas nestes períodos (para cabelo, tratamento de
pele, produtos infantis, etc), estimulando o consumo.
Utilização da biodiversidade amazônica também ainda é tema recorrente e cada vez
mais utilizado pelas diversas marcas como diferencial competitivo, em uma espécie de
competição pelo ativo/ingrediente mais inédito no mercado.

Sobre canais de venda – mercado especialmente favorável para venda direta

O varejo ainda é o líder absoluto entre os canais e o maior comercializador em


praticamente todas as categorias, ainda que venha perdendo participação ao longo dos
anos. Os hipermercados vêm perdendo espaço para a crescente importância do médio
e pequeno varejo – algumas importantes mudanças nos espaços de venda têm
ocorrido – e mesmo o canal farmácia têm mostrado vigoroso no que diz respeito à
melhora de seus lay-outs para atender ao consumidor em bens de consumo (que
aparentemente já corresponde a um terço do total do negócio).
A Venda Direta segue forte como o segundo canal de vendas mais importante do país,
graças ao bom desempenho e contínuo desenvolvimento de fabricantes como Natura e
Avon. As lojas especializadas também vêm mantendo firme a sua participação, tendo a
presença de O Boticário como a maior comercializadora. Recentes ingressos, como a
da portuguesa Polimaia, mostram a atratividade do canal.
Brazil 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Hipermercados 41,3 44,1 42,5 40,8 39,9 39,4


Farmácias 11,4 10,6 10,2 10,3 10,1 10,2
Lojas de Desconto 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Lojas de Departamento 6,5 4,2 3,7 3,9 4,0 4,3
Lojas Especializadas 12,4 13,1 14,2 16,3 16,2 16,1
(Franquias)
Venda Direta 25,5 25,2 26,4 25,7 27,1 27,4
Mercados ao ar livre 0,9 0,9 0,9 0,9 0,8 0,8
Outros 2,0 1,9 1,8 1,9 1,9 1,8
Fonte: Euromonitor International 2005

Cenário Competitivo – forte presença de empresas locais

Em termos de crescimento, Natura figura-se como uma das empresas mais dinâmicas
do setor. Com a plataforma corporativa baseada em “Desenvolvimento Sustentável”, a
Natura tem obtido grande reconhecimento, nacional e internacional, através da linha
Natura Ekos. A Natura ocupa a segunda posição no ranking dos fabricantes em
participação de mercado em valor, perdendo apenas para líder em higiene pessoal
Unilever, que detém marcas tradicionais e de sucesso como Lux, Rexona, Seda e a
mais recém conceituada, marca Dove.
Avon é a segunda maior empresa de vendas diretas do setor, tendo perdido espaço
essencialmente para Natura. Caracteriza-se pelo amplo portfolio de produtos, que
atende aos diversos públicos e às diversas faixas de renda da população, e também
pela maior força de vendas em todo o mundo: 1 milhão de revendedoras só no país.
Por ano, possui 19 campanhas, distribui cerca de 114 milhões de catálogos e atinge
cerca de 25 milhões de consumidores. Assim, como a Natura, possui maior força no
tripé de categorias cosméticas (core beauty): maquiagem, perfumaria e tratamento de
pele.
O grupo L’Oréal, bem sucedida em sua estratégia de manejar largo portfolio de
produtos massivos e premium, parece recuperar-se no Brasil graças ao sucesso da
marca Garnier Fructis. Decidida a avançar na categoria de cabelos, a marca reforçou
também a marca Colorama – adquirida no Brasil – e não vem sofrendo grandes
ameaças em sua extensa linha de coloração.
A P&G, tradicionalmente fraca no Brasil, deve apresentar crescimento natural já no
próximo ano devido a aquisição global de duas importantes marcas no mercado
brasileiro: Wella e Gillette.
BDF Nívea é outro forte competidor e vem mostrando vigor através de lançamentos
constantes, nas mais diversas categorias de produtos (como desodorantes, proteção
solar e sabonetes), mas sempre com foco na categoria principal – tratamento de pele.
Desde 2004, reforçou-se na mídia com a contratação inédita na história da Nívea de
uma modelo – Gisele Bündchen – que agregou forte valor à marca no Brasil.
Importante destacar que a atratividade do crescimento deste mercado faz com que
sempre haja novos entrantes, nacionais e internacionais, em todos os canais de venda
– varejo, franquia e vendas diretas. No entanto, vale a ressalva: mesmo com todo
dinamismo apenas 6 empresas detém 50% do mercado total.
Market Share dos principais
fabricantes (em valor)
2001 2002 2003 2004
Unilever Group 14,9 13,8 13,7 13,2
Natura Cosméticos SA 9,5 9,5 10,3 11,3
Avon Products Inc 8,3 8,3 7,7 7,5
Colgate-Palmolive Co 10 8,5 7,7 7,4
L'Oréal Groupe 5,8 6,1 5,8 6,1
O Boticário 5,6 6,3 5,9 5,9
Gillette Co, The 5,4 5,5 5,7 5
Procter & Gamble Co, The 1,8 0,6 2,7 2,9
Johnson & Johnson Inc 2,9 2,8 2,6 2,5
Beiersdorf AG 1,8 1,8 1,8 1,8
Niasi SA 1,4 1,4 1,3 1,4
Revlon Inc 1,6 1,3 0,9 1
Indústria Matarazzo de Óleos
e Derivados Ltda 1,2 1 1 0,9
DM Indústria Farmacêutica
Ltda 0,8 0,7 0,7 0,7
Indústria Cosmética Coper
Ltda 0,8 0,7 0,7 0,7
Fonte: Euromonitor International 2005

Analisando particularmente as categorias nas quais a venda direta tem sua maior força
(maquiagem, perfumaria e tratamento de pele), vale destacar o desempenho ainda
mais ressaltado de Natura em participação de mercado. Os ganhos são provenientes
dos 3 principais competidores nestas categorias: Avon, O Boticário e L’Oréal.

Market Share no
2001 2002 2003 2004
Core Beauty
Natura 23,3% 22,2% 23,1% 25,2%
Avon 19,1% 18,6% 17,0% 17,0%
O Boticário 13,3% 14,5% 13,4% 13,3%
L'Oréal 6,0% 5,0% 4,0% 3,9%
Fonte: Euromonitor International 2005

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