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Resumo
INTRODUÇÃO
Referencial teórico
Com o crescente número de usuários da internet esse número passa a
ser bastante expressivo no contexto da juventude escolar de uma forma geral,
de forma que a internet possibilita uma gama de aspectos tanto positivos quanto
negativos em todas as áreas que são atuantes na vida cotidiana do ser humano.
Desde contatos corporativos e transações administrativas à relacionamentos e
troca de experiências na rede, a internet tem se consolidado cada vez mais na
vida humana. Com isso, as interações que envolvem a internet acarretam em
aspectos positivos e negativos (Uhls, 2001, p.12). Isso tudo pode modificar e
transformar a maneira como entendemos e percebemos a comunicação no
âmbito atual e que modifica e transforma o perfil da humanidade de uma maneira
geral.
Desde sempre a humanidade tem a necessidade de se comunicar com
seus pares de maneira a expressar e compartilhar experiências e vivências
gerais, com o crescimento e propagação da tecnologia, com SMS, celulares e
internet a conversa “face a face” deu lugar a mensagens instantâneas enviadas
através de um aparelho portátil, com isso a ressignificação dos conceitos sobre
comunicação vem sendo modificado sobre tudo na ótica dos modelos culturais
existentes na sociedade moderna.
Nessa temática, a agressividade no mundo virtual acaba tomando cada
vez mais espaço e notoriedade e com isso o cyberbullying acaba se tornando o
objeto de estudo de vários profissionais que tentam compreender a correlação
entre a juventude e o mundo informatizado e conectado. Se tratando de
violência, a agressividade virtual ganha até mesmo mais peso quando
comparada a violência não digital. Nesse caso, o agressor pode assumir diversas
“formas”, se tornando mais desinibido, corajoso, assume posições como dono
da verdade e da moral, e com isso acabam construindo atrás das telas dos
computadores e smartphones uma potencial agressividade desenfreada.
O cyberbullying como objeto de estudo aponta que distúrbios e doenças
como: síndrome do pânico, ansiedade, depressão, assim como problemas
relacionados a aprendizagem estão intimamente ligados a prática do
cyberbullying na vida de crianças e jovens, sendo problemas proeminentes de
curto, médio e longo prazo.
Como no Brasil o acesso à tecnologia da informação é algo bastante
crescente, o número de casos de cyberbullying vem crescendo a cada dia, bem
como o número de jovens com distúrbios psicológicos e defasagem em relação
a aprendizagem, segundo levantamento feito nessa pesquisa, que os casos
dessa prática em jovens se compara muitas vezes com índices obtidos nos
Estados Unidos, não oferecendo diferenças discrepantes em relação ao
desenvolvimento dos países, afinal o Brasil é bastante atuante em relação à
tecnologia da informação (Centro de Estudos sobre Tecnologias da Informação,
2011).
A evolução da tecnologia da informação, vem demonstrando uma maior
proximidade das pessoas em relação a tecnologia, os smarthphones, se
transformaram em objetos de trabalho, estudo, lazer e comunicação, com isso
um leque de possibilidades se desenrolou na vida da humanidade e isso tem um
impacto profundo na vida de jovens e adolescentes. Segundo Palfrey & Gasser
2011, a nova geração já é intitulada de nativos digitais, ou seja, pessoas que
nascem inseridas no mundo e ambiente extremamente digital, conectados. Essa
interação transformou a maneira com que conhecíamos as relações
interpessoais, e com isso em conjunto, as formas de aprendizagem e
relacionamento.
Através da pesquisa, pode-se perceber que o uso ou proximidade ao
mundo digital, não faz distinção quanto a classe social ou idade, afinal segundo
o IBGE, 92% dos brasileiros possuem aparelho celular. Com o aumento
expressivo do acesso a essa tecnologia, o uso da internet para prática muitas
vezes pautadas em discriminação, preconceito e intolerância acabam ganhando
uma notoriedade bastante significativa nas escolas e lares brasileiros.
Como o objeto de estudo desse trabalho trata-se do ambiente escolar
podemos perceber que a escola enquanto ambiente educacional precisa cuidar
para que o ambiente escolar crie um corpo de discente altamente conhecedor
das regras quanto ao uso de novas tecnologias da comunicação e aos incentivos
a prática saudável de convivência (Ybarra, Diener ‑West, & Leaf, 2007).
Metodologia
Este estudo baseou-se em uma estratégia qualitativa de pesquisa, de
caráter exploratório, por meio de uma pesquisa de campo. Vamos abordar
também os critérios para a construção do universo de estudo, o método de coleta
de dados, a forma de tratamento desses dados e, por fim, as limitações do
método escolhido.
Quanto aos fins, o tipo de investigação escolhido para a realização da
pesquisa qualitativa enquadra-se como exploratória. Ela é realizada em áreas na
qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de
sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao
final da pesquisa” (VERGARA, 2009, p. 42). No que diz respeito aos meios de
investigação, optamos pela pesquisa de campo, que, também de acordo com
Vergara, é: “investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um
fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas,
aplicação de questionários, testes e observação participante ou não” (2009,
p.43). Em relação aos procedimentos qualitativos, segundo Creswell (2007,
p.184 e 188), eles “se baseiam em dados de texto e imagem, têm passos únicos
na análise de dados e usam estratégias diversas de investigação”. O
pesquisador vai ao local onde está o entrevistado para conduzir a pesquisa,
permitindo envolvimento do pesquisador nas experiências dos participantes ou
entrevistados. A pesquisa qualitativa é interpretativa, e o pesquisador se envolve
de forma intensa com os entrevistados.
Marton (1986, p.31) assevera que “quando investigamos o entendimento
das pessoas a respeito de vários fenômenos, conceitos e princípios, nós
repetidamente achamos que cada fenômeno, conceito ou princípio pode ser
entendido qualitativamente de diferentes maneiras”. Marton (1986) prossegue
dizendo que a fenomenografia é um método de pesquisa por meio do qual o
pesquisador pretende mapear qualitativamente as maneiras de experimentação
das pessoas, a forma como elas percebem, conceituam e entendem
determinado fenômeno ou o mundo a sua volta.
Segundo Tesch (1990), a ênfase se coloca no “como”. O método
fenomenográfico estuda de que forma as pessoas explicam a si mesmas e aos
outros, o que está por trás e como essas explicações são modificadas. Marton
(1986, p.33) explica que o objetivo não é tentar descrever as coisas “como elas
são”, mas tentar caracterizar como elas aparecem para as pessoas. O ponto de
partida da fenomenografia, ensina o autor, é o “relacional” – as relações entre o
indivíduo e determinado aspecto do mundo ao seu redor.
Ainda de acordo com Marton (1999), o objetivo da pesquisa é descrever
qualitativamente as diferentes maneiras de experimentação de vários
fenômenos (ou do mesmo fenômeno) e a forma como as pessoas enxergam
determinada realidade. Essencialmente, é um estudo de variações – variações
qualitativas entre as maneiras de se ver, experimentar e entender o mesmo
fenômeno. Em estudo seminal sobre o fenomenografia, em 1981, Marton
argumenta que objetivo da pesquisa fenomenográfica não é classificar pessoas,
comparar grupos ou fazer julgamentos das pessoas, mas encontrar formas de
pensamento das pessoas e a maneira como elas interpretam determinados
aspectos da realidade.
Cada fenômeno pode ser experimentado qualitativamente de diferentes
maneiras. Para isso, no entanto, é preciso ter sempre o discernimento do
contexto, atribuindo um significado e vendo cada “coisa” de forma particular. A
variabilidade, nesse contexto, é fundamental. Sem ela, muitos dos conceitos
tornam-se sem sentido e passam a não existir. O conceito de gênero, por
exemplo, desapareceria se existisse apenas um gênero no mundo (MARTON,
1999, p.4-5).
Akerlind (2005, p.331) considera, ainda, que as experiências de um
indivíduo a respeito de um fenômeno são sensíveis e podem mudar, variando de
acordo com o tempo e a situação. O mesmo fenômeno, portanto, pode ter
interpretações e entendimentos diferentes da mesma pessoa em tempos e
situações diferentes. Marton (1986, p.37), por sua vez, afirma que cada
fenômeno pode ser compreendido de formas qualitativamente diferentes.
Segundo o autor, em alguns casos, podem-se ter duas maneiras de entender
determinado princípio; em outras, as variações podem ser bem maiores.
PESQUISA
Tomando como ponto de partida o objetivo desta pesquisa – que é
investigar a percepção dos adolescentes sobre o cyberbullying, decidimos adotar
o método de pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, que consideramos o
mais apropriado para o tipo de análise que pretendemos fazer. Antes, porém,
cabe-nos contextualizar o tipo de pesquisa escolhido para um melhor
entendimento a respeito.
A escolha dos sujeitos da pesquisa foi feita a partir de alguns critérios
previamente estabelecidos. Tais critérios foram: alunos do Ensino Médio Técnico
Profissionalizante, com idades entre 15 e 17 anos. O método utilizado foi um
questionário, com respostas anônimas, no período de 3 dias.
Embora tenhamos ciência de que a sociedade esteja sempre se
modificando, a escolha por esse público, embora com pouca idade e com uma
vivência de vida historicamente pouco curto, ele apresenta diversas
transformações tanto da sociedade em geral quanto da própria educação.
A seleção desse critério deve-se ao fato de acreditar que por meio dele
poderíamos perceber melhor relações estabelecidas dentro do espaço escolar
público. Pensamos ser importante deixar claro que não houve, para fins de
seleção, a busca por adolescentes de uma mesma idade, pois entendemos que,
com variadas idades e formações, temos maiores possibilidades de realizar uma
pesquisa mais ampla, visto que cada idade e vivência exige uma postura
diferenciada com relação as perguntas elaboradas. Também não foi critério para
a escolha a questão do gênero, pois, embora acredite que o gênero tenha
substancial importância não era esse o foco da presente pesquisa.
Resultados e Discussões
Apenas 27,8% dos estudantes não costuma conversar com alguém sobre
os cuidados que precisa ter ao utilizar a internet e 93,5% possui liberdade para
conversar sobre o assunto em casa, seja com um familiar ou amigo mais
próximo. Vale ressaltar que por mais que a maioria tem tal liberdade de conversar
sobre o assunto, muitos não chegam a concretizar tal conversa.
Figura 6 – Alunos que já passaram por situações desagradáveis na internet
Conclusão
Muitos adolescentes e jovens são discriminados no ambiente escolar e a
maioria dos agressores fazem as agressões pelo cyberbullying.
Diante dos fatos e pesquisa expostos nesse trabalho, mesmo a maioria dos
jovens entrevistados conhecendo sobre cyberbullying, muitos ainda tem
dificuldade em se abrir quanto a esse perigo.
Todavia, estes estudantes revelam ter uma opinião bastante clara em
relação à forma como as vítimas devem lidar com o problema. Sublinham a
importância da comunicação com os outros, como forma de romper com o
sofrimento solitário. Valorizam o papel dos pais e dos professores, mas também
o dos colegas. Atribuem a estes últimos um papel de apoio; aos pais o de
acompanhamento e supervisão e aos professores o de formação especialmente
no uso das tecnologias e das relações interpessoais, e não descuram a
importância da ação dos adultos/educadores junto aos jovens agressores.
O estudo parece indicar alguma ligação entre a prevalência do
cyberbullying e o ambiente social e relacional sentido na escola. Segundo Marton
(1986, p.42) é comum o jovem referir-se ao ambiente escolar, especificamente à
existência de sentimentos de mal estar e com isso várias denuncias sobre
existência de sentimentos de discriminação, medo e inferioridade. A
discriminação é um fato com o qual convivem os alunos de todo o Brasil e
demonstrado na pesquisa, que justificam pela dificuldade de convívio com as
diferenças, nomeadamente as diferenças culturais em que predominam
sentimentos ligados às diferentes identidades nacionais e culturais, o que aponta
para a necessidade de uma educação intercultural, neste contexto educativo,
como noutros com multiculturalidade significativa.
Outro fato pertinente é em questão as doenças emocionais e
consequentemente as físicas causadas pelo cyberbullying, pois como esses
adolescentes e jovens guardam para si e não compartilham com pessoas
próximas esse efeito avassalador, isso acaba afetando o emocional, trazendo
sérios problemas para eles.
Como o cyberbullying caminha em conjunto com a vitimização dentro da
escola e nas interações sociais que esse público possui, com isso esse
fenômeno toma uma importância bastante séria mediante a se transformar em
objeto de estudo de psicólogos, educadores e profissionais da área da sociologia
e filosofia. O problema maior enfrentado por esses profissionais é o alcance
desconhecido que essa prática acarreta para a vítima, tornando essa área pouco
explorada e com uma dimensão tão vasta se tratando de traumas e resultados
dessa prática na aprendizagem de alunos por exemplo.
Os motivos em que os jovens se envolvem com questões sobre bullying
ou cyberbullying está extremamente relacionado a diversas causas específicas,
entre elas destacam-se a de natureza individual (falta de empatia, baixa
autoestima, falta de autocontrole, perturbações da saúde mental), de natureza
social e familiar (falta de supervisão ou supervisão excessiva, maus tratos).
Porém, os resultados obtidos no presente estudo indicam que o ambiente
escolar, desempenha um papel relevante nas situações vividas na internet, mais
precisamente nas redes sociais, o que está de acordo com os resultados
encontrados por Willard (2007, pg 52), que afirma que é nas escolas que o
fenômeno do cyberbullying germina. Apesar do número de estudos acerca do
assunto ter aumentado exponencialmente, julgamos ser de grande importância
o desenvolvimento de pesquisas que aprofundem o conhecimento sobre as
ligações existentes entre o ambiente escolar, cyberbullying e ambiente familiar.
Chega-se à conclusão que os docentes, por esta amostragem pesquisada
devem procurar detectar em nossos alunos quando estão sofrendo algum tipo
de bullying virtual, e ganharmos a confiança deles para assim podermos ajudá-
los, afinal somos referência para eles.
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