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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

MATHEUS FERNANDES DA CRUZ

APLICAÇÃO DO MÉTODO GPR EM UMA BARRA FLUVIAL DO RIO


CAMAQUÃ

CAÇAPAVA DO SUL
2018
MATHEUS FERNANDES DA CRUZ

APLICAÇÃO DO MÉTODO GPR EM UMA BARRA FLUVIAL DO RIO


CAMAQUÃ

Relatório da cadeira de Prática de


Métodos Eletromagnéticos do
curso de Geofísica da Universidade
Federal do Pampa.

Professor: Dr. Éverton Frigo

Professor: Me. Lenon Ilha

CAÇAPAVA DO SUL
2018
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo. ................................. 6


Figura 2 - Mapa de topografia da área de estudos. ................................. 7
Figura 3 - Mapa geológico da área de estudo. ........................................ 8
Figura 4 - Imagem do equipamento usado. ............................................. 8
Figura 5 - Antena de 200 mHz. ................................................................ 9
Figura 6 - Antena de 80 mHz. .................................................................. 9
Figura 7 - Exemplo de aquisição do método GPR. Fonte: Neal (2004). 10
Figura 8 - Fluxograma do processamento dos dados de GPR. ............. 13
Figura 9 - Tela inicial do programa Reflex. ............................................ 13
Figura 10 - Janela de importação dos dados. ........................................ 14
Figura 11 - Janela de edição do cabeçalho. .......................................... 15
Figura 12 - Dado Bruto. ......................................................................... 15
Figura 13 - Antes e depois da remoção do ganho do cabeçalho. .......... 16
Figura 14 - Antes e depois da aplicação do Dewow. ............................. 17
Figura 15 - Antes e depois da aplicação da Função Ganho. ................. 17
Figura 16 - Antes e depois da aplicação do filtro Passa Banda. ............ 18
Figura 17 - Antes e depois da correção do tempo 0. ............................. 19
Figura 18 - Antes e depois do corte no tempo. ...................................... 19
Figura 19 - Antes e depois do Background Removal. ............................ 20
Figura 20 - Antes e depois da Conversão do tempo para profundidade.21
Figura 21 - Resultado da etapa de processamento de dados. .............. 21
Figura 22 - Terminação de refletores. .................................................... 22
Figura 23 - Intepretação da terminação de refletores. ........................... 22
Figura 24 - Interpretação dos principais refletores e do nível de água. . 23
Figura 25 - Identificação das principais áreas de atenuação do sinal. ... 23
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS....................................................... 5

2. ÁREA DE ESTUDO ........................................................................ 6

2.1. LOCALIZAÇÃO .............................................................................. 6

2.2. TOPOGRAFIA ................................................................................ 6

2.3. GEOLOGIA .................................................................................... 7

3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................. 8

3.1. MATERIAIS .................................................................................... 8

3.2. SOFTWARES UTILIZADOS .......................................................... 9

3.3. MÉTODO - CONCEITOS BÁSICOS DO GPR ............................. 10

4. PROCESSAMENTO ..................................................................... 12

5. INTERPRETAÇÃO ....................................................................... 21

5.1. TERMINAÇÃO DE REFLETORES .............................................. 22

5.2. PRINCIPAIS REFLETORES E NÍVEL DA ÁGUA........................ 23

5.3. INTEPRETAÇÃO QUANTO A ATENUAÇÃO DO SINAL ........... 23

6. CONCLUSÃO............................................................................... 25
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O presente trabalho se trata da aplicação do método Radar de Penetração


do Solo (GPR) em uma barra fluvial do Rio Camaquã, localizada próxima a
cidade de Santana da Boa Vista, no estado do Rio Grande do Sul. O método
GPR é um método eletromagnético que utiliza a propagação de ondas
eletromagnéticas de alta frequência na subsuperfície. Por se tratar de um método
que utiliza uma frequência elevada em comparação aos demais métodos
eletromagnéticos, o GPR possui uma profundidade de investigação bastante
rasa, podendo variais de dezenas de centímetros a dezenas de metros,
dependendo da frequência da antena utilizada. O presente trabalho tem como
objetivo a investigação dos primeiros metros de profundidade de uma barra
fluvial do Rio Camaquã através da realização um perfil (CC’) de GPR, utilizando
a antena de 80 mHz, focando a identificação das principais estruturas presentes
em subsuperfície, por meio da interpretação em relação a terminação de
refletores, identificação dos principais refletores, identificação das estruturas
externas e o nível da água. Os dados coletados foram processados no software
Reflex, o qual se trata de um programa usado para processar dados de GPR e
sísmica de reflexão e refração. A partir do processamento dos dados pode-se
realçar os principais refletores presentes nos dados facilitando a visualização e
interpretação dos mesmos.
2. ÁREA DE ESTUDO

2.1. LOCALIZAÇÃO

A área de estudo está localizada em uma barra fluvial do Rio Camaquã,


próximo a cidade de Santana da Boa Vista, no estado do Rio Grande do Sul

Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo.

(Figura 1).

2.2. TOPOGRAFIA

O mapa de topografia da área de estudo está representado na figura 2,


juntamente com a disposição das três linhas realizadas em campo, sendo que
nesse trabalho, será usada somente a linha C. A fonte dos dados de topografia
o do ALOS, que são dados que possui uma resolução espacial de 12.5 metros.
Figura 2 - Mapa de topografia da área de estudos.

2.3. GEOLOGIA

A área de estudo está inserida sobre os depósitos aluvionáres do Rio


Camaquã, que são constituídos de sedimentos inconsolidados de tamanhos
seixos e areias, tais sedimentos são mal selecionados e estão localizados nas
barras fluviais e no meio do leito do rio (Figura 3).
Figura 3 - Mapa geológico da área de estudo.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. MATERIAIS

Na realização da etapa de levantamento de campo, foi-se utilizado os


seguintes materiais:

➢ Ground Penetrating Radar (GPR):

Figura 4 - Imagem do equipamento usado.


➢ Antenas de 200 mHz e 80 mHz;

Figura 6 - Antena de 80 mHz. Figura 5 - Antena de 200 mHz.

➢ Notebook para armazenamento e visualização instantânea do


resultado durante o levantamento de campo;
➢ GPS para georreferenciamento dos perfis.

3.2. SOFTWARES UTILIZADOS

Para o processamento dos dados e confecção dos mapas utilizados no


presente relatório, foram utilizados os seguintes softwares:

➢ Reflex: Programa utilizado para o processamento dos dados de GPR;


➢ Surfer: Utilizado para a confecção do mapa de geologia;
➢ Qgis: Utilizado para a confecção do mapa de localização;
➢ GMT: Utilizado para a confecção do mapa de topografia.
➢ Global Mapper: Utilizado para o corte dos dado de topografia.
3.3. MÉTODO - CONCEITOS BÁSICOS DO GPR

O método GPR utiliza ondas eletromagnéticas de alta frequência para


investigar a subsuperfície rasa. A onda eletromagnética emitida pelo transmissor
se trata de um pulso eletromagnético que se propaga no solo até encontrar uma
interface que possua contraste de propriedades dielétricas, nesse momento,
acontecem alguns fenômenos ondulatórios (reflexão, refração e difração) que
são similares aos conceitos da sísmica e por consequência respeitam as leis de
Snell para reflexão refração. Ao encontrar uma interface com contraste de
propriedade dielétrica, parte da onda eletromagnética é refletida de volta para
superfície, onde é registrada por uma antena receptora e parte da onda é
refratada para o meio subjacente.

Figura 7 - Exemplo de aquisição do método GPR. Fonte: Neal (2004).

A propagação das ondas eletromagnéticas é descrita pelas equações de


Maxwell, as quais descrevem a física por trás dos campos eletromagnéticos,
juntamente com as equações de Maxwell são usadas as equações constitutivas,
que relacionam as propriedades dos materiais, a junção dessas duas é capaz de
fornecer uma base para a aplicação e posterior processamento dos dados de
GPR.
As equações de Maxwell são definidas em termos dos vetores de
intensidade do campo elétrico (E) e magnético (H) e dos vetores de intensidade
do fluxo elétrico (D) e do fluxo magnético (B). As equações podem ser descritas
na forma diferencial no domínio do tempo, no caso de não existirem cargas
elétricas livres no meio (GRIFFITHS, 1999).

∂B
Lei da indução da Faraday ∇ ×E= −
∂t

Lei de Ampere-Maxwell ∂D
∇×H =− +J
∂t

Lei de Gauss da eletrostática ∇⋅D=0

Lei de Gauss de magnetostática ∇⋅B= 0

Onde:

V
𝐄 → É o vetor intensidade do campo elétrico ൬ ൰ ;
m

Wb
𝐁 → É o vetor densidade de fluxo magnético ቆ ou Tቇ ;
m2

A
𝐇 → É o vetor intensidade de campo magnético ൬ ൰ ;
m

A
𝐉 → É o vetor densidade de corrente elétrica ൬ 2 ൰ ;
m

C
𝐃 → É o vetor densidade de fluxo elétrico ൬ 2 ൰.
m

As quatro equações acima podem ser escritas no domínio da frequência,


afim de expressar o seu comportamento harmônico no tempo.

Para tal, é aplicada a transformada de Fourier nas equações da Lei da


indução de Faraday e da Le de Ampere-Maxwell, as quais são rescritas da
seguinte forma:
Lei da indução da Faraday ∇ . E = − iωB

Lei de Ampere-Maxwell ∇ × H = −J + iωD

Lei de Gauss da eletrostática ∇⋅D=0

Lei de Gauss de magnetostática


∇⋅B= 0

O método GPR se torna mais útil onde não exista grandes perdas do sinal,
ou seja, onde os materiais em subsuperfície tenham baixa condutividade, assim
se a condutividade elétrica se aproximasse de zero, o método teria máxima
eficiência.

Na etapa de aquisição, o equipamento GPR é composto por uma unidade


de controle e armazenamento dos dados, a qual se trata de um notebook que
possui o programa utilizado para a visualização do resultado.

O sistema possui também uma antena transmissora, que pode variar sua
frequência dependendo do objetivo do equipamento e uma antena receptora.

Faz parte do sistema também um conjunto de rodas, que são utilizadas


para obter a distância do perfil e disparar o início do levantamento, desde modo,
a antena transmissora só funciona quando a roda está em movimento.

4. PROCESSAMENTO

Abaixo (Figura 8) está apresentado o fluxograma do processamento dos


dados de GPR utilizados no presente trabalho.
Figura 8 - Fluxograma do processamento dos dados de GPR.

A primeira etapa do processamento consiste na importação dos dados


para dentro do programa Reflex.

Figura 9 - Tela inicial do programa Reflex.


O programa Reflex pode ser usado para processar tanto dados de GPR
como dados de sísmica de reflexão e refração.

A figura 10 abaixo, mostra a tela de importação dos dados.

Na etapa de importação é necessário realizar alguns ajustes, como o


formato do arquivo de entrada, que depende da marca das antenas utilizadas e
nome do arquivo. Nesta etapa, é feita e conversão dos dados que são retirados
do equipamento para um formato que o programa consiga ler.

Figura 10 - Janela de importação dos dados.


A segunda etapa consiste na edição do arquivo do cabeçalho, no qual
terá que ser informado a frequência da antena utilizada no momento da aquisição
(Figura 11).

Figura 11 - Janela de edição do cabeçalho.

Abaixo está representada a imagem dos dados brutos, sem nenhum tipo
de processamento (Figura 12).

Figura 12 - Dado Bruto.


A terceira etapa do processamento se trata da remoção do ganho do
cabeçalho, o qual consiste de um ganho colocado nos dados no momento da
aquisição (Figura 13).

Figura 13 - Antes e depois da remoção do ganho do cabeçalho.

A quarta etapa do processamento se trata da aplicação do filtro Dewow,


o qual consiste da retirada da saturação do sinal, causada por bandas de baixas
frequências (Figura 14).
Figura 14 - Antes e depois da aplicação do Dewow.

A quinta etapa do processamento consiste na aplicação da função


ganho, que aumenta a intensidade do sinal do GPR, fazendo com que facilite a
visualização das estruturas contidas na seção (Figura 15).

Figura 15 - Antes e depois da aplicação da Função Ganho.


A sexta etapa do processamento dos dados se trata da aplicação do filtro
passa banda, no qual é feita a seleção de valores que representam um intervalo
no espectro de frequência, eliminando a influência de todas as frequências que
estão fora deste intervalo (Figura 16).

Figura 16 - Antes e depois da aplicação do filtro Passa Banda.

A sétima etapa do processamento se trata da correção do tempo 0 esta


etapa é feita para correção do tempo da primeira quebra em uma seção de
reflexão do GPR, eliminando a influência as ondas aéreas e onda de solo (Figura
17).
Figura 17 - Antes e depois da correção do tempo 0.

A oitava etapa do processamento se trata do corte no tempo, no qual é


feita a seleção de um valor de tempo e é cortado o tempo apenas que for menor
a este valor (Figura 18).

Figura 18 - Antes e depois do corte no tempo.


A nona etapa do processamento consiste da remoção do ruído de fundo,
também chamada de Background Removal, que visa eliminar os ruídos
presentes na seção, tais ruído podem aparecer como linhas horizontal nas
seções, dificultado a visualição das reflexões reais. Analisando a figura abaixo,
nota-se que antes de aplicar a remoção do ruído de fundo, havia diversas linhas
horizontal cruzando toda a seção nos primeiros valores de tempo, e após a
remoção do ruído, as linhas foram eliminadas (Figura 19).

Figura 19 - Antes e depois do Background Removal.

E por fim, a décima e ultima etapa do processamento dos dados de GPR


utilizados no presente trabalho se trata da conversão de tempo para
profundidade, essa etapa tem como objetivo, converte seções migradas do
domínio do tempo para o domínio do espaço. Esse procedimento é realizado a
partir do modelo de velocidade 2D representativo da seção de radar (Figura 20).
Figura 20 - Antes e depois da Conversão do tempo para profundidade.

5. INTERPRETAÇÃO

A figura 21, abaixo, mostra o resultado do processamento dos dados.

Figura 21 - Resultado da etapa de processamento de dados.


A partir do processamento da seção, foi feita a interpretação por meio da
análise primeiramente da terminação dos refletores, identificação dos principais
refletores e delimitação das estruturas externa e do nível da água.

5.1. TERMINAÇÃO DE REFLETORES

A figura abaixo mostra a representação esquemática da terminação de


refletores.

Figura 22 - Terminação de refletores.

A figura 23 mostra a interpretação das principais terminações de refletores

Figura 23 - Intepretação da terminação de refletores.


5.2. PRINCIPAIS REFLETORES E NÍVEL DA ÁGUA

A figura XXX mostra o resultado da interpretação focando na delimitação


dos principais refletores e identificação do nível de água.

Figura 24 - Interpretação dos principais refletores e do nível de água.

5.3. INTEPRETAÇÃO QUANTO A ATENUAÇÃO DO SINAL

Observando a figura 25, nota-que que existe regiões na seção onde se


identifica atenuação no sinal.

Figura 25 - Identificação das principais áreas de atenuação do sinal.


As atenuações representadas pelas duas elipses, podem estar
correlacionadas a uma concentração de sedimentos com maior granulometria, o
que ocasiona a atenuação da onda eletromagnética.

Já a atenuação maior, destacada pelo polígono, pode estar associada a


direção em que o perfil foi realizado. Sabendo-se que o perfil foi realizado na
direção do rio, pode haver uma concentração maior de sedimentos com maior
granulometria na região mais afastada no rio e a medida em que se aproxima do
rio, os sedimento vão ficando cada vez menores, o que explica o formato da
atenuação, quanto mais se aproxima do final da seção, mais é possível observar
reflexões mais profundas.
6. CONCLUSÃO

O presente trabalho se tratou da aplicação do método GPR em uma barra fluvial


do Rio Camaquã, próximo da cidade de Santana da Boa Vista, por meio da
realização de um perfil com a antena de 80 mHz e tinha como objetivo a
investigação dos primeiros metros da subsuperfície da área. Com o presente
trabalho, pode-se concluir que os parâmetros utilizados no processamento se
mostraram satisfatórios, pois com eles pode-se ter uma visualização melhor das
principais estruturas contidas na seção e partir da interpretação dos resultados,
pode-se delimitar a presença de diversos refletores em subsuperfície e o nível
da água.
Referenciais

GRIFFITHS, D. J. Introduction to electrodynamics. 3rd. ed. Upper Saddle


River, N.J.: Prentice Hall, 1999.

NEAL, A. (2004). Ground-penetrating radar and its use in sedimentology:


principles, problems and progress. Earth-Science Reviews , 261-330.

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