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Humani Generis
Erros doutrinais que eram ensinados ou no mínimo vistos com bons
olhos nalguns círculos católicos depois do encerramento da segunda
guerra mundial foram assinalados e reprovados na carta
encíclica Humani Generis, datada de 12 de agosto de 1950. Tal como
o Juramento contra os Erros do Modernismo, contido na Sacrorum
Antistitum de São Pio X, a Humani Generis lidou principalmente com
erros que se opunham ao ensinamento que se encontra na constituição
dogmática Dei Filius do Concílio Vaticano. Assim, boa parte do material
exposto na Humani Generis diz respeito a introdução à sagrada
teologia e a outros loci theologici além da Igreja. Alguns dos
ensinamentos mais preciosos dessa encíclica, todavia, referem-se
diretamente ao tractatus de Ecclesia.
A mais importante contribuição específica feita na Humani generis à
eclesiologia diz respeito ao magistério da Igreja. Nessa encíclica, o
Papa Pio XII recordou aos estudiosos católicos que “em matérias de fé
e costumes este sagrado magisterium deve ser o critério de verdade
próximo e universal para todos os teólogos, visto que a ele foi confiado
por Cristo Nosso Senhor o inteiro depósito da fé —Sagrada Escritura e
Divina Tradição— para ser preservado, resguardado e
interpretado.”[ ] Lembrou também os estudantes católicos do dever
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deles “de fugir também daqueles erros que em maior ou menor medida
se aproximam da heresia”, e por conseguinte [do dever deles] “de
observância também das constituições e decretos pelos quais tais
opiniões perversas são proscritas e proibidas pela Santa Sé.”[12]
Especialmente, ele ensinou acerca da autoridade das cartas encíclicas
e outros atos do magistério ordinário do Soberano Pontífice.
“Nem se deve pensar que o que é exposto em Cartas Encíclicas não
exija, por si, o consentimento, porque os Papas não exerçam nelas o
supremo poder de sua autoridade de ensinar (assensum per se non
postulare, cum in iis Pontifices supremam sui Magisterii potestatem
non exerceant). Pois essas coisas são ensinadas com a autoridade
docente ordinária, da qual também é verdadeiro dizer: “Quem vos ouve
a mim ouve”; e geralmente o que é exposto e inculcado nas Cartas
Encíclicas, já por outras razões pertence à doutrina católica. Ora, se os
Romanos Pontífices em seus documentos oficiais (in actis suis)
pronunciam de caso pensado um juízo em matéria até então disputada,
é óbvio que essa matéria, segundo a intenção e vontade dos mesmos
Pontífices, já não pode mais ser considerada questão aberta à
discussão entre os teólogos.”[13]
Na Humani Generis, o pranteado Santo Padre viu-se forçado a
protestar contra a rejeição da tese central da Mystici Corporis
Christi por alguns escritores dentro do redil católico. Assinalou também
a existência de ensinamentos inadmissíveis sobre outro ponto da
doutrina católica acerca da verdadeira Igreja.
“Alguns dizem que não estão obrigados pela doutrina, explicada em
Nossa Carta Encíclica de poucos anos atrás e baseada nas fontes da
Revelação, que ensina que o Corpo Místico de Cristo e a Igreja Católica
Romana são uma só e mesma coisa. Reduzem alguns a uma fórmula
vazia a necessidade de pertencer à verdadeira Igreja para obter a
eterna salvação.” [14]
Notas
1. Cf. Fenton, The Catholic Church and Salvation [A Igreja Católica e a
Salvação] (Westminster, Maryland: The Newman Press, 1958), pp.
165-70.
2. Cf. ibid., pp. 171-88.
3. A tendência chamada de “catolicismo liberal” se baseia no
indiferentismo religioso e envolve oposição aos dogmas da necessidade
da verdadeira fé e da verdadeira Igreja para alcançar a eterna
salvação. Cf. “The Components of Liberal Catholicism” [Os integrantes
do catolicismo-liberal], in AER, CXXXIX, 1 (jul., 1958), 36-53.
4. Tradução da NCWC [= National Catholic Welfare Council, embrião
da Conferência Nacional dos Bispos dos E.U.A. – ndt], n. 13.
5. Ibid., n. 14.
6. Ibid., n. 65.
7. Ibid., n. 22.
8. Ibid., n. 103.
9. Ibid., n. 42.
10. Cf. Ottaviani, Institutiones Iuris Publici Ecclesiastici, 3ª. ed. (Typis
Polyglottis Vaticanis, 1947), I, 413; e Fenton, “The Doctrinal Authority
of Papal Encyclicals”, in AER, CXXI, 2, 3 (ag., set., 1949), 136-50; 210-
20[respectivamente, parte I e parte II de “A Autoridade Doutrinal das
Encíclicas Papais”, trad. br. no blog Acies Ordinata de 27 dez. 2013
(“wp.me/pw2MJ-2aL”) e 6 abr. 2015 (“wp.me/pw2MJ-2×9”). – Ndt].
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SUMÁRIO
[Introdução]
Mystici Corporis Christi
Humani Generis
Suprema Haec Sacra
Ci Riesce
Si Diligis
A Carta sobre a Caridade Fraterna
Dentro da Igreja e Dentro do Sacerdócio
[Conclusão]
Notas
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PARA CITAR ESTA TRADUÇÃO:
Mons. Joseph Clifford FENTON, O Papa Pio XII e o Tratado
Teológico sobre a Igreja, dez. 1958; trad. br. por F. Coelho, São
Paulo, abr. 2015, blogue Acies Ordinata, http://wp.me/pw2MJ-2yg
de: “Pope Pius XII and the Theological Treatise on the Church”, in: The American
Ecclesiastical Review 139 (dez. 1958) 407-419.
Cf. “catholicculture.org/culture/library/view.cfm?recnum=5086”.