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CAPITAL INTELECTUAL: VERDADES E MITOS

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Capital Intelectual:Verdades e Mitos1


Maria Thereza Pompa Antunes
Professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Eliseu Martins
Prof. Titular do Departamento de Contabilidade e Atuária – FEA-USP

RESUMO ABSTRACT
Muito se tem comentado que os relatórios forneci- It has been said many times that the statements
dos pela Contabilidade Financeira não retratam certas provided by Financial Accounting do not give a picture of
realidades das empresas atualmente, tendo em vista o certain realities of companies nowadays, considering the
fato de o valor contábil das ações estar muitas vezes fact that, often, the accounting value of shares is below
abaixo do seu valor de mercado. Esse contraste entre their market value.This contrast between the two values is
os dois valores vem sendo identificado como Capital being identified as Intellectual Capital and presented as a
Intelectual e apresentado como um novo conceito de new concept of business administration that leads to the
administração de empresas que conduz à necessidade de necessity of applying new strategies, a new management
aplicação de novas estratégias, de nova filosofia de ges- philosophy and new ways of company valuation.
tão e novas formas de avaliação do valor da empresa. This article demonstrates the relation that actually
Este trabalho evidencia a verdadeira relação exis- exists between Accountancy and Intellectual Capital.
tente entre a Contabilidade e o Capital Intelectual. The novelty of the concept is demystified since it is
Desmistifica-se a novidade do conceito, pois com- proven that Intellectual Capital constitutes a component
prova-se que o capital Intelectual é parte integrante do part of Goodwill, a concept that has been known and
Goodwill, conceito secularmente conhecido e estudado studied by Accountancy for ages. The intangible elements
pela Contabilidade. Os elementos intangíveis sempre have always been dealt with by Accountancy and, in the
foram abordados pela Contabilidade e, da mesma for- same way as their importance has never been disregarded,
ma, como nunca se desprezou a sua importância, nun- their complexity has never been underestimated.
ca se subestimou a sua complexidade. Therefore, Accountancy is not defective in its
Portanto, a Contabilidade não é falha na divulgação publication of the information it registers. The purpose of
das informações por ela registradas. Deve-se entender each of the Financial Statements must be understood,
a finalidade de cada uma das Demonstrações Contábeis, as well as the Principles on which they are built.
bem como os Princípios subjacentes a elas. A falta de Sometimes, the lack of knowledge leads to precipitated
conhecimento, por vezes, conduz a conclusões precipi- and erroneous conclusions.
tadas e errôneas. On the other hand, whichever the label attributed to
Por outro lado, qualquer que seja o rótulo atribuído aos the intangible elements, which have always been a part
elementos intangíveis, que sempre fizeram parte das or- of organizations, it is understood and accepted that,
ganizações, entende-se e aceita-se que hoje, cada vez nowadays, the knowledge about and administration of
mais, o conhecimento e o gerenciamento desses elemen- these elements are more and more relevant for company
tos são relevantes para a gestão das empresas, pois o management, since the current time is characterized by
momento atual é caracterizado pela ampla aplicação do the widespread application of the knowledge resource
recurso do conhecimento pelo homem, que se materializa by man, which is materialized into new technologies,
em novas tecnologias, sistemas e serviços (entendidos systems and services (understood as intangible assets)
como ativos intangíveis) que agregam valor às organizações. that add value to the organizations.
Palavras-chave: Capital Intelectual, Goodwill, Ati- Key words: Intellectual Capital, Goodwill, Intangible
vos Intangíveis, Sociedade do Conhecimento. Assets, Knowledge Society.

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Este trabalho foi apresentado no XVI Congresso Brasileiro de Contabilidade – Goiânia/GO, em outubro de 2000.
Recebido em agosto/2001

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INTRODUÇÃO A fim de preencher tal lacuna, supostamente dei-


xada pela Contabilidade, o Grupo Skandia3 desen-
Verifica-se que nas últimas décadas vieram volveu um modelo para mensurar o Capital Intelectu-
gradativamente ocorrendo mudanças na sociedade al, justificado como a razão da diferença entre o valor
que ora culminam num processo de globalização de mercado e o valor patrimonial das ações da em-
mundial, com rápido avanço das tecnologias de pro- presa. Para o Grupo Skandia, o Capital Intelectual veio
dução, informática e de telecomunicação, assim como como um novo conceito capaz de justificar essa dife-
em outras transformações que sugerem novas for- rença e o modelo, desenvolvido para mensurá-lo,
mas de percepção e interpretação da sociedade como como uma ferramenta gerencial eficaz para as em-
um todo. presas que participam do novo cenário mundial, na
Esse período de gradativas mudanças na econo- crença de que investimentos nos elementos que pro-
mia mundial vem sendo apontado por muitos estudi- duzem esse Capital geram resultados positivos a
osos do assunto como o período de transição de médio e longo prazos.
uma Sociedade Industrial para uma Sociedade do Partindo-se do princípio de que a aplicação do co-
Conhecimento, pois aos demais recursos existen- nhecimento nas organizações gera benefícios intan-
tes, e até então valorizados e utilizados na produ- gíveis que impactam o valor das mesmas, a questão
ção - terra, capital e trabalho –, junta-se o conheci- que se formula é: o que a Contabilidade vem fazendo
mento, o que altera, principalmente, a estrutura eco- no sentido de mensurar esse valor para cumprir com
nômica das nações e, sobretudo, a forma de valori- eficácia a sua função de fornecer informações rele-
zar o ser humano. vantes aos seus usuários?
A aplicação do conhecimento vem impactando, Entende-se que a Contabilidade deva estar parti-
sobremaneira, o valor das organizações, pois a cipando ativamente desse novo cenário e cumprindo
materialização da utilização desse recurso, mais as seu papel de acordo com os objetivos pelos quais
tecnologias disponíveis e empregadas para atuar num existe, dentro da visão de Hendriksen & Breda (1992,
ambiente globalizado, produze benefícios intangíveis p. 52) de que “o desenvolvimento da Contabilidade foi
que agregam valor às mesmas. estimulado pelas mudanças tecnológicas que foram,
Esse conjunto de benefícios intangíveis denomi- pelo menos, tão dramáticas quanto as dos nossos
nou-se Capital Intelectual. O aparecimento desse con- dias e nossa época.”
ceito conduz à necessidade de aplicação de novas Entretanto, ao mesmo tempo em que se julga
estratégias, de uma nova filosofia de administração e que a Contabilidade não pode manter-se alheia aos
de novas formas de avaliação do valor da empresa acontecimentos externos ao ambiente empresari-
que contemplem o recurso do conhecimento. al, defende-se que ela não pode entregar-se sofre-
Com relação à Contabilidade empresarial tradicio- gamente a novos temas que suscitam polêmicas,
nal, considera-se que um de seus principais objeti- prevêem revoluções e modelos que prometem ser
vos iniciais tenha sido o de apurar o resultado econô- a panacéia para as questões concernentes à sua
mico e financeiro de uma entidade, e ele continua área de estudo. Espera-se, antes, que, por meio da
forte até hoje. Entretanto, muito se tem comentado averiguação e de análises criteriosas, e utilizando-
nos últimos tempos que os relatórios fornecidos pela se o método científico de pesquisa, levante ques-
Contabilidade Financeira2 não retratam certas reali- tões, responda a elas e, dessa forma, continue se
dades das empresas, visto o valor contábil das ações fazendo ciência.
estar, muitas vezes, muito abaixo do seu valor de Assim sendo, o principal objetivo deste artigo é o
mercado, sugerindo, por vezes, uma falha da Conta- de evidenciar a verdadeira relação existente entre a
bilidade em lidar com os novos valores da sociedade. Contabilidade e o Capital Intelectual no tocante à

2
Relatórios divulgados para usuários externos e, no Brasil, segundo a Legislação das Sociedades por Ações.
3
A Skandia é o quarto maior grupo financeiro do mundo atuando na área de prestação de serviços financeiros e de seguros e o maior grupo da Escandinávia.

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mensuração dos valores (ativos) intangíveis, por meio Richard Crawford, Lester Thurow, James Brian Quinn,
do conceito do Goodwill. Primeiramente, entretanto, Robert Reich, entre outros. Cada um a seu modo re-
julga-se necessário comentar alguns aspectos das conhece, denomina e justifica a sociedade atual, as-
mudanças que culminaram com a introdução do con- sumindo o seu grande referencial: o conhecimento.
ceito de Capital Intelectual, bem como contextualizar Nonaka & Takeuchi (1997, p. 5) justificam a impor-
a Contabilidade na Sociedade do Conhecimento, rela- tância do conhecimento para a sociedade atual, ci-
tivamente à sua função e aos seus objetivos. tando Drucker: “Na nova economia o conhecimento
não é apenas um recurso, ao lado dos tradicionais
A Sociedade Baseada no Conhecimento fatores de produção - trabalho, capital e terra - mas
sim o único recurso significativo atualmente. [...] o
Em 1968, portanto há 34 anos, Peter Drucker es- fato de o conhecimento ter-se tornado o recurso, mui-
creveu “Uma Era da Descontinuidade” (1970, p.7-9), to mais do que apenas um recurso, é o que torna
quando já percebia tendências que levariam ao que singular a nova sociedade.” Em outra obra, Drucker
intitulou: A Sociedade do Conhecimento. Naquela oca- (1993, p.23) reconhece o recurso do conhecimento
sião, Drucker apontou descontinuidades em quatro como essencial e os demais como restrições, pois
áreas, que vale destacar: sem terra, mão-de-obra e capital, nem mesmo o co-
“1. Estão surgindo tecnologias genuinamente no- nhecimento pode produzir.
vas. É quase certo que elas criarão novas Na mesma linha de raciocínio, assim se expressa
indústrias importantes e novos tipos de gran- Toffler (apud Nonaka & Takeuchi, 1997, p.5): “O co-
des empresas e que tornarão, ao mesmo tem- nhecimento passou de auxiliar do poder monetário e
po, obsoletas as grandes indústrias e empre- da força física à sua própria essência e é por isso
endimentos atualmente existentes. [...] As pró- que a batalha pelo controle do conhecimento e pelos
ximas décadas da tecnologia lembrarão, mais meios de comunicação está se acirrando no mundo
provavelmente, as últimas décadas do sécu- inteiro. [...] o conhecimento é o substituto definitivo
lo passado, quando nascia uma grande indús- de outros recursos.”
tria baseada em nova tecnologia poucos anos Referindo-se especificamente às mudanças que
após o aparecimento de outra, e não farão o novo recurso está impondo às organizações, Quinn
lembrar a continuidade tecnológica e industri- (1992, p. 241) comenta:
al dos últimos cinqüenta anos. “Com raras exceções, o poder econômico e pro-
2. Estamos diante de grandes mudanças na eco- dutivo de uma moderna corporação está mais
nomia mundial. [...] O mundo tornou-se, em na capacidade de serviços intelectual do que
outras palavras, um mercado, um centro de nos ativos tangíveis - terra, planta, equipamen-
compras global. tos. Está no valor do desenvolvimento do co-
3. A matriz política da vida social e econômica nhecimento baseado nos intangíveis, como
está mudando celeremente. A sociedade e a know-how de tecnologia, desenhos de produtos,
nação de hoje são pluralistas. marketing, compreensão das necessidades dos
4. Mas a mais importante das mudanças é a clientes, criatividade pessoal e inovação. [...]
última. O conhecimento, nestas últimas dé- provavelmente três quartos do valor agregado a
cadas, tornou-se o capital principal, o centro um produto derivam do conhecimento previamen-
de custo e o recurso crucial da economia. Isso te embutido nele.”
muda as forças produtivas e o trabalho; o Da mesma forma, Lévy & Authier (1995, p. 24)
ensino e o aprendizado; e o significado do argumentam que, assim como os revolucionários da
conhecimento e suas políticas. Mas também antigüidade preconizavam a reforma agrária e a parti-
cria o problema das responsabilidades dos no- lha das terras e os da era industrial visavam à propri-
vos detentores do poder, os homens do co- edade dos meios de produção, hoje é sobre o conhe-
nhecimento.” cimento que repousam a riqueza das nações e a for-
ça das empresas.
As tendências percebidas por Drucker, em O importante a ressaltar dessas afirmações é que
1968, hoje são uma realidade. Isto pode ser verifica- se atribui o nome de Sociedade do Conhecimento,
do por proeminentes autores especialistas no assun- porque o conhecimento é considerado fator de produ-
to, como Alvin Toffler, Ikujiro Nonaka, Hirotaka Takeuchi, ção, juntamente à terra, ao capital e ao trabalho, não

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como fator substituto dos demais, mas sim estabele- Daqui em diante, o que importa é a produtivi-
cendo-se uma relação de interdependência entre eles. dade dos trabalhadores não-manuais. E isso
A existência do recurso do conhecimento e a sua requer a aplicação do conhecimento ao conhe-
aplicação passam a ser fundamentais para a sua con- cimento.”
tinuidade e, como tão bem observou Drucker, o seu Aceitando-se o conhecimento como o novo fator
significado precisa ser redimensionado. de produção, que vem aliar-se aos já existentes, ins-
Para a devida compreensão do significado do re- tala-se um período de transformações, cujos efeitos
curso do conhecimento, deve-se fazer a distinção estão se espalhando mundialmente e alterando os
entre dois tipos de conhecimento apontados por sistemas político, social e econômico dos países que
Nonaka & Takeuchi (1997, p.7;63): Conhecimento se encontram em tal estágio de desenvolvimento. Isso
Explícito e Conhecimento Tácito. O primeiro consis- porque, embora as mudanças sejam hoje profundas
te no conhecimento adquirido formalmente nas aca- e perceptíveis, são contínuas mas nem sempre uni-
demias, nos livros, periódicos etc. e é empregado formes. Dão-se de forma gradativa e diferenciada, de
como sinônimo de informação; o segundo consiste acordo com o grau de evolução econômica em que o
no processo em que o indivíduo, por meio dos co- país se encontra. É de se ressaltar que no Brasil iden-
nhecimentos adquiridos formalmente, mais a visão tificam-se características de uma economia pós-in-
que possui do mundo e que é impactada por seu dustrial (do conhecimento), industrial e, ainda, de sub-
sistema de crenças e valores e experiências adqui- sistência, dependendo da região enfocada.
ridas, trabalha e utiliza a informação criando valor, Em resumo, entre as principais conseqüências
ou seja, transformando seu conhecimento explícito do recurso do conhecimento para a sociedade no
em tecnologia, novos produtos e serviços, sobres- geral, pode-se elencar as seguintes (ANTUNES,
saindo-se de alguma forma. 1999, p.10-33):
No meio empresarial, o conhecimento explícito • a valorização do ser humano detentor do conhe-
passa a ser utilizado como base para o desenvolvi- cimento;
mento de novas habilidades, pois, sem estas, torna- • a localização dos recursos de produção não mais
se improdutivo. Constata-se que o acesso ao ensino como fator determinante para a localização da
formal para obtenção do conhecimento explícito não produção, pois a tecnologia e os transportes dis-
é mais diferencial, pois a oferta desses profissionais poníveis resolvem essa questão;
é grande. As empresas percebem que podem, no • a materialização do conhecimento em tecnologias
mínimo, manter-se eficientes com menos recursos substituindo em parte, ou totalmente, a mão-de-
físicos e mão-de-obra especializada. Além disso, pas- obra no processo produtivo;
sam a ser valorizados atributos como criatividade e a • a tendência acentuada para o crescimento do
versatilidade, e não só a racionalidade. setor de serviços, mais especificamente de en-
Em relação à representatividade do trabalhador tretenimento, softwares, serviços eletrônicos e,
manual na evolução das organizações, assim se ex- também, em pesquisas nas áreas de
pressa Drucker (1993, p.20): biotecnologia, cibernética etc.;
“ Quando Taylor começou a estudar o trabalho, • os produtos consumindo menos recursos mate-
nove entre cada dez trabalhadores faziam tra- riais e mais recursos intelectuais.
balhos manuais, produzindo ou movimentando
objetos; isso acontecia em manufatura, agricul- As conseqüências do recurso do
tura e transportes. [...] Quarenta anos atrás, nos conhecimento e da tecnologia para as
anos 50, as pessoas empenhadas em produzir organizações
ou movimentar objetos ainda constituíam a mai-
oria em todos os países desenvolvidos. Em 1990, Os avanços tecnológicos percebidos atualmente
elas haviam encolhido para um quinto da força permeiam qualquer análise sobre as mudanças nas
de trabalho e em 2010 não serão mais que um estruturas organizacionais; mais especificamente, os
décimo. A Revolução da Produtividade transfor- impulsos em ritmo acelerado nos sistemas de infor-
mou-se em vítima do seu próprio sucesso. mação e de comunicação verificados nas duas últi-
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mas décadas. A tecnologia da informação e das tele- lhões de dólares nas bolsas de valores espalha-
comunicações possibilitou a globalização da econo- das pelo mundo, os serviços de cartões de cré-
mia. Esse novo cenário vem alterando, sobremanei- dito, reservas de vôos etc.
ra, o ambiente externo às organizações em termos • Mudança no conceito de espaço físico e de
geográficos e produtivos. mercado: os empregados não necessitam es-
O mercado de massa se desintegrou na medida tar concentrados fisicamente para a realização
em que os clientes, mais conscientes de suas ne- do trabalho, podendo acessar os clientes, ge-
cessidades e diante da diversidade de opções, pas- rentes e fornecedores via information highway.
saram a exigir produtos e serviços que atendessem Da mesma forma, uma multinacional pode con-
às suas necessidades, diferentemente do comporta- trolar toda a cadeia produtiva e reunir os vários
mento apresentado após a Segunda Guerra Mundial, fatores de produção em nível internacional, sem
quando a produção em massa e padronizada tomou se comprometer com a produção em si, como é
pulso para atender à escassez dos mais diversos pro- o caso da Nike, cuja produção é feita sob enco-
dutos à época. menda em fábricas que pertencem a outras em-
Ao mesmo tempo, a concorrência aumentou sen- presas a partir de modelos desenhados por es-
sivelmente, na medida em que produtos semelhan- pecialistas nos Estados Unidos. Em termos de
tes são vendidos em diferentes mercados pelo mun- mercado, a Internet tornou-se um mercado vir-
do, facilitados pelo término das barreiras comerciais tual, onde se realizam compras e vendas de
e pela formação de blocos de comércio que estabele- produtos e serviços, além de possibilitar o aces-
cem bases competitivas distintas e, ainda, pela dimi- so às informações de publicidade e propagan-
nuição do ciclo de vida dos produtos, o que impele as da das empresas.
empresas a desenvolverem e lançarem no mercado • Valorização da marca: as empresas precisam
produtos em tempo recorde. de um símbolo ao qual o cliente possa associá-
Essa competição vem ameaçando as posições las, independentemente do local em que ele es-
garantidas pelas empresas em décadas passadas, tiver, dada a globalização dos mercados.
tornando urgente a aplicação do conhecimento e de • Merchandising de intangíveis: o valor da
know-how tecnológico para se adaptarem às exigên- comercialização do produto intangível associado
cias do novo mercado, da nova situação econômica ao produto tangível pode ultrapassar, em muito,
e, assim, sobreviverem. este último. Exemplificando, tem-se o valor arre-
Brooking (1996, p. 1), ao analisar as mudanças cadado com a bilheteria de um filme de grande
impostas às organizações atuais, conclui que a utili- sucesso sendo superado pela venda dos direitos
zação da tecnologia da informação e das telecomu- de comercialização das imagens e dos persona-
nicações, e a necessidade de uma força de trabalho gens do filme, como é o caso do Star Wars, cuja
dependente da expertise e da tecnologia, estão le- receita de bilheteria foi de U$ 25,000,000.00 con-
vando as empresas a aplicar métodos e habilidades tra U$ 1,000,000,000.00 decorrentes da
muito diferentes dos até então empregados para comercialização de seus personagens.
acessarem seus consumidores e provê-los de bens e • Patente de tecnologia: empresas que investem
serviços. no desenvolvimento de novas tecnologias neces-
A referida autora aponta os seguintes aspectos, sitam tê-las patenteadas a fim de possibilitar a
frutos da aplicação do conhecimento e de tecnologia, avaliação em termos reais da própria empresa.
como causas subjacentes ao desenvolvimento de Considerando-se: uma força de trabalho avaliada
novos métodos e habilidades indispensáveis para a pelo seu conhecimento, pelo que ela pode contribuir
continuidade dos negócios: para o resultado da empresa e o investimento associ-
• Criação de novos serviços: a tecnologia da in- ado ao treinamento dessa força; o sistema de infor-
formação, além de substituir os métodos manu- mação desenvolvido para viabilizar o trabalho nas
ais de trabalho, possibilitou a criação de novos organizações globalizadas e o conseqüente investi-
serviços não possíveis anteriormente. mento realizado em softwares; a impreterível exis-
Exemplificando, tem-se a movimentação de bi- tência de uma marca que identifique a empresa num
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mercado global; o investimento realizado no desen- Verifica-se que várias são as afirmações, a exem-
volvimento de novas tecnologias e o respectivo cus- plo das mencionadas acima, de que o valor das em-
to de patenteá-las; enfim, considerando-se todos os presas no mercado (entende-se em bolsa de valores)
aspectos intangíveis que hoje fazem parte do mundo está muitas vezes acima do seu valor contábil (valor
empresarial, cujo gerenciamento tornou-se indispen- patrimonial), sugerindo uma certa falha da Contabili-
sável para a continuidade das empresas, pode-se in- dade em mensurar tal valor.
ferir que todos eles agregam valor às empresas. Comentou-se, também, anteriormente, que L.
Deve-se considerar, ainda, que a automação da Edvinsson4 , bem como outros autores, vêm justifi-
produção e o crescimento do setor de prestação de cando a diferença entre o valor patrimonial das ações
serviços e de pesquisas alteram, radicalmente, a com- e seu valor de mercado pela introdução de novos
posição dos custos dos produtos. Conseqüentemen- valores concentrados na denominação de Capital In-
te, o sucesso das empresas estará dependendo mui- telectual. Cabe ressaltar que se julga ser esta uma
to mais da administração dos recursos intelectuais forma muito simplista de justificar este fato, princi-
do que da coordenação física dos empregados que palmente no que concerne à função das Demonstra-
trabalham na produção. ções Contábeis, especificamente do Balanço
Diante do exposto, não se discute que essa reali- Patrimonial. É importante destacar que não se en-
dade torna urgente o desenvolvimento de novos con- tende que seja o Capital Intelectual o único respon-
ceitos no tocante à mensuração do valor das empre- sável por tal diferença.
sas, fato que vem impactar diretamente o poder infor- Assim sendo, dois aspectos devem ser consi-
mativo dos relatórios contábeis, embora não se pos- derados. O primeiro refere-se ao que se entende
sa desconsiderar que a Contabilidade sempre esteve como valor da empresa e valor contábil da empre-
atenta à questão dos intangíveis, dada a vasta biblio- sa. O segundo refere-se aos fatores que influenci-
grafia existente a respeito do Goodwill. am o valor de mercado das ações, levando-se em
conta, ainda, que as características do mercado
O Reflexo do Recurso do Conhecimento na acionário, bem como os Princípios Contábeis e as
Contabilidade normas contábeis praticadas devem ser considera-
das como fatores relevantes.
De acordo com o Índice Mundial da Morgan Com relação ao que se entende como Valor da
Stanley, o valor médio das empresas nas bolsas de Empresa, define-se como “aquele que os potenciais
valores do mundo é duas vezes o seu valor contábil adquirentes estão dispostos a pagar pela compra do
e, nos Estados Unidos, o valor de mercado de uma patrimônio líquido de uma empresa, logo um valor de
empresa varia normalmente entre duas a nove ve- negociação.” (Martins,1992, p. 146).
zes o seu valor contábil, (EDVINSSON & MALONE, Quanto à questão de se afirmar que o Valor de
1998, p. 5). Bolsa é o Valor da Empresa, parece ser uma prática
Richard Donkin, em artigo veiculado no Financial comum na literatura americana, onde o controle da
Times, afirma que “as empresas vêm percebendo que empresa está pulverizado e as ações estão quase
o valor contábil de seus ativos fixos está, em muitos todas disponíveis para negociação em bolsa. E ha-
casos, diminuindo em relação ao seu valor de merca- vendo liquidez para as ações, o valor de mercado de
do já que este valor está sendo medido em termos da cada ação multiplicado pelo número total de ações
capacidade que possuem de exploração de seu co- poderia ser tomado como o valor de mercado da em-
nhecimento.” (apud Gazeta Mercantil, 19.01.98). presa. A realidade do Brasil é bem diferente,
A Microsoft, maior fabricante de softwares no (Martins,1992, p. 146).
mundo, se tornou a primeira companhia a superar US$ Nesse contexto, também não se pode desprezar
500 bilhões em valores de mercado na história, (Fo- a dinâmica complexa que apresenta o comportamen-
lha de S. Paulo, 17.07.99). to das ações negociadas em bolsa de valores. Se-

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Leif Edvinsson é Gerente para Capital Intelectual do grupo Skandia, um dos autores do modelo de mensuração desenvolvido pelo Grupo e publicou a obra “Intellectual
Capital” em co-autoria com o jornalista M.S. Malone.

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gundo Fortuna (1996, p. 297), “o preço de uma ação da, pois pretende traduzir em demonstrações
em bolsa é fruto das condições de mercado (oferta e contábeis, em números, notas explicativas e
demanda) que reflitam as condições estruturais e poucas evidenciações outras, uma realidade tão
comportamentais da economia do País e específicas complexa quanto a da entidade. Por isso é tão
da empresa e de seu setor econômico.” criticada, pois não consegue agradar, nem aos
Pode-se afirmar que as cotações das ações estão tradicionalistas, muito menos aos que desejari-
sujeitas a vários fatores exógenos às empresas, tais am que o balanço retratasse o valor da entidade
como fatores de natureza política e econômica e a na data, algo que um eventual comprador consi-
outros tantos contingenciais e, também, a fatores deraria, se quisesse adquiri-la. [...] Quanto mais
endógenos que repercutem no Capital Intelectual. evoluirmos em nossa ciência, mais nos afasta-
É de se ressaltar, ainda, que em um ambiente remos do custo e mais nos aproximaremos do
globalizado, como o atual, as alterações nos ambien- valor, sem , provavelmente, nunca alcançá-lo.”
tes externos às empresas são percebidos mundial e (grifo do autor)
simultaneamente, causando impactos de diversas Considerando-se tais aspectos, volta-se a afirmar
intensidades. que não se pode desprezar os efeitos decorrentes da
Quanto ao fato de as empresas serem negocia- existência dos elementos que compõem o Capital
das várias vezes abaixo ou acima de seu valor Intelectual, quando se refere aos fatores endógenos
patrimonial, isso não representa algo tão absurdo às empresas que influenciam seu valor de mercado e
quanto parece a muitos. à capacidade que os elementos componentes do
O Valor Patrimonial da empresa é o valor contábil Capital Intelectual possuem de gerar lucros futuros.
do seu patrimônio líquido. E isso significa o valor in- Se a nova realidade demonstra que esses elemen-
vestido pelos sócios mais seus reinvestimentos pe- tos agregam valor às empresas, a Contabilidade deve
los lucros já obtidos não distribuídos. Os princípios considerar tais ativos intangíveis e desenvolver uma
de avaliação contábil utilizados não foram feitos para forma de evidenciá-los, se for esse o caso, mas não
medir o valor de venda de uma empresa e sim para se pode esquecer que evidenciar o valor da empresa
apurar o resultado de suas atividades5 . Assim, o va- não é objetivo do Balanço Patrimonial, pelo menos
lor patrimonial está voltado ao que já ocorreu. Só que até o momento. Portanto, fica claro que a mensuração
o valor de mercado de uma empresa está associado das transações envolvendo o patrimônio de uma enti-
ao seu valor futuro, ou melhor, à capacidade que seus dade, cuja função pertence à Contabilidade, é dema-
ativos possuem de gerar lucro no futuro. Este é o con- siadamente complexa e que as críticas ao Balanço
ceito de valor econômico do ativo. Patrimonial não procedem por inteiro.
Iudícibus (1998, p.60), ao questionar o que de fato
se mensura em Contabilidade (se custo ou valor), re- O Conceito do Capital Intelectual
sume, de forma bem objetiva, a complexidade que
envolve a questão e, também, o quanto essa ques- Conforme já comentado, o Capital Intelectual é um
tão é conhecida e reconhecida pela classe contábil. conjunto de benefícios intangíveis que agregam valor
Segundo o autor: às empresas.
“Mais importante, em toda a discussão, é que o Segundo Brooking (1996, p.12-13), o Capital Inte-
Contador, bem ou mal, conservadoramente ou lectual pode ser dividido em quatro categorias:
agressivamente, numa fase outra da evolução • Ativos de Mercado: potencial que a empresa
histórica, conforme se trate de Contabilidade possui em decorrência dos intangíveis que es-
Financeira ou Gerencial tem a coragem de atri- tão relacionados ao mercado, tais como: mar-
buir mensuração aos elementos do ativo, passi- ca, clientes, lealdade dos clientes, negócios re-
vo e PL, bem como aos fluxos de renda e de correntes, negócios em andamento (backlog),
caixa. É, sem dúvida, a profissão mais arroja- canais de distribuição, franquias etc.

5
O Princípio do Custo como Base de Valor dos Ativos está voltado à mensuração do Lucro, e não à medida do seu valor de venda (Martins, 1992, p.145).

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• Ativos Humanos: compreendem os benefícios 2. O Capital Intelectual é um capital não-financei-


que o indivíduo pode proporcionar para as orga- ro, e representa a lacuna oculta entre o valor de
nizações por meio da sua expertise, criatividade, mercado e o valor contábil;
conhecimento, habilidade para resolver proble- 3. O Capital Intelectual é um passivo e não um
mas, tudo visto de forma coletiva e dinâmica. ativo.
• Ativos de Propriedade Intelectual: incluem os Pode-se verificar que não há divergência em rela-
ativos que necessitam de proteção legal para pro- ção aos elementos que formam o Capital Intelectual,
porcionar às organizações benefícios tais como: segundo os autores citados. Quanto às afirmações
know-how, segredos industriais, copyright, pa- de Edvinson & Malone, ressalta-se que a relação de
tentes, designs etc. suplementariedade que apresenta deve-se ao fato de
• Ativos de Infra-Estrutura: compreendem as que em algum tempo no futuro o Capital Intelectual
tecnologias, as metodologias e os processos em- será convertido em um valor monetário. A segunda
pregados, como cultura, sistema de informação, afirmação já foi amplamente comentada; atenção es-
métodos gerenciais, aceitação de risco, banco pecial merece ser dada ao último ponto.
de dados de clientes etc. O entendimento do Capital Intelectual como um
Edvinsson & Malone (1998, p.9) empregam uma passivo pode, num primeiro momento, causar certo
linguagem metafórica no intuito de melhor conceituar espanto. Entretanto, numa análise um pouco mais
o Capital Intelectual. Comparando uma empresa a uma atenta à filosofia do Capital Intelectual, verifica-se ser
árvore, consideram a parte visível como tronco, ga- este um tratamento coerente, pois retrata a idéia de
lhos e folhas como o que está descrito em valor corporativo ao considerá-lo como um emprésti-
organogramas, nas demonstrações contábeis e em mo feito pelos clientes, empregados etc., visto como
outros documentos; e a parte que encontra-se abaixo fonte de capital (recursos).
da superfície, no sistema de raízes, ao Capital Inte-
lectual que são os fatores dinâmicos ocultos que Um Modelo de Mensuração do Capital
embasam a empresa visível formada por edifícios e Intelectual
produtos.
Os autores dividem os fatores ocultos em duas Nos últimos anos, o Grupo Skandia vem desper-
categorias: tando o interesse dos meios acadêmico e empresari-
• Capital Humano: composto pelo conhecimento, al e da mídia por ter sido o primeiro grupo a divulgar
expertise, poder de inovação e habilidade dos um relatório contendo dados sobre a avaliação do
empregados mais os valores, a cultura e a filo- Capital Intelectual de suas empresas. Esse relatório
sofia da empresa. foi distribuído aos acionistas em 1995, como suple-
• Capital Estrutural: formado pelos equipamentos mento das Demonstrações Financeiras referentes a
de informática, softwares, banco de dados, pa- 1994 (GRUPO SKANDIA, 1994).
tentes, marcas registradas, relacionamento com Considerando que não é objetivo deste artigo apre-
os clientes e tudo o mais da capacidade sentar o modelo de mensuração do Capital Intelectual
organizacional que apóia a produtividade dos desenvolvido pelo grupo, optou-se por abordar de forma
empregados. bem simplificada a sua essência, dando-se maior ênfa-
Edvinsson & Malone observam que o relaciona- se à Fórmula de Mensuração do Capital Intelectual.
mento com os clientes, inserido no Capital Estrutu- O grupo identificou certos valores de sucesso que
ral, pode ser desdobrado em uma categoria separada deveriam ser maximizados e incorporados à estraté-
como Capital de Clientes, denotando maior importân- gia organizacional. Esses fatores, por sua vez, foram
cia deste item para o valor da empresa. agrupados em cinco áreas distintas de foco:
Os referidos autores fazem, ainda, três afirmações 1. Foco Financeiro.
dignas de nota (1998, p.39): 2. Foco Clientes.
1. O Capital Intelectual constitui informação 3. Foco Processo.
suplementar e não subordinada às informa- 4. Foco Renovação e Desenvolvimento.
ções financeiras; 5. Foco Humano.
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Para cada um desses focos foram estabeleci- 10. Investimento no treinamento de clientes.
dos indicadores que permitem medir o seu desem- 11. Despesas com clientes não-relacionadas ao pro-
penho. 6 duto.
A fim de estabelecer uma equação que traduzisse 12. Investimento no desenvolvimento da competên-
em um número o valor do Capital Intelectual, a Skandia cia dos empregados.
estabeleceu os seguintes passos: 13. Investimento em suporte e treinamento relativo a
1. Identificar um conjunto básico de índices que pos- novos produtos para os empregados.
sa ser aplicado a toda a sociedade com mínimas 14. Treinamento especialmente direcionado aos em-
adaptações. pregados que não trabalham nas instalações da
2. Reconhecer que cada organização possa ter um empresa.
Capital Intelectual adicional que necessite ser ava- 15. Investimento em treinamento, comunicação e su-
liado por outros índices. porte direcionados aos empregados permanen-
3. Estabelecer uma variável que capte a não tão-per- tes em período integral.
feita previsibilidade do futuro [sic], bem como a 16. Programas de treinamento e suporte especialmente
dos equipamentos, das organizações e das pes- direcionados aos empregados temporários de
soas que nela trabalham. período integral.
17. Programas de treinamento e suporte especialmente
Assim sendo, chegou à seguinte fórmula (Edvin- direcionados aos empregados temporários de
sson & Malone, 1998, p.166): tempo parcial.
18. Investimento no desenvolvimento de parcerias /
Capital Intelectual Organizacional = iC joint-ventures.
19. Upgrades no sistema.
Onde: C = Valor monetário do Capital Intelectual 20. Investimentos na identificação da marca (logotipo/
i = Coeficiente de Eficiência nome).
21. Investimento em novas patentes e direitos au-
O valor de C é obtido a partir de uma relação que torais.
contém os indicadores mais representativos de cada O Índice de Coeficiente de Eficiência do Capital
área de foco, avaliados monetariamente, excluindo Intelectual é obtido por meio dos indicadores mais
os que pertencem mais propriamente ao Balanço representativos de cada área de foco expressos em
Patrimonial. Esses indicadores referem-se ao exercí- porcentagens, quocientes e índices, cuja média arit-
cio social: mética dos índices permite colocá-los em uma por-
1. Receitas resultantes da atuação em novos ne- centagem única. Esses parâmetros referem-se ao
gócios. presente:
2. Investimento no desenvolvimento de novos mer- 1. Participação de mercado (%).
cados. 2. Índice de Satisfação dos Clientes (%).
3. Investimento no desenvolvimento do setor indus- 3. Índice de liderança (%).
trial. 4. Índice de Motivação (%).
4. Investimento no desenvolvimento de novos ca- 5. Índice de investimento em Pesquisa & Desen-
nais. volvimento / Investimento total (%).
5. Investimento em Tecnologia da Informação (TI) 6. Índice de horas de treinamento (%).
aplicada a vendas, serviço e suporte. 7. Desempenho / Meta de qualidade (%).
6. Investimento em TI aplicada à administração. 8. Retenção dos empregados (%).
7. Novos equipamentos de TI. 9. Eficiência administrativa / Receitas (%).
8. Investimento no suporte aos clientes. Verifica-se que a fórmula apresentada pela
9. Investimento no serviço aos clientes. Skandia mede o Capital Intelectual em função da

6
Para maior detalhamento ver: EDVINSSON & MALONE, 1998.

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quantidade de investimentos, medidos em termos ce e contabiliza o Goodwill apenas quando ocorre a


monetários, realizados nos elementos que podem compra de uma empresa.
ser mensurados objetivamente. Por exemplo: in- Quanto ao seu valor, o referido autor afirma que,
vestimentos no suporte aos clientes e investimen- numa conceituação moderna, o Goodwill corresponde
tos em TI aplicada a vendas, serviço e suporte. à diferença entre o valor atual da empresa como um
Estes investimentos poderão impactar a satisfa- todo, em termos de capacidade de geração de lucros
ção do cliente ou não. futuros, e o valor econômico dos seus ativos apre-
Entretanto, não consideram como Capital Intelec- sentando, portanto, uma característica residual
tual o valor total do investimento (valor de custo) rea- (Monobe, 1986, p. 65).
lizado, mas apenas a proporção que reverterá para a Segundo o The Chartered Institute of Management
empresa, a médio ou longo prazos, medida em fun- Accountants, o mais importante instituto de contado-
ção do índice percentual de satisfação dos clientes res gerenciais do Reino Unido, em sua Terminologia
(indicador não-financeiro). Assim sendo, pode-se con- Oficial de Contabilidade Gerencial (CIMA, 1996, p. 87),
cluir que a medida de Capital Intelectual apresenta- Goodwill é definido como a diferença entre o valor de
se, à primeira vista, como um número, portanto, uma um negócio como um todo e a soma dos ativos indi-
mensuração aparentemente objetiva, mas dada a pró- viduais avaliados pelo seu valor justo.
pria natureza de alguns índices, é composta por um Tendo em vista as duas significativas definições
certo grau de subjetividade. apresentadas, pode-se inferir que não existe um con-
senso sobre o critério de valor a ser utilizado, cujo
O conceito do Goodwill aprofundamento, conforme já dito, não é o objetivo no
momento. Entretanto, quanto à sua característica re-
Considerando a complexidade que envolve o sidual não há dúvidas.
tema Goodwill, e o objetivo do presente artigo, pre- Soma-se aos conceitos anteriores um outro que
tende-se apenas estabelecer alguns aspectos quan- identifica a ocorrência da sinergia numa empresa.
to à sua natureza, avaliação e classificação que Sob esse conceito, mesmo que se tenha identifi-
possibilitarão uma comparação com o conceito do cado e mensurado economicamente todos os ati-
Capital Intelectual. vos tangíveis e intangíveis, a soma desses valo-
Monobe (1986, p. 51), em sua tese de doutoramento res individuais deveria ser menor do que a soma
intitulada “Contribuição à mensuração e contabilização do seu conjunto. Em outras palavras significa di-
do goodwill adquirido”, observa que a primeira apari- zer que o Goodwill sempre deveria existir sob a
ção do Goodwill foi vinculada à terra [em 1571] e ótica sinérgica.
gradativamente foi sendo relacionado com o comér-
cio, com a atividade industrial, à fidelidade da cliente- Classificação do Goodwill
la, com a localização privilegiada, à personalidade dos
proprietários, a processos industriais, a conexões fi- Conforme a classificação de Coyngton (apud
nanceiras e a staffs eficientes. MARTINS, 1972, p. 74), valendo ressaltar que é data-
Todos esses fatores foram sendo apontados da de 1923, o Goodwill assume a seguinte divisão:
como os responsáveis (ou fatores contribuintes) • Goodwill Comercial: criado em função exclu-
pela geração de lucro da empresa a longo prazo e sivamente da empresa como um todo, inde-
não reconhecidos pela Contabilidade. Essa carac- pendente das pessoas proprietárias ou admi-
terística persiste até hoje para certos fatores e nistradoras.
para outros tantos que foram sendo acrescidos na • Goodwill Pessoal: decorrente de uma ou várias
medida em que os ativos intangíveis não pessoas que integram a empresa, sendo propri-
contabilizados ou não identificados foram aumen- etária (s) ou administradora (s).
tando proporcionalmente aos demais ativos devi- • Goodwill Profissional: desenvolvido por uma
do à sofisticação dos negócios (Monobe, 1986, classe profissional que cria uma imagem que
p.51-52, 63). a distingue dentro da sociedade propiciando
É sabido que a Contabilidade Financeira reconhe- condições de alta remuneração, como no caso
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dos médicos, advogados e contadores em al- A) Fatores que geram o Goodwill:


guns países. • Administração superior.
• Goodwill Evanescente: característico de certos • Organização ou gerente de vendas proemi-
produtos que a moda cria e que, portanto, pos- nente.
suem curta duração. • Fraqueza na administração do competidor.
• Goodwill de Nome ou Marca Comercial: ocasiona- • Propaganda eficaz.
do pela imagem do nome da empresa que produz • Processos secretos de fabricação.
o produto ou da marca sob o qual é comercializado. • Boas relações com os empregados.
Distingue-se do anterior dada a durabilidade. • Crédito proeminente como resultado de uma
Admitindo-se a classificação para o Goodwill de sólida reputação.
Paton & Paton (apud Martins, 1972, p. 73), divulgada • Excelente treinamento para os empregados.
em 1952, tem-se: • Alta posição perante a comunidade, conseguida
• Goodwill Comercial: decorrente de serviços através de ações filantrópicas e participação
colaterais como equipe cortês de vendedores, em atividades cívicas por parte dos adminis-
entregas convenientes, facilidade de crédito, de- tradores da empresa.
pendências apropriadas para serviço de manu- • Desenvolvimento desfavorável nas operações
tenção; qualidade do produto em relação ao pre- do competidor.
ço; atitude e hábito do consumidor como fruto • Associações favoráveis com outra empresa.
de nome comercial e marca tornados proemi- • Localização estratégica.
nentes em função de propaganda persistente; • Descoberta de talentos ou recursos.
localização da firma. • Condições favoráveis com relação aos im-
• Goodwill Industrial: decorrente de altos salári- postos.
os, baixo turnover de empregados, oportunida- • Legislação favorável.
des internas satisfatórias para acesso às posi- É relevante observar que os autores admitem a
ções hierárquicas superiores, serviço médico, impossibilidade de listar todos os fatores e condições,
sistema de segurança adequado, desde que tais devido à própria natureza do Goodwill.
fatores contribuam para a boa imagem da em-
presa e também para a redução do custo unitá- B) Fatores que geram o Capital Intelectual:
rio de produção, devido à eficiência de uma for- • Conhecimento, por parte do funcionário, do que
ça de trabalho operando nessas condições. representa o seu trabalho para o objetivo glo-
• Goodwill Financeiro: derivado da atitude de in- bal da companhia.
vestidores e de fontes de financiamento e de cré- • Funcionário tratado como um ativo raro.
dito em função de a empresa possuir sólida situ- • Esforço da administração para alocar a pes-
ação para cumprir suas obrigações e manter sua soa certa na função certa, considerando suas
imagem ou, ainda, obter recursos financeiros que habilidades.
lhe permitam aquisições de matéria-prima ou mer- • Existência de oportunidade para desenvolvi-
cadorias em melhores termos e preços. mento profissional e pessoal.
• Goodwill Político: decorrente de boas relações • Avaliação do retorno sobre o investimento rea-
com o Governo. lizado em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D).
• Identificação do know-how gerado pela P&D.
Goodwill versus Capital Intelectual • Identificação dos clientes recorrentes.
• Existência de uma estratégia proativa para tra-
Ao se observar os fatores responsáveis pela for- tar a propriedade intelectual.
mação do Goodwill, segundo Catlett & Olson (apud • Mensuração do valor da marca.
MARTINS, 1972, p. 75), e pela formação do Capital • Avaliação do retorno sobre o investimento rea-
Intelectual, segundo Brooking (1996, p. 17), podem lizado em canais de distribuição.
ser identificados vários pontos em comum, conforme • Sinergia entre os programas de treinamento e
visto a seguir: os objetivos corporativos.
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• Existência de uma infra-estrutura para ajudar os identificação de tais elementos, esta apresenta-se
funcionários a desempenhar um bom trabalho. de forma muito mais complexa do que pode parecer à
• Valorização das opiniões dos funcionários so- primeira vista, conforme a literatura consultada.
bre os aspectos de trabalho. Monobe (1986, p. 55), ao se referir à problemática
• Participação dos funcionários na elaboração da identificação do Goodwill, assume que “um dos
dos objetivos traçados. problemas subsistentes continua sendo a linha divi-
• Encorajamento dos funcionários para inovar. sória entre o valor atribuível ao Goodwill e aqueles
• Valorização da cultura organizacional. atribuíveis a outros intangíveis, o que acarreta espe-
O valor do Goodwill de uma empresa, segundo cialmente dificuldade na sua mensuração”.
observou Monobe (1986, p. 62), seja na sua forma Assim sendo, conclui-se que o modelo desenvol-
convencional ou na forma definida como sinergístico, vido para mensuração do Capital Intelectual pode ser
estará sempre relacionado com a capacidade de ge- entendido como uma tentativa de identificar e mensurar
ração de lucros dessa empresa. Da mesma forma, os alguns dos fatores (ativos intangíveis) que contribu-
autores até então citados relacionam o Capital Inte- em para a geração de lucros futuros, minimizando a
lectual à geração de lucros a longo prazo. Estas duas quantidade de intangíveis não identificados e, conse-
afirmações se enquadram na definição de ativo, va- qüentemente, o valor do Goodwill.
lendo ressaltar que os autores consideram o Capital Conclui-se, portanto, que os idealizadores do mo-
Intelectual como tal. delo estão resolvendo parte dos componentes subje-
Um outro ponto importante trata do nascimento tivos do Goodwill e não o problema do Goodwill na
do Capital Intelectual. Para Brooking (1996, p.12), o sua totalidade, ou melhor: “explicando a diferença entre
Capital Intelectual começou quando o primeiro ven- o valor contábil e o valor de mercado”, como se refe-
dedor estabeleceu um bom relacionamento com o seu rem, muito embora de uma forma ainda subjetiva,
cliente, o que se denominou Goodwill. dada a fórmula desenvolvida pelos autores e citada
Já Edvinsson & Malone (1998, p.11) consideram anteriormente.
que o Capital Intelectual pode apresentar-se como uma Por outro lado, supondo que consigam identificar
nova teoria, mas que ele esteve sempre presente na e mensurar objetivamente cada elemento que com-
forma de bom senso (considerado um dos elementos põe o Capital Intelectual (ou seja, todos os elemen-
do Goodwill) e que o interesse em entender a diferen- tos que estão classificados e agrupados como Capi-
ça entre o valor de mercado de uma empresa e o seu tal Intelectual), o Goodwill continuaria existindo, se-
valor contábil sempre existiu. O que se modificou foi gundo o conceito do Goodwill Sinergístico.
a forma de entender esse diferencial. Antes ele era
atribuído a fatores inteiramente subjetivos e que, por- CONCLUSÃO
tanto, jamais poderiam ser medidos empiricamente.
A afirmação dos autores sugere que o Capital In- O novo rumo da economia encontra-se fundamen-
telectual iniciou-se a partir do Goodwill, quando de tado em idéias. O número de pessoas engajadas no
seu conceito inicial e limitado, sugerindo, ainda, uma processo de pesquisa, criando técnicas, materializan-
precipitada aglutinação dos dois conceitos. Isto pode do idéias, desenvolvendo novas oportunidades de
ser confirmado comparando as classificações de negócios, tende, cada vez mais, a superar o número
ambos e os fatores responsáveis por suas formações. de pessoas que estarão trabalhando diretamente na
Entretanto, a afirmação de H. Thomas Johnson7 , ao produção física, a mesma proporção ocorrendo em
considerar que o Capital Intelectual encontra-se es- relação ao montante de recursos financeiros e de
condido no interior do “mais misterioso lançamento conhecimento investidos. Isso tornará essencial que
contábil [sic], aquele referente ao Goodwill” (apud se realizem profundas modificações na estrutura e
EDVINSSON & MALONE, 1998, p. 4), dá-nos uma na administração das empresas para que continuem
idéia de complementaridade. Quanto à questão de competitivas.

7
H. Thomas Johnson é professor de Administração de Empresas na Portland State University, Oregon.

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Entretanto, o conhecimento só gerará valor para Por outro lado, não se considera que tenham re-
uma entidade se esta puder ter contado com os solvido a questão dos intangíveis objetivamente, con-
novos conhecimentos produzidos e ser acessada forme demonstrado.
de forma que isso possa conduzir a novos conhe- Este artigo procurou evidenciar a verdadeira rela-
cimentos. ção existente entre a Contabilidade e o conceito de
A história do desenvolvimento do conhecimento Capital Intelectual e, portanto, pode-se concluir, con-
contábil, especificamente a bibliografia existente so- forme demonstrado, que:
bre o Goodwill, mais as constatações evidenciadas • a preocupação da Contabilidade em identificar e
neste artigo demostram que a percepção da impor- mensurar os valores intangíveis de uma empre-
tância e a preocupação em identificar os elementos sa não é recente;
intangíveis que interagem no sistema empresa e que, • os autores citados assumem a existência do
conseqüentemente, agregam valor a médio e longo Capital Intelectual há séculos, tendo como ori-
prazo, não são recentes. gem o Goodwill;
As palavras de Iudícibus (1988), mais atuais, po- • Goodwill e Capital Intelectual fazem parte do
dem ilustrar o desafio com o qual a Contabilidade vem mesmo fenômeno, pois os fatores que identifi-
deparando e ratificar a posição assumida de que a cam a existência de um valor a mais numa orga-
mesma vem trabalhando no sentido de que o Siste- nização, e que integram o Capital Intelectual, já
ma de Informações Contábeis possa divulgar as in- faziam parte do Goodwill, segundo pode ser ve-
formações realmente relevantes para tomada de de- rificado pelas classificações mencionadas e da-
cisões, obviamente respeitando os objetivos de cada tadas da primeira metade deste século, podendo
relatório divulgado. Segundo o referido autor: ser justificada a inclusão de novos elementos
pela evolução natural da sociedade;
“Normalmente, o Sistema de Informação Contábil • o conceito de Capital Intelectual é uma tentativa
está enfatizado com relação ao passado e não de identificar e mensurar tais intangíveis que,
focalizado para o futuro. Para esta última hipó- enquanto não mensurados, resultam em parte
tese ocorrer, temos que não ter receio de lidar do Goodwill;
com o julgamento, com o potencial e com o que • Capital Intelectual é um conceito que identifica e
é intangível, em lugar do que é verificável, reali- agrupa elementos intangíveis (de acordo com as
zado e tangível. (...) Exemplificando, atribuo mais classificações apresentadas) que antes perten-
importância ao intangível de um balanço, como ciam ao Goodwill, considerando-se o Goodwill
elemento de discernimento no que se refere à como resultante da não aceitação pela Contabi-
potencialidade da entidade do que, às vezes, lidade Financeira de vários itens como compo-
aos elementos tangíveis.” (grifo do autor) nentes do ativo, em virtude, principalmente, dos
Princípios do Custo como Base de Valor e o da
De fato, o modelo desenvolvido pelo Grupo Skandia Confrontação das Despesas com as Receitas,
busca contemplar esse mecanismo de captar, avaliar mais as Convenções da Objetividade e do
e gerenciar os conhecimentos adquiridos na busca Conservadorismo.
de novos conhecimentos que produzirão benefícios a Portanto, o Goodwill apresenta-se como um con-
médio e longo prazos para as organizações e, como ceito mais abrangente do que o do Capital Intelectu-
tal, constitui-se numa excelente ferramenta à dispo- al, considerando todas as conclusões. E, principal-
sição da gerência, útil nas decisões estratégicas por mente, Capital Intelectual não é um conceito novo e,
apontar tendências. muito menos, desconhecido pela Contabilidade.

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