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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

JOÃO PEDRO SATHLER BRAGA


Turma B
DRE: 119016550

Fichamento do Livro Justiça: Michael Sandel


Capítulos 3 e 6

Faculdade Nacional de Direto


2019
No capítulo 3, o autor começa a sua abordagem citando a fortuna de
algumas personalidades estadunidenses. Logo após isso, ele cita que mais de um
terço da riqueza do país está nas mãos de 1% dos americanos mais ricos,
evidenciando a desigualdade social estadunidense. Com isso, ele aborda uma
polêmica questão sobre redistribuição de riquezas na sociedade.

Sandel começa sua abordagem sobre o pensamento libertário e o Estado


Mínimo e evidenciando três diretrizes que não são aceitas por libertários: o
paternalismo, leis que protegem pessoas contra si mesmo, a legislação sobre a
moral, “são contra o uso da força coerciva da lei para promover noções de virtude ou
expressar as convicções morais da maioria”, e a redistribuição de riquezas, são a
favor que isso seja uma escolha pessoal de cada indivíduo e não uma obrigação
ditada pelo governo.

É evidenciado no texto o posicionamento libertário na perspectiva de não


interversão estatal sobre as escolhas individuais. Essa liberdade é evidenciada em
aspectos particulares, como citado como exemplo a escolha em pagar ou não a
previdência, e em aspectos que envolvem outras pessoas, como exemplificado de
um barbeiro sem qualificação oferecer seus serviços para a sociedade e a mesma
aceitar os riscos desse serviço sem nenhum tipo de interferência estatal.

O autor retorna ao tema da redistribuição de renda trazendo a visão de


pensadores liberais, especificamente Robert Nozick, o qual não enxerga nenhum
tipo de problema na desigualdade econômica. Nozick argumenta que a justiça
distributiva é feita quando há justiça na aquisição das posses, quando a riqueza tem
origem legítima, e justiça em sua transferência, se o dinheiro foi obtido por meio de
negociações legais no mercado. Todavia, é apresentado um contraponto à
legitimidade desse dinheiro, pois é muito complexo saber se fortunas famílias
antigas, desde seu inicio, foram acumuladas apenas por meios legais e não por
apropriações de terras indevidas, roubos, fraudes, escravidão e outros fatores.
Nessa perspectiva, para corrigir erros do passado, Nozick propõe taxações e
reparações financeiras.

Nozick considera a taxação dos rendimentos do trabalho, o imposto de renda,


como trabalho forçado, no qual o Estado força indivíduo a trabalhar para ele,
declarando, dessa maneira, um direito de propriedade sobre o indivíduo. Por isso,
Nozick é claramente contrario a taxação sobre a renda do indivíduo, pois isso
significa que o Estado é parcialmente proprietário do trabalhador se aproximando de
uma espécie de escravidão.

Sandel retorna a forte perspectiva sobre ser dono de si mesmo. O autor


retorna com diversas visões liberais as quais afirmam que o Estado não deve ter
nenhum tipo de inerência sobre as escolhas do indivíduo. Nessa perspectiva,
quando o Estado intervém por meio de obrigações morais por meio de coerções, ele
acaba com a liberdade individual do cidadão e limita suas escolhas e ações.
Em seguida, Sandel traz alguns princípios libertários difíceis de aceitar e
sustentá-los. O autor começa com o exemplo da venda de rins, a qual os libertários
acreditam que deveria ser uma possibilidade se a pessoa sentisse vontade de
vendê-los e que o Estado não deve interferir na vontade da pessoa sobre seu
próprio corpo. A lógica libertaria defende que a venda dos órgãos pode ser realizada
para finalidade que quiser como salvar vidas ou apenas ganhar dinheiro com isso.

Em seguida, o autor traz uma indagação se o ser humano deveria ter a


possibilidade de tomar suas próprias escolhas mesmo se essa atitude o levasse a
morte, como na exemplificação de vender os dois rins. Se a questão moral da venda
de órgãos se basear no conceito da propriedade de si mesmo, a resposta deve ser
sim. Assim, evidencia-se que para os libertários a vontade individual não deve ser
submetida a qualquer limitação, mesmo que tal vontade leve o cidadão à morte.

No parágrafo seguinte é abordada a questão do suicídio assistido.


Incialmente, o argumento a favor do suicídio assistido é de uma sustentação filosofia
libertária. Os libertários não são a favor das leis que proíbem o suicídio, pois
acreditam que o indivíduo tem a opção de desistir da vida, já que ela é pertence
somente a ele e um acordo com outro indivíduo que aceite “ajudar” o suicida em
questão não deve ser interferido pelo Estado.

Porém, o suicídio não depende, necessariamente, da ideia de propriedade


individual e liberdade. Acredito que nesse caso não haja uma liberdade individual,
isso porque o individuo que planeja realizar o suicídio se encontra em um estado, na
maioria das vezes, de solidão e tristeza e suas escolhas acabam sendo
influenciadas por esses fatores. Nessa lógica, utilizando o raciocínio dos libertários
seria possível afirmar que essa atitude de suicídio não seria uma escolha racional do
individuo e sim uma escolha influenciada por sentimentos e sensações
momentâneas. Por isso, acredito que seja necessária a intervenção estatal nesse
caso não permitindo a realização do suicídio assistido.

Após a leitura do terceiro capítulo do livro, concluo que o autor traz uma
abordagem muito rica e imparcial sobre os princípios libertários. Embora eu não
concorde em diversas partes com a visão libertária é possível extrair grandes
conhecimentos desse capítulo sobre essa visão social e evidenciar que, em suma,
os libertários acreditam que o Estado não deve influenciar de maneira alguma nas
escolhas individuais do cidadão.

No capítulo 6, o autor começa sua abordagem sobre contrato social. Ele cita
o posicionamento de John Locke e Immanuel Kant, superficialmente, e em seguida
inicia sua explanação sobre John Rawls. Esse filósofo traz a tona à questão da
equidade e afirma que o contrato social deve ser estabelecido em um momento em
que todos se encontrem sem saber sua posição social, sem saber a que classe
social pertencem cobertos por um “véu de ignorância” para que o estabelecimento
desse contrato seja feito com justiça.
Em sua abordagem sobre contratos, o autor evidencia que nem sempre os
contratos são justos e que não são instrumentos morais autossuficientes e em
muitas vezes um lado do contrato não é beneficiado, todavia o cumpre mesmo
assim devido às obrigações morais e éticas da sociedade.

Continuando a leitura do texto é possível observar que um acordo não


garante equidade e que o consentimento não basta para criar uma obrigação moral.
Pois, nessa perspectiva, podem ser realizados contratos injustos sob coação e por
conta de desinformação da parte do contratante. Por isso, de acordo com o autor a
força moral dos contratos se origina de dois ideais diferentes: autonomia e
reciprocidade. Mas a maioria dos contratos não compartilham desses ideais pelo
fato das partes conflitantes em um contratos possuírem posições diferentes como:
maior poder de barganha, maior conhecimento, maior influência e poder.

Após tratar da moralidade dos contratos, Sandel retorna sua abordagem


sobre a posição de Rawls sobre o principio da equidade e insere no texto um
posicionamento interessante de Rawls que é denominado de “princípio da diferença”
no qual só seriam permitidas as desigualdades sociais e econômicas que visassem
o benefício dos membros menos favorecidos da sociedade. Sua ideia principal é que
a distribuição de renda e oportunidades, não deve ser fundamentada em fatores
arbitrários do ponto de vista moral.

Rawls traz uma crítica contundente à meritocracia, citando que “a corrida não
é justa se os corredores partirem de posições diferentes”. Nos dias atuais, a
meritocracia é muito defendida por grande parte da sociedade, entretanto não é
levado em consideração que os indivíduos não possuem as mesmas condições de
vida e, na maioria das vezes, essa “disputa” é desleal e injusta. Rawls sugere que
para corrigir esse de desigualdade que os privilegiados utilizem de seus privilégios
para o bem da sua sociedade como um todo, e não apenas para ganhos individuais.

Rawls diz que as desigualdades são justas se elas forem parte de um sistema
que beneficie os menos favorecidos. Todavia, na visão do filósofo, ser mais bem-
sucedido ou talentoso não está ligado a méritos próprios, e sim a sorte. Nessa
perspectiva, ser bem-sucedido está ligado às qualidades às quais nossa sociedade
dá mais valor, portanto é uma questão de sorte, pois se estivesse inserido em outro
contexto histórico e social, provavelmente a habilidade em questão não teria o
mesmo valor.

No final do capítulo o autor afirma que a vida e a distribuição de talentos


naturais não são justas, e por isso de acordo com Rawls, “só se deve tirar proveito
das casualidades da natureza e das circunstâncias sociais quando isso proporcionar
o bem de todos”.

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