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IMPACTO DO AQUECIMENTO DAS AGUAS NOS RECIFES DE

CORAIS
Vitor Tamotsu Tavares Akamine¹, Leonardo Pontes Frossard¹, Luiz Fernando²

1. Acadêmico de Engenharia Ambiental na Faculdade Brasileira – Multivix-Vitória


2. Professor Luiz Fernando dos Reis - Faculdade Brasileira – Multivix-Vitória

RESUMO
Os recifes de coral são encontrados em águas tropicais rasas circuntropicais ao longo das
margens de ilhas e continentes. O substrato do recife é composto principalmente de carbonato de
cálcio de corais scleractinianos vivos e mortos. Muitos outros invertebrados, vertebrados e plantas
vivem em estreita associação com os corais escleractinos, com acoplamento e reciclagem de
recursos apertados, permitindo que os recifes de coral tenham uma produtividade e biodiversidade
extremamente altas, de modo que sejam chamados de "Floresta Tropical dos Oceanos”.

Palavras-chave: Corais, recifes, biodiversidade.

INTRODUÇÃO
A importância dos recifes está relacionada a sua biodiversidade, tal como animal e vegetal
(Connell, 1978). Eles são fonte de alimento e residências para milhares de espécie
marinhas, principalmente como áreas de reprodução (Morbeg e Folke, 1999). São
considerados junto a floresta tropical como as duas mais ricas comunidades naturais do
planeta (Prates et al, 2011).

Para a manutenção das comunidades alguns fatores físicos e químicos são essências,
temperatura da água, ausência de turbidez, salinidade e nutrientes (Correia et al, 2005).
O aquecimento global traz grandes impactos sobre o clima, assim interferindo nos
ecossistemas em si, o derretimento das calotas polares continentais aumentaria o nível
do mar e sua temperatura, assim alterando o habitas de algumas espécies (Castro et al.
2010), o fenômeno de branqueamento de corais tem grande relação com o aumento de
temperaturas nos oceanos (Leão, 2008).

Conforme Molbeg e Folke o branqueamento consiste na perda da coloração do coral vivo,


exposição a temperaturas de 4 a 5 °C acima da média por até 2 dias, já são suficientes
para causar alta mortalidade e o branqueamento, o branqueamento tem ocorridos com
maior frequência em ambientes onde o fenômeno el ninõ ocorre. Ao longo das últimas
décadas, pesquisadores em todo o mundo têm se dedicado a estudar os efeitos das
mudanças climáticas nos oceanos. Entre os organismos marinhos, um dos mais afetados
são os recifes de corais que, consequentemente, prejudicam a sobrevivência de outras
espécies. (Jubilut, 2015).
Corais são cnidários, assim como as águas vivas, porém têm um estilo de vida diferente.
Eles vivem presos em rochas capturando o alimento com seus tentáculos. Não se
movimentam. Apesar da imobilidade, os corais são a base para toda uma vida marinha.
Normalmente o mar é um ambiente vasto, mas sem locais para que os organismos se
protejam. Os corais crescem como colônias e formam grandes barreiras, cheias de
reentrâncias que fornecem ambiente perfeito para inúmeras espécies de seres vivos.
(Jubilut, 2015).
O branqueamento dos corais está diretamente ligado à temperatura das águas. Quando
ficam em regiões mais quentes, estas algas começam a produzir substâncias químicas
tóxicas ao coral. Para se defender, o cnidário tem a estratégia de expulsar as algas. O
processo de expulsão é traumático e aquela energia excedente que as algas davam para
o coral somem de uma hora para outra.
Portanto, o aquecimento global tem um efeito direto na vida dos corais e
consequentemente a um dos mais ricos habitats do ambiente marinho. Para ter uma ideia,
nos Oceanos Índico, Pacífico e no Caribe, 80% dos corais afetados pelo branqueamento
acabam morrendo. Os corais brasileiros de acordo com o monitoramento dos
pesquisadores são mais resistentes e a taxa de mortalidade fica em torno de 10%. Porém,
as novas análises indicam um aumento na mortalidade e um possível agravamento do
aquecimento dos oceanos. (Oliveira. 2016).

METODOLOGIA
Inicialmente, a metodologia aplicada a este artigo se deu com base em pesquisa
bibliográfica, sendo elaborada a partir de material já publicado por diversos autores da
área biológica, tendo como suporte livros, artigos e material disponibilizado na internet.

Os corais do litoral nordeste brasileiro também estão perdendo a sua coloração, o que
motivou Marcelo de Oliveira Soares, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da
Universidade Federal do Ceará, a investigar os fatores ambientais que vem provocando
o branqueamento contínuo dos corais da costa do Ceará. Para o pesquisador, insolação
e temperatura do mar são fatores que acarretam o branqueamento dos corais.

Desde 2012, Marcelo Soares e sua equipe vêm monitorando os corais do litoral do Ceará,
percebendo que o branqueamento é mais evidente em uma determinada época do ano.
Os pesquisadores observaram que, nos meses de maio e junho, o branqueamento está
associado a ligeira elevação da temperatura da superfície do mar e queda na velocidade
dos ventos, fenômenos que fazem a transparência da água aumentar, deixando os corais
mais expostos à radiação solar.

A pesquisa envolveu a obtenção de imagens de corais por meio de mergulhos e a coleta


de dados ambientais gerados por satélites e órgãos públicos (temperatura da superfície
do mar, a velocidade dos ventos e as horas de insolação).

A ocorrência do branqueamento de corais foi acompanhada ao longo de três anos (2012-


2015) em Pecém, município localizado a 30 km de Fortaleza, Ceará. As imagens foram
obtidas com câmeras digitais. Os corais foram fotografados mensalmente para ver seu
estado de saúde. De cada coral monitorado, foram obtidas nove fotografias por mês, em
três diferentes profundidades (2, 4 e 6 m). Ao todo, foram analisadas 2.880 imagens em
computadores do Labomar, que classificaram os corais em três categorias: saudável,
branqueamento fraco e branqueamento forte.

RESULTADOS
A pesquisa tem fornecido aos pesquisadores informações que os ajudam a entender
porque o branqueamento tem afetado os corais na costa do Ceará, bem como os efeitos
do aquecimento global sobre a biodiversidade marinha.

Como o conjunto de dados sobre corais e seu ambiente pode ser usado para indicar a
saúde dos oceanos, é fundamental avaliar quais fatores elevam a mortalidade dos corais
e quais atuam positivamente para a sobrevivência deles. A turbidez da água, a cobertura
de nuvens, a profundidade em que se encontra o coral e o aumento da velocidade dos
ventos – que provoca agitação da água – por exemplo, podem agir reduzindo o
branqueamento.

Outro fator importante a ser pesquisado nos próximos anos é o efeito da acidificação dos
oceanos sobre os corais. Esse fator ainda é pouco conhecido no Brasil.

Fenômenos naturais como El Niño, que altera a temperatura da superfície dos oceanos,
podem ampliar o processo de branqueamento, provocando a morte dos corais e,
consequentemente, uma série de efeitos ruins para a vida marinha do litoral. Se a
temperatura dos oceanos aumentar apenas 2 °C, as consequências serão catastróficas
e irreversíveis para os recifes de coral do mundo todo. Embora cubram menos de 0,1%
do solo dos oceanos, esses organismos são como oásis em um deserto, que oferecem
comida e abrigo para diversas espécies, além de servir de creche para jovens peixes até
que se tornem grandes o bastante para enfrentar os oceanos.

O futuro dos oceanos depende da quantidade de gás carbono que será emitido nas
próximas décadas. A meta de redução de emissões de gases de efeito estufa discutida
na Cúpula do Clima (COP21), em Paris, precisa ser cumprida para que o aquecimento
global e a acidificação dos oceanos – uma das consequências do aumento das emissões
de gás carbônico – deixem de aumentar as taxas de extinção das espécies marinhas,
gerando desequilíbrios nos serviços ambientais que os oceanos fornecem a humanidade,
como a pesca, o turismo, a regulação do clima e a dinâmica das chuvas.

CONCLUSÃO
Portanto podemos concluir que apenas proteger e restringir a pesca nesses ecossistemas
não é suficiente para livrar os recifes da extinção, é preciso parar a poluição e o
aquecimento global, diminuir não adianta, uma vez que são sistemas extremamente
sensíveis. O homem e as atividades impensadas da sociedade estão causando um
colapso no universo e se não agirmos rápido, não será possível recuperar toda a
diversidade que estamos perdendo para a avareza humana. Isto significa que é preciso
melhorar a proteção dos recifes, principalmente daqueles que são naturalmente mais
resistentes ou tolerantes ao branqueamento, reduzindo as pressões locais nos próprios
recifes e nos ecossistemas correlatos, para favorecer sua recuperação e resiliência. Para
isto é preciso evitar a destruição de manguezais, assim como controlar o desenvolvimento
urbano das regiões costeiras. É necessário, também, que o branqueamento de coral
esteja integrado nos esforços do manejo dos recifes e que os gestores conheçam como
diferentes recifes irão responder ao aumento continuado da temperatura da água, nos
próximos anos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
CASTRO, Belmiro Mendes, et al. "O mar de amanhã, com as mudanças climáticas de
hoje." Ciência e Cultura 62.3 (2010): 40-42.

CONNELL, Joseph H. Diversity in tropical rain forests and coral reefs. Science, v. 199, n.
4335, p. 1302-1310, 1978.

CORREIA, Monica Dorigo; SOVIERZOSKI, Hilda Helena. Ecossistemas Marinhos:


recifes, praias e manguezais. Edufal, 2005.

JUBILUT, Paulo. Branqueamento de corais - o estresse ambiental pode causar danos


irreparáveis aos recifes de corais. 2015.

LEÃO, Zelinda Margarida de Andrade Nery; KIKUCHI, Ruy Kenji Papa de; OLIVEIRA,
Marília de Dirceu Machado de. Branqueamento de corais nos recifes da Bahia e sua
relação com eventos de anomalias térmicas nas águas superficiais do oceano. 2008.

MOBERG, F. & FOLKE, C. 1999. Ecological goods and services of coral reef ecosystems.
Ecol. Econ. 29(2):215-233.

OLIVEIRA, Marcelo Soares. Branqueamento de corais nos recifes do Pecém (NE, Brasil)
e sua relação com as mudanças ambientais. 2016.

PRATES, Ana Paula Leite. Recifes de Coral e Unidades de Conservação Costeiras e


Marinhas no Brasil: uma análise da representatividade e eficiência na conservação da
biodiversidade. 2011.

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